• Nenhum resultado encontrado

Pessoas com deficiência em empresas de tecnologia da informação e comunicação: obrigatoriedade ou inclusão?

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Pessoas com deficiência em empresas de tecnologia da informação e comunicação: obrigatoriedade ou inclusão?"

Copied!
69
0
0

Texto

(1)

CAMPUS ARARANGUÁ

COORDENADORIA ESPECIAL INTERDISCIPLINAR DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

CURSO BACHARELADO EM TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Arthur Oliveira da Silva

Pessoas com Deficiência em Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação: Obrigatoriedade ou Inclusão?

ARARANGUÁ 2019

(2)

Arthur Oliveira da Silva

Pessoas com Deficiência em Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação: Obrigatoriedade ou Inclusão?

Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Tecnologias da Informação e Comunicação do Centro de Ciências, Tecnologias e Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Tecnologias da Informação e Comunicação. Orientadora: Prof. Dra. Andréa Cristina Trierweiller.

Araranguá 2019

(3)

Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Silva, Arthur Oliveira da

Pessoas com Deficiência em Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação: Obrigatoriedade ou Inclusão? / Arthur Oliveira da Silva; orientadora, Andréa Cristina Trierweiller, 2019.

69 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) -

Universidade Federal de Santa Catarina, Campus Araranguá, Graduação em Tecnologias da Informação e Comunicação, Araranguá, 2019.

Inclui referências.

1. Tecnologias da Informação e Comunicação. I.

Trierweiller, Andréa Cristina. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Graduação em Tecnologias da Informação e Comunicação. III. Título.

(4)
(5)

Este trabalho é dedicado aos meus pais que ao longo da vida sempre dedicaram todos os seus esforços para a minha formação.

(6)

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Michele Leal de Oliveira e Darci da Silva Júnior, agradeço, imensamente, por todo o apoio, suporte e dedicação para que minha formação de nível superior acontecesse. Da mesma forma, agradeço as minhas irmãs, Pâmela Oliveira da Silva e Poliana Oliveira da Silva, por todo o apoio durante essa caminhada.

À toda minha família e amigos, agradeço pela paciência e apoio para que minha formação ocorresse, mesmo que geograficamente distante.

A todos os amigos feitos em Araranguá, agradeço pela companhia durante os anos de graduação. Em especial à Natalia Maldaner e Amanda Vasconcelos, pela companhia também na moradia.

A minha orientadora, prof.ª Dra. Andréa Cristina Trierweiller, agradeço por todos os seus ensinamentos ao longo deste trabalho, suas lições foram essenciais para a conclusão deste TCC.

À Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pela oportunidade de obter uma formação gratuita com ensino de qualidade e aos professores que tive contato, pelos conhecimentos repassados a mim.

Aos professores convidados a compor a banca, que aceitaram o convite e puderam, assim, contribuir para este trabalho.

A todos que, de alguma forma, contribuíram para que eu chegasse até a graduação.

(7)

RESUMO

A garantia do direito ao trabalho para todos os cidadãos é um aspecto fundamental da vida em sociedade, tendo, assim, relevância mundial. Contudo, há parcelas da população que têm esse direito precarizado, como é o caso das pessoas com deficiência. Sendo assim, este trabalho de conclusão de curso objetiva analisar os processos utilizados na inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho de empresas do segmento de Tecnologia da Informação e Comunicação, a fim de identificar as suas características; uma vez que se considera esse segmento de trabalho favorável para aumentar a empregabilidade dessa população. Para tal, recorreu-se ao levantamento de referencial teórico de literatura acerca dos conceitos e classificações acerca das pessoas com deficiência. Também foi analisada a legislação atual, que visa a garantia dos direitos dessa população no Brasil, no que tange ao direito ao trabalho, bem como, discorreu-se sobre o mercado de trabalho do segmento de Tecnologia da Informação e Comunicação. Assim, foi elaborado um questionário de pesquisa - com base em trabalhos semelhantes identificados e uma entrevista semiestrutura realizada com uma especialista da área, para posteriormente, aplicar este instrumento com os responsáveis pelas ações de inclusão nas empresas contatadas. Como resultado da análise dos dados obtidos, viu-se que a Lei de Cotas exerce papel fundamental na contratação de pessoas com deficiência, uma vez que o número de funcionários com deficiência contratados sob o regime de cotas foi maior do que o dobro desses funcionários, não contratados por esse regime. Identificou-se, a deficiência física como maior ocorrência, seguida pela deficiência auditiva e visual. Quanto aos setores e cargos mais comuns em relação a esse público, são as funções relacionadas ao desenvolvimento de software. Quanto ao banco de talentos/currículos das empresas respondentes, quase um quarto alega possuir um único banco, contendo pessoas com e sem deficiência. Em relação à forma que os programas de inclusão ocorreram, a maioria dos respondentes não repassaram informações suficientes para que fosse possível uma análise aprofundada de tais ações. Por fim, a qualificação profissional foi o principal motivo citado pelos respondentes como uma barreira para a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, enquanto que, como maior estímulo, citou-se o incentivo a inclusão e qualificação dessa população no mercado de trabalho.

Palavras-chave: Pessoa com Deficiência. Mercado de Trabalho. Tecnologia da

(8)

ABSTRACT

Guaranteeing the right to work for all citizens is a fundamental aspect of life in society and thus has worldwide relevance. However, there are portions of the population that have this precarious right, such as people with disabilities. Thus, this paper aims to analyze the processes used to include people with disabilities in the labor market of companies in the Information and Communication Technology segment, in order to identify their characteristics; once this segment of work is considered favorable to increase the employability of this population. For this, it was used the survey of theoretical reference of literature about the concepts and classifications about people with disabilities. It was also analyzed the current legislation, which aims to guarantee the rights of this population in Brazil, with regard to the right to work, as well as discussing the labor market of the Information and Communication Technology segment. Thus, a research questionnaire was elaborated - based on similar works identified and a semi-structured interview with a specialist in the area, to later apply this instrument with those responsible for the inclusion actions in the contacted companies. As a result of the analysis of the data obtained, it was found that the Quota Law plays a key role in hiring people with disabilities, since the number of employees with disabilities hired under quotas was greater than double those, not hired under this scheme. Physical disability was identified as the highest occurrence, followed by hearing and visual impairment. Regarding the most common sectors and positions in relation to this public, are the functions related to software development. As for the respondent companies' talent/resume bank, almost a quarter claim to have a single bank, containing people with and without disabilities. Regarding the way in which the inclusion programs occurred, most respondents did not provide enough information to allow a thorough analysis of such actions. Finally, professional qualification was the main reason cited by respondents as a barrier to the inclusion of people with disabilities in the labor market, while, as a major stimulus, the incentive to include and qualify this population in the labor market was mentioned.

Keywords: People with desabilites. Labour Market. Information and Communication

Technology. Information Technology.

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Procedimentos e técnicas para a coleta de dados. ... 33

Figura 2 - Número de funcionários das empresas. ... 40

Figura 3 - Setor dos respondentes. ... 41

Figura 4 - Cargos dos respondentes. ... 41

Figura 5 – PcD no quadro de funcionários das empresas em que os respondentes atuam. ... 42

Figura 6 - Contratação de PcD nas empresas. ... 42

Figura 7 - Número das PcD nas empresas de acordo com a forma de contratação. ... 43

Figura 8 - Tipo de deficiência dos empregados nas empresas. ... 44

Figura 9 – Setor em que as pessoas com deficiência atuam nas empresas. ... 44

Figura 10 - Cargos em que as pessoas com deficiência atuam nas empresas... 45

Figura 11 - Critérios utilizados para a contratação das PcD nas empresas. ... 46

Figura 12 - Banco de talentos/currículos nas empresas. ... 46

Figura 13 – Treinamentos acerca de inclusão e diversidade no ambiente de trabalho. ... 47

Figura 14 - Quantidade de programas de inclusão das PcD nas empresas. ... 48

Figura 15 – Quantidade de empresas que contam com o apoio de instituições sem fins lucrativos que lidam com PcD. ... 50

Figura 16 - Quantidade de empresas que contratam ou já contratam consultorias de inclusão. ... 51

Figura 17 - Barreiras para contratação da PcD. ... 52

(10)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Levantamento exploratório no repositório institucional da UFSC. ... 34

Quadro 2 - Questões de Santana (2016) utilizadas como base nesta pesquisa. .. 35

Quadro 3 - Primeiro bloco do questionário de pesquisa. ... 37

Quadro 4 - Segundo bloco do questionário de pesquisa. ... 37

Quadro 5 - Terceiro bloco do questionário de pesquisa. ... 37

Quadro 6 – Quarto bloco do questionário de pesquisa. ... 37

Quadro 7 - Quinto bloco do questionário de pesquisa. ... 38

(11)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DUDH Declaração Universal dos Direitos Humanos ONU Organização das Nações Unidas

PcD Pessoa com Deficiência

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística TIC Tecnologia da Informação e Comunicação TA Tecnologia Assistiva

INSS Instituto Nacional do Seguro Social OIT Organização Internacional do Trabalho ME Ministério da Economia

BPC Benefício de Prestação Continuada

ABES Associação Brasileira das Empresas de Software UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

RH Recursos Humanos

APAE Associação de Pais e Amigos Excepcionais REIS Rede Empresarial de Inclusão Social

(12)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 13

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO ... 14

1.2 PRESSUPOSTO ... 15

1.3 JUSTIFICATIVA ... 16

1.4 CONTEXTO DA PROPOSTA DE PESQUISA ... 17

1.5 QUESTÃO DE PESQUISA ... 17 1.6 OBJETIVOS ...18 1.6.1 Objetivo Geral ... 18 1.6.2 Objetivos Específicos ... 18 1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO ... 18 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 19

2.1 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: CONCEITOS, CLASSIFICAÇÕES E CONTEXTO DA POPULAÇÃO NO BRASIL ... 19

2.1.1 Classificação das deficiências ... 21

2.1.2 Pessoas com Deficiência no Brasil ... 22

2.1.3 Contexto Histórico das Pessoas com Deficiência no Brasil... 22

2.1.4 Pessoas com Deficiência no mercado de trabalho ... 23

2.2 MERCADO DE TRABALHO DO SEGMENTO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ... 26

2.2.1 Mercado de Trabalho ... 26

2.2.2 Profissionais de TIC ... 27

2.2.3 Qualificação profissional de pessoas com deficiência no setor de TIC ... 28

3 METODOLOGIA ... 28

3.1 CLASSIFICAÇÃO E DELINEAMENTO DA PESQUISA ... 29

3.2 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA ... 33

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 39

4.1 INFORMAÇÕES DAS EMPRESAS ... 40

4.2 INFORMAÇÕES DOS RESPONDENTES ... 40

4.3 PCD E FORMA DE CONTRATAÇÃO NAS EMPRESAS ... 42

4.4 PERFIL, OCUPAÇÕES E VAGAS PARA PCD NAS EMPRESAS ... 43

4.5 CULTURA: INCLUSÃO E DIVERSIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO ... 47

4.6 PROGRAMAS PARA A INCLUSÃO DE PCD ... 47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 53

(13)

1 INTRODUÇÃO

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) teve o intuito de se estabelecer como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações, uma vez que estabeleceu, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos (ONU, 2018). Um dos artigos deste documento diz respeito ao direito do trabalho: “toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego” (ONU, 2009).

Outro ponto que merece ser destacado é: “Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social” (ONU, 2009). Nesse sentido, vê-se que a garantia do direito ao trabalho para todos os cidadãos é um aspecto fundamental da vida em sociedade, tendo relevância mundial.

Contudo, há parcelas da população que têm esse direito precarizado, como é o caso das pessoas com deficiência, doravante denominadas PcD1.

De acordo com a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência: Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2015).

Como o próprio conceito explicita, as PcD podem enfrentar barreiras em participar da sociedade em igualdade de condições com as pessoas que não possuem deficiência, seja no acesso à cultura, à educação ou ao trabalho. O foco desta pesquisa, contudo, está contido no panorama da promoção e manutenção ao direito do trabalho, ou seja, em meios de promover oportunidades de emprego e ascensão profissional para as PcD no mercado de trabalho.

1 A sigla PcD é invariável. Por exemplo: a PcD, as PcD, da PcD, das PcD (PORTO ALEGRE, 2011). As expressões “deficiente” ou “portador de necessidades especiais” se tornaram inadequadas frente ao novo paradigma adotado pelo estado brasileiro ao ratificar a Convenção da ONU. A terminologia agora utilizada é “pessoa com deficiência”, no qual adota uma perspectiva mais humanizada e considera estes indivíduos, antes de mais nada, pessoas (CURITIBA, 2019a).

(14)

Isto posto, devido ao extenso histórico de desigualdades sociais existentes em nosso país, instituiu-se, como feito em outras nações - tais como Alemanha, Argentina e Bélgica, políticas de ação afirmativa, a fim de retificar as desvantagens históricas acumuladas pelo conjunto de PcD (SANTOS; CARVALHO-FREITAS, 2018). Um dos avanços em relação a essa temática no Brasil – além da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, foi a incorporação da Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os direitos das PcD à legislação brasileira, em 2008 (BRASIL, 2010).

Nesse momento, foi reconhecido que o limite individual não é determinante para a deficiência, mas sim, as barreiras existentes nos espaços, no transporte, na informação, na comunicação e nos serviços, que são limitadores. Assim, foi assumido a obrigação de garantir a equiparação de oportunidades entre pessoas com e sem deficiência em todo o território nacional (BRASIL, 2010).

Corroborando com o exposto, a Cartilha do Censo 2010 - Pessoas com Deficiência é um documento que descreve os tipos de deficiência e características das pessoas que compõem esse segmento da população. Esse levantamento foi produzido pela Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD), por meio dos dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sendo que, no Brasil, 23,9% da população possui pelo menos uma das deficiências investigadas no Censo de 20102, sendo estas: visual, auditiva, motora

e mental ou intelectual (IBGE, 2012).

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

Vê-se, dessa forma, que há um grande contingente de pessoas que possuem algum tipo de deficiência no país e, partindo do pressuposto de que todo cidadão tem direito ao trabalho, pessoas com ou sem deficiência deveriam ter oportunidades de emprego e profissionalização. Entretanto, apesar do número de empregos formais ocupados por PcD estar crescendo nos últimos anos, o

2 Os censos demográficos são planejados para serem executados nos anos de finais zero. Sendo assim, no Brasil, a última pesquisa ocorreu no ano 2010.

(15)

contingente de pessoas empregadas por este grupo equivale, somente, a 1% do estoque total de empregos no país, representando cerca de 441,3 mil vínculos empregatícios (ME, 2018; ME, 2019).

Um dos fatores a que se atribui essa expansão diz respeito à ação do Ministério da Economia (ME), que tem orientado e fiscalizado as empresas para que o Artigo 93 da Lei 8.213 (também conhecida como “Lei de Cotas”) seja cumprido. Tal artigo versa que toda empresa com 100 ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, seguindo uma proporção de acordo com o número de empregados da empresa (BRASIL, 1991).

Apesar da exigência estabelecida pela Lei de Cotas determinar uma porcentagem mínima de reserva de vagas para PcD, as empresas alegam ter dificuldades em preencher as vagas de emprego abertas para esse público (SILVA, 2017; MACCALI et al., 2015). Dentre os fatores citados estão: a falta de qualificação profissional dessa população e as dificuldades de adequação do ambiente e das condições de trabalho.

Mesmo que essa legislação auxilie para que seja assegurada uma mínima quantia de posições de trabalho para PcD; sabe-se que é preciso aprimorá-la (REZENDE; CARVALHO-FREITAS, 2014). Uma vez que essa ação afirmativa não indica, por exemplo, o grau de deficiência no qual a empresa deve contratar. Fazendo com que os gestores das empresas, em muitos casos, possam optar por empregar pessoas com deficiências mais leves, por necessitarem menos ajustes no local de trabalho destes funcionários e, consequentemente, menos investimentos para empregá-los.

1.2 PRESSUPOSTO

Apesar disso, existem alguns segmentos de trabalho que podem absorver pessoas com deficiências graves mais facilmente que outros. Um dos aspectos que influenciam a absorção de um indivíduo em um setor de trabalho são as competências requeridas por este setor para exercer suas atividades. Nesse sentido, vê-se que, o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) se

(16)

apresenta como um segmento capaz de absorver a PcD, e adaptar as tecnologias e seu uso às especificidades de cada deficiência.

1.3 JUSTIFICATIVA

Para as pessoas sem deficiência, sabe-se que o uso das TICs traz facilidades, vantagens e comodidades no cotidiano e em aspectos de trabalho (VIANNA; CRIVELLARI, 2014). Para as PcD, também se observam ganhos ao adaptar as tecnologias utilizadas, conforme as especificidades da deficiência de cada indivíduo. Ressalta-se, ainda, que é necessário educar essa população no sentido de personalizar a tecnologia, adaptando-as às suas preferências e necessidades individuais (UNESCO, 2014).

Nesse contexto, surge a área de Tecnologia Assistiva (TA), definida pelo Comitê de Ajudas Técnicas, como:

[...] uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (BRASIL, 2009).

Desse modo, considerando que o ambiente de trabalho da área de TIC é mediado por TICs inerentes a esse setor (como computadores desktops e notebooks), têm-se que, é possível personalizar essas ferramentas com o apoio de TAs para potencializar as habilidades funcionais das PcD nesse âmbito de trabalho. Outro ponto favorável ao considerar o setor de TIC como um caminho para a empregabilidade das PcD, é que este ramo exige habilidades e competências digitais e estas, podem ser desenvolvidas pelo uso de TAs apoiadas pelas TICs. Ou seja, essas inovações objetivam melhorar alguns aspectos de vida da PcD, seja em seu processo educacional ou em seu ambiente de trabalho.

Esse mercado está em constante crescimento e assim, demanda profissionais com os mais diversos perfis técnicos (FORNACIALI; ALMEIDA; ALMEIDA, 2014). De acordo com um relatório publicado pela Associação Brasileira das Empresas de Software (2019), o mercado brasileiro de TIC apresentou um dos melhores desempenhos no cenário econômico nacional em 2018. Também ocorreu

(17)

uma melhora em todos os seus segmentos, mantendo o Brasil na 9ª posição no ranking mundial, representando 42,8% do mercado da América Latina.

Esse cenário contribui para que o setor de TIC esteja enfrentando um aumento significativo de demanda por profissionais, tendo como impulso a necessidade de novas tecnologias, o avanço das mídias, da Internet e do interesse das empresas em desenvolver projetos na área (ALVES; LIMA; MOREIRA, 2014).

1.4 CONTEXTO DA PROPOSTA DE PESQUISA

Algumas empresas atuantes na área de TIC têm iniciado projetos para inclusão das PcD no mercado de trabalho. Como exemplo, cita-se projetos do Estado de Santa Catarina:

- O programa Capacita Thomson Reuters, que oferece qualificação a respeito dos softwares desenvolvidos na unidade de Criciúma, em Santa Catarina (REUTERS, 2019).

- A Betha Sistemas, dentre outros projetos já realizados, ofereceu um treinamento às pessoas reabilitadas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e PcD voltado ao desenvolvimento de auxiliares de testes (ENGEPLUS, 2019).

- O programa Softplay, da empresa Softplan, um programa de desenvolvimento de competências em TI para PcD e reabilitados (ACATE, 2019).

Apesar dos exemplos expostos, iniciativas de capacitação profissional das PcD para vagas na área de Informática não são encontrados com facilidade (FORNACIALI; ALMEIDA; ALMEIDA, 2014). Diante do exposto, surge a necessidade de analisar os processos que envolvem a inclusão das PcD no mercado de trabalho da área de TIC. Uma vez que, neste trabalho, considera-se esse setor como uma opção favorável para a empregabilidade dessa população e, desse modo, programas de inclusão nesse setor devem ser aprimorados e expandidos.

1.5 QUESTÃO DE PESQUISA

(18)

Quais são as características identificadas nos processos de inclusão das pessoas com deficiência em empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação na visão dos responsáveis pela área?

1.6 OBJETIVOS

Esta seção apresenta os Objetivos Gerais e Objetivos Específicos deste trabalho.

1.6.1 Objetivo Geral

Analisar os processos utilizados na inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho por empresas do segmento de TIC a fim de identificar as suas características.

1.6.2 Objetivos Específicos

Como detalhamentos do objetivo geral, foram elencados os seguintes objetivos específicos:

- Apresentar a legislação vigente no Brasil para inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e quais os mecanismos legais de estímulo para sua contratação;

- Pesquisar quais as classificações das pessoas com deficiência são empregadas no país;

- Identificar características dos processos de inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho;

- Analisar os resultados com vistas a identificação do nível de implementação das ações de inclusão nas empresas pesquisadas;

- Apresentar sugestões de melhoria nos processos de inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, a partir das características identificadas.

(19)

Além desta seção de introdução, este trabalha possui outras quatro seções, as quais abordam, respectivamente: na seção dois, um referencial teórico acerca dos conceitos envoltos às pessoas com deficiência, no que tange às classificações e inclusão destes no mercado de trabalho, além de abordar um panorama sobre o mercado de trabalho da área de TIC; na seção três, a metodologia utilizada nesta pesquisa; na seção quatro, a análise dos resultados obtidos e; na seção cinco, as considerações finais deste trabalho de conclusão de curso.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta seção objetiva apresentar os principais conceitos envoltos no âmbito da inclusão das PcD no mercado de trabalho do setor de TIC. Ela está dividida em duas seções principais, sendo estas: Pessoas com Deficiências: conceitos,

classificações e contexto da população no Brasil e Mercado de Trabalho do Segmento de Tecnologias da Informação e Comunicação.

2.1 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: CONCEITOS, CLASSIFICAÇÕES E CONTEXTO DA POPULAÇÃO NO BRASIL

Incluir, por um viés social, significa fazer parte de um certo grupo ou uma categoria de pessoas; assim, a inclusão social pode ser entendida como a ação de inserir alguém ou um grupo representativo na sociedade. Ou seja, incluir, por exemplo, uma pessoa com deficiência significa torná-la participante da vida social, econômica e política, a fim de assegurar o respeito aos seus direitos (BORTMAN; LOCATELLI; BANDINI, 2014).

O Decreto Nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, dispõe a respeito da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência3, bem como

consolida normas de proteção a essa população. Nesse sentido, essa legislação

3 Atualmente, os termos portador de deficiência, portador de necessidades especiais (PNE) e pessoa portadora de deficiência não são os mais adequados. Ao invés disso, recomenda-se utilizar “pessoa com deficiência” ou “PcD” (PORTO ALEGRE, 2011). Para este trabalho, utilizou o termo como descrito na legislação citada.

(20)

considera deficiência, como: “toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano” (BRASIL, 1999). Considera deficiência permanente, como: “aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos” e considera incapacidade, como:

uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida (BRASIL, 1999).

Além do decreto citado acima, há também a Lei Nº 13.146 (2015), a qual institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, também conhecida como o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Essa legislação considera PcD como aquela que:

[...] tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2015).

Observa-se que, em ambas as leis, o aspecto da deficiência é evidenciado pelas ações que uma pessoa realiza na vida em sociedade, a partir do momento em que estes podem enfrentar barreiras em participar da sociedade em igualdade de condições com pessoas que não possuem deficiência. Além disso, ainda citando a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (2015), para fins de avaliação da deficiência, quando necessária, esta será biopsicossocial4 e deve ser

realizada por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, considerando aspectos como: “I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; III - a limitação no desempenho de atividades; e IV - a restrição de participação” (BRASIL, 2015).

4 O termo biopsicossocial refere-se a uma perspectiva que considera que a saúde e a doença devem ser compreendidas como resultados da interação dos fatores biológicos do organismo do indivíduo, do ambiente em que vive e das suas relações sociais. Ou seja, esse modelo considera aspectos biológicos, psicológicos e sociais para estudar a causa e evolução de doenças. Nesse sentido, opõe-se ao modelo biomédico, no qual é centrado na doença e restringe-se aos fatores biológicos (GUIMARÃES, 2019).

(21)

Por fim, ressalta-se que, a deficiência deve ser vista como um atributo do ser humano, como ser alto ou baixo, e não deve ser dita como sinônimo de doença. Portanto, uma pessoa não pode ter sua vida prejudicada em razão de sua deficiência (CURITIBA, 2019b).

2.1.1 Classificação das deficiências

No que tange a classificação de deficiências, o Decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999, versa que é considerada pessoa portadora de deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias:

I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia5, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral6, nanismo7, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; III - deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; IV - deficiência mental – funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização dos recursos da comunidade; e) saúde e segurança; f) habilidades acadêmicas; g) lazer; e

5 Definições: paraplegia é a perda total e, paraparesia, a perda parcial, das funções motoras dos membros inferiores; monoplegia é a perda total e, monoparesia, a perda parcial, das funções motoras de um só membro, sendo este inferior ou superior; tetraplegia é a perda total e, tetraparesia, a perda parcial, das funções motoras dos membros inferiores e superiores; triplegia é a perda total e, triparesia, a perda parcial, das funções motoras em três membros; hemiplegia é a perda total e, hemiparesia, a perda parcial, das funções motoras de um hemisfério do corpo, sendo direito ou esquerdo; ostomia se refere a uma intervenção cirúrgica que cria uma abertura na parede abdominal para adaptação de bolsa de fezes e/ou urina direitos (BORTMAN; LOCATELLI; BANDINI, 2014).

6 Paralisia cerebral se caracteriza como uma lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central e, por isso, causa alterações psicomotoras (BORTMAN; LOCATELLI; BANDINI, 2014).

7 Nanismo é uma deficiência acentuada no crescimento. Ressalta-se que o conceito de deficiência inclui a capacidade relativa, parcial ou total, para o desempenho de atividades de forma geral (BORTMAN; LOCATELLI; BANDINI, 2014).

(22)

h) trabalho; V - deficiência múltipla – associação de duas ou mais deficiências (BRASIL, 1999).

2.1.2 Pessoas com Deficiência no Brasil

De acordo com o IBGE, no censo demográfico de 2010, 23,9% da população residente no Brasil possuía pelo menos uma das deficiências investigadas, sendo estas: visual, auditiva, motora e mental ou intelectual. Nessa pesquisa, a deficiência foi classificada de acordo com a percepção dos próprios entrevistados a respeito das suas funcionalidades. Em relação a ocorrência das deficiências, a deficiência visual apresentou o maior percentual, afetando 18,6% da população. Seguido pela deficiência motora (em 7% da população), da deficiência auditiva (5,10%) e da deficiência mental ou intelectual (1,40%) (IBGE, 2012).

Ainda de acordo com o censo de 2010, 8,3% da população brasileira apresenta, pelo menos, um tipo de deficiência severa. Inclui-se, nesse caso, o contingente de pessoas que responderam que possuíam ter grande dificuldade e que não conseguia, de modo algum, realizar uma ação, como enxergar, ouvir e se locomover. Em relação aos outros respondentes, estes responderam enfrentar alguma dificuldade em realizar ações, como ouvir ou enxergar (IBGE, 2012).

2.1.3 Contexto Histórico das Pessoas com Deficiência no Brasil

Os direitos adquiridos pela população das PcD no Brasil, na década de 90, estão relacionados com movimentos sociais decorrentes de organizações como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma agência das Nações Unidas que possui a missão de promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho decente, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. Para essa organização, o trabalho digno é uma condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais e o desenvolvimento sustentável. Um dos organismos principais da OIT é a conferência internacional do trabalho, no qual são definidas as normas internacionais do trabalho e políticas gerais desta organização (OIT, 2019).

(23)

qual se discorreu a respeito da adoção, pelos países membros, de novas normas internacionais para promover a igualdade de oportunidade e tratamento a todas as PcD no que tange ao emprego e integração com a comunidade.

Dessa forma, o Brasil, como um país membro da organização, em conjunto com a pressão exercida pelas PcD no poder legislativo, aprovou em 1991, uma lei que obrigasse a contratação dessa população nas empresas. A Lei Nº 8.213, conhecida hoje, como “Lei de Cotas”, a qual, obriga empresas com cem ou mais funcionários, a reservarem um percentual de vagas para PcD, que varia de acordo com o número de funcionários no qual a empresa possui (BORTMAN; LOCATELLI; BANDINI, 2014). A partir desse momento, foi assegurado, pelo menos por lei, uma porcentagem de posições de trabalho para essa população.

2.1.4 Pessoas com Deficiência no mercado de trabalho

A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é um assunto complexo que transpassa diversas perspectivas, seja em relação a legislação brasileira existente para inclusão destes em organizações, seja em relação a auxílios dados pelo governo para esta população - que acabam perdendo o direito de tê-los, caso aumentem sua renda. No Brasil, assim como em outros países, instituiu-se políticas de ação afirmativa a fim de retificar as desvantagens históricas acumuladas pelo conjunto dessa população (SANTOS; CARVALHO-FREITAS, 2018).

A Lei Nº 8.213, de julho de 1991, dispõe, principalmente, sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social., o Artigo 93 desta lei, versa sobre a reserva de vagas de trabalho para PcD:

A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:

I - até 200 empregados...2%; II - de 201 a 500...3%; III - de 501 a 1.000...4%; IV - de 1.001 em diante. ...5%. (BRASIL, 1991).

(24)

para PcD em empresas com, pelo menos, 100 empregados. Apesar disso, algumas empresas alegam ter dificuldades em preencher as vagas de emprego abertas para esse público (SILVA, 2017; MACCALI et al., 2015). Elas indicam, ainda, que a falta de qualificação profissional dessa população, as dificuldades de adequação do ambiente e das condições de trabalho são fatores que contribuem para esse cenário.

Nesse sentido, mesmo que a legislação citada auxilie essa população a ingressar no mercado de trabalho, sabe-se que é preciso aprimorá-la. Um dos fatores não mencionados na legislação vigente diz respeito ao grau de deficiência no qual o empregado contratado precisa ter. Fazendo com que, em muitos casos, as organizações possam optar por empregar pessoas com deficiência mais leves, e, consequentemente, menos investimentos para empregá-las. Conforme João Paulo Teixeira, chefe da Divisão de Fiscalização para Inclusão de Pessoas com Deficiência e Combate à Discriminação no Trabalho:

É necessária uma mudança de atitude nas empresas, para deixar de enxergar unicamente a deficiência dessas pessoas e passar a identificar seus talentos e capacidades. Por enxergar somente a deficiência, algumas empresas preferem pessoas com deficiência leve, para não haver o esforço de modificar o ambiente de trabalho (ME, 2019).

O percentual de pessoas com deficiência no mercado de trabalho formal é crescente. Em 2009, 28% dos postos de trabalho para PcD estavam preenchidos, enquanto que, em 2019, esse percentual é de 48%. Essas estimativas consideram o montante de postos de trabalho em relação a obrigatoriedade da Lei 8.213. Sendo que, atualmente, há cerca de 35 mil empregadores obrigados a cumprir tal lei, o que corresponde a 750 mil postos de trabalho (ME, 2019). Assim, é importante destacar que os dados disponíveis hoje, pelo Ministério da Economia, relatam somente a inserção desta população no mercado de trabalho formal; contudo, não exploram, por exemplo, os cargos e funções que essas pessoas possuem nas organizações e se há, de fato, uma inclusão.

Quanto aos fatores envolvidos no aumento do percentual desta população no mercado de trabalho, destaca-se a fiscalização realizada pelo Ministério da Economia, no que tange ao cumprimento da Lei 8.213:

A inspeção do trabalho na efetivação da Lei de Cotas é realizada pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia. Anualmente, são realizadas em média 10 mil fiscalizações, nas quais as

(25)

empresas são cobradas a preencher as vagas reservadas. Neste processo, os auditores-fiscais do Trabalho, além de sensibilizar as empresas no cumprimento das cotas e a acessibilidade do ambiente de trabalho, também orientam os empregadores quanto ao cumprimento da lei e se valem da articulação com entidades ligadas às pessoas com deficiência para facilitar o processo de contratação pelas empresas. A Auditoria-Fiscal do Trabalho notifica as empresas a partir de sistema próprio informatizado de indícios de descumprimento de cota e fornece prazo para regularização. Dependendo da irregularidade constatada, a empresa pode firmar um termo de compromisso com prazo para cumprimento da cota ou adaptação do ambiente de trabalho. Após esgotadas as tentativas de regularização, a empresa é autuada (ME, 2019).

Vê-se, dessa forma, uma forte fiscalização pelos órgãos competentes a respeito do preenchimento da cota das PcD no mercado de trabalho. Fator, este, que contribui para que essa população tenha um espaço no mercado de trabalho formal. Apesar deste espaço, sabe-se que a lei é direta e não avalia outros aspectos que envolvem a qualidade das posições de trabalho exercidas pelas PcD, como capacitação dada a esses funcionários.

Outro aspecto que deve ser levado em consideração no que tange a ida da PcD ao mercado formal de trabalho é a influência da família nesse processo. Sabe-se que, por exemplo, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um benefício de renda, no valor de um salário mínimo, concedido a PcD de qualquer idade8, no

qual considera a renda familiar mensal para a concessão desse valor (MC, 2019). Ou seja, uma vez que a renda familiar da PcD deve ser de até um quarto de salário mínimo por pessoa, considera-se que, este fator pode influenciar na decisão da PcD procurar uma vaga de emprego. Já que, a partir do momento em que a PcD consegue um emprego formal, a sua renda aumenta e, consequentemente, a renda familiar também, e pode haver a perda do BPC.

Nesse sentido, a inclusão da PcD no mercado de trabalho se mostra como um sistema complexo, no qual envolve questões legais, familiares e da própria deficiência do indivíduo. A partir disso, considera-se a área de TIC como um segmento de trabalho que pode auxiliar na absorção dessa população, uma vez que, é possível adaptar, a certa medida, as tecnologias conforme os aspectos específicos da deficiência de cada indivíduo.

8 Este benefício também é concedido a idosos com 65 anos ou mais que apresentam impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial (MC, 2019).

(26)

2.2 MERCADO DE TRABALHO DO SEGMENTO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

O termo “Tecnologias de Informação e Comunicação” (TIC) é abrangente e se refere às tecnologias existentes para a comunicação da informação. Dentre essas tecnologias, encontram-se meios para se registrar a informação (como papel, disco/fita magnética, CDs, DVDs) e tecnologias para transmissão de informação (rádio, televisão, telefones celulares, qualquer tecnologia para comunicação por voz e som ou imagem) (IGI GLOBAL, 2019).

Atualmente essas tecnologias impactam efetivamente todos os setores econômicos e sociais. Sendo que, “os impactos econômicos estão relacionados a ganhos de produtividade resultantes do desenvolvimento ou implementação de dispositivos e processos existentes e/ou aprimoramentos nas tecnologias existentes” (FIUZA, 2016).

2.2.1 Mercado de Trabalho

De acordo com o relatório “Estratégia TIC Brasil 2022” da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (BRASSCOM):

O conceito de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) engloba as indústrias de manufatura e serviços que captam, transmitem e exibem dados e informação eletronicamente. Verifica-se uma convergência cada vez maior entre TI e Comunicações, o que se traduz em uma cadeia de valor cada vez mais integrada (BRASSCOM, 2013).

Ainda de acordo com esse relatório, o crescimento de TIC deverá ser impulsionado pelo desenvolvimento de tecnologias disruptivas. Dentre essas inovações, destacam-se as que estão relacionadas com o aumento da abundância de dados (por exemplo, Internet of Things9 e BigData10), com a crescente facilidade

9 O termo Internet of Things refere-se a interconexão via Internet de dispositivos computacionais que podem estar incorporados em diversos objetos do cotidiano, fazendo com que estes possam enviar e receber informações entre si.

10 O termo BigData refere-se ao processamento de um grande conjunto de dados para se obter informações.

(27)

de uso de tecnologias, através de dispositivos móveis de alta capacidade de processamento e, custo mais baixo.

Em um recente relatório publicado pela Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) a respeito do panorama e das tendências do mercado brasileiro de Software, diagnosticou-se que essa área apresentou um dos melhores desempenhos no cenário econômico nacional em 2018. Sendo que, no mundo, o setor de TI apresentou crescimento de 6,7%, com o segmento crescendo 9,8% no Brasil, mantendo nosso país na 9ª posição no ranking mundial e representando 42,8% do mercado da América Latina (ABES, 2019).

Diante desse cenário, vê-se que a expansão das TICs abriu novas possibilidades de ganhos econômicos através de um compartilhamento de informações e serviços entre indivíduos com interesses em comum. Por esse motivo, esse setor tem enfrentado um aumento significativo de demanda por profissionais e, em conjunto, a escassez de mão de obra desses empregados (ALVES; LIMA; MOREIRA, 2014).

2.2.2 Profissionais de TIC

Conforme exposto por Moura Junior e Helal (2014), às TICs estão presentes nas atividades humanas, mesmo que essa presença seja imperceptível:

Nos veículos automotores (automóveis, aviões, barcos e trens), por exemplo, boa parte das funções de controle – como aceleração e frenagem – é realizada por meio de computadores. Na área da saúde, TICs são aplicadas, direta ou indiretamente, na manutenção de vidas humanas. Em todos os setores produtivos (primário, secundário e terciário), os processos de negócio são suportados por sistemas de informação (SI), em suas formas mais simples, como bancos de dados implementados por meio de planilhas eletrônicas, e sofisticadas, como sistemas integrados de gestão (ERP) e de inteligência empresarial (BI) (MOURA JUNIOR; HELAL, 2014). Nesse sentido, observa-se que há uma grande dependência da sociedade com o correto funcionamento das TICs e, por consequência, dos profissionais que desenvolvem essas tecnologias.

Como já exposto, sabe-se que esse mercado está em constante crescimento e demanda profissionais com diversos perfis técnicos (FORNACIALI; ALMEIDA; ALMEIDA, 2014). Esse cenário, contudo, faz com que a caracterização do profissional de TIC seja dificultada conforme exposto pela literatura:

(28)

Ora este profissional é definido funcionalmente como aquele que apoia outra pessoa no uso de computadores, seja ao desenvolver produtos e serviços em empresas específicas de TI, ou ao fazê-lo em equipes em outras áreas de negócio (SEGRE e RAPKIEWICZ, 2003); ora é definido por meio de traços ou atributos profissionais, como o núcleo comum das ocupações em TI (BITTNER, 2004; FU, 2011); ora é definido pelo tipo de artefato de TI que manipula (NEVO, NEVO e EIN-DOR, 2009). (MOURA JUNIOR; HELAL, 2014).

Em conjunto, existe uma variedade de cargos e atribuições para profissionais da área de TI e TIC, que corrobora com o exposto acima, seja pela não regularização das profissões desse ramo ou pela amplitude de trabalhos que esse setor abrange. Ademais, títulos de postos de trabalho nesse setor ainda podem variar de acordo com a organização contratante.

Assim, frente à crescente demanda de profissionais neste setor, faz-se necessário encontrar alternativas para qualificar profissionais para esse mercado de trabalho. Já que, no Brasil, há uma escassez dessa mão de obra (CONFAP, 2016; UNIFOA, 2019).

2.2.3 Qualificação profissional de pessoas com deficiência no setor de TIC

A qualificação profissional nas organizações traz benefícios para os indivíduos que participam desses processos, para suas equipes de trabalho e para as instituições no qual eles estão inseridos. Essa qualificação pode ocorrer de diversas formas, desde a contratação de estagiários e pessoas em primeiro emprego até ações de capacitação, como investimentos em cursos realizados dentro ou fora da organização (MOURÃO, 2009).

Para este trabalho, destaca-se a qualificação profissional como uma forma de reduzir desigualdades, nesse caso, relacionada às PcD. Ainda de acordo com Mourão (2009), conforme citado por Sousa, Santana e Deluiz (1999), a educação traz consigo uma vinculação direta com a ascensão social, uma vez que, quanto maior a escolaridade, maior a chance de conseguir um posto de trabalho.

3 METODOLOGIA

(29)

o pesquisador deste trabalho utilizou para direcionar seu projeto de trabalho, com critérios de caráter científico, para alcançar dados que suportam ou não sua teoria inicial (PRAÇA, 2015). Ou seja, serão abordados os métodos científicos utilizados. Esta seção está dividida em duas subseções principais, sendo estas: Classificação

e Delineamento da pesquisa e Questionário de Pesquisa.

3.1 CLASSIFICAÇÃO E DELINEAMENTO DA PESQUISA

Sabe-se que, qualquer classificação se faz mediante algum critério. No que tange a classificação de pesquisas científicas, estas podem variar, por exemplo, conforme sua natureza, seu objetivo geral, sua abordagem e seus procedimentos. Quanto aos objetivos gerais de uma pesquisa, para Gil (2002), pode-se classificar um trabalho como sendo: exploratório (onde se busca aprimorar ideias ou descobrir intuições), descritivo (onde se busca descrever as características de determinada população ou fenômeno ou, ainda, estabelecer relações entre variáveis) ou explicativo (onde se busca identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência de determinados fenômenos).

Isto posto, a pesquisa exploratória tem por objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, de forma a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Nesse sentido, seu planejamento se torna flexível, de modo que possibilite a consideração de aspectos variados em relação ao fato estudado. Ainda, de modo geral, essas pesquisas envolvem: levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema de pesquisa e análise de exemplos reais (GIL, 2002). Para Prodanov e Freitas (2013, p. 51), este tipo de pesquisa:

[...] tem como finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um novo tipo de enfoque para o assunto.

Assim, ao retomar o objetivo geral desta pesquisa, sendo este: analisar os

processos utilizados na inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho por empresas do segmento de TIC a fim de identificar as suas características, tem-se que esta pesquisa se caracteriza como exploratória. Uma

(30)

vez que, busca ser capaz de caracterizar os processos de inclusão das PcD em empresas do segmento de TIC, participantes do estudo.

Ressalta-se que, esta pesquisa, limita-se a utilizar uma amostra do universo de empresas desse segmento no Brasil para estudar as características dos processos de inclusão, objetos de pesquisa. Uma vez que, foi considerado aspectos, como, o tempo disponível do pesquisador para realizar tal pesquisa e o grau de aprofundamento do trabalho, considerando um trabalho de conclusão de curso de graduação.

Reitera-se assim, que esta amostra não foi selecionada com critérios que poderiam garantir sua representatividade em relação ao universo (critérios estatísticos), ou seja, partiu-se da rede de contatos da professora orientadora e do autor do TCC para envio do questionário e assim, caracteriza-se como uma amostra por conveniência. Justamente por esta característica, trata-se de uma pesquisa com peso qualitativo e exploratório, em que o pesquisador tem como objetivo se aproximar do problema de pesquisa, do assunto, para assim, possibilitar se apropriar da temática, abrindo fronteiras para o desenvolvimento de estudos futuros, com outros delineamentos, utilizando-se, por exemplo, de pesquisa quantitativa.

Quanto à abordagem do problema de pesquisa, para Prodanov e Freitas (2013), a pesquisa pode ser: quantitativa ou qualitativa. Na pesquisa quantitativa, é considerado tudo que pode ser quantificável, ou seja, quando se traduz em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Isto deve ocorrer pelo uso de recursos e de técnicas de estatística, como percentagem e média (estatística descritiva), além da análise inferencial.

Já, na pesquisa qualitativa, considera-se que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, ou seja, que há um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito, que não pode ser traduzida em números. Nessa pesquisa, os autores tendem a analisar os dados de forma indutiva, no qual consiste em se estabelecer uma referência geral com base no conhecimento de certo número de dados singulares. Além disso, essa categoria não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas, como o método quantitativo (PRODANOV; FREITAS, 2013).

(31)

as duas classificações supracitadas, qualitativa e quantitativa, são combinadas, têm-se a abordagem mista. Os procedimentos associados a essa abordagem se desenvolveram em resposta à necessidade de esclarecer o objetivo de reunir dados quantitativos e qualitativos em um único estudo (CRESWELL, 2007). Essa pesquisa, pela forma como desenvolvida, enquadra-se numa abordagem mista, como será explicitado nessa seção (Figura 1).

No que tange a classificação da pesquisa, a partir dos procedimentos utilizados, ou seja, a forma como se obtém os dados necessários para a elaboração do estudo, destaca-se que é necessário traçar um modelo para se coletar e analisar os dados. Esse planejamento de pesquisa, em sua dimensão mais ampla, recebe o nome de delineamento e, dessa forma, é possível classificar a pesquisa, a partir dos procedimentos utilizados em sua construção. Tem-se nessa classificação, dois grandes grupos, sendo um referente às chamadas fontes de “papel” (incluem-se a pesquisa bibliográfica e documental) e outro, cujos dados são fornecidos por pessoas (incluem-se a pesquisa experimental, o levantamento e o estudo de caso) (GIL, 2002).

Para este trabalho, utilizou-se a pesquisa bibliográfica (Figura 1), principalmente, na fundamentação teórica (por meio de legislação vigente sobre o tema, livros e artigos científicos), para tecer um arcabouço no que tange ao contexto das PcD no Brasil, suas definições e classificações, ao mercado de trabalho do segmento de TIC e a inclusão dessa população nesse mercado. Além disso, esse tipo de pesquisa foi utilizado durante a construção do questionário, a partir de trabalhos encontrados no repositório institucional da universidade do pesquisador.

Outro tipo de pesquisa utilizada foi a pesquisa de campo (Figura 1), tipicamente, o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, uma vez que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, ou voltada para qualquer outra atividade humana (GIL, 2002). Ainda, destaca-se que esse tipo de pesquisa se baseia na coleta dos fenômenos que ocorrem na realidade a ser estudada (PRAÇA, 2015). Neste trabalho, pode-se dizer que a comunidade investigada são as empresas do segmento de TIC. Ressalta-se que, este estudo foi realizado por uma amostra intencional do segmento estudado, tomados como objetos de investigação, e não o universo em si.

(32)

Isto posto, na Figura 1, observa-se os procedimentos e técnicas utilizados neste trabalho para se coletar os dados de pesquisa. Como já mencionado, este trabalho faz uso de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Assim, quanto à forma do dado utilizado, o desenvolvimento da pesquisa se deu por dois eixos (1 e 2). Sabe-se que, há dois tipos de dados em pesquisas: dados primários e dados secundários. Os dados primários são oriundos, diretamente do pesquisador, com o uso de seus próprios instrumentos e experiência. Dentre os métodos que se enquadram nessa classificação, estão: questionários e entrevistas.

Já, os dados secundários, tratam de uma informação que já foi coletada por outra pessoa, durante um processo de pesquisa diferente e são levantados por meio de: livros, registros, artigos e websites (QUESTIONPRO, 2019).

Assim, apresentam-se as seguintes etapas dos procedimentos da pesquisa: 1. Levantamento de literatura, que trata da temática de inclusão das PcD

no mercado de trabalho;

2. Elaboração de questões (roteiro) para uma entrevista semiestruturada com uma especialista da área de gestão de pessoas de uma empresa multinacional do setor de TIC, que possui ações de inclusão;

3. Aprimoramento deste roteiro para que se tornasse um conjunto de questões fechadas para compor um questionário;

4. Aprimoramento dos itens (questões) elaborados;

5. Análise de especialista (professora doutora), para melhoria do questionário, em relação aos termos utilizados e aspectos semânticos, que poderiam dificultar o entendimento dos respondentes. Esta especialista em conversa com o autor deste TCC alinhou que a disponibilização de perguntas fechadas, em maior número, poderia reduzir a resistência inicial, identificada informalmente, em conversa com alguns profissionais das empresas, que, futuramente, viriam a ser convidadas para a participação da pesquisa;

6. Adequação do questionário para disponibilização do questionário em formulário online;

(33)

7. Envio do questionário aos responsáveis pelas ações de inclusão das empresas de TIC contatadas pelo autor deste TCC e professora orientadora;

8. Tratamento e análise dos dados; 9. Elaboração das considerações finais.

Figura 1 - Procedimentos e técnicas para a coleta de dados.

Fonte: elaborado pelo autor (2019).

A seguir, detalha-se o questionário da pesquisa.

3.2 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA

Pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo

Eixo 1 Eixo 2

Levantamento de dados secundários via levantamento da literatura

MÉTODO QUALITATIVO pesquisa bibliográfica para elaboração da fundamentação teórica da pesquisa e dos

itens (questões) do questionário da pesquisa

Levantamento de dados primários via pesquisa de campo

Elaboração inicial de um roteiro de perguntas para uma entrevista semiestruturada com uma especialista da

área de gestão de pessoas

MÉTODO QUALITATIVO Aprimoramento do roteiro inicial de perguntas para compor um questionário,

após a entrevista realizada

MÉTODO MISTO

Aprimoramento dos itens (questões) elaborados para o questionário

Análise de especialista (professora doutora), para melhoria do questionário 1ª

MÉTODO MISTO

Tratamento e análise dos dados coletados CONSIDERAÇÕES FINAIS 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 9ª 8ª

Adequação do questionário para disponibilização de forma online

Envio do questionário aos responsáveis pelas ações de inclusão das empresas

(34)

Para a elaboração do questionário de pesquisa, além da fundamentação teórica realizada acerca da inclusão das PcD no mercado de trabalho de TIC (disponível na seção 2), também realizou-se uma busca exploratória no repositório institucional da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)11, local de estudo

do pesquisador, com o intuito de identificar trabalhos já realizados com a temática semelhante ao desta pesquisa e que contivessem questionários, envolvendo a temática PcD, como meio de coleta de dados.

Nesta seção são detalhados os procedimentos para se elaborar o questionário; contudo, destaca-se que, a busca no repositório faz parte da etapa 1 (Figura 1), referente ao levantamento de literatura e, ainda, fundamental para identificar instrumentos (questionários), que pudessem ter sido utilizados anteriormente, para levantamento junto ao público PcD.

A busca no repositório institucional da UFSC, ocorreu em setembro de 2019, com os seguintes descritores: “pessoas com deficiência” e “trabalho”. Filtrou-se, assim, os registros que contivessem esses dois descritores em seu título, obtendo-se 8 resultados.

Destaca-se que, no Quadro 1, são listados 7 trabalhos, pois um dos resultados exibidos, não possuía arquivo associado. Os estudos estão listados do mais atual para o mais antigo, de acordo com a data de publicação.

Dos 7 trabalhos descritos no quadro 1, observa-se que todos tratam da inclusão da PcD no mercado de trabalho sob diferentes aspectos, abordando: acesso ao mercado de trabalho por essas pessoas, processos de contratação e capacitação das empresas contratantes, questões de acessibilidade e adequações ergonômicas no ambiente de trabalho, treinamentos voltados a esse público e reabilitação profissional.

Quadro 1 - Levantamento exploratório no repositório institucional da UFSC.

Título Autor e ano Tipo Possui

questionário?

Acesso ao mercado de trabalho das pessoas com deficiência

Silva (2017) TCC Não

11 O Repositório Institucional da UFSC tem como missão: armazenar, preservar, divulgar e oferecer acesso à produção científica e institucional desta universidade. Nele estão disponíveis trabalhos acadêmicos, teses e dissertações (UFSC, 2019).

(35)

Modelo multicritério de requisitos informacionais para inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho

Santana (2016) Dissertação Sim

Inclusão de pessoas com deficiência na indústria: acessibilidade e adequação ergonômica de postos de trabalho no processo de fabricação de tubos e conexões plásticas

Teixeira (2014) Dissertação Sim

Treinamento para inclusão de pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho da construção civil

Morais (2010) Dissertação Não

A inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho nas empresas da grande Florianópolis

Althaus (2009) TCC Sim

As transformações no mundo do trabalho e a participação da pessoa com deficiência no processo de trabalho: um estudo no programa cidadania em ação da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos DR/SC

Chaves (2006) TCC Sim

A reabilitação profissional e a inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho

Silveira (2000) Monografia Não

Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Conforme o Quadro 1, vê-se que, dentre os 7 trabalhos mencionados, 4 deles utilizaram questionários como forma de coleta de dados: em Santana (2016) há um checklist de questões utilizadas para orientar a condução das entrevistas realizadas com os decisores das organizações, no que tange à contratação das PcD (Anexo A). Sendo assim, este TCC utilizou 7 questões de Santana (2016), conforme o Quadro 2.

Em Teixeira (2004), Althaus (2009) e Chaves (2006), foi possível se basear nos questionários disponíveis para elaborar questões referentes ao perfil das PcD nas empresas do segmento de TIC, que seriam investigadas nesse trabalho de conclusão de curso, como aquelas referentes aos tipos de deficiência que os funcionários da empresa possuem. Dessa forma, ressalta-se que, os três autores mencionados acima, utilizaram seus instrumentos de pesquisa para coletar informações, diretamente, com as PcD. Já, Santana (2016) buscou coletar a visão dos decisores das organizações, a respeito da contratação dessa população. Quadro 2 - Questões de Santana (2016) utilizadas como base nesta pesquisa.

Número Questão

1 Possui um programa para contratação de pessoas com deficiência?

9 Como a organização aborda a mentalidade de inclusão com os funcionários? 12 Qual a profissão mais oferecida?

(36)

13 Qual o maior obstáculo profissional para o PCD?

14 O que deveria ser melhorado na organização para melhorar a contratação das PCDs? 19 Há alguma parceria da organização para realização de estágios, capacitação e

aprimoramento?

45 A organização promove/participa de palestras sobre o tema? Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Assim, o trabalho de Santana (2016) foi a principal referência para a elaboração do questionário deste TCC, uma vez que, relembrando a questão de pesquisa deste estudo, pretende-se estudar a temática de inclusão das PcD na visão dos responsáveis pela área de inclusão das organizações, objeto desse estudo.

Após a elaboração inicial de um roteiro de perguntas, utilizado durante a entrevista com uma especialista na área de gestão de pessoas de uma empresa multinacional do setor de TIC no Brasil, o autor deste TCC pôde elaborar um esquema inicial do questionário, para em seguida, em conjunto com a professora orientadora aprimorar o questionário da pesquisa, chegando-se a versão final, disponibilizada no Google Forms12 (Apêndice A).

O objetivo do questionário elaborado foi coletar informações acerca das ações de inclusão das PcD em empresas da área de TIC. Sendo que, o público-alvo foram os profissionais responsáveis pelos projetos de inclusão das PcD nas organizações em que atuam. Quanto à estrutura do questionário, este foi dividido em 6 blocos, conforme explicitado a seguir.

O primeiro bloco (Quadro 3) teve o intuito de identificar o número de funcionários das empresas, de modo a relacionar essa informação com a Lei de Cotas.

O segundo bloco (Quadro 4) teve o intuito de levantar informações acerca do perfil do respondente: setor e cargo que atua. Exceto a pergunta 4, que serviu para direcionar as demais perguntas do questionário.

Ressalta-se que, optou-se por não solicitar informações de identificação da empresa ou do respondente, visto que o instrumento abordou questões que envolviam o cumprimento da Lei de Cotas. Podendo despertar receio nos respondentes, uma vez que estavam representando a empresa na qual atuam.

(37)

Quadro 3 - Primeiro bloco do questionário de pesquisa. Quanto às informações da sua empresa

1 - Em relação ao número de colaboradores na empresa, assinale uma das alternativas abaixo: Há 100 ou menos Há entre 101 e 200 Há entre 201 e 500 Há entre 501 e 1.000 Há mais de 1.000 Fonte: elaborado pelo autor (2019).

Quadro 4 - Segundo bloco do questionário de pesquisa.

Quanto às informações do respondente

2 - Qual o setor que você trabalha? 3 - Qual o seu cargo?

4 - Há colaboradores com deficiência na sua empresa?

Sim Não Desconheço

Fonte: elaborado pelo autor (2019).

No terceiro bloco (Quadro 5), objetivou-se identificar a forma e a quantidade de contratações das PcD nas empresas participantes desse estudo, de modo a identificar o impacto da Lei de Cotas neste processo.

Quadro 5 - Terceiro bloco do questionário de pesquisa.

Quanto à contratação dos colaboradores com deficiência na sua empresa

5 - Em relação aos colaboradores com deficiência na sua empresa, assinale uma das alternativas abaixo:

Os colaboradores com deficiência SÃO contratados SOMENTE pelo regime de cotas de pessoas com deficiência.

Os colaboradores com deficiência NÃO SÃO contratados somente pelo regime de cotas de pessoas com deficiência.

Desconheço

6 - Você saberia informar a quantidade de colaboradores com deficiência na sua empresa, atualmente, que NÃO FORAM contratados pelo regime de cotas de pessoas com deficiência?

Sim Não

6.1 - Há quantos colaboradores na sua empresa com deficiência, atualmente, que NÃO FORAM contratados pelo regime de cotas de pessoas com deficiência?

7 - Você saberia informar a quantidade de colaboradores na sua empresa com deficiência, atualmente, que FORAM contratados pelo regime de cotas de pessoas com deficiência?

Sim Não

7.1 - Há quantos colaboradores na sua empresa com deficiência, atualmente, que FORAM contratados pelo regime de cotas de pessoas com deficiência?

Fonte: elaborado pelo autor (2019).

No quarto bloco (Quadro 6), procurou-se informações a respeito do tipo de deficiência, ocupações e vagas de trabalho dos funcionários, que possuam alguma deficiência na empresa. Nesta etapa, foi possível observar o nível de maturidade da empresa quanto aos cargos ocupados pelos empregados com deficiência, bem como avaliar se o trabalho com desenvolvimento de software pode ser uma opção para a empregabilidade dessa população.

Quadro 6 – Quarto bloco do questionário de pesquisa.

Quanto ao perfil, ocupações e vagas de trabalho para colaboradores que possuem alguma deficiência na empresa

Referências

Documentos relacionados

• São protagonistas da própria Inclusão Social, isto é, ajudam às pessoas que não têm deficiência a recebê-las adequadamente informando sobre os seus limites e alcances...

Fonseca (2012) explica que, segundo o Ministério do Trabalho, a resistência empresarial para implementar a Lei de Cotas pauta-se em dois argumentos básicos, quais

Versão definitiva da monografia - a versão final da monografia deverá ser entregue ao coordenador do curso com a assinatura de todos os membros da banca examinadora em

Finalmente podemos coletar tudo que aprendemos com as funções de Green e obter um con- junto de regras sucinto para o cálculo da matriz S incluindo agora as correções de ordem

Hipótese 2: O desempenho das informantes na tarefa de conhecimento explícito, quando realizada após a resolução de tarefas de análise e manipulação segmental, demonstrará

Esse fator representa o construto que expressa a percepção da PPD sobre barreiras à cidadania, principalmente no que se refere às dificuldades em realizar seus projetos, às

Imputa aos demandados, um conjunto de factos enquadrados em duas situações que estiveram envolvidos enquanto, o 1.º Demandado, presidente do Conselho Diretivo do

Para além das concepções teóricas acima, parece oportuno destacar a questão da necessidade de análise do direito e eventuais escolhas normativas não somente do ponto