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TEORIAS DO LETRAMENTO: AS PRÁTICAS SOCIAIS DE LEITURA E DE ESCRITA

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Academic year: 2022

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TEORIAS DO LETRAMENTO:

AS PRÁTICAS SOCIAIS DE LEITURA E DE ESCRITA

Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS

Autoria:Jociane Stolf

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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito

Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da

Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald Profa. Jociane Stolf

Revisão de Conteúdo: Profa. Cristiane Lisandra Danna Revisão Gramatical: Iara de Oliveira

Diagramação e Capa:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

372.414

S875t Stolf, Jociane

Teorias do letramento: as práticas sociais de leitura e de escrita / Jociane Stolf. Indaial : Uniasselvi, 2011.

100 p. : il.

Inclui bibliografia.

ISBN 978-85-7830-492-8 1. Alfabetização - letramento.

I. Centro Universitário Leonardo da Vinci

Copyright © UNIASSELVI 2011

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

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Jociane Stolf

Sou a professora Jociane Stolf, licenciada em Letras (Português – Inglês e respectivas Literaturas) pela Universidade Regional de Blumenau. Durante a graduação atuei tanto em projetos de pesquisa como de extensão. Como pesquisadora, participei de projeto financiado pelo CNPQ, em que buscava compreender a concepção das professoras alfabetizadoras sobre o conceito de alfabetização e letramento, além de discutir a inserção do ensino fundamental de nove anos. Após o término da pesquisa, muitas indagações surgiram, então iniciei o Mestrado em Educação e defendi a dissertação intitulada: As práticas sociais de escrita e leitura no primeiro ano do ensino fundamental de nove

anos: um estudo de caso. Atualmente, faço parte da Equipe Multidisciplinar da Uniasselvi-Pós, sou Professora-Tutora

Externa também dessa instituição, atuando nos cursos da Educação e coordeno o GFLM (Grupo de Formação de Professores de Língua Materna) com reuniões mensais

em uma escola municipal de Timbó-SC.

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Sumário

APRESENTAÇÃO ...7

CAPÍTULO 1

O Letramento Chega ao Brasil ...9

CAPÍTULO 2

Alfabetização x Letramento ...31

CAPÍTULO 3

As Práticas Sociais de Leitura ...57

CAPÍTULO 4

As Práticas Sociais de Escrita ...75

CAPÍTULO 5

Alfabetização e Letramento: um Olhar para Educação

de Jovens e Adultos ...89

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A PRESENTAÇÃO

Olá caro pós-graduando, ao longo da sua prática pedagógica ou da sua formação profissional você já deve ter se deparado com a seguinte afirmação:

“Eu alfabetizo letrando”. Para alguns profissionais da educação parece que isso virou um slogan ou uma afirmativa da moda que precisa ser dita para comprovar a veracidade do trabalho realizado em sala de aula.

Mas, você já se perguntou: O que é alfabetizar uma criança? Além dessa questão, outra muito importante: Com que método eu alfabetizo os alunos e dou oportunidades de inserção em diferentes práticas sociais de leitura e de escrita?

Esse será o foco de nossa discussão nesse caderno de estudos, compreender o universo da alfabetização, do letramento, e o principal deles a criança e/ou o adulto inserido nesse contexto educacional.

Portanto, esse caderno foi pensado em cinco capítulos:

O primeiro irá abordar a chegado do termo letramento no contexto brasileiro.

No seguinte, conversaremos sobre os conceitos de alfabetização e letramento, assim como, a inserção das crianças nas práticas sociais de leitura e de escrita.

No terceiro capítulo, falaremos apenas das práticas sociais de leitura na sala, apresentaremos exemplos do contexto da sala de aula.

No penúltimo capítulo iremos compreender as práticas sociais de escrita, principalmente, como inserir as crianças desde o início do processo de escolarização nessas práticas, mesmo sabendo que elas ainda não tem autonomia na escrita.

E por último, mas não menos importante, iremos abordar a alfabetização e o letramento em outro contexto: Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Com este caderno, espero que apenas possamos começar os nossos estudos sobre a alfabetização e o letramento, e que ao final dessa disciplina vocês compreendam o fascinante universo das crianças.

Para ilustrar o final dessa apresentação, segue uma tirinha da Mafalda, nossa fiel companheira nesse caderno de estudos, em que demostra sua empolgação ao iniciar sua vida escolar.

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Figura 1 - Mafalda em seu primeiro dia na escola

Fonte: Quino (1999, p.36).

Note, que da mesma forma que a Mafalda estava ansiosa pelo início das aulas, as crianças também agem dessa mesma forma, neste caderno além de compreender a alfabetização e o letramento, iremos compreender a criança que está em sala de aula, passando pelo processo de aprendizagem do código escrito.

Bons estudos!

Profª Jociane

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C APÍTULO 1

O Letramento Chega ao Brasil

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

3 Apresentar a chegada do termo letramento ao Brasil, assim como os novos estudos do Letramento.

3 Apresentar a chegada do termo letramento no contexto educacional.

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1

Contextualização

Para iniciar a nossa conversa sobre o letramento, é importante conhecer a origem desse termo, e o que ele significa no contexto educacional e social.

Portanto, neste capítulo faremos um resgate histórico para entender os movimentos do ensino brasileiro a partir da chegada do letramento.

Mas, antes de iniciarmos nossa viagem, ao passado, convido você, caro pós- graduando, que reflita sobre duas questões que iremos retomar no final desse caderno de estudos.

Atividade de Estudos:

1) O que é letramento?

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2) O que é alfabetização?

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É de suma importância que você anote o que você já sabe sobre isso, para que no final dos seus estudos, possa retomar e ampliar os seus conhecimentos.

Dividimos este capítulo em dois momentos: no primeiro iremos conversar sobre a chegada do termo letramento no Brasil e o porque da sua criação, no momento seguinte começaremos a discutir as implicação de pensar em um ensino escolar voltado para as práticas de letramento.

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Eis que Surge uma Nova Palavra:

o Letramento

Figura 2 - Tirinha do Frank e Ernest

Fonte: Disponível em: http://www.devir.com.br/hqs/frank- ernest_001.php>. Acesso em 05 ago 2011.

Caro pós-graduando perceba com essa tirinha que a escrita foi criada para que as pessoas pudessem deixar registrada a sua história, e que a escrita é uma convenção de códigos que somados formam as palavras.

A partir da invenção dessa escrita, surge uma a necessidade de ensinar as pessoas a utilizar essas ferramentas da escrita para que elas pudessem se comunicar. Note que diferente da fala, que é uma aquisição, a escrita é uma aprendizagem. É importante que para esta disciplina você tenha clareza nesses dois conceitos: aquisição e aprendizagem.

Aquisição: é algo que não precisa ser ensinado. Como por exemplo: a fala, as crianças nascem, e estando em contato com as pessoas que as cercam desenvolvem a sua fala de acordo com a variação sociolinguística da comunidade em que vive. Ninguém precisa ficar na frente da criança repetindo as palavras para que elas sejam memorizadas e faladas, diferente de quando resolvemos aprender uma segunda língua e procuramos uma escola de idiomas.

Aprendizagem: para que isso ocorra é necessário haver um sujeito que ensina e outro que aprende, ou seja, há uma mediação.

Como exemplo, a criança quando aprende a ler e a escrever, precisa de um professor para lhe guiar nesse processo.

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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1

Se você quiser ampliar as suas leitura sobre aquisição e aprendizagem visite o segundo capítulo da obra:

SCLIAR- CABRAL, Leonor. Princípios do Sistema Alfabético do Português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2003l.

De acordo com a história, a partir do momento que surge a escrita, apenas pessoas de um poder aquisitivo alto tinham condições de ter acesso a isso. Mas alguns anos se passam, e a escrita passa a fazer parte do cotidiano das pessoas e a partir disso, surge algo novo, a necessidade da pessoa compreender o que está escrito no papel e o que isto implica no seu dia a dia.

Antes de conversarmos sobre o significado da palavra letramento vamos fazer um estudo histórico e compreender como ele surgiu e chegou ao Brasil. De acordo com Soares (2004), podemos dizer que o letramento é um termo novo na nossa língua e vem sendo discutido e compreendido nas áreas da educação e da linguística. Ambas as áreas movimentam pesquisas tanto de iniciação científica (graduação) como de conclusão de curso, mestrado e doutorado, que buscam compreender o letramento nos mais diversos contextos sociais.

Na língua portuguesa, o primeiro registro que temos da utilização do termo letramento é uma das obras da autora Mary Kato “No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística”, publicada pela editora Ática, no ano de 1986. Nesta obra a autora, logo nas primeiras páginas afirma que “a língua falada culta é uma consequência do letramento” (KATO, 1986, p.7).

Figura 3 - Livro de Mary Kato

Fonte: Disponível em: < http://www.livrofacil.com/universitarios/

no-mundo-da-escrita-uma-perspectiva-psicolinguistica.

Na língua portuguesa, o primeiro registro

que temos da utilização do termo

letramento é uma das obras da autora Mary Kato.

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Letramento é “estado ou condição que assume aquele que aprende a ler

ou a escrever”.

(SOARES, 2004, p.7).

Dois anos posterior à publicação do livro da Mary Kato, a pesquisadora, Leda V. Tfouni, em seu livro “Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso”

da editora Pontes, logo na introdução aborda o termo letramento fazendo uma distinção entre a alfabetização. Neste momento, podemos afirmar que o termo letramento passa a ter uma dimensão técnica tanto no campo da Educação como nas Ciências Linguísticas.

A partir de então esse termo passa a ser visto com mais frequência, pois, em 1995 já passa a fazer parte de títulos de obras, “Os significados do letramento: uma nova perspectiva na prática social da escrita”, livro organizado pela professora Angela Kleiman. Nesta obra, a autora levanta a hipótese de que a Mary Kato tenha cunhado o termo Letramento para o Brasil.

Essas foram as obras pioneiras da entrada do termo letramento no Brasil, mas a partir dessas obras, surge várias dúvidas na prática educacional, pois afinal de contas o que é letramento? Porque esse termo causou tantas dúvidas na sua compreensão?

Essas discussões surgiram, pois as pessoas não possuíam uma clareza do conceito técnico de letramento. Então podemos dizer que essa palavra tem origem da língua inglesa, literacy, que possui o significado de “estado ou condição que assume aquele que aprende a ler ou a escrever”. (SOARES, 2004, p.7).

No entanto, com esse conceito, ao ser traduzido para o português surge a dicotomia entre alfabetizar e letrar. Ou seja, as pessoas precisam ser alfabetizadas ou letradas na escola?

Podemos utilizar a metáfora da construção de uma casa para compreender que o fundamento da casa representa a alfabetização, ou seja, é a base sólida que irá dar sustentação ao restante da obra. As paredes são o que iremos aprender no decorrer da vida escolar e no convívio social, que será o letramento.

E, o que irá diferir essa construção das que estamos acostumados a ver no nosso dia a dia, está não terá um fim, sempre haverá reformas e detalhes para serem incrementados que darão novos ares ao que antes existia.

Compreendam que da mesma forma que a nossa construção não tem um fim pré-determinado no projeto inicial, essa disciplina será a base, ao longo do seu curso, e principalmente, através da sua prática pedagógica novos conhecimentos serão agregados.

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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1

Atividade de Estudos:

1) Para pensar um pouco: qual foi a razão da chegada do termo letramento para o contexto educacional?

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De acordo com Soares (2004, p.45), o termo letramento vem sendo inserido nas práticas diárias na medida em que:

o analfabetismo vai sendo superado, e um número cada vez maior de pessoas aprende a ler e a escrever, e à medida que, concomitantemente, a sociedade vai se tornando cada vez mais centrada na escrita (cada vez mais grafocêntrica), um novo fenômeno se evidencia: não basta apenas aprender a ler e a escrever - quando uma nova palavra surge na língua, é que um novo fenômeno surgiu e teve de ser nomeado - a palavra letramento.

A partir disso, podemos afirmar que o letramento é o resultado dessa ação de ensinar a aprender as práticas sociais de leitura de escrita, que não pode ser vista como uma técnica que se ensina. Há vários letramentos, e estes poderão ser estudados com mais profundidade em outros cadernos de estudos.

Para compreendermos um pouco mais sobre a aprendizagem da escrita, vamos ler uma crônica de Carlos Drummond de Andrade, que não é um teórico da linguagem e nem da educação, porém sabe utilizar as palavras:

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

COMO COMECEI A ESCREVER

Carlos Drummond de Andrade Aí por volta de 1910 não havia rádio nem televisão, e o cinema chegava ao interior do Brasil uma vez por semana, aos domingos. As notícias do mundo vinham pelo jornal, três dias depois de publicadas no Rio de Janeiro. Se chovia a potes, a mala do correio aparecia ensopada, uns sete dias mais tarde.

Não dava para ler o papel transformado em mingau. Papai era assinante da “Gazeta de Notícias”, e antes de aprender a ler eu me sentia fascinado pelas gravuras coloridas do suplemento de domingo.

Tentava decifrar o mistério das letras em redor das figuras, e mamãe me ajudava nisso.

Quando fui para a escola pública, já tinha a noção vaga de um universo de palavras que era preciso conquistar. Durante o curso, minhas professoras costumavam passar exercícios de redação.

Cada um de nós tinha de escrever uma carta, narrar um passeio, coisas assim. Criei gosto por esse dever, que me permitia aplicar para determinado fim o conhecimento que ia adquirindo do poder de expressão contido nos sinais reunidos em palavras. Daí por diante as experiências foram-se acumulando, sem que eu percebesse que estava descobrindo a literatura. Alguns elogios da professora me animavam a continuar.

Ninguém falava em conto ou poesia, mas a semente dessas coisas estava germinando. Meu irmão, estudante na Capital, mandava-me revistas e livros, e me habituei a viver entre eles.

Depois, já rapaz, tive a sorte de conhecer outros rapazes que também gostavam de ler e escrever. Então, começou uma fase muito boa de troca de experiências e impressões.

Na mesa do café-sentado (pois tomava-se café sentado nos bares, e podia-se conversar horas e horas sem incomodar nem ser incomodado) eu tirava do bolso o que escrevera durante o dia, e meus colegas criticavam. Eles também sacavam seus escritos, e eu tomava parte nos comentários. Tudo com naturalidade e franqueza.

Aprendi muito com os amigos, e tenho pena dos jovens de hoje que não desfrutam desse tipo de amizade crítica.

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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1

Fonte: Disponível em:< http://www.casadobruxo.com.br/

poesia/c/prosa14.htm>. Acesso em: 10 ago. 2011.

Dessa belíssima crônica de Carlos Drummond de Andrade podemos depreender várias ações interessantes para o nosso estudo. Primeiramente, vamos pensar no que o autor expõe no seu primeiro parágrafo, a presença de materiais escritos no seu contexto familiar, e o relato do contexto social em que ele morava. A partir disso, é importante perceber que mesmo que a criança não esteja alfabetizada ela convive com materiais escritos a sua volta, seja manuseando sozinha, ou com auxilio de alguém que já domina o código escrito.

Uma segunda fase é apresentada na crônica, quando Drummond começa a frequentar a escola, começa a aprender a ler e a escrever, e como isso, começa a ter um acesso mais rápido as informações escritas do seu contexto social, e transcende através dos materiais escritos que circulam na escola, e a professora incentivando-o.

Por último, temos Drummond exercendo uma prática de escrita fora do contexto escolar, dialogando com colegas. A partir disso, compreendemos outro importante conceito: a revisão do que era escrito e o que o outro compreende sobre o que eu escrevo.

De modo geral, de todos os textos que eu li, esse de Drummond escrito antes da chegada do termo letramento aqui no Brasil, traduz e exemplifica claramente: o desejo da criança ir à escola e aprender a ler, a escrever, e compreender a função social dessa aprendizagem.

Atividade de Estudos:

1) A partir da crônica de Drummond registre aqui como você aprendeu a ler e a escrever, e o que isso significou para você.

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Figura 4 - Filme Central do Brasil

Um filme interessante de assistir e para compreender a função social da escrita é o filme brasileiro “Central do Brasil”.

Fonte: Disponível em: < http://www.

baixaralone.com/2010/12/baixar-central-do- brasil.html>. Acesso: 10 ago. 2011.

Que tal levar para a sala de aula uma literatura infantil que possa instigar as crianças a compreenderem a função social da escrita?

A obra “De Carta em Carta” da Ana Maria Machado é um bom exemplo para isso.

Figura 5: Livro de Ana Maria Machado

Fonte: Disponível em: < http://www.criacaodoslivros.com.br/wp-content/

uploads/2011/06/DE-CARTA-EM-CARTA.jpg>. Acesso em: 10 ago.2011.

Na próxima seção iremos conversar sobre a linguagem e as práticas sociais de leitura e de escrita .

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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1

A Linguagem e as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Pensar no letramento é pensar em linguagem e tudo o que está a sua volta.

Observe a imagem a seguir:

Figura 6 - Mapa conceitual da linguagem

Fonte: A autora, baseada em Heinig (2006).

A linguagem desenvolve-se nas interações verbais e as interações verbais constituem a realidade fundamental da língua (BAKHTIN, 2003).

A partir da imagem podemos compreender a alfabetização sob o viés do letramento, implica pensar em uma concepção dialógica da linguagem considerando-a como um lugar da interação humana, como uma atividade criadora e constitutiva de conhecimento e de transformação da realidade. Além disso, podemos notar que o letramento está intimamente ligado à leitura e a escrita.

De acordo com Street (2003, p.10), o letramento não pode ser considerado um conjuntos de habilidades técnicas que serão transmitidas àqueles que não as possuem, “mas sim que existem vários tipos de letramento nas comunidades e que as práticas associadas a esse letramento têm base social”.

Ou seja, o letramento não é ensinado, ele é adquirido a partir das práticas sociais, nas quais ele encontra a base e o respaldo, tem um objetivo e oportuniza a concretização do objetivo inicial.

A linguagem desenvolve-se nas interações verbais e as interações verbais constituem

a realidade fundamental da língua (BAKHTIN,

2003).

Street (2003, p.10), o letramento

não pode ser considerado um conjuntos de habilidades técnicas que serão transmitidas

àqueles que não as possuem, “mas

sim que existem vários tipos de letramento nas comunidades e que as práticas associadas a esse

letramento têm base social”.

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Vamos a um exemplo prático: uma comunidade pode ser classificada, socialmente, como estigmatizada, pois não possui o que é considerado certo pelos padrões da sociedade, mas esses mesmos cidadãos são capazes de produzir letramento. Porém, como quem produz os programas de letramento são pessoas que vivem em sociedade, grupo dominante, elas não têm consciência de que naquela comunidade estigmatizada há um letramento em certo nível, que acaba sendo descartado. Portanto, pensar em letramento, antes de tudo é pensar na comunidade, logo, pensar na escola, é pensar na comunidade que a escola está inserida.

Para Street (2003) há três abordagens para o letramento:

• Os modelos de letramento

• Eventos de letramento

• As práticas de letramento

Vamos estudar cada uma dessas abordagens e compreendê-las?

a) Modelos de letramento

Podemos afirmar que existem dois modelos de letramento: o modelo autônomo e o modelo ideológico.

No modelo autônomo as pessoas aprendem uma forma de decodificar as letras e depois poderão fazer o que desejarem com o “recém adquirido letramento”. Esse modelo funciona com base na “suposição de que em si mesmo o letramento - de forma autônoma” – terá efeito sobre as práticas sociais e cognitivas. (STREET, 2003).

Em outras palavras, podemos afirmar que o modelo autônomo refere-se ao letramento como algo mecânico que tendo a técnica ou modelo de instrução, e seguindo isso de forma correta, você adquirirá o letramento.

Para Kleimann (1995, p. 18) “essa concepção pressupõe que há apenas uma maneira de o letramento ser desenvolvido, sendo que essa forma está associada quase que causalmente com o progresso, a civilização, a mobilidade social”. Nesse modelo, todos os sujeitos são iguais, as salas de aulas são homogêneas, todos os alunos estão no mesmo nível, possuem o mesmo conhecimento, e o ensino é pautado em técnicas escolarizadas, sem considerar as práticas sociais e o uso social da escrita. Contudo, o letramento:

O modelo autônomo refere-se ao letramento como

algo mecânico que tendo a técnica ou modelo

de instrução, e seguindo isso de

forma correta, você adquirirá o

letramento.

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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1

extrapola o mundo da escrita tal qual ele é concebido pelas instituições que se encarregam de introduzir formalmente os sujeitos no mundo da escrita. Pode-se afirmar que a escola, a mais importante das agências de letramento, preocupa-se não com o letramento, prática social, mas com apenas um tipo de prática de letramento, qual seja, a alfabetização, o processo de aquisição de códigos (alfabético, numérico), processo geralmente concebido em termos de uma competência individual necessária para o sucesso e promoção escolar. Já outras agências de letramento, como a família, a igreja, a rua – como lugar de trabalho –, mostram orientações de letramento muito diferentes. (KLEIMAN, 1995, p.20).

Vamos ver um exemplo prático no modelo autônomo, veja a tirinha da Mafalda:

Figura 7 - Mafalda fazendo a lição de casa

Fonte: Quino (1999, p.54).

Não precisamos estar na sala de aula com Mafalda, nem saber o que precisava fazer de tarefa, para imaginar que ela estava treinando o uso da letra

“M”. Esse é um bom exemplo de atividade para ilustrar a nossa discussão sobre o modelo autônomo. Porém, mesmo não fazendo parte da tarefa, Mafalda relaciona o que está aprendendo com o contexto social em vive, visto que odeia comer sopa e ao sentir o cheiro reclama com a mãe.

O letramento autônomo considera a escrita “um produto completo em si mesmo, que não estaria preso ao contexto de sua produção para ser interpretado;

o processo de interpretação estaria determinado pelo funcionamento lógico interno ao texto escrito [...]” (KLEIMAN, 1995, p.22). A partir disso, observe a tirinha da Mafalda:

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Figura 8 - Mafalda na sala de aula

Fonte: Quino (1999, p.54).

Mesmo sem saber o que é letramento, o que Mafalda busca em sua formação escolar é o letramento ideológico, que considere ela, um sujeito pertencente a comunidade em que está inserida exercendo as práticas sociais de leitura e de escrita. Antes de estudarmos o letramento ideológico, vamos exercitar esse novo conceito através que acabamos de estudar?

Como você planeja as suas aulas?

Você se preocupa com o contexto social em que seus alunos estão inseridos?

A sua prática pedagógica está mais ancorada na Mafalda ou na professora dela?

Atividade de Estudos:

1) Faça um mapa conceitual sobre o letramento autônomo.

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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1

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2) Observe a tirinha da Mafalda:

Figura 9 - Mafalda e Suzanita fazendo a tarefa

Fonte: Quino ( 1999, p.54).

a) Por que Suzanita está tão indignada com a tarefa que Mafalda está fazendo?

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b) Qual é a relação da tirinha com o conceito de letramento autônomo. Explique o que você depreendeu.

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O modelo ideológico oferece uma visão com maior sensibilidade cultural das práticas do letramento, na medida em que elas variam de

O modelo ideológico oferece uma visão com maior

sensibilidade cultural das

práticas do letramento, na medida em que elas variam de um contexto para

outro (STREET, 2003).

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

um contexto para outro. (STREET, 2003).

Resumindo, o letramento ideológico parte da ideia de que com as práticas sociais e o sujeito em contato com diferentes pessoas, aprende, desenvolve e melhora o letramento. Esse modelo não se refere somente ao aspecto cultural, mas também reflete sobre a importância, o poder e o impacto da leitura e da escrita na sociedade.

Considerando as práticas sociais de leitura e de escrita, Kleiman (1995, p. 21) afirma que “as práticas de letramento, no plural, são social e culturalmente determinadas, e, como tal, os significados específicos que a escrita assume para um grupo social dependem dos contextos e instituições em que ela foi adquirida”.

Portanto, precisamos compreender o aluno como indivíduo participante da sociedade em que vive. E a aprendizagem precisa ser sensível a dois aspectos: considerar a individualidade do sujeito e o meio em que ele vive, ou seja, as agências de letramentos que ele participa.

As agências de letramento são os lugares sociais nos quais os sujeitos participam, interagem e atuam.

Para finalizar, podemos afirmar que o modelo ideológico envolve o modelo autônomo, e relacionando esses dois modelos de letramento: autônomo e ideológico, podemos chegar a uma boa prática de letramento, ou seja, se partirmos do que já é conhecido e passarmos a aperfeiçoá-los a partir de novas práticas pautadas nos princípios dos estudos do letramento.

Atividade de Estudos:

1) Vamos construir um mapa conceitual do modelo ideológico?

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As práticas de letramento, no plural, são social

e culturalmente determinadas, e, como tal, os significados específicos que a escrita assume

para um grupo social dependem

dos contextos e instituições em que ela foi adquirida (KLEIMAN, 1995,

p. 21).

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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1

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2) Compare os dois mapas conceituais – do modelo autônomo e ideológico – o que há de diferente entre eles, e quais são as aproximações?

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b) Eventos de letramento

É preciso observar qual é o poder da leitura e da escrita dentro de uma determinada comunidade, pois elas possuem um nível de letramento necessário ao seu desenvolvimento, mas é através da cultura.

A partir disso, podemos afirmar que o evento de letramento acontece com o sistema de escrita, em que as pessoas com a escrita interagem e constroem suas interpretações. Quem cunhou esse termo – eventos de letramento – foi a pesquisadora Shirley Heath (1982) que desenvolve pesquisas de cunho etnográfico.

Pesquisas etnográficas são caracterizadas pelo fato do pesquisador estar inserido em um determinado contexto social e frequentar esse espaço e tentar descrever e compreender esse espaço. Alguns estudiosos afirmam que para uma pesquisa etnográfica ter validade o pesquisador deverá ficar acompanhando esse grupo pelo período que varia de 5 -10 anos.

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Os textos são fundamentais em eventos de letramento, pois nestas atividades o letramento cumpre um papel – “Episódios observáveis que surgem das práticas e são formadas por estas. A noção de evento acentua a natureza – situacional – do letramento, este sempre existe em um contexto social” (BARTON; HAMILTON, 1998, p.114).

Os eventos de letramento fazem com que seja possível compreender que cada comunidade tem suas próprias regras para interagir e partilhar o seu conhecimento. Por isso, os eventos são observáveis, enquanto as práticas de letramentos são mais abstratas.

Vamos exemplificar: imagine que você está em sala de aula com os alunos, realizando como atividade a construção de uma maquete sobre “o ambiente em que o cachorro vive”, enquanto os alunos estão construindo a maquete você tira uma foto. Bem, essa foto será o evento de letramento. E tudo que foi trabalhado, estudado, conversado sobre como construir a maquete e o que você e os alunos sabem sobre os cachorros fará parte das práticas de letramento, por isso a importância da inserção no contexto social para compreender as práticas e os eventos de letramento.

Atividade de Estudos:

1) Descreva da forma mais detalhada possível a comunidade em que você atua como alfabetizador(a).

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Os eventos de letramento fazem com que

seja possível compreender que cada comunidade

tem suas próprias regras para interagir e partilhar o seu conhecimento.

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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1

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c) As práticas de letramento

Bem, caro pós-graduando, estamos chegando à nossa última seção de estudos desse capítulo, que por sinal já fomos conversando um pouco sobre as práticas de letramento, pois você deve ter notado como os conceitos eram relacionados um com o outro, sendo que é impossível falar deles de forma isolada.

As práticas de letramento são um conjunto de atividades que envolvem a língua escrita para alcançar um determinado objetivo, em uma determinada situação. Vele ressaltar, que para que isso ocorra é preciso haver: saberes, tecnologias, competências necessárias.

Podemos citar como exemplo: a escrita de uma carta, assistir aulas.

Sendo assim, pensar na realidade escolar nos primeiros anos do ensino fundamental e compreender a criança de seis anos como um sujeito que deseja aprender a ler a escrever e

As práticas de letramento [...] precisam contemplar, em princípio, atividades orais para que as crianças pequenas desenvolvam uma consciência fonológica que possa assegurar a construção de leitura e da escrita. Não adianta memorizar os fonemas que correspondem às letras, sem que se tenha percebido antes que cada palavra é composta de uma sequência de fonemas. (BORTONI-RICARDO, et al, 2010, p.193).

Para finalizar, podemos afirmar em poucas palavras que os eventos de letramento é que irá acontecer, e as práticas sociais o que as pessoas utilizam para que isso aconteça. No que se refere a alfabetização iremos conversar no segundo capítulo e retomaremos alguns conceitos aqui já estudados!

Atividade de Estudos:

Leia o poema abaixo:

O QUE É LETRAMENTO?

As práticas de letramento são um conjunto de atividades que envolvem a língua escrita

para alcançar um determinado objetivo, em uma

determinada situação. Vele ressaltar, que para que isso ocorra é preciso haver: saberes,

tecnologias, competências

necessárias.

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Kate M. Chong Letramento não é um gancho

em que se pendura cada som enunciado, não é treinamento repetitivo

de uma habilidade, nem um martelo

quebrando blocos de gramática.

Letramento é diversão é leitura à luz de vela ou lá fora, à luz do sol.

São notícias sobre o presidente O tempo, os artistas da TV e mesmo Mônica e Cebolinha nos jornais de domingo.

É uma receita de biscoito,

uma lista de compras, recados colados na geladeira, um bilhete de amor,

telegramas de parabéns e cartas de velhos amigos.

É viajar para países desconhecidos, sem deixar sua cama,

é rir e chorar

com personagens, heróis e grandes amigos.

É um atlas do mundo,

sinais de trânsito, caças ao tesouro, manuais, instruções, guias,

e orientações em bulas de remédios, para que você não fique perdido.

Letramento é, sobretudo,

um mapa do coração do homem, um mapa de quem você é, e de tudo que você pode ser.

Fonte: Soares, M. Letramento: Um tema em três gêneros.

Belo Horizonte: Autêntica, 2004, p. 41-42.

1) A partir desse poema e do que foi estudado no decorrer desse

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O Letramento Chega ao Brasil Capítulo 1

capítulo construa um conceito para letramento?

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2) Descreva uma situação de sala de aula em que seja possível compreender as práticas de letramento e os eventos de letramento.

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Algumas Considerações

Neste capítulo, conversamos um pouco sobre a chegada do termo letramento no Brasil e sobre a importância desse conceito para o contexto educacional, lembramos ainda as implicações de pensar em um ensino voltado para as práticas sociais de leitura e de escrita.

Compreendemos que a alfabetização e o letramento são conceitos que não podem ser pensados de forma indissociável, porém vale atentar-se para a bagagem cultural que a criança possui e transcendê-la.

No próximo capítulo iremos aprofundar os nossos estudos sobre o letramento, porém iremos compreendê-lo no contexto da sala de aula, nas aulas de alfabetização e conversaremos sobre as competências que as crianças precisam adquirir na escola.

(30)

Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Referências

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo:

Martins Fontes, 2003.

BARTON, D.; HAMILTON, M. Local literacies: reading and writing in one community. London and New York: Routledge, 1998.

BORTONI-RICARDO, S. M.; GONDIN, M. R. A.; BENÍCIO, M. N. M. O papel da oralidade na aquisição da cultura letrada. In: HEINIG, O. L.; FRONZA, C.

A. Diálogos entre linguística e educação: a linguagem em foco. Blumenau:

Edifurb, 2010, p. 187-205.

HEATH, S. B. What no bedtime story means: narrative skills at home and the school. Language and Society, 11, p. 49-76, 1982. (In: WRAY, David (org.).

Literacy: major themes in education. Taylor e Francis, 2004).

HEINIG, O. L. M. Letramento e graduação: práticas de leitura e escrita no processo de formação de professores. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL, 7, Itajaí, 2008. Anais da AnpedSul. Itajaí:

ANPEDSUL, 2006.CD-ROM.

KATO, Mary Aizawa. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística.

Sao Paulo : Atica, 1986.

KLEIMAN, A. B. (Org.). Os significados do letramento. Campinas, S.P:

Mercado de Letras, 1995.

QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

STREET, B. Abordagens alternativas ao letramento e desenvolvimento.

Teleconferência Unesco Brasil sobre Letramento e Diversidade, out. 2003.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autentica, 2004.

TFOUNI, Leda V. Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas:

Pontes, 1988.

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C APÍTULO 2

Alfabetização x Letramento

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:

3 Apresentar os conceitos de alfabetização para os anos iniciais do ensino fundamental de nove anos.

3 Apresentar os conceitos de letramento para o ensino fundamental de nove anos

3 Explicar a dicotomia: alfabetização e letramento

3 Compreender a dicotomia: alfabetização e LetramentoContextualização

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

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Alfabetização x Letramento Capítulo 2

Contextualização

Agora que você já conhece qual é a origem da palavra letramento, precisamos compreender como o ensino fundamental de nove anos foi pensado.

Isso é importante, pois o acréscimo ocorreu no início do processo escolar e não nos anos finais. Sendo assim, o primeiro ano não é nem o espaço do pré-escolar, e nem é a antiga primeira série.

Neste capítulo iremos discutir um pouco mais sobre a alfabetização e o letramento, conheceremos também os cinco eixos necessários para a aquisição da língua escrita. Além disso, você poderá entender como organizar as suas aulas para que além de ensinar os alunos a ler e a escrever você insira-os nas práticas sociais – letramento. E com isso você compreenderá como trabalhar o letramento autônomo e ideológico.

Alfabetizar Letrando ou Letrar Alfabetizando: Eis a Questão

Para iniciar o nosso estudo sobre o universo da alfabetização e o do letramento, divirtam-se com a tirinha da Mafalda:

Figura 10 - Mafalda lendo o jornal

Fonte: Quino ( 1999, p. 73).

Observe que apesar da Mafalda já saber ler e escrever, ela fica indignada que não compreende o que está escrito no jornal, e revolta-se profundamente com a escola que ensinou a ela assuntos descontextualizados. Ou seja, mesmo na alfabetização os alunos poderão ter acesso a textos reais e discuti-los tanto nos aspectos textuais e sociais como fazer reflexões acerca da aprendizagem do código escrito.

Os termos alfabetização e letramento podem ser tratados como dois processos

distintos e separados, mas que mantém uma interdependência

profunda.

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Portanto os termos alfabetização e letramento podem ser tratados como dois processos distintos e separados, mas que mantém uma interdependência profunda. Soares (2003, p. 15-23), define a alfabetização como

processo de aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e de escrita [...] sem dúvida a alfabetização é um processo que representa fonemas em grafemas e vice-versa, mas é também um processo de compreensão, expressão de significados por meio de código escrito [...] a escola atua na área da alfabetização, como se está fosse uma aprendizagem neutra, despida de qualquer caráter político.

Esses fragmentos dizem respeito a um texto da professora Magda Soares, uma das maiores referência do Brasil sobre a temática, que mesmo não citando o letramento nota-se uma presença muito forte e embutida desse conceito.

No Brasil, a distinção entre esses dois conceitos ainda está um pouco confusa, porque quando discutem sobre a alfabetização, acabam falando sobre o letramento e vice-versa. É importante compreender que quando, em uma prática social (exemplo; o preparo de uma receita culinária), eu coloco em prática as minhas habilidades, capacidade de leitura, para, consequentemente, inferir na escrita, eu estou praticando letramento. Então, há um contexto social, com características culturais e econômicas, no qual, a partir dele, eu uso o sistema de escrita e leitura de acordo com o meu conhecimento sobre o mesmo.

Enfim, nossas ações de letramento são baseadas no nosso contato e de acordo com a situação em questão, por isso, não há como sermos neutros, pois sempre emitiremos nossos juízos de valores.

Há algum tempo, dava-se muita ênfase ao processo de alfabetização no que tange a representação fonológica em grafemas, demostrando, assim a capacidade de decodificar – uma das funções da escrita. Com o passar do tempo ( 20 anos), apagou-se essa ênfase devido a vários fatores pedagógicos-administrativos.

[...] as últimas três décadas assistiram a mudanças de paradigmas teóricos no campo da alfabetização que podem ser assim resumidas: um paradigma behaviorista [...] é substituído por um paradigma cognitivista, que avança, [...]

para um paradigma sociocultural. (SOARES, 2003, p. 25).

Com essa concepção socioconstrutivista, o sujeito, ou seja, o aluno é ativo em seu estudo, compreendendo e utilizando a leitura e a escrita em contextos sociais reais, dos quais ele faz parte.

Nossas ações de letramento são baseadas no

nosso contato e de acordo com a situação em questão, por isso,

não há como sermos neutros,

pois sempre emitiremos nossos

juízos de valores.

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Alfabetização x Letramento Capítulo 2

Essa leitura passa a ter mais sentido, pois está associada ao contexto que a criança vive, porém, não é somente através desse contexto que a criança se alfabetizará, ela precisa compreender o sistema fonológico convertido em grafemas.

A concepção construtivista, no Brasil, tem como ideia principal: adquirir a aprendizagem da leitura e da escrita por meio dos textos das práticas sociais.

Este processo possibilita a aprendizagem da relação entre um fonema com o seu grafema pela interação, ou seja, naturalmente, através dos textos, a criança compreenderia “o sistema grafofônico”.

Porém, a maior crítica a esta concepção é a falta do ensino direto, específico do código alfabético. Há necessidade de se estudar esse código alfabético, para que posteriormente haja a decodificação do mesmo, dentro de processo do estudo da língua escrita.

Sistema grafônomico - relações fonemas - grafemas.

É fundamental, importante e dá base ao aluno, o contato com textos que fazem parte tanto do cotidiano social quanto escolar, para que eles aumentem o seu conhecimento dos diversos gêneros discursivos, mas é preciso que o espaço da sala de aula também dedique certo tempo para o processo da alfabetização (decodificação) propriamente dito.

Atividade de Estudos:

1) Antes de prosseguirmos em nosso estudo, responda: Qual é o método de alfabetização que sustenta a sua prática pedagógica?

Exemplifique!

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

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Uma coisa é fato, e precisa ser compreendida em sua clareza, não há alfabetização sem método, ou sem uma metodologia de ensino, e o professor precisa compreender a partir de que concepção de ensino estará guiando o processo de ensino-aprendizagem.

Além disso, é possível construir no PPP da escola o que o corpo docente compreende por alfabetização, ensino e aprendizagem, pois isso gera uma segurança por parte dos pais que compreendem as metodologia de ensino utilizadas em sala de aula.

No decorrer de sua trajetória acadêmica e docente você deve ter ouvido falar de vários métodos, uns mais valorizados outros criticados, aqui vamos fazer um resgate rápido das principais características dos seguintes métodos:

• Palavração

• Sentenciação

• Alfabético

• Fônico

• Silábico

a) Palavração

De acordo com Maciel (2005) e Soares ( 2003b), esse método, como o próprio nome diz, usa como fundamento as palavras, as crianças deverão através do treino memorizar as palavras, isoladas e desligadas do sentido. Na palavração acredita-se que aprender a ler é ser capaz de ler palavras.

Veja o exemplo de palavração:

BONECA: boca – boné- nenê- bobo- cabo- caneca

Observe que a partir da palavra “boneca” foram geradas, com as mesmas

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Alfabetização x Letramento Capítulo 2

silabas, novas palavras. Em nenhum momento foi apresentada a palavra no contexto de uma frase, ou de texto em que seja discutido e analisado o sentido do uso dessa palavra em um contexto social.

b) Sentenciação

Claro que um método sobrepõe o outro, para os que acreditam neste método, criticam o método de palavração, por utilizarem palavras isoladas. No entanto podemos fazer a mesma crítica a esse método, que utiliza frases, porém descontextualizas, ou com palavras repetidas. (MACIEL, 2005). Veja o exemplo:

Mimi é um gato.

Mimi anda e mia.

Mimi é um gato bonito.

Mimi faz miau miau.

c) Alfabético

Com base em Soares (2003b), podemos afirmar que todos os métodos partem da ideia das letras do alfabeto, mas este apostava na ideia em que os alunos teriam que memorizar as letras do alfabeto e cantarolar a medida que quisessem escrever uma determinada palavra. Esse método também ficou conhecido como soletração. Por exemplo, para a palavra BANANA, a criança faria o seguinte movimento:

b....a = ba ; n...a = na ; n..a = na ba – na – na

d) Fônico

Este método foi bastante utilizado por volta da década de 80, e seu fundamento era ensinar os fonemas das letras aos alunos, além disso, os autores dessas cartilhas apostavam em ilustrações para que os alunos pudessem fazer associações entre o fonema e a palavra. Por exemplo: FACA, no /F/ havia um desenho de faca. (SOARES, 2003b)

Para alguns professores, a fragilidade desse método consiste em se tornar artificial a pronúncia dos fonemas sem o auxilio da vogal. Isso porque, em nossa língua nem todas as letras tem seu nome correspondente ao seu som e nem sempre há uma correlação entre o som e letra. (MACIEL, 2005).

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

e) Silábico

Por último apresentaremos o método silábico, talvez o mais conhecido, e talvez o que você foi alfabetizado. Esse método possui como ideia principal que o ensino da leitura e da escrita é baseado nas “famílias silábicas” e essa sequencia é gradual. Para muitos professores é considerado um método de fácil aplicação em sala de aula. Esse método também possui três fases:

1) É apresentada a família silábica de preferencia de acordo com ordem do alfabeto. Exemplo: BA – BE – BI – BO- BU

2) Depois, há uma formação de palavras, reais ou não a partir dessas sílabas:

ba-ba ; be – be; be –bi; bi –bi; bo – bo.

3) Posterior a isso era ensinado outra família silábica e havia, aqui, uma junção dessas duas famílias para a produção de novas palavras: bala, bola, bela, bole, loba, lobo.

A fragilidade desse método consiste no excesso de memorização, e a unidade menor na língua ser a sílaba e não o fonema, além de uma escrita reduzida de palavras, muitas vezes descontextualizadas e sem sentido aos alunos.

Bem, caro pós-graduando, estes são os métodos em que as crianças foram alfabetizadas ao longo dos anos, e ainda estão sendo. Ambos tem vantagens e fragilidades, de acordo do Maciel (2005, p.51) “A alfabetização é uma técnica de decifração que envolve um conjunto de processos biológicos, psicológicos e sociais complexos”. A partir dessa concepção de aprendizagem que envolve além da decifração de letras, compreendemos que em pleno século XXI, em que o acesso a informação é tão rápido, ao relacionar a alfabetização e usos sociais da leitura e da escrita no cotidiano, não se pode mais falar de alfabetização de forma desvinculada da ideia do letramento.

Enfim, para que haja um ótimo desenvolvimento do aluno, é necessário que os seus contatos com o sistema de escrita sejam permeados por atividades de letramento e alfabetização também.

Faz-se necessário deixar específico o processo de alfabetização que possibilita a prática do letramento, como são duas dimensões diferentes, precisa- se utilizar uma metodologia para cada momento de aprendizagem.

E por fim, não podemos deixar que os alfabetizadores somente utilizem

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Alfabetização x Letramento Capítulo 2

métodos de alfabetização ou os de letramento. Precisa-se desses dois diferentes e interdependentes, e que esses processos sejam conciliados, para dar um maior significado e aproximar da realidade o aprendizado do sistema ortográfico e a leitura. E tenha a clareza que você pode dedicar tempos diferentes de leitura durante a sala de aula, alguns com uma reflexão sobre o sistema alfabético, assim como a leitura em um viés social.

Há dois grandes centros de pesquisa na área da alfabetização e linguagem no Brasil, em ambos, têm sites de pesquisa para que as pessoas tenham conhecimento das suas ações e possam baixar livros, atividades, vídeos. Vale a pena visitar!!!

CEEL (Centro de Estudos em Educação e Linguagem), coordenado pela profa. Telma Ferraz http://www.ceelufpe.com.br/

CEALE (Centro de Alfabetização Leitura e Escrita), coordenado pela profa. Magda Soares. http://www.ceale.fae.ufmg.br/

Alfabetização e Letramento: um Aspecto Legal

Você pode estar ainda se perguntado, como conseguir conciliar a alfabetização e o letramento na sala de aula. Então, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) desenvolveu um programa de formação continuada para os professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental – Pró-letramento.

Este programa tem como base cinco eixos necessários para a aquisição da língua escrita, são eles (BRASIL, 2006):

• Compreensão e valorização da cultura escrita

• Apropriação do sistema de escrita

• Leitura

• Produção de textos escritos

• Desenvolvimento da oralidade

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Para um melhor aproveitamento dos conceitos de cada eixo eles serão estudados neste capítulo de forma isolados, mas na sala de aula eles estarão em conjunto.

A proposta nestes eixos tem como foco principal que os alunos desenvolvam

“capacidades”, e isto esta associado com conhecimentos e atitudes. Nas seções seguintes iremos compreender o que pertence a cada um desses eixos, e como está organizado o período de alfabetização (1º, 2º e 3º anos do ensino fundamental). Primeiro será apresentado o quadro de cada uma das capacidades e depois será explicado cada um dos itens.

Para compreender os quadros atente-se para a legenda:

I= introduzir (os alunos se familiarizam com os conteúdos e conhecimentos)

R=retomar (conhecimentos e capacidades já dominados ou consolidados em um período anterior)

T=trabalhar

C= consolidar (sedimentar os avanços no conhecimento e capacidade dos alunos).

Fonte: Brasil (2006, p.15).

a) Compreensão e valorização da cultura escrita

Este é o primeiro eixo, tem como objetivo principal a inserção da criança no contexto escolar. Observe o quadro a seguir sobre quais serão os conhecimentos e atitudes que serão desenvolvidos na sala de aula neste eixo.

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Alfabetização x Letramento Capítulo 2

Quadro 1: Compreensão e valorização da cultura escrita:

capacidades, conhecimentos e atitudes

Fonte: Brasil (2006, p.16).

Primeiramente, notem que todas as capacidades apresentadas nesse primeiro eixo deverão ser iniciadas, trabalhadas e consolidadas no primeiro ano do ensino fundamental, as duas primeiras serão trabalhadas e consolidadas tanto no segundo e no terceiro anos, enquanto que as ultimas serão apenas trabalhadas e retomadas nos segundo e terceiro anos.

Podemos afirmar que este eixo está mais voltado para as práticas sociais do que aos aspectos da alfabetização, pois no decorrer das aulas os alunos irão compreender os modos de circulação da linguagem escrita, assim como conhecerão os diferentes gêneros discursivos.

De acordo com Bakhtin (2003), os gêneros discursivos são textos falados, escritos que circulam na sociedade e são reconhecidos com facilidade pelas pessoas. Como exemplo, podemos citar: carta, bilhete, receita culinária, lista de compras, piada, letra de música, dissertação de mestrado, monografia, entre outros.

Este eixo é de suma importância para que as crianças compreendam a função social da escrita, e isto será possível se o professor apresentar aos alunos diferentes gêneros discursivos e

Os gêneros discursivos são

textos falados, escritos que circulam na sociedade e são reconhecidos com

facilidade pelas pessoas.

Suportes textuais referem-se à base que permite que os diferentes gêneros textuais

circulem na sociedade.

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Suportes textuais referem-se à base que permite que os diferentes gêneros textuais circulem na sociedade. Como por exemplo: o jornal, este é um suporte em que podemos encontrar diferentes gêneros discursivos (piada, horóscopo, reportagem, gráficos, propaganda, entre outros).

Essa familiarização com os diferentes gêneros proporciona aos alunos um conhecimento acerca de onde esses textos circulam na sociedade (na escola, no uso doméstico, no campo jurídico), formas de aquisição e empréstimos desses materiais, pois acabam compreendendo os espaços como bibliotecas, livrarias e sebos.

O último item, “desenvolver as capacidades necessárias para o uso da escrita no contexto social” (BRASIL, 2006, p. 16), faz com que os alunos aprendam a manusear um livro, um caderno, a régua, caneta, aprendam a utilizar um lápis, como apontar um lápis, a utilizar o computador.

Para muitas realidades, esse eixo pode parecer desnecessário, visto que algumas crianças têm acesso a esses materiais escritos tanto na escola, como no contexto familiar. Mas, lembre-se de que nosso é país é grande e possui muitas realidades sociais.

Atividade de Estudos:

1) Observando esse primeiro eixo da aprendizagem da linguagem, elabore uma atividade em que sejam trabalhadas pelo menos duas capacidades deste eixo.

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Alfabetização x Letramento Capítulo 2

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b) Apropriação do sistema de escrita

No primeiro eixo, compreendemos a importância da apresentação dos gêneros discursivos para os alunos, para que eles entendam a função social da escrita, já neste segundo eixo, conversaremos mais sobre a apropriação do sistema de escrita, e com isso discutiremos mais detalhadamente sobre a alfabetização e letramento em sua simultaneidade. Observe o quadro:

Quadro 2 - Apropriação do sistema de escrita: conhecimentos e capacidade

Fonte: Brasil (2006, p. 24).

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Teorias do Letramento: as Práticas Sociais de Leitura e de Escrita

Você deve ter notado que este eixo é mais amplo que o primeiro, além disso, deve ter observado que grande parte dessas capacidades são introduzidas e trabalhadas no decorrer do primeiro ano. Além disso, serão ainda trabalhadas no segundo e terceiro ano. Esse eixo tem como fundamento a alfabetização. Neste novo modelo de ensino, a alfabetização é um processo que compreende os três primeiros anos do ensino fundamental.

Precisamos estudar este eixo de forma detalhada para que seja possível compreender a apropriação do sistema de escrita. Um dos primeiros conhecimentos que os alunos precisaram desenvolver neste eixo, é reconhecer um símbolo, um número e as letras.

Posterior a isso, é importante que as crianças compreendam como está organizado o nosso sistema de escrita, ou seja, escrevermos da esquerda para a direita e de cima para baixo. Mesmo que as crianças já tenham contato com isso é um detalhe que precisa ser estudado em sala de aula, para que se desenvolvam as habilidades de organização da escrita em espaços delimitados como uma folha, um bilhete, no computador, no post-it e em outros tantos materiais que poderão ser utilizados pelo professor para explicar isso. Essa informação poderá parecer uma informação obvia, mas lembre-se de que nem todas as línguas seguem essa ordem. Outra informação de suma importância que está presente neste eixo, é a segmenta das palavras, ou popularmente conhecida como os espaços em branco.

De acordo com Scliar-Cabral (2009) no início do processo de escolarização e aprendizagem do código escrito é comum que as crianças escrevam assim:

Eraumavezumamenina, isso ocorre devido ao fato da fala ser um continuum, ou seja, quando falamos não há necessidade de estabelecer esses espaços em branco que aparecem na escrita. Por isso, podemos afirmar que a leitura é mais fácil que a escrita, e as crianças normalmente aprendem a ler antes de escrever.

Isso ocorre, pois na leitura tudo está pronto, as palavras estão escritas corretamente, há os espaços em branco, a pontuação da língua está apresentada, o individuo precisa apenas transformar as letras (grafemas) em fonemas (sons).

Na escrita o grau de dificuldade é um pouco maior, pois a criança tem apenas uma folha em branco, então terá que pensar sobre irá escrever, transformar esses fonemas em grafemas, deixar os espaços em branco, escrever essas palavras de acordo com as normas ortográficas e sintáticas da língua, além de colocar a pontuação adequada.

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Alfabetização x Letramento Capítulo 2

Grafema são letras ou grupos de letras, entidades visíveis e isoláveis. Exemplo: r, ss, sc, b, t.

O fonema tem uma função distintiva, isto é, serve para distinguir um significado básico de outro, como no já citado exemplo de /´bala/

e /´mala/. Veja bem, o fonema não tem significado: serve para distinguir significados. Quer dizer que /b/ e /m/ não significam nada, mas trocando um pelo outro no contexto /´_ala/, o significado se altera...” (SCLIAR-CABRAL, 2009, p. 4).

Ainda neste eixo, os alunos irão aprender as noções fonoaudiológicas da língua, irão refletir sobre as palavras, compreenderá que a unidade menor da língua é o fonema, e irá começar a desenvolver a consciência fonológica.

Consciência fonológica é o entendimento de cada umas das palavras, ou partes da palavra que são constituídas de um ou mais fonemas. (BORTONI-RICARDO et al, 2010, p.191).

Observe a figura a seguir que apresenta as consciências fonológicas que precisam ser desenvolvidas no início do processo escolar.

Figura 11 - Consciência Fonológica

Fonte: A autora.

Os alunos irão aprender

as noções fonoaudiológicas

da língua, irá refletir sobre as palavras, compreenderá que a unidade menor da língua

é o fonema, e irá começar a desenvolver a consciência

fonológica.

Referências

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