• Nenhum resultado encontrado

DO SILOGISMO FORMAL AO DISCURSO PARRESIASTA André Luiz Staack, Gabriela Rangel da Silva

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "DO SILOGISMO FORMAL AO DISCURSO PARRESIASTA André Luiz Staack, Gabriela Rangel da Silva"

Copied!
24
0
0

Texto

(1)

XXVI ENCONTRO NACIONAL DO

CONPEDI BRASÍLIA – DF

TEORIAS DO DIREITO, DA DECISÃO E REALISMO

JURÍDICO

CARLOS ALBERTO SIMÕES DE TOMAZ

LORENA DE MELO FREITAS

(2)

Copyright © 2017 Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito Todos os direitos reservados e protegidos.

Nenhuma parte deste anal poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meiosempregadossem prévia autorização dos editores.

Diretoria – CONPEDI

Presidente - Prof. Dr. Raymundo Juliano Feitosa – UNICAP Vice-presidente Sul - Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – PUC - RS

Vice-presidente Sudeste - Prof. Dr. João Marcelo de Lima Assafim – UCAM

Vice-presidente Nordeste - Profa. Dra. Maria dos Remédios Fontes Silva – UFRN

Vice-presidente Norte/Centro - Profa. Dra. Julia Maurmann Ximenes – IDP

Secretário Executivo - Prof. Dr. Orides Mezzaroba – UFSC

Secretário Adjunto - Prof. Dr. Felipe Chiarello de Souza Pinto – Mackenzie

Representante Discente –Doutoranda Vivian de Almeida Gregori Torres – USP

Conselho Fiscal:

Prof. Msc. Caio Augusto Souza Lara – ESDH

Prof. Dr. José Querino Tavares Neto – UFG/PUC PR

Profa. Dra. Samyra Haydêe Dal Farra Naspolini Sanches – UNINOVE Prof. Dr. Lucas Gonçalves da Silva – UFS (suplente)

Prof. Dr. Fernando Antonio de Carvalho Dantas – UFG (suplente)

Secretarias:

Relações Institucionais – Ministro José Barroso Filho – IDP

Prof. Dr. Liton Lanes Pilau Sobrinho – UPF Educação Jurídica – Prof. Dr. Horácio Wanderlei Rodrigues – IMED/ABEDi Eventos – Prof. Dr. Antônio Carlos Diniz Murta – FUMEC

Prof. Dr. Jose Luiz Quadros de Magalhaes – UFMG Profa. Dra. Monica Herman Salem Caggiano – USP Prof. Dr. Valter Moura do Carmo – UNIMAR

Profa. Dra. Viviane Coêlho de Séllos Knoerr – UNICURITIBA

T314

Teorias do direito, da decisão e realismo jurídico [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI

Coordenadores: Carlos Alberto Simões de Tomaz; Lorena de Melo Freitas; Maurício Dalri Timm do Valle - Flo rianópolis: CONPEDI, 2017

Inclui bibliografia ISBN: 978-85-5505-420-4

Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações

Tema: Desigualdade e Desenvolvimento: O papel do Direito nas Políticas Públicas

CDU: 34 ________________________________________________________________________________________________

Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito Comunicação – Prof. Dr. Matheus Felipe de Castro – UNOESC

(3)

XXVI ENCONTRO NACIONAL DO CONPEDI BRASÍLIA – DF

TEORIAS DO DIREITO, DA DECISÃO E REALISMO JURÍDICO

Apresentação

O presente livro “Teorias do Direito, da Decisão e Realismo Jurídico”” é fruto do Grupo de Trabalho homônimo do Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito – CONPEDI.

O referido GT foi proposto em 2014.2 pela então Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Ciências Jurídicas da UFPB e nesta ocasião coapresentadora e membro da coordenação deste Grupo por ocasião deste XXVI Encontro Nacional do CONPEDI Brasília, e desde então reúne pesquisadores com problemas de pesquisas afins. Neste encontro os professores Doutores Carlos Alberto Simões de Tomaz (Fundação Universidade de Itaúna – UIT), Maurício Dalri Timm do Valle (Universidade Católica de Brasília) e Lorena de Melo Freitas (Centro Universitário de João Pessoa - UNIPE/PNPD e UFPB) coordenaram os trabalhos no grupo.

Todos os artigos passaram - como já de praxe - pelo processo de avaliação cega por no mínimo dois professores, conforme plataforma Publicadireito do Conpedi e são pesquisas produzidas pelos pesquisadores docentes e discentes de Pós-Graduações em Direito do Brasil.

Vale consignar que todos os trabalhos foram desenvolvidos tendo em conta o tema central do evento, qual seja: “Desigualdade e Desenvolvimento: O papel do Direito nas políticas públicas”, mas sempre fazendo uma aproximação sob a perspectiva do pragmatismo, realismo jurídico e/ou teorias com foco na questão da decisão judicial.

O livro não está dividido em partes, porém os doze artigos que o compõem tratam sob múltiplas perspectivas do fenômeno jurídico na sua manifestação mais pragmática, ou melhor, investiga-se a natureza do processo judicial, parafraseando o famoso livro do teórico do realismo jurídico e juiz da Suprema Corte Americana Benjamin Nathan Cardozo (The nature of judicial process).

(4)

característica mais empírica, nela encontramos cinco artigos que analisam problemas jurídicos atuais mas com referência à casos, decisões ou simplesmente a perspectiva de abordagem dos temas têm a delimitação em torno que objetos pautados na realidade.

Como o diálogo entre os artigos é contínuo, estes organizadores optaram por apenas apresentar a disposição dos artigos em seus aspectos identitários, mas sem pormenorizar um detalhamento de cada tema por inspiração na própria proposta de John Dewey, um dos expoentes do pragmatismo e realismo jurídico, cujo pensamento tem como categorias centrais a interação e a continuidade.

Assim, em consonância com o método pragmático e foco na experiência dos tribunais como inspiração realista, entregamos ao leitor este livro.

Prof. Dr. Carlos Alberto Simões de Tomaz - UIT

Profª. Drª. Lorena de Melo Freitas (UFPB)

Prof. Dr. Maurício Dalri Timm do Valle (UCB)

(5)

1 Mestrando em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI e em Estudos Políticos pela

Universidade de Caldas – Ucaldas/Colômbia. Oficial de Justiça e Avaliador em Brusque/SC

2 Mestranda do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica PPCJ UNIVALI e em Estudos

Políticos na Universidad de Caldas - UCaldas - Colômbia. Advogada.

1

2

REPENSANDO O RACIOCÍNIO JURÍDICO: DO SILOGISMO FORMAL AO DISCURSO PARRESIASTA

RETHINKING THE LEGAL REASON: FROM THE FORMAL SILOGISM TO PARRASIVE SPEECH

André Luiz Staack 1 Gabriela Rangel da Silva 2

Resumo

Este artigo objetivou identificar a possível conexão do discurso parresiasta, que defende a verdade como modo adequado de expressão, com a atual situação jurídico-política brasileira. Para o alcance do objetivo proposto, o método de abordagem foi o indutivo, sendo o levantamento de dados realizado através da técnica da pesquisa bibliográfica de fonte secundária. Nas considerações finais, concluiu-se que o modelo de discurso parresiasta, de fato, encontra total relação com o atual panorama jurídico-político brasileiro, tendo em vista que a verdade e a franqueza estão sendo utilizadas de maneira recorrente pelos operadores jurídicos.

Palavras-chave: Lógica formal, Discurso retórico, Discurso parresiasta

Abstract/Resumen/Résumé

This article aimed to identify the possible connection of the parrasive speech, which defends the truth as an adequate mode of expression, with the current brazilian legal and political situation. In order to reach the proposed objective, the method of approach was the inductive, being the data collection carried out through the technique of the bibliographic research of secondary source. In the final considerations, it was concluded that the parrasive speech model, in fact, finds total relation with the current brazilian legal-political status, since truth and frankness are being used in a recurring way by legal operators.

Keywords/Palabras-claves/Mots-clés: Formal logic, Rhetorical speech, Parrasive speech

(6)

INTRODUÇÃO

Este artigo visa a investigar e identificar a possível conexão do discurso parresiasta, que preza pela expressão da verdade plena, com a atual situação jurídica brasileira, dando ênfase ao que concerne à aplicação efetiva do direito.

O critério metodológico utilizado para essa investigação e a base lógica do relato dos resultados apresentados reside no Método Indutivo (PASOLD, 2015. p. 90-93, 97-99). Na fase de tratamento dos dados, utilizou-se o Método Cartesiano (PASOLD, 2015, p. 92).

Este artigo, portanto, tem como objetivo geral identificar a possível conexão do discurso parresiasta, que defende a franqueza como modo adequado de expressão, com a atual situação jurídica brasileira. Os objetivos específicos são: a) abordar acerca da lógica formal e de sua implicância para o estudo do direito; b) tratar sobre o discurso retórico, dando destaque àquilo que conecta a velha retórica com os modelos jurídicos de discursos brasileiros; c) registrar, de forma detalhada, os pontos característicos do discurso parresiasta, evidenciando àqueles que possuem possível conexão com o direito brasileiro contemporâneo.

Na delimitação do tema, levanta-se o seguinte problema: há conexão do discurso parresiasta, de origem grega e que preza a verdade como modo adequado de expressão, com a atual situação jurídico-política brasileira?

Para o equacionamento do problema, levanta-se a hipótese: ante os atuais movimentos institucionais – ativismo judicial, judicialização das políticas públicas, entre outros – e as teorias pós-positivistas que estão em fase de afirmação, há que se considerar que o papel do agente político acabou por se modificar, razão pela qual o uso da verdade e da franqueza passou a ser carro-chefe para a tomada de decisão.

As técnicas empregadas neste estudo serão a pesquisa bibliográfica, a categoria e o conceito operacional, quando necessário (PASOLD, 2015, p. 93-97, 108, 113-130).

Outros instrumentos de pesquisa, além daqueles anteriormente mencionados, poderão ser acionados para que o aspecto formal deste estudo se torne esclarecedor ao leitor.

Para fins deste artigo, buscaram-se, também, autores como Aristóteles, Hans Kelsen, Herbert Hart, Michel Foucalt, Norberto Bobbio, Orlando Luiz Zanon Júnior, Ronald Dworkin, entre outros, que apresentam diferentes percepções sobre o tema em estudo para elucidar os significados e contextos de determinadas categorias apresentadas nesta pesquisa.

1 DA AUSÊNCIA DO DISCURSO JURÍDICO: O RACIOCÍNIO FORMAL E AS BASES EPISTEMO-FILOSÓFICAS DA ESCOLA DA EXEGESE

(7)

de instauração, que começou na promulgação do Código Civil, em 1804, e terminou entre 1830 e 1840; uma fase do apogeu, que se estendeu até cerca de 1880; e por fim uma fase do declínio, que se fechou em 1899, quando a obra de Gény anunciou-lhe o fim” (PERELMAN, 2000, p. 31)

Doutrinariamente, tal Escola tinha por fim utilizar e aplicar a Lei como a única fonte de Direito, valendo-se, para tanto, do silogismo formal aristotélico e da lógica jurídica mecanicista e reducionista. Isso se deve, tendo em vista que os doutrinadores de tal Escola estavam motivados pela situação social que estava passando a Europa naquele momento, mais precisamente a carência de proteção de direitos individuais e coletivos originada de atos autoritários realizados por monarcas despóticos.

Tratando da doutrina exegética em estudo, Perelman advoga:

Segundo esta concepção o papel do juiz o obrigaria, sempre que isso fosse possível, e acreditava-se que o era na maioria dos casos, a dar sua sentença conforme à lei, sem ter de preocupar-se com o caráter justo, razoável ou aceitável da solução proposta. Servidor da lei, não tinha de buscar fora dela regras para guiá-lo: era o porta-voz da lei, a quem os exegetas deviam elucidar tanto quando possível, para fornecer-lhe soluções para todas as eventualidades (2000, p. 54).

Constata-se, portanto, que pouco importava aos aplicadores do Direito, basicamente os magistrados, a aceitação popular da solução proposta, haja vista que o objetivo era aplicar a lei ao caso concreto, negando-se a subjetividade, o poder discricionário (que nem se falava) ou qualquer outro meio que pudesse retirar do juiz seu papel de historiador do Direito (PERELMAN, 2000, p. 52).

No caso de antinomia ou lacuna da lei, segundo a doutrina exegética formal, cabia ao juiz, ativamente, eliminar as primeiras e preencher as segundas, devendo, contudo, motivar suas decisões, amparando-se nos textos legais (PERELMAN, 2000, p. 54). Constata-se, portanto, que para os exegetas formais o sistema se bastava, ou seja, permitia solucionar quaisquer problemas, sendo o juiz mero aplicador do texto ao caso concreto (mera prática subsuntiva).

O raciocínio jurídico empregado é alicerçado, como se percebe, no método lógico-dedutivo aristotélico (composto de premissa maior, premissa menor e conclusão), o qual deu origem ao denominado silogismo jurídico1, bem como formalizou o pensamento jurídico matemático, formal e reducionista.

Nas palavras de Aristóteles, objetivando compreender melhor sua forma de pensar,

1Silogismo jurídico:“[...] O silogismo jurídico consiste na aplicação do método lógico-dedutivo ao saber jurídico, tomando-se os direitos naturais (ou a lei positiva racionalmente criada a partir dele) como premissa maior, o caso concreto sob análise como premissa menor, e extraindo-se da relação entre eles uma conclusão que consiste na consequência jurídica a ser aplicada ao caso (comumente uma sanção)”. In GUANDALINI JR, W. Da subsunção à argumentação: Perspectivas do raciocínio jurídico moderno. Revista da Faculdade de Direito – UFPR,

(8)

premissa “[...] é uma oração que afirma ou nega alguma coisa de algum sujeito” (ARISTÓTELES, 2016, p. 117), termo é “[...] aquilo em que a premissa se resolve, a saber, tanto o predicado quanto o sujeito, quer com adição do verbo ser, quer como a remoção de não ser2” (ARISTÓTELES, 2016, p. 118), e silogismo é “[...] uma locução em que, uma vez certas suposições sejam feitas, alguma coisa distinta delas se segue necessariamente devido à mera presença das suposições como tais.” (ARISTÓTELES, 2016, p. 118).

Com base em tais categorias e conceitos operacionais, é possível aplicar o pensamento silogístico aristotélico ao campo jurídico, compreendendo a fonte do direito (no caso da escola exegética, a lei) como a premissa maior, o fato como premissa menor e a consequência jurídica como a conclusão tomada. Por meio de uma lógica dedutiva perfeita (mera subsunção) é possível aplicar a norma ao caso concreto, dispensando a subjetividade, a relação Direito-Moral e quaisquer outros aspectos externos ao pensamento jurídico racional.

Exemplificando, Aristóteles (2016, p. 123) define seu modo lógico de pensar:

[...] Suponhamos que A se aplique a todo B e B a algum C. Então, se ser predicado de todo significa o que indicamos no início, A tem que se aplicar a algum C. E se A não se aplica a nenhum B, mas B se aplica a algum C, A tem necessariamente que não se aplicar a algum C (indicamos também o que queremos dizer com predicado de nenhum). Assim teremos um silogismo perfeito.

Ademais, vale ressaltar que o raciocínio lógico aristotélico, como se intui, não gera qualquer trabalho de interpretação ou esforço hermenêutico, já que a aplicação da norma é gerada por dedução apenas, e, portanto, não necessita de aplicação de métodos, técnicas ou quaisquer outros meios para, de fato, transformar o texto normativo em norma.

Da mesma forma, tal espécie de raciocínio não constrói qualquer discurso jurídico¸

tendo em vista que não se encontra alicerçado em argumentos, em fatos ou em provas produzidas, mas sim é fruto de um trabalho composto de mero encaixe do caso à norma, ou seja, de mero enquadramento do fato à moldura.

Objetivando perpetuar este pensamento jurídico aristotélico e introduzi-lo no mundo jurídico, Friedrich Carl Von Savigny (1946), um dos maiores expoentes da Escola Exegética, deu largada com a chamada Jurisprudência de Conceitos, que consistia na aplicação, dogmaticamente, de categorias e conceitos operacionais bem definidos aos casos concretos, enaltecendo a teorização em detrimento da prática3.

2 Itálico conforme o original.

(9)

Savigny, portanto, queria institucionalizar uma teoria jurídica sólida que pudesse, de fato, responder aos anseios da sociedade, bem como solucionar os problemas levados ao mundo jurídico em eterna evolução (assim é o mundo, embora Savigny considerava o Direito, de certa forma, estático e livre de quaisquer influências externas).

Não demorou muito, entretanto, para que o raciocínio jurídico de Savigny sofresse críticas e fosse levado ao ostracismo. Rudolf von Jhering, em sua obra Bromas y veras en la ciencia jurídica, lançada em 1884, iniciou o trabalho para modificar o pensamento jurídico até então ligado aos conceitos estáticos e à lógica jurídica mecanicista.

Por meio de um ambiente fantasioso (una Broma), o céu dos conceitos jurídicos, Jhering satiriza os conceitualistas, enterra os pilares do classicismo jurídico e rechaça o formalismo em sua plenitude.

Ao introduzir um professor de Direito Romano neste céu, Jhering afirma que os habitantes de tal local ali residem, tendo em vista que, para eles, “[...] el pensamiento y la realidad son uno” (JHERING, 1987, p. 215), ou seja, que a teoria e a prática estão estabelecidas em uma relação simbiótica, não havendo que tratar a realidade desconectada do mundo conceitual.

Ironizando o modo de pensar dos conceitualistas e situando o ambiente fantasioso, o personagem anfitrião criado por Jhering (1987, p. 216-217), contestando acerca do que se trata tal mundo fantasioso ao professor de Direito Romano, aduz:

Como eres un romanista, irás al cielo de los conceptos. Allí encontrarás todos esos conceptos de los cuales tanto de has ocupado en vida. Pero no en la forma imperfecta en que han quedado en la tierra, deformados por legisladores y prácticos, sino en estado de perfecta e inmaculada pureza y belleza ideal. Aquí se recompensa a los teóricos por los buenos servicios que han prestados a tales conceptos en la tierra. Allá los contemplaron tras um velo, pero ahora puedes verlos con toda claridad, los contemplan cara a cara y los tratan de igual a igual. Las cuestiones a las cuales han buscado en vano una solución aquende, son contestadas allende por los conceptos mismos.

Jhering (1987, p. 217), na sequência, consigna, novamente por uma fala de seu espírito anfitrião, que o céu dos teóricos difere o dos práticos, tendo em vista que naquele os olhos dos habitantes estão para escuridão, enquanto neste penetram a luz solar e há uma atmosfera adequada ao jurista prático. De tal fragmento, é possível perceber que Jhering quis, com tal apontamento, criticar os conceitualistas, aludindo que estes vivem cegos frente à realidade, enquanto que os práticos permitem-se analisar os casos no mundo real.

Outro ponto interessante dessa fábula é o momento em que o espírito anfitrião e o professor de Direito Romano iniciam seu recorrido pelo céu dos conceitos jurídicos,

menos reduzir consideravelmente todas as ambiguidades que favoreciam as controvérsias e diminuíam a segurança

(10)

oportunidade em que aquele decide mostrar as máquinas jurídicas4 existentes no local. Ao

mostrar o funcionamento do aparelho de construções (1987, p. 223), da prensa hidráulico-dialética de interpretação (1987, p. 225) e da broca hidráulico-dialética (1987, p. 225), Jhering quer pontuar o pensamento jurídico matemático defendido pelos conceitualistas, momento em que, sarcasticamente, divaga acerca da lógica jurídica formal aplicada.

A fábula termina com a reprovação do professor de Direito Romano no exame de aptidão para entrar no céu dos conceitos jurídicos, sendo encaminhado ao céu dos práticos, tendo em vista que ele mesmo, com a ajuda dos “espíritos zombadores”, compreende que seu lugar está além dessa mera conceituação.

Esta fábula serviu para consignar o modo de pensar dos conceitualistas, bem como tornou-se o meio lúdico para a mudança de pensamento de Jhering. Segundo ele, “[...] hubo una época en la que Puchta5 fue para mí el maestro, el símbolo del método jurídico correcto, y tanto me cautivó ese método que hasta podría haberlo llevado más lejos que él”. Entretanto, ao invés de internalizá-lo, decidiu por modificá-lo, edificando algumas diretrizes para o bom desenvolvimento do ensino jurídico e, porque não dizer, da lógica jurídica.

Resumindo, Jhering apresenta três diretrizes que objetivam unir a teoria à pratica, não numa relação simbiótica, como defendia Savigny, mas sim num trabalho paralelo, conjunto e sincronizado: 1) O teórico necessita cumprir um período legal de prática preparatória para que, então, possa ser admitido como professor de Direito Romano e, consequentemente, de outras cadeiras (JHERING, 1987, p. 282-283); 2) As lições teóricas devem ser expostas adequadamente, ilustrando-as, continuadamente, com casos e exemplos práticos (JHERING, 1987, p. 283); 3) Os testes que tem por fim comprovar o ensino jurídico necessitam de uma dupla reforma: por um lado, na forma de aplicar os testes (unindo teoria com prática), por outro, na formação das bancas de examinadores (JHERING, 1987, p. 284-291).

É possível perceber, por meio das diretrizes defendidas por Jhering, a evolução do pensamento e raciocínio jurídicos no decorrer do idealismo exegeta, pois o silogismo aristotélico (formal e teórico) foi sendo substituído, paulatinamente, por um ideal que tinha por

4“Sigamos. Te mostraré algunas de nuestras máquinas jurídicas. No puedo explicártelas todas, ni son tampoco todas interesantes por igual, y algunas como por ejemplo el aparato de la ficción, que aqui ves, y cuyo alto valor para los fines del derecho conoces por experiencia propria podrás comprenderlas sin mi ayuda.” In JHERING, Rudolf von. Bromas y veras en la ciencia jurídica. Tradução de Tomás A. Banzhaf. Madrid: Cívitas, 1987. Título original: Scherz und Ernst in der Jurisprudenz. p. 223.

(11)

base a prática e sua conexão direta com a realidade. É por este motivo, inclusive, que é admitido, intuitivamente, conferir a Jhering o papel de edificador da base epistemológica da Doutrina do Realismo Jurídico, embora o surgimento de tal movimento, de fato, tenha se dado nas Cortes Estadunidenses após 19206.

Sendo assim, Jhering, a partir de seus postulados, edificou uma nova visão do direito, denominada visão funcional do Direito7, consistente em interpretar os textos normativos não tendo por base sua literalidade, mas sim sua função prática, seu espírito, a vontade do legislador. Com isso, tornou-se inovador, pois permitiu, como já explicitado, solucionar os conflitos utilizando-se da equidade e em consonância com a realidade.

Segundo Perelman (2000, p.74), “[...] ao invocar a vontade do legislador, referimo-nos a uma intenção presumida, e por vezes até inteiramente fictícia, que atribuímos a um legislador sensato”. Assim, como nem todos os casos são resolvidos com a literalidade da regra jurídica, há que se buscar a vontade do legislador, pois, se esse caso tivesse sido discutido no Parlamento quando da edição da regra geral, certamente teria o texto incluído sua devida solução.

François Gény, como já adrede destacado por Perelman, foi o responsável pela derrocada da Escola de Exegese, defendendo um trabalho de livre investigação científica do juiz no caso de lacuna da lei, ou seja, a necessidade de que, com base na natureza das coisas, definir elementos, critérios e princípios objetivos que possam servir para solucionar os conflitos sociais complexos.

Assim advoga François Gény (2000, p. 525) a respeito do método da livre investigação científica8:

[...] en la esfera de la libre investigación, donde nosotros lo examinamos ahora, el método jurídico debe tener por preocupación dominante descubrir él mismo, en defecto de la ayuda de las fuentes formales, los elementos objetivos que determinarán todas las soluciones exigidas por el derecho positivo9.

6 Alguns dos célebres realistas jurídicos: HOLMES JUNIOR, Oliver Wendell. The Common Law. New York: Kaplan, 2009; CARDOZO, Benjamin. The nature of judicial process. New York: Dover, 2005; POUND, Roscoe. In introduction to the philosophy of law. New Haven: Yale University Press, 1922.

7“Segundo essa concepção, o direito não constitui um sistema mais ou menos fechado, que os juízes devem aplicar utilizando métodos dedutivos, a partir de textos convenientemente interpretados. É um meio do qual se serve o legislador para atingir seus fins, para promover certos valores. Mas como ele não pode contentar-se com enunciar tais fins, assinalar tais valores, pois esse modo de proceder introduziria no direito uma indefinição e uma insegurança inadmissíveis, deve formular com certa precisão regras de conduta que indicam o que é obrigatório, permitido ou proibido, para atingir esses fins e realizar esses valores. Conseqüentemente, o juiz já não pode contentar-se com uma simples dedução a partir dos textos legais; deve remontar do texto à intenção que guiou sua redação, à vontade do legislador, e interpretar o texto em conformidade com essa vontade. Pois o que conta, acima

de tudo, é o fim perseguido, mais o espírito do que a letra da lei.” In PERELMAN, Chaim. Lógica jurídica: nova

retórica. p. 70-71.

8 Se existirem obstáculos a essa assimilação a um sistema dedutivo, a saber, o silêncio, a obscuridade e a insuficiência da lei, a missão da doutrina será remediá-los apresentando soluções ‘científicas’às dificuldades.” In PERELMAN, Chaim. Lógica jurídica: nova retórica. p. 69.

(12)

Segundo Gény (2000, p. 523), portanto, no caso de silêncio ou insuficiência das fontes formais, deve o juiz “[...] formar su decisión de derecho en vista de las mismas razones que tendría presente el legislador si se propusiera regular la cuestión.”, ou seja, cabe ao magistrado tratar objetivamente a questão, adequando o caso à realidade social e jurídica.

Gény (2000, p 538) defende que, para tanto, deverá o juiz, inicialmente, interrogar a razão e a consciência para descobrir em sua natureza íntima as bases da justiça e, num segundo momento, dirigir-se aos fenômenos sociais para descobrir as leis harmoniosas e os princípios de ordem que eles requerem.

Rematando acerca de seu método investigativo, Gény (2000, p. 539) consigna:

[...] en ningún sistema de interpretación jurídica podemos lisonjearnos de suprimir toda apreciación personal de intérprete10. En cuanto se refiere a las

ciencias Morales, no existe método ni procedimiento que pueda enteramente11 suplir

a la razón subjetiva. Cuanto cabe es trazarle una via, descubriéndole sus direcciones más seguras en la naturaleza de las cosas, que constituye el terreno próprio de su acción.

Como é possível constatar, de fato, Gény foi o grande responsável pela quebra de paradigma e fomentador da derrubada epistemológica da Escola de Exegese, tendo em vista que seu modo de pensar permitiu, elevando os fins práticos defendidos por Jhering12, pensar o Direito de modo mais dinâmico, coordenado e coerente.

A seguir, tratar-se-á acerca do discurso retórico e sua importância para o desenvolvimento da Ciência Jurídica.

2 O DISCURSO RETÓRICO: POR UMA PERSUASÃO JURÍDICA CONTEMPLATIVA

A retórica, nas palavras de Karlyn Kohrs Campbell, Susan Schultz Huxman e Thomas R. Burkholder (2015, XV), é “[...] um estudo de todos os processos pelos quais as pessoas influenciam umas às outras por meio de símbolos verbais, não verbais, visuais e sonoros”. É, portanto, a verdadeira arte da persuasão, de falar bem, de exprimir o que é belo.

Nas palavras de Aristóteles (2011, p. 44), “[...] PODE-SE DEFINIR A RETÓRICA como a faculdade de observar, em cada caso, o que este encerra de próprio para criar a persuasão”. É, assim, a arte que busca “[...] descobrir o que é adequado para persuadir.” (ARISTÓTELES, 2011, p. 45).

Enquanto arte, no mais, a retórica utiliza-se da linguagem para construir argumentos

10Grifo nosso.

11 Itálico conforme o original.

12“¿Cuál es, pues, el fin del derecho? [...] podemos decir que el derecho representa la forma de la garantía de las condiciones de vida de la sociedad, asegurada por el poder coactivo del Estado”. In JHERING, Rudolf von. El

(13)

firmes com o fito de defender determinada ideia. Nesta toada, segundo Aristóteles (2011, p. 45), há dois meios de persuasão: aqueles que são independentes da arte, pois “[...] não são fornecidos por nós mesmos, sendo preexistentes, do que são exemplos as testemunhas, as confissões probatórias obtidas mediante tortura, aos acordos escritos e outros modos semelhantes”; e aqueles que são dependentes da arte, sendo aqueles considerados como “[...] todos os que nós mesmos podemos construir e suprir com base no método da retórica”.

Portanto, é a linguagem que formaliza um discurso retórico e que, por sua vez, por meio de uma construção de argumentos persuasivos, define a melhor maneira para exprimir determinada ideia, objetivando convencer o auditório – seja uma multidão ou uma só pessoa – de maneira adequada e eficaz.

Nesse contexto, segundo Aristóteles (2011, p. 53), os gêneros da retórica são três: o orador, o assunto e a pessoa a quem se dirige o discurso (o ouvinte). Cabe, portanto, a um orador, mediante um tema e um discurso persuasivo, convencer o ouvinte – que pode ser um observador ou um juiz – de que seus argumentos são sólidos e adequados.

Ademais, Aristóteles (2011, p. 53) consigna que há três gêneros de discurso oratório: o deliberativo, o forense e o demonstrativo. Assim advoga:

O discurso deliberativo nos induz a fazer ou a não fazer algo. Um destes procedimentos é sempre adotado por conselheiros sobre questões de interesse particular, bem como por indivíduos que se dirigem a assembleias públicas a respeito de questões de interesse público. O discurso forense comporta a acuação ou a defesa de alguém; uma ou outra tem sempre que ser sustentada pelas partes em um caso. O

discurso demonstrativo ocupa-se do louvor ou da censura de alguém13. (ARISTÓTELES, 2011, p. 53)

No que tange ao discurso forense – somente ele será tratado ante a temática do artigo em questão –, Aristóteles (2011, p. 88) define que para a construção da arte retórica jurídica há que se tratar, primeiro, sobre a natureza e o número de motivações que levam a cometer a injustiça; em segundo, sobre as predisposições dos que a cometem; e terceiro, acerca do tipo e disposição das vítimas da injustiça.

Sendo assim, a postura e a formação do orador, as predisposições de quem comete um ato ilícito e o tipo e disposição das vítimas são deveras importantes para Aristóteles, pois, segundo ele, estes pontos influenciam no discurso e, consequentemente, são partes integrantes no processo de convencimento do auditório.

Aristóteles (2011, p. 175), no mais, consigna que “[...] há dois tipos de meios comuns de persuasão: o exemplo e o entimema14, já que a máxima constitui uma parte do entimema”.

Quanto aos exemplos, Aristóteles (2011, p. 175) explicita que há duas espécies: “[...]

(14)

a primeira consiste em relatar fatos reais e passados ao passo que a segunda consiste na própria invenção do orador”. Já a máxima, por sua vez, “[...] é um meio de traduzir um modo de ver, mas que não dá conta de um caso particular, por exemplo o caráter de Ifícrates, mas do geral” (ARISTÓTELES, 2011, p. 178).

É possível perceber, portanto, que a retórica utiliza-se de relatos de fatos passados, invenções (fábulas e parábolas) e máximas (conclusões e premissas dos entimemas) que objetivam dizer apenas o necessário, o que é belo, deixando ao ouvinte o trabalho de concluir o que não fora dito. A verdade não é plenamente escancarada, mas sim só o necessário é externado, ocultando premissas com o objetivo de mitigar os prejuízos.

Nessa senda, antes de abordar acerca da origem de uma retórica jurídica moderna, vale salientar que, embora Jhering e Gény tenham tentando apresentar uma proposta diferente da defendida pelos exegetas no final do século XIX, a qual utiliza da conexão da teoria com a realidade social, esta concepção inovadora não tardou a ser substituída pela então consagrada escola positivista do direito15.

O que, portanto, parecia ser uma evolução no campo de aplicação do direito nos idos dos séculos XIX acabou sendo substituída por um pensamento reducionista, matemático e, substancialmente, influenciado pelos ideais cartesianos e baconianos16.

Michel Villey (2005, p. 429) elucida que “[...] desde Descartes ou o cartesianismo, adquirimos uma idéia muito empobrecida da lógica, copiada mais do modelo das matemáticas ou das ciências físicas modernas que da experiência do direito”. Como se percebe, portanto, René Descartes foi um dos grandes influenciadores para mudança do pensamento jurídico, não só na área das ciências naturais e físicas, mas também naquelas que tinham por fim o trato direto com a realidade e problemas sociais.

Versando sobre seu método e sua forma de analisar os fenômenos, René Descartes

15“O que é o positivismo jurídico? A expressão direito positivo (jus positivum; justitia positiva) nasceu, como vimos, na escolástica humanista, em Chartres, depois em Abelardo, em seguida entre os glosadores e na linguagem de são Tomás. É, aliás, a tradução do grego díkaion nomikón, porque a essência das leis (nómoi) de onde deriva esse justo consiste em serem disposta (legem ponere), positivas. A idéia de direito positivo é, aliás, uma das peças do sistema clássico do direito natural. Mas, nesse sistema, embora exista um justo que deriva da lei, um justo disposto, positivo, é apenas uma fonte subsidiária, já que a primeira fonte do direito continua sendo a ordem da natureza, da qual o trabalho da jurisprudência extrai regras jurídicas. O positivismo jurídico é, ao contrário, a doutrina que exalta o direito positivo a ponto de pretender edificar sobre a lei, e apenas sobre a lei, o conjunto da ordem jurídica”. In VILLEY, Michel. A formação do pensamento jurídico moderno. Tradução de Cláudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Título original: La formation de la pensée juridique moderne. p. 236. 16“O direito, para Bacon, consiste nas leis, esses fatos positivos. A formação das leis é da alçada do homem de Estado, não do filósofo. O chanceler Francis Bacon preocupa-se com a sua boa redação, com sua certeza, com sua clareza, com sua ordenação sistemática na forma de um novo Código. Quer que o intérprete se limite à exegese

(15)

(2006, p. 23) aduz: “[...] o método que ensina a seguir a verdadeira ordem e enumerar exatamente todas as circunstâncias daquilo que se procura contém tudo quanto dá certeza às regras da aritmética”.

Na seara jurídica, este método cartesiano, reducionista e matemático, influenciou diversos juristas que, objetivando criar uma teoria desconectada de qualquer outra área (mais precisamente com o positivismo jurídico), decidiram por compreender o Direito de maneira pura, singela e autossuficiente. Um dos grandes defensores dessa maneira de solucionar os problemas sociais é Hans Kelsen, que, com sua Teoria Pura do Direito17, ousou por compreender o fenômeno jurídico sistematicamente.

Logo na primeira página do livro, Hans Kelsen (1998, p. 1) explana acerca do que ele compreende por pureza do Direito:

Quando a si própria se designa como ‘pura’ teoria do Direito, isto significa que ela se propõe garantir um conhecimento apenas dirigido ao Direito e excluir deste conhecimento tudo quanto não pertença ao seu objeto, tudo quanto não se possa, rigorosamente, determinar como Direito. Quer isto dizer que ela pretende libertar a ciência jurídica de todos os elementos que lhe são estranhos. Esse é o seu princípio metodológico fundamental.

Constata-se, portanto, brevemente, que o objetivo de Hans Kelsen era edificar uma ciência jurídica que restasse desconectada de quaisquer outros ramos, que se bastasse, que se autoregulamentasse, e que, na sua essência, conseguisse solucionar os problemas sociais com suas próprias ferramentas. Tinha por fim, como se percebe, aleijar o Direito, cortando as asas da interdisciplinaridade, edificando um pensamento jurídico mecanicista, simplista, de ordem cartesiana, e totalmente avesso às necessidades sociais.

Dentre as diversas ferramentas jurídicas apresentadas, salienta-se a estrutura piramidal kelseniana que, de cima para baixo, segundo ele, proporcionaria a solução para o problema social. Com tal modelo, é possível perceber a singeleza do pensamento kelseniano que, inocentemente, acreditava que o problema, de monta complexa já há muito, poderia ser solucionado com um mero enquadramento/emolduração a umas das fontes jurídicas (regras jurídicas por excelência) ali constadas.

Orlando Luiz Zanon Júnior (2015, p. 106), rechaçando a estrutura piramidal kelseniana, elucida:

[...] a dinâmica unidirecional da pirâmide jurídica, no sentido de cima para baixo, proposta inicialmente por Kelsen, não reflete a complexidade das interações entre as

17“A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial. É uma teoria geral do Direito, não interpretação de particulares normas jurídicas, nacionais ou

(16)

diversas Fontes Jurídicas que se articulam no interior do Ordenamento Jurídico. Isto porque, mediante a observação da atividade da jurisdição, é possível constatar que o órgão aplicador não segue uma linha reta de raciocínio partindo da Constituição, passando pela legislação intermediária, até chegar na Norma de Decisão, ou seja, ele não simplesmente desliza linearmente do ápice até a base da pirâmide. Diferentemente, a atividade do intérprete e aplicador se apresenta dispersa entre os diversos elementos que extraí do complexo normativo para elaborar sua Decisão, os quais são apreciados de acordo com os movimentos multidirecionais, diversos da simples descida do topo até a base, inclusive em razão da inter-relação e da reflexividade entre os critérios que serão adotados.

Hans Kelsen, entretanto, não foi o único a defender tal maneira de pensar e de agir com o fenômeno jurídico. Norberto Bobbio, da mesma maneira, defendia um modelo lógico-racionalista do Direito. Assim prescreveu (BOBBIO, 2006, p. 164): “[...] o positivismo jurídico concebe a atividade da jurisprudência como sendo voltada não para produzir, mas para reproduzir o direito, isto é para explicitar com meios puramente lógicos-racionais o conteúdo de normas jurídicas”.

Vê-se, portanto, que tanto quanto defendia Kelsen, Bobbio também consagrou os ideais positivistas mecanicistas como verdadeiros caminhos para a solução eficaz dos problemas sociais. Olvidou, contudo, que o direito não é um fenômeno estático, mas sim dinâmico, necessitando de ferramentas multifacetadas para a resolução dos casos, sejam fáceis ou difíceis.

Na mesma toada, Herbert Hart, em sua obra O conceito de Direito, consigna que o sistema jurídico é composto de regras primárias e secundárias, ou seja, tão quanto Kelsen (embora defendendo um positivismo inclusivo18), o autor indicado aduz que a única fonte do direito são as regras, razão pela qual acaba por invocar o ideal positivista nos mesmos moldes defendidos pelo doutrinador alemão.

Herbert Hart (2001, p. 91) assim explicita:

“[...] As regras do primeiro tipo (lê-se primárias) impõem deveres, as regras do segundo tipo (lê-se secundárias) atribuem poderes, públicos e privados. As regras do primeiro tipo dizem respeito a acções que envolvem movimentos ou mudanças físicos; as regras do segundo tipo tornam possíveis actos que conduzem não só a movimentos ou mudança físicos, mas à criação ou alteração de deveres ou obrigações.”

Até este momento, é possível conceber a utilização da lógica formal, mesmo que adaptada, ao discurso jurídico, tendo em vista que os doutrinadores, como se vê, defendiam tão somente a resolução dos problemas sociais com o mero encaixe da regra (norma, após interpretada) ao caso. Portanto, não havia como se aventar a existência de uma retórica jurídica, tendo em vista que o método interpretativo aplicado não gerava um ato de persuasão

(17)

contundente (não havia argumentação).

Foi, portanto, com o advento da obra Levando os direitos a sério¸ de Ronald Dworkin, que o discurso jurídico retórico moderno passou a tomar forma. Dworkin, na obra citada, ao fazer surgir uma nova fonte jurídica – o princípio jurídico – equipou os aplicadores do direito com reais argumentos e, consequentemente, construiu meios efetivos de persuasão19. Nasce aí a retórica jurídica moderna.

Ronald Dworkin (2002, p. 39) diferencia as regras dos princípios do seguinte modo: A diferença entre princípios jurídicos e regras jurídicas é de natureza lógica. Os dois conjuntos de padrões apontam para decisões particulares acerca da obrigação jurídica em circunstâncias específicas, mas distinguem-se quanto à natureza da orientação que oferecem. As regras são aplicáveis à maneira do tudo-ou-nada. Dados os fatos que uma regra estipula, então ou a regra é válida, e neste caso a resposta que ela fornece deve ser aceita, ou não é válida, e neste caso em nada contribui para a decisão. É, portanto, a partir desse momento que o aplicador do direito começa a trabalhar com fontes diversas das lógicas-racionais antigamente edificadas (regras positivadas) e, efetivamente, passa a solucionar os casos concretos de maneira dinâmica e menos sistemática, dando abertura para um pensamento jurídico mais condizente com a realidade social.

Embora Dworkin tenha consignado o princípio jurídico como fonte do direito e defendido sua aplicação, foi Robert Alexy, um dos primeiros teóricos argumentativos, que, de fato, apresentou um método para a aplicação eficaz dessa nova fonte jurídica, qual seja, a ponderação de interesses.

Robert Alexy (2008, p. 95), ao tratar da ponderação de interesses, aduz que “[...] o objetivo desse sopesamento é definir qual dos interesses – que abstratamente estão no mesmo nível – tem maior peso no caso concreto”. Assim, para aplicação de princípios ao caso concreto, tendo em vista que todo caso possui interesses diversos, Alexy defende que há que se ponderar, sopesar, analisar detidamente os interesses, para, então, aplicar o princípio correto e, consequentemente, fazer justiça.

Ademais, vale salientar que, diferentemente de Hart (que advoga por uma resposta razoável) e Dworkin (que defende uma única resposta correta), Alexy defende uma resposta correta a depender do caso, devendo, para tanto, aplicar a regra ou o princípio por meio de um procedimento.

Constata-se, desde então, que o modelo apresentado por Alexy contribuiu para a construção de uma nova retórica jurídica, já que trouxe novos parâmetros, etapas e

(18)

argumentos mais sólidos para a solução dos casos concretos, em especial para aqueles mais complexos. O autor, destarte, abriu caminho, por meio da ponderação de interesses e do trato adequado com os direitos fundamentais, para uma técnica persuasiva eficiente, já que defendeu o uso adequado da argumentação jurídica.

Assim, vê-se que o discurso jurídico, anteriormente lógico e sistemático, passou a ser construído com argumentos mais robustos e com técnicas mais depuradas (PERELMAN, 2000, p. 142), sendo que o poder de convencimento do público começou a ganhar espaço, abrindo caminho para uma maneira de interpretar e definir o fenômeno jurídico.

No próximo capítulo, ante a adesão de novas fontes jurídicas pelos aplicadores do direito e do surgimento de teses pós-positivistas, como as já defendidas por Dworkin e Alexy, tratar-se-á acerca do discurso parresiasta e de sua possível conexão com o atual panorama da seara jurídica.

3 O DISCURSO PARRESIASTA: PELO DEVER DA VERDADE DOS OPERADORES JURÍDICOS

A palavra Parresía aparece pela primeira vez na literatura grega em Eurípedes (487-407 a.C) e recorre todo o mundo literário grego na antiguidade desde finais do século V a.C (FOUCALT, 2004. p. 35). Ela pode ser traduzida, nas palavras de Foucalt (2004, p. 36), como

franqueza.

Etimologicamente, Parresía significa dizer o todo. Segundo Foucalt (2004, p. 36-37), o parresiastés, o qual se utiliza do discurso parresiasta, é aquele que “[...] no oculta nada, sino que abre su corazón y su alma por completo a otras personas a através de su discurso”.

Realizando um comparativo entre o discurso retórico e o parresiasta, Foucalt elucida: La palabra <<parresía>> hace referencia, por tanto, a una forma de relación entre el hablante y lo que se dice, pues en la parresía, el hablante hace manifiestamente claro y obvio que lo que dice es su propia opinión. Y hace esto evitando cualquier clase de forma retórica que pudiera velar lo que piensa. En lugar, el parresiastés utiliza las palabras y las formas de expresión más directas que puede encontrar. Mientras que la retórica proporciona al hablante recursos técnicos que le ayudan a prevalecer sobre las opiniones de su auditorio (sin preocuparse de la propria opinión del retor respecto de lo que dice), en la parresía, el parresiastés actúa sobre la opinión de los demás mostrándoles, tan directamente como sea posible, lo que él cree realmente.20 (FOUCALT, 2004. p. 37)

Assim, é possível verificar claramente a diferença entre o discurso retórico e o parresiasta. Enquanto aquele se preocupa em falar o estritamente necessário, o que é belo, abusando dos usos dos entimemas, este decide por se utilizar da franqueza, da verdade, não se importando com as consequências que possam vir a ser geradas.

(19)

Trazendo tal modelo de discurso ao atual panorama do direito brasileiro, é possível constatar que, de fato, muito se está utilizando da prática parresiasta pelos operadores do direito – em sua maioria pelos magistrados e pelos membros do Ministério Público -, tendo em vista que certos movimentos institucionais seguem permitindo a utilização do argumento moral como critério de decisão judicial.

Nesse sentido, Tércio Sampaio Ferraz Jr. (2015, p. 204) salienta acerca da atual situação do direito contemporâneo:

Existe hoje uma vasta literatura (Dworkin, Alexy, Carlos Nino, Zagrebelsky, Atienza, Troper, etc.) que, a partir de uma crítica ao positivismo analítico e sua exclusão das justificações morais da argumentação jurídica, propõe, ao contrário, que os saberes dogmáticos e as técnicas jurídicas, por óbvio, não conseguem conviver com essa exclusão, sobretudo no terreno constitucional.

Surge daí um ativismo judicial, principialistae argumentativo, de clara matriz anglo-saxônica, que não só parte para um ataque à argumentação positivista (que separa direito e moral e despe os argumentos de sua carga moral para lhes dar uma carga de mera eficiência técnica), mas se endereça também para uma concepção dogmática jurídica que vem transformando sua função social21.

Assim, o ativismo judicial, movimento institucional que objetiva conectar o direito com suas bases morais e principiológicas, tem por fim, como se percebe na prática, dar ao juiz poder para dizer mais do que a lei ou qualquer outra fonte jurídica legítima permite dizer. Ele abre o caminho para decisões e pareceres judiciais intrinsicamente ligadas com a concepção pessoal do operador jurídico, o que, ao ver dos positivistas, é inadmissível.

E mais: pode-se compreender que um novo discurso jurídico, a partir de tais movimentos – como também é o caso da judicialização das políticas públicas – está se firmando, todos com o objetivo de buscar, dizer e afirmar a verdade a qualquer custo. Abandona-se o discurso lógico-racional, que busca com o método dialético anunciar uma conclusão racionalista e mecanicista; abandona-se o discurso retórico, que tinha por fim persuadir com a máxima adesão (PERELMAN, 2000, p. 143); constrói-se um discurso parresiasta, onde a verdade impera e as consequências já não são mais contabilizadas.

Analisando ponto a ponto as características do discurso parresiasta, objetivando conectá-lo com a aplicação do direito brasileiro contemporâneo, constata-se que, de fato, os juízes e demais juristas estão se tornando reais, não necessariamente verdadeiros na essência, parresiastés.

A primeira característica do jogo parresiástico está relacionada à conduta virtuosa do parresiastés. Segundo Foucalt (2004, p. 40), “[...] El <<juego parresiástico>> presupone que el parresiastés es alguien que tiene las cualidades morales que se requieren, primero, para conocer la verdad y, segundo, para comunicar tal verdad a los otros”.

(20)

Sendo assim, embora na contemporaneidade brasileira, ante a nefasta corrupção que está assolando o povo brasileiro, não seja fácil acreditar nas autoridades, ainda há uma crença da população na conduta dos membros do Poder Judiciário e do Ministério Público. Constata-se, exemplificando, a conduta ilibada, comprometida e serena do juiz federal Sérgio Fernando Moro, condutor de grande parte dos processos que envolvem a Operação Lava-Jato. Portanto, ainda há crença na moralidade e na virtuosidade dos magistrados e membros do Ministério Público, embora não seja recomendável acreditar cegamente.

Outra característica do parresiastés é a coragem que gera riscos. Segundo Foucalt (2004, p. 41), “[...] Se dice que alguien utiliza la parresía y merece consideración como parresiastés sólo si hay un riesgo o un peligro para él en decir la verdad”22.

De fato, nos dias atuais, é possível encontrar diversas decisões judiciais, procedimentos administrativos e pareceres que colocam em risco a quem os redige e os firma, principalmente quando envolvem autoridades de grande estima nacional que estão sendo investigadas, como é o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (na operação Lava-Jato). Estes juízes, promotores e procuradores estão sendo alvos de ameaças e seguem, mesmo que contrariamente a muitos, lutando em prol de uma justiça plena e coerente. São, nesse aspecto, verdadeiros parresiastés.

A análise crítica é outra característica do parresiastés. Nas palavras de Foucalt (2004, p. 43), “[...] la función de la parresía no es demostrar la verdad a algún otro, sino que tiene la función de la crítica: la crítica del interlocutor o del propio hablante”23.

No mundo jurídico brasileiro, vê que nossos agentes políticos, em especial nossos juízes e procuradores, estão usando, dentro das possibilidades, seu lado crítico para resolver os problemas. Assim, embora o discurso parresiástico seja mais comumente utilizado por membros dos Poderes Legislativo e Executivo, que estão atualmente se servindo dele apenas para o seu desenvolvimento pessoal, são os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público os que melhores estão se valendo de tal modelo discursivo para expressão da verdade plena.

Foucalt (2004, p. 44), nessa senda, arrebata:

La parresía es una forma de crítica, tanto hacia otro como hacia uno mismo, pero siempre en una situación en la que el hablante o el que confiesa está en uma posición de inferioridad con respecto al interlocutor. El parresiastés es siempre menos poderoso que aquel con quien habla. La parresía viene de <<abajo>>, como si dijéramos, y está dirigida hacia <<arriba>>. Por eso, un antiguo griego no diría que un profesor o un padre que critica a un niño utiliza la parresía. Pero cuando un filosófo critica a un tirano, cuando um ciudadano critica a la mayoría, cuando un pupilo critica a su profesor, entonces tales hablantes están utilizando la parresía24.

(21)

Aparentemente, neste ponto, pode-se, de maneira rasa, chegar ao entendimento de que os juízes e membros do Ministério Público não são, na verdade, parresiastés, tendo em vista que, em relação às partes, eles se encontram em um grau de superioridade (são mais poderosos). Entretanto, tal compreensão não merece prosperar, tendo em vista que tais autoridades, enquanto ativistas, estão, na realidade, defendendo o povo contra a atuação ineficiente do Estado. Há sim, deste modo, um pleno jogo parresiástico, tendo em vista que o juiz ou membro do Ministério Público, em uma situação inferior, prostra-se contra Estado, em situação superior, em favor da população, partícula social soberana e a quem eles devem prestar contas.

Com mais furor há que se defender o discurso parresiástico dos membros do Poder Legislativo, tendo em vista que estes são eleitos para defender o povo contra o árbitro do Estado, editando regras e salvaguardando a proteção eficiente dos direitos de toda população. Já quanto aos membros do Poder Executivo, neste ponto, há que se analisar, pois, na maioria das vezes, tais agentes, de fato, estão representando o Estado (como é o caso do Presidente de República) e impondo certas políticas à população, razão pela qual sua superioridade torna-se manifesta.

A última característica da parresía é o dever de dizer sempre a verdade. Foucalt (2004, p. 45) expõe, nesse diapasão, que “[...] el orador que dice la verdad a quienes no pueden aceptar su verdad, por ejemplo, y que puede ser exiliado o castigado de algún modo, es libre de permanecer en silencio. Nadie le obliga a hablar; pero siente que es su deber hacerlo”.

Por este motivo que a parresía deve ser compreendida numa relação de liberdade e dever (FOUCALT, 2004, p. 46), pois cabe ao interlocutor decidir acerca de sua fala. Se decidir falar, estará exercendo a parresía com excelência, pois estará cumprindo com seu dever; se decidir não falar, estará servindo-se de seu livre arbítrio, embora deixando de lado seu discurso parresiástico.

No contexto jurídico brasileiro, mormente na atuação judiciária, esta relação de liberdade e dever quanto à verdade encontra-se em uma linha tênue, tendo em vista que qualquer argumento/motivo que seja carreado na decisão ou parecer judicial de maneira desproporcional pode ocasionar um verdadeiro embate jurídico desprovido, na sua essência, de legalidade, mesmo que, no mais das vezes, munido de legitimidade.

Para tanto, o aplicador do direito, em especial os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público, precisam agir com prudência, de maneira virtuosa, levando em consideração, para a tomada de decisão, suas virtudes passivas, a fim de que a decisão ou o parecer não se sejam eivados de ilegalidade e contribuidores de uma não aceitação social.

(22)

“[...] las ‘virtudes pasivas’ en The Least Dangerous Branch, serán nada más y nada menos que la prudencia [...], un mecanismo estrategico que deben tener tanto el legislador como el juez a la hora de realizar sus funciones como poderes públicos”.

Sendo assim, cabem a todos os agentes políticos, sem distinção, agir de maneira prudente, virtuosa, aguardando o momento certo de agir, objetivando impedir que decisões ou atos descompensados sejam realizados e, consequentemente, efeitos ocasionem malefícios ao sistema e, principalmente, à população.

Concluindo, o discurso parresiástico, após permear por todas suas peculiaridades, é, de fato, o novo modelo adotado no mundo jurídico, em especial na atuação judiciária, necessitando, para tanto, que sejam aparadas suas arestas, a fim de impedir que a verdade acabe se transformando em arbitrariedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa ora realizada tratou acerca dos diversos discursos jurídicos, dando destaque a possível conexão do discurso parresiasta com o panorama jurídico-político brasileiro contemporâneo.

Inicialmente, abordou-se acerca da lógica formal, de base aristotélica, e de sua importância para o estudo detido do direito. Ato contínuo, explanou-se sobre o discurso retórico, apontando posicionamentos e conceituações de diversos jusfilósofos acerca da matéria. Por fim, explicitou-se acerca das peculiaridades do discurso parresiasta e de sua possível conexão com a atual situação jurídico-político brasileira.

Com a pesquisa realizada, foi possível verificar que as características do discurso parresiasta tratadas por Michel Foucalt em sua obra, de fato, possuem conexão com a atual situação brasileira, mormente no que tange à aplicação do direito por membros do Poder Judiciário e do Ministério Público.

Deste modo, ante a maneira didática empregada por Michel Foucalt em sua obra mestre, que também serviu de base para consignar as peculiaridades do discurso parresiasta, e levando em conta os demais apontamentos doutrinários a respeito, constataram-se, de fato, que as características centrais de tal discurso da verdade estão inteiramente conectadas com a atual situação jurídico-política brasileira.

(23)

Conclui-se, portanto, que o discurso parresiasta, de origem grega e que preza a verdade acima de qualquer circunstância, encontra-se, de fato, conectado com os atuais movimentos institucionais perpetrados, em especial àqueles que se relacionam com a atuação judiciária, levando a compreender que o discurso retórico, por muito utilizado, está, gradativamente, sendo substituído pelo culto da verdade e da franqueza.

REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS

AGUDELO, Carlos Alberto Agudelo. La democracia de los jueces: la ‘rama menos

peligrosa’ como poder prodemocrático en la práctica constitucional. Bogotá: Editorial Leyer, 2015.

ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo: Malheiros Editores, 2008. Título original: não disponível no exemplar utilizado.

ARISTÓTELES. Órganon. Tradução, textos adicionais e notas de Edson Bini. 3. ed. São Paulo: 2016 (Série Clássicos Edipro). Título original: Opγανον.

ARISTÓTELES. Retórica. Tradução, textos adicionais e notas de Edson Bini. 1. ed. São Paulo: EDIPRO, 2011. Título original: Texnh Phtopikh.

BOBBIO, Norberto. Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da política.

Tradução de Marco Aurélio Nogueira. 14. ed. Rio de janeiro: Paz e terra, 2007. Título original: Stato, governo, società: per una teoria generale della política.

BOBBIO, Norberto. O positivismo jurídico: lições de filosofia do direito. Tradução de Márcio Pugliesi. São Paulo, Ícone, 2006. Título original: não disponível no exemplar utilizado.

CAMPBELL, Karlyn Kohrs; HUXMAN, Susan Schultz; BURKHOLDER, Thomas R. Atos da retórica: para pensar, falar e escrever. Tradução de Marilene Santana dos Santos Garcia. São Paulo: Cengage Learning, 2015. Título original: the rhetorical act: thinking, speaking na writing critically.

CARDOZO, Benjamin. The nature of judicial process. New York: Dover, 2005

DESCARTES, René. Discurso do método. Tradução de Ciro Mioranza. São Paulo: Escala Educacional, 2006. Título original: Le discours de la méthode.

DWORKIN, Ronald. Levando os direitos a sério. Tradução de Nelson Boeira. São Paulo: Martins Fontes, 2002. Título Original: Taking rights seriously.

FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Função Social da Dogmática Jurídica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

FOUCALT, Michel. Discurso y verdad en la antigua Grecia. Tradução de Fernando Fuentes Megías. Buenos Aires: Paidós, 2004.

GÉNY, François. Método de interpretación y fuentes del derecho privado positivo. Granada: Editorial COMARES, 2000.

GONÇALVES, E. M. Princípios da Razão de Estado em O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.

Filogenese, Marilia/SP, v. 3, n. 1, p. 7-14, 2010.

GUANDALINI JR, W. Da subsunção à argumentação: Perspectivas do raciocínio jurídico moderno. Revista da Faculdade de Direito – UFPR, Curitiba/PR, n. 54, p.149-162, 2011. HART, H. L. A. O conceito de direito. Tradução de A. Ribeiro Mendes. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. Título Original: The concept of law.

HOLMES JUNIOR, Oliver Wendell. The Common Law. New York: Kaplan, 2009

JHERING, Rudolf von. Bromas y veras en la ciencia jurídica. Tradução de Tomás A. Banzhaf. Madrid: Cívitas, 1987. Título original: Scherz und Ernst in der Jurisprudenz.

(24)

KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. Tradução de João Baptista Machado. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Título original: Reine Rechtslehre.

PERELMAN, Chäim. Lógica jurídica: nova retórica. Tradução de Verginia K. Pupi. São Paulo: Martins Fontes, 2000. Título original: Logique juridique.

POUND, Roscoe. In introduction to the philosophy of law. New Haven: Yale University Press, 1922.

SAVIGNY, Fredrich Carl von. De la vocación de nuestro siglopara la legislacion y la ciencia del derecho. Tradução de Adolfo G. Posada. Buenos Aires: Editorial Atalaia, 1946. Título original:Vom Beruf unserer Zeit für Gesetzgebung und Rechtswissenschaft.

VILLEY, Michel. A formação do pensamento jurídico moderno. Tradução de Cláudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Título original: La formation de la pensée juridique moderne.

WIKIPEDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Georg_Friedrich_Puchta. Acesso em: 08 jan. 2017.

Referências

Documentos relacionados

BraB-1480 Zezé Di Camargo e Luciano 3590 POR AMOR TE DEIXO IR Pode ir, não impeço sua viagem BraB-1480 Zezé Di Camargo e Luciano 3539 SEM MEDO DE SER FELIZ Tira essa paixão da

Use este interruptor para alimentar o sinal RETURN correspondente, trazido dos controles ST e AUX Mix, nas vias PFL, de forma que você possa monitorar o sinal de PHONES... O mixer

Coeficiente de partição (n-octanol/água): N.D./N.A. Temperatura de auto-ignição: N.D./N.A. Temperatura de decomposição: N.D./N.A. Propriedades comburentes: N.D./N.A. N.D./N.A.=

Fazendo uso das suas competências como responsável máximo da Protecção Civil no âmbito municipal, consequentemente como director do Plano Municipal de Emergência de Protecção

Verificar a efetividade da técnica do clareamento dentário caseiro com peróxido de carbamida a 10% através da avaliação da alteração da cor determinada pela comparação com

Neste estágio, assisti a diversas consultas de cariz mais subespecializado, como as que elenquei anteriormente, bem como Imunoalergologia e Pneumologia; frequentei o berçário

Para obter o diploma de Mestre, o aluno deve ter uma dissertação, de sua autoria exclusiva, defendida em sessão pública e aprovada por uma Comissão Examinadora

Numa economia globalizada, que cria, a cada dia que passa, uma maior interdependência comercial entre as nações, se faz necessária a união das micro e pequenas empresas para