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A LUDICIDADE COMO EIXO DE FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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Academic year: 2021

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A LUDICIDADE COMO EIXO DE FORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

LIMA, Márcia Regina Canhoto de - FCT/UNESP

marcialima@fct.unesp.br

LIMA, José Milton de - FCT/UNESP

miltonlima@fct.unesp.br

ORLANDI, Leonardo de Angelo – FCT/UNESP

leo_polemiko@hotmail.com

MOREIRA, Tony Aparecido – FCT/UNESP

tony_ohsuper@hotmail.com

Eixo temático:Educação Infantil Agência finaciadora: PROEX- Pró-Reitoria de Extensão

Resumo

O Projeto Brincando no lar tem como objeto de investigação e intervenção a atividade lúdica como recurso pedagógico privilegiado no contexto da Educação Infantil. O referencial teórico apóia-se, principalmente em Vygotsky e seus seguidores, que investigam e indicam as atividades lúdicas como indispensáveis para a formação da criança. Apoiado nessa base teórica, o projeto visa ampliar a cultura lúdica e favorecer o desenvolvimento das faculdades humanas de: pensamento, memória, atenção, concentração, imaginação, motricidade, domínio da vontade, além da personalidade infantil. A metodologia adotada é a pesquisa-ação e contempla encontros no Grupo de Estudo e Intervenção Cultura Corporal: Saberes e Fazeres, para aprofundamento teórico, avaliação e planejamento das atividades que são desenvolvidas na instituição parceira. Semanalmente, também a equipe do projeto atua na escola com as professoras, visando problematizar o tema, realizar as atividades e estabelecer a relação entre teoria e prática, pesquisa e extensão. Ainda, são desenvolvidos seminários de formação, mensalmente na escola, nos quais a temática é estudada e analisada pelo conjunto dos participantes do projeto. Constata-se que as atividades desenvolvidas pelo projeto possibilitam às crianças uma ampliação da sua cultura lúdica, promovendo, como conseqüência, a influência no seu desenvolvimento integral. Os intercâmbios de conhecimentos e experiências compartilhadas contribuem no processo de formação inicial e continuada de todos os envolvidos. Verifica-se, por meio do processo de formação, uma mudança de postura dos participantes no tratamento do jogo como atividade principal no contexto da Educação Infantil. O espaço institucional e o projeto têm servido, também, para o desenvolvimento de trabalhos de iniciação científica, planos de bolsa BAE e trabalhos de conclusão de curso, relacionados ao Curso de Licenciatura em Educação Física. Os resultados

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são transformados em artigos, trabalhos e são divulgados em eventos científicos, revistas, periódicos, colaborando no processo de formação de outros interessados sobre o tema.

Palavras-chaves: Educação Infantil. Ludicidade. Culturas da Infância. Introdução

Este texto descreve o projeto “Brincando no lar”, que tem como tema de pesquisa e intervenção, as brincadeiras e os jogos, considerados como recursos pedagógicos privilegiados para as instituições de Educação Infantil. Para a realização do projeto, adotou-se como referência principal a Teoria Histórico Cultural, apoiada em Vygotsky e seus seguidores, que justifica e indica as atividades lúdicas como essenciais para o desenvolvimento das capacidades humanas das crianças.

Desde o ano de 2003, alunos do Curso de Licenciatura em Educação Física, vêm desenvolvendo o projeto “Brincando no Lar” que parte da premissa de que as atividades lúdicas, apesar do significativo avanço teórico, ainda são tratadas como secundárias, no contexto educacional. Para tanto, estabelece como principal objetivo sensibilizar e convencer os participantes sobre a importância dessas atividades para o desenvolvimento pleno das crianças. Assume, ainda, como metas: - promover uma formação inicial mais sólida dos discentes envolvidos, propiciando a ampliação dos conhecimentos teóricos e práticos, resultante dos momentos de estudo, planejamento, execução e avaliação das atividades práticas desenvolvidas; - aprimorar a qualificação profissional do corpo docente da Instituição, por meio de trocas de conhecimentos e experiências; - ampliar a cultura lúdica das crianças atendidas, contribuindo para o desenvolvimento das suas faculdades humanas e favorecendo, em especial, o seu desenvolvimento cognitivo, motor, afetivo e social; e produzir conhecimentos sobre o tema que possam subsidiar educadores que atuam no contexto da Educação Infantil.

Desenvolvimento

Lima (2003, 2005) enfatiza que o jogo e a brincadeira são elementos da cultura e, ao serem valorizados e empregados como recursos pedagógicos, podem contribuir para o desenvolvimento integral do educando. O professor exerce o papel de mediador entre a criança e a cultura lúdica, e a sua intervenção é essencial para que os educandos ampliem e

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diversifiquem os seus conhecimentos sobre jogos. Os autores da Teoria Histórico-Cultural também fornecem suportes teóricos para a valorização e o emprego da brincadeira e do jogo, como suportes pedagógicos. O educador, segundo Elkonin (1998), para exercer o papel de mediador na educação da criança, necessita conhecer as forças que impulsionam o seu desenvolvimento psíquico. O desenvolvimento multilateral e completo da criança pressupõe a plena utilização de sua capacidade no limite de cada período. Conhecendo a periodização do desenvolvimento psíquico, o educador poderá organizar um sistema educacional capaz de intervir positivamente na sucessão dos diferentes períodos. A confluência da periodização do desenvolvimento psíquico com a periodização pedagógica é que vai possibilitar uma ação educativa eficaz e intencional.

No decorrer dos períodos de desenvolvimento da criança, aparecem diferentes interesses e necessidades, que a impulsionam para a realização de determinadas atividades. Entre as várias atividades, uma, em especial, se sobressai e é denominada, pela Teoria Histórico Cultural, como “atividade principal”. Segundo Leontiev (VYGOTSKY et al., 1988, p.122), a cada etapa do desenvolvimento infantil, tendo em vista as determinações histórico-sociais, aparece na criança uma atividade principal, em “conexão com a qual ocorrem as mais importantes mudanças no desenvolvimento psíquico da criança e dentro da qual se desenvolvem processos psíquicos que preparam o caminho da transição da criança para um novo e mais elevado nível de desenvolvimento".

Na fase dos 03 até 07 anos, chamada de infância pré-escolar, a atividade principal é a brincadeira, caracterizada, pelo autor, como um tipo de ação livre, imaginativa, não produtiva. Nas situações lúdicas, a criança pode escolher objetos e utilizar diferentes modos de operação; o alvo não está preso ao resultado, mas sim, ao conteúdo da própria ação.

Considerando as condições de educação e de desenvolvimento da criança, a brincadeira evolui, passando de atividades em que há uma situação imaginária clara e regras ocultas, para atividades com regras claras e uma situação imaginária oculta, sendo que essas últimas surgem no fim da idade pré-escolar e se desenvolvem durante a idade escolar. Pode-se concluir, portanto, que a brincadeira e o jogo são atividades da mesma natureza, apenas se diferenciando pelo grau de complexidade: enquanto na brincadeira predomina a imaginação e uma menor exigência de interação social, no jogo, por sua vez, a regra é o fator predominante, requerendo da criança troca de pontos de vista e atuação complementar com os outros participantes da atividade lúdica.

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As brincadeiras, segundo Venguer (1986, p. 134-135), retratam a variada realidade que cerca as crianças. Os argumentos vivenciados e os conteúdos da atividade lúdica são retirados das atividades do trabalho, das relações interpessoais e dos fatos relevantes da época em que vivem. Quanto mais a criança amplia os conhecimentos da realidade com a qual se defronta, mais ricos e variados são os argumentos e os conteúdos usados nas brincadeiras. O desenvolvimento do argumento e do conteúdo das atividades lúdicas refletem a maneira pela qual a criança vai penetrando cada vez mais profundamente na vida dos adultos que a rodeiam.

Segundo Vygotsky, (1991, p. 97), a criança quando brinca apresenta um comportamento mais desenvolvido do que aquele que apresenta na vida real. Nos brinquedos, ela tem oportunidades de trabalhar em grupo, imitar um comportamento mais avançado de outra criança ou então, com assistência do professor, poderá desenvolver funções e comportamentos que "estão presentes em estado embrionário". Conclui o autor que tudo aparece na brincadeira pré-escolar: a ação realizada na situação imaginária, a exercitação da capacidade simbólica, a necessidade de uso coerente da linguagem, o controle da vontade, a avaliação das próprias capacidades e habilidades. Todos esses fatores são essenciais para o aparecimento e a estruturação das diversas faculdades humanas das crianças.

Segundo Zaporózhets (1987), na brincadeira do período pré-escolar, acontece, também, em grande medida, o desenvolvimento da motricidade da criança. Os motivos presentes nesse tipo de atividade criam na criança estímulos intensos que a impulsionam a realizar determinados movimentos, gerando condições e situações que deixam um marco peculiar em todo o aspecto motor do pré-escolar. A influência da brincadeira contribui, principalmente, na estruturação do aspecto geral do movimento e na forma expressiva de sua realização. Zaporózhetz (1987, p. 82) enxerga a atividade lúdica como um valioso recurso que permite a exercitação e a estruturação das novas conquistas motoras, possibilitando, posteriormente, a sua utilização pela criança na solução de atividades práticas, com desenvoltura e sem maiores problemas.

A metodologia adotada no projeto é a pesquisa-ação e os procedimentos consistem de reuniões semanais, intituladas de seminários, para levantamento, estudo e reflexão sobre referencial teórico de apoio e para o planejamento de ações que são desenvolvidas semanalmente na instituição parceria (THIOLLENT, 1988). As ações realizadas em parceria e o suporte teórico são discutidos e avaliados por todos os envolvidos, mensalmente, na

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instituição contemplada, nas horas de trabalho pedagógico coletivo (HTPC). Os dados coletados, considerados relevantes, são anotados em diários de bordo e tornam-se fonte para avaliação, formação e produção científica.

A equipe do “Brincando”, formada por discentes do curso de Educação Física e docentes universitários, reúne-se semanalmente para estudo, planejamento, organização do material e avaliação das atividades. O aprofundamento teórico sobre a importância do jogo e da brincadeira, para o desenvolvimento infantil, foi realizado a partir de um levantamento bibliográfico sobre o tema, e várias horas de estudo e discussão foram destinadas para a análise do material teórico selecionado, discussão, planejamento e avaliação das atividades.

Tomando como referência os estudos para a utilização do Jogo como recurso pedagógico, destaque para a Teoria Histórico-Cultural, essa proposta de investigação e intervenção está sendo realizada em interação direta com os professores, não existe apenas um pesquisador, mas todos os envolvidos são pesquisadores. A metodologia de pesquisa-ação leva o professor da Instituição de Educação Infantil contemplada a repensar a sua prática, compreendendo as possibilidades de atuação juntamente com o pesquisador. É através dos problemas encontrados na prática que buscamos as fundamentações teóricas e as possíveis soluções. Os resultados alcançados no processo reafirmam ou permitem a revisão de saberes e fazeres.

A pesquisa-ação é uma metodologia diferenciada que permite esta relação, transformando o professor num produtor de conhecimento, capaz de entender sua prática e interferir nela, podendo assim subsidiar a intervenção na vida dos seus educandos. Dessa forma, estamos constatando, que paulatinamente, os docentes constroem novos saberes, aliando o conhecimento prático ao conteúdo teórico que o embasa. Os bolsistas do projeto acompanham todas as atividades, observando e atuando em parceria com o professor da instituição, participando das leituras e discussões do referencial teórico. A reflexão recai sobre a forma pela qual o lúdico pode ser trabalhado, apoiado Teoria Histórico-Cultural. Nessa perspectiva, desejamos salientar a importância de se realizar um trabalho voltado para o desenvolvimento mais amplo da criança, que contemple todas as suas faculdades humanas.

Após o processo de planejamento das aulas, os discentes universitários, semanalmente, desenvolvem as atividades lúdicas junto às crianças, acompanhados e apoiados pelos docentes da instituição contemplada. Ao término das aulas, a equipe do “Brincando” reserva 30 minutos, na instituição, no período matutino e vespertino, para avaliar o trabalho realizado,

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registrar aspectos relevantes, problemas, dificuldades, acertos, conquistas, que são analisados e discutidos nos encontros de estudo, planejamento e avaliação, que acontecem com os coordenadores, no interior da FCT/UNESP e nas reuniões de HTPC.

Considerações Finais

Os momentos de estudos e desenvolvimento de atividades, isto é, o estreitamento entre teoria e prática, a parceria entre profissionais da Educação Básica e do Ensino Superior contribuíram de maneira substancial no processo de formação inicial dos discentes universitários e no processo de formação continuada dos educadores da instituição parceira. A equipe do projeto e os profissionais da instituição, nas reuniões mensais de avaliação, destacaram que ampliaram a compreensão sobre a brincadeira e o jogo, suas características e a importância dessas atividades, como recursos pedagógicos que colaboram para o desenvolvimento das múltiplas capacidades do educando. É consenso na instituição que o processo de formação continuada proporcionado pelo projeto qualificou o trabalho pedagógico junto às crianças da instituição.

Avaliaram, ainda, que, houve um avanço substancial no processo de colaboração, vínculo, parceria e troca de experiências entre os envolvidos. O aprendizado foi recíproco, pois, enquanto os discentes da UNESP pesquisavam e levavam à instituição novos conhecimentos teóricos e práticos sobre o tema, por outro lado, ampliavam os seus conhecimentos na relação professor-aluno e nas especificidades da criança, nas suas diferentes etapas de desenvolvimento.

Constata-se que o Projeto tem alcançado os objetivos anunciados, pois os discentes, ADIs e professores participantes, considerando os momentos de estudo e de atuação, ampliaram de forma significativa os seus conhecimentos sobre o tema. A divulgação dos resultados desse projeto, que alia pesquisa, ensino e extensão, é fundamental para a elaboração de suportes teóricos que sensibilizem e convençam os educadores que atuam na Educação Infantil para utilização do jogo e da brincadeira, como recursos pedagógicos privilegiados, contribuindo para a melhoria da qualidade educacional nessa modalidade de ensino.

Para concluir, podemos afirmar que projetos dessa natureza são de grande relevância, uma vez que, além de beneficiar e contribuir para o processo de formação pessoal e profissional de todos os envolvidos tornam-se um espaço fértil de produção de

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conhecimentos, superam a dissociação entre teoria e prática e entre Ensino Superior e Educação Básica. Por último, o projeto assumiu, entre outros objetivos: “colaborar na transformação da realidade”, e para tanto, investiu no processo de formação dos educadores, proporcionando, para esses profissionais situações significativas de formação continuada, no interior da instituição onde atuavam e junto com as turmas de crianças que estavam sob a sua responsabilidade. O contexto de formação proposto despertou e levou os educadores a refletirem sobre o seu trabalho pedagógico e possibilitou a incorporação de elementos teóricos e práticos, que consideraram relevantes para o aprimoramento da sua prática educativa.

A equipe do projeto, nesses 06 anos de existência, a partir dessa proposta de parcerias, tem ampliado o conhecimento sobre o tema, sistematizado os dados e divulgado os resultados em eventos, artigos, capítulos de livros, trabalhos de iniciação científica e trabalhos de conclusão de curso.

REFERÊNCIAS

ELKONIN, Danill B. Psicologia do jogo. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

LIMA, J. M. de. A importância do jogo e da brincadeira para o desenvolvimento das múltiplas inteligências da criança. In: Atuação de Professores: propostas para ação reflexiva no Ensino Fundamental. Araraquara: JM Editora, 2003.

LIMA, J. M. A Brincadeira na Teoria Histórico-Cultural: de prescindível a exigência na Educação Infantil. In: Perspectiva para a Educação Infantil – 1ª ed. Araraquara: JM Editora, 2005.

THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. 4.ed. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1988.

VENGUER, L. Temas de Psicologia Pre-escolar. Havana: Pueblo y Educacion, 1986.

VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 4.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

VYGOTSKY, L.S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem,desenvolvimento e aprendizagem. 4.ed. São Paulo: Ícone: EDUSP, 1988.

ZAPORÓZHETS, A. Estúdio psicológico del desarollo de la motridad em el nino preescolar. IN: La Psicologia Evolutiva Y Pedagógica em la URSS. Antologia. URSS: Progresso, 1987

Referências

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