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ROTAÇÃO DE CULTURAS, POR QUE E COMO FAZER

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Aula 05

ROTAÇÃO DE CULTURAS, POR QUE E COMO FAZER

Objetivos de aprendizagem

Ao término desta aula você será capaz de:

 conhecer os conceitos envolvidos em um dos fundamentos do SPD, a rotação de culturas;

 conhecer os conceitos envolvidos e as principais vantagens decorrentes do uso da prática de rotação de culturas;

 dispor de conhecimentos sobre as espécies envolvidas e a forma de conduzir o SPD com uso da rotação de culturas.

Seções de estudo

 Seção 1  Conceituação de um sistema de rotação de culturas

 Seção 2  Porque fazer rotação de culturas

 Seção 3  Como fazer corretamente um sistema de rotação de culturas Vamos conhecer uma das formas de produzir alimentos que além de garantir ótimos rendimentos contribui na manutenção e melhoria do ambiente e na qualidade de vida dos agricultores.

Sistema de Produção - UNIGRAN

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Seção 1 − Conceituação de um sistema de rotação de culturas

Rotação de Culturas é o cultivo planejado, em uma sequência cronológica, de diferentes espécies de plantas. Implica na divisão da propriedade rural em talhões e na diversificação de atividades. Significa a possibilidade de ter-se, em uma mesma safra, pelo menos duas culturas diferentes no campo e na exigência de um período mínimo para o retorno da mesma cultura a este local.

São várias as formas de condução de sistemas de Rotação de Culturas, desde os mais simplificados aos mais complexos. A figura abaixo ilustra um sistema simplificado, onde a propriedade é dividida em dois talhões ou glebas (A e B). Nestes talhões são cultivadas espécies com características diferentes, como uma gramínea e uma leguminosa, as quais se alternam no próximo ano de cultivo, e assim sucessivamente. Apesar de ser um sistema simples, pode ter bons efeitos, especialmente quanto ao uso de insumos, como herbicidas e adubos, os quais são diferentes e específicos para cada um dos gêneros. Assim, estará sendo feita a alternância destes produtos e em consequência contribuído para a redução dos problemas decorrentes da monocultura.

Quando se deseja uma propriedade mais diversificada, ou a presença de determinada doença ou praga requer um período sem a espécie suscetível por mais de uma safra, temos a necessidade de utilizar um sistema mais complexo, como o da figura a seguir, onde a propriedade é dividida em três talhões ou glebas.

Gleba A

Gleba A Gleba AGleba A Gleba AGleba A

Ano 1 Ano 2 Ano 3

Gleba B

Gleba B Gleba BGleba B Gleba BGleba B

Sistema simplifi cado de rotação de culturas, com a propriedade dividida em duas glebas.

Fonte: Acervo pessoal.

Sistema de rotação de culturas onde a propriedade é dividia em três glebas (A, B e C) para ser ocupada por diferentes culturas, ao longo dos anos.

Fonte: Acervo pessoal.

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É importante que se distinga a rotação de culturas da sucessão de culturas, pois o entendimento às vezes não é muito claro e pode comprometer o sucesso da tecnologia. Um exemplo de ocorrência muito comum, especialmente na região Centro-Sul do país é a sucessão soja/milho safrinha, a qual se repete todos os anos, caracterizando um sistema de sucessão de culturas e não de rotação de culturas, pois todos os anos no período de verão é cultivada soja e no período de outono/

inverno é cultivado o milho. Desta forma temos elevada probabilidade de aumento da incidência de doenças, pragas e plantas daninhas em ambas as culturas.

A monocultura ou mesmo o sistema contínuo de sucessão do tipo trigo- soja ou milho safrinha-soja, tende a provocar a degradação física, química e biológica do solo e a queda da produtividade das culturas. Também proporciona condições mais favoráveis para o desenvolvimento de doenças, pragas e plantas daninhas. Nas regiões dos Cerrados predomina a monocultura de soja entre as culturas anuais. Há a necessidade de introduzir, no sistema agrícola, outras espécies, de preferência gramíneas, como milho, pastagem e outras.

Para a obtenção de máxima eficiência, na melhoria da capacidade produtiva do solo, o planejamento da rotação de culturas deve considerar, preferencialmente, plantas comerciais e, sempre que possível, associar espécies que produzam grandes quantidades de biomassa e de rápido desenvolvimento, cultivadas isoladamente ou em consórcio com culturas comerciais.

Devido aos seus efeitos sobre a qualidade ambiental, especialmente ao solo e à água, o uso da rotação de culturas torna-se a base sobre a qual se fundamenta o Sistema Plantio Direto - SPD. Através da rotação de culturas o SPD tem sua adoção e continuidade viabilizada.

Seção 2 − Porque fazer rotação de culturas

Diversificar as culturas de uma propriedade num programa de rotação é, antes de tudo, uma necessidade. Esta atitude apenas se justifica considerando-se os aspectos econômicos e a existência de riscos climáticos (veranicos, geadas, etc), que eventualmente causam prejuízos. Outras razões justificam a implantação de uma sequencia das espécies. Podem-se minimizar problemas de infestação de pragas, plantas daninhas ou doenças, bem como custos, e maximizar receitas, diminuindo prejuízos decorrentes do monocultivo. A diversificação de plantas com diferentes sistemas radiculares, capazes de explorar diferentes profundidades do solo, com diferentes absorção e capacidade de reciclagem de elementos, proporciona melhor equilíbrio dos nutrientes e incremento na qualidade e na atividade biológica do solo. Com a rotação é possível quebrar o ciclo de várias pragas e doenças, diminuindo assim os riscos de incidência desses organismos

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e consequentes danos às culturas. A rotação permite ainda que os resíduos de determinado cultivo que permanecem no solo beneficiem o desenvolvimento e rendimento de cultivos posteriores, como exemplo: aveia e milheto antes de soja;

ervilhaca, nabo-forrageiro ou mesmo a própria soja antes de milho; algodão após soja; etc.

Os efeitos das culturas antecessoras na produtividade da cultura principal são importantes e podem representar diferenças significativas. As figuras abaixo ilustram o efeito de sistemas de rotação de culturas na produtividade de soja e trigo em Mato Grosso do Sul em duas avaliações efetuadas na Embrapa Agropecuária Oeste em Dourados, MS. Verifica-se também que, há uma interessante interação quando o SPD é utilizado simultaneamente com a rotação de culturas, como o verificado na safra 2001/02.

As vantagens da rotação de culturas são inúmeras. Além de proporcionar a produção diversificada de alimentos e outros produtos agrícolas, se adotada

3000

Soja 95/96

Soja/Trigo con nuo NF/M/AV/SJ/TR/SJ

Soja 96/97 Trigo 96

2500 2000 1500 1000 500 0

Produtividade da soja e do trigo em SPD, na sucessão soja/

trigo e no sistema de rotação de culturas (NF:nabo, M: milho, AV aveia, SJ: soja, TR: trigo). Fonte: Hernani et al, 1997.

4000 3500 3000 2500 2000 1500

ProduƟ vidade (kg/ha)

1000 500 0

Soja/Aveia/Soja PC Soja/Trigo/ Soja PD

Soja/Aveia/Soja PD Milho/Aveia/ Soja PD

Rendimento de grãos de soja na safra 2001/02 em Dourados (MS) em diferentes sistemas de manejo. PC: preparo convencional, PD: plantio Direto. Embrapa Agropecuária Oeste. Fonte: Hernani et al, 1997.

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e conduzida de modo adequado e por um período suficientemente longo, essa prática melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo; auxiliam no controle de plantas daninhas, doenças e pragas; repõe matéria orgânica e protege o solo da ação dos agentes climáticos e ajuda a viabilização do SPD e dos seus efeitos benéficos sobre a produção agropecuária e sobre o ambiente como um todo.

A figura abaixo apresenta produtividade de fibra de algodão quando esta cultura foi implantada sobre os restos culturais de diferentes espécies utilizadas para formação de cobertura do solo, em condições do Cerrado em Mato Grosso.

SANTOS et al. (2006), ao estudarem os efeitos da rotação de culturas no rendimento do trigo observaram que em vários trabalhos, o menor rendimento de grãos de trigo esteve sob monocultura, em comparação com sistemas de rotação de culturas. Citam vários autores, como SLOPE et al. (1973) que constataram que na monocultura de trigo houve menor rendimento de grãos (4.530 kg ha-1) do que em dois invernos (5.460 kg ha-1) sem trigo. STURZ e BERNIER (1989) observaram que monocultura de trigo (3.179 kg ha-1) rendeu menos do que havia em um inverno sem esse cereal em alternância com colza (4.203 kg ha-1) ou com linho (4.076 kg ha-1). SANTOS et al. (1996) verificaram sob plantio direto, que o menor rendimento de grãos ocorreu na monocultura de trigo (3.014 kg ha-1), em comparação com os sistemas de rotação com um inverno (3.355 kg ha-1), dois invernos (3.494 kg ha-1) e três invernos (3.362 kg ha-1) sem trigo. SANTOS et

2000

1900 1800

1700

1600 Produ vidade de fi bra (kg/ha-1)

1500

Milheto Sorgo

Capim-pé´de-galinha

Capim-pé´de-galinha + Guandu

Capim-pé´de-galinha + Crolatária

Braquiária + CrolatáriaBraquiária + Guandu Nabo forrageiro

Pousio Braquiária

Milheto + CrolatáriaSorgo + Crolatária Milheto + GuanduSorgo + Guandu

Crolatária Guandu

Produtividade de fi bra (kg ha-1) do algodoeiro, cultivar BRS Cedro, cultivado sobre a palha de diferentes espécies, sem revolvimento do solo, Primavera do Leste, MT, no ano agrícola de 2004/2005. Fonte: Lamas & Staut, 2006.

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al. (1998), em áreas sob preparo convencional de solo, no inverno, e sob plantio direto, no verão, em Passo Fundo (RS), também verificaram menor rendimento de grãos na monocultura de trigo (2.238 kg ha-1) do que em um inverno (3.502 kg ha-1), dois invernos (3.403 kg ha-1), três invernos (3.629 kg ha-1), dois invernos sem e dois com trigo (3.476 e 3.290 kg ha-1) e três invernos sem e dois com trigo (3.557 e 3.528 kg ha-1).

Estes autores concluíram no trabalho que:

a) a rotação de culturas com dois invernos propicia maior rendimento de grãos e altura de plantas de trigo, em relação à monocultura e a um inverno sem trigo.

b) a severidade de doenças do sistema radicular é maior em monocultura do que em rotação de culturas por um ou dois invernos sem trigo.

Hernani & Salton (2009), apresentam resultados de um experimento conduzido em na Embrapa Agropecuária Oeste em Dourados durante dezesseis anos avaliando sistemas de manejo do solo e de rotação de culturas nos rendimentos de grãos de soja e de trigo e afirmam que apesar de, geralmente, tender a elevar a produtividade das culturas, isoladamente, o tratamento rotação de cultura apresentou efeitos significativos sobre a produção de soja apenas nas safras 1995/96 e 1998/99 e sobre a de trigo na safra de 1999. Esse efeito foi mais expressivo na cultura da soja, cujos rendimentos foram em torno de 500 kg ha-1,

Ano Sistema de rotação

*Média Monocultura Um inverno sem trigo Dois invernos sem trigo

Severidade de doenças do sistema radicular de trigo (%)

1998 28 A a 21 B a 22 B a 24a

1999 8 A c 8 A b 7 B d 8d

2000 13 A b 9 A b 9 B b 10 c

2001 16 A b 6 B c 5 B b 9 c d

2003 29 A a 12 B b 8 C b 16 b

Média 19 A 11B 10B 13

Rendimento de grãos (kg ha-1)

1998 857 C e 1.119 B d 1.377 A d 1.118d

1999 3.334 C a 3.538 B a 3.672 A a 3.518 a

2000 2.039 C b 2.541 B b 2.678 A b 2.436 b

2001 1.612 C c 1.817 B c 2.014 A c 1.814 c

2003 1.446 Cd 1.324 B c 2.023 A c 1.764 c

Média 1.870 C 2.168 B 2.353 A 2.130

Tabela - Efeito de sistemas de rotação de culturas na severidade de doenças do sistema radicular, no rendimento de grãos, em 1998, culƟ var Embrapa 16, em 1999, culƟ var BR- 49 e de 2000 a 2002, culƟ var BR-179. Passo Fundo (RS)

Fonte: Santos et al. (1998).

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maiores com a rotação do que no tratamento sem rotação. A produtividade de trigo foi em torno de 200 kg ha-1, maior com a rotação do que com o sistema sem rotação (sucessão trigo/soja, SR). Esses resultados podem estar relacionados com a menor ocorrência de pragas e doenças, promovida pela maior biodiversidade de sistemas com rotação de culturas. A figura abaixo ilustra as diferenças verificadas pelos autores.

A rotação de culturas, no entanto, traz uma série de outras vantagens ao sistema de produção, pois melhora a cobertura do solo (com plantas fotossinteticamente ativas cobrindo o solo, durante o maior tempo possível e ao longo do ano, resíduos de relação C/N elevada são decompostos mais lentamente);

incrementa a diversidade biológica (mediante cultivo de espécies diferenciadas quanto a sistemas radiculares e características da parte aérea, tanto no inverno quanto no verão); apresenta efeitos positivos de uma espécie sobre a subsequente (melhor disponibilização de nutrientes, por exemplo); amplia o volume de solo explorado pelos sistemas radiculares (com o uso de espécies com diversificados tipo e agressividade de raízes); e traz maior equilíbrio na absorção e extração de nutrientes pelas plantas, entre outras vantagens.

Neste mesmo experimento relatado no parágrafo anterior, os autores avaliaram o efeito dos sistemas de manejo e da rotação de culturas sobre alguns atributos do solo e verificaram importantes efeitos, como a preservação dos agregados maiores e a diminuição da geração de agregados de menor tamanho no solo sob SPD, o que parece estar relacionado com o maior teor de matéria orgânica promovido por sistemas radiculares diversificados, como os que compõem o esquema de rotação de culturas aqui adotado. A rotação de culturas proporciona a diminuição de agregados de menor tamanho, ou seja, atua no sentido de elevar a estabilidade dos agregados e impedir

3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500

1995-96

Soja 1998-99

Soja Grãos (kg ha-1)

Safra/Cultura SR CR

1999 Trigo 0

b b

b

a a a

Figura 7. Produção de grãos (kg/ha) de soja (safra 1995/96 e 1998/99) e de trigo (safra 1999) em função de sistemas de rotação de culturas (SR: trigo/soja e CR: nabo forrageiro/milho - aveia preta/soja- trigo/soja). Letras iguais, em cada afra, indicam que os tratamentos não diferem entre si pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade. Fonte: Hernani & Salton (2009).

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que sejam destruídos por ação do impacto das gotas de chuva. Com o PD associado à rotação de culturas foi verificado forte efeito na agregação, com incremento dos agregados de maior tamanho, que se refletiram no diâmetro médio ponderado (DMP). Além disso, ressalta-se que a interação significativa foi verificada apenas com o SPD, efeito não observado com os demais sistemas de preparo em estudo. Com os agregados da classe 1,0- 2,0 mm, associados à rotação de cultura, o SI promoveu formação de maior quantidade de agregados, enquanto o PD diminuiu proporcionalmente os agregados dessa classe. Isso sugere qtue a rotação de culturas associada ao PD é uma combinação que possibilita aumentar o tamanho dos agregados, gerando mais agregados de tamanho maiores e menos agregados de menor tamanho, como os da classe 1,0 mm- 2,0 mm. No solo com o sistema SI, a rotação proporcionaria condições para que a desagregação seja amenizada, induzindo a formação de significativo percentual de agregados da classe 1,0-2,0 mm, mas não a de agregados de tamanho maior. A figura abaixo demonstra claramente a situação relatada acima.

Sistema de rotação ES GP PD SI

Figura - Percentuais de agregados estáveis em água (classes 7,93-9,52 mm e 1,0-2,0 mm) e DMP da camada 0-10 cm do Latossolo Vermelho Distroférrico, para a interação de sistemas de preparo aplicados no verão (ES: escarifi cação + gradagens niveladoras; PD: semeadura direta; GP: gradagens aradora + niveladoras; SI: gradagem aradora + aração + gradagens niveladoras) e rotação de culturas (SR: trigo/soja e CR: nabo forrageiro/milho nabo forrageiro + a aveia preta/soja trigo/soja) em 1996. Em cada variável, letras minúsculas comparam sistemas de preparo dentro de cada sistema de rotação; maiúsculas comparam sistemas de rotação dentro de cada preparo do solo; letras iguais indicam que os tratamentos não diferem estatisticamente entre si, a 5% de probabilidade. Fonte:

Hernani & Salton (2009).

Aa 45

40 35 30 25 20

% de agredados 15

Classe de agregados 7,93 - 9,52 mm

10 5 0

Aa Aa

Ba Ab

Ab Aa

Ab

Aa

Diâmetro médio ponderado (DMP)

SR CR

DMP

1 0 2 3 4 5

Aa Aa

Ba Ab

Ab Aa

Ab

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Seção 3 − Como fazer corretamente um sistema de rotação de culturas

Um sistema de rotação de culturas envolve o cultivo de diferentes espécies numa mesma safra e, portanto, aumenta o número e a complexidade tarefas na propriedade. Exige o planejamento do uso do solo segundo princípios básicos, onde deve ser considerada a aptidão agrícola de cada gleba.

A primeira providência a tomar é a realização de um diagnóstico completo da propriedade para, a partir de tais informações, proceder à organização e divisão da área em glebas. Esta divisão é fundamental para que possa ser efetuado o planejamento dos cultivos, identificando quais as culturas deverão ser cultivadas nas respectivas glebas e quais as sequências de espécies. Devem-se levar em conta as características do sistema de produção, objetivos e oportunidades regionais, além da necessidade de permanente cobertura do solo e aporte de palha em quantidade adequada ao SPD. Deve ser programado para que as culturas sucessoras sejam beneficiadas pelas antecessoras e, inclusive, para que todo o ambiente seja melhorado. É fundamental que o sistema de rotação seja monitorado ou acompanhado permanentemente, para que em determinadas situações possa ser alterado.

A área destinada à implantação dos sistemas de rotação deve ser dividida em tantas glebas, ou piquetes, quantos forem os anos de rotação. Após essa definição, estabelecer o processo de implantação sucessivamente, ano após ano, nos diferentes talhões, previamente, determinados. A execução do planejamento deve ser gradativa para não causar transtornos organizacionais ou econômicos ao produtor, devendo ser iniciada em uma parte da propriedade e ir anexando novas glebas até que toda a área esteja incluída no esquema de rotação.

Um esquema de rotação deve ter flexibilidade, de modo a atender as particularidades regionais e as perspectivas de comercialização dos produtos.

O uso da rotação de culturas conduz à diversificação das atividades na propriedade, possibilitando estabelecer esquemas que envolvam apenas culturas anuais, tais como: soja, milho, arroz, sorgo, algodão, feijão e girassol, ou de culturas anuais e pastagem. Em ambos os casos, o planejamento da propriedade a médio e longo prazos faz-se necessário para que a implementação seja exequível e economicamente viável.

As espécies vegetais envolvidas na rotação de cultura devem ser consideradas do ponto de vista de sua exploração comercial ou destinadas somente à cobertura do solo e adubação verde.

Nas Recomendações Técnicas para a cultura da soja na região Central do Brasil (Embrapa Soja) há a recomendação de que “a escolha da cobertura vegetal do solo deve, sempre que possível, ser feita no sentido de obter grande quantidade de biomassa. Plantas forrageiras, gramíneas e leguminosas, anuais ou semiperenes são apropriadas para essa finalidade. Além disso, deve se dar preferência a plantas fixadoras de nitrogênio, com sistema radicular profundo e abundante, para promover

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a reciclagem de nutrientes. A seleção de espécies deve basear-se na diversidade botânica. Plantas com diferentes sistemas radiculares, hábitos de crescimento e exigências nutricionais podem ter efeito na interrupção dos ciclos de pragas e doenças, na redução de custos e no aumento do rendimento da cultura principal (soja). As principais opções são milho, sorgo, milheto (principal espécie cultivada em sucessão: safrinha) e, em menor escala, o girassol. Para a recuperação de solos degradados, indicam-se espécies que produzam grande quantidade de massa verde e tenham abundante sistema radicular. Para isso, lançar mão de consorciação de culturas comerciais e leguminosas, como por exemplo, milho-guandu, ou de mistura de culturas para cobertura do solo, como por exemplo, braquiária + milheto, e sequências de culturas de grande potencial para produção de biomassa. Para estabelecer o consórcio milho-guandu, semear milho precoce em setembro-outubro e, cerca de 30 dias após a emergência do milho, semear o guandu nas entrelinhas do milho.Em áreas onde ocorre o cancro da haste da soja, o guandu e o tremoço não devem ser cultivados, antecedendo a soja. O guandu, apesar de não mostrar sintomas da doença durante o estádio vegetativo, reproduz o patógeno nos restos de cultivo. Desse modo, após o consórcio milho-guandu, usar uma cultivar de soja resistente ao cancro da haste. O tremoço é altamente suscetível ao cancro da haste.

Em áreas infestadas com nematóides de galhas da soja, não devem ser usados tremoço e lablab, por serem hospedeiros e fonte de inóculo desse patógeno.

Fonte: <http://www.cnpso.embrapa.br/download/Sistema_Producao14_VE.pdf>.

Para auxiliar na escolha das espécies mais adequadas o quadro apresentado abaixo é muito útil.

Culturas com restrição para

anteceder à principal

Cultura antecessora à principal Cultura principal

Cultura sucessora à

principal

Cultura com restrição para

suceder à principal Tremoços

e cul vos no verão/

outono de guandu ou mucuna ou lablab.

Milho, trigo, cevada, aveia branca, aveia preta, nabo forrageiro. Podem também ser cul vados milheto em consórcio com guandu no verão/outono, girassol1, canola1, consórcio de milho com guandu ou mucuna, consórcio de aveia preta com tremoços, milho safrinha (verão/outono) e azevém2

Soja

Milho, trigo, cevada aveia preta. Pode ser cul vada aveia branca para grãos.

Girassol, canola e tremoços (para semente)

Cevada3, aveia preta para sementes, aveia branca para grão e semente

Soja, guandu, mucunas, crotalárias, lablab, ervilhacas, nabo forrageiro, chícharo e girassol. Podem também ser cul vados aveia preta, aveia branca, trigo, tremoço, consórcio de aveia preta com tremoços e consórcio do milho com guandu ou mucuna e cevada4

Trigo

Soja, aveia branca para grão e semente, aveia preta, girassol de verão/outono, trigo, canola, tremoços para semente e milho

Cevada

Tabela - Sinopse da sequência de culturas, indicadas preferencialmente em relação à cultura principal, para compor sistemas de rotação com a soja e trigo, no Paraná.

Embrapa Soja. Londrina, PR, 1995

(11)

No planejamento, é necessário considerar que não basta apenas estabelecer e conduzir a melhor sequência de culturas, dispondo-as nas diferentes glebas da propriedade. É necessário que o agricultor utilize todas as demais tecnologias à sua disposição, entre as quais se destacam: técnicas específicas para controle de erosão; calagem, adubação; qualidade e tratamento de sementes, época e densidade de semeadura, cultivares adaptadas, controle de plantas daninhas, pragas e doenças.

A figura abaixo apresenta alguns critérios que devem ser observados na escolha de espécies para comporem sistemas de rotação com plantas de cobertura, de modo especial para a região norte de Mato Grosso:

Aveia preta para semente

Soja, ervilhacas, nabo forrageiro, aveia preta, chícharo. Podem também ser cul vados tremoços, aveia branca, milho, girassol safrinha, canola e cevada

Milho

Soja, cevada, canola, girassol safrinha, aveia branca e aveia preta para cobertura e semente.

Pode também ser cul vado milho

Sem restrição

Aveia preta para semente

Soja, trigo, aveia branca, aveia preta, ervilhaca, nabo forrageiro, chícharo e tremoço azul

Cevada

Soja, aveia preta para cobertura e semente e, aveia branca

Milho e trigo

Fonte: Gaudêncio, C. de A. Concepção da rotação de cultura com a soja no Paraná. In: REUNIÃO CENTRO- SUL DE ADUBAÇÃO VERDE E ROTAÇÃO DE CULTURAS, 5, 1995, Chapecó, SC. Resumos... Florianópolis:

Epagri, 1998. (Adaptado das recomendações técnicas para a cultura da soja do Paraná 1994/95”). 1Nas regiões onde não ocorre sclerotinia em soja, o girassol pode anteceder essa cultura. Em todos os casos, o girassol ou canola deve ser cultivado com intervalos mínimos de três anos na mesma área. 2O azevém pode tornar-se invasora. 3Quando semeado após 15 de junho. 4Quando semeado de maio até 15 de junho.

(12)

A implementação de um sistema de rotação de culturas deve estar de acordo com as condições climáticas da região. Tais condições é que irão definir quais as oportunidades de semeadura (janelas de semeadura) que deverão ser exploradas em sua totalidade, visando o aproveitamento pleno das potencialidades de cada ambiente. A Figura abaixo apresenta as possibilidades de cultivos para Mato Grosso do Sul considerando as precipitações pluviais médias e as necessidades hídricas para o estabelecimento das culturas visando produção de grãos, forragem e/ou palha, que pode ser utilizado como exemplo. Este conceito pode ser transferido para as diversas condições climáticas da outras regiões produtoras do país.

Exemplos de sistemas

1) Sistema onde a propriedade é dividida em 3 partes (A,B e C) e a soja é a cultura principal, ocupando 2/3 da área.

2) Sistema de culturas com objetivo de integração lavoura pecuária onde a cultura de outono é utilizada para pastejo, feno ou silagem. Neste caso utiliza-se uma espécie como o milheto, semeado na primavera, para produção e reposição da palha; a aveia pode ser substituída pelo sorgo ou milho.

Soj a

Soj a So j aSoja

So j a Soja Soj a

Soj a Milho Milho

Mil ho Mil ho Mi l ho

Mi l ho Av eia Av eia na bo na bo

C

gleba

B

A

Fonte: Acervo pessoal.

Épocas de semeadura:

 A - safra de verão (principal)

 B - safrinha (outono)

 C - primavera (cobertura)

 D - safra de inverno

Precipitação pluvial média em Mato Grosso do Sul

Distribuição da precipitação pluvial média e oportunidades de semeadura para Mato Grosso do Sul. Fonte: Acervo pessoal.

Campo Grande Dourados Ponta Porã Ivinhema 250

200 150 100 50 0

jan

mm fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

C A B D

(13)

3) Sistema relativamente complexo do ponto de vista da organização da produção, envolvendo além da soja e milho a cultura do algodoeiro. Neste caso, trabalha-se com três glebas, sendo que em duas delas seria cultivada a soja durante dois anos seguidos e na terceira gleba o algodão, que só retorna à mesma gleba após duas safras de soja. Outro sistema poderia conter: milho/aveia-preta/soja/milheto/algodão/

nabo forrageiro. Tanto este sistema quanto o anterior levariam a uma boa cobertura de solo tanto do ponto de vista da quantidade de palha quanto da diversidade de espécies de cobertura. Evidentemente muitos outros sistemas de rotação de culturas podem ser utilizados, adequando-se às peculiaridades de cada região.

4) Sistema relativamente recente, em que utiliza-se o cultivo consorciado de milho com forrageira perene no período da entressafra visando a obtenção de abundante cobertura do solo e/ou formação de pastagem. Deve-se considerar que na primeira situação não estará sendo atendido o fundamento de rotação de culturas, pois a soja se mantém durante a safra de verão.

Os quadros a seguir apresentam quais seriam as culturas preferenciais para anteceder às principais culturas comerciais em Mato Grosso do Sul, bem como qual seria a sequência a ser cultivada na sucessão.

M i lho Soj a

Soj a A ve iaA vei a

Safra verão 1 Safra verão 2 Safra verão 3

Fonte: Acervo pessoal.

M I L HETO M I L HETO

verão

Soja precoce

Soja

Soja Soja

Soja precoce

Soja precoce Milheto

Milheto

Milheto Algodão

Algodão

tempo

Algodão

Milho safrinha

Milho safrinha

Milho safrinha

verão verão

entressafra entressafra entressafra

Fonte: Acervo pessoal.

S oj a S oj a

Soj a

Soja So j aSoja

Pa st ag em Past ag em f o rrag ei ra forra g eira

So j a

Fonte: Acervo pessoal.

Mil ho

Mil ho Avei aAvei a

(14)

Preferencial Com restrição Soja

Milheto, girassol, nabo forrageiro, sorgo, trigo, aveia, arroz, milho e ervilhaca peluda

Milho Aveia, soja, nabo forrageiro, trigo, girassol, milheto, feijão, sorgo e arroz

Algodão Aveia, nabo forrageiro, trigo, soja, milho,

sorgo, arroz e milheto Ervilhaca peluda, feijão e girassol Girassol

Arroz, milho, milheto, aveia, trigo, nabo

forrageiro e sorgo Soja, algodão e feijão

Feijão

Milho, sorgo, arroz, trigo, milheto e aveia Algodão, nabo forrageiro, soja e girassol Sorgo

Girassol, feijão, nabo forrageiro, ervilhaca

peluda, mucuna, guandu, soja e aveia Milho, milheto, arroz e trigo Arroz de sequeiro

Girassol, nabo forrageiro, guandu, ervilhaca

peluda. mucuna, feijão, soja e aveia Trigo, sorgo, milheto e milho Trigo

Mucuna, girassol, crolatária, soja, feijão,

algodão, milheto, guandu e sorgo Milho e arroz Aveia

Todas Trigo após aveia preta para semente

1Adaptado do relato da Comissão de Ecologia, Fisiologia e Práticas Culturais, da publicação: Reunião de Pesquisa de Soja da REgião Central do Brasil, 18;. 1996: Uberlândia. Ata e Resumos. UFU/DEAGRO, 1997. 446p.

Sugestões de culturas sucessoras em sistemas de rotação e sucessão de culturas para o Centro-Sul do Mato Grosso do Sul1

Sugestões de culturas antecessoras em sistemas de rotação e sucessão de culturas para o Centro-Sul do Mato Grosso do Sul1

Preferencial Com restrição

Soja Milho, sorgo, arroz, aveia, milheto, trigo,

mucuna, guandu e girassol Nabo forrageiro, feijão e ervilhaca peluda Milho

Ervilhaca peluda, mucuna, guandu, crolatária,

nabo forrageiro, soja, girassol e aveia Sorgo, arroz, milheto e trigo Algodão

Milho, soja, milheto, trigo e aveia Nabo forrageiro, girassol, guandu, feijão e ervilhaca peluda

Girassol

Milho, soja, sorgo, arroz, milheto, aveia, e trigo Nabo forrageiro, feijão, guandu, ervilhaca e mucuna

Feijão

Milho, sorgo, arroz, milheto, aveia e mucuna Ervilhaca, nabo forrageiro, girassol, algodão, gunadu e soja

(15)

Um exemplo de sucesso é o do agricultor Ake van der Winne, de Maracaju-MS que utiliza um sistema de rotação de culturas que inclui, além da soja e milho, o algodão e a pecuária de corte com pastejo de forrageiras de inverno e de verão. Segundo o agricultor, este sistema tem apresentado ótimos resultados em termos de produtividade média ao longo dos anos (59 sc/ha de soja; 211 @/

ha de algodão e 33@/ha de carne), resultando em atraentes ganhos econômicos pelos baixos custos médios de produção (40 sc/ha de soja e 147 @/ha de algodão) em 2007. O esquema do sistema utilizado, com a propriedade dividida em quatro glebas, está apresentado na figura abaixo:

1Adaptado do relato da Comissão de Ecologia, Fisiologia e Práticas Culturais, da pulbicação: Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, 18., 1996: Uberlândia. Ata e Resumos. UFU/DEAGRO, 1997, 446p.

Sorgo Milho, soja, guandu, aveia, mucuna, crolatária,

ervilhaca, trigo e nabo forrageiro Milheto e arroz Arroz de sequeiro Nabo forrageiro, mucuna, guandu, soja, ervilhaca peluda, girassol, crolatária, aveia, milho e feijão

Trigo, sorgo e milheto Trigo

Mucuna, guandu, girassol, feijão, crolatária, soja, milho e algodão

Arroz de sequeiro, sorgo e aveia preta para semente

Aveia

Todas Nenhuma

Gleba ANO I ANO II ANO III ANO IV

Safra Safrinha Safra Safrinha Safra Safrinha Safra Safrinha

A

Soja ruziziensisMilho + B Algodão Aveia +

tanzânia Soja

Pé-de- galinha +

Aruana

Aruana Aruana

B

Algodão tanzâniaAveia + Soja galinha + Pé-de-

Aruana

Aruana Aruana Soja Milho + B ruziziensis

C

Soja galinha + Pé-de-

Aruana

Aruana Aruana Soja Milho + B

ruziziensis Algodão Aveia + tanzânia

D

Aruana Aruana Soja ruziziensisMilho + B Algodão Aveia +

tanzânia Soja

Pé-de- galinha +

Aruana

 fundamento cobertura do solo

 fundamento rotação de culturas

tempo

Fonte: Acervo pessoal.

(16)

Retomando a conversa inicial

 Seção 1  Conceituação de um sistema de rotação de culturas Como ponto principal desta parte do estudo está o correto entendimento do que é um sistema de rotação de culturas e sua diferenciação de um sistema de sucessão de culturas. Como exemplo podemos lembrar a utilização das culturas de soja no verão e de milho no outono/inverno (safrinha) que muitas vezes é erroneamente apontado como rotação de culturas, o que na verdade é apenas a sucessão de culturas.

 Seção 2  Porque fazer rotação de culturas

Nesta parte dos estudos foi possível verificar a importância da alternância de espécies vegetais, especialmente para reduzir a ocorrência e os danos de pragas, doenças e plantas daninhas, entre outras razões.

 Seção 3  Como fazer corretamente um sistema de rotação de culturas A seção 3 apresentou com destaque a importância de um planejamento prévio de como deve ser um sistema de rotação de culturas e por meio de exemplos práticos, informar como podemos propor sistemas para os diversos ambientes e regiões do país.

Sugestões de leituras, sites

Leituras

 <http://www.cpao.embrapa.br/publicacoes/online/zip/BP200954.pdf>.

Sites

Sugestão de endereços na internet com informações sobre o SPD:

 <http://www.cpao.embrapa.br/publicacoes/500p500r/index.php>.

 <http://www.febrapdp.org.br/port/index.html>.

 <http://www.iac.sp.gov.br/Tecnologias/PlantioDireto/PlantioDireto.htm>.

 <http://www22.sede.embrapa.br/plantiodireto/>.

Chegamos, assim, ao fi nal da quinta aula. Espera-se que agora tenha fi cado mais claro o entendimento de vocês.

Vamos, então, recordar:

Referências

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