Reformas Trabalhistas e Violações de Direitos de Sindicalização e Negociação Coletiva no Brasil
Jadir Soares (ENCE/IBGE): Jadir.Soares@hotmail.com Miguel Bruno (ENCE/IBGE)
Direitos de sindicalização e negociação coletiva
Direito de sindicalização: direito de um trabalhador livremente afiliar-se a um sindicato, e de não ser ameaçado ou prejudicado devido à sua afiliação ou participação em atividades sindicais
Exemplo de violação:
• Imposição da unicidade sindical (Brasil – violação na lei)
• Assassinatos de sindicalistas (violação na prática)
Negociação coletiva: negociações entre um ou mais empregadores e um ou mais grupos de trabalhadores, a fim de fixar condições ou regular relações de trabalho Exemplo de violação:
• Proibição da indexação de salários (Lei 10192/2001 – Plano Real) (Brasil – violação na lei)
• Interferências do poder público em negociações coletivas (violação na prática)
Para quê servem os direitos de sindicalizaçao?
• Esses são os direitos mais básicos dos trabalhadores, pois possibilitam a organização da classe para que, coletivamente, negociem outros direitos e condições de trabalho
• O maior respeito a estes direitos está associado a maiores salários e melhores condições de trabalho (AIDT; TZANNAOS, 2002; BLANCHFLOWER; BRYSON, 2003;
GREENHILL; MOSLEY; PRAKASH, 2009).
• O uso de instituições do trabalho para a definição de salários está associado com menores desigualdades de renda (ABOUHARB; CINGRANELLI, 2007)
Posição relativa Brasil no período 1985 – 2012
0 5 10 15 20 25 30 35 40
1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
0%
10%
20%
30%
40%
50%
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70%
80%
90%
100%
Número ponderado de violações
Posição relativa (percentil)
Violações Ponderadas Ordem Lineal (Ordem)
Fonte: Mosley (2011), período 1985-2002; Marx, Soares e Van Acker (2015), período 2003-2012
Brasil em posição delicada quando comparado a outros países
Reformas x direitos
Direito Alterações da reforma trabalhista
Sindicalização
Liberalização irrestrita da terceirização e ampliação das formas de contratação: contrato temporário, parcial, intermitente, teletrabalho, autônomo
Facilidade e redução dos custos de demissões
Mudanças que dificultam o financiamento sindical
Negociação Coletiva
Prevalência do negociado sobre o legislado Possibilidade de acordos individualizados
Mudança na hierarquia normativa do direito do trabalho: acordo individual, acordo coletivo, convenção coletiva, e a lei
Fim da ultratividade dos acordos Justiça do
Trabalho
Flexibilização da Gratuidade da Justiça: custos por conta do trabalhador Mecanismo de solução privada de conflitos
Limites ao TST em formular jurisprudências
Fonte: Teixeira et al (2017)
As reformas geram novas violações
• Terceirização irrestrita e formas de contratação alternativas: fragmentam a classe trabalhadora
o Violação item 38: exclusão de outros trabalhadores do direito de sindicalização (na prática)
• Fim da obrigatoriedade do imposto sindical
o Reduz a violação 52, pois a OIT deixa livre aos trabalhadores o direito de se organizar e controlar a administração financeira dos sindicatos
o Violação item 43: combinação da contribuição voluntária + desconto na folha de pagamentos, cria uma nova violação, pois não há como controlar medidas
discriminatórias
• Prevalência do negociado sobre o legislado e acordos individualizados
o Violação item 63: insuficiente promoção do instrumento da negociação coletiva
• Flexibilização da gratuidade da Justiça do Trabalho
o Violações 17, 45, 47, 49, 61, 83, e 108, pois dificultam o acesso à um julgamento justo