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REVISÃO DE LITERATURA: TEORIA SOCIAL COGNITIVA E CRENÇAS DE AUTO EFICÁCIA RESUMO

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REVISÃO DE LITERATURA: TEORIA SOCIAL COGNITIVA E CRENÇAS DE AUTO – EFICÁCIA

Márcia Augusta Flóride (UEL)

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo destacar a relevância da Teoria Social Cognitiva na motivação do desenvolvimento cognitivo dos indivíduos. Destaca-se nesta teoria a crença da auto-eficácia, que se resume na concepção que o indivíduo elabora acerca de sua capacidade de efetivar certas ações para se alcançar um determinado nível de desempenho, ou seja, é a crença que elabora em sua capacidade de realizar algo. Para se efetivar o objetivo proposto foi feito, primeiramente, a seleção de algumas pesquisas realizadas nos últimos anos a cerca dessa teoria e desse construto, para se conhecer os resultados e, por consequência, sua relevância, conforme já foi destacado acima. A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho está apoiada em duas perspectivas: quanto ao problema, este estudo foi realizado por meio de pesquisa quantitativa, pois de acordo com Trindade (apud. SEVERINO, 2002) menciona que a análise dos dados quantitativos e dos cruzamentos de outras informações proporcionam elementos qualitativos, oferecendo substância à pesquisa, e quanto aos objetivos, utilizar-se-á a pesquisa exploratória, que, segundo Quadros (2006) permite identificar elementos em diferentes fontes. O método de abordagem a ser utilizado vai ser o da dedução, onde, a partir da concepção geral dos autores pesquisados, será exposta uma concepção subjetiva para responder o problema apontado. Este trabalho se justifica no sentido de elaborar um material substancial de informações em relação ao tema proposto, de modo a suprir o cabedal literário concernente a ele.

Palavras-chave: Auto-eficácia. Bandura. Teoria Social Cognitiva

1 INTRODUÇÃO

As teorias que envolvem o desenvolvimento do conhecimento humano são diversas, assim como as propostas para explicar como o cognitivo dos indivíduos é aperfeiçoado ao longo de seu processo de aprendizagem, que é relevante destacar, não se esgota com a educação formal.

A cognição ou aquisição de conhecimento é inerente ao indivíduo, tal dinâmica acontece de forma involuntária a partir de sua interação com o meio, diferente da aquisição conhecimento que acontece no processo educacional formal, por meio do processo ensino/aprendizagem, que se trata de um processo, em princípio, compulsório, porém essencial.

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Opondo-se a esta forma de aquisição de conhecimento, Bandura, em diversos estudos realizados, propôs a Teoria Social Cognitiva, cuja essência está apoiada no pressuposto de que a interação do indivíduo com o meio, resultando em contatos com diversas realidades, implicando em trocas de informações, tem a possibilidade de transformar o próprio ambiente.

A Teoria Social Cognitiva proposta por Bandura afirma que o indivíduo tem um conhecimento acerca de tudo aquilo que integra o seu cotidiano, refletindo que ele, mesmo que superficialmente, tem a potencialidade de trabalhar com diversas conjunturas; neste contexto originou-se a crença da auto-eficácia, ou seja, é o juízo que o indivíduo constrói em relação à sua potencialidade de realizar determinadas atividades exigidas para se atingir um nível específico de desempenho, mais sucintamente, é a crença que o indivíduo elabora em algo que se julga capaz de executar. Neste sentido, questiona-se a relevância de se motivar o indivíduo a aprimorar a auto-eficácia.

Levando-se em deferência esta abordagem inicial sobre a Teoria Social Cognitiva e Auto-eficácia, este texto tem como finalidade destacar a relevância das teorias mencionadas na motivação do desenvolvimento cognitivo dos indivíduos.

Para se efetivar o objetivo proposto a metodologia a ser utilizada para a elaboração deste trabalho vai estar apoiada em duas perspectivas: quanto ao problema, este estudo será realizado por meio de pesquisa quantitativa, pois de acordo com Trindade (apud. SEVERINO, 2002) menciona que a análise dos dados quantitativos e dos cruzamentos de outras informações proporciona elementos qualitativos, oferecendo substância à pesquisa, e quanto aos objetivos, utilizar-se-á a pesquisa exploratória, que, conforme Quadros (2006) permite identificar elementos em diferentes fontes.

O método de abordagem a ser utilizado vai ser o da dedução, onde, a partir da concepção geral dos autores pesquisados, será exposta uma concepção subjetiva para responder o problema apontado.

Este trabalho se justifica no sentido de se elaborar um material substancial de informações em relação ao tema proposto, de modo a suprir o cabedal literário concernente a ele.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 TEORIA SOCIAL COGNITIVA: CONCEITO

O conceito de auto-eficácia relaciona-se diretamente com a Teoria Social Cognitiva que, conforme os pressupostos de Bandura (1977, 1986), pode ser entendida como sendo a ingerência que os fatores ambientais, pessoais e sociais determinam o

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comportamento de um indivíduo, ensejando que o mesmo transforme sua realidade.

Assim sendo, na concepção de Bandura (1986), os indivíduos tem a potencialidade de se auto-organizarem, são proativos, auto-reflexivos e auto-regulados, portanto, indo de encontro à teoria sociológica que coloca o indivíduo seres delineados a partir de forças ambientais, ou seja, sendo produto do meio da qual faz parte, bem como vai de encontro à teoria biológica, cujo discurso preconiza que o comportamento humano é determinado pela hereditariedade. Portanto, por esta teoria, conforme relata Pajares e Olaz (2004, p.

99): “A teoria social cognitiva baseia-se em uma visão da agência humana, segundo a qual os indivíduos são agentes que podem fazer coisas acontecer com seus atos e se envolvem de forma proativa em seu próprio desenvolvimento.” Exemplificando tal contexto, pela teoria social cognitiva, o indivíduo, por meio de experiências de sua realidade, identifica meios específicos para transformá-la de modo a lhe proporcionar uma condição favorável, constantemente construindo-a.

Desta forma, entende-se que a dinâmica do indivíduo em sua realidade é constituída de falhas e acertos, condição esta que vai propiciar o seu desenvolvimento constante, tal como coloca Myers (apud. GOBARA E GARCIA, 2007, p. 15): “Trata-se de uma realidade com elaboração própria, no que assimila e no que nega, nos processos que atualiza, contudo, nunca é uma estrutura concreta e inerte.”.

Infere-se da colocação da teoria social cognitiva que o indivíduo possui em sua essência a capacidade de superar determinados limites que acreditam ter ou ainda, crer ser limitado na superação de realidades específicas; destarte, colocam Pajares e Olaz (2004, p. 100):

Enraizada na perspectiva social cognitiva de Bandura, há a compreensão de que os indivíduos são imbuídos de certas capacidades que definem o que significa o ser humano, principalmente as capacidades de simbolizar, planejar estratégias alternativas (antecipação), aprender com experiências vicárias, autorregular e autorrefletir. Essas capacidades proporcionam aos seres humanos os meios cognitivos pelos quais influenciam e determinam o seu próprio destino.

Por meio desta colocação dos autores, entende-se que ao simbolizar determinada conjuntura, o indivíduo atribui um significado a ela, consequentemente, elabora uma trajetória de ação antecipada, auferindo novos conhecimentos por intermédio da reflexão.

A ação de simbolizar, de acordo com Bandura (1997), resulta em reforço de cabedal de informações que vai orientar os indivíduos no delineamento de comportamentos futuros.

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Reforça ainda o autor, que os indivíduos não aprendem somente com suas experiências, mas sim com a conduta de outras pessoas, que é denominada de experiências vicárias. De acordo com Bandura (1997), as experiências vicárias permitem que o indivíduo absorva determinado conhecimento, por consequência, um comportamento, sem que haja a possibilidade de cometer um erro na execução. Assim sendo, se a experiência demonstra que algo deu errado com outra pessoa, o indivíduo não executará, portanto, é utilizada como uma forma de guia para uma ação futura.

Bandura (1997) denomina este contexto de aprendizagem observacional que é regulada pelos processos de atenção, retenção e motivação.

Ao que se refere à atenção, observa Bandura (1997) que se concerne à capacidade que o indivíduo possui de observar as ações e selecioná-las; a retenção é a capacidade de armazenamento na memória das ações possíveis de serem realizadas; e a motivação é o estímulo para a realização da ação, produzindo os resultados inerentes a ela.

Conforme se pode observar a teoria social do cognitivo relaciona-se diretamente com a crença que o indivíduo tem em si mesmo e na sua capacidade de transformar a sua realidade a partir da construção de conhecimentos que elabora dela própria, portanto, refere-se ao contexto de competência, condição esta que pode ser explicada pela crença da auto-eficácia, componente essencial da teoria exposta e preconizada por Bandura.

2.2 CRENÇA DA AUTO-EFICÁCIA

A crença da auto-eficácia é o principal pilar da teoria social cognitiva e, em termos gerais, refere-se à elaboração de um juízo pessoal pelo indivíduo em relação à sua capacidade e competência de realizar determinada ação. Para Bzuneck (2005) a motivação é o principal fator que determina o nível da crença de auto-eficácia de um indivíduo.

Para melhor compreender esta dinâmica fundamental se faz necessário conceituar a crença da auto-eficácia preconizada por Bandura (2005, p. 137).

Refere-se à avaliação que um indivíduo faz de sua habilidade de realizar uma tarefa dentro de certo domínio. A teoria da auto- eficácia prevê que o nível de confiança do individuo em suas

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habilidades é um forte motivador e regulador de seus comportamentos.

Compreende-se então que a crença da auto-eficácia propicia atitudes de um indivíduo em relação a algo, contudo, não se refere a imediatismo, mas sim é resultante de crença de poder realizar determinada ação a partir da observação e experienciação, movido pela motivação. Neste sentido, menciona Bandura (2005, p. 112): “[...] o indivíduo que se sente capaz de realizar determina atividade, diligencia-se para a sua realização, consequentemente, tem uma substancial motivação para a sua conclusão, bem como dispensa um maior tempo para a sua realização.”.

Destarte, está inequívoco que a crença da auto-eficácia tem a potencialidade de manter o indivíduo motivado para a realização de ações que são julgadas como de efetividade real, independente dos resultados que podem advir delas. No entanto, é relevante mencionar que a motivação para a realização de alguma coisa origina-se de sua necessidade, pois o indivíduo não vai se sentir motivado a fazer algo que não é de seu interesse.

Para Bandura (apud. HAIR, et. al. 2005), a crença de auto-eficácia origina-se da combinação de fatores distintos em número de quatro, a saber: das experiências positivas, das experiências vicárias, da persuasão verbal e dos estados fisiológicos.

Concernente à primeira condição, as experiências positivas, coloca Bandura (apud. SILVA, et. al. 2008), são as circunstâncias nas quais o indivíduo experienciou de forma difícil e complexa, porém, as superou, por consequência, servindo como referência para situações idênticas. Para Bandura (apud. SILVA, et. al, 2009) este fator destaca-se dos demais devido ao fato de que este proporciona a confiança no indivíduo na obtenção de um sucesso futuro em situações complexas.

Em relação às experiências vicárias, Bandura (apud. SILVA, et. al. 2009) menciona que elas correspondem às analogias que o indivíduo faz em relação a ações de outrem, ou seja, é a influência que uma ação de outra pessoa exerce na execução da mesma ação pelo indivíduo. Assim, quando um indivíduo observa alguém tendo êxito em uma atividade, há a motivação para se ter a mesma atitude. A observação do sucesso desses modelos contribui para as crenças dos observadores em suas próprias capacidades. Da mesma forma funciona com modelos que fracassam, prejudicando a crença dos observadores em sua própria potencialidade de sucesso. Destaca Silva et. al.

(2008) que este fator é comum em ambiente escolar, pois se trata de um espaço em que as atividades são compartilhadas uma diversidade de pessoas; pois a observação dos

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alunos em outros mais experientes serve de fator estimulativo para a execução da mesma ação.

Já ao que se refere à persuasão verbal, segundo Bandura (apud, SILVA e. al, 2009), trata-se da situação em que a comunicação entre indivíduos age diretamente na motivação. Portanto, neste contexto entende-se que o estímulo parte de outra pessoa que vai ingerenciar diretamente na ação do indivíduo. Relacionando este fator à realidade educacional, percebe-se a grande relevância do papel do docente que poder agilizar a auto-eficácia, como também, anulá-la.

O último fator mencionado por Bandura (apud. SILVA, et. al. 2008) trata-se do fisiológico que, em sua essência, trata-se das reações orgânicas do indivíduo em circunstâncias ameaçadoras, cujos sintomas são específicos como estresse, suor, dores abdominais entre outros. Observa o autor que a qualidade da auto-eficácia relaciona de forma direta com a o conhecimento que o indivíduo tem com seu corpo, bem como, a forma que se relaciona com ele. Assim sendo, entende-se que o comprometimento da qualidade orgânica do indivíduo em determinadas situações, igualmente, compromete a realização da ação. Assim sendo, a promoção da auto-eficácia relaciona-se com o bem estar e qualidade de vida do indivíduo, sendo crucial a redução de estados emocionais negativos.

Desse modo, compreende-se que o nível de auto-eficácia de um indivíduo é resultado da interação de três fatores essenciais: os pessoais, crenças em si próprio; os ambientais, o meio em que se situa e experiência; e os comportamentais, a forma que atua sobre o meio para a realização da ação pretendida. Nesse sentido, fica clara a ingerência dos dois primeiros fatores, pessoais e ambientais, sobre os comportamentos do indivíduo, consequentemente, na auto-eficácia.

Desde a criação da teoria da crença da auto-eficácia, em 1977, diversos estudos foram realizados em diferentes campos da atividade humana de modo a mensurar e retratar o contexto de sua dinâmica, de modo a consubstanciá-la como transformadora de comportamento, bem como um instrumento motivacional; desta forma, será destacado algumas destas pesquisas que foram aplicadas em campos distintos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES DE PESQUISAS APLICADAS EM SEGMENTOS DISTINTOS NO CONTEXTO DA CRENÇA DA AUTO-EFICÁCIA

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As pesquisas referentes à crença da auto-eficácia predominam substancialmente no contexto acadêmico de modo a representar estudos em segmentos diversos, visando a compreensão do desempenho e comportamentos dos indivíduos em relação a eles. Nesta perspectiva mencionam Pajares e Olaz (2004, p. 111):

Uma busca pelo termo “auto-eficácia” na maioria dos bancos de dados acadêmicos revela que, no ano de 2004, mais de 3 mil artigos foram escritos sobre esse importante constructo psicológico. Em uma pesquisa típica na internet, o termo aparece em quase 350 mil páginas. A auto-eficácia gerou pesquisas em áreas tão diversas quanto é diverso o desenvolvimento ao longo da vida educação, negócios, esportes, medicina e saúde [...].

Assim sendo, a ciência passou a explicar que o comportamento humano pode ser transformado a partir da motivação do indivíduo no sentido de crer em si próprio e na sua potencialidade de agir diante de determinadas situações ditas como complexas.

Não obstante a dinâmica das pesquisas científicas em torno da crença da auto- eficácia, a maior predominância em relação a estes estudos está voltada à área pedagógica e educação, tal como destaca Pajares e Olaz (2004, p. 111):

A auto-eficácia é especialmente proeminente em estudos de constructos educacionais, como realizações acadêmicas, atribuições de sucesso e fracasso, estabelecimento de objetivos e comparações sociais, memória, resolução de problemas, carreira, ensino e formação de professores.

Os estudos neste segmento, geralmente, inclinam-se no sentido de compreender o comportamento do profissional em educação na sua prática cotidiana, bem como ele a trabalha diante das adversidades encontradas.

Pajares e Olaz (2004) expõem que as pesquisas vêm demonstrando que as crenças de auto-eficácia vêm mediando o efeito das habilidades, de experiências prévias, da capacidade mental ou de outros aspectos motivacionais, o resultado destas investigações vem produzindo efeitos relevantes na identificação de espécies de comportamentos que comprometem ou aprimoram a prática do profissional. Nesse ponto de vista os autores Pajares e Olaz (2004, p. 111) fazem a seguinte menção: “[...] as pesquisas agem como um filtro entre determinantes e realizações subsequentes”. Ou seja, os dados obtidos permitem que haja uma alteração significativa de conduta.

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Em um estudo realizado por Stajkovic e Luthans (apud. PAJARES E OLAZ, 2004) na área de educação revelou que as crenças de auto-eficácia aperfeiçoaram o desempenho dos profissionais em 28% se comparado em um período anterior ao estímulo deste fator, revelando que estas crenças relacionavam-se positivamente com as realizações acadêmicas.

Em outro estudo realizado por Souza e Brito (2008), acerca da crença de auto- eficácia relacionando com o desempenho em matemática, demonstrou que quanto maior a crença de auto-eficácia, melhor é o desempenho do indivíduo em matemática: “[...] é possível afirmar que, quanto mais favoráveis a auto-eficácia, maior a probabilidade de um bom desempenho.”.

Contudo, ressalta a pesquisa que, considerando os fatores que influenciam diretamente na crença da auto-eficácia, as experiências positivas, as experiências vicárias, a persuasão verbal e os estados fisiológicos, somente se percebem as modificações atuando diretamente nestes fatores.

Para ilustrar esta colocação, em um estudo realizado por Zeldin e Pajares (apud. SOUZA E BRITO, 2008) em que foram investigadas mulheres envolvidas em carreiras tecnológicas, demonstrou que as persuasões verbais e experiências vicariantes contribuíram sobremaneira para o desenvolvimento das crenças de auto-eficácia.

Ao que se alude ao contexto escolar, destacam Souza e Brito (2008) que a persuasão verbal atua por meio das informações transmitidas aos alunos acerca de seu desempenho e sobre suas capacidades, desta forma, informa os autores que as informações relacionadas aos seus desempenhos representariam um meio de intervenção nas crenças dos alunos, contribuindo para a alteração de comportamentos. Shih e Alexander (apud. SOUZA E BRITO, 2008) destaca que os indivíduos que recebiam informações autorreferenciado, em que se comparava o desempenho atual com o anterior, apresentaram, tempo depois, um aumento substancial do nível de auto-eficácia, portanto, consubstanciando a colocação de Souza e Brito (2008).

Paula e Brito (2009) destacaram a relevância das experiências vicárias para a promoção da crença da auto-eficácia no contexto educacional, não somente em relação aos docentes, mas, também, em relação aos familiares. Destacam os autores que em uma pesquisa realizada por Gonçalez (apud. PAULA E BRITO, 2009) com pais e mães de alunos do ensino fundamental, na tentativa de verificar se há uma relação entre o comportamento dos pais e o desempenho do aluno no processo ensino/aprendizagem de matemática, o resultado demonstrou que o aluno que obteve a nota mais alta na escala de atitudes é filha dos pais que também obtiveram a maior pontuação nesta escala, ou

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seja, a participação dos pais no estímulo e motivação ao estudo da disciplina contribui para o desenvolvimento do aluno. Neste sentido, menciona Bandura (2007, p. 143):

[...] os pais ou familiares podem contribuir para o desenvolvimento intelectual das crianças de diversas formas como, por exemplo, preparar as crianças para a escola, assumir um valor na educação, expressar que acreditam nas habilidades de seus filhos, encorajá-los e estimulá-los, delimitar padrões para as crianças, estabelecer hábitos de estudo em casa, ajudar os filhos nos deveres de casa, acompanhar o progresso acadêmico deles, recompensar os esforços, apoiar as atividades relacionadas à escola.

Gonçalez (apud. PAULA E BRITO, 2009) inferiu que quando o sujeito se comporta positivamente em relação à matemática, têm-se as possibilidades maiores de se sair bem na disciplina: “[...] possivelmente os indivíduos com predisposição favorável à aprendizagem irão além das informações dadas em sala de aula, ultrapassando esse limite, porque isso lhes causa satisfação, prazer em aprender” (GONÇALEZ, apud. PAULA E BRITO, 2009, p. 5).

Ao que se refere ao papel do profissional em educação, informam Paula e Brito (2009) que apresentar condutas positivas é de crucial relevância, pois quando se tendem, somente, à aprendizagem da disciplina, com o uso de arbitrariedade, desenvolvem atitudes negativas junto aos alunos, consequentemente, desmotivam-nos.

O professor deve priorizar condutas positivas de modo a motivar os alunos, transformando as ações negativas.

Em uma pesquisa realizada por Shiomi (apud. PAULA E BRITO, 2009) em crianças do Ensino Fundamental, com idade entre 12 e 14 anos, com o objetivo de analisar a crença de auto-eficácia em relação à matemática, foi constatado que os alunos julgados com auto-eficácia elevada na disciplina tiveram um desempenho melhor se comparados com as de baixo nível de auto-eficácia; destarte, inferiu-se desta investigação que os indivíduos com nível maior de auto-eficácia alcançam resultados mais aprimorados na disciplina se cotejadas com aqueles cuja auto-eficácia é mais baixa.

Levando-se em deferências as informações destacadas neste tópico, compreende-se que no contexto da educação, a crença da auto-eficácia tem potencialidade de dinamizar a realidade dos envolvidos com ela, seja ela evidente no próprio profissional ou no próprio aluno, pois ao se sentir motivado na prática, há a possibilidade de transformar o comportamento anterior, dinamizando-a.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Infere-se do que foi tratado neste trabalho, que a teoria social cognitiva preconizada por Bandura tem como pressuposto destacar que o cognitivo humano se desenvolve não somente pela educação formal, mas, igualmente, por meio da sua relação com o meio, na qual cria seus próprios conceitos, isto é, são agentes que delineiam a realidade a partir de seus atos, envolvendo-se ativamente em seu autodesenvolvimento, portanto, a motivação em transformar é que vai ser o responsável pela configuração do cognitivo.

Foi destacado também que a crença da auto-eficácia é um dos principais instrumentos que integram a teoria de Bandura. De acordo com o autor, o comportamento do indivíduo é dirigido, ativado e sustentado pelas expectativas dos resultados antecipados de cada um, bem como da percepção da auto-eficácia na execução das ações. Desta forma, a auto-eficácia permite que o indivíduo se diligencie na execução de uma ação, consequentemente, motivado para executá-la e que fatores como a determinação de objetivos, as experiências vicariantes, resultados da observação de modelos ou da comparação social e as expectativas de resultados, atuam para a sua efetivação.

Os exemplos destacados, advindas de diversos estudos realizados no segmento de educação, corroboram que os indivíduos em que o nível de auto-eficácia é superior aos de baixa auto-eficácia são bem mais motivados e eficientes, contudo, infere- se que o alto nível de auto-eficácia deve ser estimulado a partir dos fatores mencionados, as experiências positivas, as experiências vicárias, a persuasão verbal e os estados fisiológicos de modo que o indivíduo possa se apoiar neles, a fim de desenvolver- se.

5 REFERÊNCIAS

BANDURA, Albert. Self-efficacy: toward a unifying theory of behavioral change.

Psycological review, v. 84, n.2, 1977.

________. Self-efficacy. In: _______. Social foundations of thought and action: a social cognitive theory. Englewood Cliffs: Prentice hall, 1986.

________. The evolution of social cognitive theory. In: K. G. S.; M. A. H. (Eds.) Great Minds in Management: Oxford University Press, 2005.

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GOBARA, S. T.; GARCIA, J. R. B. As licenciaturas em física das universidades brasileiras: Um diagnóstico da formação inicial de professores de física. Revista Brasileira de Ensino de Física. Vol. 29, n. 4, 2007.

HAIR, J. F.; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R. L.; BLACK, W. C. Análise multivariada de dados. Porto Alegre: Bookman, 2005.

PAJARES, F.; Olaz; Teoria social cognitive e auto-eficácia: uma visão geral. In.

Teoria Social Cognitiva. Conceitos Básicos. Porto Alegre: Artmed, 2004.

PAULA, K. C. M.; BRITO, M. R. F. Atitudes, auto-eficácia e habilidades matemáticas. 2009. Disponível em www.unicamp.com.br/artigos/autoeficacia.?pdf.

Acesso em 22.07.2010.

SILVA, F. R.; BARROS, M. A.; LABURÚ, C. E; SANTOS, L. C. Crenças de Eficácia de Professores de Física e Variáveis de Contexto. Encontro de Pesquisa em Ensino de Física, 11., 2009, Curitiba. Anais...São Paulo: SBF, 2008. CD-ROM. Disponível em:

http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/epef/xi/sys/resumos/T0120-1.pdf . Acesso em 7 de julho de 2010.

SOUZA, L. F. N. I.; BRITO, M. R. F. Crenças de auto-eficácia, autoconceito e desempenho em matemática. Estud. Psciol. (Campinas) vol. 25, nº 2. Campinas Apr/Jun.2008.

Para citar este artigo:

FLÓRIDE, Márcia Augusta. Revisão de literatura: teoria social cognitiva e crenças de auto – eficácia In: XI CONGRESSO DE EDUCAÇÃO DO NORTE PIONEIRO Jacarezinho.

2011. Anais. ..UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná – Centro de Ciências Humanas e da Educação e Centro de Letras Comunicação e Artes. Jacarezinho, 2011.

ISSN – 18083579. p. 678 – 688.

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