• Nenhum resultado encontrado

Open Registro de enfermagem em unidade de terapia intensiva neonatal: proposta de um software protótipo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Open Registro de enfermagem em unidade de terapia intensiva neonatal: proposta de um software protótipo"

Copied!
111
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

NÍVEL MESTRADO

LUCIANA DE MEDEIROS LIMA

REGISTRO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA

INTENSIVA NEONATAL: proposta de um software protótipo

(2)

LUCIANA DE MEDEIROS LIMA

REGISTRO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA

INTENSIVA NEONATAL: proposta de um software protótipo

Dissertação vinculada à linha de pesquisa Fundamentos Teórico-Filosóficos do Cuidar em Saúde e Enfermagem, apresentado ao do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFPB, nível Mestrado, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

Orientador: Prof. Dr. Sérgio Ribeiro dos Santos

(3)

LUCIANA DE MEDEIROS LIMA

REGISTRO DE ENFERMAGEM EM UNIDADE DE TERAPIA

INTENSIVA NEONATAL: proposta de um software protótipo

Dissertação vinculada à linha de pesquisa Fundamentos Teórico-Filosóficos do Cuidar em Saúde e Enfermagem, apresentado ao do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFPB, nível Mestrado, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

APROVADA EM:

BANCA EXAMINADORA

Profº Drº Sérgio Ribeiro dos Santos – UFPB

Orientador

Profª Drª Yolanda Dora Martinez Évora – USP

Membro Efetivo

Profª Drª Maria das Graças Fernandes - UFPB

Membro Efetivo

Profª Drª Inácia Sátiro – UEPB

Membro Suplente

Profª Ms Kenya de Lima Silva – UFPB

(4)

Dedico este trabalho a todas as mães que passaram pela

experiência de ter um filho na Unidade de Terapia

Intensiva Neonatal. Todo o esforço foi válido para que

(5)

AGRADECIMENTOS

Durante esse período muitas pessoas dividiram comigo dificuldades e alegrias que foram surgindo e com certeza eu não teria conseguido chegar ao final sem a companhia de todos vocês. Sou grata a todos que estiveram perto e participaram de alguma maneira da minha vida no mestrado, de forma especial aos que se seguem.

A Deus, minha força, meu sustento, fonte de toda a inspiração para dar seguimento a tudo que faço. Obrigada pela providência e por ter cuidado de mim e dos meus quando mais precisei.

A minha família, pais, irmãos, marido e filhos, pela compreensão nos dias em que estive ausente e pela paciência quando o estresse parecia tomar conta. Obrigada pela confiança e por todos os gestos que de alguma forma me ajudaram a seguir.

Aos irmãos da Comunidade Doce Mãe de Deus, pelas orações que me sustentaram e por toda a vida fraterna, fonte de alegria e comunhão entre nós.

As amigas Daniela Karina e Kênya Lima pelo incentivo e ajuda sempre que precisei. Tenho a alegria de saber que posso contar sempre com vocês e, durante o mestrado, nossa amizade foi determinante para a concretização dessa etapa.

Ao prof. Sérgio Ribeiro dos Santos, meu orientador, que durante todo o tempo esteve disponível para o ensino e contribuição no meu trabalho. Agradeço pelo exemplo de prontidão, responsabilidade e zelo no ofício do ensino e orientação.

Aos colegas de trabalho do Hospital Universitário Lauro Wanderley, de maneira especial as enfermeiras da Unidade de terapia intensiva neonatal, pela participação ativa e contribuição para a realização deste trabalho. Obrigada pela disponibilidade e por toda ajuda que me deram ao longo dos últimos anos.

(6)

pesquisadora. Agradeço em especial a Renata Valéria pela companhia até o fim. Com certeza já sinto saudades de vocês.

Aos membros da banca pela grandiosa contribuição e atenção que me deram. Tenho muita admiração pelo profissionalismo de vocês e a escolha de seus nomes foi realmente pela relevância do conhecimento de cada um para o engrandecimento de meu trabalho.

Aos professores e coordenação do Programa de Pós-graduação em Enfermagem, pela paciência, compreensão e contribuição para meu crescimento profissional.

A Wellington, funcionário do PPGENF, pelo carinho e cuidado que teve comigo nos últimos meses. Reconheço a importância de cada e-mail e cada telefonema seu e por tudo isso sou muito grata.

A Rafael e Miguel, dois anjos que Deus colocou em minha vida. Agradeço pelas inúmeras horas dedicadas ao desenvolvimento do programa e por todas as madrugadas divididas comigo para consertar os detalhes que foram aparecendo. A presença de vocês, sempre on-line me acalmava o coração.

Aos amigos que compõem a Faculdade de Enfermagem São Vicente de Paula, desde a direção até meus alunos. Agradeço pela confiança depositada e por todas as vezes que me motivaram e facilitaram minha vida, colaborando ativamente para este momento.

A todos que de alguma maneira torceram e acompanharam, de perto ou de longe, esse tempo tão especial para mim.

(7)

Pedras no caminho? Guardo toda

Pedras no caminho? Guardo toda

Pedras no caminho? Guardo toda

Pedras no caminho? Guardo todas, um dia

s, um dia

s, um dia

s, um dia

vou construir um castelo...

(8)

RESUMO

Introdução: A sociedade atual é marcada pela necessidade e busca da comunicação gerando

uma grande quantidade de informações que, por sua vez, exige estratégias de captação, armazenagem e utilização do conhecimento produzido. Na enfermagem, parte dessas informações é oriunda dos registros contidos nos prontuários do paciente e em outros relatórios pertinentes. Na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Universitário Lauro Wanderley, os registros são realizados em impressos padronizados, escritos manualmente. A prioridade do que deve ser anotado fica a critério de cada profissional, de maneira que algumas anotações são extensas, desestimulantes à leitura, com informações desnecessárias e/ou repetidas, ao passo que outras são resumidas, omitindo informações essenciais para o cuidado. Objetivo: propõe-se nesse estudo desenvolver um software aplicado à sistematização da assistência de enfermagem que proporcione aos enfermeiros o registro informatizado, de forma eficiente e rápida. Metodologia: o estudo foi dividido em três fases: a primeira construiu as afirmativas de diagnóstico e intervenções de enfermagem; na segunda fase as afirmativas construídas na fase anterior foram validadas e a terceira fase consistiu numa produção tecnológica, na qual foi desenvolvido um software protótipo para auxiliar o enfermeiro no desenvolvimento do processo de enfermagem. Resultados: Após a apreciação dos enfermeiros, o banco de dados ficou composto por 273 afirmativas, sendo 143 referentes aos diagnósticos de enfermagem e 130 referentes às intervenções de enfermagem. O software foi desenvolvido de maneira que apresenta telas específicas para o registro dos seguintes dados: Identificação do recém-nascido, dados antropométricos, motivo do internamento, necessidade de abrigo, necessidade de regulação térmica, necessidade de oxigenação, necessidade de hidratação, necessidade de nutrição, necessidade de integridade cutâneo-mucosa, integridade física, cuidado corporal, necessidade de exercício, atividade física, motilidade, sono e repouso, necessidade de percepção, regulação endócrina, necessidade de eliminação, necessidade terapêutica, necessidade de comunicação e anotações suplementares do enfermeiro. Por fim, será possível selecionar os diagnósticos de enfermagem sugeridos pelo programa, como também as intervenções de enfermagem correspondentes. Todos esses dados estarão disponíveis para impressão, caso o enfermeiro deseje. Considerações finais: O software proporciona a execução do processo de enfermagem, seguindo os critérios do Conselho Internacional de Enfermagem, permitindo um registro completo, uniforme e rápido. Proporciona ainda a construção de uma importante fonte de dados para pesquisa.

(9)

ABSTRACT

Introduction: The present society is characterized by the need and search of communication

producing a large amount of information which, in turn, requires strategies for collection, storage and use of knowledge produced. In nursing, some of this information comes from the registers contained in the patient's records and other relevant reports. In the Neonatal Intensive Care Unit of Lauro Wanderley University Hospital, records are made in standardized printed, handwritten. The priority that should be noted at the discretion of each professional, so that some notes are extensive, discouraging to read, with unnecessary information and / or repeated, whereas others are summarized, omitting essential information for care. Objective: In the present study it is proposed develop a software applied to the systematization of nursing care that provides nurses computerized record efficiently and quickly. Methodology: The study was divided in two stages: the first developed a database consisting of the empirical indicators of basic human needs of newborns and their claims of diagnosis and nursing interventions in which was developed an information system to assist the nurse in the development of the nursing process. Results: After the assessment of nurses, the database was composed of 273 statements, which 143 are related to nursing diagnoses and 130 referring to nursing interventions. The software was developed in a way which has specific screens for recording the following information: identification of the newborn, anthropometric data, reason for hospitalization, need for shelter, the need for thermal regulation, the need for oxygenation, hydration needs, nutrition needs,, need for integrity mucocutaneous, physical integrity, care body, needs of exercise, physical activity, mobility, sleep and rest, need for perception, endocrine regulation, need to eliminate, needs of therapy, need for communication and nurses' notes. Finally, it is possible select the nursing diagnoses suggested by the program, as well as the corresponding nursing interventions. All these data will be available for printing if the nurse wants. Final considerations: The software provides the execution of the nursing process, following the criteria of the International Council of Nurses, allowing a full record, uniform and fast. Also provides the construction of an important source of data for searching.

(10)

RESUMEN

Introducción: La sociedad actual es marcada por la necesidad y búsqueda de comunicación

generando una gran cantidad de informaciones que, por su vez, exige estrategias de captación, almacenaje y utilización del conocimiento producido. En enfermaría, parte de esas informaciones es oriunda de los registros contenidos en los prontuarios del paciente y en otros registros pertinentes. En la Unidad de Terapia Intensiva Neonatal del Hospital Universitario Lauro Wanderley, los registros son realizados en impresos estandarizados, escritos manuales. La prioridad de lo que se debe anotar se queda a criterio de cada profesional, de manera que algunas anotaciones son extensas, desincentivando la lectura, con informaciones desnecesarias y/o repetidas, al paso que otras son resumidas, omitiendo informaciones esencial para el cuidado. Objetivo: Este estudio se propone a desarrollar un software aplicado a la sistematización de la asistencia de enfermería que proporcione a los enfermeros el registro informatizado, de forma eficiente y rápida. Metodología: el estudio fue dividido en dos etapas: en la primera se desarrolló un banco de datos compuesto por indicadores empíricos de las necesidades humanas básicas de los neonatos y sus afirmativas de diagnóstico e intervención de enfermería; la segunda etapa consistió en una producción tecnológica, en la cual fue desarrollado un sistema de información para ayudar el enfermero en el desarrollo del proceso de enfermería. Resultados: Después de la apreciación de los enfermeros, el banco de datos fue compuesto por 273 afirmativas, donde 143 eran referentes a los diagnósticos de enfermería y 130 referentes a las intervenciones de enfermería. El

software fue desarrollado de modo tal que presenta pantallas específicas para el registro de los

siguientes datos: Identificación del recién nascido, datos antropométricos, motivo de la internación, necesidad de abrigo, necesidad de regulación térmica, necesidad de oxigenación, necesidad de hidratación, necesidad de nutrición, necesidad de integridad cutáneo-mucosa, integridad física, cuidado corporal, necesidad de ejercicio, actividad física, motilidad, sueño y reposo, necesidad de percepción, regulación endócrina, necesidad de eliminación, necesidad terapéutica, necesidad de comunicación y anotaciones suplementares del enfermero. Por último, será posible seleccionar los diagnósticos de enfermería sugeridos por el programa, como también las intervenciones de enfermería correspondientes. Todos estos datos se quedarán disponibles para impresión, para el caso de que el enfermero desee.

Consideraciones finales: El software proporciona la ejecución del proceso de enfermería,

según los criterios del Consejo Internacional de Enfermería, permitiendo un registro completo, uniforme y rápido. Proporciona aún la construcción de una importante fuente de datos para pesquisa.

(11)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Diagrama de funcionamento dos elementos do sistema. João Pessoa/PB,

2012. 23

Figura 2 - Processo de Enfermagem sugerido por Horta. 36

Figura 3 - Diagrama de raciocínio lógico para sugestão dos diagnósticos e intervenções de enfermagem. João Pessoa/PB, 2012. 49

Figura 4 - Fluxograma do sistema. João Pessoa/PB, 2012. 50

Figura 5 - Tela inicial do Sistema UTI NEONATAL para sistematização da

assistência de enfermagem. João Pessoa/PB, 2012. 50

Figura 6 - Tela de gerenciamento de leitos. João Pessoa/PB, 2012. 51 Figura 7 - Tela de acesso a cada leito específico. João Pessoa/PB, 2012. 52 Figura 8 - Tela de identificação do recém-nascido. João Pessoa/PB, 2012. 52 Figura 9 - Tela de entrada dos dados antropométricos, Motivo do Internamento e

início do Exame Físico. João Pessoa/PB, 2012. 53

Figura 10- Tela de registro das Necessidades de abrigo e de regulação térmica. João

Pessoa/PB, 2012. 54

Figura 11- Tela da Necessidade de Oxigenação. João Pessoa/PB, 2012. 54 Figura 12- Tela da Necessidade de Hidratação. João Pessoa/PB, 2012. 55 Figura 13- Telada Necessidade de Nutrição. João Pessoa/PB, 2012. 56 Figura 14- Tela da Necessidade de integridade cutâneo-mucosa, integridade física e

cuidado corporal. João Pessoa/PB, 2012. 56

Figura15- Tela da Necessidade de exercício, atividade física, motilidade, sono e

repouso. João Pessoa/PB, 2012. 57

Figura 16- Tela da Necessidade de Percepção. João Pessoa/PB, 2012. 57 Figura 17- Tela da Necessidade de eliminação, Necessidade terapêutica e Necessidade

de comunicação. João Pessoa/PB, 2012. 58

(12)

enfermagem. João Pessoa/PB, 2012. 60 Figura 21- Tela das Intervenções de Enfermagem. João Pessoa/PB, 2012. 61 Figura 22- Tela de revisão dos itens selecionados. João Pessoa/PB, 2012. 62 Figura 23- Impresso final dos registros de enfermagem. João Pessoa/PB, 2012. 63

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização demográfica dos enfermeiros constituintes da amostra

do estudo. João Pessoa/PB, 2012. 46

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BAN Batimento de aleta nasal

BC Bulha Cardíaca

BCNF Bulha Cardíaca Normofonética

CCC Sistema de Classificação de Cuidados Clínicos CIE Conselho Internacional de Enfermagem

CIPE Classificação Internacional Para a Prática de Enfermagem COFEN Conselho Federal de Enfermagem

CONASEMS Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde CONASS Conselho Nacional de Secretários da Saúde

DN Data de Nascimento

FC Frequência Cardíaca

FiO2 Fração Inspiratória de Oxigênio FR Frequência Respiratória

HTD Hemitórax Direito

HTE Hemitórax Esquerdo

HULW Hospital Universitário Lauro Wanderley IC Índice de Concordância

MV Murmúrio Vesicular

MVC Model and View Controller

NANDA North American Nursing Diagnoses Association NIC Classificação das Intervenções de Enfermagem NOC Classificação dos Resultados de Enfermagem

P Pulso

PA Perímetro Abdominal

PC Perímetro Cefálico

PF Ponto de Fixação

PT Perímetro Torácico

PNIIS Política Nacional de Informação e Informática em Saúde

RA Ruído Adventício

RH Ruído Hidroaéreo

(14)

SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem SGBD Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados

SOG Sonda Orogástrica

SUS Sistema Único de Saúde

T Temperatura

TGS Teoria Geral dos Sistemas

TOT Tubo Orotraqueal

(15)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15

2 OBJETIVOS 20

3 REVISÃO DA LITERATURA / REFERENCIAL TEÓRICO 21

3.1 Teoria Geral dos Sistemas (TGS) 21

3.2 Informação e Informática em saúde 27

3.3 Informática e Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) 32 3.4 Processo de Enfermagem e a Classificação Internacional para a

prática de Enfermagem (CIPE®) 34

4 METODOLOGIA 41

4.1 Contexto da pesquisa 41

4.2 Fases da pesquisa 41

4.3 Posicionamento ético 44

5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 45

5.1 Caracterização dos enfermeiros da UTIN do HULW 45

5.2 Elaborando o banco de dados da UTIN do HULW 46

5.3 Estruturando o software protótipo para a UTIN do HULW 48

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 64

REFERÊNCIAS 66

APÊNDICES

Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 71

Apêndice B – Instrumento de Coleta de Dados 73

Apêndice C – Diagnósticos de enfermagem validados 104 Apêndice D – Intervenções de enfermagem validadas 107

ANEXO

Anexo A – Certidão de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

(16)

1 INTRODUÇÃO

O atual modelo de sociedade, marcado pela necessidade e busca da comunicação, tem gerado uma grande quantidade de informações que, por sua vez, exige novas estratégias de captação, armazenagem e utilização do conhecimento gerado. Na enfermagem, parte dessas informações é oriunda dos próprios registros de enfermagem contida nos prontuários do paciente e em outros relatórios pertinentes. Em resposta a essa realidade crescem em todas as áreas do saber, inclusive na área de saúde, a utilização de recursos que tornem viável a administração de todos os dados produzidos.

A tecnologia da informação, na qual estão incluídos os hardwares, os softwares, os sistemas de gerenciamento de banco de dados e as tecnologias de comunicação de dados, promove a gestão da informação com mais eficácia. Porém, o fato de um sistema de computador coletar os dados, produzir e apresentar informações, ajudando a produzir conhecimento não garante a eficiência de um sistema de informação. Para este fim as pessoas precisam da habilidade de usar o conhecimento adquirido para um propósito (GORDON; GORDON, 2006).

Todo sistema que tratar dados, gerando informação, pode ser considerado um sistema de informação, independente da utilização dos recursos computacionais. Dessa forma, observam-se na prática da enfermagem alguns exemplos de sistemas de informação como os relatórios de enfermagem, as evoluções clínicas, os livros de registros e os mapas de ocupação de leitos. No entanto, a maneira como esses registros são realizados já não atendem mais às necessidades da atualidade.

Pensar em aperfeiçoar as informações para melhorar o cuidado prestado ao paciente pela enfermagem significa registrar bem e de forma significativa todos os fatos de maneira a serem a quaisquer momentos utilizados, a fim de fundamentar cada ação no processo de cuidar. Registrar deve ir além de documentar; consiste em estabelecer a comunicação entre a equipe de enfermagem e os outros membros da equipe multidisciplinar, estabelecer um respaldo legal para o paciente, para o profissional e para a instituição, possibilitar a coleta de dados necessários à pesquisa, ensino e assistência, além de ser um importante indicador da qualidade da assistência prestada (JOHANSON et al., 2002).

(17)

de enfermagem, exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição da assistência de enfermagem, evolução e relatório de enfermagem (BRASIL, 1961; COFEN, 2009).

Apesar de todas as recomendações acima, percebe-se que a maioria dos serviços permanece com o registro manual das informações, ficando susceptíveis às inúmeras desvantagens desse método de armazenamento de dados. Possari (2010) aponta que as principais desvantagens do prontuário em papel são: o fato de o conteúdo ser livre, algumas vezes ilegível, com preenchimento incompleto, predispondo a falta de dados ou ambiguidade; essa modalidade de registro dificulta o acesso à informação, e expõe à fragilidade do papel, podendo ainda ser perdido. O autor destaca que o prontuário em papel só pode estar em um lugar por vez, dificultando a busca de dados, além de demandar grandes espaços físicos para ser armazenado.

Todo esse contexto tem sido discutido e analisado por enfermeiros que se encontram tanto na academia como na assistência direta ao paciente, pois se acentua quando se trata de pacientes graves, que demandam um grande volume de intervenções de enfermagem e, consequentemente, um volume proporcional de informações e registros a serem executados. Pode-se constatar essa realidade no cuidado a pacientes neonatais.

A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) é um serviço que conta com uma equipe de enfermagem composta por sete enfermeiras e treze técnicos de enfermagem, para atender aos cinco leitos existentes na Unidade. Neste serviço, a assistência de enfermagem é orientada pelo enfermeiro de plantão de maneira verbal, e os registros são realizados em impressos padronizados pelo Hospital, escritos manualmente.

Percebe-se que na UTIN a prioridade do que deve ser anotado fica ao critério de cada profissional, de maneira que algumas anotações são extensas, desestimulantes à leitura, com diversas informações desnecessárias e/ou repetidas, ao passo que outras são resumidas, omitindo informações essenciais para o cuidado. Marin (2000) destaca que para serem úteis as informações contidas nos registros, devem ser objetivas, claras e completas, permitindo o acesso e a compreensão de tais informações por toda a equipe de saúde.

(18)

fragilidades anatômicas e fisiológicas em aparelhos vitais, como, por exemplo, o respiratório e o tegumentar, apresentando potencial risco de morte e, segundo o Decreto nº 94.406/87, em seu Art.8°, esse cuidado direto deve ser prestado, de maneira privativa, pelo enfermeiro (BRASIL, 1987).

Na tentativa de amenizar essa situação, atender a Resolução COFEN nº 358/2009 que dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem e por reconhecer a importância das ações de enfermagem ao neonato de maneira individualizada e direcionada pelo processo de enfermagem, foi elaborado um instrumento que contempla a fase de Histórico de Enfermagem para a UTIN. No entanto, o mesmo não teve sua utilização incorporada na rotina do serviço, talvez porque tenha sido compreendido como um formulário a mais para ser preenchido e, assim, a Unidade funciona atualmente sem a elaboração formal do Processo de Enfermagem.

Uma pesquisa desenvolvida por Santos e Nóbrega (2004), neste mesmo serviço, mostrou relatos de enfermeiros evidenciando falhas no mecanismo de armazenamento de dados. Esses enfermeiros relatam ainda que o desenvolvimento da sistematização da assistência não causou mudanças capazes de agilizar a recuperação dos dados e disponibilizá-los aos profissionais da saúde.

Como enfermeira assistencial da UTIN desde sua inauguração, percebe-se a necessidade de sistematizar os cuidados de enfermagem ao RN, através do Processo de Enfermagem, como também melhorar o método de registro utilizado, viabilizando a presença do enfermeiro junto ao RN sem, no entanto, afastá-lo das obrigações administrativas. Acredita-se que isso seja possível com a redução do tempo gasto para as atividades burocráticas, deixando o enfermeiro disponível para atuar nas atividades assistenciais.

(19)

Évora (2007) chama a atenção do enfermeiro para a importância de perceber de que maneira a tecnologia da informação é capaz de modificar o seu trabalho diário, como também usufruir de seus benefícios para criar novas oportunidades, ocupando seu espaço frente aos processos de mudança. A utilização do computador, no dia-a-dia da enfermagem, ajuda na organização e administração das informações, facilitando a tomada de decisões para uma prática eficaz e de qualidade.

Sabe-se que a Enfermagem é uma profissão impulsionada para acompanhar o desenvolvimento tecnológico, ampliando suas possibilidades, potencialidades e aquisição de novos conhecimentos.

O processo de enfermagem é apontado como um grande avanço na tecnologia do cuidar, denominado por Nóbrega e Silva (2008) como um instrumento metodológico que proporciona uma assistência fundamentada em conhecimento científico e autonomia profissional. O processo de enfermagem corrobora para o restabelecimento da saúde do indivíduo e viabiliza a prática do cuidado profissional porque previne erros, omissões e repetições desnecessárias. Além disso, é possível documentar a prática profissional numa perspectiva de avaliar a qualidade da assistência prestada.

Apesar de reconhecer todos os benefícios inerentes à utilização da SAE, existe uma grande resistência para sua implementação por parte dos enfermeiros. Muitos evidenciam que as atividades envolvendo registros manuais acabam por diminuir sua visibilidade frente ao cuidado do paciente, o que revela uma necessidade de se buscar alternativas para viabilizar a gestão da informação e a desburocratização das atividades de enfermagem.

Nesse contexto, depara-se com dois pólos tecnológicos distintos e indispensáveis para a prática de enfermagem nos dias atuais: a tecnologia da informação e a sistematização da assistência de enfermagem. É provável que a efetivação deste último seja promovida e facilitada com a utilização dos recursos da tecnologia da informação.

Sperandio (2002) sugere a utilização de um software que auxilie o enfermeiro na implementação do processo de enfermagem de forma eficiente e com redução no tempo de execução. O mesmo reforça que se deva buscar soluções que gerem impactos e mudanças na prática profissional do enfermeiro.

(20)

que aproximem o enfermeiro do cuidado ao paciente e diminuam o tempo gasto com anotações (SANTOS; PAULA; LIMA, 2003).

É perceptível que diante de todo o avanço tecnológico alcançado pela área de saúde o registro manual ainda seja encontrado em grande parte dos serviços hospitalares, retratando que a prática de enfermagem evoluiu na aquisição de conhecimentos técnico-científicos, no entanto, encontra grande dificuldade em aplicar essa teoria na prática (SANTOS; PAULA; LIMA, 2003).

Diante do exposto, o presente estudo procura responder ao seguinte questionamento: como aplicar a tecnologia da informação à sistematização da assistência de enfermagem em uma unidade de terapia intensiva neonatal?

Acredita-se que, a sistematização da assistência de enfermagem com a Tecnologia da Informação na UTIN possa responder, além das expectativas da equipe de enfermagem, a um anseio institucional que tem o propósito de implementar o processo de enfermagem em todas as unidades de internamento, como também instituir o prontuário eletrônico.

Sendo o HULW um hospital escola, também o corpo discente terá a oportunidade de constatar na prática a efetividade da tecnologia da informação associada a SAE, o que certamente contribuirá de maneira decisiva na sua formação acadêmica, desmistificando os segredos do uso da informática.

(21)

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Desenvolver um software protótipo para realização do registro da sistematização da assistência de enfermagem na unidade de terapia intensiva neonatal de um hospital escola.

2.2 Específicos

• Construir um banco de dados composto por afirmativas de diagnósticos e intervenções de enfermagem;

• Validar as afirmativas de diagnósticos e intervenções de enfermagem com os enfermeiros assistenciais;

(22)

3 REVISÃO DA LITERATURA/ REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Teoria Geral dos Sistemas (TGS)

A evolução dos tempos marcada pelo constante e intenso avanço tecnológico fez surgir a necessidade de se pensar os fatos, os processos e o funcionamento de todas as coisas em termos de “sistemas”.

Considerando que a tecnologia adentrou todos os seguimentos da vida humana, o pensamento sistemático também tem acompanhado essa nova era, o que tem gerado um novo paradigma em nosso meio. O conceito de sistema se faz presente em todos os conhecimentos, desde as propagandas comerciais até a mais alta tecnologia da física, de maneira que penetrou o pensamento popular e até o vocabulário cotidiano.

Paralelo à disseminação do conceito de sistema, as relações passam a assumir um novo paradigma. As pessoas tendem a adotar uma postura holística, sistêmica diante das situações ou fenômenos, compreendendo que nada se justifica de maneira isolada, estando sempre em relação com outro fator.

A nova sociedade tecnológica contemporânea usufrui de grandes facilidades no dia-a-dia, mas precisa também lidar com diversos problemas oriundos dessa imensa interação de elementos constituintes da vida. A intensidade promovida pela tecnologia também intensifica suas consequências forçando o homem a lidar com situações cada vez mais complexas, fazendo-se necessária uma reorientação do pensamento científico (TAKAHASHI; ALMEIDA; ALMEIDA, 2004).

É possível que o reconhecimento da necessidade de uma abordagem sistemática, que considere o todo e suas interações entre as partes, seja em decorrência da limitação do modelo mecanicista para atender aos problemas da vida prática. Essa realidade afeta também os modelos de cuidado, tendo em vista que novas necessidades estão surgindo e exigem uma prática sistematizada e eficiente.

(23)

esperar que ocorresse uma mudança no pensamento científico, constatada logo após a II guerra mundial (BERTALANFFY, 2009).

Ele iniciou com a ideia de que o organismo é um sistema aberto e por isso foi rotulada de presunçosa e infundada, o que gerou certa incredulidade na comunidade científica. Em contrapartida, conseguia atender a uma tendência não revelada de diversas disciplinas, de forma que aos poucos foram surgindo os devidos apoios. Muitos cientistas seguiam linhas semelhantes de pensamento em outras áreas o que indicava que a TGS não era assim tão absurda quanto parecia, mas correspondia a uma tendência de pensamento moderno (BERTALANFFY, 2009).

A TGS pode ser considerada uma revolução científica, visto que, segundo Kuhn (1962), uma revolução científica define-se pelo aparecimento de novos esquemas ou paradigmas conceituais, capazes de evidenciar aspectos que não eram anteriormente vistos nem percebidos.

Fica evidente a existência de uma diversidade teórica, na qual cada uma se destina à resolução de um grupo de problemas. No entanto, começam a surgir dificuldades semelhantes em áreas distintas e paralelas a essa nova realidade a TGS se propondo a ser universal, podendo ser aplicada aos sistemas em geral, independentes da natureza de seus elementos e das relações existentes entre eles (BORGES, 2000; PERAZZOLO et al., 2006).

Para a TGS, não é possível descrever as propriedades de um sistema de maneira isolada, pois além de interferirem no todo, as partes do sistema se inter-relacionam interferindo e sendo interferidas entre si. Bertalanffy apresenta o sistema como uma entidade, cujos fenômenos não se encontram isolados, mas em constante interação (PERAZZOLO et

al., 2006).

Kast e Rosenweig (1970) citado por Perazzolo et al. (2006) definem sistema como sendo “um todo organizado ou complexo: um agregado ou uma combinação de coisas ou partes, formando um todo complexo ou integral”.

(24)

Bertalanffy (2009) relata que os sistemas apresentam as características de propósito e globalismo. Isto significa que tanto os elementos como os relacionamentos dentro do sistema visam alcançar um objetivo e que uma ação que produza mudança em um desses elementos é provável que produza alterações em todos os outros, pois o sistema sempre reage de maneira globalizada a qualquer estímulo. Dessa forma, uma alteração no objetivo de uma das partes requer um ajuste sistêmico no propósito do todo.

Quanto à natureza os sistemas se classificam em abertos e fechados. Sistema aberto é aquele que se relaciona com o ambiente por meio de entradas e saídas, trocando matéria e energia regularmente. Eles precisam adaptar-se constantemente ao meio para garantir a sobrevivência. Já os sistemas fechados são aqueles que não estabelecem nenhuma relação com o meio, de modo que nem recebem recursos externos nem produzem nada a ser enviado para fora deles. Acredita-se que não existam sistemas plenamente fechados (CHIAVENATO, 1999).

Todo sistema é composto por cinco elementos que são interdependentes: insumo, processamento, resultado, retroação e ambiente.

Figura 1- Diagrama de funcionamento dos elementos do sistema.

INSUMO PROCESSAMENTO RESULTADO

AMBIENTE AMBIENTE

RETROAÇÃO

Fonte: João Pessoa/PB, 2012.

(25)

demandas do meio externo sejam constantemente analisadas e atendidas e a capacidade de adaptação do sistema a essa dinâmica é o que garante sua viabilidade e sobrevivência (PERAZZOLO et al., 2006).

Fazendo uma relação com a prática da enfermagem, é possível diferenciar processo de enfermagem de sistematização da assistência de enfermagem a partir da representação do diagrama anterior. É possível afirmar que na sistematização da assistência de enfermagem os insumos são as histórias clínicas de cada um, as condições do ambiente, resultados de exames, informações diversas que são processadas pelo método proposto no processo de enfermagem, acarretando em um resultado esperado ou não. Caso o resultado alcançado não seja satisfatório, essa informação volta como um insumo para ser novamente processada até que se alcance uma estabilidade no grande sistema da enfermagem.

Dessa forma, processo de enfermagem é um método que pode ser utilizado para processar as informações recebidas no ato de cuidar, gerando resultados para o ambiente. Ele é apenas um dos elementos da sistematização, que por sua vez, engloba o conjunto de todos os elementos envolvidos na relação de cuidado.

A partir da TGS é possível ampliar o campo de percepção dos fenômenos e das situações, visto que essa teoria vê o complexo, o global e as interações entre as partes. Diferente de outros paradigmas que se detém no simples, no atomístico e nas causalidades lineares (BORGES, 2000).

O principal objetivo da TGS é a elaboração de princípios que sejam válidos e aplicáveis para os sistemas, independente da natureza de seus elementos e das relações entre eles. Com esses princípios podem-se tratar desde as ciências naturais, exatas e sociais, abordando os diversos dilemas e necessidades da humanidade, que nada mais é do que um dos elementos desta totalidade (VIEIRA et al., 2005).

(26)

elementos irá retratar a originalidade e a riqueza de informações contidas no sistema (OLIVEIRA; PORTELA, 2006).

Portanto, a TGS propõe a integração da educação científica, permitindo a união de conhecimentos de áreas diferentes. Por esta razão escolhemos esta teoria para nortear a presente pesquisa, uma vez que as ciências da saúde, comunicação e informática estarão trabalhando juntas por um objetivo comum.

É possível reconhecer alguns aspectos da TGS na enfermagem neonatal de maneira bem clara. O conceito de sistema aberto é plenamente adequado ao neonato, objeto do cuidado dessa especialidade da enfermagem, considerando que o recém-nascido está continuamente em interação com o meio e seus elementos, permitindo um fluxo constante de entradas e saídas. Por ser um organismo vivo, os elementos no interior do neonato, como por exemplo as células, estão sempre em algum tipo de processamento, e assim, nunca alcançam um estado de pleno equilíbrio químico e termodinâmico, no entanto, consegue se manter em estado estacionário.

Ainda enquanto sistema aberto admite o princípio da equifinalidade, no qual o mesmo estado final pode ser alcançado partindo de diferentes condições iniciais e por diferentes maneiras (PERAZZOLO et al., 2006).

É fundamental o respeito a equifinalidade no cuidado, uma vez que as intervenções de enfermagem sofrem influências sociais, econômicas e culturais, capazes de determinar o tempo, a maneira e os recursos para se alcançar determinado resultado. É imprudente pensar no cuidado sem respeitar as diversidades, visto que a enfermagem considera em sua ação todo um contexto. Dessa maneira, partindo da equifinalidade, resultados esperados diversos poderão ser alcançados, através de vários tipos de planos de cuidados, sem comprometer o objetivo final.

(27)

reenviado ao sensor de temperatura, gerando um ciclo por retroação, garantindo a estabilização da temperatura ambiental.

O próprio neonato está em constante retroação na tentativa de manter a homeostase. Este “ser” que inicialmente apresenta-se repleto de instabilidades é também amplamente dinâmico em busca do equilíbrio. Assim, permite-se também considerar a própria cibernética, “teoria criada para mostrar que os mecanismos de natureza retroativa são a base do comportamento teleológico ou finalista nas máquinas construídas pelo homem, assim como, nos organismos vivos e nos sistemas sociais” (BERTALANFFY, 2009).

Por outro lado, na perspectiva da execução do processo de enfermagem, encontra-se um típico sistema aberto no qual a troca de informações com o meio externo é constante e resulta sempre em alguma alteração no estado de equilíbrio. A coleta dos dados, realizada na etapa inicial denominada histórico de enfermagem, corresponde à entrada de informações, cuja mensagem gera um diagnóstico de enfermagem que é enviado ao enfermeiro e este, por sua vez, programa e executa alguma intervenção no intuito de atender às necessidades identificadas. O resultado dessa ação é automaticamente reenviado ao enfermeiro, através da etapa de avaliação, que analisa o novo estado do paciente podendo, gerar ou não, a necessidade de novas intervenções. Esse processo pode ser repetido quantas vezes forem necessárias, gerando um movimento cíclico tipicamente de retroação.

Assim, a função integradora da TGS concede uma nova concepção de unificação da ciência, de maneira que todas as áreas apresentam suas organizações particulares, com as respectivas hierarquias, domínios e direções, no entanto, se revalam unificadas pelo modelo geral de estruturação. Todavia, em suas particularidades apresentam-se semelhantes na dinâmica da existência. Bertalanffy (2009) afirma que o “o mundo, isto é, o total de acontecimentos observáveis, apresenta uniformidades estruturais, que se manifestam por traços isomórficos de ordem nos diferentes níveis ou domínios.” Esse enunciado nos remete a perspectiva de que cada saber tem sua razão e importância de existir, não se sobrepondo o suficiente para que o outro deixe de existir.

(28)

Reafirmando a escolha da presente teoria, destaca-se o fato de que na construção de um software que servirá também como sistema de informação em saúde será preciso considerar os conceitos de sistema aberto, cibernética, retroação, homeostase, todos perfeitamente explicados pela TGS.

3.2Informação e Informática em Saúde

A Lei Orgânica da Saúde (Lei nº8080, de 1990) que dispõe sobre o direito à informação em saúde e à divulgação de informações sobre serviços de saúde, delegou ao Ministério da Saúde a atribuição de organizar o Sistema Nacional de Informação em Saúde. Para atender a esta determinação legal, dar-se início a construção da Política Nacional de Informação e Informática em Saúde (PNIIS). Isso vem acontecendo em diversas etapas e já deu origem a cinco versões escritas deste projeto. Um grande marco deste processo foi a criação do Departamento de Informação e Informática em Saúde no Ministério da Saúde, com o fim de viabilizar a implementação da PNIIS, determinante para a consolidação do SUS (BRASIL, 2004).

Não se pode negar o acentuado crescimento que os sistemas de informação em saúde do Brasil apresentaram, de forma particular com a implementação do SUS. Mas, esse avanço não é suficiente para atender ao que as disposições legais exigem, nem tão pouco, às necessidades dos gestores, profissionais e da rede de controle social. Lacunas são percebidas na capacidade de integração entre os sistemas de informação vigentes e na própria utilização da informática como elemento de promoção de uma melhor produtividade e qualidade de trabalho.

O propósito da PNIIS é ousado, pois visa à criação de um Sistema Nacional de Informação em Saúde totalmente integrado, cujas informações sejam úteis para os cidadãos, os gestores e os profissionais que se encontram na prática assistencial, gerando conhecimento e controle social, além de permitir a mensuração da qualidade e eficiência dos dados. Tudo isso tem como objetivo final e motivação a melhoria da situação de saúde da população, tendo em vista que a disponibilidade de dados integrados e articulados que permitem a avaliação do impacto real das ações e serviços de saúde prestados (BRASIL, 2004).

(29)

possibilitando o resgate de informações confiáveis e de utilidade para a gestão, prestação de serviços, geração de conhecimentos e controle social (BRASIL, 2005).

As recomendações produzidas nas últimas Conferências Nacionais de Saúde constituem um importante referencial de literatura institucional. Nos relatórios é possível perceber indicativos de uma política nacional de informação e informática em saúde mesmo que esta ainda não esteja oficializada.

A 10ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1996, recomendou a criação de centros de documentação, informação, comunicação e educação em saúde nos sistemas locais, nas três esferas do governo, defendendo a premissa de que a informação democratizada e acessível aos usuários, conselheiros, trabalhadores em saúde e gestores do sistema torna possível o controle social, a fiscalização, a gerência e o planejamento do SUS. Na 11ª Conferência Nacional de Saúde, em 2000, destacou-se a necessidade de instrumentos permanentes de divulgação e comunicação dos conselhos de saúde com a sociedade, a fim de possibilitar a definição das prioridades de forma participativa (BRASIL, 2006).

Os debates para construção de uma proposta de política nacional de informação e informática em saúde tiveram grande expressão no ano de 2003, período no qual o Ministério da Saúde declarou como prioridade entre os demais objetivos do governo. Tal fato aparece como consequência da 12ª Conferência Nacional de Saúde, em 2003, que se posicionou como favorável a elaboração e implementação de políticas que articulassem informação, comunicação, educação permanente e popular em saúde nas esferas municipal, estadual e federal de governo. Essa conduta teve por objetivo a ampliação da participação e do controle social, como também conseguir atender as demandas e expectativas sociais (BRASIL, 2004).

O processo teve um grande impulso e evoluiu rapidamente, principalmente, no segundo semestre de 2003, com a versão 1.0 do projeto apresentado no Fórum de Dirigentes do Ministério da Saúde, em julho de 2003. Em agosto do mesmo ano, o Ministério da Saúde apresentou os fundamentos da PNIIS e promoveu, posteriormente, oficinas para debater, esclarecer dúvidas, ouvir críticas e recolher sugestões, a fim de aprimorar a proposta elaborada.

(30)

Em outubro de 2003, aconteceu o II Seminário Nacional sobre Informação em Saúde da FIOCRUZ, guiado pela versão 1.2 do documento, para debater e elaborar as diretrizes da PNIIS. De outubro a dezembro do mesmo ano, esta versão ficou disponível para Consulta Pública e o resultado de todas as sugestões recolhidas nesta etapa deu origem à versão 1.3, que seria levada para orientar os debates na 12ª Conferência Nacional de Saúde (BRASIL, 2004).

A plenária final da 12ª Conferência Nacional de Saúde aprovou as diretrizes elaboradas na versão 1.2 como também apresentou e aprovou um conjunto de deliberações reiterando o que propõe a PNIIS. É válido destacar que dentre as deliberações aprovadas fica explícita a responsabilidade de viabilizar a rede de informação em saúde nas três esferas de governo, através de investimentos educacionais, campanhas, até o provimento de recursos orçamentários. Fica prevista também a participação do usuário do SUS, através da consulta on-line às informações referentes à saúde, garantindo o controle social e a gestão democrática do sistema (BRASIL, 2004).

Ainda nesta Conferência surge o eixo temático “Comunicação e informação em Saúde”, e as propostas políticas são elencadas visando uma maior visibilidade da política de saúde, das ações e da utilização dos recursos, de acordo com o que preconiza o SUS (BRASIL, 2006).

Observando a experiência da Inglaterra, Austrália e Canadá, constata-se que o uso adequado da tecnologia da informação pode melhorar a saúde de um país. Para isso, o foco deve estar no usuário e no registro eletrônico de saúde, permitindo uma visão multi-profissional, multi-institucional e de continuidade da assistência. Na realidade destes países, percebe-se a articulação política, o processo participativo e o envolvimento de todos os atores do processo em saúde como fatores determinantes para o sucesso alcançado (BRASIL, 2004).

É necessário atentar neste período de construção, implementação e avaliação da PNIIS, que as ações promovessem a democratização da informação e da comunicação, garantindo a compatibilização, interface e atualização dos sistemas de informação do SUS, permitindo a integração e articulação entre todos os dados de interesse da saúde pública (BRASIL, 2004).

(31)

exigência em se conhecer necessidades particulares de determinado grupo populacional, muitas vezes com a finalidade de clientelismo ou instalação de serviços e programas de saúde (COHN; WESTPHAL; ELIAS, 2005).

É interessante notar que quando se pensa nos grandes bancos de dados constata-se que a utilização de suas informações é extremamente baixa, situação crítica quando se trata de municípios de pequeno porte. Esses usuários se justificam alegando que a disponibilidade da informação nos bancos de dados não acompanha a dinâmica dos trabalhos locais, sendo avaliados como desatualizados e defasados, além da própria cultura marcada pelos contatos pessoais. Na esfera municipal, de maneira mais acentuada, os funcionários não apresentam familiaridade, nem habilidade para consultar, manipular e analisar os dados disponíveis no sistema e assim, tendem a trabalhar simplesmente acatando as decisões do executivo, não defendendo os interesses locais. Essa situação torna-se mais complicada quando se constata a precariedade da estrutura de informática instalada, com um quantitativo insuficiente de equipamentos, muitas vezes incompatíveis com as exigências mínimas dos sistemas a serem consultados, associado à falta de treinamento de pessoal para operá-los adequadamente (COHN; WESTPHAL ; ELIAS, 2005).

Mesmo diante de tantas dificuldades, os bancos de dados são vistos pelas autoridades municipais como um recurso de grande valor e eficaz no suporte a tomada de decisão. De maneira mais abrangente, um sistema nacional de informação em saúde pode estabelecer uma intersetorialidade, a partir do momento em que troca informações com setores que afetam diretamente a saúde como a educação, trabalho, previdência social e outros (BRASIL, 2004).

É fato que o processo de produção e utilização das informações em saúde conta com alguns parceiros estratégicos, dentre eles os usuários, profissionais, gestores, prestadores de serviços de saúde, instituições de ensino e pesquisa, sociedade civil organizada e controle social (BRASIL, 2005).

Observa-se enfim que a utilização das informações por parte dos usuários facilita o acesso aos serviços de saúde, considerando que o agendamento será agilizado, permitindo o acolhimento de toda a demanda de saúde. Esse usuário conseguirá acessar suas informações em saúde, independente do tempo ou da instituição onde foi atendido, e assim, terá pleno conhecimento de sua situação de saúde, concedendo-lhe autonomia e autocuidado na defesa de doenças que venha a conviver. Usando a tecnologia e a informação é possível que o usuário avalie as características dos serviços e profissionais de saúde (BRASIL, 2005).

(32)

eletrônicos, facilidade no agendamento, referência e contra-referência de pacientes, possibilidade de consultas assistida a distância, utilização de sistemas de apoio à decisão, podendo receber apoio para a produção científica, capacitação e ensino à distância (BRASIL, 2005).

Por sua vez, os gestores se beneficiam da informática e informação em saúde através da facilitação do acompanhamento financeiro, administrativo e das políticas em saúde, tornando a gestão dinâmica. A informação e a informática são elementos fundamentais no processo de descentralização de recursos, possibilitando o estabelecimento de prioridades para o atendimento das necessidades locais de saúde (BRASIL, 2005).

Apesar dos conceitos de informação e informática em saúde aparecerem sempre juntos, na prática não se tem muita clareza do que compõe cada dimensão desta e assim não se tem uma efetivação coordenada e organizada. O cenário real revela fragilidade e limitação na práxis informacional em saúde, o que denuncia também uma fragilidade institucional, na qual o Estado é vulnerável às pressões do mercado da computação e das telecomunicações, não assumindo o controle da PNIIS. A análise da origem e dos fatores que determinam esses limites pode ser o princípio de uma estratégia para superá-los. Essa superação vai além de saberes específicos da informação, pois abrange a adoção de um novo paradigma do próprio conceito do que seja saúde (MORAES e GOMEZ, 2007).

Acrescente-se ainda que as informações disponíveis pela internet como também as que podem ser impressas pelos sistemas públicos de informação não atendem plenamente às necessidades dos responsáveis pelas decisões nos municipais nem às especificidades dos municípios. Dessa forma, acredita-se que a aproximação entre as fontes da informação e os sistemas favorece a incorporação desses dados no processo decisório (COHN; WESTPHAL; ELIAS, 2005).

Desta maneira, vê-se a necessidade de realizar investimentos para tornar a organização dos dados compreensível e acessível ao grande público, o que dispensaria a aquisição de equipamentos de informática mais complexos. Quanto aos técnicos e os tomadores de decisão dos órgãos públicos é fundamental que se disponha de material para a formação de um quadro em informação, informática e sistematização de dados, visando à construção de políticas para o bem comum. Para isso, também os conselheiros de saúde devem ser capacitados, tornando-os apttornando-os para exercerem o controle dtornando-os sistemas e das políticas públicas (COHN; WESTPHAL; ELIAS, 2005).

(33)

capazes de raciocinar e tomar decisões pautadas no uso da tecnologia da informação e comunicação. Essa tendência é uma imposição do advento tecnológico contemporâneo, que proporciona uma ampliação na prática profissional, permitindo a auto-responsabilidade no processo de educação permanente. Quando o ensino da informática nos cursos de saúde acontece de maneira integrada com o cenário de atuação, é possível fazer o aluno correlacionar de que forma a tecnologia poderá ser útil em sua práxis profissional, habituando-se a sua utilização.

3.3 Informática e Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)

A evolução da humanidade pode ser dividida, em relação à comunicação e à transmissão de informações, em sociedade oral, sociedade da escrita, sociedade da imprensa e sociedade eletrônica, sendo esta certamente a era da informática. A linguagem estável e estática dos livros cede lugar à instabilidade e dinâmica da linguagem eletrônica, de maneira que a informação não mais se encontra restrita ao suporte do papel, mas está disponível de maneira processada e digitalizada (MATTAR, 2008).

Esta nova ordem mundial foi precedida pela invenção do telégrafo, do rádio e dos computadores. A criação dessa máquina mudou a maneira das pessoas trabalharem, se divertirem, comprarem, venderem e, principalmente, se comunicarem (BASTOS, 2002).

Dessa maneira, a era da tecnologia e da informação também envolveu a área da saúde, mudando, inicialmente, as funções administrativas como recursos humanos, folhas de pagamento e sistemas de contabilidade, até as ações diretas ao paciente como eletrocardiograma, marca-passos, implante coclear e os diagnósticos por imagem. Esse avanço tem sido acompanhado pelo advento dos registros eletrônicos de saúde em muitos países (HANNAH; BALL; EDWARDS, 2009; NORTON, 2007).

Toda essa dimensão deu origem à informática em enfermagem, definida por Knobel (2010) como sendo:

a área do conhecimento que diz respeito ao acesso e uso de dados,

informatização e conhecimento, para padronizar a documentação, melhorar a

comunicação, apoiar o processo de tomada de decisão, desenvolver e

disseminar novos conhecimentos, aumentar a qualidade, a efetividade e a

eficiência do cuidado em saúde, fornecendo maior poder de escolha aos

(34)

Marques e Marin (2002) afirmam que a utilização da tecnologia da informação no dia-a-dia da enfermagem é uma tendência crescente, que visa especificamente beneficiar o processo de atenção à saúde, tanto para os usuários como para os profissionais envolvidos na assistência. Mesmo assim, em algumas regiões do país, a utilização da tecnologia nas diversas áreas de atuação da enfermagem é percebida de maneira muito incipiente, porém irrevogável.

Em 2001, um estudo realizado na Paraíba analisou as atitudes de enfermeiros e estudantes de enfermagem quanto à utilização do computador e constatou que o computador ainda era um instrumento estranho na prática dos enfermeiros, embora vários hospitais apresentassem microcomputadores nos balcões de atendimento ao público (SANTOS, 2001). É provável que passados dez anos essa realidade já tenha se alterado frente à rapidez dos avanços na ação do cuidar.

Da mesma forma, a globalização do mundo com suas complexas informações redefinem e confere aos cuidados de saúde novas características, o que se constitui na atualidade em um desafio para a saúde e também para a enfermagem (BARRA; DAL SASSO, 2010)

De maneira geral, as profissões da área da saúde passam por um processo de mudança em seu exercício profissional, no que diz respeito aos espaços, atividades e funções, observada claramente na enfermagem pela sistematização da assistência, capaz de forçar a relação entre as pessoas, as tecnologias da informação e a informática, visando uma melhora do cuidado em saúde prestado aos clientes (BAGGIO; ERDMANN; DAL SASSO, 2010).

As novas tecnologias incorporadas à prática de enfermagem trazem mudanças gradativas na maneira de assistir do enfermeiro. Para alguns, essas mudanças significam medo e angústia, no entanto, outros se sentem incentivados a buscar aperfeiçoamento técnico-científico, o que, consequentemente, implica no risco de uma conduta de maior proximidade ou afastamento do cliente (SILVA; FERREIRA, 2009).

Esse novo momento gera novas necessidades dos enfermeiros que devem ser atendidas desde a formação curricular. Apesar de toda resistência ao uso da informática no ensino de enfermagem, sua inserção é o caminho para a formação tecnológica de enfermeiros que irão atuar no contexto tecnológico da saúde (PERES; KURCGANT, 2004).

(35)

Já no exercício profissional, os recursos tecnológicos aplicados na informática em enfermagem conferem uma base indispensável que permite o acesso às informações rapidamente, promovendo a construção e atualização do conhecimento (FONSECA et

al.,2008). Certamente a presença de computadores na prática de enfermagem, nos diversos

campos de atuação, impulsiona novas tendências a serem adotadas pela profissão (KNOBEL, 2010).

Marin e Cunha (2006) defendem que a Enfermagem Brasileira em toda sua trajetória assumiu os riscos e aceitou os desafios que lhe foram impostos, e nesse atual panorama tem respondido prontamente as novas demandas na área da informática. É possível constatar um crescimento da produção que relaciona informática e enfermagem, como também projetar um potencial de desenvolvimento ainda maior nesta área (JULIANI; KURCGANT, 2009).

Vale ressaltar que a informática é um importante facilitador para a sistematização da assistência de enfermagem, visto que promove o cumprimento da Resolução nº272/2002 do COFEN, ao determinar que a sistematização da assistência de enfermagem seja registrada formalmente no prontuário, de maneira a se identificar o histórico de enfermagem, exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição da assistência de enfermagem, evolução e relatório de enfermagem (COFEN, 2002).

É perceptível a sobrecarga dos enfermeiros com atividades que envolvem registros, anotações, relatórios e comunicações, despendendo até 50% do seu tempo em atividades burocráticas, coletando, administrando e documentando informações (SPERANDIO; ÉVORA, 2002). Isso certamente se constitui em uma das razões de resistência para a implementação da SAE, impedindo que a enfermagem alcance todos os benefícios que essa metodologia proporciona.

A sistematização da assistência de enfermagem é uma atividade cujo objetivo é a promoção, manutenção e recuperação da saúde do cliente e da comunidade, devendo ser desenvolvida pelo enfermeiro com base nos conhecimentos técnicos e científicos inerentes à profissão. Sua implementação requer a utilização de uma ou mais teorias, um método ou estratégia de trabalho, conhecimentos e habilidades do enfermeiro e treinamento da equipe de enfermagem para executar as ações sistematizadas (MIRANDA, 2002).

(36)

O processo de enfermagem é um método sistemático, dinâmico e humanizado de prestar os cuidados de enfermagem, tendo como foco a obtenção dos melhores resultados, de maneira mais eficiente pelas pessoas que buscam o atendimento de saúde (ALFARO-LEFEVRE,2005).

Para Garcia e Nóbrega (2009), o processo de enfermagem consiste em um

modelo metodológico para o desempenho sistemático da práticaprofissional,

ou um instrumento tecnológico de que se lança mão para favorecer o

cuidado, para organizar as condições necessárias à realização do cuidado e

para documentar a prática profissional. Assim, ele deve ser compreendido

como um meio, e não um fim em si mesmo (p. 191).

Esse método de trabalho divide-se em etapas ou fases que irão variar, conforme a teoria adotada. Lydia Hall, em 1955, sugeria as fases de essência, cuidado e cura; Dorothy Johnson, em 1959, apresentava as fases de autocuidado, deficiência de autocuidado e sistema de enfermagem; Yura e Walsh descrevem a existência das fases de histórico, planejamento, implementação e avaliação da assistência prestada (POSSARI, 2010).

No Brasil, o modelo mais utilizado é o proposto por Wanda de Aguiar Horta, composto por seis fases: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados ou prescrição de enfermagem, evolução de enfermagem e prognóstico de enfermagem (HORTA, 1979). A figura a seguir mostra a representação esquemática dessas fases:

(37)

Figura 2 - Processo de Enfermagem sugerido por Horta

Fonte: Horta, 1979.

A utilização do processo de enfermagem proporciona uma assistência de enfermagem

individualizada, permitindo a aproximação do enfermeiro ao paciente, com a participação deste no

planejamento das ações e suas implementações, além de facilitar a continuidade da assistência,

considerando que todo o processo é documentado, ficando disponível a todas as pessoas envolvidas no

tratamento (VIGO et al., 2001).

No ambiente de trabalho da enfermagem é fácil se observar a utilização de uma linguagem técnica própria, comum a todos os membros desta equipe. Mesmo com linguagem particular, um dos grandes desafios da enfermagem ao longo dos anos foi o de reconhecer sua própria identidade e delimitar seu espaço específico de conhecimento. Para isso, desde 1950 que sistemas de classificação vêm sendo desenvolvidos, a fim de identificar os conceitos próprios da enfermagem. Isso justifica a iniciativa de elaboração de sistemas de classificação, impulsionado pelo surgimento do processo de enfermagem, na década de 1970. A decisão em se estabelecer sistemas de classificação relacionados à linguagem profissional neste período foi determinante para a evolução do modo de pensar, falar e atuar da enfermagem (CUBAS; SILVA; ROSSO, 2010; NÓBREGA; GARCIA, 2005).

(38)

de uma disciplina ou subdisciplina são organizados em grupos ou classes com base em suas similaridades.

É possível que o desenvolvimento da ciência da Enfermagem esteja sendo comprometido pela ausência de um vocabulário universal, que defina e descreva claramente sua prática profissional. Tal problema tem sido percebido desde os primórdios da enfermagem moderna, quando se começa um movimento de discussões a cerca dos conhecimentos próprios da enfermagem, seus conceitos e utilização na prática (NÓBREGA; GARCIA, 2005).

As autoras apontam que no mundo inteiro, enfermeiros buscam utilizar cada vez mais os sistemas de classificação visando a universalização de sua linguagem e a evidência de seus elementos constituintes da prática: diagnóstico de enfermagem, resultados esperados e intervenções de enfermagem.

Os diversos sistemas de classificação existentes hoje na Enfermagem sempre se relacionam com algumas das fases do processo de enfermagem. Pode-se destacar a Taxonomia II da NANDA Internacional, a Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC), a Classificação dos Resultados de Enfermagem (NOC), o Sistema de Classificação de Cuidados Clínicos (CCC), o Sistema OMAHA e a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) (NÓBREGA; GARCIA, 2005).

Porém, o surgimento de várias terminologias fez gerar uma nova necessidade: o desenvolvimento de um modelo de referência, capaz de apoiar a integração de todos os modelos já existentes. A iniciativa para solucionar tal problema parte de um grupo de peritos pertencentes ao grupo de funcionamento técnico do Comitê de Informática em Saúde e do Conselho Internacional de Enfermagem (CIE) (NÓBREGA; GUTIÉRREZ, 1999).

A aprovação de um modelo de terminologia de referência para a Enfermagem seguiu o que preconiza a Organização Internacional de Normalização (ISO) por meio da Norma 18.104:2003. Essa normatização busca principalmente harmonizar as diversas terminologias e classificações de enfermagem utilizadas atualmente (NÓBREGA; GARCIA, 2005).

(39)

Enfermagem no cuidado da saúde”, promovendo mudanças na prática de enfermagem através da educação, administração e pesquisa. (NÓBREGA; GARCIA, 2005)

Durante a primeira etapa no processo de construção da CIPE®, na qual se realizou uma pesquisa na literatura específica da área e nas associações membros do CIE, constatou-se que a Enfermagem mundial utilizava sistemas de classificação para descrever os elementos da prática e acolhia a possibilidade de um sistema comum a todos os países. (GARCIA; NÓBREGA, 2004)

Em 1991, deu-se início o projeto da CIPE®, em resposta a necessidade de um sistema classificatório internacional apresentado ao CIE. Até o momento, a CIPE® já foi publicada em seis versões: Alfa, Beta, Beta2, Versão 1.0 (2005), Versão 1.1 (2008) e Versão 2. Tantas alterações se justificam pela busca de aprimoramento e as várias contribuições recebidas de enfermeiros do mundo inteiro (CUBAS; SILVA; ROSSO, 2010).

A primeira versão da CIPE® foi publicada em dezembro de 1996, denominada por Versão Alfa. Nela constavam a Classificação dos Fenômenos de Enfermagem e a Classificação das Intervenções de Enfermagem, no entanto, seu objetivo principal era de fato dar início a um longo processo de aprimoramento a partir das críticas, sugestões e observações que fossem recolhidas (NÓBREGA; GARCIA, 2005).

Em julho de 1999, foi lançada a Versão Beta. Esta proposta era constituída por Fenômenos de Enfermagem, Ações de Enfermagem e Resultados de Enfermagem, permitindo uma maior liberdade para combinar os conceitos contidos na classificação. A Versão Beta 2, apresentada em janeiro de 2002, manteve a estrutura da versão anterior, trazendo apenas alterações gramaticais e correções relacionadas a codificação. As Versões Beta e Beta 2 incluíram uma orientação de como deve ser composta a declaração de enfermagem (CUBAS; SILVA; ROSSO, 2010).

Como resultado das principais alterações feitas pelos enfermeiros para se desenvolver um sistema de classificação amplo e viável à prática, surge a Versão 1. Dessa vez com um modelo simplificado de 7 eixos, capaz de agregar vocabulários já existentes que permitam a composição de novos vocabulários. Fazendo uso apenas da Versão 1 da CIPE®, os enfermeiros podem elaborar enunciados de diagnóstico, resultados esperados e intervenções de enfermagem (ICN, 2005).

Imagem

Tabela  1  –  Caracterização  demográfica  dos  enfermeiros  constituintes  da  amostra  do  estudo
Figura  3  -  Diagrama  de  raciocínio  lógico  para  sugestão  dos  diagnósticos  e  intervenções  de                         enfermagem
Figura 5- Tela inicial do Sistema UTI NEONATAL para sistematização da assistência de Enfermagem
Figura 6 - Tela de Gerenciamento de Leitos.
+7

Referências

Documentos relacionados

Para disciplinar o processo de desenvolvimento, a Engenharia de Usabilidade, também conceituada e descrita neste capítulo, descreve os métodos estruturados, a

A utilização da informação visual pode ser muito útil na inspeção interna de dutos: um sistema de visão computacional que se desloca pelo interior de um tubo pode

Se tiver quaisquer efeitos secundários, incluindo possíveis efeitos secundários não indicados neste folheto, fale com o seu médico ou farmacêutico. Também poderá comunicar

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Artigo 1° - A Sociedade Brasileira de Educação Matemática, denominada SBEM, é uma entidade civil, sem fins lucrativos, de caráter educacional, científico e

There- fore, the aim of this study was to compare four methods used for detect antimicrobial susceptibility: broth microdilu- tion (BMD), Etest ® – plastic strip with gradient

Apesar da longa distância dos grandes centros urbanos do país, Bonito destaca- se, regionalmente, como uma área promissora dentro do Estado de Mato Grosso do Sul. Bonito,

• The definition of the concept of the project’s area of indirect influence should consider the area affected by changes in economic, social and environmental dynamics induced