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O PAR DICOTÔMICO SOBERANIA E ANARQUIA: O NÃO LUGAR DA BASE ESTATAL

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Academic year: 2021

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O PAR DICOTÔMICO SOBERANIA E ANARQUIA: O NÃO LUGAR DA BASE ESTATAL

Juddy Garcez Moron

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Pensar em Relações Internacionais é pensar no Estado, um objeto/sujeito que, embora permeado por inúmeras contradições e instabilidades, apresenta-se no contexto das correntes internacionalistas como sendo racional, unitário e indivisível. Compreendido como inerentemente soberano no plano doméstico e inevitavelmente inserido em um contexto anárquico nos domínios internacionais, o Estado surge, tanto no plano filosófico quanto no físico, como uma quimera intocável, com características próprias e personificadas, apregoado como fonte de análise básica nos estudos internacionais. Contudo, como pode ser observado nas abordagens construtivistas e pós-positivistas de forma mais ampla, o Estado, ainda que possua bases materiais sólidas, é também um construto social e, como tal, é permeado de noções e abstrações que foram se consolidando ao longo de um determinado período de tempo e por certos tipos de teoria. As essências estatais, a soberania (doméstica) e a anarquia (internacional), que guiam as definições mais clássicas do que é o Estado, após questionamentos e confrontos, passam então a ruir: elas caem por terra e são construídas novamente, calcadas em novas explicações e significados. Pensando nisso, o principal objetivo desse texto é desvelar a ancoragem do Estado, buscando compreender se, de fato, Ele está apoiado na soberania e na anarquia ou se, como será proposto ao longo da análise, Ele está em um não-lugar, existindo exatamente na colisão e separação entre estes dois conceitos. A fim de descobrir se a reflexão proposta é válida, a metodologia utilizada é a qualitativa, com a adoção do método de revisão narrativa da literatura, onde foram escolhidos exponentes de diferentes correntes teóricas das Relações Internacionais com o intuito de congregar a compreensão de autores pós-positivistas sobre as temáticas da soberania e da anarquia e, a partir disto, chegar ao resultado esperado.

Palavras-Chave: Teorias Pós-Positivistas; Soberania; Anarquia.

Grupo de Trabalho: GT3 - Teoria das Relações Internacionais

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Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais (PPGRI), Instituto Latino-Americano de

Economia, Sociedade e Política (ILAESP), Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Ori-

entadora: Ana Carolina Teixeira Delgado

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INTRODUÇÃO

Durante muito tempo os estudos das Relações Internacionais focaram na compreensão da anarquia internacional – até então considerada como uma característica intrínseca desse espaço – e nas relações entre os Estados soberanos, que também eram entendidos como seres detentores de uma soberania inerente. Com o aprofundamento dos debates e a diversificação das teorias, contudo, essa tal identidade estatal passou a ser contestada, assim como, consequentemente, a própria especificação do sistema internacional. (BARTELSON, 1998)

Ainda hoje, para muitos, falar sobre Relações Internacionais é falar sobre Estados: eles perpassam nossas vidas, as instituições, as relações domésticas e as internacionais; eles possuem legitimidade, o domínio da força e um território definido; são os responsáveis por regulamentações internas e pela coexistência externa pautada em uma ideia de respeito à soberania alheia; são aqueles que vivem sob a anarquia, sem governo nenhum no cenário internacional, mas com o domínio soberano no plano nacional. Contudo, a famigerada base estatal desses estudos tem sido constantemente questionada. O que é o Estado? O que faz de um Estado aquilo que ele é? Qual é o futuro do sistema internacional e da própria concepção de Estado?

Essas perguntas não possuem uma resposta definitiva – e talvez, de fato, nunca sejam passíveis de serem respondidas completamente. Entretanto, para que se pense “no futuro’’ dos Estados, é preciso olhar para eles hoje. A dupla dicotômica soberania e anarquia ainda figura entre os principais pontos que necessitam ser analisados nos debates acerca das características do Estado. Serão observados, aqui, os dois conceitos – soberania e anarquia - e as ideias que os permeiam, sendo a espinha dorsal desse texto o pressuposto de que a construção do Estado está ancorada exatamente na separação entre o doméstico e internacional pautada nos dois conceitos supramencionados.

A metodologia adotada nesta investigação é a qualitativa, sendo o método de revisão

narrativa da literatura aquele escolhido neste âmbito. Os autores cujas obras foram analisadas

ao longo desta pesquisa constam na bibliografia básica da matéria de Teoria das Relações

Internacionais I do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade

Federal da Integração Latino-Americana, instituição da qual a pesquisadora faz parte, e são

compreendidos aqui como exponentes das correntes Construtivista, Pós-Estruturalista e do

Novo Materialismo. É válido ressaltar, ainda, que no início da discussão há autores advindos

das perspectivas Realista e da Escola Inglesa.

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DESENVOLVIMENTO

Conforme apontado por Walker (1993), um dos aspectos mais básicos das teorias modernas de Relações Internacionais é a repetição, que costuma ocorrer através do retorno aos pares opostos como identidade/diferença, interno/externo, espaço/tempo. “(...) eles dão um indício de como a ação e o pensamento político contemporâneos são governados e disciplinados por uma explicação especificamente moderna da identidade política, explicação expressa de forma crucial pelo princípio da soberania estatal.” (WALKER, 1993, p.238)

Em uma breve análise das definições fornecidas por teóricos de duas correntes mainstream das Relações Internacionais, é possível observar que o conceito de ‘soberania’ diz respeito, basicamente, à capacidade de legislação e coerção sobre determinado território, sendo essas competências inerentes aos Estados. Para Morgenthau (2002), a soberania pode ser entendida como sendo um poder centralizado que exerce a autoridade suprema (de legislar e fazer cumprir leis) sobre um determinado território. Já para Bull (2002), a soberania pode ser interna ou externa, onde a primeira ocorre em relação a um território e população específicos (ou seja, seria a supremacia sobre as autoridades dentro desse espaço), e a externa, que se traduz não na supremacia, mas na independência de autoridades externas.

Esses dois breves exemplos de conceituação de soberania corroboram com o argumento de que “A reiteração da soberania como discurso que trabalha constantemente para expressar e resolver todas as contradições resultantes de uma explicação especificamente moderna de quem

“nós” somos.” (WALKER, 1993, p.239) Partindo da concepção de que esse “nós” é pautado na interação entre o interno e o externo, entre a soberania doméstica e a “internacional”, Bartelson (1998) faz a seguinte colocação:

Dentro dessa visão, a soberania é um atributo do Estado, desde que obtenha uma série de requisitos políticos e legais de soberania. De fato, a maioria das disputas sobre o significado da aplicação política e adequada do conceito de soberania diz respeito à classificação e operacionalização desses requisitos, bem como à ordem de prioridade entre os aspectos internos e externos da soberania. Duas proposições principais podem ser discernidas. Ou a soberania é atribuída com base na distribuição real de poder dentro de um determinado estado, ou é atribuída com base na legitimidade dessa distribuição de poder. De acordo com a primeira posição, um monopólio efetivo de fato sobre o uso da violência é uma condição suficiente de Estado. Para a segunda, o monopólio deve ser complementado por uma identidade nacional suficientemente homogênea ou por um grau de consentimento suficiente. (BARTELSON, 1998, p.299-300, tradução minha)

A validade tanto da definição quanto da própria soberania é dada, portanto, através dos significados e interpretações a elas atribuídos e reificados ao longo do tempo e das discussões.

Partindo da perspectiva de Onuf (2013), um dos expoentes da corrente construtivista das

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Relações Internacionais, “De fato, falar é fazer: falar é sem dúvida a maneira mais importante que fazermos o mundo ser aquilo que ele é.” (ONUF, 2013, p.4, tradução minha) A soberania pode ser entendida, assim, como um construto. Uma construção que é válida devido a certos interesses que possuem fins específicos. Conforme apontado por Walker (1993, p.257), “O princípio da soberania estatal expressa uma articulação historicamente específica da relação entre universalidade e particularidade no espaço e no tempo.”

A linguagem, portanto, ocupa um espaço primordial não apenas na criação da soberania, como na sua inserção no imaginário coletivo doméstico e internacional dos entes que compõem o Estado – incluindo o próprio Estado enquanto categoria à parte da coletividade humana. É através da linguagem que mundos são construídos ou desfeitos; é a partir dela que se imbrica soberania e anarquia no Estado, e que o Estado per se é constituído. Um ponto importante a se ressaltar é que, embora todos os autores aqui trabalhados façam parte de um diálogo mais amplo no âmbito das Relações Internacionais, eles não pertencem às mesmas vertentes teóricas, sendo Onuf um expoente do construtivismo, e Bartelson e Walker do pós-estruturalismo. No que diz respeito a linguagem, Epstein (2013) aponta que

Mas também é preciso localizar o lugar da linguagem ao longo da divisão construtivista-pós-estruturalista que tomou forma em RI. A diferença entre os modos construtivista e pós-estruturalista de teorização gira em torno de dois entendimentos da linguagem. O construtivismo abriga uma concepção da linguagem como estruturas fixas universais de logos-nomos, cuja universalidade é fundada e garantida pela natureza humana. A razão, nesse entendimento, é o ponto principal da possibilidade de interações intersubjetivas e assim construção social. Linguagem, (ou linguagens), para o pós-estruturalismo, ao contrário, apresenta estruturas generativas abertas, sempre carregadas de relações de dominação e temporariamente fixados em conjuntos de significados historicamente contingentes (discursos), cuja solução é o resultado de uma luta política. O discurso é o principal local para o exercício, não de raciocínio consensual, mas de poder (EPSTEIN, 2013, p.502, tradução minha)

Um dos pontos cruciais na compreensão da construção da soberania – tanto na teoria quanto na prática – é o entendimento da linguagem, dos discursos sobre os quais essa concepção foi construída, como fonte não somente de criação, mas também de poder. “Apesar das aparências, a soberania não é um princípio permanente da ordem política; a aparência de permanência é simplesmente um efeito de práticas complexas que afirmam continuidades e marginalizam desordens e perigos” (WALKER, 1993, p.242, tradução minha).

A soberania também sempre esteve intimamente relacionada a ideia de que o Estado é

indivisível. Conforme a visão da teoria monista explicada por Bartelson (1998, p.300, tradução

minha) “Assim, um Estado pode ser soberano se, e somente se, houver apenas um locus de

autoridade dentro dele, pois dividir esse locus de autoridade equivaleria a dividir o próprio

estado em dois ou mais estados.” O autor acrescenta, ainda, que a soberania é concebida

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duplamente como um atributo do Estado e uma condição da sua possibilidade de sua existência, o que se deve graças a sua indivisibilidade.

Outras duas características da teoria monista, segundo Bartelson (1998), são: a distinção, que pode ser entendida basicamente como a diferenciação entre as esferas doméstica e internacional (pautada no fato de que os Estados devem ser categoricamente distintos de outras classes de agentes ou objetos); e a continuidade, concepção de que os Estados gozam de certa duração e extensão espaço-temporal. “Quando a indivisibilidade, a distinção e a continuidade são tratadas como constantes, todas elas são inferencialmente conectadas, se não definidas em termos umas das outras, e essa conexão inferencial é precisamente o que torna possível tratá-las como constantes.” (BARTELSON, 1998, p.302, tradução minha)

Contudo, é preciso ressaltar que a abordagem monista foi amplamente criticada pela visão pluralista, que enxerga o Estado como uma pluralidade unitária de componentes dele mesmo. Em ambos os casos não se contesta a ontologia já dada dos Estados, sendo a discussão ocorrida entre as correntes apenas metodológica, tratando acerca da formação unitária indivisível – ou não – do Estado. A afirmação de Bartelson (1998), serve para confirmar que a visão pluralista não faz grandes avanços com relação ao desvelamento do que é o Estado de fato: “por ter sido concebida como uma unidade de componentes plurais, o Estado agora aparece como uma pluralidade de componentes em si unitários” (BARTELSON, 1998, p.303, tradução minha)

Retomando a ideia dicótoma de interno/externo, Self/Other e comunidade/anarquia, Walker (1993) entende que a dupla interpretação – interna e externa - acerca da soberania estatal também se insere nessa interpretação particular.

Eles afirmam um claro sentimento de aqui e lá. Aqui dentro, temos segurança para solucionar os desafios característicos da Modernidade, sobre liberdades e determinações, subjetividades e objetividades de um âmbito no qual poderíamos aspirar a concretizar nossa paz e potencial, nossa autonomia, nosso Iluminismo, nosso progresso e nossa virtù(de). Lá fora precisamos ter cuidado. O exterior é estranho e desconhecido, misterioso ou ameaçador, um âmbito no qual ter coragem contra a adversidade ou paciência suficiente para subjugar aqueles cuja vida não só está em outro lugar, mas também em outro tempo. Conhecendo o outro no exterior, é possível afirmar identidades internas. Conhecendo identidades internas, é possível imaginar ausências externas (WALKER, 1993, p.255)

Com base nessas breves colocações acerca da construção da ideia de soberania interna

– e externa – é possível inferir que a soberania funciona como uma espécie de trampolim para

a anarquia. É preciso observar que, assim como a soberania, a anarquia é uma construção

passível de ser problematizada também. Se para Onuf (2013, p.7, tradução minha), “O termo

anarquia aponta para a condição de uma regra entre Estados em que nenhum Estado ou grupo

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de Estados governa sobre o resto”, para Walker (1993, p. 240), “A presumida anarquia entre os Estados tem sido uma anarquia de poucos seletos.” O autor completa, ainda

Entretanto, é essa proliferação, afirmada por explicações do Estado moderno como instituição, receptáculo de todo o significado cultural e espacial da jurisdição soberana sobre território, propriedade e espaço abstrato e, consequentemente sobre história, que ainda molda nossa capacidade de afirmar identidades particulares e coletivas (WALKER, 1993, p.240)

De forma menos crítica, Onuf (2013) acredita que a anarquia é uma das formas de arranjos feitas pelos agentes. “Os construtivistas deveriam considerar substituir a palavra

‘estrutura’ por ‘arranjo social’. Aparências à parte, a anarquia internacional é um arranjo social – uma instituição – em grande escala.” (ONUF, 2013, p.7, tradução minha). Porém, para além dessa abordagem de Onuf de que a anarquia acontece quase que como se através de um acaso qualquer, um simples meio de organização internacional, a anarquia pode ser entendida como uma configuração pensada para atingir determinados interesses, em especial aqueles relacionados a criação e reificação do Estado, tanto no discurso quanto na prática.

Recuperando o argumento de Walker (1993) de que premissa da soberania estatal está localizada em um contexto histórico específico e advém de uma relação determinada no espaço e no tempo e partindo da postulação de Cox e Sinclair (1996, p.87, tradução minha) de que

“Teoria é sempre para alguém e com algum propósito”, cabe a nós, os internacionalistas de hoje, pensarmos a quem serve as máximas de que o Estado é construído, inexoravelmente, em um contexto de soberania doméstica e anarquia internacional e, a partir deste e outros questionamentos, ressignificar princípios e leis ‘irrevogáveis’, que não são mais do que construtos predefinidos em um determinado tempo, espaço e por um grupo de pessoas específico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, o Estado, que é construído com base na soberania e na anarquia, e que encontra não apenas seu significado, mas também sua existência nesses dois conceitos, passa a reter e emanar sua autoridade a partir desse par dicotômico. No plano teórico, o Estado e a sua constituição anarco-soberana podem ser localizados no tempo e no espaço, sempre servindo a interesses de grupos específicos e sendo considerados imutáveis.

Retomando o argumento inicial desse texto, o Estado ancora-se em um não-lugar, nesse

espaço de convergência e separação entre soberania e anarquia. Nessa terra, que é

paradoxalmente nula e marcada por construções sociais, local em que o Estado acredita ser

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soberano internamente e participante de um sistema anárquico externamente, é possível assoprar algumas névoas que encobrem os olhos de muitos teóricos e, a partir disso, concluir que é exatamente nessa divisão que o Estado é e encontra sua razão de ser.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bartelson, J. ‘Second Natures: Is the State Identical with Itself?’, European Journal of International Relations 4(3), 1998

Bull, H. The Anarchical Society: A Study of Order in World Politics. (3rd Edition), New York:

Palgrave, 2002

Cox, W. R., & Sinclair, J. T. Approaches to World Order. Cambridge: Cambridge University Press, 1996

Epstein, C. “Constructivism or the eternal return of universals in International Relations. Why returning to language is vital to prolonging the owl’s flight”. European Journal of International Relations 19(3) 499 –519

Morgenthau, H. Política entre as Nações. Brasília: Editora UnB, 2002

Onuf, N. Making Sense, Making Worlds: Constructivism in Social Theory and International Relations. London and New York: University of South Carolina, 2013

Walker, R.B.J. Inside/outside: International Relations as Political Theory. Cambridge:

Cambridge University Press, 1993

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