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Departamento Municipal Jurídico e de Contencioso Divisão Municipal de Estudos e Assessoria Jurídica

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Academic year: 2021

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Departamento Municipal Jurídico e de Contencioso Divisão Municipal de Estudos e Assessoria Jurídica

Despacho: Despacho: Despacho: N/Ref.ª: V/Ref.ª: /09/CMP Porto,

Autor: Bárbara Magalhães

Assunto: Possibilidade de retirar do processo de licenciamento urbanístico o termo de responsabilidade do autor do projecto de arquitectura. Substituição do técnico autor do projecto de arquitectura.

Enquadramento e efeitos à luz do Regime Jurídico da Urbanização e e Edificação (RJUE).

Enquadramento Factual

Foi apresentado neste Município um pedido de licenciamento registado sob o número /09, relativo a uma obra de edificação na Rua do, Freguesia de.

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Praça General Humberto Delgado, 2º 4049-001 Porto 2

que com esta não contendem directamente), vem a Requerente Gestão, SA, no dia , através do requerimento número /11/CMP, solicitar “o averbamento da substituição do autor dos

projectos Sr. Arqtº, em virtude daquelas funções passarem a ser exercidas a partir desta data pelo Sr. Arquitecto ”, juntando cópia de declaração de cedência dos direitos de autor dos

projectos.

Entretanto, pelo requerimento número /11/CMP, vem o técnico autor do projecto de arquitectura das propostas apresentadas, Sr. Arquitecto, com a anuência do proprietário do prédio, retirar o respectivo termo de responsabilidade.

Sucede que, diante do indeferimento pelo Município da pretensão de se proceder ao requerido averbamento do autor do projecto de arquitectura, vem a Requerente, no dia /2011, em sede de audiência prévia, esclarecer que, contrariamente ao que foi afirmado na Informação n.º I//11/CMP, lavrada pelo Departamento Municipal, tal possibilidade se encontra legalmente prevista no Artigo 9.º n.º 9 do RJUE, na sua versão actual.

Desenvolve a sua exposição na convicção de que “o novo autor dos projectos poderá

apresentar apenas as plantas das alterações que introduzir “ pelo que “a partir do averbamento do novo autor dos projectos Sr. Arquitecto, qualquer alteração aos projectos elaborados pelo anterior autor dos projectos elaborados pelo anterior autor dos projectos Sr. Arquitecto poderão ser efectuados nos termos da lei através de aditamentos”.

Acrescenta ainda, e, nesse ponto, concordando com o entendimento vertido na referida informação, que não é admissível ao anterior autor do projecto, retirar o termo de responsabilidade do processo em causa.

Diante deste contexto, vem a DM solicitar a análise jurídica da exposição da Requerente, “no

sentido de aferir se existe efectivamente o averbamento do técnico autor do projecto, e se é possível um novo autor do projecto apresentar parcialmente as peças constituintes dessa alteração, e não a totalidade dos elementos integrantes do projecto de arquitectura”.

Procedamos então à nossa análise.

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Possibilidade de retirar do processo de licenciamento urbanístico o termo de responsabilidade do autor do projecto de arquitectura.

Comecemos por nos debruçar cerca da possibilidade de o autor de um projecto de arquitectura de uma obra retirar do respectivo processo de licenciamento o inerente termo de responsabilidade por si subscrito - questão aqui suscitada pelo requerimento número /11/CMP apresentado pelo Sr. Arquitecto .

Não importa aqui expender muitos mais argumentos além daqueles que foram apresentados nas informações lavradas pelos serviços municipais envolvidos e na exposição da Requerente (cfr. ponto 4 da Informação I//11/CMP).

De facto, ambas convergem no sentido de recusar tal possibilidade face ao ordenamento jurídico actual e, sem mais, esse é também o nosso entendimento.

Com efeito, e nos termos do Artigo 10.º do RJUE, o termo de responsabilidade dos autores dos projectos é um elemento essencial e impreterível do licenciamento urbanístico, sendo que a própria definição de “autor de projecto”, no âmbito da Lei n.º 31/2009 de 3 Julho, se reporta “ao

técnico ou técnicos que elaboram e subscrevem, com autonomia, o projecto de arquitectura, cada um dos projectos de engenharia ou o projecto de paisagismo, os quais integram o projecto, subscrevendo as declarações e os termos de responsabilidade respectivos”. Desenvolve ainda o diploma citado, que estatui o regime jurídico que estabelece a qualificação profissional exigível aos técnicos responsáveis pela elaboração de projectos, pela fiscalização de obra e pela direcção de obra, no seu Artigo 21.º n.º 3 que “os autores dos projectos estão

obrigados à subscrição de termo de responsabilidade pela correcta elaboração do respectivo projecto e pela sua conformidade às disposições legais e regulamentares aplicáveis, bem como pelo cumprimento das obrigações previstas no artigo 12.º da presente lei, nos termos do RJUE, com as devidas adaptações”.

Ora, precisamente esse mesmo Artigo 12.º, na sua alínea f) estabelece que é dever dos autores de projectos “comunicar, no prazo de cinco dias úteis, ao dono da obra, ao

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termo de responsabilidade assume no âmbito de qualquer ensejo urbanístico, integrando-o e acompanhando-o ao longo da sua marcha procedimental, deste sendo, de resto, indissociável. Assim, não se reputa, nem legítima nem aceitável, a pretensão do arquitecto originário em eximir-se da responsabilidade que sempre lhe incumbirá pelas eventuais desconformidades do seu projecto com as disposições legais e regulamentares – que se verificaria caso fosse possível retirar o termo.

Bem como, sublinhe-se, não seria expectável que um arquitecto assumisse a responsabilidade e repercussões de um projecto do punho de outro arquitecto.

Neste sentido, atente-se à opinião manifestada pela Dra. Fernanda Paula Oliveira, no seu comentário ao Regime Juridico da Urbanização e Edificação 1:

“(…) não é legítimo ao autor que repudiou a obra requerer a retirada do termo de responsabilidade do processo administrativo. Este é um documento que instrui os requerimentos iniciais e sem o qual se prejudicaria a completude dos processos (…). Se se permitisse que a função jurídico-pública desempenhada pelos termos de responsabilidade pudesse estar, a qualquer momento, na mão do autor do projecto, tal significaria que a responsabilidade que este assume pela sua participação no procedimento administrativo cessaria, imputando esse encargo a outras entidades, designadamente ao município. Ou seja, a retirada do termo de responsabilidade comportaria grave desprotecção para o interesse público.

Por outro lado, se se desse seguimento ao solicitado pelo autor de projecto, o município estar-se-ia a imiscuir em questões que são, pura e simplesmente, de natureza privada, e que, por isso, devem ser resolvidas pelos órgãos vocacionados para o efeito: os tribunais judiciais (…). Por último, confirmando a impossibilidade de serem retirados os termos de responsabilidade temos o facto de a legislação em momento algum se referir a esta possibilidade”.

Da substituição do técnico autor do projecto de arquitectura - enquadramento e efeitos à luz do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE).

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Clarificada que está a questão prévia à nossa apreciação, importa agora responder à dúvida que motivou o presente pedido de parecer jurídico e que com aquela se encontra intimamente relacionada.

Tal como reclama a Requerente no já mencionado requerimento n.º /11/CMP e, no seguimento do questionado na Informação n.º I//11/CMP, a possibilidade de se proceder ao averbamento do novo técnico autor do projecto urbanístico, na sequência da “saída de cena” do autor inicial, encontra-se legalmente prevista no Artigo 9.º n.º 9 do RJUE, que define o prazo de 15 dias para que a substituição do responsável por qualquer dos projectos apresentados (bem como do requerente, comunicante, titular do alvará de construção ou do título do registo emitidos pelo InCI, IP, do director de obra ou do director de fiscalização de obra) seja comunicada ao gestor do procedimento, precisamente, para que proceda ao respectivo averbamento.

Cumprida que foi, pelo requerimento n.º /11/CMP tal formalidade (cuja preterição se subsumiria ao ilícito contra-ordenacional previsto no Artigo 98.º n.º 1 alínea o) do RJUE), cumpre tão somente esclarecer a DMGU quanto aos seus efeitos técnicos e jurídicos, nomeadamente, saber se, a partir do averbamento, o novo autor do projecto terá de apresentar a totalidade dos elementos do projecto de arquitectura ou, se pelo contrário, bastará a importação para o processo das partes constituintes das alterações que realizar ao “projecto-mãe”.

Também neste ponto nos socorreremos da doutrina da Dra. Fernanda Paula que, cirurgicamente trata a questão.

Antes de mais, salienta a autora na supra citada obra, que, havendo vontade ou necessidade de se introduzirem modificações na obra, o seu autor não se lhes pode opor, podendo contudo proceder ao repúdio da autoria da obra.

Nestes casos, ainda que se entenda que qualquer alteração lhe deva ser previamente consultada, para a Administração “basta, em face de um projecto de alterações, a sua

subscrição por técnico legalmente habilitado e respectivo termo de responsabilidade, não havendo necessidade de autorização do autor do projecto inicial e podendo inclusive decidir

(as questões urbanísticas), mesmo perante a oposição deste”.2

Acrescenta, e ao que aqui releva, que “as alterações podem ser meramente parciais o que

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Face ao estudo que dedicamos ao tema e à consulta da legislação aplicável ao caso em apreço, é nosso entendimento que é possível, averbado que esteja ao processo o novo autor do projecto de arquitectura, a apresentação das alterações que lhe aprouver, desde que devidamente acompanhadas do respectivo termo de responsabilidade.

Não nos parece que seja exigível a entrega da totalidade dos elementos integrantes do projecto de arquitectura, uma vez que este, devidamente instruído, foi já alvo de apreciação municipal, estando as suas eventuais desconformidades salvaguardadas pelo respectivo e inicial termo de responsabilidade, indissociável do processo de licenciamento, como já vimos. Bastará, estamos em crer, a apresentação das peças representativas dessas alterações, igualmente protegidas pelo incontornável termo de responsabilidade, tal como ressaltou a Requerente em sede de audiência prévia do indeferimento dos seus pedidos.

Conclusão

No seguimento do exposto, sintetizando a informação relevante para o tratamento devido do requerimento propulsionador do presente pedido de parecer jurídico, concluímos:

1) Não é possível, diante do ordenamento jurídico-urbanístico em vigor, a retirada do termo de responsabilidade do autor do projecto de arquitectura, ainda que lhe suceda um novo técnico que proceda a alterações do projecto inicial;

2) A letra da lei prevê expressamente a possibilidade de se averbar ao processo administrativo um novo autor de projecto;

3) Perante a necessidade ou vontade de se proceder à alteração de um projecto urbanístico, deverá a mesma ser admitida mediante a apresentação da respectiva planta acompanhada de novo termo de responsabilidade.

À consideração superior,

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