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Avaliação do comportamento materno-filial de ovinos deslanados Morada Nova durante o parto

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Academic year: 2021

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Avaliação do comportamento materno-filial de ovinos deslanados Morada Nova durante o parto Renan Saraiva Martins da Silva1, Dayanne Lima de Sousa1, Giovani Rodrigues Chagas1, Eveline

Germana Barbosa Brasil1, Maria Juliana Pereira da Silva1, Carla Renata Figueiredo Gadelha2 1

Discentes do curso de Zootecnia, integrante ao Grupo de Estudo em Caprinos e Ovinos (GRECO) da Universidade Federal do Ceará (UFC) renansaraiva@msn.com, dayannels@hotmail.com, giovane1606@hotmail.com, germana.7@hotmail.com, pjulianna@hotmail.com.

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Professora Adjunta de Higiene Animal, Etologia e Manejo de Animais Silvestres da Universidade Federal do Ceará – UFC. email: crgadelha@yahoo.com.br

Resumo: O rebanho nordestino é constituído em maior quantidade por animais mestiços ou Sem Padrão

Racial Definido (SPRD), Santa Inês, Morada Nova, Somalis, nativos entre outras raças. Apesar desse grande contingente, a cadeia produtiva atual necessita de uma reestruturação, visando à obtenção de um desenvolvimento concreto através da aplicação de técnicas de manejo relacionadas a uma das fases mais críticas da vida dos ovinos: a fase de cria onde os problemas advêm da grande dependência dos neonatos da proteção materna. O objetivo neste trabalho foi estudar as relações materno-filiais e o comportamento de ovinos deslanados Morada Nova durante o parto. O experimento foi conduzido no Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza-Ce, no período compreendido entre maio de 2010 a junho do mesmo ano. De um rebanho de 58 fêmeas mestiças (Morada Nova variedade vermelha X SPRD) foram acompanhados dez partos de primíparas e multíparas, de peso vivo médio de 40,920 Kg onde destes partos nasceram um total 18 cordeiros. O número de ovelhas acompanhadas foi calculado para uma percentagem de 20% do rebanho. Todas as variáveis estudadas foram expressas em minutos. O peso ao nascer das crias e o peso ao desmame também foram registrados. Da média do Tempo Total de Parto (TTP), uma maior proporção foi para a variável média do Tempo entre Segundo parto e a expulsão da Placenta (TSPla). Ainda foi notado que 9 das 10 matrizes observadas beberam água durante o parto, 8 se alimentaram e 7 ingeriram a placenta ou parte dela. Por fim, percebe-se que o elo materno-filial contribui de forma significativa para o sucesso produtivo da criação de ovinos deslanados no Nordeste.

Palavras–chave: cordeiros, etograma, etologia, nascimento

Abstract: The herd northeastern consists in higher amount crossbred animals or without defined breed

(SPRD), Santa Inês, Morada Nova, Somali, and other native breeds. Despite this large number, the current supply chain needs a restructuring, aiming to produce a concrete development through the application of management techniques related to one of the most critical phases of the life of sheep: the phase of establishing where problems arise from the large dependence of the neonates of maternal protection. The objective of this work was to study maternal-branch relations and behavior of sheep Morada Nova during childbirth. The experiment was conducted at the core Teaching and Research in Forage Production Department of Animal Science at the Center for Agrarian Sciences, Federal University of Ceará, Fortaleza-Ce, in the period May 2010 to June of that year. A herd of 58 crossbred females (Morada Nova red variety X SPRD) were followed ten births of primiparous and multiparous , average weight of 40.920 kg where a total of births of 18 lambs. The number of sheep was accompanied by a calculated percentage of 20% of the herd. All variables were expressed in minutes. Birth weight of offspring and weaning weight were also recorded. The average total time for Childbirth (TTP), a higher proportion was for the variable average time between childbirth and expulsion of the Second Placenta (TSPla). Although it was noted that 9 of 10 arrays observed drank water during labor, 7 and 8 were fed placenta or part thereof. Finally, we find that the maternal-filial bond contributes significantly to the success of the productive creation of hair sheep in the Northeast.

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Introdução

O rebanho nordestino é constituído em maior quantidade por animais mestiços ou Sem Padrão Racial Definido (SPRD), Santa Inês, Morada Nova, Somalis, nativos entre outras raças. Apesar desse grande contingente, a cadeia produtiva atual necessita de uma reestruturação, visando à obtenção de um desenvolvimento concreto através da aplicação de técnicas de manejo relacionadas a uma das fases mais críticas da vida dos ovinos: a fase de cria. Os problemas advêm da grande dependência dos neonatos da proteção materna. Neste sentido, a habilidade da matriz, a condição de escore corporal, a idade e o estado imunológico da fêmea influenciam no comportamento materno-filial e no desenvolvimento dos cordeiros, além disso, podem contribuir para um maior ou menor cuidado maternal as alterações fisiológicas, o clima, o grupo genético e o estresse.

Grande parte dessa dependência ocorre em virtude de problemas como a baixa reserva corporal dos cordeiros, proveniente da má alimentação das matrizes durante o período gestacional, a deficiência da termorregulação e, consequentemente, susceptibilidade as ações do clima (temperaturas extremas e chuvas). Por isso é comum encontrar propriedades com taxas de mortalidade no pré-desmame de até 40%, (Raineri, 2008). A maioria destas mortes ocorre nas primeiras 72 horas de vida, ocasionando baixos índices produtivos nos sistemas de produção, todavia faltam estudos que relacionem a elevada mortalidade dos cordeiros com os aspectos comportamentais das ovelhas. Segundo Reale et al. (2000) o temperamento apresenta valores médios a altos para repetibilidade e herdabilidade. Desta forma, para diminuir o índice de perdas nesse período é fundamental o conhecimento da etologia, pois, desta maneira, pode-se utilizar o comportamento como ferramenta seletiva de matrizes, avaliando-se a habilidade, possíveis correlações dos cuidados maternos com o peso das crias ao desmame e com o índice de sobrevivência.

Objetivo neste trabalho foi estudar as relações materno-filiais e o comportamento de ovinos deslanados Morada Nova durante o parto.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido no Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará - NEEF/DZ/CCA/UFC (www.neef.ufc.br), em Fortaleza-Ce, no período compreendido entre maio de 2010 a junho do mesmo ano. De um rebanho de 58 fêmeas mestiças (Morada Nova variedade vermelha X SPRD) foram acompanhados dez partos de primíparas e multíparas, de peso vivo médio de 40,920 Kg onde destes partos nasceram um total 18 cordeiros. O número de ovelhas acompanhadas foi calculado para uma percentagem de 20% do rebanho.

Os animais foram identificados por colares, brincos e tatuagens, proporcionando um controle zootécnico de maior eficiência. As fêmeas foram cobertas por um reprodutor Morada Nova puro por cruza de peso vivo 45,8 Kg, em estação de monta controlada e tiveram a condição de escore corporal (CEC) e peso, mensurados somente antes e depois da estação. Este manejo reprodutivo foi realizado para se ter o dia do parto previsto de cada ovelha, através de um calendário gestacional. Desta forma, as fêmeas do rebanho começaram a ser observadas sete dias antes da data prevista do parto da primeira ovelha. As ovelhas foram confinadas em uma área aberta e ampla com acesso a baia com telhas de barro, para prover um melhor conforto térmico, e facilitar a observação. A instalação era, ainda, provida de cama de maravalha, fonte de água fresca e comedouros. Uma das baias foi mantida isolada para receber as parturientes no momento do parto.

Para coleta de dados observou-se a duração e o tipo de partos (simples, duplos ou triplos), as ações das matrizes, os comportamentos dos cordeiros entre o início e término do parto e a relação materno filial. A duração do parto foi calculada subtraindo o horário de expulsão da placenta pelo horário de início da observação de inquietação da fêmea. Considerou-se o horário do nascimento somente com a expulsão completa do feto, iniciando-se imediatamente os registros comportamentais tanto das mães como dos neonatos. As anotações das atividades foram ininterruptas até que as ovelhas expulsassem a placenta por completo.

As variáveis analisadas foram: Tempo Total de Parto (TTP), Tempo do início das avaliações ao Nascimento do Primeiro feto (TNP), Tempo entre o Primeiro e Segundo parto (TPS), Tempo entre Segundo parto e a expulsão da Placenta (TSPla), Tempo para Apresentar os Primeiros Cuidados com o Primeiro cordeiro (TAPCP), Tempo para Apresentar os Primeiros Cuidados com o Segundo cordeiro

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(TAPCS), Tempo da primeira Mamada do Primeiro cordeiro (TMP), Tempo da primeira Mamada do Segundo cordeiro (TMS), Tempo de latência para Mamar Depois que o primeiro cordeiro se Levantou (TMDL1), Tempo de latência para Mamar Depois que o segundo cordeiro se Levantou (TMDL2), Número de Lambidas no Primeiro cordeiro (NLP), Número de Lambidas no Segundo cordeiro (NLS) e Número de Lambidas Totais (NLT). Foi ainda avaliado se as fêmeas se alimentavam, ingeriam água e/ou a placenta ao final do parto. Todas essas variáveis foram expressas em minutos, exceto as variáveis TAPCP, TAPCS, TMP e TMS que foram expressas em segundos. O peso ao nascer das crias e o peso ao desmame também foram registrados. Devido a morte de alguns cordeiros não foi possível realizar inferências com o peso à desmama.

Resultados e Discussão

Na Gráfico1 observa-se que a média do TTP (4,41h) foi distribuída em maior proporção para média do TSPla (2,07h). Isto pode ser explicado pela menor ação fisiológica da ocitocina nesse intervalo. Sabe-se que o pico de liberação deste hormônio protéico ocorre no momento da expulsão dos fetos e decai para uma menor taxa, porém significante, após os nascimentos o que resulta em um maior tempo para expulsão da placenta comparado ao tempo de expulsão dos fetos.

Para variável TNP observa-se que a percentagem foi maior do que a da variável TNPS, este resultado pode ter sido decorrente da falta de precisão da avaliação do momento exato que as fêmeas começaram a se mostrarem inquietas além do fato da falta de experiência das primíparas acarretar comportamentos duvidosos para o início da avaliação.

O Gráfico 2 identifica que as fêmeas 8 e 9 pariram apenas 1 cordeiro, em decorrência deste fato não foi possível calcular o TNPS e o TSPla para estas matrizes. É visto também que o TNP de ambas é geralmente menor que os TNP das demais matrizes, fato que pode ser explicado devido ao peso superior dos cordeiros destas fêmeas em relação ao restante dos neonatos que pode ter ocasionado uma maior compressão na cérvix no momento do parto. Segundo Antoniazzi (2004), essa compressão estimula um reflexo de liberação de ocitocina conhecido como Reflexo de Ferguson o que provavelmente resultou em menor TNPs. Roda et al. (1990) trabalhando com cordeiros da raça Ideal e Corriedale, constatou que o peso ao nascer teve efeito do tipo de nascimento, sendo os cordeiros de parto simples mais pesados do que os de parto duplo. Em relação a fêmea 5 foi observado um maior TSPla, justificado, pela ausência de contrações suficientes para expulsão da placenta, antes dos 200 minutos decorrentes. Já a fêmea 10 apresentou o segundo tempo mais elevado, pois a mesma pariu 4 cordeiros sendo os dados registrados apenas dos dois primeiros, uma vez que o terceiro e o quarto nasceram mortos. O TNP da fêmea 2 foi superior ao TSPla que pode ser explicado pela falta de experiência da matriz, fato explicado na justificativa do Gráfico 1.

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Gráfico 2 Divisão do tempo das atividades do parto para cada fêmea estudada

No Gráfico 3, nota-se uma maior uniformidade do peso ao nascer dos cordeiros das matrizes 1 e 2, apesar desta uniformidade, as crias da ovelha 2 apresentaram pesos (1,768 e 1,722 Kg, respectivamente) abaixo da média (2,194 kg), isto pode ser explicado pelo fato desta fêmea ter tido sua primeira experiência de parto (primípara), o que pode ter contribuído para o nascimento de cordeiros mais leves e menores, relacionados diretamente com o menor peso da matriz.

Contraditoriamente, as crias da fêmea 10 apresentaram maior variação no peso ao nascer devido à gestação quádrupla desta matriz que provavelmente, influenciou o desenvolvimento fetal acarretando em nascimentos de cordeiros com peso bastante diferenciados tendo, inclusive, o segundo cordeiro desta ovelha, o menor peso entre todos. Ainda em relação a esta matriz nota-se que a mesma apresentou peso similar aos das fêmeas 1, 4 e 6 e que os primeiros cordeiros destas apresentaram peso quase idênticos ao daquela.

Gráfico 3 Peso ao nascer em relação ao peso das matrizes na sequência de 1 a10

É válido lembrar que além do peso e condição corporal da matriz, o peso ao nascer pode ser influenciado por outros fatores como herdabilidade paterna, tipo racial e sexo da cria.

Em relação às outras variáveis estudadas observou-se que a média do TMDL1 foi bastante próxima da média do TMDL2, 13,75 minutos em comparação a 13,42 minutos. O TMP e o TMS foram expressos em segundos e também tiveram as médias apresentando comportamento semelhante às outras duas variáveis citadas anteriormente, 19,60 segundos em relação a 20,75 segundos.

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Observou-se uma maior diferença entre as médias das variáveis TAPCP e TAPCS, 14,20 segundos comparada a 63,75 segundos, o que evidencia um maior preocupação materna com as primeiras crias em relação as segundas, fato confirmado pela maior média do número de lambidas nas primeiras crias em comparação as segundas crias (179,6 e 126,3 respectivamente). Ainda foi notado que 9 das 10 matrizes observadas beberam água durante o parto, 8 se alimentaram e 7 ingeriram a placenta ou parte dela, a menor incidência da execução dessa ação, justifica-se, provavelmente, devido à influência da domesticação nestes animais que adquiriram uma maior proteção dos predadores, não apresentando este comportamento que seria considerado natural na espécie.

Conclusões

A importância do elo materno-filial contribui de forma significativa para o sucesso produtivo, pois através do bem-estar das ovelhas e cordeiros no sistema de produção pode-se otimizar a atividade pecuária através de manejos corretos que visem maximizar os cuidados com as crias de forma eficiente .

Portanto, ampliar os conhecimentos etológicos e aplicá-los na prática se faz necessário. Neste sentido, novos estudos referentes aos paramentos comportamentais de ovelhas e crias são pertinentes.

Agradecimentos

Ao Núcleo de Ensino e Estudo em Forragicultura – NEEF/DZ/CCA/UFC pelo apoio prestado a este estudo. Ao Grupo de Estudos de Caprinos e Ovinos – GRECO/DZ/CCA/UFC pela iniciativa da pesquisa. Aos professores Carla Renata Figueiredo Gadelha, Magno José Duarte Cândido, Sônia Maria Pinheiro de Oliveira e Airton de Alencar de Araújo pela confiança e enorme contribuição cedida neste trabalho.

Literatura citada

ANTONIAZZI, A.Q. Sicronização do parto em bovinos. 2004, 58f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária), Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2004.

RAINERI, C. Perfil do comportamento materno-filial de ovinos da raça Santa Inês e sua influência no desempenho dos cordeiros ao desmame. 2008, 72f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia), Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2008.

REALE, D. et al. Consistency of temperament in big horn ewes and correlates with behaviour and life history. Animal Behaviour, v.60, p.589 -597, 2000.

RODA, D. S.; OTTO, P. A.; SANTOS, L. E. et al. Efeito do tipo de gestação (simples ou gemelar) na sobrevivência e desenvolvimento de cordeiros das raças Ideal e Corriedale. Boletim da Indústria

Referências

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