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8º Congresso de Pós-Graduação ANÁLISE HISTOLÓGICA DO MÚSCULO SÓLEO IMOBILIZADO E DESNERVADO TRATADO COM AMINOÁCIDO DE CADEIA RAMIFICADA (BCAA)

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8º Congresso de Pós-Graduação

ANÁLISE HISTOLÓGICA DO MÚSCULO SÓLEO IMOBILIZADO E DESNERVADO TRATADO

COM AMINOÁCIDO DE CADEIA RAMIFICADA (BCAA)

Autor(es)

CAMILA LIMONGI PACHECO

Co-Autor(es)

CARLOS ALBERTO DA SILVA

Orientador(es)

MARIA LUIZA OZORES POLACOW

1. Introdução

A imobilização é muito comumente utilizada na pratica médica, quando se trata de fraturas ósseas, rupturas ligamentares, doenças degenerativas, lesões musculares e articulares, e também após cirurgias.

Esta por sua vez ocasiona desuso muscular, induzindo uma gama de efeitos deletérios, tais como a proliferação do tecido conjuntivo intramuscular, hipotrofia muscular, fibrose intramuscular, redução da densidade dos capilares, da extensibilidade muscular, e da limitação da mobilidade articular (KANNUS et al., 1998; JÓZSA et al., 1990; REARDON et al., 2001).

O desuso muscular compromete a homeostasia da musculatura induzindo à resistência a insulina, à redução das reservas de glicogênio, afetando a síntese de proteína da miofibrila, contratilidade dinâmica assim como a eficácia do sinal metabólico, redução de força e resistência a fadiga (HENRIKSEN et al., 1991).

O BCAA - aminoácido de cadeia ramificada, ou ACR é composto por valina, leucina e isoleucina. Considerados aminoácidos essenciais, pois não são produzidos endogenamente, sendo necessária a ingestão destes através de dieta (HENDLER; RORVIK, 2001).

Os ACR correspondem a cerca de 35% dos aminoácidos essenciais em proteínas musculares. A concentração destes ACR difere em relação ao tipo de fibra muscular, sendo 20-30% maior em fibras de contração lenta (tipo I) em comparação àquelas de contração rápida (tipo IIb) (ROGERO; TIRAPEGUI, 2008).

Os ACR atuam na manutenção da proteína corporal, como fontes de nitrogênio, onde auxiliam a síntese de alanina e glutamina. Principalmente a leucina auxilia no processo de anabolismo, na regulação de processos anabólicos envolvendo tanto a síntese quanto a degradação protéica muscular. Estes apresentam também um potencial efeito terapêutico, uma vez que esses aminoácidos podem minimizar a perda de massa magra durante a redução de massa corporal e favorece o processo de cicatrização (SHIMOMURA et al, 2006)

Pesquisadores acreditam que os ACR são capazes de promover o anabolismo protéico muscular, auxiliando na secreção de insulina, e principalmente na diminuição de lesão muscular ocasionada pela pratica de atividade física de alta intensidade. Eles são pouco oxidados pelo fígado, desta forma grande parte é metabolizado nos tecidos periféricos, principalmente no músculo esquelético (SHIMOMURA, HARRIS, 2006).

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O objetivo deste trabalho foi analisar o efeito do Aminoácido de Cadeia Ramificada na musculatura imobilizada e desnervada de ratos.

3. Desenvolvimento

Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Federal de São Carlos (CEEA/UFSCar), sob protocolo n° 010/2006 Trinta ratos machos Wistar, com idade entre 3 a 4 meses (250 - 300g), foram utilizados e obtidos no biotério da UNIMEP, com alimentação e água ad libitum. Os animais foram divididos aleatoriamente em 6 grupos (n=5), controle (CON), desnervado (D), imobilizado 7 dias (I), suplementado com BCAA 7 dias (BCAA), desnervado suplementado com BCAA 7 dias (D+BCAA), imobilizado suplementado com BCAA 7 dias (I+BCAA).

Para a desnervação, os ratos foram anestesiados com Ketamina/Xilasina (35 mg/kg e 4 mg/kg peso, im), a pata posterior esquerda foi tricotomisada e uma porção do nervo isquiático (1cm) foi seccionado e retirado, segundo Coderre et al (1992).

A imobilização foi realizada com o anestésico pentobarbital sódico (50mg/ kg,i.p), a pata posterior esquerda imobilizada com órtese de resina acrílica, a qual manteve a articulação do tornozelo em 90º, deixando as articulações do joelho e quadril livres, e permitindo descarga de peso, de acordo com Silva et al (2006).

Os grupos suplementados receberam o BCAA na dose de 0,5 ml/dia através da via orogástrica por gavagem (XU et al., 2001) durante 7 dias. Para tal, uma sonda curvada com a ponta arredondada foi introduzida na boca do animal e gentilmente empurrado pelo esôfago até o estômago.

Para análise morfométrica os animais foram decapitados, o músculo sóleo retirado e pesado, sua porção ventral foi colocada em solução tamponada de formol 10% para fixação. Após 48h, as peças passaram por desidratação em álcool etílico, diafanização em xilol e incluídas em paraplast. Cortes transversais de 7µm não seriados foram obtidos e corados em Hematoxilina-Eosina (H:E). Para a captação e análise das imagens foi utilizado software Image Pró-plus® 4.0, câmera digital (JVC) acoplada a um microscópio (Zeiss) com integração a um microcomputador.

A densidade de área de tecido conjuntivo foi obtida por meio da planimetria por contagem de pontos (MATHIEU et al, 1981; MANDARIN DE LACERDA, 1994), que através do software Image Pró-Plus® 4.0, proporcionou a visualização em uma tela quadriculada, composta por 165 quadrados, com 140 intersecções de retas. A intersecção de retas que coincidiam sobre o tecido conjuntivo foram contados e a porcentagem de área foi calculada segundo a fórmula:

Nº de intersecções que coincidiam sobre o tecido conjuntivo X 100 Nº total de intersecções = 140

4. Resultado e Discussão

Observa-se, pela tabela 1 que o tratamento com BCAA provocou aumento do tecido conjuntivo, quando se compara com os músculos controle.

No entanto, quando se compara os grupos tratados com BCAA com seus respectivos controles não se observa diferenças.

De acordo com a literatura, os valores normais para a densidade de área do tecido conjuntivo intramuscular é de 1 a 10% (TRAPPE et al., 2002; JARVINEN et al., 2002). Neste estudo observou-se um valor de 8,66%, o que demonstra estar dentro dos valores de referência.

Alguns fatores podem influenciar os resultados deste estudo, fatos que condicionaram a escolha do músculo e da posição de imobilização. Trabalhos mostram que músculos antigravitacionais e músculos com predominância de fibras lentas têm um maior grau de susceptibilidade à atrofia, motivo da escolha do músculo sóleo, composto por fibras lentas (tipo I) (APPEL, 1990; LIEBER, 2002; TANAKA et al., 2004). A posição de imobilização de 90° de tornozelo foi adotada, pois a posição encurtada ocasiona uma atrofia muscular, diminuição de sarcômeros em série e maior proliferação de tecido conjuntivo e o inverso, posição alongada leva aumento da massa muscular, do número de sarcômeros em séries e menor proliferação de tecido conjuntivo, segundo Yang et al. (1997). Com relação à desnervação do músculo sóleo, a alteração mais evidente é a atrofia (IJKEMA-PAASSEN et al., 2004; FERNADES et al., 2005), sendo que esta é comprovada pela diminuição ou ausência de síntese protéica e o aumento da proteólise miofibrilar, acompanhada de proteases lisossomais e de cálcio intramuscular. Estes efeitos são mais rigorosos em fibras lentas, onde ocorre maior atrofia após desnervação.

Gorio et al (1983) observou que no 10° dia após lesão nervosa nenhum axônio havia estabelecido contato com a junção neuromuscular, e que somente a partir da segunda semana é que inicia o processo de poliinervação em 25% de reinervação das fibras musculares. Justificando a suplementação com BCAA no 7° dia logo após a desnervação.

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principalmente no endomísio e perimísio, com proliferação de colágeno do tipo I.

O Aminoácido de Cadeia Ramificada (BCAA) estimula a síntese protéica muscular, pois este aminoácido induz hiperfosforilação da 4E-BP1, promovendo a formação do complexo eIF4F, causando hiperfosforilação da p70s6k. Esses fatos permitem relacionar a resposta anabólica sobre a síntese protéica muscular induzida pela ingestão de proteínas, por meio da capacidade do mTOR detectar alterações na concentração intracelular principalmente da leucina (KIMBALL, JEFFERSON, 2006a; KIMBALL, JEFFERSON, 2006b; SHAH et al., 2000).

Provavelmente, resultados mais expressivos poderão ser encontrados quando se fará a mensuração da secção transversa da fibra muscular

5. Considerações Finais

A desnervação e a imobilização causam efeitos deletérios no músculo sóleo, sendo uma das causas o aumento da densidade de tecido conjuntivo e o tratamento com o BCAA não promoveu alteração nesse tecido.

Com a continuidade deste trabalho, espera-se analisar seu efeito sobre a densidade de área das fibras musculares.

Referências Bibliográficas

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