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Segurança privada clandestina à luz da legislação vigente

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

RAINIER ANTONIO ANDRADE REIS

SEGURANÇA PRIVADA CLANDESTINA À LUZ DA LEGISLAÇÃO

VIGENTE

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RAINIER ANTONIO ANDRADE REIS

SEGURANÇA PRIVADA CLANDESTINA À LUZ DA LEGISLAÇÃO

VIGENTE

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Graduação em Direito da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para a obtenção de grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. William Paiva Marques Júnior.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Direito

R375s Reis, Rainier Antônio Andrade.

Segurança privada clandestina à luz da legislação vigente / Rainier Antônio Andrade Reis. – 2015.

51 f.: 30 cm.

Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Direito, Curso de Direito, Fortaleza, 2015.

Orientação: Prof. Me. William Paiva Marques Júnior.

1. Serviços de segurança privada. 2. Guardas de vigilância. I. Título.

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AGRADECIMENTOS

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“Escolhe o trabalho que gostes e não terás que trabalhar nenhum dia de tua vida”

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RESUMO

Analisam-se os aspectos relevantes e fundamentos jurídicos da atividade de segurança privada no Brasil. Destacando, o conceito de segurança pública e Privada, os entes que são responsáveis pela segurança pública, a relação entre segurança pública e a atividade de segurança privada, a definição de segurança privada, os órgãos que controlam e fiscalizam os serviços de segurança privada, a cargo do Ministério da Justiça e do DPF — Departamento de Polícia Federal. Assim como também, os tipos de empresas que exercem a atividade, a segurança patrimonial, transporte de valores, escolta armada, segurança pessoal, segurança orgânica, os requisitos de autorização para funcionamento, o conceito de vigilante, os requisitos para exercício da atividade, seus direitos e deveres. Abordam-se ainda, aspectos relativos aos cursos de formação de vigilante e reciclagem, o armamento utilizado e autorizado, o plano de segurança dos estabelecimentos financeiros, o Sistema Nacional de Segurança Privada, as empresas que funcionam de forma irregular e clandestinas, e a problemática legal sobre segurança privada.

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ABSTRACT

Relevant aspects are analyzed and legal foundations of activity private security in Brazil. Highlighting the concept of public security and Private, the ones that are responsible for public security, the relationship between public safety and private security activity, the definition of private security, the organs that control and supervise the service private security, in charge of the Ministry of Justice and the Department Federal Police. As well as the types of companies doing activity, asset security, cash transport, armed escort, personal safety, organic security, authorization requirements for operation, the concept of vigilante, the requirements for exercise of activity, their rights and duties. It covers up yet, aspects relating to vigilante training courses and recycling, and the gun used authorized, the security plan for financial institutions, the System National Private Security, companies that operate erratically and illegal, and legal issues on private security.

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ABREVIATURAS E SIGLAS

ACI– Auto de Constatação de Infração

CNV– Carteira Nacional de Vigilante

CGESP– Coordenação Geral de Segurança Privada

CFTV– Circuito Fechado de Televisão

CV– Comissão de Vistoria

CTPS– Carteira de Trabalho e Previdência Social

CNPJ– Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas

CCASP– Comissão Consultiva Para Assuntos de Segurança

DPF Departamento de Polícia Federal

DREX– Delegado Executivo

DEPEN– Departamento Penitenciário Nacional

DELESP– Delegacia de Segurança Privada

DG– Diretor Geral

IBGE– Instituto de Geografia de Geografia e Estatística

OMS– Organização Mundial da Saúde

PGDM– Portas Giratórias Detectores de Metais

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 8

2 SEGURANÇA PÚBLICA E SEGURANÇA PRIVADA ... 11

2.1 Segurança pública ... 11

2.2 Especificidades sobre a segurança privada ... 13

2.3 Segurança pública versus segurança privada ... 17

3 PRESTADORES E EXECUTORES DO SERVIÇO DE SEGURANÇA PRIVADA . 19 3.1 Empresas especializadas ... 19

3.2 Empresas de vigilância ... 20

3.3 Empresas de transporte de valores ... 21

3.4 Empresas de cursos de formação ... 22

3.5 Requisitos de autorização para funcionamento da empresa especializada 23 3.5.1 Atividades fornecidas pelas empresas especializadas ... 24

3.6 Vigilante ... 25

3.7 Armamento ... 28

3.8 Plano de segurança... 30

3.9 Autoexecutoras de serviço de segurança privada (segurança orgânica) .... 32

4 EMPRESAS CLANDESTINAS DE SEGURANÇA PRIVADA ... 33

4.1 Dispositivos legais para controle da segurança privada ... 35

4.2 Órgãos de controle... 36

4.3 Infrações e penalidades ... 37

4.4 Contexto atual da segurança armada no Brasil ... 38

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 47

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1 INTRODUÇÃO

O crescimento da violência tem se traduzido em fator preponderante para ampliação da preocupação com a segurança de forma geral. Assim, a função de segurança contempla hoje especializações na área patrimonial, pessoal, da informação, tecnológica e do trabalho. Por se tratar de um assunto de natureza estratégica para o Estado, em geral, a autorização para funcionamento e a fiscalização das atividades são de responsabilidade do governo.

De acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, a segurança privada é apresentada como subsidiária e complementar à segurança pública, é regulada, controlada e fiscalizada pelo Departamento da Polícia Federal, por meio de portarias e demais documentos legais emitidos pelo órgão. As desigualdades sociais e o crescimento da criminalidade aumentam ainda mais o medo e a sensação de insegurança na sociedade de risco. O aumento de notícias sobre a violência majorou a sensação de medo desenfreada na população que, sem poder contar com um Estado forte, buscou formas de sanar a insegurança, situação que tornou a segurança privada uma alternativa cada vez mais procurada.

De qualquer forma, a segurança privada encontra-se banalizada, não há lugar no qual circulam pessoas em que não se observa a presença da mesma, seja de forma regular ou irregular, com os clandestinos.

São consideradas empresas de segurança clandestinas, as que atuam no mercado, prestando serviços de vigilância e segurança sem estarem em condições legais e técnicas para fazê-lo, e provocam verdadeira desordem, prejudicando sobremaneira as empresas legalmente constituídas. Trabalham em total desobediência à Lei, provocando inúmeros problemas.

Com o acentuado crescimento da violência no Brasil, desenvolveram-se os empregos na área de segurança privada, pois as pessoas querem proteger de todas as maneiras seu patrimônio e a sua família. Dessa forma, nos dias atuais, constata-se o crescimento interno de empresas de constata-segurança privada clandestina, onde não se limitam apenas a imagem do Estado como órgão fiscalizador, mas, sobretudo, ao controle de ordem financeira, pela movimentação extraordinária de valores contabilizados, que pela relevância alcançada, merece destaque.

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pessoas que se encontrem ou que contribuam para a existência de alguma atividade

de segurança particular irregular?

O estudo apresenta as seguintes hipóteses: os serviços de segurança privada vêm se expandindo cada vez mais nos últimos anos. Argumentos como o aumento da criminalidade, medo da violência e ineficiência da polícia são usados como justificativa para reforçar a vigilância de espaços públicos e privados, o que se torna preocupante e bastante comprometedor, quando as autoridades e a população em geral deparam-se com irregularidades cometidas por alguns empresários, proprietários de empresas que não atuam em conformidade com os preceitos legais, ou seja, atuam na clandestinidade, oferecendo serviços até pela metade do preço de mercado praticado pelas empresas regulares.

De forma específica tem-se como objetivo dessa monografia identificar quais os problemas que o cidadão corre ao contratar uma empresa privada de segurança clandestina.

Para a elaboração deste trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, exploratória, qualitativa, que oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente”. Pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos, com vistas à formulação de problemas ou hipóteses pesquisáveis.

E ainda segundo Gil (2000, p. 48), “[...] é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma. O material publicado pode ser fonte primária ou secundária.

Sendo assim, a pesquisa bibliográfica é o método mais indicado para a presente pesquisa, pois não é mera reprodução do que já foi escrito sobre determinado assunto, mas favorece uma análise de um tema sob um novo foco ou abordagem. Esta pesquisa teve uma abordagem qualitativa realizada através de consulta a livros e artigos de revistas, anuários, coletâneas estatísticas, também foram obtidas informações junto a boletins de órgãos e revistas especializadas na área e via internet.

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sua importância na economia nacional e regional. Ressalta as adversidades encontradas na condução das atividades empresariais de segurança pública clandestinas, entre as quais, a burocracia e as taxas praticadas no atual cenário da economia, que costumam ser as maiores barreiras para a manutenção destas empresas.

Na seção 2, são discutidos os diversos conceitos de segurança apresentados por diversos especialistas na área, e a relação entre segurança Pública e Privada. A seção 3 aborda o papel da segurança privada, descreve estruturas de funcionamento, os serviços oferecidos, identifica os limites de atuação dessas empresas. A seção 4 apresenta a distinção entre a segurança regulamentada, da segurança clandestina destacando suas principais atividades, e o contexto brasileiro, que favorece o surgimento incontrolado de serviços clandestinos, sem ignorar a importância do papel do estado e da sociedade nesse novo mercado.

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2 SEGURANÇA PÚBLICA E SEGURANÇA PRIVADA

Neste capítulo, faz-se uma rápida exposição sobre segurança pública, sua fundamentação constitucional e quem tem a obrigação de prestá-la, assim como uma breve introdução, sobre Segurança Privada, além de um comparativo entre a Segurança Pública e a Segurança Privada.

Segundo os estudos de Zanetic (2005, p. 49), “a segurança privada passou a ser um encargo adicional a ser suportado pelas organizações, e seu marco regulatório da segurança privada no Brasil”, é atualmente legislado pela Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983, e regulamentado pelos Decretos nº 89.056/83 e 1.592/95, complementados por decretos e portarias específicas que atribuíram novos requerimentos à regulação. Portarias nº 3.233/2012 e 3.258/2013 que estabelecem normas para o exercício da atividade de segurança privada no País.

Para De Plácido e Silva (2006, p. 1489),

Em regra, a violência resulta da ação, ou da força irresistível, praticada na intenção de um objetivo que não se teria sem ela. Juridicamente, a violência é espécie de coação, ou vencer a capacidade de resistência de outrem, ou executá-lo, mesmo contra a sua vontade. É, igualmente, ato de força exercido contra as coisas, na intenção de violentá-la, devassá-las ou, delas se apossar.

Observa-se que a violência, na sua principal forma de criminalidade urbana, ocupa um lugar na formação brasileira. Segundo o entendimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), violência é o uso intencional da força ou de poder físico na forma real ou de ameaça, contra si mesmo, contra outrem, contra um determinado grupo ou contra uma comunidade, que resulta ou tem grandes chances de resultar em ferimento, morte, danos psicológicos subdesenvolvimento e privação.

2.1 Segurança pública

De acordo com o Dicionário Houaiss (2009, p. 321), a segurança, pode ser entendida como “estado, qualidade ou condição de quem ou do que está livre de perigo, incertezas, assegurado de danos e riscos eventuais; situação que nada há a temer”. Constata-se que a atividade de segurança, enquanto função da organização tem suas origens nos ensinamentos de Fayol (2007, p. 25) que, ao sistematizar as seis funções organizacionais, destacou assim a atividade de segurança:

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os obstáculos de ordem social que possam comprometer o progresso e, mesmo, a vida da empresa. É o olho do patrão, o cão de guarda, numa empresa rudimentar; é a polícia e o exército. É, de modo geral, toda medida que dá à empresa a segurança e ao pessoal a tranquilidade de espírito de que tanto precisa.

Mais importante que o papel das organizações em gerir a segurança das pessoas e instalações, em seu ambiente de atuação, talvez seja a obrigação do poder público em criar mecanismos de proteção e de controle das atividades que visam a preservar a incolumidade física de todo cidadão e do patrimônio instalado em seu território. Em outras palavras, Kasznar (2009, p. 143), leciona que:

A rigor, segurança é o estado de estar e de sentir-se salvo e a salvo. [...] A segurança é em geral um grande valor e patrimônio para um povo e nação. As pessoas querem segurança e as autoridades precisam produzi-la, oferecer meios para gerá-la e mantê-la permanentemente.

Partindo dessa premissa, pode-se considerar que repousa sobre o Estado a responsabilidade de criar e manter mecanismos de proteção para sua população. Depreende-se então que, caso o Estado não tenha condições de bancar esse tipo de obrigação, deverá oferecer meios para que se preservem as medidas assecuratórias, de pessoas e bens, de maneira ampla, geral e irrestrita.

Emprega-se em novo contexto uma expressão (ampla, geral e irrestrita) muito usada no final da década de 1970 e início da década de 1980, quando se lutava pelo fim da ditadura militar, e, por conseguinte, pela anistia de políticos brasileiros exilados e pela volta da democracia.

A criminalidade produz um número expressivo de vítimas, o que acaba por acarretar o aumento do medo e da sensação de insegurança. Dessa forma, tem-se como um dos pilares da estrutura do Estado Democrático de Direito, ao qual o Brasil se filia como corrente política e doutrinaria, enfatizando esse ramo da segurança, como obrigação do Estado, direito e responsabilidade de todos.

A Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988, que por sua vez, destaca em seu capítulo III, sob o Título — Da Segurança Pública, que:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis;

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Segundo Câmara (2007, p. 189), diferente do que imagina a grande maioria da sociedade, a “Segurança Pública é um tema bastante complexo, que em si abrange diversas variáveis e também exige, dos responsáveis por sua implantação, conhecimentos técnicos específicos”. Nessa linha, para melhor entender a definição de segurança, e mais especificamente de Segurança Pública, buscou-se realizar pesquisa entre a doutrina para melhor fundamentar o seu significado, bem como suas nuances. De acordo com De Plácido e Silva (2006, p.1266),

Segurança: derivado de segurar exprime, gramaticalmente, a ação e efeito de tornar seguro, ou de assegurar e garantir alguma coisa. Assim, segurança indica o sentido de tornar a coisa livre de perigos, de incertezas. Tem o mesmo sentido de seguridade que é a qualidade, a condição de estar seguro, livre de perigos e riscos, de estar afastado de danos ou prejuízos eventuais.

Segurança pública: é o afastamento, por meio de organizações próprias, de todo perigo ou de todo mal que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade de cada cidadão. A segurança pública, assim, limita a liberdade individual, estabelecendo que a liberdade de cada cidadão, mesmo em fazer aquilo que a lei não lhe veda não pode turbar a liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a.

Em Caldas (2007, p. 112), encontra-se outra definição de Segurança Pública é fundamental para melhor embasar a compreensão do tema e suas distinções:

Segurança Pública: é de competência do Estado em garantir a segurança de pessoas e bens na totalidade do território brasileiro, a defesa dos interesses nacionais, o respeito pelas leis e a manutenção da paz e ordem pública. Desta forma podemos então afirmar, que a segurança pública deve ser entendida, como um direito fundamental do cidadão.

Dessa forma, compreende-se que pela responsabilidade do Poder Público e de seus entes, União, Estados, Distrito Federal e Municípios na aplicação e no cumprimento dos objetivos constitucionais referentes à segurança pública.

2.2 Especificidades sobre a segurança privada

A segurança privada tal como definida na legislação brasileira compreende as empresas especializadas autorizadas pelo Estado a prestarem serviços de

“vigilância patrimonial”, “transporte de valores”, “escolta armada” e “segurança pessoal privada”. Compreende também, os “cursos de formação”, empresas autorizadas a formar e qualificar os profissionais de segurança privada, e a chamada

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Esses segmentos correspondem àqueles que as legislações de diversos países e a literatura sociológica tratam pelo termo “segurança privada”. As leis de alguns países incluem na definição serviços de investigação particular e de segurança eletrônica (produção, distribuição e comercialização de equipamentos eletrônicos de proteção).

Enquanto categoria sociológica o termo segurança privada foi empregada por Shearing e Stenning (1981) para se referir às empresas formalmente constituídas que vendem serviços de vigilância ou equipamentos de prevenção no mercado (a chamada indústria da segurança), e às empresas e organizações das mais variadas que organizam divisões internas para promoverem sua própria segurança (segurança orgânica ou private security in-house).

No Brasil, estes serviços não fazem parte do universo legal da segurança privada, portanto estão fora da jurisdição de controle da Polícia Federal. Por outro lado, a realidade brasileira comporta uma variedade de serviços protetores executados informalmente (sem autorização do Estado) e que extrapolam a definição de segurança privada, tornando problemática a delimitação da jurisdição de controle da Polícia Federal e a identificação dos alvos de suas atividades de fiscalização.

De acordo com estudos efetuados por Silva (2009, p. 7), “o convívio entre militares e bandidos em presídios e em outros estabelecimentos prisionais originou o interesse de grupos pela atividade de roubo a estabelecimentos financeiros”. Assim, O agrupamento e a obtenção, cada vez maior, de resultados positivos dessas ações, fez com que, tal prática, crescesse e fosse disseminada por todo o território nacional.

Segundo Câmara (2002, p. 231), “com a organização e o alto nível operacional utilizado nessas atividades, as instituições financeiras e o poder público sentiram a necessidade de melhor aparelhar-se para enfrentar tal situação”. Assim, a atuação e a eficiência desses grupos criminosos causaram perplexidade e temor na sociedade, causando desconforto ao Estado e às autoridades responsáveis pela segurança pública.

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assaltantes perceberam que poderiam neutralizar os vigilantes sem maior esforço e que a última prática que os banqueiros desejavam era tiroteio em seus estabelecimentos.

Observa-se que a partir daí todas as medidas subsequentes foram sendo neutralizadas, por serem consideradas pontuais. No entanto, encontrava-se descrito o ambiente perfeito para empreitadas criminosas de amplas dimensões e o Estado não sabia como combater a crescente escala de assaltos às instituições financeiras.

Conforme Silva (2009, p. 7), “a expressiva quantidade de assaltos a bancos demonstrava não haver mecanismo de segurança eficiente e com capacidade de enfrentar a nova situação. Fazia-se imperativo a instituição de um sistema de segurança efetivo”. O mesmo autor, comenta ainda que, diante disso, o Governo Federal, com o intuito de combater a “onda” de roubos, editou o Decreto-Lei nº 1.034, de 21 de outubro de 1969.

Dessa forma, começaram as suas atividades, as primeiras empresas de segurança privada no Brasil, já dotadas de organização empresarial e com o intuito de exercer de forma eficiente a vigilância patrimonial dos estabelecimentos financeiros. O Decreto-Lei nº 1.034 vigorou até o ano de 1983, quando foi revogado pela Lei nº 7.102, a qual teve como principal ponto, a transferência da competência para aprovar e regular o sistema de segurança das instituições bancárias, que antes competia à secretaria de segurança dos Estados-membros, para o Banco Central.

A Segurança Privada poderia ser conceituada como aquela prestada por empresas físicas privadas que executam atividade de proteção, seja ela financeira, de natureza individual, patrimonial; ou seja, pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços de segurança. Bem assim, seria aquela em que o poder público não exerce de forma direta, mas tão somente, através de fiscalização e controle. Estes são efetuados através da verificação contínua e permanente de como se desenvolve os procedimentos a cargo das pessoas jurídicas de direito privado.

Na visão da doutrina majoritária, Silva (2008, p. 9) destaca que o conceito de Segurança Privada vai muito além do descrito no parágrafo acima. Como se observa adiante, no conceito oriundo do órgão regulamentador e fiscalizador da respectiva atividade, o Departamento da Policia Federal (DPF):

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Nesta mesma linha, merece destaque também outra definição que, embora mais simples, retrata a visão das empresas especializadas responsáveis pela atividade supracitada e que proporciona grande entendimento sobre o tema:

São as atividades desenvolvidas em prestação de serviços por empresas privadas e que tenham como características proceder à vigilância patrimonial das instituições financeiras e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem como a segurança de pessoas físicas. (CALDAS, 2007, p. 29)

As cifras indicativas dos serviços de segurança privada são impressionantes e evidenciam o grau de investimentos e recursos oriundos da atividade. Conforme dados do IBGE, em pesquisa publicada por Lima, Misse e Miranda (2012, p. 235), “o gasto com segurança privada gerou, no Brasil, um lucro de R$ 5,9 bilhões, e houve uma previsão de crescimento médio de aproximadamente 6%”. Dessa forma, observa-se que esta atividade se constitui em um dos mais importantes geradores de trabalho e emprego, respondendo por expressiva fatia do produto interno bruto do país e por uma arrecadação de divisas fiscal-tributária surpreendente. Nesse sentido, Kon (1997, p. 49) sustenta que:

A intervenção governamental no sistema econômico, frequentemente, tem como objetivo a criação, manutenção e aprimoramento de externalidades positivas, por um lado, e a eliminação, correção e controle de externalidades negativas.

Contudo, verifica-se que não é assim que o sistema público de segurança se apresenta na atualidade onde as políticas públicas não conseguem alocar eficientemente os recursos para fazer valer a segurança, de maneira que o setor privado igualmente ao setor público não consegue corrigir as externalidades negativas.

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Desse modo, verifica-se que existe uma desordem econômica, os ambientes designados as execuções das penas, estão se transformando em um fenômeno conhecido como, “triagem doutrinária do crime”, onde os diferentes privados de liberdade são recrutados de várias formas (através de proteção, número de anos de cadeia, rivalidade entre facções, entre outros), a se filiarem há determinados grupos onde se detectam práticas diversas de crueldade e violência, de acordo com o perfil criminal de cada membro dessa organização que por sua vez já construiu suas próprias normas e leis.

2.3 Segurança pública versus segurança privada

Na atualidade, um dos maiores problemas sociais existentes é a questão da segurança e tem chamado a atenção das autoridades para as consequências desagradáveis que tais circunstâncias ocasionam. Demarcar as diferenças e definir as atribuições entre segurança pública e privada é fundamental para o entendimento das necessidades sociais neste setor. De acordo com Câmara (2002, p. 236):

[...] a insegurança se transformou ao longo dos anos em um problema de grandes extensões, despertando interesse tanto das autoridades instituídas, como da sociedade, que buscam de forma hábil combatê-la e amenizá-la. Assim, surgiu como opção para a sociedade, como também para o Estado, a Segurança Privada, mais barata e, porque não dizer em certas situações, mais eficiente.

No entanto, deve-se levar em conta também, a falsa visão de que todos sabem como resolver os problemas da segurança, seja esta pública ou privada. Câmara (2002, p. 231), comenta que isto, é uma inverdade, pois:

A maioria da população: políticos, empresários e até mesmo alguns

‘profissionais’, confundem segurança pública com polícia e segurança privada com vigilância. Essa falsa visão de segurança os leva a acreditar em soluções simplistas para os problemas que os afetam e nos afligem. Assim como acontece com o futebol, na área de segurança não faltam

‘técnicos’ a pontificar sobre o que não sabem.

Dessa forma, compreende-se o porquê em questão de segurança, seja pública ou privada, impera o uso contínuo de paliativos, que não resolvem os problemas e simplesmente camuflam a realidade da população em geral. Um aspecto importante na questão segurança pública versus privada, é que cada uma

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A segurança privada moderna não deve ser tida como substituta da Segurança Pública, mas como complementar desta, na medida em que supre algumas deficiências de um sistema defasado e que não atende, em sua plenitude, aos anseios de segurança como uma das mais prementes buscas dos cidadãos em um mundo cada vez mais tecnológico, globalizado e sujeito a mazelas dessa globalização.

Constata-se, no entanto, que para outros autores o sentido de complementaridade vai bem além do caráter meramente acessório, que segundo Cubas (2005, p. 164), “representando verdadeira fonte de apoio e auxílio ao projeto de segurança pública”. Desse modo, a oferta de serviços privados de segurança pode não representar um problema em sociedades em que esse serviço funciona como um complemento à atividade de segurança pública e onde o estado tem um forte controle no funcionamento e fiscalização dessas empresas.

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3 PRESTADORES E EXECUTORES DO SERVIÇO DE SEGURANÇA PRIVADA

Os índices crescentes de violência no Brasil mostram a total falta de segurança da população e das instituições que necessitam de proteção. Nesse sentido, é cotidiano observar os constantes ataques a agências bancárias e outros tipos de violência em todo o país. Nesse contexto, no qual a segurança pública não tem êxito, surge à segurança privada para atuar como uma força auxiliar no combate à “violência”: que é usada como instrumento de proteção dentro de uma sociedade cada vez mais violenta e repleta de desigualdades sociais.

3.1 Empresas especializadas

O serviço de segurança privada contratado tem um caráter peculiar, que de acordo com os estudos de Nunes (1996, p. 99), “neste tipo de serviço surge o conceito de terceirização, ou seja, é a contratação de uma terceira pessoa para prestar um determinado serviço, que não manterá nenhum vínculo de trabalho com a contratante, porém prestará o serviço a este”. A segurança privada, ao contrário, normalmente atua no interior de um “sistema de justiça privado” — termo usado por Shearing e Stenning (1981) para indicar as práticas de resolução de conflitos com base em convenções sociais.

As pessoas normalmente recorrem a esses sistemas de justiça alternativos para solucionar problemas (incluindo aqueles que podem ser considerados crime pelo sistema de justiça criminal) cuja solução no sistema de justiça formal é avaliada como mais custosa, onde exerce um policiamento instrumental que prioriza o interesse dos empregadores enquanto vítimas potenciais de atividades criminosas.

Geralmente suas atividades são voltadas para a preservação de uma ordem privada. Assim, a segurança privada costuma atribuir maior importância à restituição e satisfação dos interesses dos clientes do que à punição e reafirmação do consenso moral. Desse modo, a ênfase de seu trabalho é colocada na prevenção e não na repressão.

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Essa mentalidade preventiva é claramente expressa na corrente criminológica que orienta o trabalho da segurança privada, a criminologia da prevenção situacional, que preconiza a prevenção a partir da inacessibilidade dos alvos cobiçados pelos delinquentes. A preocupação da segurança privada não é somente a de repelir ou prevenir ações criminais, mas também perdas e danos decorrentes de sinistros, incivilidade, sabotagem e outros infortúnios.

Assim, o policiamento privado costuma ter um caráter menos especializado do que o policiamento público. Nesta linha (NUNES, 1996, p. 99), destaca que, as empresas especializadas são as únicas prestadoras desse serviço aptas a prestar tal ofício:

Empresas especializadas são aquelas que possuem autorização de funcionamento expedida pelo Departamento de Polícia Federal e que foram criadas com o fim específico de explorar e comercializar qualquer atividade considerada como de segurança privada.

As empresas especializadas são divididas, considerando-se as atividades que se dispõem a executar, são as únicas prestadoras desse serviço aptas a prestar tal oficio. Se dividem em Vigilância e/ou Vigilância Patrimonial, Transporte de Valores, Segurança Pessoal, Escolta Armada e em Serviços Orgânicos.

Ainda de acordo com os estudos de Nunes (1996, p. 99), “empresas especializadas são aquelas que possuem autorização de funcionamento expedida pelo departamento de polícia federal e que foram criadas com o fim específico de explorar e comercializar qualquer atividade considerada como de segurança privada.”

Nunes (1996, p. 102), acrescenta também que,

Entre os dispositivos legais mais importantes para o controle da segurança privada, estão os que tratam dos temas: requisitos para a atuação de empresas e profissionais de segurança privada, treinamento, armas de fogo e uniforme e identificação visual dos agentes.

Esses temas também estão presentes em diversas partes do mundo, sendo fundamentais para assegurar responsabilidade pública da segurança privada. Vê-se a seguir, como eles apresentam-se no marco legal brasileiro e como são regulados pela Polícia Federal.

3.2 Empresas de vigilância

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são menores. Para conseguirem prestar seus serviços em conformidade com a lei, além da autorização pelo Departamento da Polícia Federal, as empresas de segurança devem comprovar que dispõem de uma infraestrutura mínima para o desenvolvimento de suas atividades. Essa estrutura mínima diz respeito a:

- Recursos humanos — este requisito está sempre relacionado ao efetivo de- vigilantes contratados.

- Recursos financeiros — este está ligado ao capital social da empresa. - Instalações adequadas — este item é relacionado à estrutura física da empresa bem como com os materiais para o desempenho da atividade. (NUNES, 1996, p. 107).

É vedado ao vigilante exercer sua atividade em vias de logradouros públicos, e mesmo seu deslocamento armado, ou desarmado, em passeios públicos.

3.3 Empresas de transporte de valores

São as empresas que desenvolvem, em regra, suas atividades com a utilização de veículos específicos, denominados de blindados ou carros-fortes. Contudo, pode haver o transporte de numerário em veículos comuns. A atividade exercida consiste, essencialmente, no traslado de bens ou valores, mediante a utilização de veículos, comuns ou especiais. Nesta hipótese, a empresa deve ser devidamente autorizada para esta atividade e seus vigilantes devem realizar o curso de extensão em transporte de valores.

Em regra, o transporte de numerários se dá em carros fortes, porém, se a quantia for entre 7 (sete) e 20 (vinte) mil Ufirs, conforme arts. 4º e 5º da Lei nº 7.102/1983; arts. 4º e 5º da Lei nº 9.017/1995; e art. 51, § 1º, da Portaria DG/DPF nº 3.233/2012. Esse transporte pode ser feito em carro comum, com no mínimo 2 (dois) vigilantes especializados. É obrigatório, para a empresa que fornece esse tipo de serviço, possuir no mínimo 16 (dezesseis) vigilantes com curso de extensão em transporte de valores e pelo menos 2 (dois) carros especiais.

Segundo o entendimento de Silva (2009, p. 18), a estrutura para desenvolver a atividade de transporte de valor é a mesma referente ao de vigilância patrimonial acrescido de:

a) Garagem exclusiva para, no mínimo, dois veículos especiais de transporte de valores;

b) Cofre para guarda de valores e numerários;

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Verifica-se assim, que a utilização de pessoal próprio do Banco (e não das empresas de segurança e vigilância) nos transportes de valores, só é admitido em uma situação, ou seja, quando o próprio Banco mantiver quadro “organizado e preparado para tal fim, [...] aprovado em curso de formação de vigilante [...]” (art. 3º, II).

Desse modo, a utilização de veículo comum, estabelecido no art. 5º, é aplicado ao pessoal da própria empresa de vigilância e não aos bancários. Os bancos, contudo, para dar agilidade a alguns Postos de Atendimento Bancário

(PAB’s) ou mesmo para economizar com vigilância e transporte de valores (que cobram valores consideráveis), costuma solicitar a seus empregados que façam o transporte de numerário e malotes, em seus próprios veículos, sem qualquer segurança ou treinamento.

De acordo com Manzi, “os empregados que transportam valores pequenos,

são orientados a não reagir no caso de assalto”, o que afastaria o dano ou a possibilidade de sua ocorrência.

3.4 Empresas de cursos de formação

Segundo os ensinamentos de Silva (2009, p. 18), “o curso de formação tem por finalidade formar, especializar e reciclar os vigilantes”. Estas empresas se diferem das demais por não poderem realizar suas atividades paralelamente como as de outra categoria, além de ser a única que tem a permissão de adquirir equipamento de recarga e proceder à recarga de munição.

Para serem autorizadas, as empresas especializadas em curso de formação de vigilantes, tem que ter os mesmos requisitos das anteriores, porém, conforme Silva (2009, p. 18), os recursos humanos neste caso, não estão ligados ao número de vigilantes e sim à capacidade técnica dos instrutores da escola e, em relação às instalações das empresas, deverão possuir:

Três salas de aulas com a capacidade mínima de formação simultânea mensal de 60 (sessenta) alunos, podendo cada sala conter no máximo 45 (quarenta e cinco) alunos;

Local adequado para treinamento físico e de defesa pessoal; Sala de instrutores;

Estande de tiros próprios ou convênio com instituições militares, policiais ou clube de tiro.

(25)

humana, a segurança sobressai como uma das principais necessidades do homem no seu convívio social. Dessa forma, a Associação Brasileira dos Cursos de Formação e Aperfeiçoamento de Vigilantes (ABCFAV, 2007), lançou a metodologia a ser utilizada, sendo a mesma dos anexos da Portaria DG/DPF nº 387/2006, que alterou e consolidou as regras sobre segurança privada no Brasil.

A citada portaria prevê que o vigilante, após entrar no ramo da segurança privada através do Curso de Formação de Vigilante, deverá voltar compulsoriamente à sala de aula a cada dois anos, não definindo qual extensão ou reciclagem irá realizar. Entretanto, tal escolha deverá ser feita pelo próprio vigilante, levando-se em conta seus interesses profissionais e sua relação de trabalho.

Observa-se, no entanto, que a reforma curricular apresentada na Portaria DG/DPF nº 387/2006, tem enfoque no ser humano e na pessoa do vigilante, com objetivo de formar profissionais cidadãos, não apenas técnicos, e de captar no mercado de trabalho pessoas mais qualificadas para que o segmento da segurança privada possa crescer com essas medidas e prover uma melhor segurança à sociedade.

Sendo assim, é nessa senda, que a segurança privada é complementar à segurança pública. Esta cartilha, é considerada importante, pois é a que trata da Formação do Vigilante, servindo como meio instrucional e material de consulta permanente ao vigilante, tanto em sua formação profissional, como durante sua atividade de trabalho, além de servir para as reciclagens exigidas pela legislação, uma vez que a segurança privada é subsidiária e complementar à segurança pública e subordina-se aos princípios da necessidade, adequação e proporcionalidade.

3.5 Requisitos de autorização para funcionamento da empresa especializada

Para terem autorização de funcionamento, as empresas devem preencher diversos requisitos para o exercício da atividade de segurança privada. O não cumprimento dessas obrigações decorre na negativa de aceitação da empresa para a finalidade sugerida, e dessa forma, não há que se falar em empresa efetivamente.

Assim, se a mesma vier a funcionar sem a devida autorização, encontra-se na clandestinidade; e se utilizar armamento, enquadrar-se-á nos tipos penais previstos no estatuto respectivo.

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1) Que os sócios das empresas sejam brasileiros natos ou naturalizados; 2) Prova de que os sócios, administradores, gerentes e diretores das

empresas não tenham condenação criminal registrada;

3) Capital social integralizado correspondente a 100.000 (cem mil) Ufirs; 4) Sistema de comunicação entre o setor operacional da empresa e os

seus veículos;

5) Deve dispor de recursos humanos adequados, podendo esta listagem ser comprovada no prazo de 60 (sessenta) dias após a publicação do alvará que autoriza o funcionamento;

6) Deve também possuir instalações físicas adequadas, de uso e acesso restrito;

7) E, finalmente dispor de um local adequado e seguro para a guarda do armamento e das munições.

Entende-se que a segurança desarmada também deva sofrer algum tipo de regulamentação e controle, que a priori seria mais bem executado por estados e municípios.

Conforme Coelho (2006, p. 19), “tamanho é o volume de profissionais exercendo tal atividade em condomínio residencial e/ou empresarial, shopping, indústria e comércio, shows e eventos em diferentes e distantes localidades do

país”. Assim como, os segmentos de segurança eletrônica, alarmes, cercas elétricas, blindagem de veículos e edifícios, circuito fechado de televisão, investigações particulares que da mesma forma encontram-se desamparados pela citada legislação.

3.5.1 Atividades fornecidas pelas empresas especializadas

Constata-se que nos dias atuais, onde a segurança não é total, as empresas de segurança investem de forma maciça nas atividades mínima de proteção. Há uma grande diversidade de empresas de segurança que se especializam conforme a necessidade do mercado. Coelho (2006, p. 23), comenta que, as empresas especializadas se dividem em Vigilância e/ou Vigilância Patrimonial, Transporte de Valores, Segurança Pessoal, Escolta Armada e em Serviços Orgânicos, conforme demonstra-se abaixo:

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3) Segurança Pessoal - Atividade que busca garantir a integridade física das pessoas. Tem por finalidade a adoção de técnicas de segurança pessoal para executivos, autoridades, empresários, artistas, desportistas e outros. É comumente conhecida como serviços de

“guarda-costas” ou “segurança VIP”. Nesta hipótese, a quantidade de vigilantes para prestação do serviço é de livre opção do contratante e do contratado. Os vigilantes devem realizar o curso de extensão, para realizar a segurança pessoal.

4) Escolta Armada. Atividade que visa dar suporte ao transporte de valores ou de qualquer outro tipo de carga valiosa. Sempre que possível, deve-se deslocar próxima ao veículo que conduz a carga a ser protegida. Neste caso, a empresa deve comprovar a propriedade ou posse de no mínimo 02 (dois) veículos, com as devidas identificações externas, sistema de telecomunicações. Os vigilantes, em quantidade de 04 (quatro) podendo ser reduzidos para 02 (dois), devem possuir curso de extensão em escolta armada.

5) Curso de Formação de Vigilantes: O curso de formação tem por finalidade formar, especializar e reciclar os vigilantes. Aplicado apenas por empresas, permitidas pelo Departamento de Policia Federal, a formar vigilantes, que se diferem das demais, por não poderem realizar suas atividades paralelamente como as de outra categoria, além de ser a única que tem a permissão de adquirir equipamento de recarga e proceder à recarga de munição. (COELHO, 2006, p. 23).

3.6 Vigilante

O vigilante é considerado o elemento humano mais importante dentro da estrutura das empresas de segurança privada.

Segundo os estudos de (SILVA, 2009, p. 19), “tanto assim, que muitos são os requisitos para o exercício da atividade, bem como, a definição que deve possuir o perfil para os profissionais, devidamente identificados no Anexo I da Portaria [DG/DPF] 387/2006”.

Além dos requisitos exigidos acima, para o exercício da atividade os vigilantes devem realizar obrigatoriamente cursos de formação, tendo inclusive, que obter resultados mínimos na avaliação, bem como, realizar periodicamente curso de reciclagem.

Para o exercício de atividade como o transporte de valores, escolta armada e segurança pessoal é exigido ainda o curso de extensão nestas áreas, que de acordo com Coelho (2006, p. 2).

A vigilância armada é exercida por profissional adequadamente preparado, denominado vigilante, que possui o poder de reação por meio de armas de fogo, assegurado por lei, e, portanto, é previsto o rigor e o controle desses profissionais, que também por exigência legal, devem possuir vínculo empregatício com uma empresa de segurança privada autorizada a funcionar pela Polícia Federal.

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estão previstas na legislação sobre a atividade dos vigilantes, principalmente porque não há porte de arma de fogo”.

Ainda segundo Nunes (1996, p. 99), “conforme o artigo 15 da Lei nº 7.102, de 1985, vigilante é o empregado contratado para desempenhar a atividade da segurança privada”. Entretanto, conforme conceito extraído da Portaria DG/DPF nº 387/2006, vigilantes são profissionais capacitados pelo curso de formação, funcionários das empresas especializadas e/ou das que possuem serviço orgânico de segurança, registrados no DPF, responsáveis pelo desempenho da atividade de segurança privada.

Comenta De Plácido e Silva (2006, p. 1485), “apreende-se, precisamente por vigilância, o cuidado ou a atenção que se deve dar às coisas, que ficam a cargo de alguém”. Corresponde, igualmente, ao serviço ou a encargo da pessoa que é posta como vigia, ou para vigiar, isto é: para cuidar atentamente do que lhe é confiado.

Contudo, observa-se um ponto bastante polêmico sobre a atuação dos vigilantes vem causando uma enorme discussão sobre o fato do embate direto com assaltantes, que geralmente resulta em morte dos profissionais de segurança ou de vítimas inocentes desse confronto, principalmente em agências bancárias.

Segundo Câmara (2002, p. 240), “a reação do vigilante, utilizando sua arma contra os assaltantes, é legítima”. Entretanto, como saber se deve ele reagir, ainda que sua ação coloque em risco clientes e empregados da agência, levando-se em conta que ao agir, o vigilante o faz por delegação do Banco para defender-se de injusta agressão. Assim, entende-se que, cabe à administração da agência estabelecer os limites dessa reação, atendendo aos seus critérios políticos.

Conforme o autor em referência, os requisitos básicos para que os profissionais de vigilância possam exercer sua profissão estão estabelecidos no art. 16 da Lei nº 7.102/83, conforme dados ora expostos:

a) Ser brasileiro, nato ou naturalizado; b) Ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos;

c) Ter grau de instrução no mínimo corresponde à 4ª (quarta) série do ensino fundamental;

d) Possuir registro no Cadastro de Pessoas Físicas;

e) Ser aprovado em Curso de Formação de Vigilantes, devendo estes serem realizados em estabelecimentos com funcionamento devidamente autorizado pelo poder público;

f) Encontra-se em dias com as obrigações eleitorais; g) Estar quite com suas obrigações militares;

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i) Não possuir registros de antecedentes criminais, nem estar respondendo a inquérito policial ou processo criminal, bem como, não ter sido condenado no processo. (CÂMARA, 2002, p. 240).

Estando o indivíduo em conformidade com todos os tópicos acima, deverá ser feito, junto ao DPF, o registro profissional do vigilante. Aquele anotará esse registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e o Certificado de conclusão de curso deverá ser registrado na Delegacia de Controle de Segurança Privada (DELESP) ou na Comissão de Vistoria (CV).

Silva (2009, p. 29), relata também que, os direitos dos vigilantes estão regulados no artigo 19 da Lei nº 7.102/83 e no artigo 117 da Portaria DG/DPF nº 387/2006. Sendo estes os seguintes:

1) Receber uniforme aprovado pelo DPF, a expensas da empresa autorizada. Devem fazer parte do uniforme o apito com cordão, emblema da empresa e plaqueta de identificação do vigilante;

2) Porte de arma, no momento do exercício da atividade;

3) Acesso a materiais e equipamentos em perfeito funcionamento e estado de conservação, principalmente armas e munições;

4) Seguro de vida em grupo, feito pela empresa empregadora; 5) Treinamento permanente de prática de tiro e de defesa pessoal; 6) Prisão especial por ato decorrente do exercício da atividade.

7) Realização de curso de reciclagem e renovação dos exames de saúde física, mental e psicotécnico por conta de empresa contratante.

Com relação aos deveres dos vigilantes, Silva (2009, p. 32), destaca que, são estabelecidos na legislação e constam do artigo 118 da Portaria DG/DPF nº 387/2006 e são os seguintes:

1) Exercer as suas atividades com urbanidade, probidade e denodo; 2) Utilizar o uniforme autorizado apenas quando estiver em serviço; 3) Portar a Carteira Nacional de Vigilante — CNV;

4) Manter-se adstrito ao local sob sua vigilância, atentando-se para as peculiaridades das atividades;

5) Comunicar quando houver qualquer incidente ocorrido no serviço ao seu superior hierárquico;

6) Informar qualquer irregularidade com relação ao seu equipamento de serviço, principalmente, quando se tratar de armamento, munições e colete à prova de balas.

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Silva (2009, p. 41), afirma que, para ter direito a utilização da CNV, o profissional deve também, “[...] estar vinculado à empresa especializada ou de serviço de segurança orgânica, possuir curso de formação, de extensão ou estar com a reciclagem dentro do prazo de validade”. As CNVs são expedidas com prazo de validade de 4 (quatro) anos. O pedido de renovação deve ser apresentado no prazo de até 60 (sessenta) dias. As vencidas ou expedidas com erro serão encaminhadas pela DELESP ou CV ou à Coordenadora-Geral de Controle de Segurança Privada (CGCSP), para destruição.

Para a obtenção da CNV devem ser apresentados os seguintes documentos: Carteira de Identidade (RG), Cadastro de Pessoa Física (CPF) e CTPS, que comprove o vínculo empregatício do vigilante com empresa especializada ou de segurança orgânica, 2 (duas) fotografias 2 x 2 cm e comprovante de recolhimento da taxa de expedição da carteira. Será multada, a empresa que possuir vigilantes contratados sem a CNV.

3.7 Armamento

Uma das grandes questões ligadas à atividade de segurança privada diz respeito ao tipo do armamento utilizado, até onde e quando deve ser utilizado, qual o calibre e o tipo de armamento permitido para cada ramo de atividade (NUNES, 1996, p. 326).

A legislação brasileira que rege a segurança privada é bastante clara quando define os tipos de armamentos e equipamentos possíveis de serem utilizados na atividade de Segurança. Em casos de excepcionalidade, e somente assim, devidamente justificada, o Departamento de Polícia Federal permite sua alteração, devendo ser ainda observada a característica estratégica da atividade ou sua relevância para o interesse nacional (SILVA, 2009, p. 23).

Desse modo, a atividade desenvolvida pela empresa prestadora do serviço de segurança é que determina o tipo de armamento, munições, coletes à prova de balas e outros equipamentos autorizados. Tendo a empresa que zelar pela sua guarda e manutenção, estando estes sempre prontos para ser utilizados quando se fizer necessário.

(31)

O processo é bastante minucioso quanto a estes requisitos, detalhando de maneira pormenorizada os aspectos e exigências legais. Ademais, os equipamentos utilizados passam por revisão e fiscalização periódicas por parte dos órgãos controladores.

Assim, as empresas de segurança que atuam na atividade de vigilância patrimonial poderão conceder aos seus vigilantes, estando estes em serviço, o uso de revólver calibre 32 ou 38, cassetete de madeira ou borracha, algemas e coletes à prova de balas (NUNES, 1996, p. 330).

Já as de transporte de valores e de escolta armada poderão permitir o uso de carabina de repetição calibre 38, espingardas nos calibres 12 e pistolas semiautomáticas calibre 380. (SILVA, 2009, p. 23). Ainda de acordo com Silva (2009, p. 23):

Tal modo, as empresas com serviço orgânico de segurança podem equipar seus vigilantes com armas e munições previstas para as empresas de transporte de valores e de vigilância patrimonial e os cursos de formação poderão possuir todas as armas e munições previstas para as demais atividades, bem como, material e apetrechos para recarga.

Para serem autorizadas a comprar armas, munição e outros materiais, as empresas de segurança privada deverão possuir autorização de funcionamento e certificados de segurança validados e atualizados. Ademais, devem comprovar a contração do efetivo mínimo de vigilantes permitidos.

As empresas de transportes de valores, bem como as que possuem serviço orgânico de segurança, para serem autorizadas a adquirir produtos controlados, para serem usados nos veículos especiais, deverão apresentar os certificados de vistoria dos respectivos veículos devidamente válidos.

Ainda, de acordo com a Direção Geral do Departamento de Polícia Federal (Portaria DG/DPF nº 387/06), os vigilantes poderão utilizar-se de armas não-letais, se estes possuírem treinamento específico para este fim. Podendo estas ser borrifador de gás de pimenta, arma com choque elétrico, granadas lacrimogêneas ou fumígenas, munições lacrimogêneas e máscaras contra os supracitados gases.

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livros de registro e controles de armas e munições”, podendo, nesta hipótese, utilizar sistema informatizado.

3.8 Plano de segurança

O art. 1º da Lei nº 7.102/83 estabelece:

É vedado o funcionamento de qualquer estabelecimento financeiro onde haja guarda de valores ou movimentação de numerário, que não possua sistema de segurança com parecer favorável à sua aprovação, elaborado pelo Ministério da Justiça, na forma desta Lei.

Dessa forma, observa-se que o requisito fundamental para a instalação e funcionamento das Agências Bancárias é o plano de segurança, sendo imprescindível a sua formulação. De acordo com Silva (2009, p. 27), o Plano de Segurança deve conter as seguintes informações:

Dados da Instituição Financeira, descrição da quantidade e da disposição dos vigilantes, indicação da empresa responsável pela segurança contratada, existência dos equipamentos exigidos na legislação, projeto de construção, instalação e manutenção de sistema de alarmes, cópia da última portaria de aprovação, para os casos de renovação do plano.

Antes de o estabelecimento iniciar suas atividades, “deve submeter seu plano de segurança à Delegacia de Controle de Segurança Privada (DELESP), ou à Comissão de Vistoria (CV) da circunscrição em que estiver situado, por meio de requerimento dirigido ao chefe de DELESP ou Presidente da CV, contendo todos os dados exigidos [...]” (SILVA, 2009, p. 47). Conforme Nunes (1996, p. 164),

A DELESP ou Comissão de Vistoria, após o recebimento do planto deverá inicialmente realizar uma análise e em seguida uma vistoria nas instalações da instituição financeira, para certificar-se da eficiência do sistema adotado, bem como, para confirmar os dados e informações constantes do plano.

Nesta oportunidade, os membros da equipe de fiscalização deverão verificar também, o uso correto dos uniformes pelos vigilantes e seus acessórios, o curso de reciclagem, as armas, munições e demais equipamentos e seu estado de manutenção e funcionamento. Silva (2009, p 49) comenta:

Concluída a vistoria será confeccionado o Relatório de Vistoria da Agência, que informará se o que consta do plano está de acordo com o que foi observado, corroborando assim, na aprovação ou reprovação do plano de segurança.

(33)

1) os vigilantes devem estar armados e devidamente uniformizados; 2) sistema de alarme funcionando e ligando o estabelecimento a outra

empresa da mesma instituição, a empresa de vigilância ou a órgão policial que fique mais próximo; (SILVA, 2009, p. 52)

O outro item deve ser escolhido de acordo com as seguintes alternativas:

a) circuito Fechado de Televisão — CFTV, o qual deve armazenar imagens de toda movimentação do público por um período mínimo de 30 (trinta) dias;

b) portas Giratórias Detectoras de Metais — PGDM, que possam dificultar ou retardar a ação dos criminosos, devendo possuir também detector de metal portátil, a ser utilizado em casos excepcionais;

c) cabina Blindada com permanência ininterrupta de vigilante.

Deve-se observar que o Plano de Segurança possui caráter sigiloso, sendo de responsabilidade da instituição financeira, ou da empresa de segurança privada, por aquela contratada, para realizar a atividade, a elaboração do plano. Devem integrar ainda o plano, as instalações físicas do estabelecimento, devendo ser adequadas e suficientes para garantir segurança.

Exige a legislação que, os elementos de segurança previsto nos planos não dificultem a acessibilidade de pessoas idosas ou portadoras de deficiências. E qualquer alteração no Plano de Segurança deverá ser previamente autorizada pelo DPF, configurando alteração no plano qualquer mudança de endereço ou nas instalações físicas do estabelecimento (Lei nº 7.102/83).

Ainda de acordo com Silva (2009, p. 58), é de competência exclusiva do Superintendente Regional da Polícia Federal, em cada unidade da federação, a emissão do Certificado que aprova o Plano de Segurança de Instituição Financeira dentro da circunscrição da respectiva Superintendência, através de portaria, que tem validade de 1 (um) ano, contado da data da expedição desta:

Uma vez aprovado o plano de segurança, as renovações posteriores do sistema de segurança do estabelecimento deverão ser realizadas anualmente, e serão apresentadas e discutidas durante um ano, visando à sua aplicação no ano seguinte.

Todavia, conforme § 2º da Portaria DG/DPF nº 387/06, quando o Plano de Segurança for reprovado pela DELESP ou CV, o responsável será notificado para, se desejar, impetrar recurso no prazo de 10 (dez) dias, destinado ao Superintendente Regional, de preferência com o suprimento das falhas anteriores que motivaram a reprovação do plano (SILVA, 2009, p. 538).

(34)

desencadeará a lavratura do auto de infração das faltas apontadas pelos Chefes da DELESP ou CV.

3.9 Autoexecutoras de serviço de segurança privada (segurança orgânica)

A atividade de segurança privada pode ser exercida por empresas não especializadas. Para Nunes (1996, p 135), essas empresas são denominadas de auto executoras ou empresas de segurança orgânica:

Auto executoras são aquelas empresas que possuem objeto econômico diverso da vigilância ostensiva e do transporte de valores, mas que utilizam pessoal de quadro funcional próprio para a execução do serviço. São o que convencionamos chamar de empresas não especializadas e o que a legislação define como segurança orgânica.

Para funcionar, as autoexecutoras necessitam de Alvará de Funcionamento, que de acordo com Silva (2009, p. 13), destaca:

Terá validade de 1 (um) ano, expedido pelo Coordenador-Geral, contado a partir da publicação no Diário Oficial da União, permitindo à empresa que desenvolva a atividade de segurança privada nos limites que lhe fora autorizada

Ainda segundo Silva (2009, p. 13), as empresas de serviços orgânicos de segurança possuem requisitos próprios para sua formação e constituição, conforme o artigo 54 da Portaria DG/DPF nº 387/06. A saber:

a) Utilizar os próprios empregados nas atividades de segurança orgânica; b) Prova de que administradores, gerentes, diretores e empregados

responsáveis pelo serviço de segurança orgânica não tenham condenação criminal registrada;

c) Setor operacional devidamente definido;

d) Local seguro e adequado para a guarda de armas e munições.

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4 EMPRESAS CLANDESTINAS DE SEGURANÇA PRIVADA

A denominação de empresa clandestina encontra-se no art. 111 da Portaria nº 992/95, que de acordo com Nunes (1996, p. 419),

Prevê o procedimento no momento da constatação de empresa que esteja funcionando sem autorização do Departamento de Polícia Federal na prestação de serviços de vigilância armada, desarmada, transporte de valores, cursos de formação de escolta armada e segurança pessoal privada.

As atividades realizadas pelas empresas não autorizadas pelos órgãos de controle e fiscalização competentes representam um problema e um dilema para a questão da segurança privada no Brasil. Ainda segundo os ensinamentos de Nunes (1996, p. 419), “a segurança privada vem sendo desenvolvida por empresas que não possuem autorização para prestá-la, nem os requisitos mínimos que uma empresa séria e organizada deveria ter”. São as chamadas “empresas clandestinas”.

É claro e não deixa muitas dúvidas, com relação ao caráter de ilegalidade dessa atividade; todavia, não aborda os problemas e os riscos dessa forma de atuação. O exercício da atividade irregular pode ser exercido por pessoa física ou jurídica. Neste segundo caso, caracterizam-se por pessoas regulares ou não, como empresas. No entanto, sua finalidade e prestação de serviços são outros, diferentes da atividade de segurança privada.

Nunes (1996, p. 420), comenta, “[...] é muito comum agirem na irregularidade pessoas jurídicas responsáveis por serviços como conservação e limpeza, administração de condomínios, portaria e promoção de eventos”, que por exercerem atividades aproximadas da segurança privada acabam incorporando esta também, principalmente por não terem como arcar com os custos da regularização e da estruturação.

Quando for constatada a existência de empresa clandestina, em qualquer das formas supracitadas, será lavrado o auto de encerramento, notificando-se o responsável e determinado o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa prévia. Entretanto, Nunes (1996, p. 424), explana que:

(36)

Na hipótese de haver tomador dos serviços clandestinos à DELESP ou CV notificará este, entregando cópia do auto de encerramento lavrado, do qual poderá ser também responsabilizado, caso tenha, de qualquer forma, contribuído para a prática das infrações penais praticadas pelo contratado (disposto no artigo 148 da Portaria DG/DPF nº 387/06).

Em continuidade com o citado artigo, quando se encerrar o prazo de 10 (dez) dias para apresentação da defesa, a DELESP ou CV deverá decidir se encerra as atividades da empresa irregular, em seguida notificará o autuado. Neste caso, o autuado poderá oferecer recurso da decisão da DELESP ou CV, que será encaminhado ao Superintendente Regional, também no prazo de 10 (dez) dias. A penalidade para a empresa, ou pessoa que exercer atividade irregular, desde que não haja procedimento penal a ser apurado, será unicamente o encerramento da atividade. Assim, se a empresa possuir outras atividades como serviços de portaria, limpeza, fiscal de loja, estes poderão continuar funcionando normalmente.

Quando for determinado o encerramento da atividade clandestina, a DELESP ou CV deverá comunicar o procedimento à Coordenação Geral de Controle de Segurança Privada/Diretoria Executiva (CGCSP/Direx), para fins de controle. No entanto, se o infrator persistir com a pratica da atividade deverá ser realizado novo processo administrativo e o infrator poderá ser responsabilizado penalmente no crime previsto no art. 205 do Código Penal (CP), ou seja, exercer atividade do qual está impedido por decisão administrativa.

Como se pode observar, não existe na legislação referente à atividade de segurança privada nenhuma sanção ou penalidade para quem exerce a atividade de forma clandestina ou irregular, se não utilizar arma de fogo. Responde, no máximo e se for reincidente, nas penas cominadas no art. 205 do CP, e se possuir arma de fogo de acordo com a Lei nº 10.826/03, o Estatuto do Desarmamento (SILVA, 2009, p. 15).

É comum empresas que possuem Cadastro de Pessoas Jurídicas (CNPJ) formalizado oferecerem segurança privada como parte de um pacote que inclui serviços como portaria, limpeza e organização de eventos. “São empresas de segurança camufladas sob outros serviços. Isso atrapalha a atividade das que trabalham legalmente”.

(37)

atuam apenas como observadores em estabelecimentos comerciais. Já os vigilantes são treinados em cursos específicos credenciados pela Polícia Federal, podem realizar revistas e somente atuam por meio de empresas autorizadas.

A Lei Federal nº 7.102/83, que regulamenta a atividade de segurança privada, poderá passar por mudanças, passando a responsabilizar também as empresas que contratam serviços irregulares de segurança privada.

4.1 Dispositivos legais para controle da segurança privada

Em razão do seu caráter abrangente, o marco legal que regula a segurança privada no Brasil contém uma série de dispositivos que permitem, direta ou indiretamente, responsabilizar empresas e profissionais de segurança privada.

Dos trabalhos produzidos sobre a segurança privada, o ensaio publicado no início dos anos 1990 por Paixão (1991, p. 138) sustentou haver na época um

“controle público puramente cerimonial sobre a segurança privada”. A tese foi posteriormente substanciada por Heringer (1992, p. 12) num estudo sobre a

“Indústria da Segurança Privada no Rio de Janeiro”, na época, o único que realmente abordava através de pesquisa empírica, o controle estatal da segurança privada.

Mais recentemente, num contexto regulatório distinto ao da primeira metade dos anos 1990, Cubas (2002) e Zanetic (2006) produziram dissertações de mestrado onde o controle público da segurança privada foi abordado. Entretanto, observa-se que, em nenhum dos dois trabalhos, a necessidade de regulamentação, foi o objeto privilegiado na análise. Para tanto, Cubas estudou “A expansão das Empresas de Segurança Privada em São Paulo” (2002), tecendo considerações sobre o controle interno realizado nas empresas e o controle externo realizado pelo Estado. Zanetic, tratou de alguns dos dispositivos legais de controle da segurança privada dentro da problemática mais ampla da regulação desses serviços, enfoque principal de seu estudo (2006).

Ou seja, a necessidade de controle público sobre a segurança privada em vista dos riscos potenciais que esses serviços representam para os direitos civis e para a ordem democrática, foi apontada por quase todos os autores brasileiros que escreveram sobre o tema.

(38)

policiamento privado nas estáveis democracias industrializadas segundo Kasznar (2009). Combinado com o aumento da criminalidade, o incremento do serviço de segurança privada pode vir a auxiliar as forças de segurança pública na efetividade dos serviços destinados a manter a ordem social.

Dessa forma, o levantamento e revisão dos modelos legais de segurança privada permitem identificar duas dimensões importantes para a compreensão da dinâmica de funcionamento das organizações que atuam nesse setor: a

competência fiscalizadora e a competência gestora. As diferenças relativas a essas competências estão vinculadas às unidades públicas que exercem direitos de autorização e de fiscalização dos serviços relativamente às pessoas de ordem física e/ou jurídica que podem executá-las.

Constata-se que, em alguns países, os serviços de segurança privada são exercidos por pessoas físicas e por pessoas jurídicas. No Brasil, as atividades de segurança privada somente podem ser exercidas por pessoas jurídicas. Assim, são duas as formas de gerir esses serviços: o modo orgânico e o modo especializado (NUNES, 1996).

A segurança orgânica refere-se ao modelo de gestão em que as atividades de proteção patrimonial são exercidas pela própria organização, sendo a ela vedado, por lei, ofertá-las a terceiros. A segurança especializada diz respeito àquelas organizações que, autorizadas por lei, exercem atividades restritas de segurança privada, vendendo seus serviços a outras organizações (BRASIL, 1995).

O sistema legal de segurança privada vigente é então referência para as opções de gestão a serem conduzidas pela organização: assumir os serviços de segurança ou terceirizá-los por intermédio de uma empresa legalizada.

4.2 Órgãos de controle

É dever do Departamento da Polícia Federal autorizar, controlar e fiscalizar o funcionamento das empresas de vigilância e transporte de valores. Diante disso, a estrutura do Departamento de Polícia Federal (DPF) foi dividida em órgãos para que fosse desenvolvido esse trabalho de forma mais eficiente, segundo entendimento de Silva (2009, p. 9). Observa-se:

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