O PROCESSO DE ATUALIZAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA DO PROFESSOR DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RIO DE JANEIRO. UM ESTUDO EXPLORATÓRIO NA ÁREA DE TRANSFERÊNCIA DA INFORMAÇÃO
ARMANDO CARVALHO PEREIRA
Professor da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Ciência da Informação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia e Universidade Federal do Rio de Janeiro/Escola de Comunicação, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciência da Informação.
Orientadora: Isa Maria Freire Mestre em Ciência da
Informação (CNPq/IBICT-UFRJ) Professora no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
RIO DE JANEIRO 1998
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Comunicação
Orientadora: ________________________________
Profa. Isa Maria Freire
Banca Examinadora: ________________________________
Profa. Nice Menezes de Figueiredo
________________________________
Profa. Vânia M. R. Hermes de Araújo
________________________________
Profa.Maria Nélida González de Gomez Suplente
Rio de Janeiro
1998
À Vida, por me manter na Luta.
AGRADECIMENTOS
Além da Vida, tenho muito a que e a quem agradecer.
A mim mesmo, por ter tido esperança nos momentos mais difíceis.
A minha família, minha esposa, meus filhos, pela força e pelo carinho.
A minha orientadora, uma mestra que se tornou amiga.
Aos meus colegas professores da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, pela acolhida, pela paciência e, sobretudo, pela confiança.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, pela atenção e informação.
Aos colegas de Mestrado, companheiros nesse caminho novo da Ciência da Informação.
RESUMO
Estudo exploratório do processo de atualização do professor de História da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. O professor é abordado na perspectiva da transferência da informação para um usuário que dela necessita, na sociedade.
Por sua vez, enquanto estoque de informação, o professor necessita atualizar seu estoque de conhecimento sobre sua área de atuação. As questões principais, neste estudo, são onde e como o professor atualiza seu estoque de conhecimento. Foram consultados, mediante entrevista com roteiro estruturado, 27 professores em 10 escolas da cidade do Rio de Janeiro. Os resultados indicam que o professor reconhece sua necessidade de atualização mas é um usuário tradicional, que usa muito bibliotecas particulares e muito pouco a Internet. Por um lado, os professores da amostra podem ser definidos como "não- usuários", que desconhece os serviços formais de informação;
por outro, como um usuário de fontes não-científicas, especialmente jornais e revistas informativos de circulação nacional. As formas de atualização profissional sugeridas como
"mais adequadas", entretanto, reforçam o aspecto "não-usuário"
dos professores consultados na pesquisa de campo.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Distribuição espacial da amostra Quadro 2 - Distribuição da amostra por Escola
Quadro 3 - Distribuição da amostra por universidade de origem
Quadro 4 - Distribuição da amostra com relação à pós- graduação
Quadro 5 - Frequência de uso de bibliotecas particulares
Quadro 6 - Material informativo utilizado
Quadro 7 - Jornais utilizados como fonte de informação Quadro 8 - Frequência de uso de jornais
Quadro 9 - Revistas semanais usadas como fontes de informação
Quadro 10 - Frequência de uso de revistas semanais Quadro 11 - Disponibilidade de computador
Quadro 12 - Computadores ligados à Internet
Quadro 13 - Necessidade de atualização profissional Quadro 14 - Formas de atualização sugeridas
Quadro 15 - Número de opções quanto às formas de atualização
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Distribuição da amostra por universidade de origem
Gráfico 2 - Frequência da amostra por ano de formação
SUMÁRIO
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
2. PROBLEMATIZAÇÃO:
A ATIVIDADE DE MAGISTÉRIO COMO OBJETO DE ESTUDO DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
3. OBJETIVOS
4. METODOLOGIA:
O CAMINHO DA PESQUISA E O PERFIL DA AMOSTRA
5. O PROCESSO DE ATUALIZAÇÃO DO PROFESSOR ENQUANTO AGENTE DA INFORMAÇÃO
6. CONCLUSÕES BIBLIOGRAFIA
ANEXO
Instrumento da pesquisa: roteiro estruturado de entrevista
1. INTRODUÇÃO
Sou um professor de História, formado em 1966, com atuação profissional na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro. Ao participar de um congresso sobre o Centenário da Abolição, em 1988, percebi estar totalmente desatualizado em relação ao conhecimento que a Universidade produzira sobre o tema, apesar de ter procurado me atualizar ao longo desse período, frequentando cursos, palestras e outros eventos.
Uma questão se colocou para mim: será que o professor, no processo de atualização do seu estoque de conhecimento, está acompanhando o processo de produção de conhecimento da sociedade ? Onde, em quais espaços, nós, professores, estaríamos nos atualizando, acompanhando a produção de novos conhecimentos em nossas respectivas áreas de atuação profissional ? Como, quais meios e materiais estariam facilitando a aquisição de novos conhecimentos pelos professores da rede pública de ensino, na qual sou atuante há quase três décadas ?
E, dessas questões — e de muitas outras a elas relacionadas —, surgiu- me o desejo de conhecer, em nível de compreensão de seus processos de acesso à informação, por quais mecanismos e formas nós, professores, estamos nos atualizando, renovando nosso estoque de conhecimento. Iniciei, então, uma busca pessoal por um caminho científico que pudesse conduzir o meu desejo, e encontrei-o na ciência da informação.
Nesse campo científico
1, o professor pode ser abordado na perspectiva
que Wersig e Neveling colocam como campo de atuação para o profissional da
informação
"[a] transmissão de conhecimento para aqueles que dele necessitam é uma responsabilidade social, e essa responsabilidade social parece ser o fundamento em si para a ciência da informação ."
2Nessa perspectiva, o professor teria um papel social de mediatizar a transferência da informação entre um estoque de conhecimento, acumulado e disponível na sociedade, e um usuário que necessita desse conhecimento, no processo de desenvolvimento pessoal e social. Ele emerge como um agente de informação, na transmissão do conhecimento em uso na sociedade, como coloca Wersig, com suas possibilidades e barreiras de comunicação:
"(...) em cada caso em que há uma necessidade específica e deve ser feita alguma ação que implique transferência da informação por canais pessoais ou impessoais, pode existir um conjunto de barreiras [de comunicação]. De um lado, elas podem ser superadas pela educação do usuário no processo de socialização, mas, por outro, sua superação depende do comportamento dos agentes de informação. No processo de comunicação, os agentes devem criar oportunidades para transferência efetiva da informação (...)."
3A perspectiva de FERREIRA sobre o papel do professor na educação para cidadania, se aproxima dessa visão do professor enquanto agente de informação:
"... o professor é o principal agente da escola e (...) seu
trabalho pode (...) fazer da escola um espaço de construção
coletiva de conhecimento — um espaço de encontro e disputas,
mas sempre de crescimento das pessoas."
4Assim, tanto na perspectiva da educação quanto na da ciência da informação, a atividade do magistério pode ser vista em sua função social de
"transmitir conhecimento", tendo a escola como seu campo social de ação:
"... a escola ocupa um papel importante enquanto um vetor da dinâmica cultural e da reprodução das divisões e das relacões sociais.
No quadro da cultura e (...) da sociedade brasileira (...) a escola é aquele lugar por onde todos almejam passar para encontrar o seu lugar (...) a escola [é] um espaço de informação ou de exercício da comunicação e de acesso às informações produzidas socialmente.
... o campo social escola é assim um locus privilegiado para o estudo das práticas informacionais e por aí para uma visão da institucionalização e funcionamento de nosso mundo cultural."
5Para melhor exercer seu papel social, o professor, esse elemento transformador, necessita, por sua vez, transformar-se, alterar continuamente seu estoque de conhecimento, atualizar-se nas suas áreas de atuação no magistério.
O professor necessita de informação para alterar seu estoque de conhecimento, acrescentar-lhe valor. Por isso ao mesmo tempo em que é agente de informação, e em decorrência mesmo de sê-lo, torna-se um usuário potencial de fontes de informação, representadas por documentos e eventos (cursos, seminários, palestras, ...). E isso me traz de volta ao onde e como nós professores nos atualizamos, para melhor atuarmos enquanto facilitadores da comunicação do conhecimento, na sociedade.
O presente trabalho procura conhecer o processo de atualização do
professor, considerado como agente da informação no processo de transmissão
de conhecimento na sociedade. O texto se inicia com a Problematização do
objeto de estudo, inserindo-o no contexto teórico da ciência da informação. Em
seguida, serão apresentados os objetivos da pesquisa de campo, descrevendo- se a Metodologia usada e o perfil dos professores que constituiram a amostra, no universo selecionado como campo de pesquisa. No terceiro capítulo, encontram-se os resultados que descrevem onde e como o professor se atualiza para melhor atuar enquanto agente de informação — fontes (locais, documentos, materiais e eventos), canais (meios e mecanismos de acesso), intervalos de busca e uso dessas fontes e canais de informação.
Por fim, as Conclusões que os dados coletados na pesquisa de campo sugerem, lembrando o caráter exploratório do presente estudo e sua perspectiva, orientada pela "responsabilidade social" da ciência da informação.
2. PROBLEMATIZAÇÃO:
A ATIVIDADE DE MAGISTÉRIO COMO OBJETO DE ESTUDO
NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
No campo de estudo da ciência da informação, interessou-me, especialmente, a noção de "informação como alteração de estruturas"
6. A abordagem de Belkin e Robertson toma como base o texto de Wersig e Neveling sobre a "responsabilidade social da ciência da informação"
7, colocando o processo de transmissão do conhecimento como um processo de transformação nas estruturas cognitivas do emissor e do receptor de mensagens.
"Adotando como modelo um esquema de "informação" em vários níveis de estrutura, [Belkin e Robertson] postulam que a informação de interesse para a ciência da informação começa com o advento das estruturas semióticas, na interface entre a formação de conceitos em nível individual e a comunicação inter- -humana, seguindo nas interfaces com as estruturas conceituais sociais e o conhecimento formalizado no discurso científico. "
8Esse enfoque teórico permite uma aproximação entre os campos de estudo da ciência da informação e da educação, considerando-se esta última enquanto processo de socialização do conhecimento em uma dada cultura ou, em outras palavras, de transformação das estruturas cognitivo-sociais através das quais os indivíduos aprendem a sentir/pensar/agir em uma dada sociedade e cultura. É nessa perspectiva que o professor emerge como mediador/facilitador/agente de informação.
Para melhor contextualização da questão sobre o onde e como o
professor se atualiza profissionalmente, renovando e atualizando seu estoque de
conhecimento, o modelo teórico proposto por BARRETO para uma abordagem
do fenômeno informação pareceu ser o mais produtivo. Segundo o autor,
"(...) A essência deste fenômeno, muitas vezes raro e sempre surpreendente, verifica-se pela transformação de estruturas de signos ordenados em um todo logicamente constituído, em realizações de uma nova consciência individual ou coletiva.
Nesse sentido, a informação sintoniza o mundo, pois referencia o homem ao seu semelhante e ao seu espaço vivencial.
9Quando BARRETO conceitua e qualifica a informação, é possível identificar o papel social do professor no processo de transmissão do conhecimento:
" [conceito de informação] ... Estruturas significantes com a competência de gerar conhecimento no indivíduo, em seu grupo, ou na sociedade.
... [qualificação de informação] ... instrumento modificador da consciência do homem e de seu grupo social. Deixa de ser, unicamente, uma medida de organização por redução de incerteza, para ser a própria organização em si."
10No seu quadro teórico, BARRETO estabelece uma relação entre
informação e conhecimento, o qual só se realiza "... se a informação é
percebida e aceita como tal ( em negrito, no original)" e quando coloca o
indivíduo em um novo nível de existência, "consciente consigo mesmo e dentro
do mundo onde se realiza a sua odisséia individual"
11. As estruturas significantes
disponíveis na sociedade, formam o que BARRETO denomina "agregados de
informação" (em negrito, no original), os quais representam as diferentes formas
de disponibilizar a informação: acervos de bibliotecas ou centros de
documentação, bases de dados, redes eletrônicas de comunicação — e,
considerando os objetivos do presente trabalho, pessoas. Esses agregados de informação possuem duas funções básicas:
"(...) a primeira, relacionada à produção de estoques estáticos de informação organizada e a segunda relacionada à transferência ou distribuição de informação. Os estoques estáticos de informação, embora indispensáveis no processo de criação de conhecimento, por si só não podem promovê-lo. É a transferência da informação, que efetiva este conhecimento em espaços sociais diferenciados, os quais se subjugam a condicionantes de competências cognitivas, sociais, políticas e culturais."
12No modelo de BARRETO, o professor pode ser colocado na função transferência ou distribuição da informação, mas na perspectiva do presente trabalho ele representa também, por e em si próprio, um estoque dinâmico de informação, a partir do conhecimento adquirido e acumulado ao longo de seu processo de formação e atuação profissional. Enquanto estoque e agente de informação, o professor compartilha com outros profissionais a "responsabilidade social" de facilitar a comunicação do conhecimento, na sociedade:
"Aqueles que detêm o poder sobre os estoques institucionais de informação detêm também o poder sobre a sua distribuição e, consequentemente, sobre o conhecimento gerado nesta sociedade e o seu potencial de desenvolvimento."
13O professor atua como agente de informação ou mediador, em um processo educacional que gera modificações nas estruturas cognitivas de seus alunos, na medida em que levar a eles uma novo conhecimento:
"(...) Este é o destino final do fenômeno da informação: criar
conhecimento modificador e inovador do indivíduo e do seu
contexto — conhecimento que referencie tanto o indivíduo, como seu contexto a um melhor estágio de desenvolvimento."
14Em seu papel social, o professor tem como função formar indivíduos conscientes e competentes, para atuarem em um mundo que se transforma.
Nesse processo, produz/consome uma prodigiosa quantidade de conhecimento, especialmente o conhecimento tecnológico, exigindo intensos fluxos de informação em todos os níveis da sociedade. É nesse contexto que o processo educacional pode ser colocado na ótica da transmissão da informação.
MEDEIROS nos dá essa visão mais ampla do sentido da educação, ao afirmar que
"(...) a educação (...) é a principal base não só da estratégia mas do desenvolvimento tecnológico. Do primeiro grau à universidade, dos cursos técnicos aos de treinamento, é o conhecimento que sustenta a evolução de uma sociedade."
15Por sua vez, o local privilegiado da prática educacional é a escola, campo da prática do magistério, e a escola apresenta uma característica estática que se opõe a sua necessidade de modificação para adaptação ao meio ambiente. Na visão de FERRES,
"Como todas as grandes instituições tradicionais a escola preocupa-se quase que exclusivamente em reproduzir o conhecimento, em perpetuar a cultura, ficando, por isso defasada quando precisa se adaptar a uma sociedade em mudança, quando precisa educar para uma cultura renovada."
16A importância do sistema escolar como meio de transmissão do
conhecimento em uma sociedade, é destacada por BOURDIEU, que o coloca
como avalista dos processos sociais:
"(...) os esquemas que organizam o pensamento de uma época somente se tornam inteiramente compreensíveis se forem referidos ao sistema escolar, o único capaz de consagrá-los e constituí-los pelo exercício, como hábitos de pensamentos comuns a toda uma geração.
A cultura não é apenas um código comum nem mesmo um repertório comum de respostas a problemas recorrentes. Ela constitui um conjunto comum de esquemas fundamentais, previamente assimilados, e a partir dos quais se articula, segundo uma 'arte de invenção' análoga à da escrita musical (...)"
17As relações entre ciência da informação e educação ficam claras quando SANTOMÉ define o caráter de "troca de conhecimento" que a instituição escolar possui:
"Os sistemas educativos, e portanto as instituições educativas, mantêm sempre uma estreita relação com outras esferas da sociedade (...) A política educativa pode não ser compreendida de forma isolada, descontextualizada do enquandramento sócio-histórico concreto no qual ganha verdadeiro significado."
18Por outro lado, FREIRE e NOGUEIRA colocam outro alcance para o papel do professor, no processo de transmissão de estruturas significantes e sua transformação em conhecimento, mediante a assimilação da informação:
"(...) a interpretação da realidade não cabe apenas dentro dos
programas ou dos recursos da instituição; interpretar a realidade
é um ato coletivo em que as perguntas multidisplinares se
complementam e se articulam através de planos de atuação."
19A questão sobre onde e como o professor se atualiza, por sua vez está inserida em um quadro maior e mais complexo, do qual NILDECOFF apresenta alguns aspectos:
"(...) se o professor não tem um espírito crítico que lhe permita discernir o tendencioso dentro da informação, se não descobre as raízes profundas dos acontecimentos contemporâneos, se não tem uma visão clara e madura dos temas que caracterizam nossa época, seu comentário das notícias da atualidade em classe com os alunos poderá ser tão alienante como o que a televisão e outros meios de informação transmitem.
(...) ver a realidade com sentido crítico significa muito mais do que estar informado sobre os fatos do presente ou do passado;
significa ser capaz de interpretar o seu sentido."
20Para ALVES, um professor é um educador, um formador de indivíduos que, por sua vez, formam uma coletividade:
" (...) o que é um professor, na ordem das coisas?
Talvez que um professor seja um funcionário das instituições que gerenciam lagoas e charcos, especialista em reprodução, peça num aparelho ideológico de estado. Um educador, ao contrário, é um fundador de mundos, mediador de esperanças, pastor de projetos.
Não sei como preparar o educador. Talvez porque isto não seja nem necessário, nem possível (...) É necessário acordá- lo."
21No contexto social do professor enquanto agente de informação, um outro
aspecto relevante é apontado por REZENDE, quando ressalta o fato de que um
segmento da sociedade não percebe a condição do professor como profissional qualificado, como um trabalhador produtivo e criador de riqueza:
"Para o reducionismo economicista, o trabalho é visto unicamente como gerador de capital, enquanto a perspectiva utópica nos convida a defini-lo como gerador de cultura. Esta, aliás, a razão pela qual, no contexto do economicismo, há dificuldade em se admitir que o educador seja um autêntico trabalhador. Já a abordagem utópica nos mostra o educador como sendo antes de mais nada o trabalhador que gera cultura na transformação da natureza humana."
22Na perspectiva do presente trabalho, o professor é um agente de informação, com a responsabilidade social de transmitir conhecimento para aqueles que dele necessitam, no seu processo de desenvolvimento pessoal e social.
Ao tratar, na visão da ciência da informação, o que denomina "saber" ou
"conhecimento", MARTELETO destaca que este "saber" está classificado e fragmentado em disciplinas que formam o currículo escolar, ressaltando a atuação do professor nas duas funções dos agregados de informação — de produção, enquanto estoque, e de transferência, enquanto agente:
"O professor é o mediador ou porta voz destes conjuntos fragmentados, que em algum momento e em algum espaço poderão ou não formar um todo, ou um sentido de mundo para os alunos."
23E é nesse contexto que MARTELETO distingue o campo educacional de
outros espaços informacionais, ressaltando a "o acesso e a troca de informações
que podem levar à mudança", classificando a escola como espaço informacional por excelência,
"(...) onde os agentes e os sujeitos da ação pedagógica atuam a partir de tipos de informações que são aquelas valorizadas socialmente (...) Portanto, é um espaço ligado às funções e papéis hierarquizados de ensinar e aprender conteúdos e normas [estruturas significantes] de um determinado contexto cultural (...)"
24Ao desenvolver sua atividade de magistério, o professor utiliza seus estoques de informação, acumulados através dos processos de formação e atualização profissional, tendo como objetivo promover a criação de conhecimento nos alunos — em outras palavras, a assimilação da informação ou transformação nas suas estruturas cognitivas. Segundo MARTELETO,
"[o] que distingue o campo pedagógico de outros espaços informacionais [é] a comunicação e a interação pessoais, o acesso e a troca de informações que podem levar à mudança, à possibilidade, enfim, de reflexão."
25Assim, cabe ao professor, tanto quanto ao profissional da informação, trabalhar para
"Harmonizar o estoque de informação produzida e disponível na sociedade com a sua transferência visando a assimilação que gera conhecimento, [uma vez que esta é a] intenção maior de todos aqueles que trabalham com a informação (...)"
26A atuação do professor enquanto agente da informação se destaca no
âmbito da função transferência ou distribuição da informação: o ato de ensinar
está perfeitamente inserido no que BARRETO define como característica de
"racionalidade contextual e cognitiva relacionada a um determinado espaço social específico". Pois,
"(...) É na interação da função de transferência com uma determinada realidade que se realiza a produção do conhecimento, na qual acontece a essência do fenômeno da informação, resultado da passagem de um estado de percepção (USO) da informação para a sensação provocada pela informação, uma interiorização individualizada (assimilação) e a geração de conhecimento."
27No presente trabalho, procura-se identificar os espaços e as formas de atualização do professor, as fontes e meios através dos quais esse profissional busca renovar seu estoque de informação. Quais os tipos de estoques estáticos de informação mais procurados pelo professor: acervos de bibliotecas ou centros de documentação, bases de dados, anotações de cursos e outros eventos ? Quais as fontes mais consultadas ? E os meios de acesso mais procurados ?
No campo da ciência da informação, essas questões remetem este trabalho para a área de estudos de usuários, definidos por FIGUEIREDO como
"(...) investigação sobre um grupo particular (...), como este grupo obtém a informação necessária ao seu trabalho."
28Por outro lado, a experiência como professor me permite supor que não
temos sido vistos como usuários da informação, destacando uma das limitações
apontadas por FIGUEIREDO nessa área da ciência da informação: "(...) os
estudos omitem os não-usuários, que são muito mais significativos,
quantitativamente, do que os usuários (...)"
29O professor poderia ser visto,
nesse contexto, como um "(...) não-usuário total que não tem outras maneiras de
obter informação e não está ciente do que existe nas bibliotecas disponível para ele."
30Na perspectiva do professor enquanto usuário, tem-se, então, uma situação peculiar: um usuário que tradicionalmente não é abordado como tal nos estudos da ciência da informação e que, por sua vez, não tem consciência de ser usuário. Por outro lado, em seu papel social de facilitador da transmissão do conhecimento, o professor se coloca como um agregado da informação, onde as funções de produção e de transferência da informação interagem num tipo de atuação profissional que exige a busca regular de informação nas fontes disponíveis. E esperando ter revelado o professor em seu triplo papel de emissor (estoque), meio/canal e receptor (usuário) da informação, vamos à pesquisa em si.
3. OBJETIVOS
Para responder à questão de onde e como o professor se atualiza profissionalmente, elegemos como objetivos para a pesquisa de campo:
a) identificar o professor como usuário e agente de informação no processo de transferência da informação;
b) identificar as principais fontes de informação e os meios de acesso
utilizados pelo professor no seu processo de atualização profissional;
c) identificar as necessidades de atualização e as formas mais adequadas para atendê-las.
4. METODOLOGIA:
O CAMINHO DA PESQUISA E O PERFIL DA AMOSTRA
Como campo de trabalho, foi escolhida a Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, não somente por ter atuado nela como professor mas, em especial, por ser uma das maiores do País, com 1.033 escolas, e ter um quadro de profissionais formados em um meio cultural dinâmico que oferece inúmeras oportunidades de aquisição de novos conhecimentos. A área de atuação dos professores que constituiriam a amostra da pesquisa, foi uma escolha pessoal:
História. Pois foi a necessidade de atualização, de aquisição de novos conhecimentos que melhor me capacitariam enquanto agente de informação, que conduziu ao caminho da ciência da informação.
Devido ao pequeno número de formandos em História nas universidades
do Rio de Janeiro, foi definido o perfil da amostra como "professores da Rede
Municipal de Ensino formados entre os anos de 1982 e 1987", considerados
representativos de uma faixa intermediária na carreira de magistério, atuantes
em duas Coordenadorias Regionais de Educação do Município do Rio de
Janeiro. Por se tratar de pesquisa exploratória, a amostra foi estimada em 10
professores e o instrumento de pesquisa definido para coleta dos dados foi a
entrevista pessoal com roteiro semi-estruturado (ver Anexos).
O roteiro da entrevista foi produzido com um conjunto de variáveis que descreveriam a amostra — seu comportamento, necessidades e opiniões —, constando de:
1. Identificação, com questões relativas à formação e prática do magistério (onde, quando, quanto, em que nível). Esta variável definiu a segmentação da amostra em três categorias definidas pelo ano em que o professor colou grau na universidade;
2. Fontes de informação utilizadas pelo professor na sua prática profissional, definida como atividade de planejamento das aulas, para coletar dados relativos aos tipos de acervo e de documentos, frequência de utilização;
3. Formas de acesso à informação, definindo o "computador" como meio privilegiado de busca da informação, por sua característica multimídia;
4. Necessidades e formas de atualização, para identificar a necessidade de atualização profissional do professor, definindo o interesse do entrevistado e sua vinculação à atividade de magistério;
5. Barreiras no acesso a meios de atualização, as dificuldades no processo de busca de novos conhecimentos que se traduziriam em estoques de informação para o professor;
6. Adequação dos meios de acesso à atualização profissional, quais
seriam os mais adequados, suficientes e acessíveis ao entrevistado.
Elaborado o roteiro, o instrumento da pesquisa foi testado com alguns professores da Rede Municipal que não atuam no campo de abrangência da amostra, sendo feitas as modificações sugeridas pela simulação. O campo espacial da pesquisa foi limitado a uma área que se estende dos bairros de Inhaúma à Tijuca, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, buscando alcançar uma região de classe de baixa renda até a classe de renda média. Nessa área, foram selecionadas as escolas de quinta à oitava série com um número representativo de alunos, que determinaria um número significativo de professores de História. O ponto de partida foi a Escola Municipal Joaquim Ribeiro, onde lecionei.
Em campo, a realidade mostrou que o intervalo de tempo de formado (ano de colação de grau na universidade) definido para a pesquisa mostrou-se insuficiente, em termos quantitativos, e esse intervalo foi redefinido, o que trouxe a contribuição de professores desde os recém-admitidos na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, até profissionais prestes a se aposentar. A "data-base"
do intervalo foi estabelecida como o ano de 1997. Outra "intervenção" da realidade nos parâmetros da pesquisa, foram as barreiras criadas pela administração de algumas das escolas selecionadas dentro do perfil inicialmente definido para a pesquisa: chegaram a fornecer de horários de aulas equivocados, dificultando e até impedindo que alguns professores fossem entrevistados. Nas escolas em que a administração recebeu bem a idéia da pesquisa sobre a atualização dos professores, o atendimento foi sempre cordial facilitando o acesso aos professores.
A pesquisa de campo foi realizada entre junho e setembro de 1997,
abrangendo 7 bairros contíguos da cidade do Rio de Janeiro, sendo
entrevistados 27 professores (N=27) de 10 escolas municipais assim distribuídas:
Quadro 1 - Distribuição espacial da amostra
Escolas Municipais Bairros
Orozimbo Nonato
Higienópolis Ceará Inhauma Joaquim Ribeiro Inhauma Augusto Paulino Meier José Veríssimo Riachuelo Gonzaga da Gama Filho São Cristóvão Francisco Manuel Tijuca
Madri Tijuca Argentina Vila Isabel Humberto de Melo Vila Isabel
Fonte: Pesquisa de campo, 1997
Tomando como parâmetro o tempo de formado (ano em que colou grau universitário em História) e como ano-base 1997, a amostra mostrou um perfil com três categorias de professores:
Categoria A, constando dos professores formados há mais de 15 anos (antes de 1982);
Categoria B, com professores formados no intervalo de 10 a 15 anos
(entre 1982 e 1987);
Categoria C, professores formados há menos de 10 anos.
Quadro 2 - Distribuição da amostra por Escola
N=27 Categoria
A
Categoria B
Categoria
C Total
Escolas
Qt Qt Qt Qt
Argentina 1 1 1 3
Augusto Paulino 1 - - 1
Ceará 2 1 5 8
Francisco Manuel 2 - - 2
Gonzaga da Gama Fº 1 - 1 2
Humberto de Melo 1 1 - 2
Joaquim Ribeiro - 4 - 4
José Veríssimo 2 - - 2
Madri 1 - - 1
Orozimbo Nonato 1 1 - 2
Total 12 8 7 27
Fonte: Pesquisa de campo 1997
Esses professores fizeram sua formação profissional universitária no Estado do Rio de Janeiro, destacando-se, em cada uma das Categorias, uma universidade:
Categoria A, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde se formaram 50% dos professores desse segmento da amostra;
Categoria B, Universidade Federal Fluminense (UFF), onde se
formaram 38% dos professores desse segmento;
Categoria C, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Universidade Federal Fluminense, onde se formaram 43% dos professores desse segmento da amostra.
Quadro 3 - Distribuição da amostra por universidade de origem
N = 27 U N I V E R S I D A D E S
UFRJ UERJ FAHUPE UFF UGF SUAM UVA Total
Amostra n
Qt Qt Qt Qt Qt Qt Qt Qt
Categ. A 2 6 2 1 1 - - 12
Categ. B 2 2 - 3 - 1 - 8
Categ. C - 3 - 3 - - 1 7
Total 4 11 2 7 1 1 1 27
Fonte: Pesquisa de campo 1997
A análise dos dados que descrevem a distribuição dos professores
participantes da pesquisa de acordo com sua origem universitária, permite que
se note a predominância de uma instituição de ensino superior sobre as demais,
como é o caso da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no qual se
formaram a metade dos professores pertencentes à Categoria A (mais de 15
anos de formado). Sua participação no processo de formação dos professores
incluidos na amostra cai para 25% na Categoria B (entre 10 e 15 anos de
formado), voltando a subir no segmento de professores com menos de 10 anos
de formado (Categoria C).
A análise do Gráfico 1 permite que se observe a predominância das universidade públicas no processo de formação dos professores, em todos os níveis da amostra, representando 81% dos entrevistados:
7%
4% 4% 4%
26%
14%
41%
FAHUPE UERJ UFF UFRJ UGF UVA SUAM
Gráfico 1 - Distribuição da amostra por universidade N = 27
Com relação ao níveis de formação acadêmica alcançados pelos
professores participantes da pesquisa, 64% da amostra (considerando-se as três
Categorias, ou segmentos) não chegou à pós-graduação. Das três Categorias
que descrevem o tempo de formado dos professores, na amostra, é o segmento
A que apresenta o maior percentual de professores cuja formação universitária
não ultrapassou a graduação: 75%. A situação é semelhante para a Categoria B,
com 62% desse segmento, diminuindo esse índice quando se considera a
Categoria C (formados há menos de 10 anos): 43%. Mesmo considerando-se
apenas a pós-graduação lato sensu, como é o caso da especialização, o número
de professores que alcançaram este nível é muito baixo, como mostra o quadro
seguinte:
Quadro 4 - Distribuição da amostra com relação à pós-graduação N = 27 Pós-graduação
Não possui Especialização Mestrado Total
Qt Qt Qt Qt
Categoria A 9 2 1 12
Categoria B 5 2 1 8
Categoria C 3 2 2 7
Total 17 6 4 27
Fonte: Pesquisa de campo , 1997
Os tempos de formado e de magistério na Rede Municipal de Ensino do
Rio de Janeiro dos professores que constituem a amostra consultada, estão
descritos no gráfico seguinte:
0 1 2 3
58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 94
Categoria A Categoria B Categoria C
Gráfico 2 - Frequências da amostra por ano de formação N = 27
Pode-se observar que a Categoria B apresenta seu maior número de professores formados nos anos de 1979 e 1982; a Categoria C tem seu núcleo entre os anos de 1986 e 1992; e a Categoria A apresenta suas maiores frequências nos anos de 1972 e 1976.
O perfil da amostra consultada na pesquisa de campo, pode ser resumido nas seguintes caraterísticas:
• predominam professores com mais de 10 anos de formado;
• predominam professores formados em universidades públicas;
Na amostra, o tempo de magistério na Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, varia de menos de 2 até 36 anos de atuação profissional. As maiores frequências estão entre 2 e 4 anos, e entre 24 e 26 anos de atuação profissional.
Os dados mostram que 25% da amostra consultada encontra-se próxima ao
período em que lhe será facultada a aposentadoria. A maioria dos entrevistados,
no entanto, ainda permanecerá em sala de aula , em sua função social de
agente de informação, por cerca de duas décadas.
5. O PROCESSO DE ATUALIZAÇÃO DO PROFESSOR ENQUANTO AGENTE DE INFORMAÇÃO
No seu processo de preparação das aulas, definido como prática profissional, os professores participantes da pesquisa apresentam uma característica marcante: apenas um deles não usa a biblioteca como fonte de informação. O onde e o como o professor da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro se atualiza, enquanto agente da informação, serão mostrados neste capítulo.
A maioria dos professores da amostra, nas três Categorias (A, B e C) de tempo de formado, consulta bibliotecas particulares, dele próprio ou de colegas (por empréstimo de livros e documentos), sem nenhuma referência às bibliotecas públicas disponíveis na cidade do Rio de Janeiro. As freqüências de uso dessa fonte, que representa um local que disponibiliza outras fontes de informação, indicam predominância do uso de intervalo semanal entre consultas, sendo que apenas um dos participantes declarou usar diariamente a biblioteca, para atualizar-se e preparar seu planejamento de aulas.
Esses dados apontam na direção do professor como não-usuário de
serviços, centros ou sistemas de informação formais, inclusive bibliotecas. Na
sua prática profissional, os professores consultados na pesquisa preferem
atualizar-se mediante suas próprias fontes e por seus próprios meios.
Quadro 5 - Frequência de uso de bibliotecas particulares
N = 27 Diária Semanal Mensal Eventual Não usa Total (f)
Qt Qt Qt Qt Qt Qt
Cat. A 2 4 1 4 1 12
Cat. B - 5 - 3 - 8
Cat. C - 4 1 2 - 7
Total 2 13 2 9 1 27
Fonte: Pesquisa de campo, 1997
Entre as fontes de informação utilizadas pelos professores participantes da pesquisa no seu planejamento de aulas, destaca-se o "livro didático", consultado por 88% da amostra, em especial na Categoria A (mais de 15 anos de formado). Como agravante desse quadro de não-usuário formal, nessa Categoria apenas um dos professores usa enciclopédia no seu planejamento de aulas enquanto outro não usa nenhuma fonte além da memória ou anotações do período de graduação universitária.
É um quadro que descreve o estado de não-usuário de materiais
informativos disponíveis em bibliotecas, serviços, centros ou sistemas de
informação formalizados. Trata-se do usuário de um tipo de fonte de informação
que ele mesmo organiza e disponibiliza, mas que limita suas possibilidades de
adquirir novos conhecimentos disponíveis na sociedade.
Quadro 6 - Material informativo utilizado
N = 27 Livro didático Enciclopédia Não usa Total Tipo
Qt Qt Qt Qt
Categoria A 10 1 1 12
Categoria B 7 - 1 8
Categoria C 7 - - 7
Total 24 1 2 27
Fonte: Pesquisa de campo, 1997
Os jornais de circulação nacional representam fontes de informação consultada pelos professores participantes da pesquisa, nas três Categorias da amostra. Os jornais preferidos são O Globo e Jornal do Brasil, com frequências de uso bem próximas uma da outra. O jornal Folha de São Paulo surpreende com um quarto lugar na preferência dos professores, uma vez que não é editado na cidade do Rio de Janeiro.
Cabe assinalar que devido terem sido apontadas mais de uma opção de leitura dos periódicos, quer diária, semanal ou ocasional, neste quadro o total quantitativo excederá o número (N) da amostra.
Nas Categorias A e C, todos os professores consultam mais de um jornal, como
fonte de atualização profissional na sua prática profissional.
Quadro 7 - Jornais utilizados como fonte de informação
O Globo Jornal do
Brasil O Dia Folha de S.
Paulo Não
usa Total Jornais
Qt Qt Qt Qt Qt Qt
Cat. A 8 9 5 2 - 24
Cat. B 6 6 1 1 1 15
Cat. C 5 3 2 4 2 16
Total 19 18 8 7 3 55
Fonte: Pesquisa de campo, 1997.
No quadro seguinte, pode-se observar as frequências de uso dessa fonte de informação, no processo de atualização de professores da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, que evidencia que pouco mais da metade da amostra (58%) faz uso da leitura diária de jornais. Sendo que 22% lêem jornais nos finais de semana e 12% o fazem apenas ocasionalmente e o mesmo percentual que declarou não usar jornais como fonte de informação no processo de atualização profissional.
A Categoria A é o segmento da amostra de professores que mais consulta jornais no processo de atualização profissional, com alta frequência de leitura
"diária" e pequena ocorrência de frequência "ocasional", tendo apenas um
professor como não-usuário dessa fonte.
Quadro 8 - Frequência de uso de jornais como fonte de informação
N = 27 Diária Fins de semana Ocasional Não usa Total (f)
Qt Qt Qt Qt Qt
Categoria A 10 - 1 1 12
Categoria B 3 3 1 1 8
Categoria C 3 3 1 - 7
Total 16 6 3 2 27
Fonte: Pesquisa de campo, 1997
As revistas informativas semanais também são utilizadas pelos professores entrevistados na pesquisa, no processo de atualização profissional, para o planejamento de aulas. A revista VEJA se destaca na preferência dos professores entrevistados, alcançando 45% da amostra quando citada como única revista consultada. A frequência relativa ao não-uso de revistas semanais é de 29% da amostra, sendo maior na Categoria B (entre 10 e 15 anos de formado) do que nas outras duas Categorias. A revista Isto é não é lida isoladamente, aparecendo sempre em conjunto com a Veja (19% da amostra).
Apenas na Categoria C (menos de 10 anos de formado), se encontram professores que consultam outras revistas semanais além das duas citadas.
Quase um terço dos professores consultados não usam revistas semanais no
seu processo de atualização profissional, sendo a maior frequência na Categoria
B da amostra.
Quadro 9 - Revistas semanais usadas como fontes de informação N = 27 Veja + Isto É Veja Não usa Outras Total
Qt Qt Qt Qt Qt
Cat. A 3 7 2 - 12
Cat. B 1 3 4 - 8
Cat. C 1 2 2 2 7
Total 5 12 8 2 27
Fonte: Pesquisa de campo, 1997
Há um equilíbrio, na amostra de professores entrevistados, entre o número de leitores que consultam as revistas informativas semanais de maneira regular ou eventualmente. A revista Veja novamente se destaca, seja quanto à consulta semanal seja quanto à eventual, como pode-se observar no quadro seguinte, atingindo o índice de 41% como opção única semanal e 27 % quando a opção é eventual. Para esse quadro, foram excluidos os professores da amostra que "não usam" esse tipo de fonte de informação, sendo N=19:
Quadro 10 - Frequência de uso de revistas semanais
N = 19
(f) Semanal Eventual Total
Veja + Isto É Veja Veja + Isto É Veja Outras
Qt Qt Qt Qt Qt Qt
Cat. A 1 3 2 2 - 8
Cat. B - 3 1 2 - 6
Cat. C - 2 - 1 2 5
Total 1 8 3 5 2 19
Fonte: Pesquisa de campo, 1997
Quanto aos meios de acesso às fontes de informação, a pesquisa privilegiou o uso do computador, por sua característica multimídia, e os dados coletados indicam que 56% da amostra consultada possui computador, não havendo grande diferença entre as frequências relativas, por Categoria.
Quadro 11 - Uso do computador pela amostra N = 27 Possui Não Possui Total
Qt Qt Qt
Categoria A 6 6 12
Categoria B 4 4 8
Categoria C 5 2 7
Total 15 12 27
Fonte: Pesquisa de campo 1997
Entretanto, dentre os 15 professores que possuem computador, apenas 12% estão conectados à Rede Internet. Os demais, não usam o equipamento para ter acesso à informação, usam-nos apenas como editor de textos, especialmente na preparação de testes ou provas.
Quadro 12 - Computadores ligados à Internet N=15
Sim Não Total
Qt Qt Qt
Categoria A 1 5 6
Categoria B - 4 4
Categoria C 1 4 5
Total 2 13 15
Fonte: Pesquisa de campo, 1997
Quando solicitados a manifestar sua opinião pessoal sobre a necessidade de atualização profissional, apenas um participante da amostra não mostrou interesse em atualizar-se, o que poderia ser explicado pelo fato de que está prestes a se aposentar. A Categoria que mostrou maior interesse na atualização profissional foi o segmento A (41% dos professores com mais de 15 anos de formados), seguindo-se a Categoria B (30% dos professores entre 10 e 15 anos de formados), como se pode ver no quadro seguinte:
Quadro 13 - Necessidade de atualização profissional N = 27
Sim Não Total
Qt Qt Qt
Categoria A 11 1 12
Categoria B 8 - 8
Categoria C 7 - 7
Total 26 1 27
Fonte: Pesquisa de campo, 1997.