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Arranjos produtivos locais e incentivos à exportação: uma análise das indústrias de calçados de São João Batista (SC)

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO - CSE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

GABRIELA ESPINDOLA DA SILVA

ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS E INCENTIVOS À EXPORTAÇÃO: UMA ANÁLISE DAS INDÚSTRIAS DE CALÇADOS DE SÃO JOÃO BATISTA (SC)

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GABRIELA ESPINDOLA DA SILVA

ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS E INCENTIVOS À EXPORTAÇÃO: UMA ANÁLISE DAS INDÚSTRIAS DE CALÇADOS DE SÃO JOÃO BATISTA (SC)

Monografia submetida ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito obrigatório para a obtenção do grau de Bacharel.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Seabra

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A banca examinadora resolveu atribuir a nota 7,0 à aluna Gabriela Espindola da Silva na disciplina CNM 7107 – Monografia, pela apresentação deste trabalho.

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Fernando Seabra Orientador

Prof. Dr. Luiz Carlos de Carvalho Junior Membro da Banca

Prof. MSc. Raimundo Nonato de Oliveira de Lima Membro da Banca

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Dedico este trabalho de conclusão de curso à minha Família, aos amigos e a todos que contribuíram para que eu chegasse até aqui. Muito Obrigada!

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Agradeço a todos que me apoiaram e que continuam me apoiando, primeiramente agradeço a minha mãe Rose, minha vó Elsa, meu avô Daniel, minha irmã Daniela e minha tia Zana por todo amor, carinho, apoio, dedicação, incentivo durante todos esses anos, e também pela paciência, são pessoas muito importantes às quais tenho muito respeito, admiração e sei que continuaram a me apoiar nos meus estudos e na minha carreira, contarei com eles em todos os momentos, tenho muito amor e carinho por todos eles e estão presentes em meu coração.

Agradeço a todos os meus amigos e amigas que conheço e aqueles que eu conheci durante minha graduação, no meu trabalho, durante minha trajetória até aqui, são pessoas que guardarei e cultivarei a amizade por toda minha, e fazem parte de mim, amizades que levarei para toda a vida, boas risadas, bons momentos, lembranças que guardarei e que sei que virão mais, amigos muito especiais que estão guardados em meu peito.

Ao meu Orientador Fernando Seabra, agradeço por todos os conselhos, apoio, sugestões, dicas que recebi durante os dois últimos semestres de graduação como orientanda e como aluna agradeço e muito ao aprendizado recebido as quais despertou meu interesse pela área de Economia Internacional e afins.

Aos professores desta comissão examinadora por aceitarem participar da apresentação deste trabalho. E a todos meus professores da graduação, as quais fizeram parte da minha formação, por todo aprendizado fornecido, pelos conselhos, pelo apoio que fizeram com que chegasse até aqui e saber que posso chegar mais longe, é só querer, ter dedicação e se esforçar que consigo alcançar meus objetivos e realizar meus sonhos.

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análise das indústrias de calçados de São João Batista (SC). Florianópolis, 2016. Trabalho

de Conclusão de Curso (Ciências Econômicas) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2016.

O presente trabalho tem por objetivo verificar o desempenho das exportações de calçados na microrregião de São João Batista, comparativamente com a performance em nível nacional. De acordo com dados do RAIS (2015) o setor possui 7.980 estabelecimentos calçadistas e gerou 283.065 empregos no país. Através do apoio das instituições, o setor tem a possibilidade de elevar a competitividade das empresas por meio das feiras e missões internacionais, porém os impostos ainda são elevados, o que gera perdas para as empresas calçadistas. Com base nos resultados, observa-se que as empresas calçadistas catarinenses tiveram melhor desempenho nas exportações em 2015 comparativamente com o Brasil. Verifica-se que uma das estratégias utilizadas pelas empresas foi à diversificação dos materiais para confecção do calçado. O Brasil exportou (2005 a 2015) elevado número de calçados de cabedal de couro, enquanto que o Vale do Rio Tijucas, o principal calçado exportado foi o sintético. Outra estratégia observada foi que para o preço médio dos calçados, os municípios do Vale do Rio Tijucas obtiveram um resultado acima da média brasileira (2010 a 2015). Essas estratégias são maneiras do setor incrementar a produtividade e diferenciar seu produto no mercado internacional intensamente competitivo.

Palavras Chave: Arranjos Produtivos Locais; Política Pública; Exportações; Vantagem Competitiva

ABSTRACT

SILVA, Gabriela Espindola. Local cluster and exports incentives: na analysis of the

footwear industry in São João Batista (SC). Florianópolis, 2016. Universidade Federal de

Santa Catarina, 2016.

The objective of this study is to evaluate the exports performance of the footwear industry in the region of São João Batista (SC, Brazil), in comparative terms with the performance at the national level. According to RAIS (2015), this sector has 7.980 firms and generates 283.065 jobs in the nation. Given the institutional support, this sector has the chance to increase firms’ competitiveness by stimulating trade fairs and international commercial missions; however, taxes are still high which harms profitability. Based on our results, we can point out that the footwear industry in SC has had a better exports performance than its national counterpart in 2015. One of the reasons is the fact that firms in SC have implemented a diversification strategy, by introducing new inputs to shoes. For Brazil (during 2005-2015), exports are predominantly based on leather shoes, while for SC there a trend to increase synthetic leather shoes. In addition, average exports prices are higher in SC than Brazil. Those strategies are, therefore, tools to increase productivity and to differentiate the product in the international market which has become increasingly competitive.

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Figura 1 – Diamante Nacional de Michael Porter. ... 27

Figura 2 - Ciclo da vida e tipologia dos arranjos. ... 33

Figura 3- Localização das áreas de produção de calçados em Santa Catarina, 2016. ... 40

Figura 4 – Principais produtos da empresa calçadista Rafaella Booz. ... 47

Figura 5 - Cadeia Produtiva do Calçado de Couro. ... 51

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Gráfico 1 – Evolução da produção e do consumo aparente no Brasil (2010-2015). ... 35

Gráfico 2 – Exportações (US$) de calçados no Brasil (2010-2015). ... 42

Gráfico 3 - Exportações (US$) de calçados em SC e no arranjo do Vale do Rio Tijucas (2010-2015). ... 43

Gráfico 4 – Comparação dos Principais Países de Destino do Brasil e SC (2015). ... 45

Gráfico 5 – Comparativo dos Principais Calçados Exportados (2015). ... 49

Gráfico 6- Evolução das exportações em pares de calçados no Brasil (2005-2015). ... 58

Gráfico 7 - Evolução das exportações de calçados em pares no arranjo do Vale do Rio Tijucas (2005-2015). ... 59

Gráfico 8 – Evolução das Exportações Brasileiras por tipo de material (2005-2015). ... 59

Gráfico 9 - Evolução das Exportações Catarinenses por tipo de material (2005-2015)... 60

Gráfico 10 – Preço médio dos calçados Brasileiros (2010-2015). ... 61

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Tabela 1- Exemplo comparativo entre dois países e sua relação com os bens. ... 22

Tabela 2- Exemplo da Vantagem Comparativa. ... 24

Tabela 3– Número de estabelecimentos na fabricação de calçados no Brasil (2014-2015). .... 39

Tabela 4 – Classificação produtiva e número de estabelecimentos no Vale do Rio Tijucas (2015). ... 41

Tabela 5 – Evolução do Emprego e das Exportações do Setor Calçadista (2010-2015)... 44

Tabela 6 – NCM de 4 dígitos para os calçados. ... 47

Tabela 7- Tamanho da empresa e quantidade dos funcionários. ... 54

Tabela 8- Número de estabelecimentos no Brasil, em SC e no Vale do Rio Tijucas (2015). .. 55

Tabela 9– Nível de escolaridade dos empregados no Brasil, em Santa Catarina, em São João Batista e Nova Trento do setor calçadista (2015). Fabricação e partes do calçado ... 56

Tabela 10– Número de empregos gerados no Brasil, Santa Catarina, São João Batista e Nova Trento do setor calçadista (2010-2015). ... 57

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ABICALÇADOS – Associação Brasileira de Calçados

APEX – Agência de Promoção de Exportações e Investimentos APL – Arranjo Produtivo Local

ASSINTECAL - Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos

BCB – Banco Central do Brasil

BNDES – Banco Nacional do Desenvolvimento CAD – Design assistido pelo computador

CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CAM – Manufatura assistida pelo computador

CE - Ceará

COMEX – Comércio Exterior

COPOM – Comitê de Política Econômica

FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

FIMEC – Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes

H-O – Heckscher-Ohlin

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS – Imposto sobre circulação de mercadorias IEMI - Instituto de Estudos e Marketing Industrial IPEADATA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada KM – Quilômetros

MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

MG – Minas Gerais

MPE – Micro e pequenas empresas

NCM – Nomenclatura Comum do Mercosul OMC – Organização Mundial do Comércio P&D – Pesquisa e Desenvolvimento PE – Pernambuco

PIB – Produto Interno Bruto PINTEC – Pesquisa de Inovação

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PVC – Policroreto de vinila

RAIS – Relação Anual de Informações Sociais RS – Rio Grande do Sul

SC – Santa Catarina

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SICC – Salão Internacional do Couro e do Calçado

SINCASJB – Sindicato das Indústrias de Calçados de São João Batista SJB – São João Batista

SP – São Paulo

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1 INTRODUÇÃO ... 16

1.1 O TEMA E SUA RELEVÂNCIA ... 17

1.2 OBJETIVOS ... 18

1.2.1 Objetivo Geral ... 18

1.2.2 Objetivos Específicos ... 18

1.3 JUSTIFICATIVA ... 19

1.4 METODOLOGIA ... 19

2 FATORES TRADICIONAIS E O PAPEL DOS EFEITOS DE AGLOMERAÇÃO ... 21

2.1 MODELOS CLÁSSICOS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL ... 21

2.1.1 Vantagem Absoluta ... 21

2.1.2 Vantagem Comparativa ... 23

2.1.3 Modelo Heckscher-Ohlin ... 24

2.2 COMÉRCIO INTRA-INDÚSTRIA, ECONOMIA DE ESCALA E DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO ... 26

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE APOIO A EXPORTAÇÃO ... 28

2.4 POLÍTICAS DE RESTRIÇÃO AO COMÉRCIO DE CALÇADOS ... 30

2.5 EFEITOS DA AGLOMERAÇÃO: CASO DE ARRANJO PRODUTIVO LOCAL ... 32

2.5.1 Definição e efeitos do Arranjo Produtivo Local ... 32

3 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR CALÇADISTA NO BRASIL ... 34

3.1 APL CALÇADISTA SANTA CATARINA: LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO ... 35

4. APLs DE CALÇADOS E EXPORTAÇÃO: OS CASOS DO BRASIL, SANTA CATARINA E DO VALE DO RIO TIJUCAS ... 38

4.1 ESTRUTURA DO SETOR CALÇADISTA NO BRASIL E SANTA CATARINA ... 38

4.2 ESTRUTURA DO ARRANJO DO VALE DO RIO TIJUCAS ... 39

4.3 DESEMPENHO DAS EXPORTAÇÕES DO SETOR NO BRASIL E SANTA CATARINA ... 41

4.3.1 Desempenho das Exportações de Calçados por Arranjo Produtivo Local ... 43

4.3.2 Principais Países de Destino ... 45

4.3.3 Principais Calçados Exportados ... 46

5. ESTRATÉGIA DE COMPETITIVIDADE E EXPORTAÇÃO DO APL CALÇADISTA DO VALE DO RIO TIJUCAS ... 50

(13)

principais arranjos... 54 5.2 VANTAGEM COMPETITIVA E EXPORTAÇÃO DE CALÇADOS DO APL DO VALE DO RIO TIJUCAS ... 57 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 63 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 66

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1 INTRODUÇÃO

Ao final da década de 1980, a indústria brasileira era ainda baseada no processo de substituição de importação. Já ao longo dos anos 1990, segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento, ocorreu à abertura comercial; a indústria nacional é colocada a “mostra” para concorrer internacionalmente, fazendo com que diversas empresas passassem a ter maior participação no mercado estrangeiro, o que acabou por favorecer a indústria brasileira, elevando o desempenho da sua produção e adquirindo novas formas de competitividade. Essa abertura comercial era necessária para que os preços domésticos fossem corrigidos e para que o Brasil investisse mais na sua indústria e obtivesse acesso à tecnologia, que até então estava nas mãos das grandes economias avançadas (AVERBUG, 2016).

Para tanto, os fluxos comerciais foram aumentando e com isso às barreiras à importação foram sendo reduzidas e incentivos à exportação foram observados, mas para outros setores, a produção brasileira era desatualizada se comparada com as demais economias estrangeiras. Apesar disso, a indústria calçadista é uma das que mais se destaca no país. Iniciando suas atividades no século XIX, o setor gerou muito emprego e oportunidades para pessoas vindas de outros países, principalmente italianos e alemães, uma vez que estes tinham facilidade na realização das atividades por já ter conhecimento no setor.

Mais recentemente, com o aumento de diversos custos de produção, como design, marketing, transporte, e também a redução da vida útil dos produtos, a ideia de concentrar geograficamente parceiros comerciais que pudessem atuar como fornecedores ou até mesmo como produtores, possibilita em alguns casos fazer com que as empresas adquiram ganhos em menor tempo. Nesse sentido, esse estudo mostra o papel dos arranjos de produção local nas exportações de calçados, pois as aglomerações produtivas podem promover de alguma forma ligações entre os mercados distantes, o que possibilita maiores ganhos para as empresas.

Com relação à cadeia de valores, destaca-se que os arranjos produtivos brasileiros possuem diferentes cadeias de valores, pelo fato que cada região é voltada para fabricação de determinado produto e também para um público alvo, é compreensível que atuem em mercados prioritários distintos. As diferentes formas de governança das cadeias globais de valor são fortemente orientadas pelo mercado, pela forma de integração que no caso do setor calçadista pode ser vertical e horizontal, e pela formação das redes de empresas que possibilitam acesso a novos mercados as quais fornecem meios para as indústrias se desenvolverem.

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Atualmente, o Brasil é considerado o 3° maior produtor de calçados, e a produção de calçados ocorre em diferentes estados brasileiros, todavia os principais arranjos produtivos estão localizados na região do Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul, em Franca, Jaú e Birigui no estado de São Paulo, e ainda na região de Cariri no Ceará e, por último, Santa Catarina com destaque para o APL da microrregião de Tijucas, compreendendo os municípios de Angelina, Canelinha, Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, São João Batista e Tijucas.

1.1 O TEMA E SUA RELEVÂNCIA

De acordo com a PINTEC (2014), observa-se que as empresas estão investindo no seu potencial industrial através de processos de fabricação mais sofisticados, como estratégias de barreira à entrada. Por isso, é importante saber em que ambiente estão inseridos, qual sua participação, para assim poder avaliar previamente possíveis alterações no mercado que possam trazer benefícios e/ou malefícios que podem afetar uma empresa, podendo esta ir à falência. Vale lembrar que o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), marketing e aprimoramento de uma marca não são somente para demonstrar sua força no mercado e obter economia de escala, é também para ditar tendências.

Neste trabalho foi escolhido o setor da indústria de calçados, cabendo analisar o setor no Brasil, em Santa Catarina e nos municípios de São João Batista e Nova Trento. Os arranjos de produção local fornecem alguma forma de cooperação entre os agentes envolvidos na cadeia produtiva o que possibilita ganhos com a produção, por isso se faz necessário analisar a distribuição e aglomeração destes arranjos nestas regiões e seu impacto nas exportações.

Além disso, o apoio institucional serve para dar um upgrading nas indústrias calçadistas, favorecendo seu crescimento, consolidando e aprimorando sua marca tanto no mercado local quanto no estrangeiro, e é claro diminuindo as barreiras entre comprador e vendedor, para tanto será citado e demonstrado a participação para a indústria.

Por ser um setor que tem participação nas exportações brasileiras, para à indústria calçadista a responsabilidade é ainda maior, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (ABICALÇADOS, 2015) o setor não obteve crescimento nas exportações, a retração se deve à mudança na alíquota do Crédito Tributário para Exportação1 e ao ajuste fiscal do governo. Por outro lado, a queda nas exportações pode estar relacionada em parte à

1

REINTEGRA: É um Crédito Tributário para Exportação criado pelo Decreto n° 8.415, de 27 de Fevereiro de 2015, e tem por objetivo devolver, parcial ou integralmente, o resíduo tributário remanescente na cadeia de produção de bens exportados.

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queda no dólar e ao menor incentivo do governo a empresas de calçados em geral, e outro fator que teve influencia foi a forte concorrência asiática.

Tais pontos citados destacam a relevância do setor calçadista e seus efeitos sobre a economia no país, pois é uma indústria que cresce, mais ainda carece de recursos, a mão-de-obra não é uma das melhores, falta incentivo por parte dos empregadores e vontade dos empregados em aprofundar o seu conhecimento, tem ainda o amparo institucional que aparece como suporte para o crescimento do setor calçadista, e a influencia que exerce as aglomerações de rede empresas para a economia brasileira e catarinense.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Verificar o desempenho das exportações de calçados da microrregião de São João Batista, em comparação com a performance em nível nacional, examinando a contribuição da estrutura da indústria e dos regimes de incentivos à exportação em âmbito regional.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Descrever a estrutura da indústria de calçados no Brasil e na microrregião de SJB;

 Analisar o desempenho recente das exportações de calçados no Brasil e na microrregião de SJB, e sua relação com as políticas de promoção de exportações de calçados e as barreiras comerciais à importação de calçados;

 Verificar o papel da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX), do programa Brazilian Footwear e da experiência de formação de arranjos de produção local (APLs);

 Identificar a importância de estratégias de diferenciação do produto na experiência de exportação de calçados.

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1.3 JUSTIFICATIVA

Este trabalho tem por intuito verificar o desempenho das exportações de calçados do arranjo do Vale do Rio Tijucas e do Brasil, e quais são os incentivos à exportação. É possível observar que, com as transformações tecnológicas que vem ocorrendo no mundo e a adoção de políticas públicas que incentivem à exportação se faz necessária uma análise da indústria de calçados, que ainda está em processo de inserção e tem sua indústria afetada pela concorrência tanto nacional quanto internacional.

Com o cenário político mundial de crise, pode ocorrer a formação de arranjos produtivos em alguns setores da economia brasileira, pois às vezes as empresas estão mais interessadas em unir seus interesses com outras empresas que possuem características semelhantes para assim alcançar diferentes mercados. Destaca-se ainda que o setor possui estratégias para driblar quaisquer mudanças do cenário econômico e conta com o apoio de programas de incentivo a exportação, portanto é relevante analisar seus resultados na indústria calçadista.

Além destes fatores mencionados acima, o foco do estudo são os APLs, pois as empresas ficam vulneráveis a qualquer alteração de demanda, a uma depreciação ou apreciação do câmbio, o aumento da concorrência entre outros fatores, por isso é determinante uma análise da influência que esses arranjos têm sobre o desempenho nas exportações de calçados.

1.4 METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho é descritiva, baseada em pesquisas bibliográficas e metodológicas e análise de dados, utilizando método qualitativo. Seguindo a definição de Marconi e Lakatos (2003, p.83), método é o conjunto de atividades sistemáticas e racionais [...], permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Pela definição de pesquisa descritiva entende-se, de acordo com Cervo, Bervian e Da Silva (2007, p.61) que

A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a maior precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e suas características.

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O presente trabalho está baseado no levantamento de dados secundários e serão utilizados como procedimentos técnicos a pesquisa bibliográfica e documental em livros, artigos, periódicos, fontes governamentais e instituições não governamentais e internet relacionados ao tema, a vantagem competitiva das indústrias calçadistas, a política pública adotada, o investimento em P&D entre outros. E está estruturado da seguinte maneira: o primeiro capítulo é a introdução, e as seções e subseções 1.1, 1.2.1, 1.2.2, 1.3 e 1.4 trata do tema e sua relevância, dos objetivos (geral e específico), da justificativa e da metodologia, respectivamente. O segundo capítulo é dedicado ao referencial teórico, às subseções 2.1, 2.1.1, 2.1.2 e 2.1.3 trata do comércio internacional e do conceito de vantagem absoluta, vantagem comparativa e o modelo Heckscher-Ohlin. Nas seções 2.2 será abordado os temas comércio intra-indústria, economia de escala e diferenciação do produto, nas seções 2.3 e 2.4 refere-se às políticas de apoio à exportação e às restrições à importação dos calçados, e por fim na seção 2.5 e subseção 2.5.1 serão abordados os efeitos de aglomeração e sua definição.

O terceiro capítulo trata da caracterização do setor calçadista no Brasil, em Santa Catarina, no Vale do Rio Tijucas e sua localização. Nas seções 4.1 e 4.2 é apresentada a estrutura da indústria calçadista no Brasil e no Vale do Rio Tijucas, nessa ordem. Já na 4.3 trata do desempenho das exportações de calçados tanto no Brasil quanto em Santa Catarina, e ainda na 4.31 é apresentado o desempenho das exportações por APL calçadista. Os principais países de destino será abordado na seção 4.3.2 e os principais calçados exportados na seção 4.3.3. O quinto capítulo aborda as estratégias de competitividade e exportação do APL calçadista do Vale do Rio Tijucas, e a seção 5.1 ilustrará a cadeia produtiva do setor calçadista em seguida na subseção 5.1.1 o número de empresas, de emprego e nível de qualificação. E nas subseções do quinto capítulo será analisada a competitividade do setor, e um levantamento do tamanho das empresas e da geração de emprego que o setor proporciona, e na seção 5.2 trata das estratégias utilizadas para aumentar a vantagem competitiva e exportação de calçados do APL.

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2 FATORES TRADICIONAIS E O PAPEL DOS EFEITOS DE AGLOMERAÇÃO

Para compreensão dos fatores que influenciam as exportações e o comércio internacional se faz necessário inicialmente fazer uma revisão da literatura dando destaque para alguns temas relevantes. Sendo assim, neste capítulo serão expostos os conceitos de comércio internacional abordado por autores clássicos. Na seção 2.2 serão abordados os conceitos de comércio intra-indústria, escala de escala e diferenciação do produto. Nas seções 2.3 e 2.4 são analisadas as políticas de apoio à exportação e as políticas de restrição à importação da indústria calçadista. Na seção 2.5 analisa-se o conceito de Arranjo Produtivo Local e seus efeitos para as empresas calçadistas.

2.1 MODELOS CLÁSSICOS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL

O comércio internacional surge da necessidade de se explicar a relação entre as trocas comerciais entre um grupo de indivíduos, e normalmente essas trocas são realizadas pelas exportações ou importações de bens ou serviços. Vale destacar que o comércio exterior representa para o exportador um enorme mercado de oportunidades, pois ao exportar o empresário diminui os riscos do próprio negócio e evita desequilíbrios.

Sendo um fator relacionado ao comércio internacional a vantagem competitiva se dá quando uma empresa é capaz de gerar maior valor econômico do que os seus concorrentes [...] esse valor econômico seria entendido como a diferença entre o que o consumidor adquire quando realiza uma compra e o custo econômico dos produtos e serviços ofertados (BARNEY; HESTERLY, 2007, p.10).

Uma empresa ao entrar no mercado enfrenta alguns obstáculos antes de ser bem “sucedida” e também para poder continuar gerando lucros para seu crescimento, é importante entender como que funciona a relação com o ambiente externo, suas oportunidades e ameaças. Para Barney e Hesterly (2007, p.29), o ambiente geral é constituído de seis elementos inter-relacionados: mudanças tecnológicas, tendências demográficas, tendências culturais, clima econômico, condições legais e políticas e acontecimentos internacionais específicos.

2.1.1 Vantagem Absoluta

A primeira teoria clássica que surge em contraposição com as ideias mercantilistas seria a teoria da vantagem absoluta, desenvolvido pelo Economista Escocês Adam Smith. Sua

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principal obra foi a Riqueza das Nações escrita em 1776, e a partir desta obra é que ele propõe a teoria da vantagem absoluta, onde cada país possui vantagem absoluta se ele produzir mais eficientemente do que outro país. A época em que viveu Smith, ainda estava presente o mercantilismo e suas críticas e opiniões a cerca do assunto foram esboçadas em seu livro, bem como a forma que ele via a sociedade. “A expressão Vantagem Absoluta significa comparar a produção de duas pessoas, empresas ou nações [...] o produtor necessita de uma quantidade reduzida de insumos para produzir um bem que possua vantagem absoluta no mesmo” (MANKIW, 2001, p.52).

A Tabela 1 é um exemplo prático da teoria da vantagem absoluta, considerando dois países Brasil e Japão, e dois produtos sendo um deles o calçado por conveniência do objeto da pesquisa e o outro computador.

Tabela 1- Exemplo comparativo entre dois países e sua relação com os bens. País Horas para produzir um par de

calçados

Horas para produzir um computador

Brasil 3 horas 5 horas

Japão 4 horas 2 horas

Fonte: Elaboração própria.

Com base na tabela acima, vê-se que o Brasil e o Japão produzem tanto calçados como computadores. Suponha que não há comércio entre os países, e que cada país precise produzir 6 pares de calçados e 4 computadores, o Brasil produzirá calçados em 18 horas e computadores em 20 horas, totalizando na produção dos dois 38 horas, já o Japão produzirá calçados em 24 horas e computadores em 8 horas, totalizando 32 horas. Agora com a existência do comércio, eles demorariam menos, o Brasil produzindo somente calçados levaria 18 horas e o Japão produzindo computadores levaria 8 horas. O exemplo apresentado nos mostra como que a existência do comércio pode influenciar no aumento ou na redução de determinado produto.

Como nem todo modelo é perfeito, a crítica que se faz é que o fator de produção utilizado é somente o trabalho. Smith não considera os fatores de capital e matéria-prima utilizada, o que se entende do modelo apresentado no exemplo da Tabela 1 é que os dois países ganhariam produzindo os dois bens, porém no mercado as coisas não ocorrem dessa forma, um país deve ter vantagem na produção de determinado bem e desvantagem no outro. Por que não faria sentido manter-se no mercado produzindo dois bens de maneira eficiente

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como não produzir nenhum deles. Para tanto David Ricardo observou esse problemas, e inspirado por Smith desenvolve sua própria teoria como é apresentada na seção 2.1.2.

2.1.2 Vantagem Comparativa

Outra teoria clássica do comércio internacional, que não menos importante como a anterior, é a teoria das vantagens comparativas, que como apresentado, a teoria da vantagem absoluta possui “falhas”, sendo esboçado por David Ricardo (nascido em Londres em 1772), sua fortuna veio de investimentos na bolsa de valores, e aos 14 anos entrou para o negócio do pai, seu interesse pelas obras de Adam Smith, principal teórico da escola clássica, fez com que adquirisse interesse pela economia (ECONOMIA.NET, 2016).

Influenciado pelas ideias liberais de Smith, a teoria das Vantagens Comparativas sugere que cada país deva se especializar na produção daquela mercadoria em que é relativamente mais eficiente (ou que tenha um custo relativamente menor), por outro lado este país deverá importar aqueles bens cuja produção implique um custo relativamente maior. Ricardo (1996, p.11), demonstrou como que os países realizam as trocas e que poderia ser muito vantajosos para os dois países, assim ele apresenta o seguinte exemplo:

[...] comércio de tecidos e vinhos entre a Inglaterra e Portugal [...] Portugal necessitava de menos horas de trabalho-homem para produzir vinho e tecidos do que a Inglaterra. Mas em Portugal, o custo de oportunidade para abrir mão da produção de uma unidade de vinho a fim de produzir tecidos era maior do que especializar-se na produção de vinho e comprar os tecidos da Inglaterra. Na Inglaterra, o mesmo raciocínio funcionava de maneira simétrica: abrir mão de uma unidade de produção de tecidos era menos eficiente que especializar-se na produção de tecidos e comprar o vinho de Portugal [...] o comércio internacional sob condições de livre concorrência faria ambos os países especializarem-se na produção dos bens em que tinham maiores vantagens comparativas, e aumentaria o potencial de acumulação em ambos.

Conforme Mankiw (2001, p.53), “a expressão vantagem comparativa descreve os custos de oportunidade2 de dois produtos [...] é dito que o produtor que possui menor custo de oportunidade na produção de um bem, possui vantagem comparativa”. Em outras palavras, seria impossível que uma única pessoa adquirisse vantagem comparativa em dois bens, pois os custos de oportunidade seriam diferentes para os dois bens. O princípio de Ricardo faz com que as empresas se especializem no bem que possam produzir de forma intensiva e que haja

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uma inter-relação entre os demais para que as trocas possam ser efetuadas e os países continuem mantendo certa “dependência” dos demais, para que as trocas se realizem.

Utilizando os dados da Tabela 1, a situação agora é um pouco diferente como podemos observar no exemplo da Tabela 2:

Tabela 2- Exemplo da Vantagem Comparativa.

País Horas para produzir um par de calçados

Horas para produzir um computador

Brasil 3 horas 5 horas

Japão 4 horas 2 horas

Fonte: Elaboração própria.

No exemplo da Tabela 2, foram alterados alguns valores e mantidos os mesmos produtos, cada país agora ao invés de 6 pares de calçados e 4 de computadores, eles precisam de 4 pares de calçados e 4 computadores, e não havendo comércio, o Brasil produziria em 32 horas ambos os produtos, enquanto que o Japão produziria em 24 horas. De acordo com o princípio das vantagens comparativas, o Brasil produziria sapatos em 16 horas e o Japão produziria computadores em 8 horas. Portanto, cada país produziria aquele bem em que possui vantagem comparativa, ou seja, na produção do bem que ele possui ganhos com o comércio. Essa teoria mostrou como que dois países ganham com o comércio, as quais um deles irá ganhar e outro terá prejuízo, todavia o fator trabalho continua sendo o único fator de produção.

2.1.3 Modelo Heckscher-Ohlin

Diferente das teorias apresentadas anteriormente, esta é a primeira que considerou a existência de outros fatores de produção, sem ser o trabalho. Desenvolvida por dois Economistas Suecos – Eli Filip Heckscher, em 1919 e mais tarde por Bertil G. Ohlin, em 1933 - este último recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1977. O Modelo Heckscher-Ohlin (H-O) é uma das principais teorias sobre o comércio de que trata as diferenças entre os recursos dos países, e ele diz que

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[...] um país tende a exportar bens intensivos em seus fatores abundantes e a importar bens intensivos em seus fatores escassos [...] o comércio tende a aumentar a demanda de fatores que são abundantes em dado país, em comparação com outros países, e a diminuir a demanda de fatores que são escassos nesse país [...], portanto o preço dos fatores abundantes tende a subir e o preço dos fatores escassos tende a cair à medida que o comércio internacional cresce (KRUGMAN; WELLS, 2008).

Segundo o modelo Heckscher-Ohlin (H-O), cada país irá exportar aquele bem em que a produção é intensiva no fator que lhe é mais abundante. Para tanto, como a grande maioria das teorias, não se deixaria de mencionar seus pressupostos, que para Nobre e Monte (2016) são os seguintes:

 Dois fatores de produção são utilizados, trabalho (L) e terra (T);

 Têm-se dois bens, tecidos (t) e alimentos (a);

 Considera-se que as tecnologias são as mesmas para os dois países.

 O comércio é livre de barreiras para ambos os países, não havendo custos de transporte;

 A utilização dos fatores é diferente para cada país, um país é intensivo em trabalho (T) e o outro é intensivo em terra (T), sendo que ao final os dois serão beneficiados.

 A dotação relativa é diferente nos dois países;

 Os gostos dos clientes são o mesmo;

 Equilíbrio na Balança comercial.

O modelo H-O difere do modelo Ricardiano que só considera o fator de produção o trabalho, o que torna o fator oferta irrelevante. Para tanto, o modelo H-O inclui dois fatores de produção sendo eles o trabalho e a terra, estabelecendo que as exportações de um país sejam utilizadas intensivamente o fator abundante, porém para que o modelo seja válido é preciso que as funções de produção sejam idênticas, os rendimentos constantes de escala e o padrão de consumo idêntico entre os países (HIDALGO, 2016). Entende-se que países que utilizam capital intensivo do fator produção são considerados os mais desenvolvidos, e aqueles que intensificaram o fator trabalho, estão apenas começando seu processo de desenvolvimento. Conclui-se que o modelo H-O é uma extensão do modelo Ricardiano, contudo é preciso notar que a vantagem comparativa que um país possui é determinada pelo quanto de tecnologia que é atribuída ao bem em questão.

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2.2 COMÉRCIO INTRA-INDÚSTRIA, ECONOMIA DE ESCALA E DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO

Existem diversas definições para o comércio internacional. Define que o Comércio Internacional nada mais é do que a troca de bens e serviços entre um determinado país em relação ao outro, e essa troca é realizada através de seus territórios. Sendo assim, o comércio internacional possibilita que cada país produza uma variedade restrita de bens que proporcione a obtenção de vantagens com economia de escala sem sacrificar a variedade de consumo, de tal forma que o comércio internacional amplie a variedades dos bens disponíveis no mercado.

Os países comercializam mercadorias que muitas vezes são produzidas por suas empresas, porém as tecnologias utilizadas possuem algumas diferenças dependendo do grau de industrialização do país entre outros fatores, esse tipo de comércio de mercadorias é chamado de comércio intra-indústria. No comércio intra-indústria não há especialização dos fatores de produção, para tanto as empresas exportadores utilizam como estratégia a diferenciação do seu produto, tornando o mais atrativo que seu concorrente (SEABRA, 2010). Vale destacar, que esse tipo de comércio irá ocorrer quando os países produzirem produtos diferenciados, e com a possibilidade de ganhos com economia de escala.

Michael Porter apresenta uma abordagem analítica de como as indústrias e seus concorrentes formam uma estratégia competitiva. O “diamante” apresentado na Figura 1 ilustra os determinantes da vantagem nacional. O setor calçadista como qualquer outro possui barreiras à entrada, é preciso que as empresas saibam lidar com as possíveis ameaças de seus concorrentes. Como ilustrado na Figura 1, o “diamante” liga os quatro determinantes para as indústrias, as quais pode ser favorável ou desfavorável para as empresas criarem sua vantagem competitiva. O determinante condições de fatores possui alguns elementos essenciais como o capital necessário, a mão-de-obra qualificada e conhecimentos técnicos e científicos.

Já o determinante condições de demanda, está relacionado à qualidade da demanda interna e há uma pressão por parte dos consumidores que antecipam a procura externa levando em consideração sua necessidade. Em seguida temos o determinante estrutura correlatas e de apoio, onde as empresas tem a possibilidade de elevar o número de clientes e isso gera condições para se negociar por menores preços de seus produtos. E por último temos a estratégia, estrutura e rivalidade entre as empresas, em que a concorrência é essencial, pois permite que as empresas insiram novos processos na sua estrutura (SILVA, 2010).

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Figura 1 – Diamante Nacional de Michael Porter.

Fonte: Elaboração própria (Adaptado).

Dados: Porter, A Vantagem Competitiva das Nações (1998, p.195).

De acordo com Barney e Hesterly (2007, p. 32; 34) são quatro as barreiras à entrada, porém no presente estudo será apresentado o conceito de duas delas, sendo a primeira a economia de escala e a segunda a diferenciação do produto. Para os autores, a economia de escala ocorre quando os custos de uma empresa reduzem em função do aumento da produção enquanto que as deseconomias de escala são o contrário, os custos aumentam enquanto que a produção diminui, ou seja, é basicamente uma relação entre o custo médio e o volume da produção. A ideia que se tem de economia de escala é de que cada país irá concentrar-se na produção de um número limitado de bens e irá produzir uma quantidade elevada destes produtos, com o intuito de produzir em uma escala maior, que é melhor do que tentar produzir uma variedade de bens onde os ganhos seriam menores (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005, p.90-91).

A diferenciação do produto, outra barreira à entrada, é definida como sendo uma identificação da marca e da fidelidade dos clientes, cabendo às empresas já instaladas esta tarefa já que as empresas novas estão ainda em processo de adaptação e desenvolvendo suas

ESTRATÉGIA, ESTRUTURA E RIVALIDADES DAS EMPRESAS CONDIÇÕES DE FATORES CONDIÇÕES DE DEMANDA INDÚSTRIAS CORRELATAS E DE APOIO

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estratégias (BARNEY; HERTERLY, 2007, p.37). A existência de diferentes mercados faz com que as empresas invistam em diferenciação de produto e atuem em um mercado estratégico.

O setor calçadista pode utilizar a produção orientada para a segmentação ou para a concorrência, ou até mesmo somente para segmentação e diferenciação, isso significaria o grau de inserção no mercado. Para as empresas que conseguem atingir um mercado amplo, chega um ponto em que ela vê que tem que escolher entre as diversas possibilidades existentes, qual delas irá investir, bem como realizar projeções futuras e analisar os lucros esperados desse investimento, se será viável ou não, a estratégia a ser utilizada é fundamental não somente para empresas que estão começando, mas também para aquelas que já estão inseridas no mercado.

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE APOIO A EXPORTAÇÃO

O apoio ao exportador brasileiro é empreendido no sentido de aumentar a competitividade das exportações brasileiras e a atuação das empresas no mercado internacional. Incentivos à exportação são essenciais para todos os setores industriais, e o governo em parceria com outros programas e instituições, auxilia no crescimento dessas indústrias. Nos tópicos a seguir será apresentada as entidades e os programas de apoio às exportações, bem como para a qualificação da mão-de-obra e especialização das indústrias calçadistas brasileiras. É importante mencionar que estas instituições são as principais de apoio à indústria calçadista.

a) ABICALÇADOS - fundada 1983 e sediada em Novo Hamburgo/RS, a Associação Brasileira das Indústrias de calçados é a entidade que representa a indústria calçadista nacional, a qual busca aumentar a competitividade das empresas através de incentivos à produção de calçados brasileiros e ainda atua na defesa comercial (ABICALÇADOS, 2016). Além disso, a Abicalçados mantém o apoio ao programa Brazilian Footwear , juntamente com a Apex, para elevar as exportações brasileiras, além do incentivo à participação de feiras e missões que são realizadas durante o ano. Dentre as missões, destacam-se a Fast Fashion, um evento que busca integrar a cadeia calçadista, com os fornecedores a fim de elevar a competitividade das indústrias. E temos o projeto PAIIPME, que é uma forma de cooperação técnica financiada pela União Europeia em execução na América Latina, e suas ações ocorrem através de

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parcerias com entidades setoriais, nacionais, públicas e privadas (ASSINTECAL, 2011).

b) BRAZILIAN FOOTWEAR - é um programa de apoio às exportações de calçados mantidas pela Abicalçados em parceria com a Apex. O programa prevê investimento de R$ 41,4 milhões em ações de desenvolvimento, capacitação e promoções comerciais e de imagem durante o biênio 2015/2016; ademais, o programa possibilita que a indústria de calçados atinja um número maior de destinos para suas exportações. O principal objetivo do programa é aproximar os compradores internacionais apresentando as marcas de calçados brasileiros, e assim manter contato com diversas empresas. Contribuindo para a divulgação das marcas brasileiras no exterior através de do relacionamento com todos os países alvo do programa, inclusive divulgações em mídia especializada e veículos com foco no cliente, como revistas, sites entre outros. Em 2015, o serviço de relações públicas oferecido pelo programa, gerou resultados significativos nos mercados dos EUA, Colômbia, Alemanha, Rússia, China e Itália (BRAZILIAN FOOTWEAR, 2016).

c) APEX – a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos tem como objetivo estimular às exportações brasileiras, tanto de empresas de grande porte quanto de médio porte, apoiando ações voltadas para a adequação de produtos e a preparação de empresas para à exportação, e também de ações voltadas a promoção comercial, por meio de feiras e missões comerciais. A missão da agência é fazer com que as empresas internacionalizem seus negócios, além de atrair a atenção de investidores estrangeiros e elevar a competitividade das indústrias calçadistas brasileiras (APEX-BRASIL, 2016).

d) SENAI - o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial foi criado em 1942 e está cada vez mais expandindo sua estrutura de atendimento as indústrias, são ao todo 518 unidades fixas e 504 unidade móveis em 2,7 mil municípios brasileiros (SENAI, 2016). A maioria dos investimentos ao Senai são basicamente direcionados ao atendimento das industrias e também à comunidade por meio de cursos relacionados a capacitação profissional. Segundo a FIESC (2015), o SENAI de São João Batista oferece diversos cursos para o setor calçadista, dentre eles está à aprendizagem industrial de confeccionador de calçados e outros cursos de curta duração como

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costura para calçados e modelagem de calçados. Além disso, o Senai em parceria com o Sebrae atua promovendo treinamentos e apoio tecnológico a indústria calçadista.

e) SEBRAE - atuando desde 1972 e com sede em Brasília, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas é uma instituição privada as quais promove o desenvolvimento sustentável e a competitividade de micro e pequenas empresas. E através de parcerias públicas e privadas, possibilita o acesso ao crédito e a inovação fomentando o fortalecimento das empresas. Além de apoio as micro e pequenas empresas o Sebrae age direcionado e buscando destinos para os calçados brasileiros, e por meio de feiras oferece cursos, a assistência técnica as quais propicia o fortalecimento das empresas e auxilia no aumento da competitividade delas. O portal do Sebrae disponibiliza quais as feiras e eventos que ocorrem durante o ano. Dentre eles está a Couro Moda, um dos encontros mais importantes de moda e negócios, o encontro tem duração de 4 dias, e tem o intuito de apresentar as novidades de mais de duas mil coleções de calçados. A feira de Francal realizada em São Paulo é um evento de destaque para os artigos de calçados e para o mercado de acessórios de moda no Brasil. Vale mencionar, que a Fimec - Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes, promove reunião de várias empresas de diversos países com o intuito de realizar negócios, e ainda outro evento com foco na produção de calçados e moda é o SICC - Salão Internacional do Couro e do Calçado (SEBRAE, 2016).

f) SINCASJB – o Sindicado das Indústrias de Calçados de São João Batista nasceu da necessidade do fortalecimento das empresas calçadistas da região, e por meio da parceria criada pelo Sebrae e pela Apex foi desenvolvido o projeto de Arranjo de Produção Local. Pelo fato de ser uma entidade de grande amparo institucional, o sindicato promoveu a inserção do Senai e do Sebrae como forma de auxilio e integração dos arranjos demonstrando com isso sua importância e expandindo a capacidade das indústrias.

2.4 POLÍTICAS DE RESTRIÇÃO AO COMÉRCIO DE CALÇADOS

Antes de analisar as medidas antidumping, é importante definir o que é dumping? Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC, 2016),

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quando uma empresa exporta para o Brasil um produto a preço (preço de exportação) inferior àquele que pratica para o produto similar nas vendas para o seu mercado interno (valor normal). Desta forma, a diferenciação de preços já é por si só considerada como prática desleal de comércio.

De acordo com as normas da OMC (2016), as medidas antidumping se subdividem em provisórias e definitivas. As provisórias são aquelas em que só podem ser instauradas após 60 dias da data de inicio das investigações, e as definitivas poderão também ser cobradas de maneira retroativa para abranger importações cuja data de conhecimento de embarque anteceda em até 90 dias a aplicação de direitos provisórios. A economia de escala, a diferenciação do produto são algumas das formas de barreira à entrada, no caso de rivalidade entre produtos semelhantes o preço é uma das estratégias utilizadas para ganhar mercado consumidor.

Existem várias medidas de proteção aos bens, serviços ou aqueles de propriedade intelectual além da medida a prática do dumping, temos as medidas não tarifárias, as salvaguardas, as medidas sanitárias e fitossanitárias dentre outras. Com base nisso, o World Trade Organization (WTO, 2015), apresentou 5 casos de países que possuem disputas comerciais com relação ao calçado, sendo um dos países a Argentina que em 1998 queixa-se, impondo medidas de proteção à importação de calçados vindos da Comunidade Europeia, e em abril do mesmo ano contra a Indonésia e em março do ano seguinte solicitou uma medida relativa à importação de calçados originados dos Estados Unidos. Os dois últimos casos ocorreram em 2010 a pedido da União Europeia, agora uma medida anti-dumping contra um determinado tipo de calçado chinês, e em 2013 a Colômbia solicita medida relativa aos têxteis, vestuário e calçados vindos do Panamá.

O setor calçadista como os demais setores sofrem com a concorrência dos países e as barreiras à entrada de produtos surgem como meio de impedir que a produção nacional seja atingida, e uma das formas de diminuir é diferenciando o produto, e atribuindo ao produto final valor agregado, além de produzir em maiores quantidades a um custo reduzido. Estas são algumas das formas de passar os concorrentes, porém não são 100% eficazes, pois exige investimentos em tecnologias novas, em design e no marketing, aprimoramento da cadeia produtiva entre outros fatores, e tudo isso leva tempo. Assim, é importante salientar que as estratégias que as indústrias desenvolvem têm de ser bem elaboradas, por que com isso as empresas estarão mais “preparadas” em parte para competir com os outros países.

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2.5 EFEITOS DA AGLOMERAÇÃO: CASO DE ARRANJO PRODUTIVO LOCAL

Aqui serão descritos os conceitos de Arranjo Produtivo Local, Distritos industriais e Clusters, o ciclo de vida das empresas, e os efeitos dos arranjos de uma maneira geral se considerarmos os diferentes arranjos calçadistas do Brasil.

2.5.1 Definição e efeitos do Arranjo Produtivo Local

A definição de Arranjo produtivo local (APL) de maneira geral, é que eles são formados por um conjunto de atores econômicos, políticos e sociais, estando estes concentrados geograficamente, tendo como característica uma cadeia produtiva especializada e com grande cooperação entre os diversos agentes. Já os Distritos Industriais são definidos como sendo aglomerações de empresas, especialmente de pequeno e médio porte concentradas geograficamente, com elevada especialização e forte divisão do trabalho além de serem interdependentes.

As empresas nos distritos atuam tanto de forma horizontal quanto vertical, esse tipo de aglomeração possibilita que as indústrias elevem sua produção a um custo reduzido. Outro conceito para designar as aglomerações produtivas é o cluster, o cluster é uma palavra de língua inglesa que significa arranjo produtivo local que para Porter (1999, p.211), é definido como sendo “um agrupamento geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa determinada área vinculada por elementos comuns e complementares”.

São muitas as definições para APL ou cluster ou distrito industrial, porém a grande maioria define de maneira objetiva que um arranjo produtivo é a concentração de empresas, as quais se unem com um objetivo comum que pode ser o aumento da produtividade, o espaço no mercado, a lucratividade, a diminuição dos custos, com isso entende-se que muitos são os benefícios, mas antes de falar desses objetivos, falaremos na Figura 2 a respeito do ciclo da vida desses arranjos, pois é importante entender como que o APL é formado.

Vale salientar que, apesar de os arranjos possuírem objetivos comuns, eles não são iguais, cada arranjo é “focado” para uma determinada área do mercado e a fusão deles é uma maneira de atingir esse mercado. As empresas antes e depois de entrar no mercado passam por várias etapas, primeiro analisa-se a proposta a ser elaborada, os recursos a serem utilizados, o total dos investidos, os custos e receitas que sejam gerados, e em seguida é onde

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ocorre a “aceitação do produto”, visto de outra maneira um lugar no mercado, e logo depois é aprimorado o produto conforme vão mudando os gostos dos clientes.

A Figura 2 demonstra como as empresas iniciam suas atividades, observa-se que na primeira etapa, há um pequeno número de empresas independentes que vão surgindo, mas sem nenhuma relação com as demais. Já na segunda etapa, que é o arranjo emergente tem-se a formação de inter empresas e de concentrações industriais, enquanto que na terceira etapa esta relação está mais evidente, pois aumentam as ligações inter empresas e inter redes. Na última etapa o arranjo demonstra forte ligação inter e intra empresarial, as indústrias estão cada vez mais concentradas e atuando em cooperação.

Figura 2 - Ciclo da vida e tipologia dos arranjos.

Fonte: Elaboração própria (Adaptado)

Dados: EURADA, 1999, apud SRI International e CASAROTTO et al., 2001.

Existem arranjos de produto local no Brasil nos diferentes setores. Como o objeto de estudo é a indústria calçadista destaca-se que esse APL é marcado pela concentração geográfica de empresas as quais se unem para elevar seus ganhos, produtividade e cooperação e inter-relação entre os diferentes agentes da cadeia produtiva. As indústrias calçadistas em sua maioria utilizam como material o couro para confecção dos calçados e estes possuem muitos resíduos poluentes; comparativamente no caso do APL catarinense, as empresas utilizam na confecção material sintético, menos poluente, mas ainda assim geram resíduos.

Pré-arranjo - Número reduzido de empresas; - Independentes; e - Sem relação. Arranjo emergente - Inter empresas; e - Concentração industrial. Arranjo em expansão

- Aumento das ligações Inter empresas e Inter redes. Arranjo ascendente - Forte processo de ligação inter empresas; e - Massa crítica.

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3 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR CALÇADISTA NO BRASIL

A indústria calçadista possui participação em todos os estados brasileiros, e produz em torno de 880 milhões de pares por ano. Parte vai para exportação o que gera cerca de R$ 1 bilhão em receita anual e a outra parte é destinada ao consumo interno. Com base nos dados do RAIS (2016), no Brasil o número de empresas no ano de 2015 chegou 7.980 mil empresas. O setor calçadista é constituído basicamente de empresas de pequeno e médio porte, já as empresas de grande porte estão localizadas principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo.

A modernização do setor é por etapas, dada à característica descontínua do processo de produção e as fases de costura e montagem de calçados de couro ainda são bastante artesanais, demandando muita habilidade e mão-de-obra e, com isso, limitando o processo de automação, mas facilitando e contribuindo para a entrada de microempresas para suprir essa necessidade. Apesar da importância da qualidade, do design e dos prazos de entrega, cabe destacar que nesse setor o custo da mão-de-obra ainda constitui fator primordial como determinante da competitividade.

Como principais países produtores, o Brasil ocupa a 3° posição, ficando atrás da China e da Índia. Em termos de exportações, em volume ocupa a 14° posição e em exportações em dólar fica na 18° posição, o que expressa às dificuldades que o Brasil enfrenta com o mercado externo (ABICALÇADOS, 2016). Parcela considerável das empresas calçadistas se especializa na fabricação de partes do calçado e a outra parcela na fabricação do calçado de diferentes materiais, entende-se que pode existir cooperação entre os diversos agentes da cadeia produtiva.

As inovações no processo produtivo estão mais evidentes, integrando principalmente as máquinas e os equipamentos necessários à produção, além disso, por meio do design assistido por computador (CAD) e pela manufatura assistida pelo computador (CAM), as etapas de produção de calçados tornaram-se mais precisas e rápidas. Os processos estão mais sofisticados e cada vez mais está se inovando, a utilização de ferramentas as quais possibilitam a redução de custos e melhor qualidade do produto final, através de novas técnicas como o sistema Just-in-time, Kanban e pelo controle da qualidade, o processo torna-se “transparente”, tendo a possibilidade de efetuar ajustes quando necessário, e continuar aperfeiçoando para aumentar a produtividade.

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Gráfico 1 – Evolução da produção e do consumo aparente no Brasil (2010-2015).

Fonte: Elaboração própria. Dados: IEMI, 2010-2015.

Conforme consulta no IEMI (2015), o Gráfico 1 apresenta a evolução da produção e do consumo de calçados brasileiros, é possível observar que produção se manteve constante durante o período de 2010 a 2015 e o consumo interno se elevou principalmente nos anos de 2013 e 2014. Percebe-se que o consumo brasileiro é alto apesar das pequenas quedas, o brasileiro consome grande quantidade de calçados, sendo as mulheres detentoras de parcela considerável desse mercado. A competitividade que o setor calçadista tem no mercado internacional pode estar relacionada em boa parte ao tipo de material utilizado na confecção do calçado, diminuição nos custos, preços baixos e mais acessíveis, qualidade dos materiais, alteração do público, além da taxa de câmbio as quais propicia maiores aumentos (diminuições) da produção calçadista dependendo do caso, para tanto as indústrias tem que saber diferenciar seu produto a fim de chamar a atenção dos consumidores e dos empreendedores internacionais.

3.1 APL CALÇADISTA SANTA CATARINA: LOCALIZAÇÃO E

CARACTERIZAÇÃO

Cada município, cada estado do Brasil possui características sociais, econômicas e tecnológicas. Tais fatores e a dotação dos recursos devem determinar as vantagens competitivas de cada um. As empresas calçadistas estão dispersas regionalmente por Santa Catarina, ao todo são 278 empresas calçadistas, contudo as principais estão nos municípios de

0 200.000 400.000 600.000 800.000 1.000.000 1.200.000 1.400.000 1.600.000 2010 2011 2012 2013 2014 2015 M ilh õ e s d e p ar e s Anos

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São João Batista e Nova Trento – localizados no Vale do Rio Tijucas – no município de Caçador, no meio oeste catarinense, e no extremo sul temos Sombrio, ainda no leste temos Brusque e ainda o município de Araranguá detém empresas para a confecção dos calçados, porém não há dados para exportação.

As empresas as quais integram a indústria calçadista são regionalmente concentradas, os fornecedores, as instituições, os ateliês que compõem a cadeia produtiva do calçado atuam em cooperação. A produção de calçados de Santa Catarina está centrada principalmente na microrregião de Tijucas, as quais englobam os municípios de Angelina, Canelinha, Leoberto Leal, Major Gercino, Nova Trento, São João Batista e Tijucas. O município de destaque é São João Batista, onde este fundado em 1834 tornando-se município em julho de 1958, depois que se desmembrou de Tijucas, após o fechamento da usina de cana-de-açúcar surge à indústria de calçados. O calçado tornou-se a especialidade do município, a partir daí deu-se origem a pequenas empresas do setor e aos poucos os empresários perceberam uma grande oportunidade, e começa a investir, o município é focado mais para o público feminino, entendendo-se que é mais compra, e calçados infantis, e ainda é considerado o 4° principal polo calçadista, São João Batista representa o estado catarinense em termos de produção e geração de emprego vindo das fábricas calçadistas.

Outro munícipio com participação é Nova Trento localizado 8.5 km de São João Batista, atua nas indústrias calçadistas, porém com uma quantidade menor de estabelecimentos do que o principal pólo, e com uma participação nas exportações um pouco maior. É importante destacar que o município investe em fabricas fora do estado, um exemplo é a empresa da marca Lia Line localizada no estado Baiano, acredita-se que o intuito é buscar novos mercados e crescer suas vendas no norte e nordeste do Brasil.

Conforme consulta realizada no Aliceweb, fazendo uma análise das exportações de 2010 a 2015, os municípios de Angelina, Leoberto Leal e Major Gercino não apresentaram nenhuma participação nas exportações de calçados catarinenses. Todavia dados obtidos no RAIS mostram que Canelinha não tem empresas produtoras de calçados, mas sim empresas as quais fabricam partes do calçado de qualquer material, destas totalizando 206 empresas no período de 2011 a 2015, enquanto que Major Gercino possui empresas e cujo diferencial é a produção de calçados de couro, já o município de Leoberto Leal não apresenta nenhum dado.

Esta seção representa onde que estão localizados os arranjos de produção local, e quais municípios integram a cadeia produtiva calçadista, além de participar a nível nacional e internacional. Destacando que o principal município produtor de calçados é São João Batista, porém Nova Trento está crescendo e instalando fábricas em outros estados com intuito de

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aumentar a produtividade e expandir suas empresas, como mencionado no parágrafo anterior. É certo que quase todas as empresas de SJB são de origem familiar, passados de uma geração para outra, algumas focam somente na confecção dos calçados para assim atuarem como fornecedoras de insumos para as empresas que realmente fabricam o calçado, o que demonstra a cooperação e integração entre os diversos agentes da cadeia produtiva.

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4. APLs DE CALÇADOS E EXPORTAÇÃO: OS CASOS DO BRASIL, SANTA CATARINA E DO VALE DO RIO TIJUCAS

Na seção 4.1 será apresentada a estrutura do setor calçadista no Brasil, em Santa Catarina e do arranjo produtivo do Vale do Rio Tijucas. Já na seção 4.3 e na subseção 4.3.1 será analisado o desempenho das exportações no Brasil e em Santa Catarina, seguindo a análise por APL calçadista. E nas seções 4.3.2 e 4.3.3 serão apontados os principais países de destino e os principais calçados exportados, respectivamente.

4.1 ESTRUTURA DO SETOR CALÇADISTA NO BRASIL E SANTA CATARINA

Na década de 1970, o Brasil consolidou-se como importante fornecedor de calçados para o mercado internacional, período em que o produto conquistou participação na pauta das exportações nacionais. O modelo de exportação brasileiro baseava-se em calçados de baixo custo, comercializados por meio de intermediários internacionais os chamados traders3, os quais delegavam às fábricas brasileiras a responsabilidade de produzir segundo especificações baseadas em modelos desenvolvidos no exterior (GUIDOLIN; COSTA; ROCHA, 2009).

Existem empresas calçadistas na maioria dos estados brasileiros, contudo a produção é concentrada somente em algumas regiões, as quais costumam se especializar em determinado segmento, seja a produção de calçados infantis, femininos e/ou masculinos. A partir da Tabela 3 é possível ver que o estado do Rio Grande do Sul é o que possui o maior número de empresas calçadistas, pois não seria o contrário já que é considerado o maior arranjo produtivo do país, porém observa-se que o número de empresas caiu 9% em 2015 quando comparado com 2014, já em São Paulo o 2° colocado em total de empresas à queda foi de 6,3%, se considerarmos seus principais arranjos nota-se que a queda atingiu mais as empresas de Franca do que de Jaú e Birigui. Para o estado de Minas Gerais a situação não foi diferente, a queda foi à mesma que o estado paulista, e no Ceará foi ainda maior o número de empresas passou de 331 para 306 empresas, apesar isso o arranjo de Cariri localizada no estado do Ceará foi a 4° colocada que mais exportou em 2015, atrás do Rio Grande do Sul. Grande parte da sua produção é destinada ao público feminino com destaque para sandálias de material sintético e plástico, e a outra parte vai para os calçados masculinos e infantis.

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Tabela 3– Número de estabelecimentos na fabricação de calçados no Brasil (2014-2015).

ESTADOS ANO VARIAÇÃO 2014-2015

(%)

2014 2015

Rio Grande do Sul 2.989 2.720 -9,0

São Paulo 2.656 2.403 -6,3 Minas Gerais 1.307 1.225 -6,3 Ceará 331 306 -7,6 Santa Catarina 311 278 -10,6 Bahia 116 110 -5,2 Outros 767 711 -7,3 Total 8.386 7.753 -7,5

Fonte: MTE/RAIS; ABICALÇADOS, 2014-2015.

O estado de Santa Catarina ocupando a 6° posição obteve a maior queda comparativamente com os demais estados, e um dos motivos para isso foi os problemas econômicos, porém isso não acabou afetando muito as exportações que tiveram queda de 0,59%. O último estado a se destacar foi o da Bahia, contudo os dados não foram tão animadores como os demais, é analisado que o número de empresas caiu e muito, o que acabou refletindo em queda no número de empregos. Segundo relatório setorial da Abicalçados (2016), a queda no emprego foi evidenciada principalmente no estado Rio Grandense chegando a quase 34%, e a pior queda apresentada foi de 2,4% em Santa Catarina, porém isso não impediu que o estado obtivesse ganhos com as exportações.

Vale destacar que os dados da Tabela 3 são das empresas associadas à Abicalçados, conforme mencionado no capítulo 3 o setor possui um total de 7.980 empresas calçadistas no Brasil. Destaca-se que em Santa Catarina tem todas as suas empresas associadas à entidade, enquanto que os demais estados apresentados não são todas.

4.2 ESTRUTURA DO ARRANJO DO VALE DO RIO TIJUCAS

A microrregião de Tijucas, conforme a Figura 6 é onde se localiza o município responsável pela concentração das indústrias calçadistas no estado de Santa Catarina que é São João Batista e este conta com uma população estimada atualmente de 33.897 habitantes e fica localizado a cerca de 77 quilômetros de Florianópolis, capital de Santa Catarina. Na microrregião localizam-se os municípios de Nova Trento com uma população estimada de 13.861 habitantes e correspondendo um PIB a preços correntes de 391.710 mil reais (2013), o município de Canelinha com população de quase 12 mil habitantes, de Tijucas, Major Gercino

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e Leoberto Leal com população de 36 mil, de quase 3,5 mil e 3 mil habitantes, respectivamente, as quais estão situados ao redor do Rio Tijucas (IBGE, 2016).

O município de Leoberto Leal não apresentou nenhum dado, os demais municípios foram constatados que há a fabricação do calçado e partes dele, indicando a existência do arranjo de produção local, mas tendo ênfase nos municípios de Canelinha, Major Gercino, Nova Trento, São João Batista e Tijucas, na qual juntos somam 181 empresas calçadistas no total por tamanho de estabelecimento. O número de trabalhadores das empresas calçadistas da microrregião é de 4.980 empregados destes, 4.588 empregados pertencem ao arranjo produtivo das regiões de São João Batista e Nova Trento.

Figura 3- Localização das áreas de produção de calçados em Santa Catarina, 2016.

Fonte: SEABRA; LINS; CARIO, 2016.

Vale mencionar que a produção do município de SJB é voltada para o público feminino e infantil, pelo número de empresas de couro acredita-se que a produção de couro seja maior que as demais, contudo conforme dados da Aliceweb, de 2005 a 2015 os materiais sintéticos (NCM 6402) passaram a ser utilizados na fabricação dos calçados, com foco no público feminino as empresas calçadistas investem pesado nas marcas em termos de qualidade e conforto, pois entende-se que esse público é o mais exigente. Para tanto, não se encontra no arranjo, a produção para o público masculino, sendo que os principais calçados produzidos são os saltos, botas, sandálias entre outros.

Referências

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