Tributação dos Serviços de Telecomunicações
Cláudio V. Furtado
cvf@cvf.com.br
Tributos e Telecomunicações
Pretendemos sugerir que cumpridas e
antecipadas as metas de universalização, a
elevada carga tributária incidente sobre o setor poderá:
• obstruir a incorporação de classes de mais baixa renda à demanda efetiva de serviços;
• dificultar o reequilíbrio econômico no setor;
• desincentivar novos investimentos;
• provocar perda de renda per capita e atraso relativo do setor
Tributos e Telecomunicações
Em 1999, mostramos que:
- Uma redução da alíquota de ICMS sobre serviços de telefonia, de 25% para 15%, num prazo de 5 anos, não provocaria nenhuma redução na
arrecadação (partindo-se de um índice de 100,em 1998 chegaria a 99,4% em 2003).
- No entanto, considerando os investimentos
programados no PASTE (97-02), estimamos um aumento real da arrecadação da ordem de 8,6%
em 5 anos
Tributação e Entrave ao Crescimento
- A demanda por telefonia (mundo, 1997) é
relativamente INELÁSTICA (-0,471). Perdas de eficiência e bem-estar atingem principalmente os usuários quando os preços são acrescidos de elevados impostos (Brasil - 40,41%).
- A relação entre renda per capita e investimentos em telefonia mostra que uma queda de preços de 10% em cinco anos induziria aumento da renda per capita de 2,6%.(cross-section, mundo, 1997)
- Este resultado sugere a hipótese de que uma expansão do setor resulta num aumento da
capacidade arrecadadora no País, decorrente da expansão da economia. Necessita-se validá-la para cada Estado
Situação I - STFC
Demanda relativamente inelástica e oferta de serviços anterior à ampliação
S = LMC
D
ST = LMC + T
Q1* Q* Pe(T)
Pe
Negócios perdidos
P
Q (Serviços)
D
e = -0,47
T
13,3 14,6 16,5 18,8
22,1
27,8
38,3
47,8 49,1
52,7
1,4 1,9 2,3
3,3
5,7
1,3 1,2
10,5
9,5
2,9
0 10 20 30 40 50 60
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002e 2005e 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
20,2 Julho
58,0
Evolução dos Terminais Fixos no Brasil
Estudo Siemens – Telexpo 2002
Privatização CAGR 94-98
13,5%
CAGR 98-01 29,0%
Antecipação de metas de Universalização
Milhões PASTE
Fonte: BYRRO, Aluisio. Carga Tributária no Brasil; Siemens Information and Communications, Março de 2002
Arrecadação do ICMS – Participação Relativa dos Serviços de Telecom
6% 8% 10% 11% 12% 13%
22%
25%
27% 29% 29% 28%
72% 67% 63% 60% 59% 59%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1997 1998 1999 2000 2001 2002
Ano
% da Arrecadação
Restante da Arrecadação do ICMS
Transporte, Energia, Petróleo, Combustiveis e Lubrificantes
ICMS sobre os Serviços de Comunicações
CAGR -4%
CAGR 5%
CAGR 15%
7 %
20 %
32 % CAGR 12 %
Estratificação da Base de Assinantes (2001)
Estudo Siemens – Telexpo 2002
% da População
A 5%
B 18%
C 31%
D/E 47%
% dos Assinantes Residenciais
A 7%
B 24%
C 38%
D/E 31%
% das Receitas de Voz
A 17%
B 41%
C 26%
D/E 16%
Fonte: BYRRO, Aluisio. Carga Tributária no Brasil; Siemens Information and Communications, Março de 2002
69% 42%
STFC; Universalização, “ARPU” e Resultados por Classe de Renda
Estudo Siemens – Telexpo 2002
95,7 71,1 44,0 30,2 29,9 30,1
0 20 40 60 80 100 120
Brasil
A B C D E Rural Receita Mensal Média por Assinante (R$)
29,8 13,5 (4,7) (14,0) (14,2) (13,9)
-30 -20 -10 0 10 20 30 40
Classes Sociais
Rentabilidade Mensal Média por Assinante (R$)
Fonte: BYRRO, Aluisio. Carga Tributária no Brasil; Siemens Information and Communications, Março de 2002
Situação I - STFC
Demanda relativamente inelástica e oferta de serviços anterior à ampliação
S = LMC
D
ST = LMC + T
Q1* Q* Pe(T)
Pe
Negócios perdidos
P
Q (Serviços)
D
e = -0,47
T
Situação II - STFC
Demanda mais elástica (assinantes de baixa renda) e oferta de ampliada de serviços 1998 - 2001
e = -1,5
S’ = LMC’
D’
ST’ = LMC’ + T
Q1* Q*
Pe’(T) Pe’
Negócios perdidos
P
Q (Serviços)
D’
T
36%
18%
28%
19%
29%
18%
32%
21%
37%
16%
26%
22%
35%
20%
24%
21%
-1%
19%
39%
59%
79%
99%
1998 1999 2000 2001
Equiv. Patrimonial e Outros
Remuneração do Capital Aplicado - Administração
Reposição do Capital Aplicado
Fatores de Produção
Tributos
Fonte: CVM
Destinação do produto bruto das operadoras ao ICMS
Caso I: Operadora "A" - Predomínio do tributo sobre a apropriação pelos demais fatores
35%
24%
26%
13%
31%
25%
38%
5%
39%
19%
34%
9%
39%
22%
31%
7%
-1%
19%
39%
59%
79%
99%
1998 1999 2000 2001
Equiv. Patrimonial e Outros
Remuneração do Capital Aplicado - Administração
Reposição do Capital Aplicado
Fatores de Produção
Tributos
Fonte: CVM
Destinação do produto bruto das operadoras ao ICMS
Caso II: Operadora "B" - Maior predomínio do tributo e modesta apropriação pelos investidores
O Atual Regime Tributário
Os atual nível de tributação dos serviços de telecomunicações pelo ICMS com
alíquota única para todos os usuários:
– Despreza preceitos constitucionais de
essencialidade e seletividade e normas de direito positivo brasileiro
– Reflete histórico de casuísmo tributário – Restringe o acesso das camadas
populacionais de baixa renda aos serviços – Oblitera o equilíbrio econômico das
operadoras e os investimentos no setor
Transição para o Novo Regime
A alta produtividade tributária do serviço de
telecomunicações obsta a redução das alíquotas do ICMS
O financiamento dos Estados tornou-se muito dependente dessa fonte de arrecadação.
Necessário reavaliar o “efeito neutro” da redução da alíquota sobre a arrecadação estadual
considerados os níveis já atingidos.
O Novo Regime Tributário
A redução da carga fiscal do setor beneficia a economia como um todo e promove o
crescimento da renda per capita no País.
Necessária atuação preventiva para que a
reforma tributária não seja mais gravosa ao setor.
É mister que o Senado Federal encampe a tese da fixação de alíquota máxima e sua redução para classes de baixa renda.
Desagravamento, soluções de crédito fiscal para investimentos e políticas de preços para
assinantes de baixa renda impulsionarão o crescimento do setor.