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Tribunal de Contas da União

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Tribunal de Contas da União Dados Materiais:

Decisão 32/97 - Segunda Câmara - Ata 06/97 Processo TC 012.838/95-0

Responsável: Orlando do Prado Sobrinho Unidade: Caixa Econômica Federal - CEF Vinculação: Ministério da Fazenda

Relator: MINISTRO ADHEMAR PALADINI GHISI.

Representante do Ministério Público: Lucas Rocha Furtado Unidade Técnica: 8ª SECEX

Especificação do quorum:

Ministros presentes: Fernando Gonçalves (Presidente), Adhemar Paladini Ghisi (Relator) e Iram Saraiva.

Assunto:

Tomada de Contas Especial Ementa:

Tomada de Contas Especial. CEF. Prática de operações irregulares cometida pelo gerente com prejuízo para a Instituição. Depósito de valores de cliente em sua conta pessoal. Apropriação de rendimentos de caderneta de poupança. Alegações de defesa rejeitadas. Prazo para recolhimento do débito.

Data DOU: 18/03/1997 Página DOU: 5426 Data da Sessão: 06/03/1997

Relatório do Ministro Relator:

GRUPO I - Classe II - Segunda Câmara TC 012.838/95-0

Natureza: Tomada e Contas Especial Responsável: Orlando do Prado Sobrinho Interessado: Caixa Econômica Federal - CEF

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Federal - CEF contra o Sr. Orlando do Prado Sobrinho, Gerente-Geral da agência Planaltina/BR à época, em virtude de prática de operações irregulares (fraude de escrita/jogo de cheques). Citação. Apresentação de alegações de defesa. Rejeição das alegações de defesa e fixação de novo e improrrogável prazo para o recolhimento. Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial instaurada pela Caixa Econômica Federal - CEF contra o Sr. Orlando do Prado Sobrinho, Gerente-Geral da agência Planaltina/BR à época, em virtude de prática de irregularidades caracterizadas como "fraude de escrita/jogo de cheques" em conta de compensação, resultando em prejuízo à instituição no valor de CR$ 25.764.029,50, em moeda de 04.03.94. Este prejuízo originou-se da utilização indevida dos seguintes valores (FLS. 108/9):

(VER QUADRO NO DOCUMENTO ORIGINAL)

2. A Auditoria Interna da Caixa Econômica Federal - CEF detectou, por intermédio de procedimento específico (fls. 06),

irregularidades nas devoluções de cheques processadas pela agência Planaltina/BR, uma vez que a conta debitada não foi a mesma que recebera o respectivo depósito.

3. Não considerando suficientes os esclarecimentos prestados pelo então Gerente-Geral daquela agência (fls. 7/9), a Auditoria Interna da CEF procedeu à análise mais detalhada dos fatos, detectando diversas outras irregularidades que caracterizavam "fraude de escrita/jogo de cheques" as quais resultaram em prejuízo, à instituição, no valor de CR$ 25.764.029,50.

4. Instado (fls. 56), o responsável apresentou suas defesas (fls. 62/72) as quais não obtiveram êxito em comprovar a regularidade dos procedimentos por ele adotados, sendo rejeitadas pelas áreas jurídicas da CEF (fls. 88/103) e instaurada a devida Tomada de Contas Especial (fls. 120).

5. O responsável foi afastado do cargo em 21.03.94 (fls. 86), tendo o seu contrato de trabalho rescindido em 25.08.94, conforme Portaria - CEF nº 414/94 (fls. 132).

6. A Secretaria de Controle Interno do Ministério da Fazenda, tendo por base o Relatório de Auditoria nº 135/95 (fls. 136/9), certificou a irregularidade das contas (fls. 140/1), sendo ratificada pelo Ministro de Estado da Fazenda (fls. 149).

7. A 8ª SECEX, após análise dos autos, propôs a citação do responsável para, no prazo de quinze dias, apresentar alegações de defesa ou recolher a importância devida aos cofres da Caixa

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Econômica Federal - CEF, acrescida dos encargos legais (fls. 156/60).

8. Devidamente citado, o responsável apresentou alegações de defesa (fls. 167/76), justificando basicamente o seguinte:

a) que procurou a Gerência Operacional e a Superintendência Regional para negociação sem êxito, pois as condições propostas pela CEF eram impraticáveis;

b) que decepcionou-se com a CEF, tendo em vista a sua demissão sem justa causa;

c) sustenta que não agiu de má-fé e, tampouco, obteve qualquer proveito pessoal ao autorizar as respectivas operações;

d) que, embora tenha se empenhado insistentemente para a sua reparação, sem êxito, assume inteira responsabilidade pela falha cometida;

e) que, atualmente, não possui nenhuma condição

econômico-financeira para oferecer qualquer proposta de negociação ou pagamento dos prejuízos;

f) que ingressou na justiça com reclamatória trabalhista

contra a CEF, comprometendo regularizar as pendências, em caso de desfecho favorável.

9. Em nova instrução, da lavra da AFCE Dulcimar Alves Costa Ribeiro e com as anuências do Sr. Diretor e Sr. Secretário, a 8ª

SECEX propõe a rejeição das alegações de defesa apresentadas pelo responsável e a fixação de novo e improrrogável prazo para o recolhimento do débito aos cofres da Caixa Econômica Federal - CEF (fls. 179/81).

10. O D. Ministério Público manifesta-se de acordo com a proposta alvitrada. É o Relatório.

Voto do Ministro Relator:

Constata-se, nas análises aos autos, que o responsável usou de procedimentos não autorizados pelos manuais internos da Caixa Econômica Federal - CEF para ser beneficiado. A operação consistiu em liberar depósito em cheque (CR$ 14.900.000,00), como se fosse moeda corrente, sendo parte para o seu próprio benefício (CR$ 14.000.000,00), parte para a conta corrente de Maria Pompilia Rodrigues Santana, esposa do Sr. Orlando de Souza Prado (CR$ 100.000,00) e o restante (CR$ 800.000,00) na conta corrente do seu tio, Orlando de Souza Prado. Depositou, também, na conta de poupança do seu tio, o cheque nº 846342 no valor de CR$

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50.000.000,00. Posteriormente, tendo os cheques sido devolvidos por insuficiência de fundos, os mesmos foram substituídos por outro, no valor de CR$67.000.000,00, sendo a diferença de CR$ 2.100.000,00 depositada, como moeda corrente, na conta corrente do seu tio; em seguida, fez-se manipulações de cheques até a data em que aquela caderneta de poupança recebesse os rendimentos devidos, quando, então, as operações foram estornadas, ficando apenas o seu resultado: apropriação dos rendimentos da caderneta de poupança. 2. Quanto às alegações do responsával de que não agiu de má-fé e que não obteve proveito pessoal ao autorizar as operações, anuo às considerações proferidas pelo setor jurídico da CEF (fls. 93/6), quando esta pondera que, "in verbis":

"...

3.1. Sua conduta intencional está ratificada nos seguintes fatos:

- ter liquidado o SIAPE com recursos oriundos de cheques sem fundos e, após a devolução, não haver estornado a operação; - ter mantido em conta de poupança valores provenientes de

cheques sem fundos, mesmo após a devolução das cártulas, permitindo que a CEF creditasse indevidamente correção monetária e juros sobre depósito fictício.

3.2. A meu ver, o fato de permanecer com valores oriundos dos cheques devolvidos já é, por si, um fato condenável, e que, "in casu", torna-se agravado pelas seguintes circunstâncias:

- ter liberado, em dinheiro, após as várias devoluções de cheques, o valor de Cr$ 2.100.000,00, em favor do seu tio, referente a diferença de dois cheques do Sr. Francisco Assis Júnior, que foram emitidos para substituir aos depositados pelo seu tio e que, ao final, também restaram devolvidos;

- ter transferido da poupança do seu tio para a conta corrente do mesmo titular a importância de Cr$ 69.505.800,00, resultante de depósito fictício (50 milhões), acrescida de correção monetária e juros indevidos pela CEF, e nessa mesma data ter transferido parte desse valor (Cr$ 2.388.300,00) para sua conta pessoal, alegando pagamento de dívida.

4. Portanto, entendo que não houve o objetivo principal de fazer uma 'excelente captação', como pretende fazer prevalecer. 4.1. Não concordo com a postura assumida pelo empregado, pois desde a primeira devolução dos cheques deveria ter estornado os valores depositados em sua conta pessoal e nas contas de poupança

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de sua esposa (sic) e tio, e não debitar a conta DEVEDORES POR DIFERENÇA DE COMPENSAÇÃO, para 'ganhar tempo' (fl. 67).

4.2. Da mesma forma, considero incorreto, após a devolução de vários cheques, ter liberado importância em dinheiro, decorrente do depósito de novos cheques emitidos, em favor do seu tio, e ter se apropriado de valor originário de depósito fictício corrigido monetariamente em poupança.

4.3. Será que se os cheques devolvidos pertencessem a um cliente, o Gerente da Agência agiria da mesma forma ou determinaria o estorno?

5. Assim sendo, estou convencida que o empregado, ocupante da função de Gerente de Agência, prevalecendo-se da posição ocupada, não conduziu a operação de maneira correta, beneficiando-se dos valores não estornados, em detrimento da CEF.

6. Por todo o exposto e considerando o contido nos presentes

autos, entendo que a conduta do empregado ORLANDO DO PRADO SOBRINHHO foi intencional e traduz-se em improbidade".

3. Muito embora o responsável tenha manifestado interesse em negociar o débito sem, contudo, conseguir êxito na sua intenção, tendo em vista que as condições oferecidas foram recusadas pela CEF, esse fato não abranda a gravidade das suas atitudes.

4. Ademais, o responsável reconhece o prejuízo causado à instituição, assim como se responsabiliza por ele.

5. Tendo em vista que o responsável não logrou êxito em

comprovar a regularidade dos procedimentos adotados, assim como não trouxe aos autos fatos novos capazes de alterar as posições já

firmadas, acompanho os pareceres exarados nos autos, e VOTO no sentido de que esta E. 2ª Câmara adote a deliberação que ora submeto à sua elevada consideração.

Decisão:

A Segunda Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, e com fulcro no § 1º do art. 12 da Lei nº 8.443/92, DECIDE:

1. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Orlando do Prado Sobrinho, ex-Gerente-Geral da agência Planaltina/BR da Caixa Econômica Federal - CEF, tendo em vista que as mesmas não foram capazes de comprovar a regularidade dos procedimentos por ele adotados;

2. fixar novo e improrrogável prazo de 15 (quinze) dias para que o responsável comprove perante o Tribunal o recolhimento aos

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cofres da Caixa Econômica Federal - CEF da importância de CR$ 25.764.029,50 (vinte e cinco milhões, setecentos e sessenta e quatro mil, vinte e nove cruzeiros reais e cinquenta centavos), acrescida da correção monetária e dos juros de mora devidos, contados a partir de 04.03.94 até a data do efetivo recolhimento, nos termos da legislação em vigor.

Indexação:

Tomada de Contas Especial; CEF; Fraude; Prazo; Recolhimento; Débito; Movimentação de Recursos; Prejuízo; Depósito Bancário; Conta Bancária Particular; Caderneta de Poupança;

Referências

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