ESTUDO DA PRODUÇÃO DE CAFÉ BENEFICIADO NO ESTADO DE MINAS GERAIS NOS ANOS DE 2002 A 2006 UTILIZANDO A TÉCNICA DE BOXPLOT

ESTUDO  DA  PRODUÇÃO  DE  CAFÉ  BENEFICIADO  NO  ESTADO  DE  MINAS  GERAIS NOS ANOS DE 2002 A 2006 UTILIZANDO A TÉCNICA DE BOXPLOT 

GAS  Ferraz  –  graduando  em  Engenharia  Agrícola  ‐  Universidade  Federal  de  Lavras  ‐  gaferraz1@yahoo.com.br; 

 PF Ponciano – graduanda em Zootecnia Universidade Federal de Lavras ‐ patyponciano@yahoo.com.br 

Minas Gerais se destaca no cenário nacional por sua histórica aptidão agropecuária, dentre elas é  destaque nacional e mundial na produção de café. Dentre os processos a qual o café é submetido após sua  colheita está o beneficiamento, que tem por objetivo transformar o café em coco, ou em pergaminho, já seco,  em  café  em  grão.  Esta  operação  geralmente  é  realizada  na  fazenda  pelo  próprio  cafeicultor,  desta  forma  possibilita  a  agregação  de  valor  ao  produto,  diminui  o  volume  a  transportar  e  geralmente  garante  uma  melhor estimativa de renda do seu café. 

O objetivo deste estudo é utilizar a técnica de estatística espacial para avaliar a existência ou não  de uma componente espacial que influencia na produção de cafés beneficiados no estado de Minas Gerais no  período de 2002 a 2006. E assim, tornar possível o entendimento do comportamento do beneficiamento do  café podendo contribuir para a logística de escoamento da produção. 

As informações sobre a quantidade de cafés beneficiados (em toneladas) em todos os municípios  do  estado  de  Minas  Gerais  foram  obtidas  a  partir  da  Produção  Agrícola  Municipal  (PAM)  do  Instituto  Brasileiro  de  Geografia  e  Estatística  (IBGE).  Esta  base  de  dados  disponibiliza  a  quantidade  e  valor  dos  produtos  de  origem  vegetal,  segundo  Mesorregiões,  Microrregiões,  Municípios  e  Estados.  Informações  georeferenciadas dos municípios tais como coordenadas planas e polígonos indicando as fronteiras foram  obtidas a partir do Programa Integrado de Uso da Tecnologia de Geoprocessamento pelos Órgãos do Estado  de Minas Gerais (GEOMINAS).  

A análise espacial realizada foi o Box plot, que é um gráfico composto por uma caixa central (box), 

“hinges”,  “Whiskers”  e  “outliers”.  A  caixa  central  mostra  os  dados  entre  “hinges”,  com  a  mediana  representada por uma linha dentro da caixa. “Whiskers” (linhas verticais), iniciando no meio da base (e do  topo)  da  caixa  e  terminando  em  valores  extremos  indicam,  aproximadamente,  a  variabilidade  dos  dados. 

Valores  muito  extremos  do  conjunto  de  dados  (acima  e  abaixo  dos  “whiskers”),  representados  por  linhas  paralelas são denominados “outliers”.  

A análise exploratória realizada foi o cartograma de box‐plot que é uma técnica gráfica que mostra  o comportamento dos dados no espaço. No cartograma de box‐plot os municípios são divididos em quatro  grupos  e  os  “outliers”  (municípios  com  valores  muitos  altos  ou  muito  baixos  de  produção  de  café  beneficiado)  são  destacados  separadamente.  A  análise  exploratória  da  quantidade  de  café  produzida  no  período  foi  realizada  utilizando  o  sistema  computacional  estatístico  R,  enquanto  a  análise  espacial  foi  realizada utilizando o Geodata Analysis Software. Os dois softwares são livres. 

Resultados e Conclusões 

A  Figura  1  apresenta  o  Box  plot  da  produção  de  café  beneficiado  durante  o  período  de  2002  a  2006. Através desta figura observa‐se que a distribuição da produção de café beneficiado no estado oscila se  tornando  praticamente  sendo  a  mesma  de  dois  em  dois  anos,  fato  este  devido  à  bienalidade  do  café.  Em  média,  os  municípios  produziram  1525  toneladas  de  café  beneficiado  por  ano.  Mas  alguns  municípios  se  destacam atingindo grandes quantidades produzidas, chegando até a mais de 30000 toneladas/ano. Merece  destaque o município de Patrocínio, que se manteve como o maior produtor de café beneficiado do estado  durante os anos de 2003 a 2006, possuindo produção média de 31599 toneladas/ano. Outros municípios  grandes  produtores  são  Três  Pontas  (28980  t/ano),  Rio  Paranaíba  (21378  t/ano)  e  Nepomuceno  (21060  t/ano). 

Figura 1 Box Plot da produção de café beneficiado no estado de Minas Gerais no período de 2002 a 2006. 

Figura 2 – Mapas box plot (hinge = 1,5) da produção de Cafés Beneficiados no estado de Minas Gerais: A)  2002, B) 2003, C) 2004, D) 2005 e E)2006 

A  B  C 

D  E 

Os mapas baseados na técnica de box‐plot representados pela figura 2, apresentam a distribuição  da produção de cafés beneficiados em Minas Gerais durante o período de 2002 a 2006. Eles comprovam a  evidência  de  que  realmente  existe  uma  componente  espacial  na  produção  de  café  beneficiado  de  Minas  Gerais.  Considerando  as  cores  escuras  como  sendo  indicativas  de  cidades  grandes  produtoras  de  cafés  beneficiados  e  as  cores  claras  indicando  as  cidades  com  baixa  produção.  É  perceptível  a  grande  variabilidade espacial na produção de cafés beneficiados existente no estado. Desta forma, ao analisarmos  os dados, notamos uma grande incidência de produções menores na região Nordeste do estado e a presença  dos maiores produtores na região Sudeste, Centro‐oeste e no Sul de Minas. Esta distribuição espacial sofreu  pouquíssima  alteração  ao  longo  dos  anos.  Portanto,  quem  produzia  muito  continuou  a  produzir  e  quem  produzia pouco não aumentou significativamente a sua produção no período. 

Através  dos  cartogramas  de  box‐plot  observou‐se  a  existência  de  grande  variabilidade  na  produção  de  cafés  beneficiados  entre  os  municípios  de  Minas  Gerais.  Em  geral,  a  maioria  dos  municípios  mineiros  produz  pouco  café  beneficiado  e  poucos  municípios  produzem  muito.  A  produção  de  café  beneficiado  possui  uma  componente  espacial,  sendo  que  na  Região  Sudeste,  Cento  oeste  e  Sul  de  Minas  estão localizados alguns dos municípios que mais produzem cafés beneficiados. O município de Patrocínio  se destacou como o maior produtor do estado.