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A influência do REFIS 2009 na inadimplência dos contribuintes industriais do Estado do Ceará análise de quebra estrutural

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA - CAEN

MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA - MPE

MARCELO DA CUNHA MOREIRA

A INFLUÊNCIA DO REFIS 2009 NA INADIMPLÊNCIA DOS CONTRIBUINTES INDUSTRIAIS DO ESTADO DO CEARÁ - ANÁLISE DE QUEBRA ESTRUTURAL

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MARCELO DA CUNHA MOREIRA

A INFLUÊNCIA DO REFIS 2009 NA INADIMPLÊNCIA DOS CONTRIBUINTES INDUSTRIAIS DO ESTADO DO CEARÁ - ANÁLISE DE QUEBRA ESTRUTURAL

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Economia – Mestrado Profissional – da Universidade Federal do Ceará - UFC, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Economia do Setor Público.

Orientador: Prof. Dr. Frederico Augusto Gomes de Alencar

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MARCELO DA CUNHA MOREIRA

A INFLUÊNCIA DO REFIS 2009 NA INADIMPLÊNCIA DOS CONTRIBUINTES INDUSTRIAIS DO ESTADO DO CEARÁ - ANÁLISE DE QUEBRA ESTRUTURAL

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Economia, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Economia. Área de concentração: Economia do Setor Público.

Aprovada em: 28 de agosto de 2014.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Prof. Dr. Frederico Augusto Gomes de Alencar (Orientador)

Universidade Federal do Ceará – UFC

__________________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Brito Soares

Universidade Federal do Ceará – UFC

__________________________________________________ Dr. Marcelo Lettieri Siqueira

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me conceder saúde e força para vencer os obstáculos da vida. Aos meus pais pelo apoio, incentivo e amor incondicional.

À minha esposa Maria pela paciência, dedicação, carinho e pelo exemplo de otimismo e confiança dedicados a mim.

Ao Professor Dr. Frederico Augusto Gomes de Alencar pela parceria, pelos ensinamentos, confiança e paciência na orientação.

Aos Professores Dr. Marcelo Lettieri Siqueira e Dr. Ricardo Brito Soares por aceitarem compor minha banca de defesa e pelas valiosas análises e sugestões.

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RESUMO

Na tentativa de promover a regularização dos créditos e aumentar a arrecadação, a administração pública frequentemente vem utilizando os programas de renegociação das dívidas tributárias. A partir do ano de 2000 foram criados vários programas de parcelamentos, associados a diversos benefícios financeiros, tais como: desconto nas multas aplicadas, redução na taxa de juros acumulada, além de taxas mais baixas para as parcelas vincendas, gerando um aumento na quantidade de parcelas para a quitação da dívida. A falta de transparência da dívida ativa e do montante da renúncia fiscal inviabiliza a análise da eficiência, eficácia e efetividade na alocação dos recursos. Este trabalho procura analisar a influência do REFIS 2009 do Estado do Ceará na inadimplência dos contribuintes da indústria de transformação. Para esse fim, foi gerado um modelo econométrico que estima, através do método de mínimos quadrados, a ocorrência de “quebra estrutural” na curva de créditos inscritos em dívida ativa dos contribuintes industriais cearenses que aderiram ao programa, no período anterior e posterior ao REFIS 2009. O resultado aponta a “quebra estrutural” em maio de 2011 em dois dos quatro setores da indústria de transformação analisados, ocorrendo o mesmo na análise dos setores em conjunto. Entretanto, não foi conclusivo a influência do REFIS na “quebra estrutural”.

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ABSTRACT

In an attempt to promote the settlement of claims and increase revenue, the government often has been using the program for the renegotiation of tax debts. From the year 2000 several programs subdivisions were created, associated with several financial benefits, such as discount in fines imposed, reduction in accrued interest, and lower rates for future installments, generating an increase in the amount of installments payable debt. The fierce competition among states for business investment, better known as "Tax War" is another factor that justifies the granting of tax benefits, disregarding the economic logic and the law. The lack of transparency of outstanding debt and the amount of the tax waiver undermines the analysis of efficiency, efficacy and effectiveness in the allocation of resources. This paper analyzes the influence of Refis 2009 State of Ceará defaults by taxpayers in the manufacturing industry. To this end, an econometric model that estimates, by the method of least squares the occurrence of "structural break" in the credits entered curve outstanding debt of Ceará industrial taxpayers who joined the program in the period before and after 2009 was generated Refis . the result points to the "structural break" in May 2011 at two of the four sectors of the manufacturing industry analyzed, the same occurring in the analysis of the sectors together. However, no conclusive influence on Refis "structural break".

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Valor Mensal de ICMS inscrito em DA para o Setor de Alimentos... 26 Gráfico 2 - Valor Mensal de ICMS inscrito em DA para o Setor de Bebidas... 27 Gráfico 3 - Valor Mensal de ICMS inscrito em DA para o Setor de Borracha e

Plásticos... 27 Gráfico 4 - Valor Mensal de ICMS inscrito em DA para o Setor de Minerais

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Descrição da Base de dados... 24 Quadro 2 - Estatística descritiva da Base de Dados - Valores em Reais a preços

constantes de Dez/2011... 25 Quadro 3 - Estatística descritiva da Base de Dados - Valores em Reais a preços

constantes de Dez/2011... 25 Quadro 4 - Estatística descritiva da Base de Dados - Valores em Reais a preços

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 10 (Alimentos)... 32

Tabela 2 - Resultado do Teste de Chow – Setor de Alimentos... 32

Tabela 3 - Resultado do Teste de Chow – Setor de Alimentos... 32

Tabela 4 - Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 11 (Bebidas)... 33

Tabela 5 - Resultado do Teste de Chow – Setor de Bebidas... 33

Tabela 6 - Resultado do Teste de Chow – Setor de Bebidas... 33

Tabela 7 - Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 22... 34

Tabela 8 - Resultado do Teste de Chow – Setor de Borracha e Plásticos... 34

Tabela 9 - Resultado do Teste de Chow – Setor de Borracha e Plásticos... 34

Tabela 10 - Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 23... 34

Tabela 11 - Resultado do Teste de Chow – Setor de Minerais não-Metálicos... 34

Tabela 12 - Resultado do Teste de Chow – Setor de Minerais não-Metálicos... 34

Tabela 13 - Resultado do Modelo Econométrico – SETOR TOTAL... 35

Tabela 14 - Resultado do Teste de Chow – Totalidade dos Setores... 35

Tabela 15 - Resultado do Teste de Chow – Totalidade dos Setores... 35

Tabela 16 - Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 10 (Alimentos)... 36

Tabela 17 - Resultado do Teste de Chow – Setor de Alimentos - Variável dependente Y... 36

Tabela 18 - Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 10 (Alimentos)... 36

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADI Ação Direta de Inconstitucionalidade

ANPEC Associação Nacional dos Centros de Pós-graduação em Economia

CAEN Curso de Pós-Graduação em Economia CGU Controladoria Geral da União

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CONFAZ Conselho Nacional de Política Fazendária CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

DA Dívida Ativa

ETR Taxa Tributária Efetiva

FDI Fundo de Desenvolvimento Industrial

IBDT Instituto Brasileiro de Direito Tributário

ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços

IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo IPVA Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica

ITCD Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações MPE Mestrado Profissional em Economia

PAES Parcelamento Especial

PAEX Parcelamento Excepcional

REFIS Programas de Recuperação Fiscal

SEFAZ Secretaria da Fazenda

STF Supremo Tribunal Federal

TCE-TO Tribunal de Contas do Estado do Tocantins TCU Tribunal de Contas da União

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 11

2 ASPECTOS TRIBUTÁRIOS E ECÔNOMICOS... 13

2.1 O gerenciamento dos créditos tributários no Brasil... 13

2.2 Aspectos econômicos dos setores da indústria de transformação do Ceará... 15

2.3 Aspectos jurídicos na concessão de REFIS... 16

2.4 Aspectos teóricos do REFIS no contexto atual... 18

3 REFERENCIAL LEGAL... 22

3.1 Leis concessivas de REFIS no Estado do Ceará... 22

4 METODOLOGIA... 24

4.1 Base de dados... 24

4.2 Quebra estrutural... 29

4.3 Modelo econométrico... 30

5 RESULTADOS... 32

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 39

REFERÊNCIAS... 41

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1 INTRODUÇÃO

Com o objetivo de aumentar a arrecadação e promover a regularização dos créditos resultantes da inadimplência dos contribuintes e levando em consideração a pouca efetividade dos processos de execução fiscal, os governos frequentemente utilizam-se de programas de parcelamentos das dívidas tributárias. A partir do ano de 2000, a União criou vários programas de parcelamentos tributários: em 2000, o REFIS (Lei 9.964/2000); em 2003, o PAES (Lei 10.684/2003); em 2006, o PAEX (Medida Provisória 303/2006) e em 2009 o REFIS-CRISE (Lei 11.941/2009). Esse último foi renovado em 2010 (Lei 12.249/2010), em 2013 (Lei 12.865/13) e em 2014 (Lei 12.966/14). O Estado do Ceará editou diversos REFIS`s nos anos de 2000, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2009 e 2013. E todos eles associados a diversos benefícios financeiros como: desconto nas multas aplicadas, redução na taxa de juros acumulada, além de taxas mais baixas para as parcelas vincendas, gerando um aumento na quantidade de parcelas para a quitação da dívida.

Este trabalho preocupa-se em analisar o comportamento dos contribuintes industriais cearenses em relação à implementação do programa de recuperação fiscal, com base nos dados do REFIS do ano de 2009. Em particular, analisa-se os setores de Alimentos, Bebidas, Borracha e Plásticos e Minerais não metálicos por tratar-se dos setores industriais que no período posterior ao REFIS passaram a responder por maior parcela na inadimplência. Com uma análise mensal da estrutura dos créditos tributários inscritos em dívida ativa dos contribuintes do Estado do Ceará que participaram do Refis para os anos de 2007 a 2011, tenta-se captar uma possível “quebra estrutural” que o programa REFIS 2009 possa ter provocado. Deste modo, gera-se um modelo econométrico que estima, através do método de mínimos quadrados com quebra estrutural, a variável créditos inscritos em dívida ativa no presente como função do seu valor no passado e acrescido de um erro do tipo ruído branco.

A motivação deste trabalho tem suas raízes na necessidade de diminuir o “estoque” da dívida ativa que motivou a concessão de diversos REFIS e outros benefícios financeiros, desrespeitando a lógica econômica e o ordenamento jurídico, além de não serem transparentes, pois não é informado o montante da renúncia fiscal, o que inviabiliza a análise da eficiência, eficácia e efetividade na alocação dos recursos.

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gerando uma redução no cumprimento da obrigação fiscal, o que acentua esse comportamento frequente pela sociedade.

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2 ASPECTOS TRIBUTÁRIOS E ECÔNOMICOS

2.1 O gerenciamento dos créditos tributários no Brasil

A concessão de sucessivos parcelamentos tributários tem como objetivo central o aumento da arrecadação e a diminuição dos “estoques” da dívida ativa dos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Tudo isso, devido principalmente ao descontrole dos créditos tributários inscritos ou não em dívida ativa e a sua reduzida efetividade na execução desses créditos.

Em relação ao Governo Federal, o Portal Contas Abertas, em 02/10/2013, relata que do montante da dívida ativa da União (R$ 1,3 trilhão), 71% não devem ser recebidos (R$966,4 milhões). Informa também que o valor da dívida se refere à cerca de 2,5 milhões de processos e que a “provisão para perdas da Dívida Ativa” dos anos de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012 era respectivamente de: 0,04%, 0,1%, 62,4%, 53,8% e 74,8%.

A Controladoria Geral da União (CGU) no Relatório de Avaliação da Execução de Programas de Governo nº 21, de fevereiro de 2013, que trata da apuração, inscrição e execução da dívida ativa da União detectou uma série de fragilidades no sistema, tais como: demora no envio de dados dos devedores, manutenção no cadastro de pessoas que já haviam renegociado débitos, falta de pessoal de apoio e vulnerabilidade do sistema à fraude.

O relatório da CGU destaca que em 2010 houve extinção de crédito inscrito por prescrição no valor de R$ 524.018.071,12 (Relatório da CGU, fls. 34) e por prescrição intercorrente no valor de R$237.179.277,11 (Relatório da CGU, fls. 28). Este relatório também diz que a falta de controle automatizado para prescrição dos créditos foi evidenciado no Relatório de Auditoria Anual de Contas de 2008 que detectou potencial de prescrição de R$ 493.448.995,62 (Relatório da CGU, fls. 28), devido ao tempo de inscrição na dívida ativa, pois não havia indicação de ajuizamento. Constatou-se ainda a existência de créditos prescritos que estavam inscritos na situação ativa cadastrada de R$ 5.311.139,91 (Relatório da CGU, fls. 28).

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inscritos são insuficientes para evitar a ocorrência de fraudes ou erros que acarretem na redução e posterior extinção indevida da dívida ativa (Relatório da CGU, fls. 32).

A situação é mais grave nos outros entes da federação. No Estado do Rio de Janeiro ocorreu o escândalo do “propinoduto”, em que um grupo de fiscais da Inspetoria de Grande Porte que tinha responsabilidade pelas 400 maiores empresas do Estado desviou créditos tributários no valor de R$ 77.000.000,00 para contas na Suíça.

No âmbito municipal conforme noticiado pelo JusBrasil, o Tribunal de Contas do Estado do Tocantins (TCE-TO) constatou que no Município de Palmas créditos tributários no valor de R$ 360.807,18, não foram constituídos, acarretando a decadência tributária por inércia do gestor, e ainda detectou a prescrição de créditos no valor de R$ 9.494.402,36 e a renúncia ilegal de receitas de R$ 5.006.007,48. Em auditoria operacional do TCE-TO na Procuradoria Geral do Município de Palmas, segundo o site Conexão Tocantins dentre outras

falhas ficou constatado a inexistência de controle adequado para evitar perda de receita por prescrição.

No Estado do Ceará, o Balanço Geral do Estado do Ceará de 2012 informa sem o devido detalhamento, que foram ajuizadas execuções fiscais que ultrapassaram a soma de R$ 1 bilhão, com o objetivo de recuperar créditos exclusivamente tributários (Balanço Geral, fls. 28). Entretanto, não há um demonstrativo evidenciando a quantidade e os valores relativos a ações ajuizadas para a cobrança da dívida ativa, assim como a evolução dos valores dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa, fato esse que foi objeto de recomendação do Tribunal de Contas do Estado do Ceará, observando que o montante do estoque da Dívida Ativa era de R$ 5.748.323.153,70 (Balanço Geral, fls. 27 e 130).

Quanto à “provisão para perda” o Estado do Ceará até o Balanço Geral do Estado relativo ao ano de 2012, não apresentava para a dívida ativa uma conta redutora (Balanço Geral, fls. 20). Os créditos a receber relativo ao FDI no Balanço Geral do Estado do ano de 2012 somavam R$2.865.968.481,02 (incluindo valores transferidos para SEFAZ), com uma provisão para perda de R$ 2.401.380.219,45 (Balanço Geral, fls. 100).

O Balanço Geral do Estado do Ceará de 2009, Volume 1, informa que a dívida ativa do Estado em 2009 teve um montante de cancelamento de créditos de R$ 4.299.414.855,00, sendo o valor relativo a “anistia de créditos” de R$ 2.817651.000,28 e o montante de “anulação de créditos” de R$ 1.481.763.854,84, sem o devido detalhamento dessas contas (Balanço Geral, fls.415).

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socioeconômico e a estimativa de renúncia de receita do FDI e dos demais benefícios concedidos pelo Estado.

2.2 Aspectos econômicos dos setores da indústria de transformação do Ceará

O objeto central dessa análise é a indústria de transformação que engloba atividades realizadas em indústrias e fábricas, por meio de máquinas e outros equipamentos para manipulação de materiais. Dentro da indústria de transformação os setores objetos do trabalho são: divisão 10 “indústria de alimentos”, divisão 11 “indústria de bebidas”, divisão 22 ”borrachas e materiais plásticos” e divisão 23 “materiais não-metálicos”.

Citando alguns exemplos dos setores, podemos considerar como atividade da indústria de alimentos (divisão 10): o resfriamento, a pasteurização e o empacotamento de leite; a fabricação de alimentos para animais a partir de desperdícios do abate de animais. A produção de peças e acessórios de matérias-primas específicas, como as de borracha e de plástico dentre outras, são classificadas na divisão referente à transformação dos respectivos materiais (borracha e plástico: divisão 22). A fabricação de massa de concreto preparada é considerada de minerais não metálicos (divisão 23).

Os anos de 2007 a 2011 foram marcados por duas crises econômicas mundiais, a americana de 2008 e a europeia de 2011, e teve como reflexo o menor crescimento da economia mundial. Neste período, o Brasil inicialmente manteve um crescimento maior que o mercado mundial, focando no “aquecido” mercado interno, posteriormente foi atingido pela crise econômica europeia.

O Governo Federal adotou políticas anticíclicas objetivando manter o maior dinamismo da economia. Entre as principais medidas adotadas podemos citar a redução da Taxa Selic, além das reduções e isenções do IPI. O Governo do Estado do Ceará também fez a sua parte fazendo investimentos acompanhados pela iniciativa privada em: parques eólicos, setor siderúrgico, infraestrutura turística, hospitais regionais e reduções de alíquotas de ICMS.

O IPECE no livro “Indicadores econômicos do Estado do Ceará” faz uma análise da economia cearense no curto e médio prazo utilizando dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Secretaria de Fazenda Estadual (SEFAZ/CE), dentre outras, que passaremos a descrever.

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os Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP). A avaliação contemplou indicadores relativos à produção e ao emprego, analisando a evolução para o período entre os anos de 2007 e 2011.

O PIB do Ceará no ano de 2007 era de R$ 50,3 bilhões e cresceu para R$ 84 bilhões no ano de 2011. Observa-se que a indústria de transformação no Ceará nesse período de 2007 a 2011 demonstrou um crescimento médio anual, considerando o valor adicionado, de 1,8% ao ano. Entretanto, nos anos de 2006 a 2008 a média foi de 3,9%, enquanto nos anos de 2009 a 2011 a taxa média anual é negativa de 0,2%, sendo que de 2010 para 2011, a taxa foi negativa de 3,3%.

Já em relação ao número de empregos, a indústria de transformação cearense apresentou um crescimento no estoque de trabalhadores de 21%, no período de 2007 a 2011, criando 43,6 mil empregos. A indústria de alimentos e bebidas teve um crescimento de 15,2%, sendo que de 2010 para 2011 houve um crescimento de 6,6%, enquanto o crescimento da indústria de minerais não metálicos foi de 42,4%, sendo o crescimento de 2010 para 2011 de 10,2%.

O Boletim de Conjuntura Econômica do IPECE do 4º trimestre de 2012, informa que o ano de 2011 apresentou uma redução na produção física da indústria de transformação de 11,51%, sendo que a redução no setor de alimentos e bebidas foi de 0,72% e também ocorreu redução no setor de minerais não metálicos de 2,47%.

Segundo o Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará, em dezembro de 2008 o número de estabelecimentos na indústria de transformação era de 7.955 estabelecimentos sendo que 82% eram de micro empresas (até 19 empregados). O setor de alimentos tinha 1.211 estabelecimentos incluindo: 10 empresas de grande porte (acima de 500 empregados) e 1.022 estabelecimentos de micro empresas. O setor de bebidas tinha 76 empresas sendo: 3de grande porte e 40 de micro empresas. O setor de borracha e plásticos tinha 253 empresas e nenhuma de grande porte e 182 microempresas. Por fim, o setor de minerais não metálicos tinha 582 empresas, apenas 1 de grande porte, 109 de pequeno porte (de 20 a 99 empregados) e 460 de microempresas.

2.3 Aspectos jurídicos na concessão de REFIS

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maior parte das receitas tributárias, contrariando o princípio federativo, permitindo inclusive a intervenção da União na competência federativa dos outros entes. O forte crescimento da economia entre 1969 e 1973 chamado de “milagre econômico”, indicava que a medida tinha sido acertada.

Nesta época, já existia uma disputa entre os Estados pela localização e manutenção das empresas em seus limites geográficas, para isso concediam benefícios fiscais para atrair as empresas, devido ao fato da tributação do imposto de circulação de mercadoria ficar em sua maior parte no estado em que a empresa estivesse instalada.

Para encerrar esta controvérsia, em 1975, foi criado o Conselho Nacional de Política Fazendária - Confaz e ficou estabelecida como regra: a necessidade de convênio, com aprovação da unanimidade dos Estados para a concessão de um benefício fiscal relativo ao imposto de circulação de mercadorias, de acordo com a Lei Complementar nº 24/75 (art. 1º caput, o §2º do art. 2 e art. 10):

Art. 1º - As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias serão concedidas ou revogadas nos termos de convênios celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta Lei.

Art. 2 - (...) § 2º - A concessão de benefícios dependerá sempre de decisão unânime dos Estados representados; a sua revogação total ou parcial dependerá de aprovação de quatro quintos, pelo menos, dos representantes presentes.

Art. 10 - Os convênios definirão as condições gerais em que se poderão conceder, unilateralmente, anistia, remissão, transação, moratória, parcelamento de débitos fiscais e ampliação do prazo de recolhimento do imposto de circulação de mercadorias.

Porém, com a estagnação econômica do final da década de 70 e início de 80, o sistema ficou insustentável. A Constituição Federal de 1988 deu início a uma nova era democrática e tributária, com a ampliação da competência tributária de Estados e Municípios. O Confaz que funcionou perfeitamente durante os anos do regime militar passou a ser desrespeitado constantemente pelos Estados até os dias atuais, apesar da Constituição Federal, ter recepcionada a Lei Complementar n° 24/75, de acordo com o art. 155, §2º, inciso XII, que estabelece essa regra diferenciada para o ICMS.

XII - cabe à lei complementar: (...)

g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados

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concessão de benefícios fiscais do ICMS depende de prévia aprovação em convênio interestadual, como forma de evitar o que se convencionou chamar de guerra fiscal. (...)”.

Nesta mesma data de 01/06/2011, o Supremo Tribunal Federal deu um duro golpe na “Guerra fiscal”, julgando outras Ações Diretas de Inconstitucionalidade e declarando inconstitucionais os benefícios fiscais de ICMS concedidos por diversos Estados brasileiros desrespeitando a Constituição Federal no seu art. 155, §2º, inciso XII, alínea “g”, entre elas: ADI 2.906, ADI 2.376, ADI 3.674, ADI 3.413, ADI 4.457, ADI 2.688, ADI 4.152, ADI 1.247, ADI 3.702 e ADI 2.549.

A Lei Complementar nº 101, de 2000, mais conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal, preocupada com a falta de transparência dos valores envolvidos na renúncia fiscal, o que impossibilita a análise da eficiência, eficácia e efetividade da alocação dos recursos, estabeleceu a necessidade de implementação de outras exigências para que seja concedida a renúncia fiscal, relativa a qualquer tributo, refletindo a preocupação com esse tema, em seu art. 14:

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

Apesar do esforço do Congresso Nacional, estas exigências também não estão sendo cumpridas por todos os entes federados no momento da concessão do benefício fiscal como no caso da Lei nº 14.505 do Estado do Ceará (Apêndice).

2.4 Aspectos teóricos do REFIS no contexto atual

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Na presente análise pretende-se estabelecer um breve relato de cada um desses estudos.

Siqueira e Ramos (2006) objetivaram explicar como o comportamento dos contribuintes influencia o nível de evasão do IR, para isso expandiram o modelo de Allingham e Sandmo (1972) e demonstraram que o aumento na probabilidade de auditoria, penalidades, alíquota marginal e eficiência da fiscalização diminuem a evasão do IR. Desta forma, constata-se um comportamento diferente por região no país, em virtude do conhecimento dos contribuintes dos riscos em cada uma dessas regiões. Independente da alíquota adotada os contribuintes da região Norte apresentam o menor grau de evasão 3%, Nordeste 20%, Sul 31%, Sudeste 32% e Centro-Oeste 36%.

Penna Júnior (2012) analisou empresas beneficiárias e não beneficiárias, com taxas tributárias idênticas, de acordo com a legislação tributária. Para surpresa do autor constatou-se que as empresas que detinham benefícios tributários relativos ao ICMS, tinham maiores Taxas Tributárias Efetivas (ETR) e que este incentivo é uma variável que contribui para o aumento da ETR das empresas, o que robustece a “hipótese do Custo Político” (ZIMMERMAN, 1983), de que a exposição das empresas ao controle governamental acarreta uma maior ETR para as mesmas.

Lopes (2012) cita que Zimmerman (1983) defende que as grandes empresas devem apresentar alíquotas tributárias efetivas superiores devido aos custos políticos tributários. Isso ocorre, pois são mais fiscalizadas pela administração fazendária. Entretanto, a pesquisadora adotou a proposição de Siegfried (1972), que as grandes empresas devido a um maior planejamento tributário e poder de lobby acabam por reduzir o montante de tributos

pagos. Esta hipótese foi comprovada para os grandes contribuintes, logo a teoria de Zimmerman foi rejeitada no Brasil. Entre os achados desse trabalho, nota-se o fato da localização da sede das empresas na região norte e nordeste acarretar uma maior alíquota tributária efetiva. Outro ponto a ser destacado é que empresas de serviços, construção, agropecuária, têxteis, clubes e confederações e empresas estatais apresentam uma maior alíquota tributária efetiva.

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parcelamento, juntamente com o número de parcelas concedidas, percentual de redução da multa e taxas de juros.

Demonstra ainda, que a disposição de pagar créditos tributários no Brasil é algo em torno de 2/3 do montante devido, e que os sucessivos parcelamentos com benefícios acoplados reduziu esse percentual para aproximadamente 62%, no período de 2000 a 2009.

Tendo em vista que a economia informal no país é da ordem de 40% do mercado, os REFIS`s são realizados devido às dificuldades da administração tributária em cobrar os créditos tributários, o que gera o aumento da receita em curto prazo. Entretanto, Nelson Paes comprova que este aumento da receita não se sustenta em longa escala de tempo.

A elevação imediata da arrecadação da receita tributária seria ocasionada pelos contribuintes que já não efetuavam o pagamento dos tributos, diante da esperança de um parcelamento futuro, dada à periodicidade dessa prática.

Paes também demonstra o que muitos autores deste mercado já afirmavam sem uma comprovação matemática, que estes parcelamentos na verdade desestimulam os bons contribuintes e ainda estimulam os sonegadores nas suas práticas.

Outro importante resultado do estudo é que trazendo a valor presente as parcelas, existem casos em que o valor pago corresponde apenas a 22% do montante da dívida.

E nas suas conclusões sugere a adoção de “medidas relacionadas ao fortalecimento das instituições”, como maior rapidez e eficiência na cobrança administrativa e judicial, melhoramentos na legislação tributaria, maior transparência e simplicidade, alternativa que demandaria mais tempo para ter resultado, entretanto contribuiria para uma administração tributária mais efetiva.

Marques (2008) demonstra que programas de parcelamento especiais, a estrutura ultrapassada de cobrança da dívida ativa somado a um Poder Judiciário lento influenciam de forma negativa a arrecadação. Por fim, cita o problema do risco moral atribuído à ausência de penalidades, a sensação de impunidade estimula o contribuinte a não cumprir a lei e a ficar em um ciclo vicioso de “calote-perdão-calote”.

(22)

(adimplente) e no caso de concessão do benefício, o contribuinte deve pagar no momento da criação do parcelamento (inadimplente).

Castelo (2014) abordou a questão da repetição quase regular de programas de parcelamentos, que pode provocar um comportamento perverso dos contribuintes inadimplentes, pois estes com a edição do REFIS regularizam os seus débitos, para logo em seguida ficarem inadimplentes novamente, esperando um novo REFIS.

Muito embora seus estudos preliminares indicarem que houve um aumento no valor médio informado do ICMS após o Refis de 2009 tanto para o grupo dos que participaram do Refis, como para os que não aderiram, quando comparados ao valores médios inscritos constatou-se que o grupo que não participou teve uma diminuição de créditos inscritos, enquanto o grupo que aderiu ao Refis teve um aumento dos créditos inscritos. Esse fato leva a acreditar que os contribuintes que particiram do Refis estão fazendo a opção de não pagar o dédito aguardando a criação de um novo programa.

(23)

3 REFERENCIAL LEGAL

3.1 Leis concessivas de REFIS no Estado do Ceará

Nesta seção, apresentamos uma pesquisa realizada do ano de 2000 a 2013, relativa a leis ou decretos do Estado do Ceará, que tenham concedido programas de parcelamentos com renúncia de receita relativa ao ICMS. A Lei nº 14.505/09 criou o Refis 2009 do Estado do Ceará que concedeu o parcelamento, a remissão, a anistia e a transação informados até 31/12/2009. Esta lei analisada em detalhes no apêndice deste trabalho.

Os Programas de Parcelamentos no Estado do Ceará foram realizados nos anos de 2000 (Lei nº 13.063), 2002 (Decreto nº 26.739), 2003 (Lei nº 13.324), 2004 (Lei nº 13537), 2005 (Lei nº 13.686), 2006 (Lei nº 13.814), 2009 (Lei nº 14.505) e 2013 (Lei nº 15.384).

 Lei nº 13.063 do ano de 2000 – Estabelece procedimentos para fins de concessão de remissão ou parcelamento especial de créditos tributários originários dos impostos estaduais que especifica, inclusive dispensa de juros e multas relacionados com ICM, ICMS e IPVA.

 Decreto nº 26.739 do ano de 2002 – Regulamenta dispositivos dos Convênios ICMS nºs 96 e 98 de 20 de agosto de 2002, que tratam de dispensa ou redução de juros e multas e concessão de parcelamento de débitos fiscais decorrentes de impostos estaduais.

 Lei nº 13.324 do ano de 2003 – Dispõe sobre a redução de multas e juros atinentes ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS).

 Lei nº 13537 do ano de 2004 – Altera dispositivos da Lei nº 12.670, de 27 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o imposto sobre operações de circulação de mercadorias e prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação ICMS, e da Lei nº 13.298, de 2 de abril de 2003, que dispõe sobre as microempresas e empresas de pequeno porte e dá outras providências.

(24)

disposto no convênio ICMS 91/05, de 17 de agosto de 2005, alterado pelo convênio ICMS 110/05, de 30 de setembro de 2005.

 Lei nº 13.814 do ano de 2006 – Dispõe sobre a dispensa de créditos tributários de juros e multas relacionados com o Imposto sobre Operações Relativas á Circulação de Mercadorias e sobre as Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, em harmonia com o disposto nos Convênios ICMS 50/06, de 7 de julho de 2006 e 77/06, de 3 de agosto de 2006, e dá outras previdências.

 Lei nº 14.505 do ano de 2009 - Dispõe sobre a remissão, a anistia e a transação de créditos tributários relacionados com o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre as Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA, e com o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações - ITCD, inscritos ou não em dívida ativa do Estado, na forma que especifica, e dá outras providências.

 Lei nº 15.384 do ano de 2013 - Estabelece os procedimentos para a anistia de créditos tributários oriundos do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre as Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS; do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA; e do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações - ITCD, inscritos ou não em Dívida Ativa do Estado, na forma que especifica.

(25)

4 METODOLOGIA

4.1 Base de dados

A base de dados presente neste trabalho contém valores de ICMS do “Regime Mensal de Apuração”, informados na declaração mensal dos contribuintes, em valores correntes de 2011, deflacionados pelo IPCA. A base é composta por 306.842 observações, obtidas na Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará para os anos de 2007 a 2011.

O ICMS “Regime Mensal de Apuração” é o que se convencionou denominar o ICMS devido pelas empresas e apurado pela sistemática de débito e crédito, mensalmente apurado e informado à Secretaria da Fazenda. O recolhimento ao erário Estadual é feito sob registro da receita de número 1015. Neste estudo não se faz referência ao ICMS devido por substituição tributária ou outros registrados em outras receitas de recolhimento. O quadro a seguir traz a descrição detalhada do banco de dados, incluindo os créditos inscritos em dívida ativa dos contribuintes que participaram do Refis 2009.

Quadro 1 – Descrição da Base de dados

NOME DESCRIÇÃO FORMATO

Contribuinte Identificação do contribuinte ao qual foi atribuído uma

máscara aleatória por conta do sigilo fiscal. número cnae_principal Código CNAE da atividade principal da empresa. número Cnae_2 Divisões da CNAE composta pelos 2 primeiros dígitos da

CNAE principal número

ano_ms_referencia Ano e mês de apuração a que se refere o valor de ICMS

devido. data formato AAAAMM

vlr_inscrito_dívida ativa Valor em Reais de ICMS inscrito em dívida ativa por

contribuinte optante pelo Refis de 2009 valor Fonte: SEFAZ-CE /Castelo (2014)

O código CNAE é um número composto por 7 dígitos (Cnae Principal), dos quais os dois primeiros representam a atividade principal da empresa (Cnae 2), conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

(26)

em dívida ativa que utilizamos para analisar a inadimplência podem ser influenciadas pelos julgamentos administrativos de créditos tributários.

No caso da indústria de transformação há divisões com a numeração variando de 10 a 33 conforme sua atividade principal (Cnae 2). Assim identificamos que quatro dessas oito divisões representam a indústria de transformação e nos limitaremos ao estudo delas.

As divisões selecionadas, identificadas pelos 2 primeiros dígitos da CNAE, são as seguintes:

 Divisão 10 - “fabricação de produtos alimentícios”;

 Divisão 11 - “fabricação de bebidas”;

 Divisão 22 - “fabricação de produtos de borracha e de material plástico”;

 Divisão 23 - “fabricação de produtos de minerais não-metálicos”.

Quadro 2 – Estatística descritiva da Base de Dados - Valores em Reais a preços constantes de Dez/2011

SETOR DE ALIMENTOS SETOR DE BEBIDAS

ANTERIOR AO

REFIS POSTERIOR AO REFIS ANTERIOR AO REFIS POSTERIOR AO REFIS

Média (vlr inscrito) 45156,68 175850,20 23552,99 48182,79

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da SEFAZ-CE

Quadro 3 – Estatística descritiva da Base de Dados - Valores em Reais a preços constantes de Dez/2011

SETOR DE BORRACHA E PLÁSTICOS

SETOR DE MINERAIS NÃO-METÁLICOS ANTERIOR AO

REFIS POSTERIOR AO REFIS ANTERIOR AO REFIS POSTERIOR AO REFIS

Média (vlr inscrito) 24097,25 11424,7 275124,0 59669,85

Fonte: Elaboração própria apartir dos dados da SEFAZ-CE

Quadro 4 – Estatística descritiva da Base de Dados - Valores em Reais a preços constantes de Dez/2011

TOTALIDADE DOS SETORES

ANTERIOR AO REFIS POSTERIOR AO REFIS

Média (vlr inscrito) 367931,0 295127,5

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da SEFAZ-CE

As médias nos setores de alimentos e bebidas antes e depois do Refis indicam um aumento na inscrição em Dívida Ativa, enquanto as médias no setor de borracha e de minerais não metálicos antes e depois do Refis indicam uma diminuição na inscrição em dívida ativa. A média para o total dos setores é menor após o Refis de 2009. Esse fato evidencia a importância da análise setorial e do total dos setores para o entendimento da inadimplência.

(27)

Gráfico 1 – Valor Mensal de ICMS inscrito em DA para o Setor de Alimentos

0 200,000 400,000 600,000 800,000 1,000,000 1,200,000 1,400,000

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

2007 2008 2009 2010 2011

Y

Fonte: Elaboração Própria

(28)

Gráfico 2 – Valor Mensal de ICMS inscrito em DA para o Setor de Bebidas

0 50,000 100,000 150,000 200,000 250,000 300,000

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

2007 2008 2009 2010 2011

Y11

Fonte: Elaboração Própria

Gráfico 3 – Valor Mensal de ICMS inscrito em DA para o Setor de Borracha e Plásticos

0 20,000 40,000 60,000 80,000 100,000 120,000 140,000 160,000

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

2007 2008 2009 2010 2011

Y22

(29)

Gráfico 4 – Valor Mensal de ICMS inscrito em DA para o Setor de Minerais não-Metálicos

0 400,000 800,000 1,200,000 1,600,000 2,000,000

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

2007 2008 2009 2010 2011

Y23

Fonte: Elaboração Própria

Gráfico 5 – Valor Mensal de ICMS inscrito em DA para a Totalidade dos Setores

0 400,000 800,000 1,200,000 1,600,000 2,000,000

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

2007 2008 2009 2010 2011

TOT

(30)

Seguindo da simples evidência de que existiu uma quebra estrutural para os setores de Alimentos e Bebidas e de que não existiram quebras para a amostra de dados dos setores de Borracha, Plásticos e Minerais não-Metálicos, este trabalho segue detalhando o modelo econométrico a ser utilizado e as suas especificidades.

4.2 Quebra estrutural

De acordo com Greene (2003), pode acontecer que se verifique uma mudança estrutural na relação entre o regressando e os regressores. Por mudança estrutural entende-se que os valores dos parâmetros do modelo não se mantêm iguais durante todo o período considerado. As possíveis diferenças, isto é, as mudanças estruturais, podem ser provocadas por diferenças no intercepto ou no coeficiente angular, ou em ambos. Um dos testes que pode ser utilizado para identificar essas alterações é o teste de Chow. Esse teste pressupõe que:

i. Є , e Є , - Isto é, os termos de erros nas regressões dos subperíodos se distribuem normalmente com a mesma variância.

ii. Os dois termos de erro, Є e Є têm distribuições independentes. O procedimento para o teste de Chow segue os passos:

a. Estima-se a regressão, que é adequada se não houver instabilidade dos

parâmetros e obtêm-se com – graus de liberdade, onde k é o

número de parâmetros estimados. Denomina-se de soma restrita dos quadrados dos resíduos ;

b.Estima-se a primeira regressão e obtém-se a soma dos quadrados dos resíduos,

, com graus de liberdade;

c.Estima-se a segunda regressão e obtém-se a soma dos quadrados dos resíduos,

, com graus de liberdade;

d. Já que consideramos que os dois conjuntos de amostras são independentes, podemos somar e para obter o que podemos chamar de soma sem restrições dos quadrados dos resíduos ( ) que é: = +

com graus de liberdade.

e. O argumento do teste Chow é que, se não há mudança estrutural, (isto é, se as regressões são essencialmente iguais) então a e a não deveriam ser estatisticamente diferentes. Portanto, tomando a razão

(31)

Chow mostrou que, sob a hipótese nula, as regressões estimadas são iguais (isto é, não há mudança ou quebra estrutural) e a razão F acima segue a distribuição

F com K e ( ) graus de liberdade no numerador e no denominador, respectivamente.

f. Portanto, não se rejeita a hipótese nula de estabilidade dos parâmetros (isto é, ausência de mudança estrutural) se o valor F calculado em uma aplicação não for superior ao valor F crítico registrado na tabela F no nível de significância (ou valor p) escolhido. Neste caso, o uso da regressão combinada pode se justificar. Em caso contrário, se o valor F calculado for superior ao valor crítico, rejeitamos a hipótese de estabilidade dos parâmetros e concluímos que as regressões estimadas são diferentes e, neste caso, o emprego da regressão combinada seria a melhor das hipóteses.

4.3 Modelo econométrico

O modelo de regressão linear padrão assume que os parâmetros do modelo não variam de acordo com as observações. Apesar desta hipótese inicial, sabe-se que uma mudança estrutural nos parâmetros através do período amostral, desempenha um papel empiricamente relevante na análise de séries temporais aplicada. Desta forma, tem havido um grande volume de trabalho voltado para o desenvolvimento de metodologias de teste e de estimação de modelos de regressão que permitem esse tipo de mudança. Hansen (2001) e Perron (2005) oferecem visões gerais da literatura. Ressalta-se que os pontos de ruptura de regime podem ser conhecidos e especificados a priori, ou eles podem ser estimados utilizando as tecnicas desenvolvidas por Bai (1997), Bai e Perron (1998). No nosso modelo, espera-se que mudanças na estrutura da arrecadação sejam encontradas à época da impantação do programa REFIS 2009, isto é; o mês de Maio do ano de 2010. Entretanto o modelo será estimado por métodos que identificam dentro da amostra se houve, ou não, rupturas e incorporam esses achadaos nos resultados.

(32)

modelo. Por outro lado, caso o número desejado de pontos de interrupção não seja conhecido, pode-se especificar um número máximo de pontos de interrupção e empregar testes para determinar o número "ideal" de pontos de interrupção. As diferentes abordagens de teste envolvem: testes globais de quebras contra nenhum (BAI; PERRON, 1998). O teste de contra nenhum procedimento breaks podem ser aplicados sequencialmente começando com uma única pausa até o nulo não é rejeitada. Alternativamente, ele pode ser aplicado a todos os intervalos de pausa com o seleccionado ser o número estatisticamente significativa mais elevada de quebras, ou pode empregar as estatísticas máximos ponderados ou duplas não ponderadas.

Para a análise de dados em serie temporal, e posterior teste de quebra estrutural, estima-se o modelo econométrico abaixo pelo método de Mínimos Quadrados com Quebra Estrutural, controlando para possíveis problemas de heterocedasticidade, auto correlação e endogeneidade. O modelo é estimado para cada um dos quatro setores que segue:

Ɛ (1)

Em que,

_ Valores inscritos em dívida ativa no tempo t

_ Valores inscritos em dívida ativa no tempo (t-1)

e _ Constantes a serem estimadas

(33)

5 RESULTADOS

Como citado na seção anterior, o método de mínimos quadrados com quebra estrutural foi o utilizado para estimar possíveis interrupções nos fluxos de créditos de ICMS inscritos em dívida ativa para a mostra. Foram utilizados critérios de informação com base no número de quebras (Yao 1988; Liu, Wi, e Zidek 1997), onde se minimizam os critérios de informação especificados com repeito ao número de quebras. Assim como testes sequenciais de determinando globalmente possiveis pontos de interrupção. O procedimento é aplicado sequencialmente, começando com uma única interrupção, até que a hipótese nula não seja rejeitada. Esta abordagem é uma modificação de Bai (1997) método em que, em cada etapa do teste, em que os L pontos de quebra sob a hipótese nula são obtidos por otimização global, e os candidatos a pontos de intrrupção são obtidos por estimativa sequencial. As tabelas abaixo sumarizam os resultados.

Tabela 1 – Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 10 (Alimentos)

Variável Dependente: Y

Método: Mínimos Quadrados com Quebra Estrutural Amostra ajustada: 2007M02 2011M12

Observações incluídas: 59 após ajustes

Tipo de Quebra: Número Fixo de Quebras Globalmente Determinadas Quebras: 2011M05

Heterocedasticidade Branca: Covariâncias e Erros Padrão Consistentes

Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística t Valor da Probabilidade

2007M02 - 2011M04 - 51 Observações

Y(-1) 0.352395 0.171877 2.050273 0.0451

C 35645.86 7762.817 4.591872 0.0000

2011M05 - 2011M12 - 8 Observações

Y(-1) 0.225896 0.339045 0.666270 0.5080

C 370707.6 184285.5 2.011594 0.0492

R- Quadrado 0.443985

R- Quadrado Ajustado 0.413657

Estatística F 14.63941

Probabilidade (Estatística F) 0.000000

Estatística de Durbin – Watson 2.045069

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 2 – Resultado do Teste de Chow – Setor de Alimentos

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Janeiro de 2010 no Setor de Alimentos

Estatística F 0.827443 Probabilidade F(2,55) 0.4425

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 3 – Resultado do Teste de Chow – Setor de Alimentos

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Maio de 2011 no Setor de Alimentos

Estatística F 7.091161 Probabilidade F(2,55) 0,0018

(34)

Das tabelas 1 a 3, observa-se que se encontrou uma quebra estrutural para o mês de Maio de 2011, como testado pelo método de Chow. Muito embora o termo explicativo seja alto, R-quadrado de aproximadamente 0,44, para o segundo período, isto é; após a quebra, o nível de significância não atingiu o desejado de 10%.

Tabela 4 – Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 11 (Bebidas)

Variável Dependente: Y11

Método: Mínimos Quadrados com Quebra Estrutural Amostra ajustada: 2007M02 ; 2011M12

Observações incluídas: 59 após ajustes

Tipo de Quebra: Teste de Bai-Perron de L+1 vs. L Quebras Sequencialmente Determinadas Selecão de Quebra: Máx. de Quebras: 5, Nível de Significância: 0.05

Quebras: 2011M05

Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística t Valor da Probabilidade

2007M02 - 2011M04 - 51 Observações

Y11(-1) 0.371397 0.217200 1.709930 0.0929

C 10958.42 7318.096 1.497441 0.1400

2011M05 - 2011M12 - 8 Observações

Y11(-1) -0.290992 0.149445 -1.947149 0.0566

C 191389.0 24334.40 7.864957 0.0000

R- Quadrado 0.571442

R- Quadrado Ajustado 0.548066

Estatística F 24.44581

Probabilidade (Estatística F) 0.000000

Estatística de Durbin – Watson 2.206071

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 5 – Resultado do Teste de Chow – Setor de Bebidas

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Janeiro de 2010 no Setor de Bebidas

Estatística F 1.249690 Probabilidade F(2,55) 0.2946

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 6 – Resultado do Teste de Chow – Setor de Bebidas

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Maio de 2011 no Setor de Bebidas

Estatística F 26.45925 Probabilidade F(2,55) 0,0000

Fonte: Elaborado pelo autor

(35)

Tabela 7 – Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 22

Variável Dependente: Y22

Método: Mínimos Quadrados com Quebra Estrutural Amostra ajustada: 2007M02 2011M12

Observações incluídas: 59 após ajustes

Tipo de Quebra: Comparar Critério de Informação para 0 a M Quebras Globalmente Determinadas Selecão de Quebra: Critério de Schwarz, Máx. de Quebras: 5

Nenhum Ponto de Quebra Selecionado

Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística t Valor da Probabilidade

Y22(-1) 0.583611 0.107468 5.430569 0.0000

C 7489.034 3376.155 2.218214 0.0305

R- Quadrado 0.340972

R- Quadrado Ajustado 0.329411

Estatística F 29.49108

Probabilidade (Estatística F) 0.000001

Estatística de Durbin – Watson 1.891466

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 8 – Resultado do Teste de Chow – Setor de Borracha e Plásticos

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Janeiro de 2010 no Setor de Borracha e Plásticos

Estatística F 0.550903 Probabilidade F(2,55) 0.5796

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 9 – Resultado do Teste de Chow – Setor de Borracha e Plásticos

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Maio de 2011 no Setor de Borracha e Plásticos

Estatística F 0.624724 Probabilidade F(2,55) 0.5392

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela10 – Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 23

Variável Dependente: Y23

Método: Mínimos Quadrados com Quebra Estrutural Amostra ajustada: 2007M02 2011M12

Observações incluídas: 59 após ajustes

Tipo de Quebra: Comparar Critério de Informação para 0 a M Quebras Globalmente Determinadas Selecão de Quebra: Critério de Schwarz, Máx. de Quebras: 5

Nenhum Ponto de Quebra Selecionado

Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística t Valor da Probabilidade

Y23(-1) 0.378081 0.118547 3.189293 0.0023

C 95191.19 37563.82 2.534119 0.0140

R- Quadrado 0.151427

R- Quadrado Ajustado 0.136540

Estatística F 10.17159

Probabilidade (Estatística F) 0.002318

Estatística de Durbin – Watson 1.995369

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 11 – Resultado do Teste de Chow – Setor de Minerais não-Metálicos

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Janeiro de 2010 no Setor de Minerais não-Metálicos

Estatística F 1.404605 Probabilidade F(2,55) 0.2541

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 12 – Resultado do Teste de Chow – Setor de Minerais não-Metálicos

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Maio de 2011 no Setor de Minerais não-Metálicos

Estatística F 0.248147 Probabilidade F(2,55) 0.7811

(36)

Para os demais setores analisados, não foi encontrado pontos de quebra estrutural, e as estatísticas encontram-se dentro dos parâmetros desejáveis. Testou-se ainda a agregação de todos os setores da amostra e existiram evidências favoráveis à quebra de estrutura no mês de Maio do ano de 2011, porém novamente, no período pós-REFIS o nível de significância não foi assegurado.

Tabela 13 – Resultado do Modelo Econométrico – SETOR TOTAL

Variável Dependente: TOT

Método: Mínimos Quadrados com Quebra Estrutural Amostra ajustada: 2007M02 ; 2011M12

Observações incluídas: 59 após ajustes

Tipo de Quebra: Número Fixo de Quebras Sequencialmente Determinadas Quebras: 2011M05

Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística t Valor da Probabilidade

2007M02 - 2011M04 - 51 Observações

TOT(-1) 0.352118 0.153215 2.298200 0.0254

C 166682.8 61516.26 2.709574 0.0090

2011M05 - 2011M12 - 8 Observações

TOT(-1) 0.190729 0.209627 0.909849 0.3669

C 587834.6 181660.7 3.235894 0.0021

R- Quadrado 0.267192

R- Quadrado Ajustado 0.227221

Estatística F 6.684594

Probabilidade (Estatística F) 0.000628

Estatística de Durbin – Watson 2.069041

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 14 – Resultado do Teste de Chow – Totalidade dos Setores

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Janeiro de 2010 no Setor Total

Estatística F 0.663696 Probabilidade F(2,55) 0.5190

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 15 – Resultado do Teste de Chow – Totalidade dos Setores

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Maio de 2011 no Setor Total

Estatística F 3.433631 Probabilidade F(2,55) 0.0393

Fonte: Elaborado pelo autor

(37)

Devido ao comportamento da curva de créditos inscritos em dívida ativa da CNAE Divisão 10 “fabricação de produtos alimentícios”, ser muito diferente após o mês de maio de 2011 e pudesse ter interferência na identificação de outras quebras no período anterior, realizou-se outro teste expurgando os dados do mês de maio de 2011em diante. A estimação foi feita com a variável dependente em nível (Y) e com a mesma em 1ª diferença (D(Y)) e as duas evidenciaram que não houve “quebra estrutural” de 2007 até abril de 2011 e as estatísticas encontram-se dentro dos parâmetros desejáveis.

Tabela 16 – Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 10 (Alimentos)

Variável Dependente: Y

Método: Mínimos Quadrados com Quebra Estrutural Amostra ajustada: 2007M02 2011M04

Observações incluídas: 51 após ajustes

Tipo de Quebra: Número Fixo de Quebras Globalmente Determinadas Nenhuma Quebra selecionada

Heterocedasticidade Branca: Covariâncias e Erros Padrão Consistentes

Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística t Valor da Probabilidade

Y(-1) 0.364964 0.131735 2.770448 0.0079

C 30642.58 7305.131 4.194665 0.0001

R- Quadrado 0.135427

R- Quadrado Ajustado 0.117783

Estatística F 7.675382

Probabilidade (Estatística F) 0.000000

Estatística de Durbin – Watson 1.981482

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 17 – Resultado do Teste de Chow – Setor de Alimentos - Variável dependente Y

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Janeiro de 2010 no Setor de Alimentos – Amostra JANEIRO 2007 – ABRIL 2011

Estatística F 1.490898 Probabilidade F(2,47) 0.2356

Fonte: Elaborado pelo autor

Tabela 18 – Resultado do Modelo Econométrico – SETOR 10 (Alimentos)

Variável Dependente: D(Y)

Método: Mínimos Quadrados com Quebra Estrutural Amostra ajustada: 2007M02 2011M04

Observações incluídas: 51 após ajustes

Tipo de Quebra: Número Fixo de Quebras Globalmente Determinadas Nenhuma Quebra selecionada

Heterocedasticidade Branca: Covariâncias e Erros Padrão Consistentes

Variável Coeficiente Erro Padrão Estatística t Valor da Probabilidade

Y(-1) -0.63504 0.131735 -4.82057 0

C 30642.58 7305.131 4.194665 0.0001

R- Quadrado 0.321686

R- Quadrado Ajustado 0.307843

Estatística F 23.2379

Probabilidade (Estatística F) 0.000000

Estatística de Durbin – Watson 1.981482

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Tabela 19 – Resultado do Teste de Chow – Setor de Alimentos - Variável dependente D(Y)

Hipótese Nula: Nenhuma Quebra Estrutural para Janeiro de 2010 no Setor de Alimentos – Amostra JANEIRO 2007 – ABRIL 2011

Estatística F 1.490898 Probabilidade F(2,47) 0.2356

Fonte: Elaborado pelo autor

Enquanto nos casos da CNAE Divisão 22, “fabricação de produtos de borracha e de material plástico” e da CNAE Divisão 23 “fabricação de produtos de minerais não metálicos” não foi constatada “quebra estrutural”, dessa forma não houve uma mudança de comportamento na curva de inscrição de créditos na dívida ativa, refletindo que o Refis não teve influência abrupta na inadimplência do Estado.

A “quebra estrutural” da CNAE Divisão 10 “fabricação de produtos alimentícios” pode ter sido provocada por vários motivos, tais como: a crise que acarretou um crescimento negativo de 3,3% na indústria de transformação do Estado, considerando o valor agregado, no ano de 2011 e queda de 0,72% na produção física dos setores de alimentos e bebidas (estatística do IPECE em conjunto); ou algum outro caso específico do setor, como o aumento da inadimplência de determinada empresa ser relevante nesse seguimento.

Observa-se que a CNAE Divisão 11, “fabricação de bebidas”, é formada por um setor fortemente estruturado com empresas com ações em bolsa de valores e com fábricas em diversos Estados. As explicações para a “quebra estrutural” podem ser a mesma da Divisão 10, mas devido ao maior porte dessas empresas, elas não costumam modificar seu comportamento por causa do Refis, pois seria um sinal negativo para o mercado.

Os resultados econométricos da CNAE Divisão 22, “fabricação de produtos de borracha e de material plástico”, não demonstraram existir uma quebra estrutural, muito embora tenha sido demonstrada uma diminuição de créditos inscritos em dívida ativa após o Refis.

Entretanto sabemos pouco sobre o comportamento dessas mesmas empresas em outros Estados, para que possam ter seu comportamento comparado com outras unidades da federação onde também estejam instaladas.

No último caso da CNAE Divisão 23 “fabricação de produtos de minerais não metálicos”, também não foi identificado uma “quebra estrutural”, muito embora tenha sido demonstrada uma diminuição da inscrição de créditos em dívida ativa.

(39)
(40)

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho preocupou-se em analisar o comportamento dos contribuintes industriais cearenses em relação à implementação do programa de recuperação fiscal, com base nos dados do REFIS do ano de 2009. Em particular, refere-se aos setores de Alimentos, Bebidas, Borracha e Plásticos e Minerais setores da indústria de transformação. Com uma análise mensal da estrutura dos créditos tributários inscritos em dívida ativa dos contribuintes do Estado do Ceará que participaram do Refis para os anos de 2007 a 2011, tenta-se captar uma possível quebra na mesma que o programa REFIS 2009 possa ter provocado. Deste modo, gerou-se um modelo econométrico que estima, através do método de mínimos quadrados com quebra estrutural, a variável arrecadação no presente como função do seu valor no passado e acrescido de um erro do tipo ruído branco.

No caso da CNAE Divisão 10 “fabricação de produtos alimentícios” e da CNAE Divisão 11, “fabricação de bebidas”, foi identificada “quebra estrutural” no mês de maio de 2011, quando houve uma mudança no comportamento do crescimento da inadimplência 1 ano e 5 meses após a edição do Refis. Esta mudança foi muito posterior ao programa, não ficando caracterizado que o Refis foi fator determinante para o aumento da inscrição de créditos na dívida ativa, não sendo dessa forma o teste conclusivo. Esta mudança pode ter sido provocada por vários motivos, tais como: a crise que acarretou um crescimento negativo de 3,3% na indústria de transformação do Estado, considerando o valor agregado, no ano de 2011 e queda de 0,72% na produção física dos setores de alimentos e bebidas (estatística do IPECE em conjunto); ou algum outro caso específico do setor, como o aumento da inadimplência de determinada empresa ser relevante nesse seguimento.

Devido ao comportamento da curva de créditos inscritos em dívida ativa da CNAE Divisão 10 “fabricação de produtos alimentícios”, ser muito diferente após o mês de maio de 2011 e pudesse ter interferência na identificação de outras quebras no período anterior, realizou-se outro teste expurgando os dados do mês de maio de 2011em diante. A estimação foi feita com a variável dependente em nível (Y) e com a mesma em 1ª diferença (D(Y)) e as duas evidenciaram que não houve “quebra estrutural” de 2007 até abril de 2011.

Nos casos da CNAE Divisão 22, “fabricação de produtos de borracha e de material plástico” e da CNAE Divisão 23 “fabricação de produtos de minerais não metálicos” não foram identificados uma quebra estrutural.

(41)

conjunto da indústria de transformação. A quebra estrutural sinaliza um movimento de aumento da inadimplência com uma mudança de comportamento, após o advento do Refis 2009. Entretanto essa “quebra estrutural” foi muito posterior ao programa, não ficando caracterizado que o Refis foi fator determinante para o aumento da inscrição de créditos na dívida ativa, não sendo dessa forma o teste conclusivo. As possíveis causas citadas para a indústria de alimentos e bebidas também podem justificar a descontinuidade ocorrida.

(42)

REFERÊNCIAS

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BAI, Jushan; PERRON, Pierre. Estimating and testing Linear Models with Multiple Structural Changes. Econometrica, v. 66, p. 47-78, 1998.

CASTELO, André da Mota. O Impacto do Programa de Recuperação Fiscal na Inadimplência Tributária do Estado do Ceará – Uma análise do antes e depois do REFIS Estadual de 2009. 2014. Dissertação (Mestrado Profissional em Economia) – Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2014.

CEARÁ. Lei 13.063, de 29 de setembro de 2000. Estabelece procedimentos para fins de concessão de remissão ou parcelamento especial de créditos tributários originários dos impostos estaduais que especifica, inclusive dispensa de juros e multas relacionados com o ICM, ICMS e IPVA. Diário Oficial do Estado, Fortaleza, CE, 29 set. 2000. Disponível em: <http://www2.al.ce.gov.br/legislativo/legislacao5/leis2000/13063.htm>. Acesso em: 22 jul. 2014.

______. Decreto 26.739, de 12 de setembro de 2002. Regulamenta dispositivos dos

Convênios ICMS nºs 96 e 98, de 20 de agosto de 2002, que tratam de dispensa ou redução de juros e multas e concessão de parcelamento de débitos fiscais decorrentes de impostos

estaduais. Diário Oficial do Estado, Fortaleza, CE, 13 set. 2002. Disponível em:

<http://www.sefaz.ce.gov.br/Content/aplicacao/internet/Legislacao_Download/gerados/legisla cao_2011.asp>. Acesso em: 22 jul. 2014.

______. Lei 13.324, de 14 de julho de 2003. Dispõe sobre a redução de multas e juros atinentes ao Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS). Diário Oficial do Estado, Fortaleza, CE, 15 jul. 2003. Disponível em:

<http://www2.al.ce.gov.br/legislativo/legislacao5/leis2003/13324.htm>. Acesso em: 22 jul. 2014.

______. Lei 13.537, de 11 de novembro de 2004. Altera dispositivos da Lei n.º 12.670, de 27 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Imposto sobre Operações de Circulação de

Mercadorias e Prestação de Serviço de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, e da Lei n° 13.298, de 2 de abril de 2003, que dispõe sobre as microempresas e empresas de pequeno porte e dá outras providências. Diário Oficial do Estado, Fortaleza, CE, 12 nov. 2004. Disponível em:

(43)

______. Lei 13.686, de 08 de novembro de 2005. Dispõe sobre a dispensa de juros e multas relacionados com débitos fiscais do Imposto sobre Operações Relativas a Circulação de Mercadorias e sobre as Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, em harmonia com o disposto no Convênio ICMS 91/05, de 17 de agosto de 2005, alterado pelo Convênio ICMS 110/05, de 30 de setembro de 2005. Diário Oficial do Estado, Fortaleza, CE, 9 nov. 2005. Disponível em:

<http://www2.al.ce.gov.br/legislativo/legislacao5/leis2005/13686.htm>. Acesso em: 22 jul. 2014.

______. Lei 13.814, de 22 de setembro de 2006. Dispõe sobre a dispensa de créditos tributários de juros e multas relacionados com o Imposto sobre Operações Relativas a Circulação de Mercadorias e sobre as Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, em harmonia com o disposto nos Convênios ICMS 50/06, de 7 de julho de 2006 e 77/06, de 3 de agosto de 2006, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado, Fortaleza, CE, 22 set. 2006. Disponível em:

<http://www2.al.ce.gov.br/legislativo/legislacao5/leis2006/13814.htm>. Acesso em: 22 jul. 2014.

______. Lei 14.505, de 18 de novembro de 2009. Dispõe sobre a remissão, a anistia e a transação de créditos tributários relacionados com o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre as Prestações de Serviços de Transportes Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, com o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, e com o Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações - ITCD, inscritos ou não em dívida ativa do estado, na forma que especifica, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado, Fortaleza, CE, 19 nov. 2009. Disponível em:

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Referências

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