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Teoria de Conjuntos e Funções

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Academic year: 2021

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(1)

Teoria de Conjuntos e Fun¸

oes

V´ıctor Arturo Mart´ınez Le´

on (victor.leon@unila.edu.br)

1

Introdu¸

ao `

a teoria de conjuntos

Um conjunto ´e formado de objetos, que s˜ao chamados de elementos. A rela¸c˜ao b´asica entre um objeto e um conjunto ´e a rela¸c˜ao de pertinˆencia. Quando x ´e um dos elementos que comp˜oem o conjunto A, dizemos que x pertence a A e escrevemos x ∈ A. Caso contrario, dizemos que x n˜ao pertence a A e escrevemos x /∈ A.

Exemplo 1. Seja A o conjuntos dos triˆangulos retˆangulos. Um objeto x pertence a A quando ´

e um triˆangulo e um de seus ˆangulos ´e reto. Se x n˜ao for um triˆangulo ou x for um triˆangulo que n˜ao possui ˆangulo reto, ent˜ao x n˜ao pertence a A.

Usa-se a nota¸c˜ao

X = {a, b, c, . . .}

para representar ao conjunto X cujos elementos s˜ao os objetos a, b, c, etc. Por exemplo {, 4} ´

e o conjunto cujos elementos s˜ao os objetos  e 4. Dado um objeto a, pode-se considerar o conjunto cujo ´unico elemento ´e a. Esse conjunto ´e representado por {a} e ´e chamado de conjunto unit´ario.

Exemplo 2. O conjunto dos n´umeros naturais formado pelos n´umeros 1, 2, 3, . . . ser´a denotado por o simbolo N. Por tanto

N = {1, 2, 3, . . .}.

O conjunto dos n´umeros inteiros que ser´a denotado por o simbolo Z. Assim Z = {. . . , −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, . . .}.

O conjunto Q dos n´umero racionais ´e formado pelas fra¸c˜oes p/q onde p ∈ N e q ∈ Z, sendo q 6= 0. Em s´ımbolos,

Q = {p/q; p ∈ N, q ∈ Z, q 6= 0}.

O m´etodo mais frequente de definir um conjunto ´e atrav´es de uma propriedade comum e exclusiva de seus elementos. Mais precisamente, parte-se de uma propriedade P . Ela define um conjunto X, assim se um objeto x goza da propriedade P , ent˜ao x ∈ X. Escreve-se

X = {x; x goza da propriedade P }.

Exemplo 3. A propriedade P de um n´umero natural ser maior do que 4, define o conjunto X = {5, 6, 7, 8, . . .}, ou seja,

X = {x ∈ N; x > 4}. `

As vezes, ocorre que nenhum elemento de E satisfaz a propriedade P . Neste caso, o conjunto {x ∈ E; x goza a propriedade P } n˜ao possui elemento algum. Isto ´e o chamado conjunto vazio o qual denotaremos ∅. Por tanto o conjunto vazio ∅ ´e definido assim: qualquer que seja x, tem-se que x /∈ ∅.

Exemplo 4. Temos que {x ∈ N; 1 < x < 2} = ∅ e tamb´em {x ∈ N; x 6= x} = ∅.

Dados os conjuntos A e B, dizemos que A ´e um subconjunto de B quando todo elemento de A ´e tamb´em elemento de B. O qual denotaremos A ⊆ B. A rela¸c˜ao A ⊆ B chama-se de rela¸c˜ao de inclus˜ao.

(2)

Exemplo 5. N ⊆ Z ⊆ Q. Exemplo 6. Seja

P = {. . . , −8, −6, −4, −2, 0, 2, 4, 6, 8, . . .} chamado o conjunto dos n´umero pares e seja

I = {. . . , −7, −5, −3, −1, 1, 3, 5, 7, . . .}

chamado o conjunto dos n´umeros impares. Note que P ⊆ Z e I ⊆ Z. Observe tamb´em que podemos escrever estos conjuntos como segue

P = {2n; n ∈ Z} e I = {2m − 1; m ∈ Z}.

Exemplo 7. Seja X o conjunto dos quadrados e Y o conjunto dos retˆangulos. Todo quadrado ´

e um retˆangulo, logo X ⊆ Y .

Dizemos que dos conjuntos A e B s˜ao iguais, o que denotamos A = B, se e somente se todo elemento de A ´e elemento de B e todo elemento de B ´e elemento de A. Em s´ımbolos:

A = B ⇔ [(x ∈ A ⇒ x ∈ B) ∧ (x ∈ B ⇒ x ∈ A)] Teorema 1. Se satisfazem as seguintes propriedades:

(i) ∅ ⊆ A para todo conjunto A. (ii) ∅ ⊆ A para todo conjunto A.

(iii) A = B se e somente se A ⊆ B e B ⊆ A. (iv) Se A ⊆ B e B ⊆ C ent˜ao A ⊂ C.

Note que quando escreve-se X ⊆ Y n˜ao est´a exclu´ıda a possibilidade de vir a ser X = Y . No caso em que X ⊆ Y e X 6= Y , diz-se que X ´e uma parte pr´oprio ou um subconjunto pr´oprio de Y o que denotamos por X ⊂ Y . Quando dizemos que A n˜ao ´e subconjunto de B quer dizer que existe um elemento a ∈ A tal que a /∈ B, o que denotamos por A 6⊆ B.

Exemplo 8. Q 6⊆ N.

Dado um conjunto X, denotamos por P(X) o conjunto formado por todos os subconjuntos de X. Isto ´e, A ∈P(X) ´e o mesmo dizer que A ⊆ X. P(X) ´e chamado conjunto das partes de X (ou conjunto potˆencia).

Observa¸c˜ao 1. Como ∅ ⊆ X e X ⊆ X ent˜ao ∅, X ∈ P(X) logo P(X) 6= ∅. Tamb´em tem-se que P(∅) = ∅.

Exemplo 9. Seja X = {1, 2, 3} ent˜ao

P(X) = {∅, {1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, X}. Teorema 2. Se X ⊆ Y ent˜aoP(X) ⊆ P(Y ).

(3)

2

Opera¸

oes com conjuntos

Vamos a definir a continua¸c˜ao as opera¸c˜oes existentes entre conjuntos:

Defini¸c˜ao 1. Dados dois conjuntos A e B. A uni˜ao de A e B, denotado por A∪B, ´e o conjunto formado por todos os elementos A mais os elementos de B. Assim afirmar que x ∈ A ∪ B quer dizer que pelo menos umas das afirma¸c˜oes ´e verdadeira x ∈ A ou x ∈ B. Em s´ımbolos

A ∪ B = {x; x ∈ A ∨ x ∈ B}.

Teorema 3. Dados A, B, C, A0 e B0 conjuntos. Se satisfazem as seguintes propriedades: (i) A ⊆ A ∪ B e B ⊆ A ∪ B. (ii) A ∪ ∅ = A. (iii) A ∪ A = A. (iv) A ∪ B = B ∪ A. (v) A ∪ (B ∪ C) = (A ∪ B) ∪ C. (vi) A ⊆ B ent˜ao A ∪ C ⊆ B ∪ C. (vii) A ∪ B = A se e somente se B ⊆ A. (viii) A ⊆ B e A0⊆ B0 ent˜ao A ∪ A0⊆ B ∪ B0. Exemplo 10. Z = P ∪ I.

Por outro lado, lembremos uma afirma¸c˜ao dos n´umero inteiros: Afirma¸c˜ao: Dado p ∈ Z se satisfaz

(i) Se p ∈ I ent˜ao p2 ∈ I. (ii) Se p2 ∈ P ent˜ao p ∈ P . De fato:

(i) Como p ∈ I ent˜ao existe m ∈ Z tal que p = 2m − 1 logo

p2 = (2m − 1)2= 4m2− 4m + 1 = 2(2m2− 2m + 1) − 1 e como 2m2− 2m + 1 ∈ Z temos que p2 ∈ I.

(ii) Suponhamos que p /∈ P e por o Exemplo 10 ent˜ao p ∈ I e por (i) temos que p2 ∈ I o que ´e absurdo pois p2 ∈ P .

H´a muitos anos, surgiu a seguinte pergunta:

Ser´a que existe d ∈ Q tal que d2 = 2? a resposta a essa pergunta ´e n˜ao.

De fato: se existe d ∈ Q tal que d2 = 2, como d ∈ Q existem p ∈ N e q ∈ Z, q 6= 0 tal que d = p/q ´e uma fra¸c˜ao irredut´ıvel(isto ´e, p e q n˜ao tem fatores comuns). Assim como d2 = 2 e pela afirma¸c˜ao anterior, temos

 p q

2

(4)

agora como p ∈ P existe n ∈ Z tal que p = 2n, onde n ∈ Z logo temos 4n2 = p2= 2q2⇒ q2 = 2n2 ⇒ q ∈ P,

assim p e q s˜ao pares o que ´e absurdo pois p e q n˜ao tem fatores comuns.

Por tanto, tal n´umero que satisfaz que d2 = 2 n˜ao ´e racional, este n´umero d ´e chamado de n´umero irracional. Denotaremos por

I = {conjuntos dos n´umeros irracionais}. Note que I 6= ∅, pois d ∈ I.

Exemplo 11. Assim definimos R = Q ∪ I chamado conjunto dos n´umeros reais.

Defini¸c˜ao 2. Dados dois conjuntos A e B. A interse¸c˜ao de A e B, denotado por A ∩ B, ´e o conjunto formado por todos os elementos comuns de A e B. Assim afirmar que x ∈ A ∩ B quer dizer, que tem-se ao mesmo tempo que x ∈ A e x ∈ B. Em s´ımbolos:

A ∩ B = {x; x ∈ A ∧ x ∈ B}.

Teorema 4. Dados A, B, C, A0 e B0 conjuntos. Se satisfazem as seguintes propriedades: (i) A ∩ B ⊆ A e A ∩ B ⊆ B. (ii) A ∩ ∅ = ∅. (iii) A ∩ A = A. (iv) A ∩ B = B ∩ A. (v) A ∩ (B ∩ C) = (A ∩ B) ∩ C. (vi) A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) e A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C). (vii) A ⊆ B ent˜ao A ∩ C ⊆ B ∩ C. (viii) A ∩ B = A se e somente se A ⊆ B. (ix) A ⊆ B e A0⊆ B0 ent˜ao A ∩ A0⊆ B ∩ B0.

Exemplo 12. Sejam A = {x ∈ N; x ≤ 10} e B = {x ∈ N; x > 5} ent˜ao A ∪ B = N e A ∩ B = {6, 7, 8, 9, 10}.

Exemplo 13. Sejam A = {x ∈ N; x > 2} e B = {x ∈ N; x < 3} ent˜ao A ∩ B = ∅.

Quando dois conjuntos A e B satisfazem que A ∩ B = ∅ dizemos que A e B s˜ao disjuntos. Defini¸c˜ao 3. Seja X um conjunto e seja A ∈P(X), o complemento de A com respeito a X, denotada porCX(A), ´e o conjunto formado por todos os elementos de X que n˜ao pertencem

a A. Em s´ımbolos:

CX(A) = {x ∈ X; x /∈ A}.

Teorema 5. Dados A e B emP(X). Se satisfazem as seguintes propriedades: (i) A ⊆ B ent˜ao CX(B) ⊆CX(A).

(ii) CX(CX(A)) = A.

(5)

(iv) CX(A) = X se e somente se A = ∅.

(v) CX(A ∪ B) =CX(A) ∩CX(B).

(vi) CX(A ∩ B) =CX(A) ∪CX(B).

(vii) A ∩CX(A) = ∅ e A ∪CX(A) = X.

Exemplo 14. CZ(P ) = I, CZ(I) = P , CR(Q) = I e CR(I) = Q.

Defini¸c˜ao 4. Seja X um conjunto e seja A, B ∈P(X). A diferen¸ca entre A e B , denotado por A − B (ou A \ B), ´e o conjunto formado pelos elementos de A que n˜ao pertencem a B. Em s´ımbolos:

A − B = {x ∈ X; x ∈ A e x /∈ B}. Observa¸c˜ao 2. A − B = A ∩CX(B).

Teorema 6. A − B = A − (A ∩ B).

Frequentemente, tem-se um conjunto X que cont´em todos os conjuntos que ocorrem numa certa discuss˜ao. Neste caso, a diferen¸ca X − A chama-se simplesmente o complementar de A e denota-se C (A)(ou Ac). Em s´ımbolos, temos

x ∈ Ac⇔ x /∈ A.

Exemplo 15. Sejam A = {x ∈ Z; x ≥ −3} e B = {x ∈ Z; x ≤ 2}. Ent˜ao A−B = {x ∈ Z; x ≥ 3} e B − A = {x ∈ Z; x ≤ −4}. Tomando Z como conjunto b´asico ent˜ao Ac= {x ∈ Z; x < −3} e Bc= {x ∈ Z; x > 2}.

Exemplo 16. Tomando R como conjunto b´asico temos Qc = I e Ic = Q. Tomando Z como conjunto b´asico Pc= I e Ic= P .

A no¸c˜ao de diferen¸ca reduz-se `a complementar, do seguinte modo: dados A e B conjuntos, contidos num conjunto fundamental X, relativamente ao qual tomamos complementares, temos:

A − B = A ∩ Bc.

3

Pares ordenados

Defini¸c˜ao 5. Dados os objetos a e b, o par ordenado (a, b) ´e por defini¸c˜ao o conjunto formado por dois elementos o conjunto unit´ario {a} e o conjunto {a, b}. Em s´ımbolos, temos

(a, b) = {{a}, {a, b}}.

a ´e chamada primeira coordenada e b ´e chamada segunda coordenada.

Observa¸c˜ao 3. No caso que a ∈ X e b ∈ Y temos que {a}, {a, b} ⊆ X ∪ Y logo {a}, {a, b} ∈ P(X ∪ Y ) assim {{a}, {a, b}} ⊆ P(X ∪ Y ) por tanto {{a}, {a, b}} ∈ P(P(X ∪ Y )).

Teorema 7.

(a, b) = (c, d) se e somente se a = c e b = d.

Isto ´e, dois pares ordenados (a, b) e (c, d) s˜ao iguais se suas primeira coordenadas a e c, forem iguais e suas segundas coordenadas b e d, tamb´em.

Repare que (a, b) 6= (b, a) salvo se a = b. De maneira an´aloga definimos ternos ordenados (a, b, c) ou n-tuplas ordenadas (a1, . . . , an).

(6)

Defini¸c˜ao 6. O produto cartesiano dos conjuntos A e B, que denotamos por A × B, ´e o conjunto cujos elementos s˜ao pares ordenados (a, b) cuja primeira coordenada a ∈ A e a segunda b ∈ B. Em s´ımbolos, temos

A × B = {(a, b); a ∈ A e b ∈ B}.

Quando A = B, denotamos A2= A × A. De maneira an´aloga definimos A × B × C = {(a, b, c); a ∈ A, b ∈ B e c ∈ C},

assim denotamos A3 = A × A × A e An= A × · · · × A (n-vezes). O subconjunto ∆ ⊆ A × A, formado pelos pares (a, a) cujas coordenadas s˜ao iguais, chama-se a diagonal de A2.

Exemplo 17. Seja A = {1, 2, 3} e B = {, 4} ent˜ao

A × B = {(1, ), (1, 4), (2, ), (2, 4), (3, ), (3, 4)}.

Surge a seguinte pergunta: A × B = B × A? Em principio, note que quando A = B temos a igualdade. Em geral a resposta ´e n˜ao! De fato, considere o exemplo anterior, logo temos

B × A = {(, 1), (, 2), (, 3), (4, 1), (4, 2), (4, 3)}.

Exemplo 18. A introdu¸c˜ao de coordenadas cartesianas no plano faz com que cada ponto seja representado por um par ordenado (x, y), onde x ´e sua abscissa e y sua ordenada. Isto identifica o plano com o produto cartesiano R2 = R × R, onde R ´e o conjunto dos n´umeros reais. Teorema 8. Dados A, B, X e Y conjuntos, temos as seguinte propriedades:

(i) Ou A = ∅ ou B = ∅ se e somente se A × B = ∅. (ii) Se A ⊆ X e B ⊆ Y ent˜ao A × B ⊆ X × Y . (iii) (A ∪ B) × X = (A ∪ X) × (B ∪ X). (iv) (A ∩ B) × (X ∩ Y ) = (A × X) ∩ (B × Y ). (v) (A − B) × X = A × X − B × X.

4

Rela¸

oes

Defini¸c˜ao 7. Dados os conjuntos A e B. Uma rela¸c˜ao R de A em B ´e um subconjunto do produto cartesiano de A e B. Em s´ımbolos, R ´e uma rela¸c˜ao de A em B se R ⊆ A × B. Observa¸c˜ao 4. Tem-se:

1. R ∈P(X × Y ).

2. Se acostuma escrever aRb em vez de (a, b) ∈ R.

3. Se Y = X 6= ∅ ent˜ao R ∈P(X2) ´e chamada de rela¸ao bin´aria em X.

Exemplo 19. Seja A = {1, 2, 3} e B = {2, 4, 6} ent˜ao

A × B = {(1, 2), (1, 4), (1, 6), (2, 2), (2, 4), (2, 6), (3, 2), (3, 4), (3, 6)}

logo R = {(1, 2), (2, 4), (3, 6)} ´e uma rela¸c˜ao de A × B. Note que podemos escrever R como segue R = {(x, 2x); x ∈ A}.

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Defini¸c˜ao 8. O dom´ınio de uma rela¸c˜ao R de A em B, que denotamos Dom(R), ´e o conjunto formado pelas primeiras coordenadas dos pares em R e a imagem da rela¸c˜ao R, que denotamos Im(R), ´e o conjunto formado pelas segundas coordenadas dos pares em R, isto ´e,

Dom(R) = {a; (a, b) ∈ R} e Im(R) = {b; (a, b) ∈ R}. Observa¸c˜ao 5. Dom(R) ⊆ A e Im(R) ⊆ B.

Exemplo 20. Consideremos a rela¸c˜ao R do Exemplo 18, temos Dom(R) = A e Im(R) = B, nem sempre acontece isto. Por exemplo consideremos a seguinte rela¸c˜ao:

S = {(1, 2), (1, 4), (2, 2)} de A em B, neste caso, temos

Dom(S) = {1, 2} e Im(S) = {2, 4}.

Defini¸c˜ao 9. A inversa de uma rela¸c˜ao R, que denotamos por R−1, ´e uma rela¸c˜ao de B em A definido como segue

R−1= {(b, a); (a, b) ∈ R}. Exemplo 21. As rela¸c˜oes inversas do Exemplo 18 e 19 s˜ao

R−1 = {(2, 1), (4, 2), (6, 3)} e S−1= {(2, 1), (4, 1), (2, 2)} respectivamente, cujos dom´ınios e imagens s˜ao

Dom(R−1) = {2, 4, 6} = B = Im(R) e Im(R−1) = {1, 2, 3} = A = Dom(R) Dom(S−1) = {2, 4} = Im(S) e Im(S−1) = {1, 2} = Dom(S). Observa¸c˜ao 6. Temos:

1. Se R ∈P(X × Y ) ent˜ao R−1∈P(Y × X). 2. (R−1)−1 = R.

3. Dom(R−1) = Im(R) e Im(R−1) = Dom(R).

Defini¸c˜ao 10. Seja X 6= ∅ e R um rela¸c˜ao bin´aria em X. Dizemos que R ´e uma rela¸c˜ao de equivalˆencia se ela satisfaz as seguintes propriedades:

1. (Reflexiva) aRa para todo a ∈ X.

2. (Sim´etrica) Para todo a, b ∈ X, se aRb ent˜ao bRa.

3. (Transitiva) Para todo a, b, c ∈ X, se aRb e bRc ent˜ao aRc.

Defini¸c˜ao 11. Seja X 6= ∅ e R um rela¸c˜ao bin´aria em X. Dizemos que R ´e uma rela¸c˜ao de ordem parcial se ela satisfaz as seguintes propriedades:

1. (Reflexiva) aRa para todo a ∈ X.

2. (Anti-sim´etrica) Para todo a, b ∈ X, se aRb e bRa ent˜ao a = b. 3. (Transitiva) Para todo a, b, c ∈ X, se aRb e bRc ent˜ao aRc.

Dizemos que uma rela¸c˜ao bin´aria R em X ´e um ordem total se R ´e uma rela¸c˜ao de ordem parcial e para todo par de elementos de R s˜ao compar´aveis, isto ´e, se a, b ∈ X ent˜ao aRb ou bRa.

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Fun¸

oes

Defini¸c˜ao 12. Uma fun¸c˜ao f de A em B, que denotamos f : A → B, ´e uma rela¸c˜ao de A em B tal que Dom(f ) = A e se satisfaz que

se (x, y) ∈ f e (x, z) ∈ f ent˜ao y = z,

isto quer dizer, que a cada elemento x ∈ A existe um ´unico elemento y ∈ Im(f ), chamado o valor que a fun¸c˜ao assume em x. Denotaremos y = f (x).

Usa-se a nota¸c˜ao x 7→ f (x) para indicar que f faz corresponder a x o valor f (x). Muitas vezes se diz a “fun¸c˜ao f ” em vez de “a fun¸c˜ao f : A → B”.

N˜ao se deve confundir f com f (x): f ´e a fun¸c˜ao, enquanto que f (x) ´e o valor que f assume num elemento x de seu dom´ınio.

Exemplo 22. Consideremos R e S como no Exemplo 18 e 19 R ´e fun¸c˜ao de A em B? S ´e fun¸c˜ao de A em B?

• R ´e uma fun¸c˜ao de A em B, pois ´e uma rela¸c˜ao de A em B e para cada elemento do Dom(R) existe um ´unico elemento da Im(R).

• S n˜ao ´e fun¸c˜ao de A em B, pois (1, 2) ∈ S e (1, 4) ∈ S mas 1 6= 4.

Exemplo 23. Sejam A = {alunos da UNILA }, B = {n´umeros inteiros}. Definamos a seguinte fun¸c˜ao f : A → B que a cada elemento do Dom(f ) associa seu ano de nascimento. Outro exemplo ´e a fun¸c˜ao g : A → B que a cada elemento do Dom(R) associa seu ano de entrada na UNILA.

Exemplo 24. Seja A = {pessoas}. Se a cada x ∈ A fazemos corresponder f (x) ∈ A de maneira que f (x) seja irm˜ao de x, ent˜ao f n˜ao ´e uma fun¸c˜ao por duas raz˜oes. Primeiro por exce¸c˜ao pois nem toda pessoa tem irm˜ao. Segundo por ambiguidade pois existem pessoas que tˆem mais de um irm˜ao.

Mais grave ´e considerar que fun¸c˜oes de dom´ınios diferentes sejam iguais. Entretanto, cometemos este abuso quando, por exemplo, o dom´ınio de uma fun¸c˜ao cont´em o dom´ınio da outra. Quando a prudˆencia mandar, devemos lidar com os conceitos de restri¸c˜ao e extens˜ao. Defini¸c˜ao 13. Sejam f : A → B e g : C → D. Dizemos que f ´e uma restri¸c˜ao de g ou que g ´e uma extens˜ao de f se A ⊆ C e f (x) = g(x) para todo x ∈ A. Neste caso, escrevemos f = g|A.

Defini¸c˜ao 14. Sejam f : A → B e C ⊆ A. A imagem de C por f ´e definida por f (C) = {y ∈ B; existe x ∈ C tal que f (x) = y} = {f (x); x ∈ C}. Em particular, o conjunto f (A) ´e chamado de imagem de f .

Teorema 9. Dada uma fun¸c˜ao f : A → B e sejam X, Y ⊆ A temos (i) f (X ∪ Y ) = f (X) ∪ f (Y ).

(ii) f (X ∩ Y ) ⊆ f (X) ∩ f (Y ). (iii) X ⊆ Y ent˜ao f (X) ⊆ f (Y ).

(iv) f (∅) = ∅.

Defini¸c˜ao 15. Sejam f : A → B e C ⊆ B. A imagem inversa ou pr´e-imagem de C por f ´

e definida por

f−1(C) = {x ∈ A; f (x) ∈ C}.

Se C = {y}, ent˜ao escrevemos f−1(y) em vez de f−1({y}). Se f−1(C) = {x}, ent˜ao fazemos o abuso de nota¸c˜ao x = f−1(C).

(9)

Teorema 10. Dada uma fun¸c˜ao f : A → B e sejam X, Y ⊆ A temos (i) f−1(X ∪ Y ) = f−1(X) ∪ f−1(Y ). (ii) f−1(X ∩ Y ) = f−1(X) ∩ f−1(Y ). (iii) f−1(Yc) = (f−1(Y ))c. (iv) X ⊆ Y ent˜ao f−1(X) ⊆ f−1(Y ). (v) f−1(B) = A. (vi) f−1(∅) = ∅.

Defini¸c˜ao 16. Uma fun¸c˜ao f : A → B ´e dita sobrejetiva se f (A) = B, ou seja, se qualquer que seja y ∈ B, existe x ∈ A tal que f (x) = y.

Observamos na defini¸c˜ao anterior que, ao se tratar da sobrejetividade de uma fun¸c˜ao, deve estar claro qual conjunto est´a sendo considerado como contradom´ınio.

Exemplo 25. Seja A = {1, 2}. A fun¸c˜ao f , definida por f (x) = x para todo x ∈ A, n˜ao ´e sobrejetiva de A em {1, 2, 3} mas ´e sobrejetiva de A em 1, 2. De modo geral, toda fun¸c˜ao ´e sobrejetiva na sua imagem.

Defini¸c˜ao 17. Uma fun¸c˜ao f : A → B ´e dita injetiva ou inje¸c˜ao se para quaisquer x, y ∈ A tais que x 6= y temos f (x) 6= f (y), ou equivalentemente, se x, y ∈ A s˜ao tais que f (x) = f (y), ent˜ao x = y; ou ainda, se para todo y ∈ f (A) existe um ´unico x ∈ A tal que f (x) = y.

Faremos a seguinte conven¸c˜ao de terminologia. Diremos que uma fun¸c˜ao f tem a propriedade P em A, se f |A tem a propriedade P . Por exemplo, dizer que f ´e injetiva em A significa que

f |A ´e injetiva. Isto ´e muito usual, sobretudo em conversas informais entre matem´aticos.

Defini¸c˜ao 18. Uma fun¸c˜ao f : A → B ´e dita bijetiva ou bije¸c˜ao se ela ´e injetiva e sobrejetiva. Quando existe uma bije¸c˜ao f : A → B dizemos que existe uma correspondˆencia biun´ıvoca entre A e B.

Exemplo 26. Sejam A = {1, 2, 3}, B = {2, 4, 6} e C = {1, 4, 9, 16}. Consideremos as fun¸c˜oes f : A → B, g : A → C e h : A → A definidas por f (x) = 2x, g(x) = x2, h(x) = 2 para todo x ∈ A. Temos que f ´e injetiva e sobrejetiva e, portanto, bijetiva. Temos ainda que g ´e injetiva mas n˜ao ´e sobrejetiva e h n˜ao ´e injetiva e nem sobrejetiva.

Defini¸c˜ao 19. Sejam f A → B e g : C → D tais que f (A) ⊆ C. Definimos a fun¸c˜ao composta g ◦ f : A → D que a cada x ∈ A associa g(f (x)) ∈ D.

A defini¸c˜ao anterior faz sentido pois dado x ∈ A temos que f (x) ∈ f (A) e como f (A) ⊆ C temos f (x) ∈ C. Neste caso podemos aplicar g e encontrar g(f (x)) ∈ D.

Observamos ainda que a opera¸c˜ao de composi¸c˜ao de fun¸c˜oes ´e associativa, isto ´e, se f : A → B, g : C → D e h : E → F com f (A) ⊆ C e g(C) ⊆ E, ent˜ao temos

((h ◦ g) ◦ f )(x) = (h ◦ (g ◦ f ))(x) = h(g(f (x))) para todo x ∈ A. Para f : A → A definimos fn: A → A por fn= f ◦ · · · ◦ f (n vezes).

Teorema 11. Se f : A → B e g : B → C s˜ao injetivas ent˜ao g ◦ f : A → C ´e injetiva. Tamb´em se f e g s˜ao sobrejetivas ent˜ao g ´e sobrejetiva. Em particular, a composta de duas bije¸c˜oes ´e uma bije¸c˜ao.

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Teorema 12. Sejam f : A → B e g : B → C fun¸c˜oes. Dado X ⊆ A, tem-se (g ◦ f )(X) = g(f (X)).

Se Z ⊆ C, temos

(g ◦ f )−1(Z) = f−1(g−1(Z)).

Defini¸c˜ao 20. Dadas as fun¸c˜oes f : A → B e g : B → A, diremos que g ´e uma inversa `a esquerda para f quando g(f (x)) = x para todo x ∈ A.

Exemplo 27. Seja f : R+ → R definida por f(x) = x2, e g : R → R+, definida por g(y) =y

se y ≥ 0 e g(y) = se y < 0. Para todo x ∈ R+, temos g(f (x)) = g(x2) = √x2 = x. Logo g ´e

uma inversa `a esquerda de f .

Teorema 13. Uma fun¸c˜ao f : A → B possui inversa `a esquerda se, e somente se, ´e injetiva. Defini¸c˜ao 21. Dadas as fun¸c˜oes f : A → B e g : B → A, diremos que g ´e uma inversa `a direita para f quando f (g(y)) = y para todo y ∈ A.

Exemplo 28. Seja f : N → N definida por f (1) = 1 e, se x > 1, f (x) =n´umero de fatores primos distintos que entram na composi¸c˜ao de x. Definamos g : N → N pondo g(y) =menor n´umero natural que ´e o produto de y fatores primos distintos. Ent˜ao, para todo n´umero natural y, temos f (g(y)) = y. Portanto g ´e uma inversa `a direita de f

Teorema 14. Uma fun¸c˜ao f : A → B possui inversa `a direita se, e somente se, ´e sobrejetiva. Defini¸c˜ao 22. Sejam f : A → B e g : B → A tais que (g ◦ f )(x) = x para todo x ∈ A e (f ◦ g)(y) = y para todo y ∈ B. Dizemos que f ´e invert´ıvel, que g ´e a inversa de f e escrevemos g = f−1.

N˜ao devemos confundir f−1 da defini¸c˜ao acima com f−1 da Defini¸c˜ao 12.

Repare que intercambiando f com g, A com B e x com y as hip´oteses da Defini¸c˜ao 17 n˜ao mudam, por´em a conclus˜ao dir´a que f ´e a inversa de g. Conclu´ımos que f ´e a inversa de g se, e somente se, g ´e a inversa de f .

Se f : A → B ´e injetiva, ent˜ao mesmo quando ela n˜ao for sobrejetiva, ainda poderemos considerar sua fun¸c˜ao inversa f−1 ficando subentendido que o dom´ınio de f−1 ´e f (A) (e n˜ao B). Desta forma (f−1◦ f )(x) = x para todo x ∈ A e (f ◦ f−1)(y) = y para todo y ∈ f (A).

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