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Projecto de Organizaçao Sanitaria o Estado de Sao Paulo

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Academic year: 2017

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PROJETO

DE ORGANIZA@0

SANITARIA

PARA 0

ESTADO

DE SÁO PAULO

Pelo Dr. RUBENS TAVARES

Siío Paulo. Brasil

Ha muitos anos que Sao Paulo se esforca para tornar perfeitas as suas condicóes de higiene, salubridade e assistência públicas. A boa orienta$%o em matkria de saneamento em geral, do Brasil, em sfntese, 6 aquela que tiver o seguinte programa: Agua canalizada, protegida e com fartura para abastecimento a toda vila ou cidade; rede de esgôtos; habitacóes higiênicas, com impermeabilidade do solo e protecao térmica; iluminacao e cubagem necessárias, renovapáo do ar, e latrinas perfeitamente ligadas ao esgôto geral; instru@o de higiene individual; calcado obrigatório; vestuario apropriado; asseio corporal, banhos e lavagens repetidas das maos; higiene da alimentacao e da agua potável (fervura quando necessária, ou filtra@0 ou cloracão) ; conhecimento dos meios de evitar o contagio das moles- tias e fiscalizacao dos géneros alimentares; insola@o e exercícios ffsicos.

0 problema sanitario do interior do Estado, como de todo o Brasil em geral, depende indiscutívelmente da transforma@,o de grande parte de seu meio- ambiente, pela higiene em geral e especialmente a profilática. Precisamos preparar modificando sistemáticamente o meio-ambiente, onde vive o povo, tornando-o perfeitamente higiênico, assim como as condicóes de vida; do contrario, con- tinuará o desperdicio fabuloso e inútil do dinheiro da nacáo, isto é, continuaremos, aquí e acola, a carregar agua em peneira.

É

bom capitular, que a higiene deve ser constituida de 3 partes: do meio, individual e coletiva ou pública.

A higiene do meio inclue o estudo do solo, da agua, do ar e da habitacao, representando esta última um meio limitado e modificado. A higiene individual inclue o estudo da evolucáo do indivíduo e o de suas propriedades mensuraveis- a biometria-bem como analisa as questóes que se prendem aos cuidados cor- porais, ao vestuario, á alimentacao e ao trabalho, tanto ffsico, quanto mental. A higiene coletiva considera o estudo das massas de populagão, quer pelo lado de seus característicos etnograficos-a demografia ou descricao do pavo, quer pelo lado de sua avaliacão estatística, demometria ou medicacao do povo, e aprécia em seguida as condicões especiais da vida urbana, rural, escolar e profissional- aí se enquadrando também os importantes problemas sociais, que sao a eugenia, a puericultura e a luta contra as doencas transmissíveis, contra o alcoolismo c contra as outras intoxica@es euforísticas.

Um plano sistemático para o estudo da higiene deve incluir também a questao da organiza@0 sanitaria, municipal, estadual, nacional e internacional, de seus meios de a@o e dos resultados, a que pode chegar.

Desde 1886, data a funda@0 dos servicos de higiene de Sao Paulo, que antes SC resumiam práticamente, na montagem de hospitais de emergência, em épocas epidêmicas, a cargo das autoridades policiais. Dizia o Dr. Marcos Arruda, primeiro diretor de higiene: “Instalada desde 11 de marco de 1886, a reparticáo de higiene da provincia de São Paulo, continua funcionando-sempre no consul- t6rio médico do inspetor de higiene, que também a sua custa particular a tem montado e sustentado até hoje.” Desde aquela época tem havido muitas remo- delacóes e reorganiza@es nos servicos de saúde pública de Sao Paulo, com a evolucão

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e progresso desta capital e de seu Estado. Com efeito, os problemas sanitários conseguem despertar o m&ximo interêsse, em todas as administracóes. Onde nada havia, criam-se servicos novos, e as organiza@es antigas são submetidas a re- modela@es, tendentes a coloc&las na altura das necessidades e dos conhecimentos atuais.

A obra de saúde pública pode ser avaliada por várias indicacóes: coeficientes de mortalidade, de morbilidade e índices sanitários diversos; despesas com servicos de higiene, em rela@o ao total das despesas públicas, das outras reparti- @es e das várias seccóes do servico sanitário; custo de cada unidade de trabalho e custo per capital, em relagáo à coletividade servida; inspecão e cadastro geral dos elementos de a@o, em matéria de saúde pública. Método de primera ordem, que vai tendo rApida utilizacáo nos Estados Unidos, é o sistema de padróes, para avaliacáo da atividade sanitária em pontos que representam fracão de um total a atingir.

A organiza@0 sanitária brasileira necessita, em primeriro lugar, de articulacão de seus esforcos. Numa grande cidade, como São Paulo, de mais de um milhão de habitantes, os servicos mais importantes da higiene pública e suas diretivas técnicas, deveriam ficar confiados a centros de saúde, que representariam, cada um dêles, urna pequena diretoria de saúde pública. Todas as municipalidades deveriam concorrer, de fato, com urna parte de suas rendas, para a manuten@0 dos encargos de higiene pública.

A cidade, dividida em áreas, urbanas e suburbanas, em cada urna: um centro de saúde completo, sede da atividade do respetivo sanitarista, profissional especia- lizado, trabalhando sob o regime de tempo integral, e ao deu redor, médicos também especialistas, de tempo parcial, fazendo funciorkar os dispensários, em dias e horas diferentes. Cada centro dêsses seria também um centro de enfermeiras, um centro de propaganda, um centro de educacão sanitária e um centro de esforcos, em matéria de saúde pública, naquela área limitada, onde o sanitarista estudaria seus coeficientes de morbilidade, de mortalidade infantil, etc., e seria responsável por todo o trabalho, apresentando um relatório anual, com avaliacão da eficiência de sua obra. No interior, nas eidades maiores, centros de saúde iguais aos da Capital, e nas menores, postos permanentes de higiene, subordinados e sob a fiscalizacão dos centros de saúde.

0 ideal seria que cada cidade ou município possuisse seu centro de saúde ou pôsto permanente de higiene, dirigido por pessoal habilitado e custeado com os seus próprios recursos. A saúde de sua populacão é de interêsse direto e deve ser amparada e guiada por seu govêrno local. il organizacão deve ser estadual, e quando os recursos financeiros locais não comportassem as despesas sanitdrias, receberA a contribnicáo financeira, necessária, do Estado. A verba para a manuten@0 do centro ou pôsto de higiene municipal, que pode ser urna organiza- @O nacional, poderá ser obtida pela União, pelo Estado, município e por doacóes ou subvencóes particulares.

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REPARTICAO SANITARIA PANAMERICANA [Janeiro 19351

enfermos, ou reformas e reconstrucões, num servico mais técnico e especializado. Seriam assim regulamentados os servigos internos dos hospitais, e também fiscalizado o regime diet&ico dos enfermos.

‘!# Por patriotismo, aliado $ experiencia e conviccão, sejam adoptadas, na organi- zapão saniktria, as seguintes sugestóes: A repartipño sanitária deve ser um org,?o essencialmente técnico, autanomo, ligado diretamente ao Chefe de Estado, dis- pondo de dotacóes orcamentárias próprias (10 por cento da despesa total do Estado), que movimentara, segundo as exigências do bem-estar público, de modo a permitir a@o pronta, rápida e eficaz; o servico de higiene deve ser completa- mente estranho 21s desorganizadoras influkncias políticas; a sua direcáo deve ser confiada a um chefe-técnico, permanente; adotado o regime de tempo integral para os profissionais; facilitado o rej nvenescimento do quadro do pessoal tecnico, pela aposentadoria, com todos os vencimentos, aos 60 anos de idsde, ou 25 anos de serviso público, prestado à reparticáo sanitaria, como prêmio.

Independente do Conselho Superior de Higiene e Saúde Pública, criado pelo Regulamento do Departamento Nacional de Saúde Pública, o Estado de Sá;o Paulo deve ter organizado o seu Conselho Superior de Higiene, composto do diretor geral do servico sanitario e seus principais auxiliares, chefes dos servipos; dos professores catedraticos e assistentes de higiene da faculdade de medicina e de engenharia sanitaria da Escola Politécnica; do director do instituto de higiene; do procurador geral do Estado, conselho que poderia ser presidido pe!o secretario da saûde pública.

E indiscutivel, porém, que na organizacao sanitaria, o elemento essencial de sucesso depende do factor moral, expresso pelo entusiasmo e fé patriótica dos diversos servisos, estimulando as iniciativas e os esforcos dos executores das atividades sanitarias, com principios de abnegacbo, pertinacia e diligência nos trabalhos. Si aos chefes de organixa@cs sanitarias faltar essa condicão essencial de triunfo, por melhor remunerados ou por mais aprimorados em seu preparo especializado pouaa ou nenhuma eficiencia alcan$aráo os resultados obtidos, por isso que nao os inflama a dedicacao pelo servico, cuja grandiosa finalidade nao lhes consegue despertar a displicência profissional.

Orcamenlos.- No capítulo orcamento, de que depende a avaliacáo real dos servicos e na indica@0 do custo das unidades de trabalho, podemos fazer idáia das praticas administrativas, em saúde pública. A proporcão com que figuram as despesas com a organizacao sanitaria: no total das despesas públicas gerais, para a mesma coletividade, representa urna indica@0 muito útil. Assim, poderemos dizer, que o Estado do Rio consagrou, em 1926, 2.3 por cento de suas verbas, aos servicos de saúde pública; o Estado de Sáo Paulo, 3.1 por cerito, e o Distrito Federal, 5.7. 0 criterio admitido, como base mfnima para dotacões orcamentarias das diferentes reparticóes da saúde pública, deveria ser de 10 por cento da despesa total do Estado. Avaliando em cerca de Rs. 453,606:980$000 a despesa total do Estado de Sáo Paulo, a quota destinada aos servioos de saúde pública, nunca deveria ser inferior a Rs. 45,360:000$000, quando foi apenas de Rs. 10,695:125$000, a verba votada para as despesas do Servio0 Sanitario do Estado (náo englobadas as importancias destinadas aos manicômios oficiais, hospitais mantidos e subvencionados pelo poder estadual). De 1926 a 1930 houve um aumento dc cerca de 175 mil contos, na despesa geral do Estado, e apenas um acrescimo de cerca de 900 contos, na verba destinada ao ServiGo Sanitario de todo o Estado.

É necessário que o Govêrno do Estado denote grande interêsse ao problema sanitario, no sentido de lhe dar moderna e eficaz orientapáo, mas sobretudo sejam, num belo dia, aumentados os seus orcamentos, revelando assim o qua,nto lhe mereccm as questões que dizem de perto com a saúde do povo e o bem-estar da coletividade, minorando-lhe os sofrimentos, extinguindo as mazelas e possi- bilitando urna vida mais longa e saudável. (Gaz. Clin., 96. ab. 1934.)

Referências

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