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Gabinete do Ministro - Ministério da Educação e Cultura

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2- O resguardo dessa tradição preserva um bem patrimonial de cultura brasileira.

3- A medida proposta não impediria, de modo al- gum, a continuidade do ensino de outras lín- guas .

4- Não se pretende, apenas, render um simples tributo sentimental a glorioso país, histori_

camente amigo. Notoriamente, inspira-se a pro vidência sugerida num claro interesse do Bra sil-Nação e do Brasil-Estado".

"1- Não se trata de inovar, mas de recuperar uma tradição pedagógica nacional.

A proposta, de autoria do Conselheiro Marcos Almir Madeira, após as razões da reivindicação, conclui, acentuando:

Trata-se de proposta formulada pelo Conselho Fe- deral de Cultura no sentido do restabelecimento da obrigatorie- dade do ensino de francês nos estabelecimentos de ensino de 2º grau e que o Chefe do Gabinete do Senhor Ministro de Educação e Cultura encaminha à apreciação deste Colegiado.

I - RELATÓRIO

Anna Bernardes da Silveira Rocha _______

Restabelecimento da obrigatoriedade mento da obrigatoriedade do Ensino de Francês nas Escolas de 2º Grau, proposto pelo Conselho Federal de

Cultura.

Gabinete do Ministro - Ministério da Educação e Cultura

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II- Parecer e voto

Em muitas oportunidades este Conselho se pronunciou para mostrar seu zelo pelo ensino da língua francesa e a percepção de sua relevância para o processo educativo, de modo que me dispensarei de retornar o assunto, neste Parecer, preferindo fazer remissão a diver sos pronunciamentos em que o CFE deixou claro seu pensamento sobre a importância cultural da língua francesa no contexto do sistema educa- cional brasileiro: o Parecer nº 1748/73 da Conselheira Terezinha Saraiva a Indicação nº 5 4/75 do Conselheiro Newton Sucupira; o Parecer nº 478/75 do Conselheiro Valnir Chagas com antológico voto em separado do Conselheiro Abgar Renault, o Parecer nº 12 91/80 desta Conselheira, en tre outros.

Assim, restringiremos nossa apreciação â pretendida obrigatoriedade do ensino de francês no 2º Grau, para justificar as razões que movem o CFE a preferir, como o fez até o momento, a norma flexível que viabiliza a organização dos currículos escolares com a margem de autonomia requerida pela diversidade de interesses e medi-das dos estabelecimentos de ensino.

Esta diversidade tem seu fulcro nas condições socio- econômico-culturais das comunidades em que o segundo grau é proposto.

Alguns argumentos constantes da exposição do nobre Conselheiro do Conselho Federal de Cultura, certamente não se aplica riam a todas as comunidades servidas por escolas de 2º Grau: "prense ça de nomes próprios franceses nas fachadas dos edifícios residenci- ais" , assim como as preferências pelo "gosto francês" "nos restauran- tes, como nas lojas para senhoras e homens" ou a possibilidade de o 2º Grau ser, apenas "ponto de partida"para estudos mais elevados. De fato, não é a todos os alunos que concluem o 2º Grau que se assegura a continuidade de estudos no ensino superior.

Considere-se, ainda que a aprendizagem do Francês não prossegue obrigariamente, em todos os cursos de nível superior. E três anos de estudos a nosso ver, seriam insuficientes para o alcance dos sbjetivos que se inferem da proposta, quando afirma:

"Realmente, para essa nova fisionomia de França (ci-

entífica e tecnológica), precisam voltar suas vistas principalmente os

jovens, que aí estão, carentes de método, de clareza de espírito con

clusivo e de posse de técnicas que não sacrifiquem o acesso às ideias,

o clima de controvérsias ou do confronto, em nível de filosofia da

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ciência ou de ciência conciliada cora os conceitos humanísticos do progresso, da pesquisa e da invenção. Essa linha de equilíbrio entre o moderno e o eterno como entre as coisas e a ideia, entre o fazer e o ser, entre o espírito e a técnica - esse equilíbrio essencial, ia concluindo, reponde pela saúde intelectual de toda a gente e muito em especial pela da mocidade estudantil que se interroga,perdida entre os próprios valores que paradoxalmente a pertubam. 0 livro francês é resposta. Mais do que nunca, a língua francesa é valor - conveniência desta hora, necessidade destes dias, no universo brasileiro".

Sem pretender qualquer objeção do enunciado pelo ilustre Conselheiro, acrescentam o entendimento de que não há de ser o livro de país estrangeiro o instrumento único de resposta às dúvi_

das suscitadas pela inquietação intelectual e moral da juventude bra sileira.

Esta convicção de que tal resposta apresenta forma variada de organização curricular que lhe possibilita o alcance,é uma das razões de convencimento do CFE de que nenhuma língua estrangeira, em especial deve ser obrigatória, no ensino de 1º ou de 2º graus, mas tão somente a língua e a literatura nacionais aliadas aos demais com ponentes do chamado núcleo comum. Outros elementos fortalecedores do consenso sobre a opcionalidade da ligua estrangeira ser ensinada no 2º grau, poderiam ser assim expressos:

a) Não seria viável, sequer a médio prazo, que to das as escolas dispusessem de recursos necessá- rios a um ensino de francês cuja qualidade o re comendasse;

b) na medida em que se amplia o ensino de 2º grau,como vem ocorrendo, maior parcela de alunos integra o grupo dos que, por seu programa de vida não pre_

tendem aprender francês, mas, outra língua moder na.

c) as comunidades brasileiras manifestam diversida- de de interesses, ocorrendo, inclusive, a presen ça daquelas de colonização estrangeira que defen dem por certo e com razão, o ensino da língua de seu país de origem;

d) o preceito de descentralização de que a Lei nº

5.692/71 é tão zelosa, seria extremamente arranha

do se se propusesse a obrigatoriedade do ensino

de francês;

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e) como regra, entende o Conselho Federal de Educa- ção que melhor pra que os sistemas de ensino se organizassem Centros de Ensino de Línguas Estran- geiras ou específicos de ensino de determinada língua estrangeira, os quais seriam frequentados pelos alunos de 2º Grau com opção para a língua de sua preferência. Tais Centros deveriam evo- luir, progressivamente, no sentido de ampliar o numero de Línguas modernas objeto do ensino e de satisfazer a todos os alunos. É certo que o ensi no de língua estrangeira como vem sendo processa do, no regime por séries e em cada estabelecimen to de ensino de 2º Grau tem apresentado pouca e- ficácia, merecendo um reestudo, de parte da admi nistração dos sistemas de ensino para uma revi- são em seus processos operacionais.

É nosso parecer.

III- DECISÃO DA CÂMARA

A Câmara de Ensino de 1º e 2º Graus, acompanha o vo to da Relatora.

Sala da Sessões, em 30 março de 1982.

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PROCESSO Nº 1419/81

Declaração de Voto

Sobre a obrigatoriedade da língua francesa no currículo de ensino de 2° grau.

I - A Conselheira Ana Bernardes, com a acuidade que lhe é peculiar apreciou a proposta do Conselheiro Marcos Almir Madeira, do Conselho Federal de

Cultura, que dispõe sobre a necessidade de se restaurar no currículo do ensino de 2° grau a obrigatoriedade do ensino de Francês. Fê-lo de uma ótica crítica bastante minuciosa, comentando, um a um os argumentos

apresentados pelo ilustre membro do Egrégio Conselho Federal de Cultura, e concluiu pela inconveniência, senão mesmo pela impossibilidade legal (vide letra d, do elenco final do Parecer) de ser atendida a proposta, nos termos em que esta elaborada.

Acompanhamos com o nosso, o voto da Relatora, principalmente no que diz respeito ao aspecto legal. Pedimos vênia, no entanto, a Sua Excelência, para expressar, nesta declaração, algumas reflexões que o tema nos sugere, as quais, pela oportunidade que o Parecer nos oferece, gostaríamos de registrar.

II - 0 ensino de língua estrangeira nas escolas de lº e 2º graus, hoje optativo para aquelas e obrigatório para estas, tem sido, de um modo geral, de uma clamorosa inconsistência. A própria Relatora admite, certamente em face dos resultados que conhece, que o melhor seria "que nenhuma língua

estrangeira em especial devesse ser obrigatória".

De fato, a tomar por base os resultados alcançados por esse ensino,dificilmente haverá outra conclusão a adotar.

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Ocorre, no entanto, que, apesar do desastroso desempenho das escolas nesse particular, devido menos a importância educativa da matéria, do que às deficiências com que é ministrada, a presença da língua

estrangeira no currículo de ensino de 1º e 2º graus em muito contribue para a boa formação cultural dos educandos, sendo mesmo elemento essencial da consciência humanística que neles se quer desenvolver. Há uma espécie de aforismo pedagógico, em língua inglesa, que diz com muita propriedade: "He who has another language has another life".

0 que há e que se insiste em ensinar a língua estrangeira apenas

formal, e ate mesmo mecanicamente, em condições didáticas adversas, que produzem este estado geral de deseconomia de aprendizagem, tão

condenada por nos todos que lidamos com educação. E não ê de agora o problema, pois já em 1935, observava Maria Junqueira-Schmidt, a

propósito do tema, que: "A ineficácia do ensino das línguas no Brasil é devida a falta de precisão e de uniformidade nos objetivos, à penúria do preparo dos professores, a mesquinharia de tempo nos horários, à ausência de homogeneidade nas classes, a inexistência de método no ensino".

Como se vê, então, como agora, as razões contrarias ao ensino da língua estrangeira, residem todas na esfera adjetiva, dos meios, e não na substantiva, relativa aos fins. E, ao tratar do problema, ê esta que nos deve ocupar, de preferência.

III - Em relação ao ensino do Francês, especificamente, embora nao se possa, do ponto de vista legal, e se pudesse, não se devesse, do ponto de vista pedagógico, instituir a obrigatoriedade do seu ensino para todos os sistemas educacionais do País, cremos, no entanto, ser necessário recomendar às autoridades regionais que, onde e quando for possível incrementar o estudo dessa língua, em relação a outra qualquer, tal seja feito com decisão e urgência. Pensamos mesmo que nas opções curriculares da chamada língua moderna, se devesse obedecidas as peculiaridades locais e os recursos à disposição da escola, dar preferência ao Francês. E isto por uma serie de razões, das quais as mais importantes, a nosso ver, são as seguintes:

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a) No estudo de uma língua estrangeira não se busca apenas adquirir a habilidade de lê-la, entendê-la e falá-la, isto é, não se visa apenas instrumentalizar o educando com o domínio de um segundo idioma, mas se visa, ao mesmo tempo, inseri-lo rio espírito de toda uma civilização, de que a língua ê apenas a face exterior e comunicativa. E nesse ponto, a civilização francesa, ademais da própria riqueza intrínseca. que

apresenta, como uma das maiores contribuições culturais feita ao mundo latino e ocidental, tem, para com o Brasil, um grau de afinidade

realmente excepcional. Porque se, historicamente, como disse Capistrano de Abreu, os jesuítas civilizaram o processo colonial português, foi com a chegada e a adoção da cultura francesa, que as elites brasileiras, sobretudo no século 19, aceleraram o seu desenvolvimento artístico e intelectual. A Missão Francesa de D. João VI, os viajantes franceses (cientistas, escritores e artistas) que percorreram e, por palavras e imagens, descreveram o Brasil, o condoreirismo hugueano da poesia romântica, o pensamento conteano que fez a Republica, a criação das academias de letras e a edificação dos grandes teatros de opera, ao modelo francês, as influências napoleônicas na organização universitária e na codificação do direito civil, as missões militares, a própria

formação da Universidade de São Paulo, com sua primeira geração de mestres gauleses, e tantos outros exemplos, dizem alto da presença e da integração dessa civilização em face da nossa. Gerações inteiras de brasileiros se beneficiaram, através dessa proximidade, das virtudes da famosa clarté, quer no pensar, quer no expressar o pensamento.

E até hoje França e Brasil, apesar da engraçada guerra das lagostas e de uma frase mal humorada de De Gaulle, continuam irmanados numa crescente e promissora-cooperação científica, tecnológica, comercial e intelectual, de que diariamente temos notícia, pelos tratados governamentais assinados pela voz das agências internacionais de

b) Uma segunda e forte razão estaria no próprio processo de aprendizagem, dadas as afinidades de origem entre as línguas portuguesa e francesa. A mesma e já referida Maria Junqueira Schmidt dá notícia das pesquisas levadas a cabo pelo Prof. George Rice, da Universidade da Califórnia, sobre o estudo comparativo da aprendizagem de duas ou mais línguas estrangeiras em escolas secundarias, as quais concluem pela maior facilidade de transfer no domínio da segunda pelo que já se sabe da primeira. E conclue sua observação, dizendo: "Bem avisado andou o

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legislador brasileiro (note-se que isto foi escrito em 1935) determinando que o ensino da língua francesa precedesse o da inglesa, pois aquele idioma, pela sua origem latina, facilita o transfer do português, tornando mais fácil a penetração no novo sistema de linguagem".

IV - Por todas essas razões, embora aderindo ao voto da ilustre Relatora do Parecer em pauta, somos favoráveis a que este Conselho, se bem que sem poderes para determinar, estimule os sistemas estaduais, territoriais e do Distrito Federal, a considerarem a importância do renascimento da língua francesa no currículo de ensino de 2º grau, e quiçá no de lº grau, dando- lhe, sempre que possível, um tratamento preferencial em face de outras, que por razões varias estejam na cogitação de se fazerem obrigatórias. É certo que as decisões devem levar em conta as condições objetivas de cada

escola,de seus recursos e dos interesses de sua clientela, mas não é menos certo que, em matéria de educação e cultura, a tradição não pode ser

ignorada e, no caso da língua e da civilização francesa, pelo peso histórico e cultural que têm no processo civilizatório brasileiro, há que se lhes dar o máximo de estímulos e facilidades para a sua reimplantação, como elemento essecial da formação humanística, que esta na raiz mesma do ensino de lº e de 2º graus.

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IV - DECISÃO DO PLENÁRIO

O Plenário do Conselho Federal de Educação aprovou, por unanimidade, a Conclusão da Câmara com declaração de voto

ala Barretto Filho, em 05 de maio de 1982.

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