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A redução da maioridade penal diante de aspectos sociais e políticos.

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CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

UNIDADE ACADÊMICA DE DIREITO

CURSO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS

JESSÉ DAVID MARQUES DE MENDONÇA

A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL DIANTE DE ASPECTOS

SOCIAIS E POLÍTICOS

SOUSA - PB

2007

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JESSÉ DAVID MARQUES DE MENDONÇA

A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL DIANTE DE ASPECTOS

SOCIAIS E POLÍTICOS

Monografia apresentada ao Curso de

Ciências Jurídicas e Sociais do CCJS da

Universidade

Federal

de

Campina

Grande, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em

Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: Profº. Dr. João Bosco Marques de Sousa Júnior.

SOUSA - PB

2007

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Elaboração da Ficha Catalográfica:

Johnny Rodrigues Barbosa

Bibliotecário-Documentalista

CRB-15/626

M539r Mendonça, Jessé David Marques de.

A redução da maioridade penal diante de aspectos sociais e

políticos. / Jessé David Marques de Mendonça. – Sousa - PB: [s.n],

2007.

46 f.

Orientador: Prof. Dr. João Bosco Marques de Sousa Júnior.

Monografia - Universidade Federal de Campina Grande; Centro

de Formação de Professores; Curso de Bacharelado em Ciências

Jurídicas e Sociais - Direito.

1. Redução da maioridade penal. 2. Menores infratores. 3.

Medidas sócio-educativas. 4. Responsabilidade Civil do menor. 5.

Culpabilidade. 6. Estatuto da Criança e do Adolescente. I. Sousa

Júnior, João Bosco Marques de. II. Título.

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J E S S E DAVID M A R Q U E S DE M E N D O N Q A

A R E D U Q A O DA M A I O R I D A D E P E N A L DIANTE DE A S P E C T O S S O C I A I S E P O L I T I C O S

Trabalho de Conclusao de Curso apresentado e m

B A N C A E X A M I N A D O R A

Prof. Esp. Joao Bosco Marques Orientador

Examinador(a)

Examinador(a)

S o u s a - P B Novembro-2007

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A G R A D E C I M E N T O S

Ao m e u Deus, fonte do infinito amor, fidelidade e justiga.

Aos m e u s queridos pais, Jesse e Neves, que com todo esforco e dedicacao m e transmitiram a importancia da educagao, atraves da sua sabedoria, proporcionando-me a realizacao deste sonho.

A minha a m a d a esposa Gicelle que c o m paciencia e todo carinho tern sempre estado ao m e u lado, me ajudando e encorajando-me para enfrentar as dificuldades que a vida impoe.

A minha filhinha, Iza Beatriz, que agora tern me dado mais animo e forga para continuar a Jornada de estudos.

Aos meus irmaos, Gerson e Charles, que acreditam na minha forga de vontade e dedicagao pelo que fago e quero.

A o m e u a m a d o avo Gerson, que com sua garra e determinagao, deixou um e x e m p l o de h o m e m vitorioso. {in memorian)

A o m e u orientador, Professor Joao Bosco, que m e ajudou de forma precisa e competente na efetivagao deste trabalho, d e m o n s t r a n d o sempre compromisso, etica e profissionalismo.

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dos homens, sao os juristas que possibilitam, pela criacao das normas, a existencia de todos e m pacifica sociedade. A o r d e m juridica, mantida pelo Estado, e o produto magnifico das realizagoes dos profissionais de Direito".

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R E S U M O

Constata-se a existencia de uma onda de violencia, e m escala progressiva, onde muitas vezes a culpa e atribuida ao menor infrator. Esta monografia tern c o m o objetivo analisar a eficacia das medidas socio-educativas e sua aplicabilidade, bem c o m o trazer a resposta de que a solucao no combate a criminalidade, e m especial nos grandes centros urbanos, nao passa pela reducao da idade de imputabilidade penal hoje fixada e m 18 anos. Alguns setores, e m especial a midia, dao tanta enfase a proposta da reducao da maioridade penal que induzem a opiniao publica a crer que seria a solucao magica na problematica da seguranga publica, capaz de devolver a paz social tao almejada por todos. A linha principal do argumento e de que cada vez mais adultos se servem de adolescentes c o m o "longa m a n u s " de suas agoes criminosas, e que isso impede a efetiva e eficaz agao policial. Outros retomam o argumento do discernimento, que o j o v e m pode votar aos 16 anos e que hoje tern acesso a um sem numero de informagoes que precipitam seu precoce amadurecimento. Nesse contexto, desenvolveu-se u m longo estudo a respeito dessa polemica e d e m o n s t r a m o s o porque de sermos contrarios a Redugao da Maioridade Penal. Esta analise propoe, c o m o forma de diminuigao de crimes cometidos por menores, a aplicagao eficaz das normas que versam sobre a situagao do menor infrator e sua devida responsabilizagao, nao se fazendo necessaria a criagao de novas leis, pois elas ja existem, restando apenas serem efetivamente cumpridas.

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The existence of a violence w a v e is verified, in progressive scale, where a lot of times the fault is attributed to the smallest offender. This m o n o g r a p h has as objective analyzes the effectiveness of the partner-educational m e a s u r e s and his/her applicability, as well as to bring the answer that the solution in the combat to the criminality, especially in the great urban centers, it doesn't go by the reduction of the age of penal to imputable today fastened in 18 years. S o m e sections, especially the media, they give so m u c h emphasis to the proposal of the reduction of the penal majority that you/they induce the public opinion to have faith that it would be the magic solution in the public safety's problem, capable to return the social peace so longed for by all. The main line of the argument is that more and more adults are served as adolescents as "long m a n u s " of their criminal actions, and that that impedes the effective and effective action policeman. Others retake the argument of the discernment, that the youth can vote for to the 16 years and that today has access to one without number of information that precipitate his/her precocious ripening. T o proceed w e will develop a long study regarding that controversy and w e will s h o w the reason of w e be contrary the Reduction of the Penal Majority. That analysis proposes as form of decrease of crimes committed by minor the effective application of the norms that you/they turn on the smallest offender's situation and his/her o w e d to m a k e responsible, therefore it is not done necessary the creation of other laws, because they already exist, but they are not indeed accomplished.

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SUMARIO

R E S U M O 06

ABSTRACT 07

INTRODUQAO 1 1

CAPITULO 1 DA CULPABILIDADE, CONCEITO E EVOLUQAO DE SUAS

TEORIAS 1 3 1.1 DA CULPABILIDADE 1 3

1.2 TEORIAS E CONCEITO DA CULPABILIDADE 1 4 1.2.1 TEORIA PSICOLOGICA DA CULPABILIDADE 1 5 1.2.2 TEORIA PSICOLOGICO-NORMATIVA DA CULPABILIDADE 1 6

1.2.3 TEORIA NORMATIVA PURA DA CULPABILIDADE 1 8

CAPITULO 2 INIMPUTABILIDADE DIFERENTE DE IMPUNIDADE 20

2.1 INIMPUTABILIDADE 20

2.2 IMPUNIDADE 22

CAITULO 3 O ESTATUTO DA CRIANQA E DO ADOLESCENTE (ECA) E

AS MEDIDAS S 6 C I O - E D U C A T I V A S 24 3.1 O ESTATUTO DA CRIANQA E DO ADOLESCENTE - ECA 24

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3.2.2 DAS M E D I D A S S 6 C I O - E D U C A T I V A S EM E S P E C I E 30 3.2.2.1 DA A D V E R T E N C I A 31 3.2.2.2 DA O B R I G A Q A O DE R E P A R A R O D A N O 32 3.2.2.3 DA P R E S T A Q A O DE S E R V I Q O A C O M U N I D A D E 33 3.2.2.4 DA L I B E R D A D E A S S I S T I D A 34 3.2.2.5 D O R E G I M E DE S E M I L I B E R D A D E 35 3.2.2.6 DA I N T E R N A Q A O EM E S T A B E L E C I M E N T O E D U C A C I O N A L .... 36 C A P I T U L O 4 O D E V E R D O E S T A D O E O P A P E L DA S O C I E D A D E 39 4 . 1 . D O D E V E R DO E S T A D O 39 4.2. DO P A P E L DA S O C I E D A D E 41 C O N S I D E R A Q O E S FINAIS 43 R E F E R E N C E S 45

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I N T R O D U Q A O

O presente Trabalho de Conclusao de Curso - T C C foi elaborado para apresentagao ao curso de Graduacao e m Direito na Universidade Federal de Campina G r a n d e - P B , c o m o parte dos requisitos para obtencao do titulo de Bacharel e m Direito.

Este trabalho tern c o m o objetivo apresentar a l g u m a s consideracoes acerca da possivel redugao da maioridade penal, uma vez que esta no ordenamento juridico e considerada atingida aos dezoito anos, o que significa dizer que os

menores, antes de completar essa idade, sao considerados penalmente inimputaveis, ficando sujeitos, caso pratiquem algum ilicito penal, a legislagao especial (Estatuto da Crianga e d o Adolescente - ECA), conforme disposto nos artigos 228 da C F , 27 do CP e 104 do ECA.

Pretende-se explorar o estudo para anular a ilusao da impunidade, que por sua vez tera exito a comegar por uma aplicagao eficaz das medidas socio-educativas, visando a recuperagao dos adolescentes infratores, e, por conseguinte, a preservagao da seguranga publica. E ainda na m e s m a perspectiva, apresentar u m a contribuigao para a desconstrugao do mito da impunidade, haja vista que os meios de comunicagao veiculam diariamente informagoes s e m respaldo e m dados concretos.

E importante frisar que esse quadro de violencia que se esta observando ultimamente esta intimamente vinculado c o m outros fatores, principalmente sociais e politicos que d e v e m t a m b e m ser considerados, u m a vez que contribuem diretamente c o m o a g r a v a m e n t o desse quadro. T o d o s esses fatos d e v e m ser questionados e,

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por esse motivo, deve-se repensar as medidas socio-educativas que, q u a n d o aplicadas corretamente, sao u m meio eficaz de recuperacao social.

Foram utilizados para elaboragao deste estudo os metodos da observagao, o n d e foram aplicados atentamente os sentidos a u m objeto, a fim de que se possa, a partir do m e s m o , adquirir conhecimentos e informagoes precisas. O metodo historico, partindo do principio de que as atuais formas de vida social, as instituigoes e os costumes tern origem no passado. A pesquisa descritiva que consistiu no estudo especifico de determinados jovens infratores, descrevendo suas caracteristicas, ou seja, o seu perfil. E por fim a pesquisa bibliografica que foi baseada e m legislagao, doutrina, jurisprudencia, artigos e internet.

No capitulo 1 ira ser devidamente estabelecido o verdadeiro papel da Culpabilidade na teoria Geral do Direito Penal, conceituando tal institute c o m o t a m b e m , descrever as tres teorias que norteiam e tentam melhor explica-lo.

No s e g u n d o capitulo se fara a diferenga entre a inimputabilidade e a impunidade, mostrando que apesar de serem inimputaveis, os jovens sao sim responsabilizados por todos os atos infracionais que vierem a cometer.

E m seguida, no capitulo 3, ira ser estabelecido o verdadeiro papel do Estatuto da Crianga e do Adolescente, como, a importancia das Medidas Socio-Educativas, para a responsabilizagao de jovens.

Por fim, no ultimo capitulo, sera cobrado do Estado implementagoes, agoes, para a devida aplicagao do ECA, e t a m b e m mostrar-se-a ao papel da Sociedade e m cobrar estas medidas, por parte do Estado.

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C A P I T U L O 1 D A C U L P A B I L I D A D E , C O N C E I T O E E V O L U Q A O D E S U A S T E O R I A S

A culpabilidade e de extrema importancia para a teoria geral do Direito Penal, nao apenas porque funciona c o m o caracteristica do crime ou pressuposto da pena, segundo o entendimento que se achar cabivel, mas, certamente por ser u m elemento extremamente abstrato e, na maioria das vezes, dificil de determinar, sendo esta a principal razao da m e s m a funcionar c o m o objeto de interminaveis discussoes entre os Doutos.

1.1. DA C U L P A B I L I D A D E

O conceito de culpabilidade ate hoje intriga os mais respeitaveis juristas do mundo, que, no intuito de determinar o verdadeiro papel desse juizo de reprovacao na Teoria Geral do Direito Penal, travam interminaveis debates.

Longe de se tornar pacifico, o adequado papel da culpabilidade e apontado atraves de diversas teorias, que, na maioria das ocasioes, encontram-se dispersas pelos Compendios de Direito Penal, uma v e z que cada doutrinador apresenta diferentemente suas ideias e seus argumentos nesse sentido.

Por consequencia, a pesquisa a respeito do tema se torna extremamente dificultosa, m a s d e v e m o s frisar que se trata de um dos mais curiosos e interessantes

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temas que o Direito Penal guarda, sem falar no seu grau de importancia, haja vista que corresponde a um item da parte geral do Codigo Penal, do qual todo o restante encontra-se na dependencia.

1.2. T E O R I A S E C O N C E I T O DA C U L P A B I L I D A D E

O Estado, a pena e a culpabilidade f o r m a m conceitos dinamicos inter-relacionados. Dessa forma, uma concepcao de Estado corresponde uma de pena e u m a de culpabilidade, e esses conceitos modificam-se de acordo c o m a realidade vivida por uma sociedade. Para u m a melhor c o m p r e e n s a o da sancao penal, necessario faz-se que se leve e m consideracao o modelo socio-economico e a forma de Estado que se desenvolve esse sistema sancionador.

Ressalte-se que e m decorrencia dessa inter-relagao entre esses tres institutos, com a evolugao da forma de u m determinado Estado, muda-se t a m b e m o Direito Penal, nao apenas e m seu piano geral, m a s , t a m b e m , e m cada um de seus conceitos fundamentals.

Por conseqiiencia disso, pode-se afirmar que o conceito do juizo de reprovagao e extremamente dependente do m o m e n t o politico, social e ate cultural que u m determinado Estado vive.

E m razao dessa dinamica, o conceito de culpabilidade apresenta diversas teorias q u e foram construidas no intuito de melhor explicar tao tormentoso instituto, sendo a partir de entao, analisadas paulatinamente.

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15

1.2.1. T E O R I A P S I C O L O G I C A DA C U L P A B I L I D A D E

Desde o desaparecimento da responsabilidade objetiva, observada principalmente no Direito Penal da Antiguidade, passou-se a ter uma maior preocupagao no sentido de se aplicarem sangoes somente ao h o m e m causador do resultado lesivo, cujo evento danoso poderia ter evitado.

A partir desse m o m e n t o , entao, fala-se e m uma responsabilidade subjetiva, na qual se nota a imprescindivel necessidade de se apurar a "culpa" do autor da conduta.

Para que fosse imputada determinada infracao a um sujeito, a partir de entao, imperiosa seria a realizagao de uma profunda analise no sentido de se determinar a ausencia ou presenga da vontade ou da previsibilidade por parte do autor na pratica do fato danoso.

Por forga desses dois elementos, dois importantissimos conceitos juridico-penais foram construidos: o dolo (vontade) e culpa stricto sensu (previsibilidade).

Calcada nestes conceitos, surgiu a tradicional teoria que visa dar u m entendimento tecnico de culpabilidade, conhecida na doutrina penal c o m o Teoria

Psicologica da Culpabilidade.

Essa corrente doutrinaria entende q u e o juizo de reprovagao reside na relagao pslquica do autor c o m o seu fato; a culpa e o nexo psicologico que liga o agente ao evento, apresentando-se o dolo e a culpa stricto sensu c o m o especies da culpabilidade. Essa teoria tern por f u n d a m e n t o a teoria causal ou naturalistica da agao.

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E pacifico na doutrina que as insuficiencias dessa teoria sao notorias. O grande equivoco que ela apresenta, o ponto crucial bombardeado pelos penalistas, e o fato da m e s m a reunir o dolo e a culpa stricto sensu c o m o formas da culpabilidade. Na teoria psicologica, o ponto de identidade entre o dolo e a culpa e a relagao psiquica entre o autor e o resultado, uma vez que na culpa inconsciente nao se observa essa previsao de resultado por parte do sujeito ativo, nao havendo, consequentemente, qualquer liame psicologico entre este e o evento danoso.

Os atos h u m a n o s sao penalmente relevantes somente quando contrariam a norma penal. O dolo e a culpa, e m si m e s m o s , que existem e m todos os atos voluntarios que resultam num dano, indubitavelmente, nao caracterizam a culpabilidade se a conduta nao for considerada reprovavel pela lei penal, se assim o fosse, o inimputavel t a m b e m agiria culpavelmente, pois, o menor e o doente mental t a m b e m sao capazes de agir c o m vontade. A culpa e exclusivamente normativa, baseada no juizo que o magistrado faz a respeito da possibilidade de antevisao do resultado, sendo, dessa forma, impossivel de u m conceito normativo (culpa) e um conceito psiquico (dolo) serem especies de u m m e s m o denominador c o m u m .

Por todos esses motivos, a teoria e m questao foi fortemente combatida pelos doutrinadores penais, resultando e m seu total fracasso.

1.2.2. T E O R I A P S I C O L 6 G I C O - N O R M A T I V A DA C U L P A B I L I D A D E

Essa corrente doutrinaria teve seu inicio a partir dos estudos de Frank, e m 1907, que, preocupado c o m a impossibilidade do dolo e da culpa serem

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especies de culpabilidade, passou a investigar entre eles u m Name n o r m a t i v e Este percebeu que existem condutas dolosas nao culpaveis.

O sujeito que mata e m estado de necessidade age dolosamente, no entando, sua conduta nao e culpavel, visto que, diante da inexigibilidade de outro comportamento, a acao nao se torna reprovavel. Diante disso, chega-se a conclusao de que tanto e m casos dolosos c o m o nas situagoes e m q u e o sujeito age c o m culpa, o elemento caracterizador da culpabilidade t a m b e m e a reprovabilidade.

A culpabilidade, a partir de entao, passa a ter u m conceito complexo, apresentando nao somente o dolo e a culpa c o m o elementos constitutivos, m a s t a m b e m u m a nova caracteristica, a reprovabilidade.

Nesse ensejo, pode-se dizer que, a essencia da culpabilidade esta na reprovacao que se faz ao agente por sua motivagao contraria ao dever. O juizo de reprovabilidade ja nao teria por fulcro apenas a vontade, e m seu sentido puramente naturalistico, c o m o a teoria psicologica acreditava, m a s sim a vontade reprovavel, ou seja, a vontade que nao deveria ser.

Ainda de acordo c o m essa teoria, o dolo e a culpa stricto sensu, enquanto Names psicologicos entre o autor e o fato, d e v e m ser valorados normativamente. Deve-se fazer um juizo de censura sobre a conduta e, baseado nessa analise, aquela somente sera ilicita se, nas circunstancias, se pudesse exigir do agente u m comportamento de acordo c o m o direito, incidindo, nesse caso, o outro elemento da culpabilidade, que e a reprovabilidade.

Embora tal teoria tenha sido aceita por inumeros penalistas e por meio da m e s m a se tenha observado um grande avango na teoria da culpabilidade, essa corrente doutrinaria peca por alguns defeitos que t a m b e m foram encontrados na doutrina psicologica e que ainda persistiram na presente teoria.

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O ponto principal de critica a essa corrente e a presenca do dolo, ainda, c o m o elemento da culpabilidade, pois como ja foi dito para essa teoria, o dolo e um elemento psicologico que deve sofrer um juizo de valoracao, sendo, desta forma, inconcebivel do m e s m o estar presente c o m o elemento da culpabilidade que e u m f e n o m e n o normativo e, se a culpabilidade e um f e n o m e n o normativo, seus elementos t a m b e m d e v e m ser normativos.

1.2.3. T E O R I A N O R M A T I V A P U R A DA C U L P A B I L I D A D E

Apoiada na teoria finalista e preocupada com determinadas colocagoes feitas pela teoria psicologico-normativa a respeito da culpabilidade, surgiu uma nova teoria que visa a dar uma nova explicacao para o que realmente v e m a ser a reprovabilidade.

A teoria normativa pura da culpabilidade parte do pressuposto de que o fim da conduta, elemento intencional da agao, e inseparavel da propria agao.

A o pegar-ser o dolo, por exemplo, sabe-se que este e a consciencia do que se quer, e a vontade de realizar o tipo; s e m esse elemento, sem duvida n e n h u m a , nao se tera um fato tipico doloso. Ora, a ausencia do dolo nao implica somente na eliminagao da culpabilidade pelo que o sujeito praticou, mas elimina o fato tipico propriamente dito, pois o fim da conduta (vontade de pratica-la) esta tao ligado a esta, de forma que, face a inobservancia de uma, a outra, sequer, existira.

A culpabilidade, por sua vez, nao se reveste, c o m o pretende a doutrina tradicional, da caracteristica psicologica. E u m puro juizo de valor, puramente

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normativa, nao tendo n e n h u m elemento psicologico, sendo, por isso m e s m o , insuscetlvel de ter o dolo c o m o um de seus elementos.

Foi baseado nesses preceitos que a teoria e m estudo veio a combater a corrente psicologico-normativa, que, equivocadamente, colocava o dolo e a culpa c o m o elementos da culpabilidade.

Dessa forma, foram retirados os elementos animicos subjetivos (dolo e culpa stricto sensu) dos elementos do juizo de reprovacao, passando aqueles a pertencerem a conduta, ficando a culpabilidade, segundo a teoria e m questao, c o m os seguintes elementos: a) imputabilidade; b) exigibilidade de conduta diversa e c) potencial consciencia da ilicitude.

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Existe um erroneo pensamento e m nossa sociedade, que os jovens nao p o d e m ser responsabilizados pelos atos infracionais que vierem a cometer, pois o Estatuto da Crianga e do Adolescente protege e acoberta as agoes delituosas infanto-juvenil. Ira ser devidamente explicado ao longo deste capitulo, que os jovens sao responsabilizados por estes atos infracionais, pois, apesar de serem inimputaveis diante da legislagao penal, o E C A v e m regulamentar, e ao m e s m o tempo punir estas agoes cometidas por estes jovens.

2 . 1 . I N I M P U T A B I L I D A D E

Segundo o doutrinador Damasio E. de Jesus:

"Imputar e atribuir alguem a responsabilidade de alguma coisa. A imputabilidade penal consiste no conjunto de condicoes pessoais que dao ao agente capacidade para Ihe ser juridicamente imputada a pratica de um fato punivel",

Assim, inimputabilidade e a incapacidade para apreciar o carater ilicito do fato ou de determinar-se de acordo c o m essa apreciagao. S e a imputabilidade consiste na capacidade de entender e de querer, pode estar ausente porque o individuo, por questao de idade, nao alcangou determinado grau de desenvolvimento fisico ou psiquico, ou porque existe e m concreto uma circunstancia que a exclui. Fala-se,

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entao, e m inimputabilidade. Destarte, pode-se entao s e g u r a m e n t e afirmar q u e a imputabilidade e a regra; a inimputabilidade, a excecao. Todo individuo e imputavel, salvo quando ocorre u m a causa de exclusao.

O art. 26, caput, do Codigo Penal Brasileiro trata da inimputabilidade por doenca mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

Inimputavel e o agente que por doenca mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, nao possui, ao t e m p o da pratica do fato, capacidade de entender o seu carater ilicito ou de determinar-se de acordo c o m esse entendimento.

De acordo com o art. 27, os menores de 18 anos de idade sao "penalmente inimputaveis, ficando sujeitos as normas estabelecidas na legislacao especial". A menoridade penal constitui causa de exclusao da imputabilidade, encontrando-se abrangida pela expressao "desenvolvimento mental incompleto" (art. 26, caput). Trata-se de uma presuncao absoluta de inimputabilidade que faz c o m que o m e n o r seja considerado c o m o tendo u m desenvolvimento mental incompleto e m decorrencia de um criterio de politica criminal. A s s i m , implicitamente, a lei estabelece que o menor de 18 anos nao e capaz de entender as normas da vida social e de agir conforme esse entendimento. E considerado imputavel aquele que comete o fato tipico aos primeiros m o m e n t o s do dia e m q u e completa 18 anos, pouco importando a hora exata do nascimento.

Nao se pode negar que o j o v e m de 16 e 17 anos, de qualquer meio social, tern hoje amplo conhecimento do m u n d o e condicoes de discernimento sobre a ilicitude de seus atos. Entretanto, a reducao d o limite de idade no direito penal c o m u m representaria u m retrocesso na politica penal e penitenciaria brasileira e criaria a promiscuidade dos jovens com delinquentes contumazes.

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A idade de 18 anos e um limite razoavel de tolerancia r e c o m e n d a d o pelo Seminario Europeu da Assistencia Social das Nacoes Unidas, de 1949, e m Paris.

2.2 I M P U N I D A D E

S e g u n d o o Novo Dicionario Aurelio, "impunidade e estado de (ser) impune", ou seja, que escapa ou escapou a punicao; que nao e ou nao foi castigado.

O adolescente c o m m e n o s de dezoito anos e inimputavel, mas nao impune, pois e responsabilizado por seus atos e responde por eles conforme o Estatuto da Crianga e do Adolescente e m seu capitulo de medidas socio-educativas.

A s medidas socio-educativas, semelhantes as penas criminals, se dividem e m : a advertencia, a liberdade assistida, a semi-liberdade (para casos de infragoes consideradas leves ou medias) e a internagao por periodos de ate tres anos (em casos de infragoes graves). O que tern faltado e vontade de aplicar as leis. Adultos, criangas e adolescentes, sendo pessoas desiguais, nao p o d e m ser tratadas de maneira igual, e principio constitucional, tratar de forma desigual os desiguais.

A legislagao brasileira, por exemplo, fixa a responsabilidade penal juvenil a partir dos 12 anos. A crianga (menos de doze anos) fica isenta de responsabilidade. E e n c a m i n h a d a ao Conselho Tutelar, estando sujeita a medidas protetivas com intervengao administrativa no seio da familia, submetendo-se pais ou responsaveis a restrigoes e penas impostas pela Justiga. Quanto aos adolescentes (doze a dezoito anos) ha responsabilidade penal juvenil.

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Nao se deve confundir inimputabilidade c o m impunidade, tem-se que os adolescentes r e s p o n d e m frente ao Estatuto r e s p e c t i v e porquanto sao imputaveis diante daquela lei.

Aos adolescentes (12 a 18 anos) nao se pode imputar (atribuir) responsabilidade frente a legislacao penal c o m u m . Todavia, e possivel atribuir responsabilidade, aos m e s m o s , com base nas normas do Estatuto proprio, respondendo assim pelos delitos que praticarem, submetendo-se a medidas socio-educativas, de inescondivel carater penal especial.

Diante do exposto, ve-se que os m e n o r e s infratores r e s p o n d e m pelos seus atos, nao sendo assim, impunes. Na verdade o que tern faltado e a vontade, por parte das autoridades competentes, de aplicar as leis.

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Este capitulo ira tratar dos Estatuto da Crianga e do Adolescente, e as Medidas Socio-Educativas, sua falta de aplicabilidade, m a s sua importancia, c o m o medida repressora, m a s ao m e s m o tempo, sua preocupagao e m reeducagao e ressocializagao dos jovens infratores.

3.1 O E S T A T U T O DA C R I A N Q A E DO A D O L E S C E N T E (ECA)

C o m relagao ao Estatuto da Crianga e do Adolescente - ECA, ainda p o d e m o s constatar algumas situagoes inusitadas, quais sejam, o desconhecimento e a nao aplicagao da lei que foi criada com o intuito de garantir um m i n i m o de dignidade as criangas e adolescentes e para o que se teve de estabelecer c o m o prioridade absoluta e integral o atendimento de suas necessidades de educagao, saude, lazer, familia, cultura (artigo 227, "caput", da Constituigao Federal e artigo 4°, paragrafo unico, do Estatuto da Crianga e Adolescente - ECA).

Nao se conseguiu implantar as politicas basicas de atendimento as criangas, adolescentes e suas familias; nao se reconheceu a necessidade de uma intervengao positiva na realidade social para mudanga do presente contexto, cada vez mais decadente e individualista; e, principalmente, os que sao responsaveis por garantir os direitos basicos das criangas e adolescentes, na grande maioria, nao

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25

sabem o que fazer, o quanto fazer, o porque fazer, para quern fazer, e os demais, nao responsaveis, nao s a b e m por que, mas criticam e afirmam que a lei (ECA) apenas estabeleceu direitos as criangas e aos adolescentes, afirmando ser ela a responsavel pelo a u m e n t o da evasao escolar, pelo uso de drogas, pela prostituigao, pela criminalidade.

E certo que o ECA ainda nem teve "oportunidade de demonstrar para o que veio" e ja se fala na possibilidade de mudanga da referida norma, principalmente no que se refere a responsabilizagao penal, c o m a redugao da idade e inimputabilidade penal, hoje estabelecida e m 18 anos (artigo 27 do codigo penal).

Por informagoes muitas vezes equivocadas, muitos ainda tern a visao ultrapassada de que os m e n o r e s nao p o d e m ser responsabilizados pelos seus atos, mas, e m b o r a sejam inimputaveis frente ao Direito Penal C o m u m , os adolescentes sao imputaveis diante das normas da lei especial, o Estatuto da Crianga e do Adolescente. A s s i m , respondem penalmente, e m fungao do nitido carater retributivo e socio-educativo das respectivas medidas.

O Estatuto da Crianga e do Adolescente reconhece a crianga e o adolescente nao mais com o objeto de medida tutelar c o m a l g u e m que merece um a c o m p a n h a m e n t o , uma protegao, no sentido de dominagao, inclusive pela falta de iniciativa e m que se encontra.

O E C A v e m regulamentar u m a disposigao constitucional que reconhece dois principios fundamentals e m relagao a populagao infanto-juvenil: a protegao integral e a prioridade absoluta, principios estes que nao p o d e m o s deixar passar e m branco, u m a vez q u e garantem as criangas e adolescentes direitos importantes e imprescindiveis a seu desenvolvimento e educagao.

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O primeiro ora citado, e o da protegao integral que tanto t e m o s ouvido nos meios de comunicagao, q u a n d o dizem: "a policia nao pode prender o adolescente violento..."; A protegao integral e aquela que se ouve, por vezes, a l g u m a s autoridades do sistema de justiga e ate seguranga publica afirmando que e impossivel voce dar combate a violencia juvenil porque o Estatuto e manobra vencida. Nao. O Estatuto, ele e manobra de protegao, porque ele e pensado nao so para questao do delinquente, do adolescente e m confronto c o m a Lei, daquele que ultrapassa a linha da lei penal.

A nova legislagao menorista em vigor desde 1990 veio a proteger, integralmente, a crianga ate 12 anos de idade e o adolescente entre 12 e 18 anos e, excepcionalmente, os menores na faixa etaria entre 18 e 21 anos, assegurando-lhes todos os direitos fundamentals inerentes a pessoa h u m a n a , que deverao ser respeitados, prioritariamente nao so pela familia, pela sociedade, c o m o t a m b e m pelo Estado, sob pena de responderem pelos danos causados.

Esse Diploma Menorista determina sangoes aos adolescentes que praticam crimes graves, enderegando-os a colonias correcionais c o m fulcros de ressocializagao.

Q u a n d o o menor ingressa numa escola correcional, recebe o rotulo de infrator, de delinquente ou de marginal e sai de la com m i n i m a s chances de mudar de vida. A sociedade tern m e d o dele e, portanto, nao Ihe da oportunidades. Na instituigao ele especializa-se c o m o ladrao, porque percebe que ao ser desligado nao tera outra alternativa. A repressao imposta a ele pelo aparelho juridico estatal nao alcanga o papel retificador esperado, ao contrario, incrementa ainda mais suas habilidades infratoras.

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27

O E C A traz especial atencao a esse problema, estabelecendo programas de reinsergao dos menores no convivio social e no m e r c a d o de trabalho; m a s que, todavia, tais esperangas morrem na letra fria e esquecida da lei, u m a vez que a vontade politica nacional fecha os olhos para tal assunto, p e r m a n e c e n d o assim u m a estrutura arcaica, antiga e falha, pois nao ha operacionalizagao das normas menoristas e m programas de integragao dos menores marginalizados ao meio social, o que significa muitas vezes a unica oportunidade de estabelecer projeto de vida digna e, atraves do levantamento da auto-estima, exercitar potencial inerente dirigido a sociabilidade e cidadania dos nossos infratores. C o n s e q u e n t e m e n t e estes que nada f a z e m para melhorar esse quadro triste e desesperador e m que estao imergindo nossos jovens, v e m propor a sociedade medidas incoerentes e irresponsaveis para encobrir suas irresponsabilidades e descaso para c o m nossos jovens.

Transformar a vontade ficta da lei (ECA) e m realidade palpavel chega a beirar u m a "utopia", se observarmos a nossa volta o estado de penuria e calamidade das instituigoes brasileiras, eivadas de agentes corruptos e sem suficientes para mudar a vida de milhares de criangas e adolescentes q u e continuarao a por-se a m a r g e m do aparelho estatal.

A aplicabilidade do Estatuto, nao resta duvida, torna-se u m pouco dificil, principalmente no que pertence a politica de atendimento aos menores (ECA, art.86 e ss.), pois falta c o m p r o m i s s o dos orgaos publicos da Administragao, seja a nivel

municipal, estadual ou federal.

O E C A resgata a qualidade de sujeito de direito inerente a todo ser h u m a n o , inclusive a crianga e ao adolescente, ate entao tratados c o m o simples

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objetos de intervencao, com apenas u m direito, qual seja o de resignacao diante das medidas aplicadas, tidas c o m o educativas e ressocializadoras.

3.2 D A S M E D I D A S S 6 C I O - E D U C A T I V A S

A a b o r d a g e m do tema relativo as medidas socio-educativas oportuniza a uma serie de reflexoes. Mas, nao se tern duvida de sua importancia, estas que tern por finalidade a reeducacao e reintegracao a sociedade aqueles jovens que c o m e t e r a m algum ato infracional.

O Estatuto preve dois grupos distintos de medidas socio-educativas, o grupo das medidas socio-educativas e m meio aberto, nao privativas de liberdade (Advertencia, Reparacao do Dano, Prestacao de Servigos a C o m u n i d a d e e Liberdade Assistida) e o grupo das medidas socio-educativas privativas de liberdade (Semi-liberdade e Internagao).

A s medidas socio-educativas aplicaveis ao adolescente, no caso de pratica de ato infracional, estao previstas no art. 112 do Estatuto.

E m privagao de liberdade encontram-se, e m maioria, adolescentes autores de atos infracionais graves, c o m violencia a pessoa e grave ameaga, c o m o p o r e x e m p l o : Estupro, Latrocinio, Homicidio, Roubo.

Os adolescentes privados de liberdade nao perfazem 5 % daqueles que r e s p o n d e m a processos nas Varas da Infancia. Ninguem, salvo raras excegoes, inicia sua "carreira" delinquencial pelo fim. Antes do homicidio, antes do roubo, antes do latrocinio, via de regra, e m 9 0 % dos casos, houve outra infragao. Mais leve.

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29

Preocupamos-nos d e m a s i a d a m e n t e c o m as medidas socio-educativas privativas de liberdade e e s q u e c e m o s das medidas socio-educativas e m meio aberto.

U m a boa rede de atendimento, um bem estruturado programa de Liberdade Assistida ou de Prestagao de Servigos a C o m u n i d a d e e capaz de prevenir a internagao. Ha falha grave no sistema de atendimento e m meio aberto e a consequencia imediata disso e o inchamento do sistema de privagao de liberdade. Este, por seu turno, por ausencia de investimentos, de decisao politica, tern sido causa de violencia e atentados aos direitos humanos.

3.2.1 DA N A T U R E Z A J U R I D I C A DAS M E D I D A S S O C I O - E D U C A T I V A S

£ inegavel que o Estatuto da Crianga e do Adolescente construiu um novo modelo de responsabilizagao do adolescente infrator. Incorporou a Doutrina da Protegao Integral, promovendo o entao "menor", para u m a nova categoria juridica, passando-o a condigao de sujeito do processo, conceituando crianga e adolescente, estabeleceu u m a relagao de direito e dever, observada a condigao especial de pessoa e m desenvolvimento, reconhecida ao adolescente.

A s s i m , o E C A impoe sangoes aos adolescentes autores de ato infracional e que a aplicagao destas sangoes sao aptas a interferir, limitar e ate suprimir temporariamente a liberdade dos jovens, ha que se dar dentro do devido processo legal, sob principios que sao extraidos do direito penal, do garantismo juridico, da ordem constitucional que assegura os direitos de cidadania.

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Somente havera medida socio-educativa se ao adolescente estiver sendo atribuida a pratica de uma conduta tipica. Ainda assim, para sofrer a agao estatal visando a sua socio-educagao, havera de esta conduta ser reprovavel, ser antijuridica. Nao havera ato infracional, se sua conduta nao for culpavel, ou seja, se Ihe for inexigfvel conduta diversa, poderia, quern sabe, o j o v e m necessitar de alguma medida de protegao, c o m o o a c o m p a n h a m e n t o e orientagao temporarios, mas jamais sera destinatario de uma medida socio-educativa se o seu agir, fosse ele penalmente imputavel, seria insusceptivel de reprovagao estatal.

E inegavel que as medidas socio-educativas constituem um sancionamento estatal, tanto que somente o Judiciario pode impor medida socio-educativa, m e s m o nos casos e m que esta venha a ser concertada pelo Ministerio Publico e m sede de remissao.

Nao se pode olvidar que o descumprimento injustificado e reiterado de medida socio-educativa anteriormente imposta pode sujeitar o adolescente a privagao de liberdade, nos termos do art. 122, III, do ECA. Ora, m e s m o e m uma medida socio-educativa e m meio aberto tern o adolescente sob sua cabega esta espada do Estado. E indiscutivel, pois, o carater aflitivo desta imposigao.

A inimputabilidade penal do adolescente, trazida e m clausula petrea por nossa Constituigao federal em seu art. 228, significa fundamentalmente a insubmissao do adolescente por seus atos as penalizagoes previstas na legislagao penal, o q u e nao o isenta de responsabilizagao e sancionamento.

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31

Sao seis as Medidas Socio-Educativas, a advertencia, a obrigacao de reparacao do dano causado, a prestacao de servigo a comunidade, a liberdade assistida, o regime da semi-liberdade e a internagao, e serao observadas paulatinamente a partir desse m o m e n t o .

3.2.2.1 DA A D V E R T E N C I A

O Estatuto da Crianga e do Adolescente estabelece e m seu artigo 115 que a advertencia consistira e m admoestagao verbal, que sera reduzida a termo e assinada.

A primeira medida observada pelo E C A e justamente a "advertencia", e m seu artigo 112, I. Nada mais e do que u m a "conversa, um dialogo" do adolescente infrator c o m o juiz ou com o promotor de justiga, na presenga dos pais ou algum responsavel e que deve ser promovida e m audiencia e reduzida a termo.

Tern assim, a advertencia, a finalidade de fazer o adolescente compreender a gravidade da conduta praticada, bem c o m o as consequencias que teve ou que poderia ter tido aquela sua agao.

Para a aplicagao das demais medidas, e essencial a prova, tanto da materialidade c o m o da autoria, nao sendo suficientes meros indicios, m a s , para a advertencia, basta a prova de materialidade e indicios de autoria, para que essa seja aplicada. C o m essa medida prevalece o carater educativo ao punitivo e, e aplicada na pratica de atos infracionais considerados leves e o seu procedimento nao

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necessita de contraditorio. E m especial, deve ser aplicada aos adolescentes infratores primarios.

3.2.2.2 D A O B R I A Q A O DE R E P A R A R O D A N O

Prescreve o Estatuto e m seu artigo 116:

Em se tratando de ato infracional com reflexoes patrimoniais, a autoridade podera determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuizo da vitima.

Paragrafo Unico. Havendo manifesta impossibilidade, a medida podera ser substituida por outra adequada.

Essa medida e imposta ao adolescente que praticou u m ato infracional c o m reflexos patrimoniais, entao esse podera ser obrigado a reparar o dano causado a vitima pela restituicao da coisa subtraida, pelo respectivo ressarcimento ou por outra alternativa compensatoria.

Essa medida tern por objetivo despertar no adolescente infrator a nocao de responsabilidade pelo ato praticado e a ideia de que todo dano causado a outrem deve ser ressarcido. Sua finalidade e essencialmente educativa, pois, atraves de uma imposigao, faz-se c o m que o adolescente reconhega a ilicitude do seu ato, bem c o m o garante a vitima a reparagao do dano sofrido e o reconhecimento de que os adolescentes sao sim responsabilizados pelos seus atos.

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3.2.2.3 D A P R E S T A Q A O DE S E R V I Q O S A C O M U N I D A D E

33

A prestagao de servigos a comunidade consiste na realizagao de tarefas gratuitas de interesse geral efetuadas pelo adolescente por um periodo nao superior a seis meses, e m entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congeneres, bem c o m o e m programas comunitarios ou governamentais, devendo ser aplicada de acordo c o m a gravidade do ato infracional praticado, c o m o bem estabelece o artigo 117 do ECA.

Art. 117. A prestagao de servigos comunitarios consiste na realizagao de tarefas gratuitas de interesse geral, por periodo nao excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congeneres, bem como em programas comunitarios ou governamentais.

Paragrafo unico. As tarefas serao atribuidas conforme as aptidoes do adolescente, devendo ser cumpridas durante Jornada maxima de oito horas semanais, aos sabados, domingos e feriados ou em dias uteis, de modo a nao prejudicar a freqiiencia a escola ou a Jornada normal de trabalho.

Essa medida tern c o m o objetivo a ressocializagao do adolescente infrator atraves dessas tarefas que Ihe sao incumbidas.

D e v e m ser cumpridas durante Jornada m a x i m a de oito horas semanais, aos sabados, domingos e feriados ou e m dias uteis sempre levando e m consideragao nao atrapalhar esse adolescente e m suas responsabilidades c o m a escola ou Jornada normal de trabalho do adolescente, d e v e n d o ainda ser sempre realizadas de acordo com a aptidao do adolescente.

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3.2.2.4 D A L I B E R D A D E A S S I S T I D A

A liberdade assistida consiste no a c o m p a n h a m e n t o , auxilio e orientagao do adolescente infrator, visando sua integracao familiar e comunitaria, essa medida so sera aplicada q u a n d o se mostrar a mais a d e q u a d a ao caso c o n c r e t e

C o m o dispoe o artigo 118 do ECA;

Art. 118. A liberdade assitida sera adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. § 1°. A autoridade designara pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual podera ser recomendada por entidade ou programa de atendimento. § 2°. A liberdade assistida sera fixada pelo prazo minimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituida por outra medida, ouvido o orientador, o ministerio publico e o defensor.

Essa medida possibilita ao adolescente o cumprimento e m liberdade, junto a sua familia, porem sob o controle sistematico d o Juizado e da C o m u n i d a d e . Talvez, por isso, seja u m a medida muito defendida pelos especialistas e juristas.

A duragao m i n i m a desta medida e de seis meses, podendo ser prorrogada, revogada ou m e s m o ser substituida por outra medida, a lei nao traz o prazo m a x i m o de sua aplicagao, devendo assim ser aplicada enquanto houver necessidade.

A liberdade assistida parte do principio de que no contexto social do pais, nao basta vigiar o menor, c o m o se faz e m outros paises, sendo necessario, sobretudo, dar-lhe assistencia sob varios aspectos, incluindo psicoterapia de suporte

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35

e orientagao pedagogica, e n c a m i n h a n d o ao trabalho, a profissionalizagao para o adolescente e promogao social para a sua familia.

3.2.2.5 DO R E G I M E DE S E M I L I B E R D A D E

Depois da internagao, a medida da semi-liberdade e a mais restritiva de liberdade. Esta permite que os adolescentes infratores trabalhem e e s t u d e m durante o dia e se recolham a u m a entidade especializada a noite, assim sendo, a semi-liberdade consiste na internagao e m estabelecimento a d e q u a d o , c o m realizagao de atividades externas, sendo obrigatoria a escolarizagao e a profissionalizagao do adolescente, c o m o tao bem dispoe o artigo 120 do ECA:

Art. 120; O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o inicio, ou como forma de transicao para o meio aberto, possibilitada a realizagao de atividades externas, independentemente de autorizagao judicial.

§ 1°. E obrigatorio a escolarizagao, devendo, sempre que possivel, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.

§ 2°. A medida nao comporta prazo determinado, aplicando-se, no que couber, as disposigoes relativas a internagao.

Pode ser aplicado c o m o medida inicial, ou c o m o transigao da internagao para a liberdade, e com relagao a sua duragao, o Estatuto nao fixa prazo determinado, d e v e n d o assim ser avaliado o d e s e m p e n h o do adolescente durante seu cumprimento. Todavia, nao podera durar mais que tres anos.

Infelizmente essa medida, apesar de muito interessante, nao v e m sendo muito utilizada, u m a vez que pressupoe a existencia de "casas especializadas" para receber esses adolescentes infratores. Entretanto, s a b e m o s q u e nosso pais ainda

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se encontra distante de atender tal necessidade, quer seja pela falta de recursos para a sua aplicagao, quer seja por falta de programas politicos especificos para essa area.

Paulo Lucio Nogueira (1993, p. 169) ressalva que:

Nao temos prisoes suficientes, casas de albergado, recolhimento de menores e abrigos de velhos, e demais predios indispensaveis, previstos em diversas leis, justamente pela falta de interesse dos homens publicos e dos governantes (...). Os proprios legisladores tern conhecimento de nossa realidade ao promulgarem determinada lei, mas assim mesmo a aprovam, conscientes de que nao sera devidamente cumprida, o que concorre para que seja desmoralizada, tornando-se inexequivel.

3.2.2.6 DA I N T E R N A Q A O EM E S T A B E L E C I M E N T O E D U C A C I O N A L

Por privar o adolescente infrator de sua liberdade, p o d e m o s considerar essa medida c o m o sendo a mais severa de todas as medidas socio-educativas. Por assim ser considerada, somente pode ser imposta e m casos mais graves e de extrema necessidade. Assim m e s m o , ainda devera obedecer aos principios da brevidade, excepcionalidade e do respeito a condigao peculiar de pessoa e m desenvolvimento.

Esta prevista no artigo 121 do ECA:

Art. 121. A internagao constitui medida privativa de liberdade, sujeita aos principios de brevidade, excepcionalidade e respeito a condigao peculiar de pessoa em desenvolvimento.

§ 1°. Sera permitida a realizagao de atividades externas, a criterio da equipe tecnica da entidade, salvo expressa determinagao judicial em contrario. § 2°. A medida nao comporta prazo determinado, devendo sua manutengao ser reavaliada, mediante decisao fundamentada, no maximo a cada seis meses.

§ 3°. Em nenhuma hipotese o periodo maximo de internagao excedera tres anos.

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§ 4°. Atingido o limite estabelecido no paragrafo anterior, o adolescente devera ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.

§ 5°. A liberagao sera compulsoria aos 21 anos de idade.

§ 6°. Em qualquer hipotese a desinternacao sera precedida de autorizagao judicial, ouvido o Ministerio Publico.

Para Roberto Barbosa Alves (2005, p. 93):

Os objetivos fundamentals da internagao devem ser o de prevengao, para que nao se instale definitivamente a inadaptagao; e o de reestruturagao da personalidade do adolescente, para alcangar um adequado grau de maturidade pessoal que permita a vida em sociedade atraves de atividades educativas, laborais e de lazer.

A medida de internagao nao comporta prazo determinado e sua manutengao deve ser realizada a cada seis meses, e e m n e n h u m a hipotese, porem, o periodo m a x i m o de internagao devera ultrapassar tres anos.

A internagao determinada para u m a suposta reeducagao, infelizmente, continua sendo realizada e m lugares que atentam, abertamente, nao apenas contra o proprio ideal da reeducagao, c o m o t a m b e m contra as formas mais elementares de respeito a dignidade humana. Por tudo isso e q u e o Estado a considera c o m o a ultima alternativa do sistema e procura sugerir-lhe um carater e m i n e n t e m e n t e socio-educativo, educagao, formagao profissional e lazer, para permitir ao adolescente u m papel construtivo na sociedade.

O artigo 122 do E C A traz o rol taxativo de aplicagao dessa medida:

Art. 122. A medida de internagao somente podera ser aplicada desde que nao haja outra medida mais adequada, quando: I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaga ou violencia a pessoa; II - por reiteragao no cometimento de outras infragoes graves; III - por descumprimento reiterado e injustificavel da medida anteriormente imposta, caso em que, a internagao nao podera ser superior a tres meses.

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Por fim, e interessante ressaltar que a internagao devera ser cumprida e m entidade exclusiva para adolescentes, e m local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separagao por criterios de idade, compleigao fisica e gravidade da infragao, conforme estabelece o artigo 123 do ECA.

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C A P I T U L O 4 O D E V E R DO E S T A D O E O P A P E L DA S O C I E D A D E

O Estado tern o dever de estabelecer c o m o prioridade absoluta a devida aplicagao do E C A c o m o sua medidas, e resta a Sociedade,cobrar e t a m b e m fazer seu papel, pois c o m o dispoe o artigo 267 da Constituicao Federal, esta t a m b e m possui responsabilidade sobre a populacao infanto-juvenil

4 . 1 . DO D E V E R DO E S T A D O

O Estado foi criado para tornar possivel a convivencia social. Desde entao v e m - s e substituindo a vontade individual por aquela q u e vise o bem estar da coletividade, que deve ser expressada pelo Estado. O problema surge q u a n d o o Estado comega a agir emocionalmente. Nesses casos, o poder Estatal une-se a intolerancia individual, formando u m a combinagao das mais perigosas. Foi assim c o m a Lei dos Crimes Hediondos. A ocorrencia de certos crimes despertou a ira de u m a ala poderosa da sociedade e o Estado, cedendo as pressoes que sofreu, incorporou o sentimento de intolerancia das pessoas, compreensivel nos seres h u m a n o s , mas inaceitavel nas leis. C o m isso a Lei 8.072/90 nao foi suficiente e eficaz para diminuir ou cessar os crimes hediondos, pelo contrario, continuam a assustar a populagao, estando hoje absolutamente e m voga e m nossos jornais e revistas. A s s i m , sob o aspecto social, resta ao Estado e a sociedade tomar

W C G - CAMPUS DESOUSA

B/BLIOTECA SETORIAL

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consciencia de que a questao esta e m combater as causas da marginalizacao e da criminalidade infanto-juvenil e nao os seus efeitos, u m a vez q u e estes, s e m solucionar aquelas, perdurarao.

O Estado deve cumprir o preceito do art. 227 da Constituicao Federal que reza o seguinte:

"e dever da familia, da sociedade e do Estado assegurar a crianga e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito a vida, a saiide, a alimentagao, a educagao, ao lazer, a profissionalizagao, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivencia familiar e comunitaria, alem de coloca-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminagao, exploragao, violencia, crueldade e opressao".

Sob o aspecto juridico-penal, o problema esta e m tornar eficaz o Estatuto da Crianga e do Adolescente, atraves de u m a agao contundente do Estado, aparelhando-se para, enfim, apos seis anos, recebe-lo e entender o seu carater pedagogico c o m o unica forma de ressocializar e reeducar o j o v e m infrator. Cabe ao Estado voltar-se para o problema e tornar pleno o cumprimento da medida socio-educativa, c o m a destinagao de verbas suficientes para tal, e a sociedade cobrar esta agao, pois e a inercia estatal que gera a crenga no m e n o r que ele e impune, por estar sob a guarida do E C A e nao sujeito ao Codigo Penal. V i m o s que isto nao e veridico.

Deste m o d o , o Estatuto nao provoca a impunidade, mas sim a falta de agao do Estado. A o contrario, e u m a legislagao m o d e r n a que se afina c o m as tendencias internacionais, nao so de protegao ao menor, m a s de sua repressao q u a n d o o m e s m o se torna infrator, observando as garantias constitucionais e o devido processo legal.

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Q u e o Estado assegure primeiro os direitos da crianga e do adolescente previstos no E C A e depois, quiga, tera alguma moral para falar e m responsabilidade individual e alterar a lei.

4.2. DO P A P E L DA S O C I E D A D E

A sociedade cobra muito pouco do Estado. A o contrario, querem solugoes imediatistas, tais c o m o esta da redugao da menoridade penal, c o m o se isto fosse sanear o problema.

Sao muito poucos os segmentos da sociedade que questionam as causas do a u m e n t o da criminalidade infanto-juvenil, sobretudo entre os mais abastados. A o contrario, fazem pressao nos legisladores para, absurdamente, reduzirem a idade apta a habilitagao para 16 anos, esquecendo-se que isto somente beneficiara o j o v e m rico, que podera ter um veiculo para dirigir, sem contar os problemas que

poderao, dai, advir. U m veiculo e uma arma ate nas m a o s de adultos irresponsaveis, que dira nas m a o s de adolescentes notorios pela sua imaturidade nesta questao. Sao adolescentes que "furtam" para uso os veiculos dos pais para fazerem os f a m o s o s "pegas".

Dai, nota-se quais sao as prioridades sociais, ou melhor, daqueles segmentos que tern poder e forga sobre os parlamentares.

A imprensa, c o m o se nao bastasse, na maioria das vezes, somente divulga o que e conveniente no m o m e n t o , formando opinioes erroneas sobre a questao, sobretudo no que concerne a falsa ideia de que o Estatuto da Crianga e Adolescente e u m meio de protegao ao menor, sem char deveres para o m e s m o e sem dotar-se de medidas para coibir o comportamento infrator. A s s i m , criticam que

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esta legislagao protege o menor, mas, todavia, e m b a r c a m no sofisma de que a m e s m a nao protege a sociedade.

U m exemplo de como a imprensa, muitas vezes, se utiliza de meios erroneos de transmitir suas m e n s a g e n s , e acaba por formar opinioes insensatas e irresponsaveis, foi o que aconteceu c o m o caso do menino Joao Helio, no Rio de Janeiro, caso este que chocou o Brasil e o m u n d o , m a s que, nao pode ser o b s e r v a d o isoladamente; quantos aspectos sociais e politicos envolveram a atuacao delituosa daqueles adolescentes.

O que mais nos impressiona, diante desses fatos, e a mobilizagao do poder publico, que se mostram imediatamente preocupados, e m tornar medidas duras e impensadas, para dar certa satisfacao a sociedade de que estao preocupados e fazendo a sua parte, lavando mais u m a vez, suas maos e colocando a culpa e m quern na maioria das vezes, sao as principals vitimas, desse sistema podre e irresponsavel e m que nosso pais esta submergido.

E necessario, pois, conscientizar a sociedade do seu verdadeiro papel que, s e m duvida alguma, nao e o de ser expectadora de um futuro s e m perspectivas para o j o v e m carente e a b a n d o n a d o ; mas sim de participar ativamente, procurando salvar o menor das ruas e cobrando atitudes estatais, pois, o infrator de hoje, sem u m a agao estruturada do Estado, sera, fatalmente, o criminoso do a m a n h a e quern saira prejudicada, ao final sera, com certeza, e a propria sociedade.

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C O N S I D E R A Q O E S FINAIS

Diante de todo o exposto, conclui-se que a inimputabilidade apenas impede o menor de se sujeitar ao procedimento criminal c o m u m , c o m aplicagao de penas, nao significando, porem, que o m e s m o e irresponsavel por seus atos, uma vez que existe a legislagao especial, sujeitando-o a aplicagao de medidas socio-educativas, entre elas, ate m e s m o , a de privagao de liberdade c o m a internagao. O Problema e que o Estado nao se e m p e n h a a se aparelhar para se tornar eficaz as medidas socio-educativas do Estatuto da Crianga e do Adolescente.

A redugao da idade para a imputabilidade penal nao resultara na diminuigao ou no combate a criminalidade. E preciso que o Estado e a sociedade c u m p r a m o q u e dispoe a Constituigao Federal no artigo 227, assegurando direitos h u m a n o s e de cidadania, garantidos pelo referido dispositive c o m o prioridade absoluta, criando politicas publicas de inclusao que visem impedir a discriminagao e a miseria e garantir a cidadania plena. Portanto, nao se trata de u m problema juridico-legal, e sim de um problema social.

O devido cumprimento do que esta estabelecido na Constituigao Federal e o Estatuto da Crianga e do Adolescente, s o m a d o s a boa vontade do Estado e da Sociedade, servirao de instrumentos eficazes para oferecerem os subsidios necessarios ao estabelecimento da justiga social e a qualidade de vida aos jovens e m formagao.

Baixar a idade penal e baixar um degrau no processo civilizatorio. Ao inves disso, propoe-se o aumentar de oportunidades que a sociedade brasileira raramente concede a seus jovens.

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Os defensores da reducao da maioridade penal ignoram o fato de que, uma vez recolhido ao falido sistema penitenciario brasileiro, sem possuir o necessario de desenvolvimento fisico e psiquico para tanto, o adolescente nao tera qualquer chance de recuperacao e, certamente, voltara a delinquir. Ou seja, nao consideram o fato de que o adolescente e um ser h u m a n o e m desenvolvimento e, portanto, ainda e m formacao.

Destarte, ao inves de solucionar o problema, o recolhimento ao sistema penitenciario ira agrava-lo ainda mais, pois aquele que ingressa n u m a penitenciaria sai pior do que era quando entrou, c o m poucas excecoes. Portanto, encaminhar os adolescentes ao sistema prisional e contribuir para o a u m e n t o da criminalidade.

Sabe-se da realidade penitenciaria do nosso pais, da falta de estruturas fisicas a d e q u a d a s , a receber e manter seres h u m a n o s , c o m o m i n i m o de condicoes suportaveis de sobrevivencia, e o que falar entao, da falta de a c o m p a n h a m e n t o psicologico, q u e estes adolescentes teriam. A s s i m fica notorio que, especulagoes nesse sentido, nao tern o m i n i m o f u n d a m e n t o e coerencia.

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