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o anglo resolve a prova de Português e Redação da UNESP julho de 2008

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(1)

É trabalho pioneiro.

Prestação de serviços com tradição de confiabilidade.

Construtivo, procura colaborar com as Bancas Examinadoras em sua tarefa de não cometer injustiças.

Didático, mais do que um simples gabarito, auxilia o estudante no processo de aprendizagem, graças a seu formato: reprodução de ca- da questão, seguida da resolução elaborada pelos professores do Anglo.

No final, um comentário sobre as disciplinas.

A Universidade Estadual Paulista — Unesp — tem unidades insta- ladas em várias cidades do estado de São Paulo: Araçatuba, Arara- quara, Assis, Bauru, Botucatu, Franca, Guaratinguetá, Ilha Solteira, Jaboticabal, Marília, Presidente Prudente, Rio Claro, Rosana, São José dos Campos, São José do Rio Preto, São Paulo e São Vicente.

Seu vestibular é realizado pela Fundação Vunesp, em uma única fase.

São 3 provas (cada uma valendo 100 pontos), a serem realizadas em até 4 horas, em dias consecutivos, assim constituídas:

1ºdia: Prova de Conhecimentos Gerais (peso 1), comum para todas as áreas, com 84 testes de múltipla escolha divididos igualmente entre Matemática, Física, Química, Biologia, Geografia, História e Língua Estrangeira (Inglês ou Francês, conforme a opção do candidato).

2ºdia: Prova de Conhecimentos Específicos (peso 2), com 25 ques- tões discursivas. As disciplinas que compõem essa prova variam conforme a área pela qual o candidato optou:

Área de Ciências Biológicas — Biologia (10 questões), Química (6 questões), Física (5 questões) e Matemática (4 questões).

Área de Ciências Exatas — Matemática (10 questões), Física (9 questões) e Química (6 questões).

Área de Humanidades — História (10 questões), Geografia (9 questões) e Língua Portuguesa (6 questões).

3ºdia:Prova de Língua Portuguesa (peso 2), comum para todas as áreas, constando de 10 questões discursivas e uma redação disser-

o anglo resolve

a prova de

Português e

Redação

da UNESP

julho de

2008

(2)

Para os cursos de Arquitetura e Urbanismo (Bauru), Artes Cênicas, Artes Visuais, Design, Educação Artística, Educação Musical e Música (Bacharelado), há prova de Habilidade Específica, cujo peso varia conforme a opção.

Para cada prova é atribuída nota que varia de 0 a 100 pontos.

A nota final é a média ponderada das provas.

Observações:

1.A Unesp utiliza a nota dos testes do ENEM, aplicando-a de acor- do com a seguinte fórmula: (4 ×CG + 1E)/5, em que CG é a nota da prova de Conhecimentos Gerais e E é a nota da parte obje- tiva do ENEM. O resultado só é levado em conta se favorece o can- didato.

2.Para fins de classificação, somente serão consideradas as notas finais dos candidatos que tenham obtido:

— nota diferente de zero nas provas de Conhecimentos Gerais (sem considerar o aproveitamento do Enem) e de Conheci- mentos Específicos;

— nota igual ou superior a 30 (escala 0-100 pontos) na prova de Língua Portuguesa;

— nota igual ou superior a 30 (escala 0-100 pontos) nas provas de habilidade dos cursos de Design do Campus de Bauru e de todos os cursos do Instituto de Artes de São Paulo;

— nota diferente de zero nas provas de habilidades dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e de Educação Artística do Campusde Bauru.

O candidato ausente a qualquer uma das provas (comuns ou de habilidades) será desclassificado do vestibular.

(3)

INSTRUÇÃO: As questões de números 01 a 03 tomam por base trechos de duas obras de Machado de Assis (1839-1908).

— Mas, enfim, que pretendes fazer agora? perguntou-me Quincas Borba, indo pôr a xícara vazia no para- peito de uma das janelas.

— Não sei; vou meter-me na Tijuca; fugir aos homens. Estou envergonhado, aborrecido. Tantos sonhos, meu caro Borba, tantos sonhos, e não sou nada.

— Nada! interrompeu-me Quincas Borba com um gesto de indignação.

Para distrair-me, convidou-me a sair; saímos para os lados do Engenho Velho. Íamos a pé, filosofando as coisas.

Nunca me há de esquecer o benefício desse passeio. A palavra daquele grande homem era o cordial da sabe- doria. Disse-me ele que eu não podia fugir ao combate; se me fechavam a tribuna, cumpria-me abrir um jor- nal. Chegou a usar uma expressão menos elevada, mostrando assim que a língua filosófica podia, uma ou outra vez, retemperar-se no calão do povo. Funda um jornal, disse-me ele, e “desmancha toda esta igrejinha”.

— Magnífica idéia! Vou fundar um jornal, vou escachá-los, vou…

— Lutar. Podes escachá-los ou não; o essencial é que lutes. Vida é luta. Vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal.

Daí a pouco demos com uma briga de cães; fato que aos olhos de um homem vulgar não teria valor.

Quincas Borba fez-me parar e observar os cães. Eram dois. Notou que ao pé deles estava um osso, motivo da guerra, e não deixou de chamar a minha atenção para a circunstância de que o osso não tinha carne. Um sim- ples osso nu. Os cães mordiam-se, rosnavam, com o furor nos olhos… Quincas Borba meteu a bengala debaixo do braço, e parecia em êxtase.

(Machado de Assis,Memórias póstumas de Brás Cubas.)

Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias póstumas de Brás Cubas, é aquele mes- mo náufrago da existência que ali aparece, mendigo, herdeiro inopinado, e inventor de uma filosofia [Huma- nitas]. Aqui o tens agora em Barbacena. Logo que chegou, enamorou-se de uma viúva, senhora de condição mediana e parcos meios de vida, mas, tão acanhada, que os suspiros do namorado ficavam sem eco. Chamava- se Maria da Piedade. Um irmão dela, que é o presente Rubião, fez todo o possível para casá-los. Piedade re- sistiu, um pleuris a levou.

Foi esse trechozinho de romance que ligou os dois homens. (…)

Rubião achou um rival no coração de Quincas Borba — um cão, um bonito cão, meio tamanho, pêlo cor de chumbo, malhado de preto. Quincas Borba levava-o para toda parte, dormiam no mesmo quarto. De ma- nhã, era o cão que acordava o senhor, trepando ao leito, onde trocavam as primeiras saudações. Uma das ex- travagâncias do dono foi dar-lhe o seu próprio nome; mas, explicava-o por dois motivos, um doutrinário, outro particular.

— Desde que Humanitas, segundo a minha doutrina, é o princípio da vida e reside em toda a parte, existe também no cão, e este pode assim receber um nome de gente, seja cristão ou muçulmano…

— Bem, mas por que não lhe deu antes o nome de Bernardo? disse Rubião com o pensamento em um rival político da localidade.

— Esse agora é o motivo particular. Se eu morrer antes, como presumo, sobreviverei no nome do meu bom cachorro. Riste, não?

Rubião fez um gesto negativo.

— Pois devias rir, meu querido. Porque a imortalidade é o meu lote ou o meu dote, ou como melhor nome haja. Viverei perpetuamente no meu grande livro. Os que, porém, não souberem ler, chamarão Quincas Borba ao cachorro, e…

O cão, ouvindo o nome, correu à cama. Quincas Borba, comovido, olhou para Quincas Borba.

(Machado de Assis, Quincas Borba.)

U U P U

P

P O O OR R R T T T G G G U U U Ê Ê Ê S S S

(4)

Em Quincas Borba, a opção por um enunciador em terceira pessoa, que apenas relata os fatos, difere da solu- ção encontrada por Machado de Assis para Memórias póstumas de Brás Cubas, sua obra anterior, a qual mar- cara o início do Realismo no Brasil. Transcreva dois exemplos que caracterizam o tipo de enunciador presente em Memórias póstumas, dando explicações resumidas.

Como afirma o enunciado, em Quincas Borba temos “um enunciador em terceira pessoa, que apenas relata os fatos”. Em Memórias póstumas de Brás Cubas, adota-se o foco narrativo em primeira pessoa, o que se evidencia nas conjugações dos verbos do fragmento (“perguntou-me”, “interrompeu-me”, “distrair-me”, etc.).

Além disso, o fato de contar a própria vida justifica a postura mais envolvida desse narrador, que vai além do simples relato dos fatos, atingindo uma dimensão mais reflexiva, acentuada pelo distanciamento possibilitado por sua condição de “defunto autor”. Esse dado pode ser percebido na rápida auto-análise que realiza no trecho: “Tantos sonhos, meu caro Borba, tantos sonhos, e não sou nada”. Deve-se notar ainda a ironia do trecho, presente tanto na postura do protagonista (que chega a culpar os homens pela falta de rumos da própria vida: “vou meter-me na Tijuca; fugir aos homens”) quanto no interesse que uma luta de cães desperta no filósofo Quincas Borba (que o deixa “em êxtase”).

No trecho transcrito de Memórias póstumas de Brás Cubas, está estampada uma oposição entre o lugar ocupa- do por Quincas Borba, um filósofo e um “grande homem”, e as pessoas comuns. Comente dois exemplos extraí- dos do fragmento, pelos quais fica evidente essa distinção, tanto no plano dos fatos quanto no plano lingüístico.

No plano lingüístico, a distinção de Quincas Borba se manifesta de duas maneiras. De um lado, na correção gramatical que adota em suas falas (“Mas, enfim, que pretendes fazer agora?”), demonstrando um uso eru- dito da linguagem que só cede ao “calão do povo” em “uma ou outra vez”. De outro, no caráter sentencioso que dá a algumas de suas afirmações, como se nota no seguinte trecho: “Vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal”. No plano dos fatos de enredo, Quincas Borba se distingue por conseguir ver em uma simples “briga de cães” uma cena ilustrativa de sua filosofia (Humanitas), na qual desenvolve uma reflexão em torno da luta pela sobrevivência que rege a existência humana. Explicitando a condição superior do amigo filósofo, o narrador registra que uma tal percepção das coisas seria impossível “aos olhos de um homem vulgar”.

Em Quincas Borba, as razões para o protagonista dar seu próprio nome ao cachorro de estimação se fundamen- tam em dois argumentos — um doutrinário e outro particular. Explique em que consiste a primeira razão, ten- do em vista os dados fornecidos pelo texto.

O motivo doutrinário que levou Quincas Borba a dar seu próprio nome ao cão de estimação relaciona-se à teoria formulada pelo filósofo, o Humanitismo: “Desde que Humanitas, segundo a minha doutrina, é o prin- cípio da vida e reside em toda parte, existe também no cão, e este pode receber um nome de gente, seja cristão ou muçulmano”. Assim, ao atribuir seu nome ao cão, Quincas Borba reitera a extensão universal de Humanitas,

“princípio de [toda] vida”, razão pela qual tratava o cão como um igual, levando-o “para toda parte”, dormindo no mesmo quarto e trocando com ele “as primeiras saudações” do dia.

Resolução Questão 3

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Resolução Questão 2

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Resolução Questão 1

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UNESP – julho/2008 4 ANGLO VESTIBULARES

(5)

INSTRUÇÃO: As questões de números 04 a 07 tomam por base um fragmento do livro Vidas Secas, escrito por Graciliano Ramos (1892-1953).

A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pêlo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.

Por isso Fabiano imaginara que ela estivesse com um princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Mas Baleia, sempre de mal a pior, roçava-se nas estacas do curral ou metia-se no mato, impaciente, enxotava os mosquitos sacudindo as orelhas murchas, agitando a cauda pelada e curta, grossa na base, cheia de moscas, semelhante a uma cauda de cascavel.

Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o saca-trapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito.

Sinha Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos assustados, que adivinhavam desgraça e não se cansavam de repetir a mesma pergunta: — Vão bulir com a Baleia?

Tinham visto o chumbeiro e o polvarinho, os modos de Fabiano afligiam-nos, davam-lhes a suspeita de que Baleia corria perigo.

Ela era como uma pessoa da família: brincavam juntos os três, para bem dizer não se diferenciavam, rebo- lavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o chiqueiro das cabras. (…)

Fabiano percorreu o alpendre, olhando a baraúna e as porteiras, açulando um cão invisível contra animais invisíveis: — Eco! Eco!

Em seguida entrou na sala, atravessou o corredor e chegou à janela baixa da cozinha. Examinou o terreiro, viu Baleia coçando-se a esfregar as peladuras no pé de turco, levou a espingarda ao rosto. A cachorra espiou o dono desconfiada, enroscou-se no tronco e foi-se desviando, até ficar no outro lado da árvore, agachada e arisca, mostrando apenas as pupilas negras. Aborrecido com esta manobra, Fabiano saltou a janela, esgueirou-se ao longo da cerca do curral, deteve-se no mourão do canto e levou de novo a arma ao rosto. Como o animal estivesse de frente e não apresentasse bom alvo, adiantou-se mais alguns passos. Ao chegar às catingueiras, modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de Ba- leia, que se pôs a latir desesperadamente.

Em Vidas Secas, “bicho” e “gente” se aproximam de tal forma que alguns estudiosos vêem na obra duas carac- terísticas, denominadas antropomorfização e zoomorfização. Transcreva o trecho em que esses processos se manifestam, dando a devida explicação.

Há alguns índices de antropomorfização da cadela Baleia ao longo do excerto. No segundo parágrafo, o vocábulo “impaciente”, embora possa indicar a inquietude de Baleia, denota, mais propriamente, uma qualidade humana, pois, como antônimo de “paciente” (que tem paciência), implica uma disposição de espírito. Por razões análogas, os vocábulos “desconfiada”, “manobra” e “perna” (último parágrafo), associados à cadela, podem ser entendidos como índices antropomórficos. Contudo, o melhor exemplo ocorre no sexto parágrafo, em que há, também, exemplo de zoomorfização: “Ela [Baleia] era como uma pessoa da família; brincavam juntos os três [Baleia e os dois meninos], para bem dizer não se diferenciavam, rebolavam na areia do rio e no estrume fofo que ia subindo (...)”. Por meio da comparação, o animal é elevado à condição de humanidade (“pessoa da família”).

Por outro lado, o comentário do narrador rebaixa as duas crianças à animalidade (“para bem dizer não se dife- renciavam”), o que é reforçado pela imagem dos dois meninos a rolar na areia e no estrume, como bichos.

Comparando o segundo e o terceiro parágrafos do fragmento de Vidas Secas, explique a diferença no empre- go dos tempos, quando o enunciador opõe formas verbais no pretérito mais-que-perfeito (como imaginarae amarrara-lhe) e no pretérito perfeito (como resolveu, lixou-ae limpou-a).

Questão 5

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Resolução Questão 4

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(6)

O pretérito mais-que-perfeito dos verbos do segundo parágrafo do fragmento indica que as ações por ele expressas se dão num tempo anterior às narradas no terceiro parágrafo com os verbos no pretérito perfeito.

De fato, as ações atribuídas a Fabiano no terceiro parágrafo — “resolveu matá-la... foi buscar a espingarda...

lixou-a... limpou-a...” — ocorrem depois e por conseqüência de ele ter imaginado (imaginara) que a cadela Baleia estivesse com um princípio de hidrofobia, e depois de ter-lhe amarrado (amarrara-lhe) no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. Assim, o mais-que-perfeito se opõe ao pretérito perfeito por indicar um momento anterior ao das ações expressas por este último tempo verbal.

Levando em conta que tanto o fragmento de Quincas Borbaquanto o de Vidas Secasdescrevem fisicamente os animais (o cão Quincas Borba e a cachorra Baleia), faça uma avaliação de ambas as descrições, mostrando em que elas se distinguem.

A descrição dos aspectos físicos de Quincas Borba, o cão, é feita com extrema economia: há apenas refe- rência ao tamanho e à cor do pêlo — chumbo, malhado de preto. Já em Vidas Secas, a condição degradada da cachorra Baleia, prestes a morrer, é retratada por meio da descrição pormenorizada de várias partes do ani- mal: o pêlo caído em vários pontos do corpo, as costelas salientes no fundo róseo, as chagas da boca, o inchaço dos beiços, as manchas escuras, que sangravam e se cobriam de moscas.

O tratamento humanizado do cão de Quincas Borba explica por que a sua descrição física é sucinta, en- quanto ganha destaque a do comportamento: muito mais que um animal, ele é para o dono um companheiro, com o qual passeava, dormia, o qual considerava digno de receber seu nome e de ser depositário de suas esperanças de prolongar a existência. O foco da descrição de Baleia são inequivocamente suas características físicas, coerentes com a animalização dos integrantes da família de Fabiano na narrativa.

No último parágrafo, o enunciador diz que Fabiano fica aborrecido com a “manobra” de Baleia. A que “mano- bra” ele se refere? Explique resumidamente.

A “manobra” consiste nos movimentos de Baleia. Com desconfiança, a cadela espia o dono e desvia-se dele ao enroscar-se no tronco de uma árvore, onde permanece “agachada e arisca”, para se proteger.

INSTRUÇÃO: As questões de números 08 a 10 tomam por base um texto extraído do jornal Folha de S.Paulo.

Programa trata bichos como gente

Laura Mattos

Já faz tempo, mas ninguém esquece. Em 1991, flagrado ao utilizar um carro oficial para levar sua cadela ao veterinário, o então ministro do Trabalho, Antonio Rogério Magri, deu a célebre declaração: “Cachorro também é ser humano”.

É essa também a filosofia do “Pet.Doc”, programa escolhido pelo GNT dentre cem candidatos em processo de pitching — no qual produtoras independentes apresentam seus projetos a uma banca formada por dire- tores do canal.

“É um programa que vai tratar o pet[animal de estimação] como se fosse gente”, afirmou à Folha Leo- nardo Edde, sócio da produtora carioca Urca Filmes, responsável pelo projeto.

“Vamos tratar o animal, seja um cachorro, um rato ou um papagaio, sempre pelo nome, como um ser humano, mostrar a importância dessa ‘pessoa’ e contar suas histórias”, diz.

Em sua opinião, esse tom irá diferenciar o “Pet.Doc” de outros programas sobre animais exibidos na TV aberta e fechada “que mostram campeonatos de cães e as melhores rações”.

Edde afirma que a Urca optou por esse tema após analisar pesquisas que apontam que mais de 70% da população brasileira possui um pet.

Segundo Edde, “Pet.Doc” é baseado no livro Nós e Nossos Cães(ed. Globo), de Cacau Hygino. “São várias histórias de como o cachorro mudou a vida de pessoas, de gente que era triste e arrumou um motivo para viver”, afirma o produtor.

Resolução Questão 7

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Resolução Questão 6

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Resolução

UNESP – julho/2008 6 ANGLO VESTIBULARES

(7)

“A idéia do programa é baseada no jeito como os donos tratam seus pets. Eles falam dos animais e agem com eles como se fossem filhos”, aponta. (…)

O piloto (episódio teste) foi gravado com Caco Ciocler, Marília Pêra e Vivianne Pasmanter. Vivianne é dona de um cachorro que atuou ao lado de sua personagem na novela “Páginas da Vida”, da Globo.

O autor de novela Ricardo Linhares (“Paraíso Tropical”) e sua cadela Zoca também serão mostrados. “Nos- sa intenção é desmistificar a celebridade, como fazemos com o ‘Tira Onda’, do Multishow [famosos assumem profissões diferentes por um dia]”, explica Edde.

(Folha de S.Paulo, 02.01.2008.)

Quanto ao gênero, o texto extraído da Folha de S.Pauloé diferente dos três fragmentos já transcritos nesta prova. Por seu caráter de notícia, identifica as pessoas, utiliza termos estrangeiros com liberdade, apóia-se em estatísticas e pesquisas etc. O próprio tempo é fixado com maior precisão, como se vê na indicação da data de publicação do artigo (02.01.2008). Com base nessas considerações, destaque e comente dois outros elementos do texto capazes de ligar essa notícia a uma determinada época, mais próxima ao presente.

O presente de que fala o enunciado é o momento atual, conforme a data da publicação da notícia:

02.01.2008. No primeiro parágrafo, contudo, o texto faz menção a um fato envolvendo o “então ministro do Trabalho”, ocorrido em 1991: “Já faz um tempo, mas ninguém esquece”. A referência à data, bem como a pre- sença do advérbio “então”, do particípio “flagrado” e do pretérito perfeito “deu”, ligam essa notícia a um tempo passado próximo ao presente. Em contrapartida, a presença de formas verbais no futuro, como “irá diferen- ciar” e “serão mostradas”, indica que o programa ainda não estava sendo exibido quando se publicou a notícia;

isso a liga a uma outra época próxima ao presente, isto é, a um tempo posterior àquele. A partir do momento pre- sente, assim, a notícia faz uma ponte entre o que ocorreu e o que estava por vir.

Partindo da declaração do ministro Antonio Rogério Magri, destaque as semelhanças entre o texto Programa trata bichos como gentee o fragmento de Quincas Borba, quanto ao modo como abordam a questão dos no- mes dos animais.

Apesar de não haver um nome explícito na declaração do ministro Antonio Rogério Magri de que o

“cachorro também é ser humano”, nela fica pressuposto que o animal tenha características “de gente”, como um nome próprio — um dos elementos que conferem identidade às pessoas. Isso fica bem exemplificado no texto de Machado de Assis, em que o fator de identificação entre homem e bicho é tal, que este recebe o no- me daquele: ao transferir um nome, transfere-se a identidade.

Compare as falas das pessoas entrevistadas por Laura Mattos com a frase “se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias póstumas de Brás Cubas”, retirada do primeiro parágrafo do trecho de Quincas Borba, identificando para quem as falas e a frase destacada são dirigidas.

Na frase “se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias póstumas de Brás Cubas”, o narrador de Quincas Borbadirige-se a um presumível leitor de sua obra. O verbo na segunda pessoa do singular funciona como uma referência explícita ao enunciatário do texto.

Nas falas das pessoas entrevistadas por Laura Mattos, não há marcas gramaticais — como pronomes, flexões verbais ou vocativos — que permitam concluir a quem elas se dirigem. Levando em conta a situação de co- municação em que foram proferidas, pode-se dizer que se destinam à própria jornalista. Pelo seu teor, tam- bém seria possível admitir que os entrevistados estariam se dirigindo aos interessados no programa “Pet.Doc”.

Resolução Questão 10

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Resolução Questão 9

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Resolução Questão 8

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UNESP – julho/2008 8 ANGLO VESTIBULARES

INSTRUÇÃO: Leia atentamente os textos seguintes.

Dose pra cachorro

Remédios de gente agora também são usados para melhorar a qualidade de vida dos animais

Duda Teixeira

Os animais de estimação costumam ficar parecidos com seus donos — e a semelhança não se limita a trejeitos e hábitos. Muitos cães, que passam o dia confinados em apartamento, empanturrando-se de comida, tornam-se obesos e sofrem de depressão. Natural, então, que compartilhem os remédios criados para os seres humanos. No início deste ano, a Food and Drug Administration (FDA), agência que controla a venda de alimentos e de remédios nos Estados Unidos, deu aval a dois novos medicamentos para cães. O primeiro deles, que começará a ser vendido pela Pfizer neste mês, pretende combater a obesidade canina. Atua de maneira análoga à de alguns inibidores de apetite vendidos em farmácias, que limitam a absorção de gordura no intestino. O outro medicamento é uma goma de mascar com irresistível (para os cães) sabor de bife, que traz na composição a fluoxetina, a mesma substância do antidepressivo Prozac. A Eli Lilly, fabricante do produto, estuda outros seis remédios baseados, em parte, em moléculas utilizadas em medicamentos para humanos.

Todos são esperados para os próximos quatro anos.

O interesse dos grandes laboratórios farmacêuticos nos animais de estimação explica-se pelo potencial de consumo. Nos Estados Unidos, existem quase 163 milhões de cães e gatos, cujos donos gastam 5 bilhões de dólares anualmente com seus companheiros. Nos últimos cinco anos, a FDA aprovou mais de duas dúzias de remédios para esses animais, muitos deles bem parecidos com similares criados para uso humano. Na verdade, o homem e o cão compartilham a mesma fisiologia básica. “Em geral, os medicamentos liberados para uso humano foram testados antes em animais”, diz o zootecnista Alexandre Rossi, de São Paulo. A diferença desses novos remédios em relação à farmacologia veterinária tradicional está no fato de que não pretendem simplesmente curar doenças. Seu objetivo é melhorar a qualidade de vida dos bichos, atacando alguns problemas crônicos, como ansiedade, excesso de peso, má digestão ou tosse.

(Veja, 09.05.2007.)

Arrastão tira cachorros de praias do litoral norte

As Sociedades de Bairros de São Sebastião querem conscientizar donos sobre perigos causados por animais. Lei proíbe a presença de bichos nas areias,

mas proprietários nem ligam.

As 16 sociedades de bairro das praias de São Sebastião, litoral norte, fazem hoje um arrastão advertindo sobre o perigo representado pelos cães na areia.

Uma lei municipal proíbe a entrada de animais na praia, mas poucas pessoas respeitam a regra. É o caso da decoradora Mey Freitas, que não abre mão de levar seu cão de estimação à praia de Boiçucanga. “Todo mundo adora o ‘Caco Antibes’.” Segundo ela, o maior problema é com os cães vira-latas. “Meu cachorro não faz xixi nem cocô na areia.”

Ela admite que prefere pagar multa a deixar o cachorro em casa. Para a Sociedade Amigos da Praia de Maresias (Somar), a falta de fiscalização e punição contra este tipo de atitude é o maior inimigo de seus projetos. “Mas hoje vamos alertar a população”, diz o presidente da Somar, José Roberto Praça de Menezes.

Castração de animais — “Além de causar doenças e morder os banhistas, os animais rasgam os sacos de lixo espalhando sujeira pela praia toda”, alerta a secretária da sociedade, Ana Maria de Oliveira. “Além de passeatas, nós também fazemos uma campanha de castração de animais. Quem leva o bicho ao posto vete- rinário ganha uma camiseta.”

(O Estado de S.Paulo, 27.01.2001.)

O O R O

R

R E E E D D D A A Ç Ç Ã Ã Ã

(9)

Rock da cachorra

Eduardo Dussek — Leo Jaime

Uauuu, uauuu, uauuu… Ahhh…

Uauuu, uauuu, uauuu… Ahhh…

Baptuba, uap baptuba Baptuba, uap baptuba

Baptuba, uau uau uau uau uau

Troque seu cachorro por uma criança pobre (Baptuba, uap baptuba)

Sem parente, sem carinho, sem ramo, sem cobre (Baptuba, uap baptuba)

Deixe na história de sua vida uma notícia nobre Troque seu cachorro (uauuu)

Troque seu cachorro (uauuu) Troque seu cachorro (uauuu) Troque seu cachorro (uauuu)

Troque seu cachorro por uma criança pobre

Tem muita gente por aí que está querendo levar uma vida de cão Eu conheço um garotinho que queria ter nascido pastor-alemão

Esse é o rock de despedida pra minha cachorrinha chamada “Sua-mãe”

É pra Sua-mãe (é pra Sua-mãe) É pra Sua-mãe (é pra Sua-mãe) É pra Sua-mãe (é pra Sua-mãe) É pra Sua-mãe

Esse é o rock de despedida pra cachorra “Sua-mãe”

Seja mais humano, seja menos canino

Dê guarita pro cachorro, mas também dê pro menino Se não um dia desses você vai amanhecer latindo Uau, uau, uau

Proposta de Redação

Desde os primeiros textos da Prova de Língua Portuguesa, o tema tratado focaliza, de diferentes maneiras, a figura do animal de estimação. Em Quincas Borba, de Machado de Assis, a afeição de Quincas Borba pelo cão é extremada, a ponto de dar-lhe seu próprio nome; em Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o afeto pela cachorra Baleia, que está muito doente, leva Fabiano a sacrificá-la, para não a ver sofrer. Por fim, no texto de Laura Mattos, há detalhes curiosos sobre um novo programa de televisão, em que os animais são tratados

“como gente”.

Nesta última parte, o texto retirado da revista Vejafocaliza detalhes da proteção e do amor pelos animais, quanto à alimentação e aos medicamentos — semelhantes aos dos seres humanos. Por outro lado, no fragmento do jornal O Estado de S.Paulo, há elementos relativos à preocupação com doenças causadas pelos animais e uma clara tentativa de seu afastamento do convívio das pessoas, nas praias. Por fim, a letra de “Rock da cachorra” é um convite direto a substituir supostos cuidados exagerados com os animais pela preocupação com a criança pobre.

Baseando-se em sua experiência e nos textos literários e jornalísticos apresentados nesta prova, escreva uma redação, no gênero dissertativo, sobre o seguinte tema:

HÁ EXAGERO NA RELAÇÃO ENTRE HUMANOS E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO?

(10)

Análise da proposta

Como nas provas anteriores, a Banca apresentou textos de origem variada (de jornal, revista, canção), solicitando que o candidato levasse em conta inclusive os fragmentos de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borbae Vidas Secas, utilizados para as questões de Língua Portuguesa. A partir dessa coletânea, ele deveria dissertar sobre um tema explícito: “Há exagero na relação entre humanos e animais de estimação?”

Os fragmentos de Machado de Assis apresentam o cão como um animal irracional (Memórias Póstumas) que, se recebe uma valorização característica da condição humana, expõe um comportamento extravagante do dono (Quincas Borba). Em Vidas Secas, a boa relação entre Baleia e as demais personagens se deve à antro- pomorfização daquele e à animalização do ser humano. Os textos da Vejae da Folha de S.Pauloapresentam situações contemporâneas em que os animais são tratados como gente: serão protagonistas de um programa de tevê; devem ter cuidado médico e farmacêutico semelhante ao dos seres humanos. O texto de O Estado de S. Pauloaborda o perigo da presença de animais nas praias. Finalmente, a música de Eduardo Dusek focaliza o tratamento dado a animais de estimação em contraste com o dispensado a crianças carentes.

Encaminhamentos possíveis

Embora os comentários feitos pela Banca na “proposta de redação” procurem contemplar visões diferen- tes sobre o assunto, a escolha dos textos não deixa de sugerir um direcionamento: é provável que o candidato se sentisse induzido pela coletânea a dar uma resposta positiva à pergunta formulada como tema. Entretanto, ele poderia apresentar uma resposta parcial, de circunstância, fundamentando a opinião de que os cuidados dispensados aos animais são justificáveis.

Por um lado, pode-se considerar exagero que se destinem a animais cuidados, atenções e gastos que fa- zem falta até à sobrevivência de muitos outros indivíduos — naturalmente, até por uma questão de espécie, mais merecedores de serem tidos como próximos. Mimar bichos de estimação, nesse caso, seria uma demons- tração de desprezo por outros seres humanos ou de recusa a identificar-se com eles, diferenciando-se, por exemplo, pelo poder aquisitivo suficiente para alimentar (e banhar, perfumar, vestir, passear...) um luxo.

Por outro lado, não é desprezível a idéia de que a domesticação de animais sem fins alimentares é uma característica mais que milenar das civilizações humanas e que o relacionamento do homem com eles, assim como outros comportamentos seus, modifica-se conforme a circunstância: humanizar um amigo irracional, em tempos e lugares em que o contato interpessoal seja, por exemplo, muito tenso, competitivo ou forçosamente raro, é tido por muitos como uma saída para a falta de um alter egotranqüilizador. Se há exagero, nesse caso, ele é decorrente de necessidades fundadas em outros exageros que definem os contornos da realidade de determinados grupos ou de pessoas em particular.

Entre esses dois pólos, está a questão da saúde, humana e animal: se avanços benéficos ao homem foram obtidos à custa do sacrifício de outras espécies, é inegável que não se pode impor a quem não deseja o contato indiscriminado com elas (o que a lei tenta impedir em espaços públicos, como as praias), como é inegável que, se a proximidade com o dono causa a um animal de estimação prejuízos tais como depressão, obesidade e estresse, seria crueldade negar-lhe tratamentos e medicamentos, uma vez que a escolha dos laços que se esta- belecem entre ambos ainda é exclusivamente humana.

UNESP – julho/2008 10 ANGLO VESTIBULARES

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As questões de Literatura (1, 2, 3, 4 e 7) fundamentam-se em três excertos de obras célebres, com a finali- dade de averiguar a capacidade de leitura atenta e crítica do candidato, o domínio de noções ou conceitos (literários ou não), a habilidade para discernir efeitos de sentido e a aptidão para articular respostas que exi- gem reflexão. Formuladas com clareza, precisão e elegância, são questões exemplares, que só merecem louvor e aplauso.

As questões de Gramática e Texto (5, 6, 8, 9 e 10), quanto à concepção, não precisam de reparos: elas exi- gem que os candidatos revelem boa habilidade de leitura e domínio de conceitos relevantes de interpetação de texto. Fica a ressalva de que alguns enunciados, como o das questões 6, 8 e 10, pecaram pela imprecisão.

TT N T N E N E M E M

M Á Á Á O O O O

O C O C

C R R R III

Referências

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