• Nenhum resultado encontrado

Oficinas de estimulação cognitiva em idosos analfabetos com transtorno cognitivo leve

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Oficinas de estimulação cognitiva em idosos analfabetos com transtorno cognitivo leve"

Copied!
149
0
0

Texto

(1)

Stricto Sensu em Gerontologia

Trabalho de Conclusão de Curso

OFICINAS DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA EM IDOSOS

ANALFABETOS COM TRANSTORNO COGNITIVO LEVE.

Brasília - DF

2010

(2)

IZABEL BORGES DOS SANTOS

OFICINAS DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA EM IDOSOS ANALFABETOS COM TRANSTORNO COGNITIVO LEVE.

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia.

Orientadora: Dra. Lucy Gomes Vianna.

(3)

Ficha elaborada pela Biblioteca da Universidade Católica de Brasília - UCB

S237o Santos, Izabel Borges

Oficinas de estimulação cognitiva em idosos analfabetos com Transtorno Cognitivo Leve / Izabel Borges Santos. – 2010.

148 f. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2010.

Orientação: Lucy Gomes Vianna

1. Idosos – Analfabetismo. 2. Cognição. 3. Memória. I. Vianna, Lucy Gomes, orient. II.Título.

(4)

Dissertação de autoria de Izabel Borges dos Santos, intitulada “Oficinas de estimulação cognitiva em idosos analfabetos com Transtorno Cognitivo Leve”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, em 24 de Junho de 2010, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

____________________________________________________ Profª Dra. Lucy Gomes Vianna

Orientador

Universidade Católica de Brasília - UCB

____________________________________________________ Prof º Dr. Vicente de Paula Faleiros

Universidade Católica de Brasília - UCB

____________________________________________________ Prof º Dra. Claudia Cristina Fukuda

Universidade Católica de Brasília - UCB

____________________________________________________ Prof º Dra. Carmen Jansen Cardenas

Suplente

Universidade Católica de Brasília - UCB

(5)

Dedicatória

(6)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus... que está sempre ao meu lado dando-me força e iluminando-me. Agradecer neste momento é entender a dádiva de Deus. É uma forma de consolidar a importância das relações construídas ao longo de uma história de vida, onde muitas pessoas me foram presenteadas, fazendo parte de uma construção. São seres preciosos que na minha vivência e memória permanecerão.

A todo o corpo docente do programa de Pós Graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, que compartilhou o seu saber. A meus colegas de mestrado, pelos momentos inesquecíveis que dividimos angústias, alegrias e crescimento.

A todos idosos desta pesquisa, participantes dos grupos que se comprometeram com a construção de um trabalho, que sempre estiveram disponíveis e mais que isto, felizes por estarem colaborando.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal que me proporcionou a liberação parcial de minha carga horária de trabalho, dando-me oportunidade de crescer como profissional e ser um agente na transformação junto aos outros profissionais e na atuação politizada e direcionada em prol da população idosa.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Ao meu esposo, Laudival Mizael e aos filhos Fernando e Vinícius, que como fonte de vida estão sempre ao meu lado, mostrando a cada instante, que o amor não se acaba com o passar dos anos ou da distância... gloriosamente se multiplica.

A meus queridos pais, Adelaudio () e Olga, por serem exemplos de força, dignidade e honestidade e o forte elo intergeracional.

A querida orientadora Prof. Dra. Lucy Gomes, que com muito carisma, respeito e firmeza soube direcionar e estimular o prosseguimento de cada fase da dissertação.

Por fim, as minhas amigas Neuza Matos, Maria Sueli e Márcia Araújo. “Quem tem um amigo

tem um tesouro” (Saint Exupery). De fato, minha vida é privilegiada com tesouros diferentes e especialmente preciosos. Neuza, que me incentivou e de maneira incondicional me ajudou em todas as etapas desta caminhada e através das nossas vivências fez brilhar o meu olhar na velhice. Sueli, fiel, companheira, um exemplo de perseverança. Márcia, sempre humana e sensível ao próximo.

(7)

“ Que rosto lindo eu vi hoje, rugoso,

Tão fascinante qual o duma criança! Continha o mesmo brilho radioso

(...) É como se o amanhã unisse o dia d' ontem É como se o amanhã fosse a nossa essência! (...) Pois, uma ruga é prêmio incontestável.”

(8)

RESUMO

SANTOS, Izabel Borges. Oficinas de estimulação cognitiva em idosos analfabetos com Transtorno Cognitivo Leve. 2010. 148 p. Dissertação de Mestrado em Gerontologia pela Universidade Católica de Brasília, Brasília - Distrito Federal, 2010.

Introdução: As oficinas de Estimulação Cognitiva para idosos analfabetos com Transtorno Cognitivo Leve é tema pouco explorado no Brasil. Objetivos: Analisar o desempenho cognitivo de indivíduos idosos analfabetos com diagnóstico de Transtorno Cognitivo Leve (TCL) antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de Estimulação Cognitiva, adaptadas para uso em indivíduos analfabetos; determinar o perfil sócio-econômico-demógraficos desses idosos; verificar a percepção dos idosos sobre sua memória e identificar os benefícios e contribuições das Oficinas na percepção dos idosos. Material e Método: Trata-se de pesquisa social quantiqualitativa, utilizando o método de pesquisa-ação A amostra foi composta por 63 idosos (≥ 60anos) analfabetos com TCL, sendo 22 no Grupo

Experimental (GE), que participaram das 10 Oficinas de Estimulação Cognitiva; Grupo Controle 1 (GC1), com 21 idosos, que tiveram 10 palestras sobre a saúde; e Grupo Controle 2 (GC2), com 20 idosos, nos quais não foi aplicada intervenção alguma. Foram feitos os seguintes testes: Miniexame do Estado Mental (MEEM), Memória de Lista de Palavras (MLP), Fluência Verbal (FV) e Teste Computadorizado de Atenção Visual (TCA). A análise dos dados foi do programa SPSS, Skewness, teste qui quadrado e método de Bardin.

Resultados: Os idosos estudados tinham idade média de 72,8 ± 7,16 anos, sendo 92% do sexo feminino, do lar, viúvos ou casados, sem aposentadoria própria e com renda média de um salário mínimo. 82% dos idosos relataram piora da memória ao longo do último ano, havendo uma mudança significativa de sua percepção de forma positiva após participação nas dez oficinas e palestras (GE e GC1, respectivamente). Nos três grupos, os comentários dos idosos sobre sua memória no pré-teste foram feitos de forma simples e pessimista. No pós-teste, os participantes dos GC1 e GC2 mantiveram os mesmos esquecimentos, enquanto os do GE se destacaram nas categorias: melhora na cognição, socialização/integração, mudança nas atividades de vida diária e satisfação com as oficinas. Os idosos do GE obtiveram maior escore no MEEM, significativamente maior que os do GC2. Os idosos do GE obtiveram significativamente maiores escores no item atenção e cálculo do MEEM, no teste de MLP e no teste FV. No TCA, não surgiu diferença significativa entre os três grupos. Conclusão: As Oficinas oferecidas tiveram destaque na melhoria da cognição, da percepção positiva da memória e da funcionalidade do idoso em tarefas simples; geraram aprendizagem, socialização e integração, assim como diversão e satisfação. Intervir com oficinas ou palestras educativas em saúde obteve-se o mesmo efeito no MEEM. As oficinas foram eficazes na melhora da memória verbal de longo prazo e fluência verbal. Há necessidade de pesquisas a fim de mensurar o tempo de permanência dos benefícios encontrados.

(9)

ABSTRACT

SANTOS, Izabel Borges. Cognitive stimulation Workshops for elderly illiterate people with Mild Cognitive Impairment. 2010. 148 p. Dissertation in Gerontology from the Catholic University of Brasilia, Brasilia - Distrito Federal, 2010.

Introduction: The cognitive performance of elderly illiterate people with Mild Cognitive Impairment and stimulation Workshops is a subject little explored in Brazil. The objectives of this study were: To analyze the cognitive performance of elderly illiterate people with Mild Cognitive Impairment (MCI) before and after Workshops of adapted Cognitive Stimulation Games, determine the socio-economic-demographic profile, verify the perception of the elderly about their own memory and identify the benefits and contributions of the workshops on the perception of the elderly. Material and Methodology: quantitative and qualitative social research, using the action research methodology. The sample consisted of an Experimental Group (EG) n = 22 with 10 workshops, a Control Group 1 (CG1), n = 21 with lectures and a Control Group 2 (CG2), n = 20 without intervention. Tests: Mini-Mental State Examination (MMSE), Word List Memory task (WLM), Verbal Fluency (VF) and Computerized Visual Attention Test (CVAT). The analysis through SPSS, Skewness, chi square and method of Bardin Results: The 63 elderly were mostly young old (average age 72.8 ± 7,16 years old), female 92%, housewife, widowed or married, without their own retirement and with an average income of a minimum wage. The 82% elderly reported worsening of memory over a year and their perception changed positively after participating in the ten workshops and lectures (EG and CG1). Before the test, the elderly comments about their memory were simple and pessimistic. After the test, CG1 and CG2 maintained the same forgetfulness but EG stood out from the others in the following categories: improvement in cognition, socialization/integration, changes in the daily life activities and satisfaction with the workshops. The EG had a higher score on the MMSE, but was only significantly better than CG2. EG excelled in the item Attention and Calculation, from the MMSE, in the WLM and in the VF. In the CVAT there was no significant difference. Conclusion: These

workshops were important in improving cognition, positive perception of the memory and the elderly skills in simple tasks; they generated learning, socialization and integration, fun and satisfaction. The same effect on the MMSE was obtained with the intervention of workshops and educational lectures on health. The workshops were effective in improving long-term verbal memory and verbal fluency. The mnemonic difficulty persists in the EG and there is the necessity of carrying out further research in order to measure how long these benefits will continue.

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL na UMT-DF, estudados nos

três grupos, de acordo com a faixa etária... 60

Tabela 2 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, nos

três grupos, de acordo com o estado civil... 62

Tabela 3 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos estudados com TCL na UMT-DF, de

acordo com a renda econômica... 63

Tabela 4 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, de

acordo com aposentadoria, pensão e BPC... 64

Tabela 5 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, de

acordo com a profissão/ocupação... 66

Tabela 6 - Relação intergrupos nas respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?”

nos pré e pós-testes, em 63 idosos analfabetos com TCL, UMT-DF... 75

Tabela 7 - Relação intergrupos nas respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos outros?” nos pré e pós- testes, em 63 idosos analfabetos

com TCL, UMT-DF... 76

Tabela 8 - Análise dos itens do MEEM, pré e pós-testes, nos 63 idosos analfabetos com

TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF... 89

Tabela 9 - Análise das etapas do Teste de Memória de Lista de Palavras, nos pré e

(11)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL na UMT-DF, de acordo com a moradia e o arranjo familiar... 67

Gráfico 2 - Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?”, no pré e pós oficinas

de 22 idosos analfabetos com TCL do GE, UMT-DF... 69

Gráfico 3 - Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos

outros?” no pré e pós oficinas de 22 idosos analfabetos com TCL do GE, UMT-DF... 70

Gráfico 4 - Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” no pré e pós palestras de 21 idosos analfabetos com TCL do GC1, UMT-DF... 71

Gráfico 5 - Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos

outros?” no pré e pós palestras de 21 idosos analfabetos com TCL do GC1, UMT-DF... 72

Gráfico 6 - Respostas à pergunta “Como está sua memória hoje?” no período

correspondente aos pré e pós-testes, em 20 idosos analfabetos com TCL do GC2, UMT-DF... 73

Gráfico 7 - Respostas à pergunta “Você acredita que sua memória é pior do que a dos

outros?” no período correspondente aos pré e pós-testes, em 20 idosos analfabetos com TCL do GC2, UMT-DF... 74

Gráfico 8 - Escore geral do MEEM, pré e pós testes, nos GE, GC 1 e GC2, nos 63 idosos analfabetos com TCL, UMT-DF... 88

Gráfico 9 - Escore geral da Memória de Lista de Palavras, nos pré e pós-testes, nos 63 idosos analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF... 91

Gráfico 10 - Escore geral da Fluência Verbal, nos pré e pós-testes, em 63 idosos analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF... 94

Gráfico 11 - Variabilidade do tempo de reação visual (milissegundos), nos pré e pós-testes, nos 63 idosos analfabetos com TCL nos GE, GC1 e GC2, UMT-DF... 96

Gráfico 12 - Percentual de acertivas emitidas nos pré e pós-testes, nos 63 idosos analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF... 96

Gráfico 13 - Percentual de Falsos Alarmes emitidas nos pré e pós-testes, nos 63 idosos analfabetos com TCL dos GE, GC1 e GC2, UMT-DF... 97

(12)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Experimental... 77

Quadro 2 -

Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Controle 1.. 77

Quadro 3 -

Resumo dos agrupamentos das categorias e subcategorias. Grupo Controle 2.. 77

Quadro 4 - Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GE sobre

seu estado mnemônico após as Oficinas de Estimulação Cognitiva, UMT-DF. 78

Quadro 5 - Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GC1

sobre seu estado mnemônico após as palestras, UMT-DF... 81

Quadro 6 - Categorização dos comentários dos idosos analfabetos com TCL no GC2

(13)

LISTA DE SIGLAS

AVDIs - Atividades Instrumentais de Vida Diária

AVDs - Atividades de vida diária

BCSB - Brief Cognitive Screening Battery

DA - Doença de Alzheimer

DCC - Declínio da Capacidade Cognitiva

EDG - Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage

FV - Teste de Fluência Verbal

GC1 - Grupo Controle 1

GC2 - Grupo Controle 2

GE - Grupo Experimental

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INAF - Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional

IQCODE - Informant Questionnaire of Cognitive Decline in the Elderly

MEEM - Miniexame do Estado Mental

NEUROPSI - Bateria Neuropsicológica Abreviada

QPAF - Questionário Pfeffer de Avaliação Funcional

TCA - Teste Computadorizado da Atenção Visual

TCL - Transtorno Cognitivo Leve

TCM - Teste Computadorizado da Memória

TEVA - Testes de Variáveis de Atenção Visual

TRD - Teste do Desenho do Relógio

UMT-DF - Unidade Mista de Taguatinga - Distrito Federal

UNESCO - United Nations Educational Scientific and Culture Organization

(14)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 15

1.1 JUSTIFICATIVA... 17

1.2 OBJETIVOS... 20

1.2.1 Objetivo geral... 20

1.2.2 Objetivos específicos... 20

1.3 HIPÓTESE... 21

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 22

2.1 ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS RELACIONADAS À COGNIÇÃO... 22

2.2 ANALFABETISMO NA VELHICE: UMA REALIDADE NO BRASIL... 27

2.3 TRANSTORNO COGNITIVO LEVE... 30

2.4 FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA NO IDOSO... 32

2.5 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA E SUA REPERCUSSÃO NA VELHICE... 37

2.6 TESTES DE AVALIAÇÃO COGNITIVA... 40

2.6.1 Miniexame do Estado Mental (MEEM)... 42

2.6.2 Teste de Memória de Lista de Palavras... 43

2.6.3

Teste de Memória de Figuras ...

43

2.6.4 Teste de Fluência Verbal... 44

2.6.5 Teste do Desenho do Relógio (TRD)... 45

2.6.6 Escala de Katz: Atividades de Vida Diária (AVDs)... 45

2.6.7 Atividades Instrumentis de Vida Diária (AIVDs)... 46

2.6.8 Teste Computadorizado da Memória (TCM) e Teste Computadorizado da Atenção Visual (TCA)... 46

2.6.9 Questionário PFEFFER de Avaliação Funcional (QPAF)... 47

2.6.10 Informant Questionnaire of Cognitive Decline in the Elderly (IQCODE)... 48

3 MATERIAIS E MÉTODOS... 49

3.1 TIPO DE PESQUISA... 49

3.2 CUIDADOS ÉTICOS... 50

3.3 PARTICIPANTES ... 50

3.4 LOCAL DAS OFICINAS, PALESTRAS E DOS TESTES... 52

3.5 OFICINAS... 52

3.6 PALESTRAS... 56

3.7 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS... 56

3.8 ANÁLISE DOS DADOS... 58

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 59

4.1 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS SÓCIO-ECONÔMICO-DEMOGRÁFICOS... 59

4.1.1 Histórico da Unidade Mista de Taguatinga – Distrito Federal... 59

4.1.2 Caracterização da amostra... 59

4.1.3 Faixa etária... 60

4.1.4 Faixa sexo... 61

4.1.5 Estado civil... 61

4.1.6 Renda econômica... 62

(15)

4.1.8 Profissão/ocupação... 64

4.1.9 Moradia e arranjo familiar... 66

4.2 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO QUANTO A PERCEPÇÃO DA MEMÓRIA... 68

4.2.1 Grupo Experimental... 68

4.2.2 Grupo Controle 1... 71

4.2.3

Grupo Controle 2...

73

4.2.4 Análise geral da percepção da memória atual e em relação à memória dos outros... 75

4.3 COMENTÁRIO DOS IDOSOS SOBRE SEU ESTADO MNEMÔNICO PRÉ E PÓS OFICINAS... 77

4.4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS TESTES APLICADOS... 88

4.4.1 Miniexame do Estado Mental (MEEM)... 88

4.4.2 Memória de Lista de Palavras... 90

4.4.3 Fluência Verbal... 93

4.4.4 Teste Computadorizado de Atenção Visual... 95

5 CONCLUSÕES... 100

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...

103

APÊNDICE... 118

APÊNDICE A - Cronograma de Atividades das Oficinas de Estimulação Cognitiva através de Jogos e Brincadeiras Adaptadas para Idosos Analfabetos... 118

APÊNDICE B - Cronograma das Palestras de Educação em Saúde para Idosos Analfabetos - Grupo Controle 1... 119

APÊNDICE C - Estratégias de Estimulação Cognitiva para Idosos Analfabetos-Tarefa de Casa - Grupo Experimental... 120

APÊNDICE D - Comentários dos Idosos sobre Estado Mnemônico - Grupo Experimental, Controle 1 e 2... 121

APÊNDICE E - Oficinas de Jogos e Brincadeiras Adaptadas para Idosos Analfabetos... 130

ANEXOS... 144

ANEXO I - Aprovação do Comitê de Ética da FEPECS... 144

ANEXO II - Cronograma de Atividades da Pesquisa... 145

ANEXO III - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido... 146

(16)

1 INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento é fase marcada por mudanças profundas que podem culminar em doenças e incapacidades de naturezas diversas. Sabe-se hoje que certos déficits de memória fazem parte do envelhecimento saudável (YASSUDA et al., 2006).

Na velhice, frequentemente ocorrem alterações em diferentes áreas da cognição, envolvendo atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. Indivíduos com idade igual ou acima de 60 anos geralmente se queixam de dificuldades com a memória e outras habilidades cognitivas, especialmente quando comparam seu desempenho atual com o apresentado no passado. Além das dificuldades em armazenar informações e resgatá-las, referem ainda prejuízo ocupacional e social. Diante dessas alterações decorrentes da idade, ocorre autoabandono, perda da autoestima, isolamento da sociedade e mesmo do ambiente familiar (SOUZA; CHAVES, 2005; AVILA; BOTTINO, 2006).

Há interesse crescente em manter e até aumentar a capacidade cerebral dos idosos, proporcionando estratégias concretas para mantê-los aptos e flexíveis (LAWRENCE, 2000). Independente da relevante preocupação com o possível progresso do declínio cognitivo fisiológico para a demência, as queixas subjetivas que os idosos apresentam a respeito de seu desempenho mnemônico são reais e devem ser acolhidas.

Atualmente, o idoso tem dificuldade para se adaptar às exigências do mundo moderno. Isso se deve, em parte, à deficiência educacional dessa geração, que viveu uma época na qual freqüentar a escola era privilégio de poucos. Por esse motivo, ocorre alto índice de analfabetismo nesse grupo etário, atingindo 5,1 milhões no Brasil. Existe ainda o analfabetismo funcional, que abarca os indivíduos com menos de 4 anos de estudo. Segundo IBGE (2000), 59,4% dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil são analfabetos funcionais (IBGE, 2000).

(17)

envelhecimento. Posteriormente, distinguiram-se os modelos de memória, bem como o funcionamento e a combinação de subsistemas relatados por diversos autores. Na sequência, destacou-se a estimulação cognitiva como estratégia de ativação das funções cognitivas e prevenção de declínios cognitivos, bem como a melhora na qualidade de vida. Por último, abordou-se os instrumentos de avaliação cognitiva/funcional que colaboram na avaliação ampla do idoso, usados em ambientes especializados e de atenção à saúde do idoso, tanto em pesquisas nacionais quanto internacionais.

(18)

1.1 JUSTIFICATIVA

Nas últimas décadas, observou-se nítido envelhecimento demográfico e, como consequência dessa transição, envelhecimento da população mundial (SIQUEIRA, 2002). Esse fenômeno já é observado há algum tempo nos países desenvolvidos, mas ocorre agora de modo acelerado nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. É caracterizado, principalmente, pelos declínios das taxas de fecundidade e de mortalidade nas idades avançadas tendo, como consequência direta, mudança na estrutura etária da população (PEREIRA, 1995; HIGGS, 1997; CARVALHO; GARCIA, 2003).

Diversos estudos epidemiológicos fazem projeções que apontam para o aumento crescente e contínuo do número de idosos no Brasil. Atualmente são 15 milhões de indivíduos com 60 anos ou mais (8,6% da população) sendo que, em 2025 serão aproximadamente 34 milhões nessa faixa etária (dos quais 10,6% corresponderão a idosos com 80 anos e mais), o que colocará o Brasil na sexta posição com maior número de idosos no mundo (IBGE, 2000; SCHOUERI, 2000; SOUZA; CHAVES, 2005). Essa alteração demográfica deve-se também às atuais conquistas médico-tecnológicas que têm possibilitado a prevenção e cura de doenças que antes eram consideradas fatais (SOUZA; CHAVES, 2005).

Além do aumento no número de idosos, também há aumento da expectativa de vida, que atualmente é de 68,6 anos, sendo 2,5 anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020, a expectativa de vida no Brasil será de 70,3 anos (IBGE, 2000).

No Brasil, as mulheres vivem, em média, oito anos a mais do que os homens. As diferenças de expectativa de vida entre os gêneros levaram, como consequência, ao fato de que em 1991, as mulheres correspondiam a 54% da população de idosos, enquanto em 2000 passaram a 55,1%. Portanto, em 2000, para cada 100 mulheres idosas havia 81,6 homens idosos (IBGE, 2000).

Envelhecer é, portanto, processo natural que caracteriza etapa da vida do homem, ocorrendo com mudanças físicas, psicológicas e sociais que acometem de forma particular cada indivíduo com sobrevida prolongada. É a fase na qual, ponderando sobre a própria existência, o indivíduo idoso conclui que alcançou objetivos, mas que também sofreu perdas, entre as quais a saúde, que se destaca como um dos aspectos mais afetados (MENDES et al., 2005).

(19)

reagir de modo adaptativo, levando ao desenvolvimento de processos patológicos agudos e predominantemente crônicos. As alterações fisiológicas que provêm do envelhecimento orgânico predispõem ao surgimento de doenças crônico-degenerativas, as quais podem comprometer a capacidade funcional. Além disso, perdas neuronais podem iniciar processos demenciais que dificultam o autocuidado e geram perda da autonomia e da independência (SCHOUERI, 2000).

Os idosos apresentam mais problemas de saúde do que a população geral. Mais da metade dos idosos apresenta algum problema de saúde (53,3%), sendo 23,1% deles portadores de doenças crônicas (IBGE, 2000). Com o envelhecimento, são observadas alterações orgânicas e funcionais, decorrentes de mudanças nos mecanismos de homeostase que são controlados pelos sistemas imunológico, endócrino e nervoso, podendo levar a déficits leves em pessoas que envelhecem normalmente. Há indivíduos que experienciam menor declínio cognitivo que outros, sendo que essas diferenças individuais aumentam com o avançar da idade. Mudanças radicais na habilidade mental da pessoa idosa podem indicar comprometimento importante de sua saúde (KAWAS, 2003).

A função cognitiva é marcada por diferenças individuais consideráveis, podendo a perda da eficiência cognitiva ser frequentemente compensada. Uma das manifestações mais frequentes desse declínio são as alterações relacionadas com a memória (FERRARI, 1997). A literatura sugere que no envelhecimento saudável existe a possibilidade de compensação, pelo menos parcial, dos déficits cognitivos (BACKMAN, 1989; BALTES; BALTES, 1990; DUNLOSKY; HERTZOG, 1998). Segundo Yassuda (2006), pesquisas sobre intervenções cognitivas apontam para os treinos da cognição e da memória, que podem aumentar as habilidades cognitivas de idosos normais. Assim, o idoso saudável é capaz de aproximar seu desempenho atual do seu desempenho máximo possível, por apresentar plasticidade cognitiva.

Com o aumento da idade, existe tendência de ocorrerem declínios cognitivos e funcionais, condicionando diminuição da interação social e nas atividades físicas e de lazer, com conseqüente decréscimo na qualidade de vida e na expectativa de vida ativa dos idosos. Por isso, a implementação de programas de treino cognitivo é relevante tanto para a melhora e/ou manutenção das funções cognitivas quanto para manter boa qualidade de vida nos idosos (GALLO; SCHOEN; JONES, 2000).

(20)

treinos têm como objetivo maximizar as funções cognitivas e prevenir futuros declínios cognitivos. Intervenções cognitivas podem contribuir para a funcionalidade cognitiva do idoso, melhorando a qualidade de vida e o bem-estar psicológico (IRIGARAY, 2009).

Justifica-se, portanto, realização de oficinas de Estimulação Cognitiva através de jogos e brincadeiras adaptados para idosos analfabetos com diagnóstico de Transtorno Cognitivo Leve, verificando-se o seu desempenho cognitivo antes e após a realização dessas oficinas. Esta pesquisa foi realizada mediante atuação prática e multiprofissional em unidade de referência de atendimento à saúde do idoso, vislumbrando contribuir e disponibilizar assistência diferenciada na área da cognição, bem como melhoria na qualidade de vida dos idosos, de suas famílias e da sociedade.

(21)

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Analisar o desempenho cognitivo de indivíduos idosos analfabetos com diagnóstico de TCL antes e após a realização de Oficinas de Jogos e Brincadeiras de Estimulação Cognitiva, adaptadas para uso em indivíduos analfabetos.

1.2.2 Objetivos específicos

1. Determinar o perfil sócio-econômico-demográfico dos idosos analfabetos estudados. 2. Verificar a autopercepção dos idosos analfabetos sobre sua memória antes e após as

intervenções aplicadas.

3. Identificar a contribuição das Oficinas de Estimulação Cognitiva na percepção dos idosos analfabetos.

(22)

1.3 HIPÓTESE

(23)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ENVELHECIMENTO E ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS RELACIONADAS À COGNIÇÃO

Reconhecendo-se a relevância da temática idoso, nos dias atuais parte-se para o resgate histórico das discussões acerca do envelhecimento, bem como das alterações fisiológicas, dando-se ênfase às alterações cognitivas.

O envelhecimento e a busca da longevidade são preocupações que se destacaram em toda a história da humanidade. Na última década esse tema mereceu maior ênfase, seja por aumento da população de idosos seja pela redução gradativa da capacidade funcional desse grupo etário, o que traz para a sociedade a questão da inserção social desse segmento (PEIXOTO, 1998; PAPALÉO NETTO, 2007).

As concepções sobre velhice vêm sendo construídas ao longo do desenvolvimento da humanidade. Uma das primeiras representações gráficas do envelhecer, segundo Leme (2001,

p. 9), veio do Egito: “o hieróglifo que significa velho ou envelhecer, dos anos 2800-2700 a.C., que representa uma imagem humana deitada, com ideograma representativo de fraqueza

muscular e de perda óssea”.

Para os gregos antigos, conforme Araújo e Carvalho (2005), a vida humana se relaciona com o binômio matéria e energia. Cada pessoa possuía uma quantidade limitada de matéria e calor, para ser usada durante toda a vida. Com o passar dos anos, a matéria e o calor iam se dissipando. A velhice, portanto, era vista como a dissipação do calor até a total diminuição da reserva calorífica, ocorrendo então a morte.

Durante a idade média e até o século XVIII, os idosos eram pouco numerosos. A vida era muito árdua e aqueles que sobreviviam tinham que contar com a solidariedade da família ou com a caridade pública de senhores feudais e da igreja (ALBUQUERQUE, 2005). Nesse sentido, Mascaro (2004) comenta que a vida dos idosos continuou difícil no início do capitalismo e no século XIX durante a Revolução Industrial. O destino dos mesmos era depositado nas mãos das famílias que podiam tratá-los com benevolência, como também esquecê-los, abandonando-os em hospitais e asilos.

(24)

principalmente aos conhecimentos adquiridos por meio de estudos que se desenvolveram desde os pioneiros Metchnikoff e Nascher, em 1903 e em 1909, respectivamente, estabeleceram-se os fundamentos da gerontologia, estudo da velhice, e da geriatria (FREITAS et al., 2002). Segundo essa mesma autora, até o aparecimento do trabalho de Warren, na década de 30, a Gerontologia estava restrita aos aspectos biológicos do envelhecimento e da velhice, sendo mérito dessa pesquisadora delinear os primórdios da avaliação multidimensional e a importância da interdisciplinaridade.

Nas últimas décadas, de acordo com Camarano (2002), o crescimento da população idosa foi consequente a dois processos: alta fecundidade no passado, observada nas décadas de 50 e 60 e redução da mortalidade na população idosa.

O envelhecimento para Spirduso (2005) é concebido como uma experiência individual, tanto no aspecto de subjetividade como na perspectiva dos sistemas fisiológicos, com índices de envelhecimento e compensação diferentes. Este processo é marcado por conjunto de traços morfológicos, orgânicos e funcionais, agravados pelas doenças que acometem os idosos. A diferenciação entre o fisiológico e o patológico é difícil, pois esses fenômenos guardam estreita relação (CARVALHO FILHO, 1997; JACOB FILHO; SOUZA, 2000).

Segundo Vieira e Glashan (1996), as modificações que ocorrem nos diversos sistemas levam à redução da reserva funcional, que compromete a homeostasia e, consequentemente, a capacidade de adaptação às modificações do meio. Esses autores ressaltam, ainda, a necessidade de se conhecerem as principais alterações observadas no idoso, a fim de fazermos a distinção dos efeitos da senescência ou alterações da senilidade.

Canineu (1997) declarou ser o sistema nervoso o centro regulador e ferramenta indispensável para a manutenção da homeostase com o envelhecimento. Há alterações anatômicas e químicas no encéfalo e medula, como diminuição do volume celular. Essa perda é maior no córtex e menor no tronco cerebral, em que se localizam os centros reguladores da homeostase.

(25)

É preciso considerar a diminuição da reserva funcional dos indivíduos idosos, que somada aos anos de exposição a inúmeros fatores de risco, os tornam mais vulneráveis a doenças. Eles são geralmente portadores de múltiplas enfermidades crônicas e incapacitantes e, por isso, consumidores de grande parte dos recursos orçamentários destinados à saúde (LOPES, 2002; PAPALÉO, 2002; KAWAS, 2003).

Assim, a capacidade funcional surge como novo paradigma relevante para o idoso. A saúde, dentro dessa nova perspectiva, passa a ser resultado da interação das dimensões física, mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência econômica, podendo, qualquer dessas funções, afetarem a capacidade funcional do idoso (RAMOS, 2002; BRASIL, 2007).

Pesquisas atuais têm enfocado a memória, a atenção e os sistemas perceptivos, na tentativa de compreender os diferentes transtornos observados na clínica geriátrica. Os avanços neuroanatômicos e as medidas neuropsicológicas têm relacionado os sistemas neuronais e as funções cognitivo-comportamentais. A plasticidade cognitiva e neuronal estão presentes no curso de vida do adulto, havendo sua redução associada à idade (ABREU; TAMAI, 2006).

Segundo Baltes e Baltes (1990), o envelhecimento deve ser interpretado, de forma global, como associação entre ganhos e perdas, seguindo critério de otimização seletiva com compensação, mostrando a existência de plasticidade na velhice. Em conformidade com este referencial, Stern (2002) defende a idéia de que o indivíduo tem potencial cognitivo modificável, referindo-se à reserva cognitiva ou à habilidade do indivíduo para aperfeiçoar ou maximizar o seu desempenho através da ativação de mecanismos compensatórios.

O cérebro pode sofrer mudanças em sua organização apresentada como neuroplasticidade, principalmente na localização de informações específicas, em decorrência de vários fatores, dentre eles, a aprendizagem. A neurogênese refere-se à formação de novos neurônios, o que parece ocorrer durante toda a vida. Não são todas as áreas do cérebro que são beneficiadas com o nascimento de novas células, mas o hipocampo tem essa capacidade, que é a região fundamental para a memória. A neuroplasticidade e a neurogênese contribuem para que o organismo se adapte às mudanças. Dessa forma, a aprendizagem em qualquer momento da vida contribui para essas duas funções (GUIMARÃES, 2007).

(26)

adaptar-se às demandas do meio ambiente. As funções cognitivas podem ser distintamente divididas em: atenção, orientação, memória, organização visuomotora, raciocínio, funções executivas, planejamento e solução de problemas. A capacidade de adquirir uma informação envolve habilidades para processar essa informação ou a capacidade para entender, organizar e integrar as informações novas com experiências anteriores (LEZAK, 1995; VIEIRA, 2002; ABREU; TAMAI, 2006).

Abreu e Tamai (2006) enfatizam ainda que a disfunção cognitiva (funcionamento anormal ou prejudicado) pode afetar a capacidade funcional em todas as esferas da vida, seja social, interpessoal, lazer, trabalho e atividades da vida diária. Neri (2006) reforça que o declínio cognitivo é associado ao desconforto pessoal, perda da autonomia e aumento dos custos sociais, apontando para a manutenção da cognição como indicador de qualidade de vida na velhice e da longevidade.

Lopes e Bottino (2002) e Ventura e Bottino (2002) afirmam que o envelhecimento acarreta declínio cognitivo normal que se pode apresentar desde a meia-idade, mas que é comum depois dos 70 anos. O déficit ou diminuição de habilidades cognitivas em indivíduos idosos, de acordo com La Rue (1992), exibe grande variabilidade individual no ritmo e dimensão do seu declínio, especialmente em função de fatores não intrinsecamente dependentes da idade cronológica.

É igualmente consensual a noção de que o envelhecimento cognitivo normal é influenciado por processos de natureza genético-biológica e sócio-cultural. O primeiro determina declínio funcional sensorial e diminuição na velocidade de processamento da informação, ambos associados a alterações neurológicas típicas do envelhecimento. O segundo determina desenvolvimento e manutenção das capacidades dependentes da experiência, podendo ter ação compensatória em relação às perdas do envelhecimento biológico (BALTES, 1993 apud NERI, 2006). Dessa forma, o processo de envelhecimento compreende modificações e perdas evolutivas, sendo essas transformações pautadas geneticamente para cada espécie. Seu ritmo, duração e efeitos comportam diferenças individuais e grupais, relacionando-se com os eventos de natureza genético-biológico, sócio-histórico e psicológico (NERI, 2001; SILVA, 2005).

(27)

sensoriais típicas do envelhecimento, as quais afetam a velocidade do processamento da informação. A inteligência cristalizada relaciona-se com experiências, dependendo da influência da cultura e não diminui com a idade, a menos que ocorra declínio substancial nas capacidades fluidas. Sua interação com capacidades e processos básicos aperfeiçoa capacidades mentais, tais como, compreensão verbal, fluência verbal e raciocínio geral.

Nos últimos 50 anos, o estudo do envelhecimento cognitivo humano progrediu expressivamente, sabendo-se hoje que certos déficits de memória fazem parte do envelhecimento saudável (YASSUDA et al., 2006). Entretanto, a literatura sugere que no envelhecimento saudável a capacidade de reserva cognitiva pode ser mobilizada e até mesmo melhorada por meio do treinamento (BACKMAN, 1989; BALTES, 1990; DUNSLOSKY;

HERTZOG, 1998).

(28)

2.2 ANALFABETISMO NA VELHICE: UMA REALIDADE NO BRASIL

O analfabetismo no Brasil é realidade que acompanha o envelhecimento populacional. O crescente número de idosos, especialmente de mulheres em contexto domiciliar, vem seguido de aumento do nível de escolaridade em diversos Estados do Brasil. O homem idoso continua sendo mais alfabetizado que a mulher idosa. O conceito de analfabetismo torna-se relevante à medida que o analfabetismo funcional está presente entre os idosos com algum nível de escolaridade (IBGE, 2000).

A população de idosos representa contingente de quase 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade (8,6% da população brasileira), sendo que as mulheres constituem a maioria. Cerca de 8,9 milhões (62,4%) dos idosos são responsáveis por domicílios e têm, em média, 69 anos de idade, tendo estes em média 3,4 anos de estudo (IBGE, 2000).

Segundo dados do IBGE (1995; 1996), comentados por Garrido e Menezes (2002), 45,6% das mulheres idosas eram viúvas, enquanto 79,1% dos homens idosos eram casados. Nesses anos, 37% dos idosos se declararam analfabetos, havendo entre esses um excesso de mulheres e de moradores em áreas rurais. Em 1999, cerca de 65% dos idosos eram os responsáveis pela família e mais de 1/3 ainda se encontrava no mercado de trabalho, e quase 12% viviam sozinhos, havendo proporção maior de mulheres que homens nessa situação.

Camarano (2004) confirma que foram observados avanços nos níveis educacionais da população brasileira entre 1940 e 2000, aumentando a proporção de pessoas alfabetizadas, bem como o número médio de anos de estudo. A proporção de idosos alfabetizados teve aumento significativo entre as mulheres. Quanto aos homens, o aumento foi de 59% e, entre as mulheres, de 146%. Em 1940, 74,2% da população idosa feminina eram analfabetas e, em 2000, essa fração caiu para aproximadamente 1/3. Apesar de os ganhos no período terem sido mais significativos entre as mulheres, são os homens idosos que se encontram em melhores condições de alfabetização, sendo essa proporção de 68,9%, enquanto entre as mulheres é de 63,45%.

(29)

2000, com aumentos significativos tanto na proporção de alfabetizados como no nível de escolaridade.

Na última década houve aumento significativo no percentual de idosos alfabetizados no país. Em 1991, 55,8% dos idosos declararam saber ler e escrever pelo menos um bilhete simples, enquanto em 2000 esse percentual passou para 64,8%, o que representa um crescimento de 16,1% no período. Os dados fazem parte do Perfil dos Idosos Responsáveis pelos Domicílios no Brasil, do IBGE (2000), mostrando que, apesar dos avanços, ainda existem 5,1 milhões de idosos analfabetos no Brasil.

Os anos de escolaridade estão diretamente relacionados ao conceito de analfabetismo. Existem basicamente três definições de analfabetismo em uso no Brasil, comentados por Amorim (2007): o da UNESCO, do IBGE e do INAF. Segundo definição da United Nations Educational Scientific and Cultura Organization (UNESCO), é analfabeta a pessoa incapaz de ler e escrever e analfabeta funcional aquela que é incapaz de utilizar suas habilidades de leitura e de escrita nas necessidades práticas diárias de seu contexto social. Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são analfabetas funcionais as pessoas com menos de quatro anos de educação formal. Com base em seu levantamento, e considerando que quatro anos de escolaridade não assegura o alfabetismo funcional, o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF) classificou os sujeitos em quatro níveis quanto ao grau de alfabetização: analfabeto, aquele que não consegue realizar tarefas simples que envolvem decodificação de palavras e frases; alfabetizado nível rudimentar, o que consegue ler títulos ou frases, localizando uma informação bem explícita; alfabetizado nível básico, o que consegue ler um texto curto, localizando uma informação explícita ou que exija uma pequena inferência; e o alfabetizado nível pleno, aquele que consegue ler textos mais longos, localizar e relacionar mais de uma informação, comparar vários textos e identificar fontes.

Percebe-se que as definições de analfabetismo atualmente vigentes atendem a propósitos essencialmente sócio-econômicos, não levando em conta a grande heterogeneidade de perfis de desempenho cognitivo evidenciada por estudos com populações analfabetas (AMORIM, 2007).

(30)

sendo de 8,2 e 7,3 anos, respectivamente, enquanto Novo Santo Antônio e Barra D´Alcântara, ambos no Piauí, têm a menor média, com 0,2 anos.

Entre os estados brasileiros, a média de anos de estudos dos idosos responsáveis por domicílios é bastante diferenciada: varia de 6,0 anos no Distrito Federal a 1,5 anos no Maranhão. Já em algumas capitais, essa média é muito superior. Em Florianópolis, por exemplo, os idosos responsáveis pelos domicílios têm, em média, 7,2 anos de estudo, enquanto em Rio Branco essa média é de 2,7. Dado curioso é que nas Unidades da Federação do Nordeste e do Norte, nas quais a população rural tem maior expressão, a média de anos de estudo nas capitais é bastante superior. No estado do Maranhão, a escolaridade média dos idosos é bastante inferior à média encontrada na capital São Luís, sendo de 1,5 e 4,7 anos, respectivamente (IBGE, 2000).

Segundo o IBGE (2000), quanto ao analfabetismo funcional, 59,4% dos idosos responsáveis pelo domicílio tinham, no máximo, 3 anos de estudo, resultado este influenciado pela alta proporção de responsáveis com 75 anos ou mais de idade, sendo analfabetos ou analfabetos funcionais. Destes, 67,4% foram considerados analfabetos funcionais, sendo que 53,3% dos idosos no grupo de 60 a 64 anos tinham até 3 anos de estudos, Ainda assim, houve significativa melhora no período intercensitário, provavelmente resultado dos programas federais de alfabetização de adultos implementados nas últimas duas décadas.

Entre os estados brasileiros, o Maranhão lidera com a maior proporção de analfabetos funcionais (82,7%), enquanto o Rio de Janeiro tem a menor proporção (38,1%). Nos municípios próximos das capitaisverifica-se a mesma tendência das Unidades da Federação, ou seja, nas áreas geográficas mais desenvolvidas os níveis educacionais dos idosos são melhores. Apesar dos avanços, a proporção de idosos com escolaridade mais alta ainda é pequena. Em 1991, 2,4% dos idosos tinham de 5 a 7 anos de estudo, enquanto em 2000, essa proporção passou para 4,2%. Para aqueles que concluíram pelo menos o ensino médio, a proporção passou de 7,5% para 10,5%, com aumento de 40% (IBGE, 2000).

(31)

2.3 TRANSTORNO COGNITIVO LEVE

O envelhecimento da população é fenômeno mundial que tem efeito direto nos sistemas de saúde pública. Uma das principais consequências do crescimento deste segmento é o aumento da prevalência das demências, especialmente da Doença de Alzheimer (HAMDAN; BUENO, 2005).

Canineu e Bastos (2002) referem que privilegiar o envelhecimento bem-sucedido requer também avaliar e antecipar os fatores de risco para o declínio cognitivo, bem como diagnosticar precocemente desvios que possam resultar em patologias na velhice. Inteligência produtiva, hábitos bem organizados de trabalho e modo de vida sadio minimizam as deficiências progressivas do envelhecimento.

É comum o aparecimento de queixas relacionadas às alterações da memória, podendo ser causadas por múltiplas situações como: estresse, ansiedade, depressão ou até demências. Geralmente, pessoas acima de 60 anos têm dificuldades com a memória e outras habilidades cognitivas (VENTURA; BOTTINO, 2002).

Ávila e Bottino (2006) afirmam que, com o envelhecimento frequentemente ocorrem alterações em diferentes áreas da cognição, dependentes dos processos fisiológicos que se alteram com a idade. O declínio cognitivo tem início e progressão variáveis, relacionando-se aos fatores educacionais, de saúde, bem como ao nível intelectual global e a capacidades mentais específicas do indivíduo.

Nos aspectos conceituais e na tentativa de apresentar atualização sobre o Declínio da Capacidade Cognitiva (DCC), Charchat-Fichman (2005) apontou para o fato de que, ao longo das últimas décadas têm sido formuladas diferentes definições para caracterizar o DCC durante o envelhecimento. As primeiras definições propostas objetivavam caracterizar o DCC dentro dos limites de processo fisiológico desta fase. Posteriormente, surgiram outros sistemas de classificação diagnóstica, como o Transtorno Cognitivo Leve (TCL) para identificar indivíduos com maior risco de desenvolver formas específicas de demência.

A importância do conceito subjacente ao termo TCL pôde ser avaliada por meio de estudos nos quais foi observada incidência aumentada de demência após o diagnóstico de TCL (RUBIN et al., 1989; FLICKER et al., 1991; MASUR et al., 1994).

(32)

de telefones e objetos guardados, porém não satisfazendo os critérios para possível ou provável Doença de Alzheimer (ZAINAGHI, 2006).

Segundo Gomes e Koszuoski (2005), para ser caracterizado como TCL o indivíduo deve preencher os seguintes critérios: ter queixa de memória confirmada por informante ou familiar, ter funções cognitivas gerais preservadas e manter as atividades de vida diária. O diagnóstico de TCL é tarefa complexa e ainda não bem sistematizada na população de idosos. Os quadros leves são frequentes, passando muitas vezes despercebidos, havendo necessidade de distinguir entre manifestações iniciais da doença e modificações associadas com o processo normal do envelhecimento (ENGELHARDT et al., 1998).

Para Petersen et al. (2001), uma das dificuldades no diagnóstico de TCL reside na constatação de que nem todas as pessoas identificadas irão desenvolver demência. Alguns desses indivíduos irão ter deterioração cognitiva progressiva, até a provável ou possível Doença de Alzheimer, enquanto outros permanecerão estáveis.

As alterações cognitivas podem comprometer o bem-estar bio-psico-social do indivíduo idoso, impedindo a continuidade de sua vida social de forma participativa, assim como as interações com os familiares em particular e com a sociedade em geral. A Associação Americana de Psicologia e a Academia Americana de Neurologia recomendaram que pessoas com TCL devem ser identificadas e monitoradas quanto à progressão para desenvolver Doença de Alzheimer (HAMDAN; BUENO, 2005).

(33)

2.4 FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA NO IDOSO

A memória desperta o interesse e a imaginação do homem desde a antiguidade. Contudo, os primeiros estudos científicos sobre o tema foram realizados há pouco mais de um século (DALMAZ; ALEXANDRE NETTO, 2004). Filósofos têm especulado sobre a memória por mais de 2000 anos, desde que Sócrates propôs que os seres humanos tinham conhecimento inato sobre o mundo (ÁVILA, 2003).

Hoje, com os avanços das ciências biomédicas, se adquire razoável conhecimento acerca dos mecanismos da formação da memória (SOUZA, 1996). Essa incrível habilidade do homem em adquirir, reter e usar informações ou conhecimentos sobre si e o mundo, faz com que a memória seja uma das mais importantes funções cognitivas (TOMAZ, 1993).

Segundo Ferrari (1997) e Yassuda e Canineu (2005), o envelhecimento traz mudanças cognitivas, sendo mais frequentes dificuldades com o aprendizado e a memória. Nesse período da vida, há um declínio maior para novos aprendizados e resolução de problemas. Também com o avançar da idade, há diminuição da habilidade de memorização, recordação, de adquirir e reter novos conhecimentos e informações.

A memória é a base para o desenvolvimento da linguagem, do reconhecimento das pessoas e dos objetos vistos todos os dias, para que o homem saiba quem é e tenha consciência da continuidade da própria vida. Sem a memória, a cada dia, ou mesmo a cada momento, estaríamos começando uma nova etapa, sem podermos nos valer do que aprendemos anteriormente (YASSUDA, 2002).

Salthouse (1991) e Xavier (1993) concordam que a memória não corresponde a um único sistema, mas é composta por sistemas em interação, formados por três etapas (ou fases) do processamento da informação, diferenciando-se entre si somente em sua nomenclatura. São elas: codificação (ou registro da informação), retenção (ou armazenagem) e recuperação (ou resgate). Elas estão presentes em todos os sistemas de memória, estreitamente ligadas e com influências mútuas. Com a idade avançada, o processo de codificação das informações torna-se mais lento e dispendioso.

(34)

como fadiga, ansiedade e preocupação podem interferir neste processo (ATKINSON et al.,

1995; LASCA 2003). Armazenagem consiste na conservação do conhecimento, mantendo a informação na

memória. Esta etapa é reforçada pela repetição ou pela associação.

Resgate refere-se ao acesso à informação armazenada, tendo função de relembrar os dados arquivados e podendo sofrer interferência de ações ocorridas entre o momento da entrada de informação e o da recordação, que por sua vez, poderá ser influenciada por fatores internos como humor, motivação, necessidade e interesse, bem como externos, como local, ambiente e pessoas presentes (COLOM, R; FLORES MENDOZA, 2001).

No século XX surgiram modelos teóricos importantes sobre a memória. Entretanto, o mais influente é o estilo do processamento por níveis, proposto por Atkinson-Shiffrin (1968), no qual o modelo estrutural sugere a existência de três sistemas de armazenamento de informações: Memória Sensorial, Memória de Curto Prazo e Memória de Longo Prazo.

Sternberg (2000) relata que estes modelos são hipotéticos e não estruturas fisiológicas reais, servindo somente como modelo mental para compreender o funcionamento da memória. Diversos autores, dentre eles Ferrari (1997) e Bueno e Oliveira (2004), adotaram a estrutura de processamento em série, no qual a diferença entre os tipos encontra-se nas regiões encefálicas, no tempo de armazenamento e duração de cada processo após a aquisição da informação. Portanto, a memória não envolve sistema único, mas combinação complexa de subsistemas.

Memória Sensorial é o primeiro sistema responsável pelo processo inicial da informação advinda dos sentidos e sua codificação, retendo temporariamente as informações. Memória de Curto Prazo é o segundo processo, denominada também de memória para fatos recentes, recebendo as informações já codificadas pelo mecanismo anterior e permanecendo por alguns segundos ou minutos para que estas sejam utilizadas, descartadas ou mesmo organizadas. E por último, Memória de Longo Prazo possui tempo e capacidade de armazenamento ilimitada, consistindo em trazer informações retrógradas e pessoais (LÉGER et al., 1989; STOPPE JUNIOR, A; LOUZÃ NETO, 1999).

(35)

Memória de Curto Prazo tem capacidade limitada, sendo que seu tamanho é determinado pela quantidade de itens que ela armazena durante o período de quinze segundos a seis horas. É descrita como o centro da consciência humana, pois abriga os pensamentos e as informações, que depois poderão ser ou não ser armazenados numa memória mais estável ou permanente (Memória de Longo Prazo). O esquecimento recorrente dos fatos, nesse período, explica-se devido à duração de tempo ser curta ou então, a atenção ter sido pouca, visto esta ser primordial para maior retenção desses conhecimentos (STUART-HAMILTON, 2002; IZQUIERDO; BEVILAQUA; CAMMAROTA, 2006).

Segundo Neri (2001), a Memória de Curto Prazo é ainda subdividida em Memória Primária e Memória Operacional, sendo em ambas as informações armazenadas por aproximadamente vinte segundos. A diferença entre elas está na maneira como o material é processado. A Memória Primária tem capacidade de manutenção de poucos itens e contém as informações recebidas que serão usadas imediatamente, como, por exemplo, reter um número de telefone que será usado a seguir. Essa memória tem capacidade limitada, mas pode ser alargada no tempo e durar alguns minutos, sendo que essa extensão recebe o nome de Memória Operacional (DER LINDER et al., 1998; DAMASCENO, 1999).

Memória Operacional trata-se do arquivamento temporário da informação para o desempenho de diversidade de tarefas cognitivas essenciais, como aprendizagem, raciocínio e compreensão. Dessa forma, um objeto ou uma informação pode ser representada pela Memória Primária e posteriormente sustentada pela Memória Operacional (BADDELEY, 2000). Porém, Engle et al. (1999) reforçaram que, como sua duração é curta, será descartada ou transformada em Memória de Longo Prazo, caso haja cargas afetivas ou múltiplas repetições e associações que ajudem a fixar. Memória Operacional é afetada pelo envelhecimento natural, sendo que a velocidade de processamento diminui com a idade (DER LINDER et al., 1994; HERTZOG et al., 2003).

Memória de Longo Prazo é a capacidade que se tem de manter informações graváveis por longos períodos de tempo. Essa memória tem como função três categorias de informações: armazenamento, recuperação e esquecimento, que necessitam da seletividade e priorização dos dados, ou seja, do mecanismo da atenção. Esse tipo de memória tem se mostrado bastante estável e menos atingida na velhice (HELENE; XAVIER, 2003).

(36)

filtrando aspectos irrelevantes ou estocando-os de modo que fiquem acessíveis em sua forma original (HAMDAN, 2003).

Estudos de dissociação envolvendo pacientes neurológicos levaram Squire e Zola - Morgan (1991) e Squire (1992) a proporem distinção de sistemas de memória, segundo o conteúdo a ser processado, diferenciando em Memória Implícita (não – declarativa) e Memória Explícita (declarativa), ambas consideradas como subdivisões da Memória de Longa Duração. Memória Implícita é revelada quando a experiência prévia facilita o desempenho numa tarefa que não requer a evocação consciente ou intencional daquela experiência. Esse tipo de conhecimento inclui habilidades perceptuais motoras, cognitivas e hábitos (como andar de bicicleta, nadar e digitar) (SCHACTER, 1987).

Memória Explícita refere-se às informações que podem ser trazidas a consciência por meio de recordações verbais ou imagens visuais. Ocorre quando a evocação é reconhecida e o indivíduo tem acesso consciente ao conteúdo da informação, como a memória para fatos, imagens, a lembrança de experiência passada ou a recordação do próprio nome (SCHACTER, 1987).

De acordo com Douglas e Spencer (2006), emoção, humor e motivação podem influenciar o quê e o quanto é lembrado. Cabe ressaltar que a Memória Explícita é mais sensível aos efeitos do envelhecimento do que a memorização realizada inconscientemente, ou seja, memória implícita (YASSUDA, 2005).

Acredita-se que há dois subsistemas na Memória Explícita: Memória Episódica (memória autobiográfica) e a Memória Semântica. Memória Episódica é composta de lembranças que o sujeito possui acerca de si próprio e de sua vida, sendo responsável pelo armazenamento e recuperação de informações pessoais, a exemplo: recordações de experiências íntimas e eventos associados há um tempo e/ou lugar em particular, como lembranças da própria formatura, de um filme ou de um rosto (EICH et al., 1994; GAZZANIGA et al., 2002).

Memória Semântica é uma das modalidades mnésicas que aparentam ser mais resistentes aos efeitos do envelhecimento biológico. Ela registra informações verbais, como nomes de pessoas ou lugares, descrições de acontecimentos, conhecimentos gerais e de linguagem como vocabulários, significados e normas semânticas e sintáticas ou de idiomas (GREEN, 2000; BRUCKI, 2004).

(37)

cooperativo de diferentes modos do sistema nervoso central, porém sendo independentes, proporcionando sensação de memória única (XAVIER, 1996; NERI; YASSUDA, 2004).

(38)

2.5 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA E SUA REPERCUSSÃO NA VELHICE

É notório que durante o processo de envelhecimento normal, algumas capacidades cognitivas diminuem naturalmente com a idade. O termo cognição apresenta diferentes variações conforme caracterização de diversos autores. Abreu e Tamai (2006) referem a cognição como capacidade de adquirir e de usar informações com a finalidade de adaptar-se às demandas do meio ambiente. As funções cognitivas podem ser distintamente divididas em: atenção, orientação, memória, organização visuo-motora, raciocínio, funções executivas, planejamento e solução de problemas. A capacidade de adquirir uma informação envolve habilidades para processar essa informação ou a capacidade para entender, organizar e integrar as informações novas com experiências anteriores.

Bem elucidada por Yassuda (2006), a funcionalidade cognitiva de idosos está relacionada à sua saúde e à sua qualidade de vida, bem como, é fator primordial no envelhecimento ativo e longevidade. O bom funcionamento cognitivo é importante para autonomia e para capacidade de autocuidado dos idosos, influenciando as decisões a respeito da possibilidade do idoso continuar a viver com segurança e independência (OMS, 2005).

A cognição é, portanto, mais do que simplesmente aquisição de conhecimentos e, consequentemente, melhor adaptação ao meio; é, também, mecanismo de conversão do que é captado para o nosso modo de ser interno. É o processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder sua identidade (LEZAK, 1995).

Para Vieira (2002), cognição é o termo empregado para descrever toda a esfera do funcionamento mental. Esse domínio implica habilidades de sentir, pensar, perceber, lembrar, raciocinar, formar estruturas complexas de pensamento e capacidade de produzir respostas às solicitações e estímulos externos.

Santiago (2007) destacou que há forte influência da escolaridade (analfabetismo) no desempenho cognitivo. A educação pode contribuir na aquisição da reserva cognitiva, havendo sugestão de que exposição à estimulação cognitiva mais intensa e complexa pode estar associada com maiores conexões sináptica (ABISQUETA-GOMES, 1999).

(39)

conhecimento e em experiência. Estudos mostram que, no envelhecimento saudável, existe a possibilidade de compensação de declínios cognitivos (BALTES; BALTES, 1990; DUNLOSKY; HERTZOG, 1998).

Yassuda et al. (2006) mencionaram que os programas de treino cognitivo diferem em relação à duração, às estratégias e à metodologia empregada, encontrando-se na literatura grande diversidade em relação aos seus efeitos, à sua generalização para as tarefas não treinadas e à manutenção dos resultados a longo prazo. Em conformidade com estes dados, Carvalho (2006) referiu que o treino da memória no envelhecimento saudável e suas implicações para o bem-estar do idoso constituem tema praticamente inexplorado dentro da perspectiva científica no Brasil. Como sugere a literatura, o treino de memória pode promover mudanças no funcionamento cognitivo em idosos e colaborar para manter sua funcionalidade e independência (SOUZA e CHAVES, 2005; ALMEIDA, 2007).

As intervenções cognitivas são compostas por diferentes tipos de programas de treino, que apresentam efeitos variáveis e amplos no funcionamento cognitivo de idosos, mesmo em idades avançadas (NERI, 2006).

Acevedo (2007) reforçou que esses treinos têm como objetivo maximizar as funções cognitivas e prevenir futuros declínios cognitivos. O engajamento em atividades de estimulação cognitiva e em estilo de vida ativa socialmente tem efeito positivo na cognição e na possibilidade de prevenir declínios cognitivos e demência na velhice.

As oficinas de estimulação da cognição para idosos são importantes. Segundo Zimerman (2000), estimular consiste em instigar, ativar, animar e encorajar. Estimulação é um dos melhores meios para minimizar os efeitos negativos do envelhecimento, levando os indivíduos idosos a viver com melhor qualidade de vida. Os jogos e as brincadeiras permitem criar meios de manter a mente, as emoções, a comunicação e os relacionamentos em atividade.

Yassuda et al. (2006), com o objetivo de verificar os efeitos de programa de treino de memória episódica em 69 idosos saudáveis após quatro sessões, encontraram efeitos modestos desse treino. No pós-teste, os idosos do grupo experimental apresentaram melhor desempenho na recordação de texto e maior uso de estratégias de memória.

(40)

desempenho dos idosos em tarefas de memória. Carvalho (2006) mostrou que o treino promoveu melhora na memória episódica e maior uso da estratégia treinada, indicando que idosos não acometidos por doenças podem-se beneficiar desse tipo de intervenção. O estudo de Lasca (2003) objetivava avaliar os efeitos de um programa de treino de memória que consistia em instruções sobre como categorizar duas listas de supermercado. Os participantes foram avaliados no pré e pós-teste, sendo esse realizado sete dias após o pré-teste. Evidenciaram que o treino promoveu modesta melhoria nas habilidades de memória, embora sem diferença estatisticamente significativa.

Irigaray (2009), objetivando verificar os efeitos de programa de treino de atenção, memória e funções executivas na qualidade de vida e no bem-estar psicológico de idosos, encontrou diferenças significativas entre os grupos no pré e pós-teste, em relação ao funcionamento cognitivo, à qualidade de vida e ao bem-estar psicológico. O grupo experimental recebeu doze sessões de treino, envolvendo informações sobre atenção, memória, funções executivas, envelhecimento, instrução e prática de exercícios. Após o treino, os idosos apresentaram melhor desempenho cognitivo, melhor percepção da qualidade de vida e maiores índices de bem-estar psicológico. O autor concluiu que intervenções cognitivas podem contribuir para a melhora da qualidade de vida e do bem-estar psicológico de idosos.

O estímulo para um bom funcionamento mental, físico e social configura-se como princípio para a promoção da saúde de idosos. As oficinas para treinamento de memória são estratégias importantes, uma vez que queixas de memória são frequentes neste grupo etário. Atividades mentais funcionam como fator de proteção no declínio cognitivo e algumas estratégias de memorização têm-se mostrado eficazes para melhorar a memória (ALMEIDA, 2007).

Frente a isso, postula-se a aplicação do exercício da memória através de sua estimulação/motivação, como método terapêutico na recuperação e/ou manutenção da função neural associada à cognição (SOUZA; CHAVES, 2005).

(41)

2.6 TESTES DE AVALIAÇÃO COGNITIVA

Ao longo da vida mudanças ocorrem no cérebro, exercendo papel importante na cognição do idoso, frequentemente alterando sua funcionalidade. A avaliação neuropsicológica tem fornecido uma expressiva contribuição, sendo utilizada como auxílio na identificação de padrões de envelhecimento cognitivo normal e patológico (YASSUDA, 2006; SANTIAGO, 2007).

Segundo Brasil (2007), o grupo dos mais idosos, muito idosos ou idosos em velhice avançada (idade igual ou superior a 80 anos) vem aumentando de forma acelerada, constituindo o seguimento populacional que mais cresce nos últimos tempos. É neste contexto que a denominada avaliação funcional torna-se essencial para estabelecimento de diagnóstico, prognóstico e julgamento clínico adequados sobre os tratamentos e cuidados necessários as pessoas idosas.

Avaliação funcional busca verificar em que nível as doenças e agravos impedem o desempenho das atividades de vida diária (AVDs) das pessoas idosas, permitindo o desenvolvimento de planejamento assistencial adequado. Portanto, capacidade funcional, independência e autonomia da pessoa idosa surgem como novo paradigma de saúde, proposto pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2007).

De acordo com Lourenço e Veras (2006), as avaliações geriátricas associadas às informações obtidas na história clínica e no exame físico tradicionais juntamente com aquelas produzidas por conjunto de instrumentos específicos, permitem detectar incapacidades, planejar cuidados prolongados, avaliar gravidade da doença e progresso do paciente. Entre os instrumentos de avaliação destacam-se aqueles que ajuízam o idoso do ponto de vista cognitivo, sendo usados tanto em ambientes especializados quanto em outros ambientes de atenção à saúde do idoso.

Imagem

Tabela 1. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL na UMT-DF, estudados nos três  grupos, de acordo com a faixa etária
Tabela 2. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, nos três  grupos, de acordo com o estado civil
Tabela 3. Distribuição dos 63 idosos analfabetos estudados com TCL na UMT-DF, de acordo  com a renda econômica
Tabela 4. Distribuição dos 63 idosos analfabetos com TCL estudados na UMT-DF, de acordo  com aposentadoria, pensão e BPC
+7

Referências

Documentos relacionados

A PREFEITA DO MUNICÍPIO DE VILHENA, Estado de Rondônia, no exercício regular de seu cargo e no uso das atribuições que lhe confere o artigo 73 combinado com o inciso VI do artigo

que as obras de centro cirúrgico e centro de material esterilizado teriam semelhança e identidade finalística ao que é exigido para a UTI – tal afirmação não procede, pois

Registre outras informações inerentes à saúde do aluno ou características que não foram

ou Categoria Turística Localizado a dois quarteirões da Rua Mitre, possui amplo lobby, bar com vista panorâmica, Wi-Fi gratuito em todo o hotel, estacionamento, far- mácia 24

Levou-se em conta os seguintes critérios: robustez ao desempenho (precisão das respostas, mesmo em presença de diminuição do tempo final de trajetória e de variações

Dados do banco de sementes e a emergência das plantas daninhas amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla), trapoeraba (Commelina benghalensis) e de outras espécies, foram obtidos

Outros hormônios de crescimento dos vegetais Dúvidas de como são sintetizados nas plantas Pólen,folhas,flores, sementes, brotos e caules Crescimento e desenvolvimento

Como foi possível verificar a partir da seleção de sujeitos para as audiências de custódia no Maranhão, as atividades policiais seguem a dinâmica das bases de