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PRÊMIO ODEBRECHT PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EDIÇÃO 2010

TÍTULO:

COMUNIDADE DE TRABALHO E A CASA DO TRABALHADOR

RESUMO:

Apresenta-se uma proposta de habitação para uma família trabalhadora, que é projetada para permitir uma vida produtiva que contempla a provisão de alimentos, o trabalho cooperativado, o comércio de bens e serviços. A habitação e a quadra comunitária são pensadas como unidades básicas de socialidade e de economia urbanas. As tecnologias e os padrões de atividades familiares e produtivas articuladas nessa habitação determinaram a sua forma construtiva, que também é derivada de um modelo de vida comunitária que busca superar a insustentabilidade do individualismo da sociedade de consumidores isolados, e resgatar a sustentabilidade de uma sociedade de trabalhadores mutualistas. A forma construída e o modo de operar padrões de trabalho produtivo na própria habitação devem apresentar vantagens palpáveis para cada família e para os conjuntos de famílias que aproximamos pelo projeto das edificações e dos espaços urbanos. Tecnologias sociais e tecnologias (a) do fazer produtivo, (b) do construir sustentável, (c) do conviver em comunidade são esforçadamente associadas.

EQUIPE

ESTUDANTE GABRIELA CAMPETTI

ESTUDANTE LARISSA JANUZZI

ESTUDANTE THAIS SAAGER

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CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES: PENSANDO GLOBALMENTE

No início da segunda década do Século 21, no Brasil, podemos constatar que o princípio da sustentabilidade dos empreendimentos humanos está em profunda crise. Desde a notável declaração feita pela Organização das Nações Unidas, pela (até hoje denominada) Comissão Brundtland, em 1983, que estabeleceu o objetivo do “desenvolvimento global sustentável”, diferentes iniciativas surgiram, em cascata, em todo o mundo e em nosso País, mas de forma notavelmente descoordenada, visando o alcance do desiderato expresso naquele famoso relatório - intitulado Our Common Future.

O presente trabalho parte de um diagnóstico sucinto de parte dessa crise que ocorre em nossa compreensão dos realmente “novos” padrões de organização social, econômica e política que associamos a iniciativas coordenadas de governos e comunidades, no caso brasileiro. Partimos daquela famosa premissa que os antigos matemáticos ensinavam quanto ao deslindamento de problemas matemáticos em que se combinavam somas, subtrações, multiplicações e divisões: “a ordem dos fatores altera o produto”.

Primordialmente, devemos considerar que:

- a emergência de padrões de organização social que sejam econômica e politicamente sustentáveis depende do uso de tecnologias associadas a projetos de desenvolvimento humano e comunitário;

- a maioria das “tecnologias sustentáveis” que temos examinado assume a já familiar forma de apresentação de “produtos num catálogo”, que podem ser pescados e aplicados de forma relativamente isolada, como se todos os contextos de aplicação das novas tecnologias fossem idênticos ou muito assemelhados; como se as questões colocadas pelo desafio do desenvolvimento sustentável se restringissem aos ciclos de matéria e energia que podem descrever as nossas vidas, individualmente ou nas aglomerações urbanas; como se as próprias causas que subjazem à crise de sustentabilidade (agora no sentido da viabilidade de nossa

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civilização industrial, no estado em que se encontra) pudessem ser combatidas de forma cosmética, superficial - apesar de toda a relevância das tecnologias alternativas até agora propostas;

- as possibilidades de sucesso do paradigma do desenvolvimento global sustentável - paradigma em plena evolução - parecem depender crucialmente do redirecionamento de uma imensa quantidade de vetores comportamentais, de valores e de estilos de vida que têm consumido quantidades crescentes de recursos do planeta, de nossas regiões, sem um projeto de reposição de tudo o que temos retirado do sistema ambiental efetivamente fechado, limitado, de nosso habitat universal.

As novas tecnologias não podem ser pensadas como produtos isolados, fortuitamente combinados: devem estar associadas ao desenvolvimento de valores humanos nas escalas dos indivíduos e das comunidades a que pertencem. Isso significa, em termos propositivos que:

- a vida de nossas comunidades urbanas (de onde parte praticamente toda a nossa vida política, para onde vão praticamente todos os bens produzidos) deve ser enriquecida com mais e mais alternativas de integração e sobrevivência, que sejam inclusivas, sobretudo, dos grupos sociais com necessidades consideradas básicas (alimentares, educacionais, de estado de saúde, de segurança pessoal);

- devemos investir em alternativas de integração social, política e econômica que enfrentem os grandes padrões prevalentes de passividade tecnológica, de consumismo, de conformismo, de despoderamento comunitário, e que gerem ativismo tecnológico (as pessoas a apropriar-se de tecnologias que assegurem sua qualidade de vida, com autonomia), de engajamento (as pessoas a assumirem responsabilidade por suas comunidades, pela grande família urbana), de frugalidade (as pessoas a assumirem responsabilidade pela sobrecarga que impõem à vida no planeta, por sua insaciedade), de empoderamento comunitário (as pessoas a fortalecer os objetivos que tragam bem-estar à sua cidade, aos concidadãos);

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- devemos dar o exemplo. Sem a demonstração de que a nossa civilização está longe de exaurir suas alternativas de vida plena, humanamente satisfatória, desenvolvida e feliz, não alcançaremos o desiderato da sustentabilidade. Devemos reapresentar com insistência todas as micro-tecnologias já desenvolvidas, assim como as práticas de sobrevivência dos povos que nos constituem - no rico caso da identidade nacional brasileira - e persistir na demonstração de, como o nosso, cada povo pode encontrar caminhos construtivos para uma sustentabilidade com diversidade.

Assim, um início pode se dar desde um pequeno sonho de comunidade.

DESENHO DE UMA PEQUENA COMUNIDADE SUSTENTÁVEL

Nossas comunidades urbanas, na atualidade, são gigantescas, se comparadas com as comunidades urbanas da antiguidade, quando as primeiras civilizações não eram capazes de explorar os recursos naturais numa escala que afetasse domínios naturais tão gigantescos quanto as condições climáticas do planeta. Uma série de problemas sociais, econômicos e ecológicos está associada a esse gigantismo, e um enorme esforço é feito, de forma extremamente seletiva e que pode aprofundar as diferenças nos estilos e na qualidade de vida, de forma a recuperar as identidades das pequenas comunidades em meio às estruturas metropolitanas – como na constituição de condomínios habitacionais fechados, murados, de alto luxo. Ou seja, pequenas comunidades de classe média tentam criar espaços especiais para si, buscando uma ainda mais impactante forma de sustentabilidade do “Eu-Sozinho”, oportunistas e cercada de privilégios com respeito aos sistemas públicos de abastecimento de água, de coleta e processamento de lixo, entre outros.

A Sustentabilidade do “Eu-Sozinho” é, compreensivelmente, insustentável.

A unidade social e territorial básica das tecnologias da sustentabilidade é a família – ou melhor, os grupos de famílias e/ou pequenas empresas, oficinas e ofícios que servem à

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localidade, à fração de bairro, lhe dão vida e podem aprender a compartilhar projetos, recursos – e, ainda melhor, resultados.

Autores como Christopher Alexander (1977), Donald Appleyard (1981), recomendam que o desenho das quadras residenciais – e dos próprios bairros residenciais – tenham configurações que facilitem a vida comunitária, e viabilizem a eventual partilha de tecnologias simples, ao alcance de todos, e que podem melhorar suas vidas, envolvendo famílias inteiras num trabalho comunitário leve, prazeroso e emancipador.

Sua idéia fundamental é a de criar espaços comuns, semi-públicos, claramente partilhados por grupos de moradores que não se vêem de “cara para a rua”, mas de “cara para... a pracinha da vila”, para o largo que suas casas circunscrevem, para um pequeno lugar que pode se tornar o paraíso dos pequenos, lugar de primeira chegada dos moradores, com relação ao mundão da cidade grande.O desenho de pequenas comunidades sustentáveis, que sejam abertas para o grande tecido metropolitano de serviços e atividades, que permita trocas e uma alta acessibilidade para os habitantes, ao mesmo tempo em que assegura a formação de grupos de vizinhança – de trabalho e ajuda mútua – é essencial para que um novo modelo de sustentabilidade de nossas cidades brasileiras surja a partir da grande base de solidariedade social que nos caracteriza.

Área Edificada Cultivo (horta) Cisterna Árvores (Sombra e Filtro)

Essas considerações nos levam a associar três núcleos de ativação de nosso modelo de habitação sustentável:

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NÚCLEO 1 - COMUNIDADE

NÚCLEO 2 - ENERGIA E ESTILO DE VIDA ENERGÉTICO NÚCLEO 3 - VIDA DOMÉSTICA, COTIDIANA

No Núcleo Comunidade, propomos um pequeno grupo de vizinhos – cerca 15 a 20 famílias, e mais 2 lotes diferenciados, destinados ao comércio ou pequenas instituições locais - em quadras organizadas em torno de uma área comum. Essa organização de quadra é o que denominamos Quadra-C, Quadra de Comunidade, que se contrapõe às quadras urbanas tradicionais, desenhadas como grandes “tabletes”, com os vizinhos colocados lado-a-lado, sem espaços comunitários comuns. Na realidade das cidades brasileiras, as próprias prefeituras municipais extinguem os próprios espaços públicos das praças, alienando-as para eliminar os trabalhos de manutenção e segurança pública, policial. Se desenharmos espaços comunitários no “seio” de grupos de vizinhança, e dermos um sentido vital a esses espaços – que seriam protegidos por árvores, impedindo sua invasão por automóveis, e que poderiam conter equipamento comunitário de lazer para as crianças pequenas, a cisterna de coleta de água de chuva e de água cinza, a ser resservida em horta comunitária, em canteiro de flores e berçários de mudas que ocupariam os moradores de terceira idade, entre

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outras utilizações para esses micro-espaços comuns, teríamos uma “semente” de comunidades .

Buscamos tornar evidente

urbanas sustentáveis, dentro do modelo de parcelamento vigente

a criação de dois níveis de vias locais – que, nesse desenho, são indicadas pela presença de rotatórias ou “balões”, que passam a significar o domínio de comunidades locais. Na ilustração ao lado temos a evidência da hierarquia viária bem definida, que deve estar associada à delimitação dos mosaicos de comunidades abertas, amplamente acessíveis – com todo um potencial de empoderamento, através de combinações variadas de seus Capitais Humano, Social, Ambiental, e Produtivo.

0m 56m

Forma-se aí o módulo urbano fundamental para o nosso pequeno sonho de comunidade: o grupamento de 8 Quadras-C, reunindo cerca de 120 a 160 famílias (e 16 lotes diferenciados para o comércio e pequenas instituições locais), com cerca de 154,00m x 374,50 m (ou 57.673,00m2) medidos desde os eixos do sistema viário circunjacente. Esses dados nos permitem inferir uma densidade populacional que varia entre 104 e 139 habitantes por hectare, nessa proposta de módulo urbano: uma densidade bem ajustada para as nossas

necessidades de otimização das áreas

urbanas disponíveis. 7,00m O l o te e xpe ri m e n tal (proposto) : m ó dulo de 1 47, 00 m2 147 módulos de

1,00 m2 48 módulos de3,0625 m2 12 módulos de12,25 m2 3 módulos de49,00 m2

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,00m Essas proporções

são atingidas a partir do módulo do lote, proposto, por conveniência, nas

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medidas de 7,00m (frente) x 21,00m (fundos). Várias sub-modulações foram experimentadas para que chegássemos a uma variedade de soluções em planta que atendessem às demandas habitacionais mais comuns.

Núcleo (Conceitual) Estilo de Vida e Energia: estilos de vida do ponto de vista da geração, conservação e consumo de energia foram associados a padrões de vida doméstica, cotidiana. Essa associação pode ser descrita nos seguintes pontos:

- utilização da energia solar para o aquecimento da água de banho e de serviço da casa; - uso e reuso da água de chuva colhida em tetos utilizados para a produção de alimentos;

- produção de alimentos de forma a utilizar a energia solar, a água de chuva, em quantidade suficiente para a complementação da dieta de uma família de 5 pessoas;

- proposição de leiautes de compartimentação espacial com base no conceito de planta

livre: na proposta, toda a cobertura se apóia nas paredes laterais (estruturais) da edificação,

nos limites do lote;

- geminação das edificações, como forma de otimizar a ocupação da área do lote e o uso de infraestrutura urbana de fornecimento de energia elétrica, água potável e de recolhimento de esgotos;

- utilização dos excrementos humanos em soluções de banheiros do tipo Bason, enriquecendo permanentemente a mistura utilizada (terra negra) com solo, na horta comunitária e na horta familiar.

O princípio da planta livre é possível graças à solução de piso elevado, que funciona como laje de cobertura do térreo e piso de terra para a prática de agricultura urbana. A estrutura conta com vigas feitas em laminado de taliscas de bambu, associadas de forma a permitir a passagem de tubulações de drenagem das águas que alimentam o solo vegetal – vindas, as águas, das chuvas e/ou do reuso intensivo das águas cinzas.

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Na ilustração ao lado, uma solução exemplar é exposta, mostrando a solução de ventilação dos compartimentos através de jardim interno, que permite a iluminação e ventilação direta de todos os cômodos de permanência prolongada, de habitação e trabalho. Na proposta de geminação, o jardim interno é parte integral da solução de acesso às instalações de bombeamento passivo de água (através de cataventos instalados na cobertura).

A ilustração abaixo mostra a aplicação de princípios que se associam nessa casa de família trabalhadora. A capacidade fundamental a ser desenvolvida, em nossa proposta, diz respeito ao controle da produção sustentada de alimento e de reuso de água!

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A solução geminada permite a eventual associação de vizinhos, assim como a partilha de instalações, equipamentos, recursos e instrumentos relacionados ao trabalho, à produção. No escopo da proposta, vislumbra-se a possibilidade de produção de gás combustível a partir de estações de compostagem – mas somente numa fase adiantada de implantação das “Quadras-C”.

No corte abaixo, os princípios de uma casa de família trabalhadora que seja higiênica, solar, muito bem ventilada são salientados. Para que a agricultura urbana seja bem sucedida, as condições de manutenção do solo artificial criado, dos sistemas de instalações (que utilizam parcimoniosamente elergia elétrica) devem ser criteriosamente prescritas.

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A ilustração acima mostra a solução dada à sustentação de um teto verde, agricultável, sobre toda a habitação. No exemplo que estudamos, propomos uma série de 10 pares de vigas laminadas de bambu, que vencem, solidariamente, o menor vão do lote (7,00m), apoiadas em colunas de apoio feitas em tijolos de solo-cimento. Essas colunas são ocas, permitindo a passagem de tubos de 100mm, que fazem parte do sistema de drenagem de águas pluviais – por sua vez utilizada e filtrada pelo solo enriquecido, apto para a utilização na produção de alimentos.

Essa quantidade de solo (cerca de 66m3, no exemplo), que implica em um peso de aproximadamente 60 toneladas (computada um densidade média para esse solo em torno de 900 kg/m3). Cada par de vigas de bambu laminado resiste a aproximadamente a uma carga de aproximadamente 950 kg/ml, uma solicitação que pode ser resistida pela seção de 40 x 6 cms proposta para cada viga. A essas características estruturais são associadas as disposições de vigotas metálicas de contraventamento, par-a-par, em número de 6 (espaçadas de 1,00m), como se vê nas ilustrações a seguir.

Reservatórios chatos pintados de preto: aquecedores de água Vigas laminadas de bambu Vigas metálicas (contraventamento) Terra vegetal (cerca de 66m3) terraço-jardim Colunas de apoio em tijo de solo-cimento, com shaft p/passagem de instalações de captação de água Reservatórios chatos pintados de preto: aquecedores de água Vigas laminadas de bambu Vigas metálicas (contraventamento) Terra vegetal (cerca de 66m3) terraço-jardim Colunas de apoio em tijo de solo-cimento, com shaft p/passagem de instalações de captação de água Estrutura “tecida” em taliscas de bambu (suporte da abóbada de terra)

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Estrutura “tecida” em taliscas de bambu (suporte da abóbada de terra); medidas: 6,70 x 0,60 x 1,80m Sobre os parabolóides de taliscas de bambu entretecidas, é colocada a manta de impermeabilização

Sobre a manta de impermeabilização é colocada a camada de terra vegetal (cerca de 66,00m3, para esta edificação)

Descida de águas pluviais em excesso Descida de águas pluviais em excesso Vigas laminadas de bambu Colunas de apoio em tijo de solo-cimento, com shaft p/passagem de instalações de captação de água Vigas metálicas (contraventamento) Parede de tijolos de solo-cimento (estruturais)

Perfis metálicos “U” a cada 1,00m, para contraventar as vigas aos pares e conter as canalizações

Tubos de queda do sistema de drenagem do teto-jardim

passagem de instalações elétricas, de telefonia, de cabos para TV e computadores, assim como o desenvolvimento de vários planos de iluminação, a serem estudados para cada plano de ocupação do espaço projetado. Uma grande diversidade de programas de necessidades, além do habitacional, poderia, assim, ser estudada à luz desses princípios projetuais.

A ilustração acima mostra um importante aspecto da solução técnica dada à edificação, com o uso de uma espécie de abóbada de suporte – uma espécie de “forma permanente” – feita de taliscas “tecidas” de bambu, que apresentar características estruturais locais suficientes para suportar as cargas do solo agricultável da cobertura, e transmiti-las com segurança e estabilidade para os pares de vigas laminadas contraventadas por vigotas

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metálicas (em tramo secundário) de amarração. Observe-se que a forma da abóbada permite um padrão de drenagem do solo extremamente eficiente, pois canaliza, em seus vincos de encontro e amarração, a descida do excesso de água rgas também é otimizada por essa forma de parabolóide obtida pela tessitura dessas treliças de taliscas, que são isoladas do solo por uma manta asfáltica, de longa duração: não é exposta ao sol, e não é esticada, mas apenas disposta em camadas sobre as abóbadas de bambu, de forma a facilitar o lento despejo das águas filtradas no solo, para os canos de drenagem.

de chuva e outras utilizadas na irrigação. A transmissão de ca

PERFIL DE TRAVAMENTO PARA A BASE DAS ABÓBADAS VIGAS DE BAMBU

LAMINADO

ALTERNATIVA DE

PERFIS DE CONTRAVENTAMENTO (GABARITOS DE PEÇAS LAMINADAS)

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Vigas de bambu laminado (40x6cm) Perfil de contraventamento do par de vigas laminadas (metálico, U-invert.,20x20cms) Vigas metálicas destinadas ao contraventamento dos pares de vigas laminados Estrutura “tecida” em taliscas de bambu (suporte da abóbada de terra)

Cobertura de folhas mortas, polpa de papéis, destinada a reter a umidade do solo (espessura média de 5,00cms) Proverbiais alfacinhas

Tubulações de drenagem, instaladas nos vincos das abóbadas de terra (100mm)

Paredes estruturais (armadas) de tijolos de solo-cimento Leito de britas de tamanho médio (aprox. 20mm) Camada de terra agricultável (66m3, no exemplo estudado) Manta de impermeabilização

(manta asfáltica com sobre-posições, esp. mín.=8mm) Mão francesa, metálica, para suporte das caixas chatas de aquecimento de água captada.

Caixas de água (cerca de 1,00 x 1,00 x 0,27m) ou 27 litros, pintada de preto para aquecer ao sol (tanques de gasolina reaproveitados ou caixas em fibra de vidro especialmente fabricadas)

PÉ-D IR EI T O = 25 0 ,0 0 cm s 32 20 40 148 R 1 00 77 40 20 80 27

Na ilustração acima, vemos o arremate da explicação anterior: a camada do solo agricultável está no centro dessa explicação: os moradores podem obter uma produtividade anual de mais de 12kg de alimentos por metro quadrado – um número extraordinariamente superior à produtividade da agricultura extensiva praticada no país, que não supera os 250 gramas por metro quadrado de solo agricultável. O solo necessário ao cultivo é obtido na escavação das próprias fundações, cisternas domiciliares, vãos dos sanitários Bason, e das cisternas comunitárias. Sua renovação está associada ao ciclo de reaproveitamento de excrementos e lixo orgânico domiciliar.

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Na ilustração ao lado, a intensa integração de tecnologias de relativa simplicidade, de bombeamento de água de cisternas com o uso de cataventos, de aquecimento da água de uso domiciliar em tanques metálicos chatos colocados sobre as paredes divisórias da edificação, exemplificam a acessibilidade de tecnologias baratas para a constituição de um ambiente de habitação e trabalho. As visões dos espaços internos fazem parte desse imaginário de um feixe de princípios que busquem o fortalecimento das famílias e das comunidades em projetos cooperativos bem qualificados. Nas ilustrações desta página mostramos interiores que não refletem o imaginário triste e desprovido de alma das concepções correntes das habitações populares.

CATAVENTO

ESPAÇO INTERNO DA EDIFICAÇÃO

CONTRAVENTAMENTO DAS VIGAS ESTRUT.

TERRA VEGETAL ABÓBADAS DE BAMBU COLETA DE ÁGUAS (DESDE O TANQUE DE TERRA VEGETAL E ÁREAS COBERTAS) ALTERNATIVAS DE BOMBEAMENTO MANUAL/PASSIVO DE ÁGUA CINZA TANQUES CHATOS DE ÁGUA EM AQUECIMENTO SOLAR (ALTERNATIVA 1) CISTERNAS

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A visão de uma comunidade de trabalho requalificada implica em desenvolver as tecnologias já disponíveis a serviço de uma vida comunitária bela, empoderada pela aquisição simples de cada elemento constituinte do espaço construído.

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REFERÊNCIAS

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