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Análise química de materiais cerâmicos : digestão por fusão e medidas por ICP OES com configuração axial

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Academic year: 2017

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(1)

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

ANÁLISE QUÍMICA DE MATERIAIS CERÂMICOS:

DIGESTÃO POR FUSÃO E MEDIDAS POR ICP OES COM

CONFIGURAÇÃO AXIAL

Telma Blanco Matias

Tese apresentada como parte dos

requisitos para obtenção do título de

DOUTOR EM CIÊNCIAS, área de

concentração: QUÍMICA ANALÍTICA.

Orientador: Prof. Dr. Joaquim de Araújo Nóbrega

(2)

Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária/UFSCar

M433aq

Matias, Telma Blanco.

Análise química de materiais cerâmicos : digestão por fusão e medidas por ICP OES com configuração axial / Telma Blanco Matias. -- São Carlos : UFSCar, 2008. 110 f.

Tese (Doutorado) -- Universidade Federal de São Carlos, 2007.

1. Química analítica. 2. Materiais cerâmicos. 3. Análise química. 4. ICP-OES I. Título.

(3)

Declaramos para os devidos fins que TELMA BLANCO -MATrAS;-defendeu nesta d81asua tese~ de doutoraClO na -

áreã---de-Química Analítica, sob o título: "Análise Química de Materiais

Cerâmicos:

Digestão

por Fusão

e Medidas

por ICP OES com

Configuração

Axial", teve como banca examinadora

os Profs. Drs.

Joaquim de Araújo Nóbrega (Orientador), Edivaldo Egea Garcia (DQjUEM), Francisco José Krug (CENAjUSP-Piracicaba), Pedro Vitoriano de Oliveira (IQjUSP-SP) e Edenir Rodrigues Pereira Filho

(DQ jUFSCar) e foi considerada aprovada.

São Carlos, 26 de outubro de 2007.

~

~~

G

rP~

Prof. Dr. Joaquim de-hraújo Nóbrega

tn

Coordenador do PPGQ

.. Este

documento

é válido

por 3 meses.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS Via Washington Luiz, Km. 235

CEP 13.565-905 - São Car1os - SP - Brasil

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

(4)

“ Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele conduz somente até onde os outros foram”.

(5)

Pais, pela estrutura sólida, amor e exemplo de vida

Ao meu filho, que desde sempre foi razão e inspiração para a vida, representando minha maior realização como ser humano.

(6)

À Deus

Ao Prof Joaquim de Araújo Nóbrega, mais que um orientador, um amigo com quem interagi tantos anos e com quem participei de desafios que me trouxeram cada vez mais experiência e amadurecimento é, sem dúvida, um professor no sentido profundo da palavra.

Ao CCDM pela oportunidade e apoio financeiro.

À Fapesp pelo auxílio financeiro ao desenvolvimento de projetos de pesquisas.

Ao Programa de Pós-graduação em Química da Universidade Federal de São Carlos pela oportunidade.

Às secretárias da Pós-graduação Ariane, Cristina e Luciani por estarem sempre dispostas a ajudar e pelos serviços prestados.

Aos meus companheiros de trabalho do CCDM Rosi, Fernando e Juninho que muito ajudaram na realização deste trabalho.

Aos meus amigos do GAIA e ex-GAIA pelo apoio e interesse manifestado.

Aos meus pais João e Verbena (in memoriam) pela estrutura familiar sólida, amor e exemplo de vida.

Ao meu filho querido por simplesmente existir e me fazer tão orgulhosa do homem e profissional que é.

Ao Abner pelo companheirismo, pelos cuidados e amor sempre presentes.

A todos, agradeço de coração.

(7)

AAS: espectrometria de absorção atômica (absorption atomic spectrometry)

BEC: concentração equivalente ao sinal de fundo (background equivalente concentration)

CCD: dispositivo de carga acoplada (charge-coupled detector)

CNR: condições não robustas

CR: condições robustas

DCP-AES: espectrômetro de emissão atômica com plasma de corrente

contínua (direct current plasma-atomic emission spectrometry)

EIEs: elementos facilmente ionizáveis (easily ionizated elements)

FAAS: espectrometria de absorção atômica com chama (flame atomic absorption spectroscopy)

GFAAS:espectrometria de absorção atômica com forno de grafite (graphite furnace atomic absorption spectrometry)

ICP OES: espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado

indutivamente (inductively coupled plasma optical emission spectrometry)

ICP-MS: espectrometria de massas com plasma acoplado indutivamente (inductively coupled plasma-mass spectrometry)

LOD: limite de detecção (limit of detection)

LOQ: limite de quantificação (limit of quantification)

LTE: equilíbrio termodinâmico local (local thermal equilibrium)

Mg II / Mg I: razão das intensidades de emissão de linha iônica (Mg 280 nm) / linha atômica (285 nm)

NAA: análise por ativação neutrônica (analysis by neutronic activation)

PTFE: politetrafluoretileno

RSD: desvio padrão relativo (relative standard desviation)

SBR: razão sinal analítico / sinal de fundo (signal background ratio)

SRM: material de referência certificado (standard reference material)

UV: ultravioleta

VIS: visível

(8)

TABELA 2.0 - Pontos de fusão de compostos comumente utilizados para fusão de amostras. Adaptado de Anderson 16 e Sulcek.17...9

TABELA 2.1 - Aplicações do método de fusão na decomposição de materiais inorgânicos, adaptada de Krug.15...14

TABELA 2.2 - Categorias de amostras e exemplos, adaptada de Krug.15...15

TABELA 4.0 - Parâmetros instrumentais para as medidas por ICP OES com visão axial...39

TABELA 4.1 - Elementos avaliados e suas respectivas linhas espectrais (I) atômicas e (II) iônicas e energias de excitação.8...40

TABELA 5.0 - Razão Mg II / Mg I em diferentes meios...53

TABELA 5.1 - Limites de Detecção para todos os analitos nos diferentes meios estudados (1,1 % m/v de sólidos totais dissolvidos para os meios fundentes e HNO 5% v/v para o meio ácido)...56

TABELA 5.2 - Limites de detecção para os analitos que ocorrem apenas na amostra de vidro. (1,1 % m/v de sólidos totais dissolvidos para o meio fundente e HNO 5% v/v para o meio acido)...58

TABELA 5.3 - Avaliação da linearidade em diferentes meios e condições de operação com curvas analíticas de calibração multielementares. Concentrações expressas em mg L-1...60

TABELA 5.4 - Avaliação da sensibilidade em diferentes meios (1,1 % m/v total de sólidos dissolvidos) e condições de operação...63

(9)

TABELA 5.7 – Análise química do refratário (SRM 77a) digerido com Li2B4O7 (1:10 m/m). Determinação dos constituintes com soluções de calibração em meio ácido e meio fundente para o fator de diluição de 1000 vezes (condições robustas de operação)...90

TABELA 5.8 - Parâmetros instrumentais para medidas por ICP OES com visão axial...92

TABELA 5.9 - Análise química do carbeto de silício (SRM 1412) digerido com a mistura 1Na2B4O7 + 1Na2CO3 (1:10 m/m). Determinação dos constituintes com soluções de calibração em meio fundente e fator de diluição de 1000 vezes e condições não robustas...93

TABELA 5.10 - Parâmetros instrumentais para medidas por ICP OES com visão axial...95

TABELA 5.11 - Análise química do vidro (SRM 1412) digerido com Li2B4O7 (1:10 m/m). Determinações realizadas em condições não robustas de operação e soluções analíticas de calibração em meio fundente para o fator de diluição de 1000 vezes (condições robustas de operação)...97

(10)

TABELA 1 - Percentuais de recuperação para a bauxita (SRM 69b) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido em condições não robustas - fator de diluição 500 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...1

TABELA 2 - Percentuais de recuperação para a bauxita (SRM 69b) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido em condições robustas - fator de diluição 500 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...2

TABELA 3 - Percentuais de recuperação para a bauxita (SRM 69b) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido em condições não robustas - fator de diluição 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...3

TABELA 4 - Percentuais de recuperação para a bauxita (SRM 69b) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido em condições robustas - fator de diluição 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...4

TABELA 5 - Percentuais de recuperação para a bauxita (SRM 69b) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido em condições robustas e não robustas - fator de diluição de 10.000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...5

TABELA 6 - Percentuais de recuperação para a bauxita (SRM 69b) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio fundente em condições não robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...6

TABELA 7 - Percentuais de recuperação para a bauxita (SRM 69b) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio fundente condições robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...7

TABELA 8 - Balanço geral de todas as condições estudadas para a bauxita (SRM 69b) utilizando Li2B4O7 como fundente, apresentando os melhores resultados (n=3

± coeficiente de variação)...8

(11)

robustas - fator de diluição de 500 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...10

TABELA 11 - Percentuais de recuperação para o refratário (SRM 77a) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido e condições não robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...11

TABELA 12 - Percentuais de recuperação para o refratário (SRM 77a) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido e condições robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...12

TABELA 13 - Percentuais de recuperação para o refratário (SRM 77a) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido em condições robustas e não robustas - fator de diluição de 10.000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...13

TABELA 14 - Percentuais de recuperação para o refratário (SRM 77a) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio fundente e condições não robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...14

TABELA 15 - Percentuais de recuperação para o refratário (SRM 77a) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio fundente e condições robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...15

TABELA 16 - Percentuais de recuperação para o refratário (SRM 77a) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio fundente em condições robustas e não robusta - fator de diluição de 10.000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...16

TABELA 17 - Percentuais de recuperação para o carbeto de silício (SRM 112B) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido e condições não robustas - fator de diluição de 500 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...17

(12)

condições não robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...18

TABELA 20 - Percentuais de recuperação para o carbeto de silício (SRM 112B) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido e condições robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...18

TABELA 21 - Percentuais de recuperação para o carbeto de silício (SRM 112B) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio fundente e condições não robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...19

TABELA 22 - Percentuais de recuperação para o carbeto de silício (SRM 112B) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio fundente e condições robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...19

TABELA 23 - Percentuais de recuperação para o vidro (SRM 112B) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido e condições robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...20

TABELA 24 - Percentuais de recuperação para o vidro (SRM 112B) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido e condições não robustas - fator de diluição de 1000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...21

TABELA 25 - Percentuais de recuperação para o vidro (SRM 1412) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio ácido em condições robustas e não robustas - fator de diluição de 10.000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...22

TABELA 26 - Percentuais de recuperação para o vidro (SRM 1412) utilizando calibração do instrumento com soluções padrão em meio fundente (Li2B4O7) em condições robustas e não robustas e diluições 1000 e 10.000 vezes (n=3 ± coeficiente de variação)...23

(13)

FIGURA 2.0 - Interfaces de remoção da zona fria do plasma: (a) end-on gas; (b) shear-gas...5

FIGURA 4.0 - (a) ICP OES Vista AX; (b) detalhe da configuração axial...37

FIGURA 4.1 - Câmara de nebulização Sturman-Masters: (1) Tubulação de transporte do aerossol para a tocha; (2) suporte; (3) orifício para introdução de amostra; (4) descarte...38

FIGURA 4.2 - Nebulizador com ranhura em V...38

FIGURA 4.3 - Esquema da seqüência analítica adotada para o preparo das amostras ...44

FIGURA 5.0 - Efeito da adição de concentrações crescentes do íon Na+ sobre as linhas de emissão de Mg e Zr em condições não robustas de operação (0,7 kW e 0,7 L min-1) Mg I / Mg II = 5,09...67

FIGURA 5.1- Efeito da adição de concentrações crescentes do íon Na+ sobre linhas de emissão de Mg Zr em condições robustas de operação (1,4 kW e 0,7 L min-1) Mg I / Mg II = 11,5...67

FIGURA 5.2 - Efeito da adição de concentrações crescentes do íon Li+ sobre as linhas de emissão de Mg e Zr em condições não robustas de operação (0,7 kW e 0,7 L min-1) Mg I / Mg II = 5,09...68

FIGURA 5.3 - Efeito da adição de concentrações crescentes do íon Li+ sobre as linhas de emissão de Mg e Zr em condições robustas de operação (1,4 kW e 0,7 L min-1) Mg I / Mg II = 11,5...68

(14)

Li2B4O7 como fundentes. As barras representam os teores médios de recuperação e os respectivos desvios padrão...74

FIGURA 5.6 - Percentuais de recuperação para Al I 237,313 nm (5,24 eV) nas diversas condições estudadas, utilizando (1) LiBO2, (2) Li2B4O7 e (3) LiBO2 + Li2B4O7 como fundentes. As barras representam os teores médios de recuperação e os respectivos desvios padrão...75

FIGURA 5.7 - Percentuais de recuperação para Fe II 238,202 nm (13,1 eV) nas diversas condições estudadas, utilizando (1) LiBO2, (2) Li2B4O7 e (3) LiBO2 + Li2B4O7 como fundentes. As barras representam os teores médios de recuperação e os respectivos desvios padrão...76

FIGURA 5.8 - Percentuais de recuperação para Ti II 334,937 nm (10,6 eV) nas diversas condições estudadas, utilizando (1) LiBO2, (2) Li2B4O7 e (3) LiBO2 + Li2B4O7 como fundentes. As barras representam os teores médios de recuperação e os respectivos desvios padrão...77

FIGURA 5.9 - Percentuais de recuperação para P I 177,433 nm (6,99 eV) nas diversas condições estudadas, utilizando (1) LiBO2, (2) Li2B4O7 e (3) LiBO2 + Li2B4O7, (4)Na2B4O7 e (5) Na2B4O7 + Na2CO3 como fundentes. As barras representam os teores médios de recuperação e os respectivos desvios padrão...79

FIGURA 5.10 - Percentuais de recuperação para Cr II 267,716 nm (12,9 eV) nas diversas condições estudadas, utilizando (1) LiBO2, (2) Li2B4O7 e (3) LiBO2 + Li2B4O7, (4) Na2B4O7 e (5) Na2B4O7 + Na2CO3 como fundentes. As barras representam os teores médios de recuperação e os respectivos desvios padrão...80

FIGURA 5.11 - Percentuais de recuperação para K I 766,482 nm (1,62 eV) nas diversas condições estudadas, utilizando (1) LiBO2, (2) Li2B4O7 e (3) LiBO2 + Li2B4O7, (4) Na2B4O7 e (5) Na2B4O7 + Na2CO3 como fundentes. As barras representam os teores médios de recuperação e os respectivos desvios padrão...81

(15)
(16)

ANÁLISE QUÍMICA DE MATERIAIS CERÂMICOS:

DIGESTÃO POR FUSÃO E MEDIDAS POR ICP OES COM

(17)
(18)

CHEMICAL ANALYSIS OF CERAMIC MATERIALS: FUSION AND

AXIALLY VIEWED ICP OES MEASUREMENTS. Ceramic samples are

(19)
(20)

1.0. INTRODUÇÃO...2

2.0. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...4

2.1. Aspectos históricos de plasmas com configuração radial e axial...4

2.2. Preparo de amostras para espectrometria de emissão óptica com plasma induzido – considerações gerais...5

2.3. Fusão...6

2.4. Figuras de Mérito – Como avaliar o desempenho de um método analítico em ICP OES...17

2.5. Aplicações do método de fusão para digestão de amostras de sólidos inorgânicos com determinação dos constituintes de interesse por ICP OES...22

2.5.1 Espectrômetros de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente radiais e axiais………...…….23

3.0. OBJETIVO...36

4.0.PARTE EXPERIMENTAL...37

4.1. Instrumental...37

4.1.1. ICP OES...37

4.1.2. Balança Analítica...41

4.1.3. Forno Mufla...41

4.1.4. Purificador de Água...41

4.2. Reagentes, soluções e materiais...41

4.3. Amostras...42

4.4. Preparo das amostras...43

4.4.1 Fusão e diluição das amostras...43

(21)

4.5.3. Condições de operação do plasma...47

4.5.3.1. Razão Mg II / Mg I...47

4.5.3.2. Seleção dos comprimentos de onda...48

4.5.4. Limites de Detecção...48

4.5.5. Efeitos causados por elementos facilmente ionizáveis...49

4.5.6. Faixa Linear de Calibração...49

4.5.7. Sensibilidade...50

5.0. RESULTADOS DISCUSSÃO...51

5.1. Razão Mg II / Mg I...51

5.2. Figuras de mérito para soluções obtidas por fusão...54

5.2.1. Limites de Detecção...54

5.2.2. Linearidade...58

5.2.3. Sensibilidade...61

5.3. Efeitos causados por elementos facilmente ionizáveis...65

5.4. Análise química das amostras...69

5.4.1. Bauxita...70

5.4.1.1. Procedimento de Análise...86

5.4.2. Refratário...88

5.4.2.1. Procedimento de Análise...90

5.4.3. Carbeto de Silício...92

5.4.3.1. Procedimento de Análise...94

5.4.4. Vidro...96

5.4.4.1. Procedimento de Análise...97

6.0. CONCLUSÃO...101

(22)
(23)
(24)

1.0 - INTRODUÇÃO

O rápido e constante desenvolvimento das atividades humanas

aumenta a necessidade e a importância da análise química, que possibilita a

tomada de decisões cotidianas em diferentes campos, como o industrial,

ambiental ou da saúde. A espectrometria de emissão óptica com plasma

acoplado indutivamente (ICP OES) do inglês inductively coupled plasma optical

emission spectrometry, é uma técnica instrumental que apresenta numerosas

aplicações na caracterização de materiais. A grande aceitação dessa técnica pode

ser explicada por suas excelentes características analíticas, tais como alta

precisão e exatidão, alta seletividade e sensibilidade, baixos limites de detecção

e ampla faixa linear de calibração. Contudo, a ocorrência de indesejáveis efeitos

matriciais pode afetar a exatidão e precisão dos resultados analíticos. Uma etapa

crítica na caracterização de materiais por ICP OES é a escolha de um

procedimento adequado para a digestão das amostras, que podem ser divididas

entre aquelas que já estão na forma de uma solução aquosa (amostras de água,

sangue, urina, entre outras), em outras formas de líquidos (óleos, combustíveis,

solventes orgânicos, entre outras) ou na forma sólida (solos, cerâmicas,

refratários, plantas, tecidos animais, metais, plásticos, entre outros).

As amostras sólidas analisadas por ICP OES, geralmente são

convertidas em uma solução representativa empregando um método de digestão

apropriado1. Para quase todas as técnicas de digestão existentes são utilizados

reagentes químicos que podem ser ácidos diluídos e concentrados, misturas de

ácidos, mistura de ácidos com outros reagentes ou sais, entre outros. No caso de

amostras inorgânicas complexas, como materiais cerâmicos, geológicos etc., a

dificuldade em obter uma solução representativa é maior, sendo que os métodos

mais comumente usados são: dissolução via ataque ácido envolvendo o uso de

ácido fluorídrico ou fusão.2,3 Os métodos baseados em fusão são eficientes e

aplicáveis a uma ampla faixa de materiais e composições, pois sua eficiência

(25)

determinação de elementos em concentrações maiores a traços. No entanto, o

alto conteúdo de sólidos dissolvidos presentes nas soluções resultantes pode

causar interferências de transporte e espectrais, afetar os brancos analíticos e

deteriorar os valores para as concentrações equivalentes aos sinais de fundo e,

conseqüentemente, os limites de detecção. Esses efeitos podem ser agravados

quando as medidas são efetuadas em um espectrômetro de emissão óptica com

plasma acoplado indutivamente com configuração axial, que, desde a sua

concepção, é tido como inadequado para amostras complexas.5 A presença de

elementos facilmente ionizáveis em altas concentrações também pode causar

perturbações nos processos do plasma. Dessa forma, amostras sólidas complexas

podem ser adequadamente convertidas em soluções por fusão e, por sua vez,

essas poderiam ter sua composição química determinada por ICP OES. Essa

combinação atrativa de estratégias pode ser considerada rotineira quando se

emprega um espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado

indutivamente com configuração radial, porém pode afetar criticamente o

desempenho de um espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado

indutivamente com configuração axial. Esse último aspecto será enfocado no

(26)
(27)

2.0 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 - Aspectos históricos de plasmas com configuração radial e

axial

Na década de 60, dois grupos de pesquisadores, o de Stanley

Greenfield na Inglaterra e Velmer A. Fassel nos Estados Unidos, utilizaram pela

primeira vez uma fonte de plasma com acoplamento indutivo para fins

analíticos.6,7 Desde então, a espectrometria de emissão óptica com plasma

acoplado indutivamente tem mostrado grande potencial para a determinação

multi-elementares nas mais diferentes áreas de pesquisa científica. Muitos

estudos foram realizados ao longo dessas décadas levando à aperfeiçoamentos

na instrumentação, sempre objetivando ampliar cada vez mais o campo de

aplicações dessa técnica.8 Um dos marcos da evolução dessa técnica, desde a sua

introdução em 1969, foi a proposição de equipamentos com configuração axial

em 1975, que propiciaram uma maior sensibilidade às determinações analíticas.

A idéia geralmente difundida é que equipamentos com visão axial (geralmente

com tocha de quartzo posicionada horizontalmente) se caracterizam por

possibilitarem medidas com maior sensibilidade, porém com maior ocorrência

de interferências espectrais quando comparados aos equipamentos com visão

radial (geralmente com tocha de quartzo posicionada verticalmente). Portanto,

apesar do significativo ganho em sensibilidade alcançado com a configuração

axial, essa idéia apresentou baixa aceitação devido ao limitado desempenho do

equipamento frente às interferências espectrais observadas. Somente nos anos

90, com o desenvolvimento de interfaces adequadas denominadas shear-gas e

end-on-gas (FIGURA 2.0), é que foi possível minimizar as interferências

associadas à região mais fria do plasma na qual predominam os processos de

recombinação.8 A interface shear-gas utiliza um fluxo de gás (15 a 20 L min-1)

perpendicular ao gás de formação e manutenção do plasma, enquanto que

end-on-gas, um fluxo de gás (1 a 2 L min-1) em contracorrente. Desde então, a

(28)

destacando, apesar de acreditar-se ainda hoje, que a configuração axial é

inadequada para aplicações nas quais a complexidade matricial é elevada.

Entende-se que para esse tipo de amostra a configuração radial ainda é a melhor

alternativa, como estabelecido em diversos trabalhos publicados na literatura.9-14

(a) (b)

FIGURA 2.0 - Interfaces de remoção da zona fria do plasma: (a) end-on gas; (b) shear-gas

2.2 - Preparo de amostras para espectrometria de emissão óptica

com plasma induzido – considerações gerais

O desenvolvimento de um procedimento de preparo de amostras

que resulte em completa solubilização, sem a volatilização ou perda de

elementos voláteis, redução de contaminações causadas pelo frasco e pela

atmosfera, baixos valores de branco dos reagentes e rapidez, é um dos pontos

mais críticos de uma análise química empregando ICP OES. Partindo do

princípio que não existe uma técnica de preparo de amostras que seja universal,

devem ser observados, prioritariamente, os requerimentos do elemento a ser

determinado, da amostra e das condições da solução final (concentração ácida,

viscosidade, entre outras).3

Dentre as estratégias empregadas para o preparo de amostras

sólidas para determinação por ICP OES podem ser citadas a dissolução direta

gás

gás

(29)

em água sem mudança química e a dissolução em ácido, mistura de ácidos ou

fusão, com mudança química.

A decomposição por via úmida pode ser promovida em sistemas

abertos e sistemas fechados, com aquecimento convencional ou assistido por

microondas. Já o preparo de amostras via combustão pode ocorrer em sistemas

abertos denominados via seca, ou sistemas fechados em frascos de combustão.

Outra técnica de digestão de amostras sólidas é a fusão que envolve uma reação

heterogênea executada em altas temperaturas entre um fundente e o material da

amostra. Como resultado desse procedimento, um mineral original ou fases

refratárias são convertidos em formas sólidas diferentes que são facilmente

dissolvidas em ácidos, bases ou até mesmo em água.15

Um procedimento ideal para digestão de sólidos inorgânicos deve

ser eficiente e rápido, apresentar ausência de interferências entre reagentes e

analitos, sendo que os reagentes devem estar disponíveis em elevado grau de

pureza. Perdas por volatilização e contaminações devem ser desprezíveis e tanto

os reagentes como a amostra não devem atacar o recipiente no qual será

conduzida a reação. Além disso, o método de digestão deve apresentar baixa

insalubridade e periculosidade, sendo a solução final representativa do sólido

original e compatível com a técnica instrumental de medida.16

2.3 - Fusão

O método de fusão pode ser utilizado no preparo de amostras tanto

para as técnicas espectrométricas que utilizam a amostra na forma sólida (XRF)

do inglês X-ray fluorescence, como para aquelas que utilizam a amostra na

forma de uma solução representativa, como é o caso da espectrometria de

emissão óptica com plasma acoplado indutivamente. Esse método é empregado

(30)

quente, ou são atacados lentamente e/ou dissolvidos parcialmente. A fusão é

adequada ainda àqueles materiais que dão origem a soluções ácidas instáveis

apresentando componentes com tendência para precipitar, como a sílica. Como

exemplos de materiais de difícil dissolução em ácidos podem ser citados:

cimento, aluminatos, silicatos, minérios de Ti e Zr; minerais mistos de Be, Si,

Al, resíduos insolúveis de minérios de ferro, óxidos de cromo, silício e ferro,

óxidos mistos de tungstênio, silício e alumínio. O ácido comumente utilizado na

digestão desses materiais é o HF, que forma compostos voláteis com Si (SiF4) e

B (BF3)16, tornando-se uma limitação do método quando se pretende determinar

tais elementos. O procedimento típico da fusão envolve o aquecimento da

mistura da amostra finamente moída (preferencialmente abaixo de 200 mesh –

75 µm) com o fundente sob elevadas temperaturas até fusão completa. Os

fundentes podem ser hidróxidos de metais alcalinos, carbonatos, dissulfatos,

boratos, peróxidos, fluoretos ou óxido bórico, e a proporção entre as massas de

amostra e fundente varia de 1:2 a 1:50 m/m.16 A escolha do fundente depende do

tipo de amostra a ser dissolvida e da sua basicidade, sendo que um fundente

ácido é adequado para digestão de amostras contendo altos teores de óxidos

básicos e carbonatos, enquanto que amostras ácidas requerem o uso de fundentes

básicos.17 Geralmente a mistura é colocada em cadinho de Ni ou Pt-Au e o

líquido fundido se solidifica quando resfriado à temperatura ambiente, que se

desprende das paredes do cadinho quando quebrado em movimentos leves. Um

reagente químico (do inglês non-wetting) pode ser utilizado para facilitar a

remoção desse bolo fundente das paredes do cadinho (NaBr, LiBr, KI, CsI, entre

outros), sendo que sua massa, em geral, deve ser limitada a no máximo 100 mg.

Se a fusão for bem sucedida, o sólido resultante é facilmente dissolvido em água

ou ácido diluído.18

A velocidade de decomposição depende da área superficial das

substâncias a serem dissolvidas. Um fator limitante é a alta viscosidade dos

(31)

e a formação de produtos insolúveis na interface plasma/espectrômetro. O

processo é também afetado pelas características químicas do solvente e

propriedades das substâncias a serem decompostas, como por exemplo, energia

de ligação dos átomos e íons na estrutura. Os produtos da fusão nem sempre são

prontamente dissolvidas e freqüentemente, várias novas fases são obtidas

durante a fusão, as quais são mais facilmente solúveis em ácidos que as fases

originais. A formação de compostos com solubilidades variadas pode ser

vantajosa na separação de grupos de substâncias.17

Os métodos de fusão em geral são bastante eficientes e isso se deve

ao fato dos eletrólitos inorgânicos serem solventes poderosos, nas elevadas

temperaturas alcançadas durante o processo de fusão (atingindo a 1200 oC

dependendo do fundente utilizado) e o fato do eletrólito fundido agir como ácido

ou base de Lewis.16

As reações heterogêneas que ocorrem nas fusões podem ser

divididas em 2 grupos maiores: (1) reações de ácido-base e (2) reações de

óxido-redução. As reações de ácido-base podem ocorrer em fusões alcalinas

(carbonatos, boratos e hidróxidos) e fusões ácidas (dissulfatos, fluoretos e óxido

de boro). Por sua vez, as reações de óxido-redução podem ocorrer em fusões

oxidantes (agentes de fusões alcalinas + oxidantes, peróxidos) e fusões redutoras

(agentes de fusões alcalinas + redutores, fusões com enxofre e bases)17.

Na TABELA 2.0 estão listados alguns fundentes utilizados em

decomposições por fusão.

Muitas aplicações da utilização de fusão na digestão de materiais

inorgânicos podem ser encontradas na literatura, tanto nas décadas de 1950 e

19702,19-20 quanto em artigos de 2003 e 2005.21-23Dessa forma, alguns trabalhos

foram selecionados e serão discutidos com o intuito de ressaltar a aplicabilidade

de fundentes desde os mais comuns como Na2CO3, LiBO2, Li2B4O7, Na2B4O7 e

mistura deles, até aqueles mais específicos como por exemplo (NH4)2SO4, entre

(32)

TABELA 2.0 - Pontos de fusão de compostos comumente utilizados para a fusão de amostras. Adaptado de Anderson16 e Sulcek.17

Fundente Símbolo PF

(oC)

Carbonato de Sódio Na2CO3 851

Hidróxido de Sódio NaOH 314

Peróxido de Sódio Na2O2 675

Hidrogenosulfato de Amônio NH4HSO4 147

Hidrogenosulfato de Potássio KHSO4 214

Pirosulfato de Sódio Na2S2O7 401

Pirosulfato de Potássio K2S2O7 414

Tetraborato de Sódio Na2B4O7 450

Metaborato de Lítio LiBO2 839

Tetraborato de Lítio Li2B4O7 845

Fluoreto de Potássio KF 856

Nitrato de Sódio NaNO3 306

Óxido de Boro B2O3 450

O agente fundente mais comum é o carbonato de sódio que é

encontrado comercialmente em pureza adequada para a determinação de

constituintes maiores e menores. Os recipientes utilizados para fusão com

carbonatos são usualmente de Pt ou suas ligas, sendo que o tempo de vida útil do

cadinho dependerá da textura do metal, temperatura de fusão e a composição do

material decomposto. Como os carbonatos são usados principalmente na

decomposição de silicatos (tais como rochas e vidros), quando se utiliza uma

chama como fonte de calor, pode ocorrer perda acentuada de ferro da amostra

para o cadinho de platina, causando perdas do analito e prejuízos ao cadinho. No

(33)

Durante a fusão, ligações de polissilicatos e aluminosilicatos são

dissociadas formando silicatos alcalinos, solúveis em água ou em ácidos

minerais.

É sabido que o Na2CO3 é uma excelente fonte de íons O

:

CO32- CO2 + O2-

(base de Lewis)

SiO2 + O

SiO3 2-

(ácido de Lewis)

O sal sódico do SiO3

é solúvel em água, promovendo assim a

dissolução da sílica.16

Carbonatos alcalinos são bastante eficientes como agentes

fundentes na determinação de impurezas em carbetos de silício, apesar de alguns

compostos serem volatilizados durante o processo de fusão como As e Se

parcialmente, Tl e Hg completamente, conforme TABELA 2.1. No entanto, a

determinação de Re em amostras de interesse geológico por ICP-MS (do inglês

inductively coupled plasma-mass spectrometry) foi possível a partir da digestão

via fusão com Na2CO3 em cadinho de platina. Os resultados foram concordantes

com àqueles obtidos a partir da digestão ácida das amostras.21

A utilização de combinações de Na2CO3 com agentes oxidantes

como KNO3, KClO3 ou Na2O2 16

pode melhorar a eficiência da fusão, para

materiais de elevada resistência química. Bem como misturas com outros

agentes fundentes como o K2CO3 utilizado na decomposição de pós de

cerâmicas avançadas, Si3N4 e BN. A mistura 1:1 m/m de Na2CO3 e K2CO3 foi

adicionada às amostras e a fusão efetuada em cadinho de platina.11

O Na2B4O7 (bórax) é um fundente que pode ser utilizado

isoladamente ou em combinação com o Na2CO3, sendo que as temperaturas de

fusão podem variar de 1000 – 1200 oC. A mistura pode ser utilizada em

procedimentos de decomposição de solos como proposto por Medved et al..24

(34)

proporção de 1:20 m/m (amostra:fundente) em cadinho de platina. A mistura é

eficiente apesar de TiN ser um material com elevada dureza, resistência à

abrasão, alto ponto de fusão, alta estabilidade química à elevadas temperaturas e

condução metálica.22 Da mesma forma, o nitreto de alumínio (AlN) pode ser

digerido utilizando essa mistura devido à sua baixa solubilidade em meio ácido,

mesmo em sistemas de aquecimento assistido por microondas. A mesma

proporção amostra:fundente utilizada para TiN foi requerida no caso do AlN. A

solução resultante após dissolução do bolo fundente em água, foi utilizada para

comparar os resultados obtidos na determinação de impurezas a partir da

introdução de suspensões em espectrômetro de emissão óptica com plasma

acoplado indutivamente.25

Ácido bórico quando misturado ao Na2CO3 (2:3 m/m) origina uma

mistura capaz de digerir óxido de zircônio, quando submetido à temperatura de

1000 oC durante 15 min em cadinho de Pt-Au (5 % m/m).26

O metaborato de lítio (LiBO2) é um fundente freqüentemente

utilizado, pois além de estar disponível comercialmente em elevada pureza,

apresenta excelente solubilidade para muitos elementos. Apesar de ser

susceptível à cristalização, é o fundente preferido para o preparo de soluções

devido à sua baixa viscosidade.15 Diversas aplicações utilizando LiBO2 podem

ser encontradas na literatura, como a decomposição de silicatos em cadinho de

grafite na proporção 1: 1 m/m (amostra/fundente). A fusão foi realizada à 1000

o

C durante 30 min. A dissolução do fundido foi feita em HNO3 8 % v/v, sendo

que o procedimento total foi finalizado num período de 3 - 4 h.20 Outras

amostras de interesse geológico foram digeridas via fusão com LiBO2, sendo

que em alguns casos, o fundido foi dissolvido em HNO3 diluído

23,27,28

e HCl

também diluído.29

Amostras de materiais cerâmicos também podem ser digeridas

utilizando fusão com LiBO2em cadinho de platina sob temperaturas em torno de

(35)

digestão de materiais é o caso da determinação de Mn em sabão em pó por ICP

OES e ICP-MS. As amostras fundidas foram dissolvidas em HNO3 e limites de

detecção da ordem de sub µg g-1 foram obtidos para ambas as técnicas. Amostras altamente complexas como o sabão em pó, não são digeridas

facilmente. Os componentes orgânicos podem ser destruídos pela queima via

seca, mas os constituintes inorgânicos tais como silicato de sódio, são altamente

resistentes e insolúveis em ácidos concentrados. Por isso, a fusão alcalina se

apresenta como uma excelente opção para digestão dessas amostras,

principalmente devido ao tempo relativamente curto necessário para a execução

desse processo. Deve-se salientar que o método anteriormente utilizado se

baseava na extração do analito em HNO3 diluído à quente, resultando em várias

horas para o preparo de uma amostra.31

O tetraborato de lítio (Li2B4O7) é pouco higroscópico e pode ser

usado diretamente ou em combinação com LiBO2. O Li2B4O7 é um ácido fraco,

adequado principalmente para a fusão de amostras com características básicas.

O fundido é altamente viscoso, sendo que os vidros formados são dificilmente

dissolvidos em ácidos minerais. Tal como outros boratos fundidos, esse vidro

também adere fortemente à platina do cadinho, sendo aconselhável o uso de

cadinho de Pt-Au.17 Como citado anteriormente, o Li2B4O7 pode ser utilizado

isoladamente, como demonstrado por Paama et al.14 na digestão de amostras

arqueológicas e argilas, como também em mistura com LiBO2. Amostras de

rochas graníticas foram digeridas por fusão com mistura de LiBO2 + Li2B4O7 (1

+ 4 m/m) em cadinho de grafite, na proporção de 1:3 m/m (amostra/fundente). O

produto da fusão foi dissolvido em HCl diluído. A fusão foi realizada em forno

mufla sob temperatura de 1000 oC durante 20 min.32 A mesma mistura foi

utilizada na digestão de minério de niobio-tântalo para determinação de

diversos elementos via ICP OES.33

Em estudos anteriores, observou-se que o tetraborato de lítio é mais

(36)

mistura de 4 + 1 m/m de LiBO2 e Li2B4O7 corresponde a um eutético com ponto

de fusão de 832 oC, considerada o agente fundente universal para amostras com

elevadas concentrações de óxido de silício e alumínio.15

Outros fundentes menos comuns também podem ser úteis na

digestão de materiais inorgânicos, como a mistura de metaborato de potássio

(KBO2) e carbonato de potássio (K2CO3), utilizada para dissolução de silicatos.

Essa mistura binária (3:2 m/m) pode fundir amostras de rochas basálticas, areia

ou vidros em pó em cadinho de platina com aquecimento em forno mufla. A

vantagem desse procedimento é o curto tempo de fusão, cerca de 10 min e a

rápida dissolução do fundido em meio ácido, que pode ser HCl, HNO3 ou H2SO4

diluídos.34

Kohl et al.35 utilizaram (NH4)2SO4 na digestão de pós cerâmicos à

base de ZrO2. A proporção 1:10 m/m (amostra/fundente) foi fundida em

recipientes de quartzo sob temperaturas de até 450 oC em forno mufla, sendo o

produto resultante dissolvido em HNO3 2% v/v. A vantagem do emprego desse

fundente reside na baixa temperatura de fusão requerida (< 500 oC)

possibilitando o uso de recipiente de quartzo e minimizando a perda de

elementos potencialmente voláteis.35

Para a determinação de impurezas presentes em baixas

concentrações em ZrO2, outros fundentes podem ser utilizados como por

exemplo K2S2O7, LiBO2/H3BO3, Li2B4O7/Li2CO3 ou Na2B4O7. Esses métodos de

fusão demandam menos tempo que os processos de digestão ácida, porém

necessitam de elevadas temperaturas, podendo ocasionar contaminações e ou

perda de analitos.36

Das possíveis fontes de contaminação durante um processo de

fusão, o fundente e o cadinho podem ser considerados os agentes mais críticos.

Com a utilização de reagentes de grau analítico se minimiza a possibilidade de

contaminação proveniente do fundente. Já o cadinho pode causar contaminações

(37)

observada contaminação por Cu, Mn, Ni e Zn. Utilizando cadinho de Zr com o

mesmo fundente pode ser observada a contaminação do próprio Zr.37

TABELA 2.1 - Aplicações do método de fusão na decomposição de materiais inorgânicos, adaptada de Krug.15

Fundente T

(oC)

Material

do

Cadinho

Amostras Elementos

Voláteis

Na2CO3 850-1000 Pt, Ni, Zr silicatos, solos, óxidos

carbonatos, sulfatos,fosfatos,

fluoretos

Ag, As, Bi, Br, Cd, Cl, F, Ga, Hg, In, I, Os, Pb, Re, Ru, S, Sb, Se, Te, Tl, Zn Na2CO3 +

Na2B4O7

900-1000 Pt, Pt-Au silicatos, solos,

bauxita, óxidos de Al, Ti, Fe, Mn, Cr, Sn,

Zr, Nb, Ta

Ag, As, Bi, Br, Cd, Cl, F, Ga, Hg, In, I, Os, Pb, Re, Ru, S, Sb, Se, Te, Tl, Zn LiBO2 ou

Li2B4O7

900-950 Pt, Pt-Au,

Grafite

silicatos, solos, óxidos de Al, Cr, Mg, Ca, Fe,

materiais refratários

Ag, As, Bi, Br, Cd, Cl, F, Ga, Hg, In, I, Os, Pb, Re, Ru, S, Sb, Se, Te, Tl, Zn

KHSO4

ou K2S2O7

420-700 Pt sulfetos, óxidos de

Be, Cr, Fe, Nb, Ta, Ti, Zr e lantanídeos

Bi, Cd, Hg, Pb, S, Se, Tl, Zn

KOH 360-450 Ni, Fe, Ag,

Zr

silicatos óxidos de Fe, Ge, Nb, Sn, Te, Ti,

W, fosfatos

Bi, Cd, Hg, Se, Tl

Na2O2 450-1000 Ni, Fe, Ag,

Zr, carbono vítreo, Pt

(450 oC máx.)

concentrados de metais preciosos, refratários, silicatos,

solos, óxidos de Al, Ti, Fe, Mn, Cr, Sn,

Zr, Nb, Ta, ligas metálicas, materiais à

base de zinco, minérios

Cd, Hg

Constata-se que os hidróxidos alcalinos têm pontos de fusão

consideravelmente menores que os carbonatos alcalinos e são bastante reativos

(38)

limitante quando se pretende usar fundentes como KOH, NaOH ou LiOH.

Mesmo metais como platina ou paládio e suas ligas são relativamente corroídos,

principalmente sob elevadas temperaturas.17

A quantidade de fundente utilizada depende da basicidade da

amostra, sendo que um fundente ácido é adequado para digestão de amostras

contendo altos teores de óxidos básicos e carbonatos (um excesso de 3 a 5 vezes

comparativamente à massa de amostra é suficiente). Por outro lado, amostras

ácidas requerem o uso de fundentes básicos.17 A TABELA 2.2 apresenta

exemplos das categorias de amostras existentes:

TABELA 2.2 - Categorias de amostras e exemplos, adaptada de Krug.15

Amostras

Categorias Exemplos

ácidas SiO2 , P2O5

básicas MxOy

M= Na, Mg, Ca, Al

x = 1,2

y = 1,2,3

anfóteras Fe2O3

Quando analisamos criticamente uma técnica de digestão, vários

fatores devem ser considerados: (1) se digestão completa é requerida; (2)

possível perda do analito por volatilização; (3) a solução final deve ser adequada

à técnica instrumental escolhida e ou disponível (matriz da amostra, total de

sólidos dissolvidos e possíveis interferências); (4) exatidão e precisão para os

elementos determinados deverão ser adequadas e não deverão ser afetadas pelo

processo de diluição; (5) tempo de preparo da amostra não deve ser

exageradamente longo e (6) o procedimento deverá ter um custo razoável.9 Em

(39)

minerais resistentes ao ataque ácido, possibilitando a quantificação de elementos

refratários como exemplo Cr, Hf e Zr.9 No entanto, as soluções resultantes da

fusão apresentam alto conteúdo de sólidos dissolvidos, o que torna a análise por

espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente,

problemática. Uma vez que o total de sólidos dissolvidos deve ser menor que 2

% m/v, o que usualmente não é possível, pois para esse método é comum utilizar

uma massa de fundente 7-10 vezes maior que a massa da amostra.4 Esse

aumento de sais introduzidos pelo processo de fusão implica na necessidade de

um aumento da diluição da amostra, causando um aumento significativo dos

limites de detecção, prejudicando a determinação de muitos elementos traços.

Outra desvantagem é a possível perda dos analitos por volatilização devido às

elevadas temperaturas necessárias ao processo de fusão como por exemplo Pb,

Sb, Sn e Zn.9 Digestão com ácido fluorídrico também é muito utilizada quando

se trabalha com materiais de interesse geológico, cerâmicas, entre outros.

Porém, quando a digestão é promovida sob pressão ambiente e elevada

temperatura, o Si se perde por volatilização como SiF4. Além de que, amostras

digeridas com HF em sistemas fechados (tanto aquecimento condutivo como

aquecimento assistido por microondas) para determinação de constituintes de

interesse por espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado

indutivamente, faz-se necessário a adição de 1,0 mL de ácido bórico 4% m/v

para cada 0,5 mL de HF utilizado no processo de digestão.38 O ácido bórico por

sua vez, complexa os íons fluoreto, evitando o desgaste da tocha de quartzo

quando desprovida de tubo central resistente a HF. Esse processo, da mesma

forma que a fusão alcalina, promove o aumento do conteúdo total de sólidos

dissolvidos na solução da amostra.

Finalmente, apesar de avanços tecnológicos, como a introdução de

fornos de microondas com sistemas fechados (alta pressão) para digestão de

amostras, método de digestão por fusão em alguns casos se apresenta como uma

(40)

dependendo do processo de fabricação e moagem somente é digerido por fusão

alcalina. Assim, estabelecer as melhores condições para a determinação

elementar em soluções de amostras preparadas a partir de fusão via ICP OES

seja por configuração radial, como configuração axial é relevante principalmente

em laboratórios de análise de rotina nos quais a diversidade de amostras é

elevada. Deve-se ainda ressaltar que mesmo para aqueles materiais para os quais

já existe um método de digestão via ataque ácido estabelecido, muitas vezes,

dependendo da amostra, a dissolução não é adequada. Isso implica que em

muitas situações a fusão é o caminho mais adequado, senão o único, para essa

etapa tão crítica de uma análise química, que é a digestão da amostra.

2.4 - Figuras de mérito – Como avaliar o desempenho de um

método analítico em ICP OES

Para avaliar o desempenho de um método analítico em ICP OES,

foram estabelecidas algumas figuras de mérito como número de elementos,

seletividade, repetibilidade (precisão), estabilidade a longo período, robustez,

limites de detecção e exatidão.39 Essas figuras de mérito podem ser

determinadas a partir de experimentos simples e levam à caracterização de um

método analítico como é o caso da determinação do número de elementos, que

se refere diretamente à faixa de comprimentos de onda possível de ser medida

pelo sistema óptico. A seletividade, que está relacionada à resolução do sistema

dispersivo, pode ser determinada experimentalmente medindo-se a largura à

meia altura das linhas de emissão de Ba II em 233 e 405 nm para a região do UV

e VIS respectivamente, usando-se uma solução contendo 1 mg L-1 de Ba.

Quanto menor esse valor, maior a resolução do equipamento. A repetibilidade

pode ser expressa como desvio padrão relativo (RSD) do inglês relative

standard desviation da flutuação do sinal de emissão da linha de Mg I em 285

(41)

em condições normais de operação, esse valor é tipicamente inferior a 2 %40 e

dificilmente superior a 5 %.41 A estabilidade pode ser também expressa como o

RSD da flutuação do sinal, no entanto, considerando um período de várias horas.

Além disso, há também a estabilidade no início da operação do equipamento,

conhecida como warm up time, e definida como o tempo necessário a partir da

ignição do plasma para garantir que o sistema está pronto para análises

quantitativas, ou seja, que os sinais obtidos são aceitáveis (RSD < 1 % para as

linhas de Ar I 404 nm, Ba II 455 nm ou Zn II 206 nm).

Dentre as características de um método analítico, a exatidão,

precisão e estabilidade a longo período são figuras de mérito prioritárias. A

exatidão por sua vez, é a aproximação entre o valor medido experimentalmente

e o valor correto, podendo ser avaliada a partir do uso de materiais de referência

certificados.39

Outra figura de mérito importante é a robustez, que diz respeito às

condições de excitação do plasma. Mermet42, em trabalho publicado em 1991,

usou a razão das intensidades das linhas de Mg II 280,270 nm / Mg I 285,213

nm para avaliar e otimizar os processos de atomização, excitação e ionização no

plasma. O termo robustez é usado para descrever as condições de excitação e

atomização em um espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado

indutivamente, quando são obtidas razões Mg II / Mg I ≥10, correspondentes à condição de equilíbrio termodinâmico local em um plasma, conforme deduzido

teoricamente por Mermet et al..42 Um plasma robusto pode ser obtido usando

baixa vazão de nebulização, uma elevada potência de rádio-freqüência e um

tubo injetor da tocha de quartzo com diâmetro igual ou maior que 2 mm.43 No

entanto, outro fator importante para obtenção de exatidão e precisão nos

resultados em um espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado

indutivamente é o sistema de introdução de amostras.

Trevizan et al.44 avaliaram as influências da potência aplicada de

(42)

introdução de amostras em um espectrômetro de emissão óptica com plasma

acoplado indutivamente com configuração axial. Os resultados obtidos

indicaram que condições robustas são dependentes do tipo de nebulizador usado,

de forma que para um nebulizador concêntrico, com uma câmara de spray

ciclônica ou Sturman-Masters, condições robustas foram obtidas a uma alta

potência de rádio-frequëncia e a uma baixa vazão do gás de nebulização, como

já observado anteriormente. Entretanto, para um nebulizador V-groove com uma

câmara spray Sturman-Masters é necessário o uso de uma alta vazão de

nebulização (p. ex. > 1,0 L min-1) para garantir condições robustas de operação

e elevadas intensidades de emissão de Mg.44 Assim, esse plasma robusto é capaz

de suportar mudanças na natureza ou concentração da matriz da amostra, sem,

no entanto, apresentar variações significativas nos sinais analíticos.45 Outra

estratégia utilizada para minimizar interferências matriciais, além da utilização

de condições robustas, é a compatibilização de matriz (matrix matching). Esse

procedimento consiste no preparo de soluções analíticas de calibração contendo

concentração(ões) do(s) elemento(s) majoritário(s) e quantidade de ácido ou

agente fundente iguais ao da amostra. Entretanto, essa simulação requer um

perfeito conhecimento da matriz da amostra, o que nem sempre é possível. Para

amostras geológicas essa estratégia é muito utilizada, assim como a calibração

com materiais de referência certificados.46

A padronização interna também pode ser utilizada para melhorar a

repetibilidade e exatidão de um método analítico. O padrão interno é um

elemento que é adicionado em concentração constante em todas as amostras e

soluções analíticas de calibração, que será medido de tal forma a obter valores

da razão do sinal do analito sobre o sinal do padrão interno. Contudo, a escolha

do padrão interno é um fator crítico pois geralmente é um elemento não presente

entre os constituintes da amostra e que não seria usualmente determinado. A

(43)

correção de interferências de transporte e flutuações instrumentais que afetem a

repetibilidade dos sinais analíticos.41

Para espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado

indutivamente com configuração radial, a razão Mg II / Mg I apresenta valores

maiores que para configurações axiais, isso porque, quando o modo de

observação convencional é usado, as razões Mg II / Mg I são usualmente

medidas seguindo uma otimização da altura de observação correspondendo ao

ótimo da emissão da linha iônica. Em contraste, quando o modo de visão axial é

usado, ambas as zonas de emissão de linhas iônicas e atômicas são investigadas

pelo sistema de detecção.45 Portanto, resultados experimentais indicam que

plasmas radiais são considerados robustos quando a razão Mg II / Mg I > 10,

enquanto que para plasmas axiais a razão Mg II / Mg I > 8. Esses valores foram

obtidos multiplicando-se as razões de intensidade Mg II / Mg I por um fator de

correção para compensar a diferença na resposta do detector de estado sólido

para os dois comprimentos de onda do Mg. No caso do ICP OES Vista da

Varian, o fator foi estabelecido em 1,85:

No entanto, a possibilidade de trabalhar com plasmas em condições

não robustas de operação, não deve ser descartada. Mesmo porque, elevadas

potências de rádio-freqüência causam desgaste na tocha de quartzo, fonte de

potência e comprometimento da razão sinal analítico / sinal de fundo, mesmo

quando o modo de observação axial é utilizado. Além disso, a utilização de

condições robustas não garante a completa eliminação de efeitos matriciais.43

Diante de todas as considerações acima, a utilização ou não de

condições robustas de operação deve ser definida de acordo com as necessidades

analíticas. O analista deverá considerar ainda o tipo de configuração do

espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (radial ou

axial), a complexidade da matriz da amostra (total de sólidos dissolvidos,

(44)

(sensibilidade, linhas iônicas ou atômicas), sistema de introdução de amostra,

precisão e exatidão requeridas.

Um estudo comparando as duas configurações radial e axial quanto

ao desempenho analítico foi realizado por Silva et al.47 Os autores compararam

figuras de mérito para ambos os espectrômetros de emissão óptica com plasma

acoplado indutivamente quanto ao warm up time, estabilidade a curto e longo

prazo, resolução espectral das linhas UV e VIS e limites de detecção. Ambos os

equipamentos apresentavam sistema de detecção e gerador de rádio-freqüência

idênticos, diferindo apenas no modo de observação. Os resultados apontaram

que para um equipamento com configuração radial, o warm up time foi 2 vezes

menor que para aquele com configuração axial. A robustez, estabilidade a curto

e longo período e as resoluções espectrais nas regiões do UV e visível foram

similares para ambas configurações. Por outro lado, a sensibilidade alcançada

para o Ni com a configuração axial foi 20 vezes melhor que com a radial,

enquanto que os LOD´s do inglês limit of detection (limite de detecção) e

BEC´s do inglês background equivalente concentration (concentração

equivalente do sinal de fundo) foram similares para todas as concentrações de

carbono estudadas.47

Dessa forma, considerando-se a necessidade de emprego de fusão

para a digestão de amostras inorgânicas com alta inércia química e o efeito de

meios complexos sobre medidas em ICP OES, o próximo item discutirá a

literatura referente ao emprego de um espectrômetro de emissão óptica com

plasma acoplado indutivamente com configurações axial e radial para a análise

de digeridos obtidos por fusão e, conseqüentemente, contendo um alto teor de

(45)

2.5 - Aplicações do método de fusão para digestão de amostras de

sólidos inorgânicos com determinação dos constituintes de

interesse por ICP OES

Em revisão da literatura, constata-se que diversos trabalhos

envolvendo o método de fusão para digestão de amostras de sólidos inorgânicos

com determinação dos constituintes de interesse por ICP OES estão reportados.

A técnica de ICP OES é reconhecida como uma técnica multi-elementar

confiável, para determinação de elementos maiores, menores e traços em

diversos tipos de amostras. Porém, na grande maioria dos trabalhos, o

espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente é

encarado apenas como uma ferramenta analítica. Poucos trabalhos avaliaram os

possíveis efeitos matriciais provocados pela presença de elementos facilmente

ionizáveis como Na e Ca5,48-50 na amostra, interferências de ácidos utilizados na

digestão das amostras51 ou avaliaram a eficiência da interface utilizada para

remover a zona fria indesejável do plasma no caso de plasmas axiais.8 Em geral,

esses trabalhos também não avaliaram sistematicamente as melhores condições

de operação52 ou até mesmo as figuras de mérito envolvidas como o número de

elementos, a sensibilidade, a seletividade, a repetibilidade, a estabilidade, a

exatidão, a robustez e os limites de detecção.39

Portanto, o desempenho do espectrômetro de emissão óptica com

plasma acoplado indutivamente foi em geral superficialmente avaliado e

discutido. Na discussão abaixo, exemplificaram-se aplicações da digestão por

fusão nas determinações de constituintes de interesse em espectrômetros de

emissão óptica com plasma acoplado indutivamente com configurações radiais e

axiais, considerando-se as condições experimentais utilizadas e quando possível

avaliar o desempenho do instrumento frente à introdução de soluções

(46)

2.5.1 Espectrômetros de emissão óptica com plasma acoplado

indutivamente radiais e axiais

Espectrômetros de emissão óptica com plasma acoplado

indutivamente com configuração radial, geralmente com tocha posicionada

verticalmente ao sistema óptico, foram os primeiros a serem introduzidos

comercialmente e, até recentemente, considerados como a configuração

convencional. Ao longo dos anos, diversos trabalhos foram desenvolvidos,

ampliando cada vez mais o campo de aplicações dessa técnica, como no caso da

caracterização de amostras de vidro borossilicato provenientes de

reprocessamento industrial de um “lixo de alta radioatividade” (combustível

utilizado em reatores nucleares). Mais uma vez a importância da análise

química é destacada, bem como a existência de métodos e técnicas analíticas

adequadas. Nesse estudo, os autores utilizaram Na2O2 como fundente, na

proporção de 1:15 m/m de amostra e fundente para determinação de Si e B. O

recipiente utilizado foi um cadinho de Zr a 700 oC. Como citado anteriormente,

a escolha do material do cadinho depende do fundente e, conseqüentemente, da

temperatura de fusão, do tipo de amostra e dos analitos a serem determinados.

Nesse caso, optou-se pelo cadinho de zircônio provavelmente devido à sua

elevada resistência química. Para a determinação dos demais analitos Li, Na,

Mg, Al, P, Cr, Fe, Ni, Sr, Mo, La, Ce, Nd, U e inclusive Zr, os autores

utilizaram a digestão com HF e HClO4. O resíduo insolúvel da digestão ácida foi

dissolvido posteriormente por fusão com Na2O2 em cadinho de níquel, uma vez

que o Zr era um elemento de interesse. As soluções resultantes foram analisadas

em um espectrômetro Shimadzu, modelo ICP 1000 II, com algumas

modificações que permitiram a introdução de amostras radioativas. As

condições de operação foram 1,2 kW de potência aplicada e 1,2 L min-1 de

vazão do gás de nebulização. Informações sobre o tipo de configuração radial ou

axial, e interferências encontradas não foram reportadas, mesmo porque o

(47)

emissão óptica com plasma acoplado indutivamente, e sim a viabilidade dos

métodos de caracterização. Os autores informaram apenas que os resultados

obtidos apresentaram boa concordância com os valores esperados, exceto para B

que apresentou valores menores, provavelmente devido à perda por volatilização

durante o processo de fusão sob elevada temperatura. Um material de referência

certificado foi utilizado (Vidro NIST SRM 1412) para avaliar a exatidão das

medidas.13

A fusão com boratos consiste em uma das técnicas mais limpas

para o preparo de soluções, sendo que os produtos de reação são isentos de gases

tóxicos e não requer a limpeza ácida dos recipientes de reação.18 A eficiência da

fusão com Li2B4O7 foi avaliada na dissolução de amostras de fibras de vidro, nas

quais tanto a capa da fibra como o preenchimento propriamente dito foram

analisados. Os analitos Zr, Ba, Y, La, Al e Na originalmente na forma de ZrF4,

BaF2, YF3, LaF3, AlF3 e NaF foram determinados a partir da dissolução por

fusão, ataque ácido e introdução de suspensões. Para o procedimento por fusão

utilizou-se uma proporção de amostra e fundente de 1:10 m/m, com uma

diluição de 1500 vezes para os analitos Y, La, Al e Na e de 15000 vezes para Zr

e Ba. As condições de operação do plasma foram 1,2 kW de potência aplicada

de rádio-freqüência e 1,0 L min-1 de vazão do gás de nebulização, que

provavelmente favoreceram condições robustas de operação apesar desse

aspecto não ter sido discutido. Os três métodos foram comparados e os

resultados foram concordantes.53

Um percentual significativo das aplicações da ICP OES utilizando

fusão para decomposição da amostra se refere à caracterização de materiais

geológicos. Esses materiais têm como característica marcante a complexidade

matricial e uma elevada resistência química devido as diferentes fases minerais

presentes. Por isso, a existência de técnicas analíticas para a caracterização

desses materiais é limitada. A fluorescência de raios-X (XRF) é uma técnica

(48)

com chama (FAAS) e a técnica de ICP OES. Outras técnicas mais sofisticadas

como análise por ativação neutrônica (NAA) do inglês analysis by neutronic

activation até espectrometria de massas também são ferramentas importantes

para essa tarefa.

Em trabalhos realizados anteriormente, observou-se que a precisão

analítica das medidas obtidas por ICP OES em análises de rotina, está em torno

de ± 2 – 3 % tanto para os elementos maiores quanto para os menores. No

entanto, quando se trata de XRF, essa precisão geralmente se situa entre ± 0,2 –

0,5 %.27 É claro, que existem outras limitações para essa técnica, como por

exemplo a elevada quantidade de amostra requerida para a análise de elementos-

traço,54 que tornam o espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado

indutivamente também atrativo para análises de materiais geológicos, apesar da

exatidão inferior. Por isso, uma avaliação objetiva da precisão analítica das duas

técnicas foi realizada por Ramsey et al..10 Nesse trabalho os autores compararam

as duas técnicas analíticas, sendo que para as determinações dos elementos-

traço por ICP OES, as amostras foram digeridas em meio ácido (diluição 100

vezes) e para os elementos maiores, por fusão com uma mistura de metaborato e

tetraborato de lítio, na razão 1:3 m/m (amostra/fundente). A solução preparada

por fusão (em meio de HNO3 diluído) foi diluída 1000 vezes. O espectrômetro

de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente utilizado foi um ARL

34000 simultâneo operando em 1,25 kW de potência aplicada de rádio

freqüência e 1,0 L min-1 de vazão do gás de nebulização, com vazão de

bombeamento da amostra de 1,2 mL min-1. A estratégia utilizada pelos autores

para minimizar as interferências matriciais foi preparar soluções analíticas de

calibração monos-elementares para a determinação dos elementos maiores,

enquanto que os elementos presentes em baixas concentrações foram

determinados a partir da calibração do espectrômetro de emissão óptica com

plasma acoplado indutivamente com soluções multi-elementares . Após um

(49)

concluíram que a diferença entre eles foram relativamente baixos não devendo

afetar sua precisão analítica. Sendo < 1% para os elementos maiores e < 10%

para os elementos traços.

Uma avaliação de técnicas de dissolução para análises em ICP OES

foi realizada por Totland et al..9 Nesse estudo, os autores compararam três

técnicas de digestão: (1) fusão alcalina com LiBO2; (2) ácido fluorídrico e

perclórico em frascos de PTFE abertos e (3) mistura ácida (HF + HClO4) em

forno de microondas com sistema fechado. Os elementos de interesse foram

determinados por ICP OES e ICP-MS. Dos três métodos de digestão avaliados, a

fusão alcalina é o mais comumente usado para digerir amostras geológicas,

sendo que a sílica é retida em solução, permitindo a determinação de todos os

elementos a partir de uma única preparação. Entretanto, o conteúdo total de

sólidos dissolvidos na solução final compromete a exatidão e precisão das

medidas estabelecendo-se um total < 1- 2 % (ICP OES) e < 0,1 – 0,2%

(ICP-MS). Contudo, mesmo necessitando de diluições extras, a técnica é preferida

para determinação de elementos mais refratários como Ti, Zr, W e Cr.

Considerando-se que as informações referentes ao espectrômetro de emissão

óptica com plasma acoplado indutivamente são mais relevantes nesta discussão,

um equipamento com configuração radial da marca Jobin-Yvon JY70 Plus foi

utilizado com as seguintes condições de operação: 1,0 kW de potência aplicada,

0,35 L min-1 de vazão do gás de nebulização e 1,2 mL min-1 de vazão de

bombeamento da amostra. A altura de observação variou de 12 - 15 mm. No que

diz respeito à digestão da amostra por fusão com LiBO2, a razão

amostra/fundente foi de 1:5 m/m, sendo que a mistura foi colocada em cadinho

de grafite e submetida à temperatura de 1050 oC durante 20 min. Também foi

utilizado serpentinite UB-N (agente “non-wetting”) na razão de 1:7 m/m (UB-N

/ amostra+fundente) para prevenir que o fundido ficasse aderido às paredes do

cadinho. O produto da fusão foi dissolvido em HNO3 0,8 mol L-1, perfazendo

Imagem

FIGURA 2.0 - Interfaces de remoção da zona fria do plasma: (a) end-on gas; (b)  shear-gas
TABELA 2.0 - Pontos de fusão de compostos comumente utilizados para a  fusão de amostras
TABELA 2.1 - Aplicações do método de fusão na decomposição de materiais  inorgânicos, adaptada de Krug
TABELA 4.1. Elementos avaliados e suas respectivas linhas espectrais (I)  atômicas e (II) iônicas e energias de excitação (E ex ) ou soma das energias (E sum )
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Referências

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