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Análise crítica de um plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde em um consultório odontológico

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Academic year: 2021

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LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO

AMILCAR RENNER DE VASCONCELLOS

ANÁLISE CRÍTICA DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDOS DE SERVIÇO DE SAÚDE EM UM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Organizações e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão pela Qualidade Total.

Orientador:

Prof. Gilson Brito Alves Lima, D.Sc.

Niterói 2016

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V331a

VASCONCELLOS, Amílcar Renner de.

Análise crítica de um plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde em um consultório odontológico / Amílcar Renner de Vasconcellos - Niterói, RJ: 2016.

Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) - Universidade Federal Fluminense, 2016.

Orientador: Gilson Brito Alves Lima

1. Organizações e estratégias. 2. Gerenciamento de resíduos. 3. Legislação. 4. Resíduos odontológicos. 5. Consultórios odontológicos. I. Título

CDD 628.4

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ANÁLISE CRÍTICA DE UM PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDOS DE SERVIÇO DE SAÚDE EM UM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Organizações e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão pela Qualidade Total.

Aprovado em 22 de dezembro 2016.

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Este trabalho é dedicado:

A minha esposa, Gilce, e às minhas filhas, Carolina e Isadora.

A minha mãe, Penha, e ao meu pai, Paulo (in memorian)

A meus irmãos, Airma e Amilton.

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A Deus por ter me dado força e equilíbrio a este desafio.

À Comissão Nacional de Energia Nuclear pela oportunidade desta conquista.

À chefe do Serviço Médico e Odontológico do IRD, Gisele Valente Cavalcante, pelo apoio e compreensão.

Aos colegas da pós-graduação pelo espírito de união e companheirismo.

Ao meu orientador, professor Gilson Brito Alves Lima, pelo seu apoio, incentivo e dedicação para a realização deste trabalho.

Ao professor Julio Cesar de Faria Alvim Wasserman pelo grande apoio à realização deste trabalho.

Ao professor Jose Guilherme Pereira Peixoto pelo apoio e disposição a ajudar em todos os momentos.

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Os resíduos gerados em consultórios odontológicos exigem atenção especial e técnicas corretas de manejo e gerenciamento. Em decorrência de um potencial poluente contra o meio ambiente e risco infeccioso contra a saúde humana, esta dissertação aborda o estudo de casos sobre um consultório dentário de órgão público do município do Rio de Janeiro em comparação a uma pesquisa realizada em consultórios dentários em Salvador/Bahia. O propósito é de uma avaliação crítica ao conhecimento e à conduta desse gerenciamento de resíduos de saúde por cirurgiões-dentistas. O método de trabalho foi um modelo de triangulação, que descreveu os processos de gerenciamento analisados e pontos críticos encontrados em cada etapa do manejo de resíduos. Fez-se um paralelo com a legislação vigente, abordando como os processos deveriam ser realizados e os riscos inerentes ao seu mau gerenciamento. Além disso, discutiram-se os desafios à gestão de tais resíduos com a presença de políticas ambientais e um maior engajamento de todos os órgãos competentes de saúde, de forma a garantir um plano de gerenciamento de resíduos em proteção à sociedade e ao meio ambiente.

Palavras-chave: Gerenciamento de Resíduos. Legislação. Resíduos Odontológicos. Consultórios Odontológicos.

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Waste generated in dental offices requires special attention and correct management and specific techniques. Due to a pollutant potential against the environment and infectious risk against human health, this dissertation deals with the case study on a dental office of a public agency of the city of Rio de Janeiro, in comparison to a survey carried out in dental offices in Salvador / Bahia. The purpose is to critically assess the knowledge and conduct of this health waste management by dental surgeons. The work method was a triangulation model, describing the management processes analyses and critical points encountered at each stage of waste management. A parallel was made with the current legislation, addressing how processes should be carried out and the risks inherent in their mismanagement. In addition, the challenges to the management of such waste were discussed with the presence of environmental policies and greater engagement of all competent health agencies, in order to ensure a waste management plan in protection of society and the environment.

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Figura 01 - Geração de RSU no Brasil Figura 02 - Coleta de RSU no Brasil

Figura 03 - Identificação de Resíduos do Grupo A Figura 04 - Identificação de Resíduos do Grupo B Figura 05 - Identificação de Resíduos do Grupo C Figura 06 - Identificação de Resíduos do Grupo D Figura 07 - Identificação de Resíduos do Grupo E Figura 08 - Estrutura da Pesquisa

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Quadro 01 - Classificação dos Resíduos Sólidos

Quadro 02 - Classificação dos Resíduos de Serviços Odontológicos Quadro 03 - Classificação desta Pesquisa

Quadro 04 - Gerenciamento dos Resíduos Biológicos e Comuns no Consultório do Rio Quadro 05 - Tipos de Resíduos Químicos Produzidos no Consultório do Rio

Quadro 06 - Gerenciamento dos Resíduos Químicos (Glutaraldeído e Formaldeído) Quadro 07 - Gerenciamento dos Resíduos Químicos (Resíduos de Amálgama) Quadro 08 - Gerenciamento dos Resíduos Químicos (Reveladores e Fixadores) Quadro 09 - Gerenciamento dos Materiais Perfurocortantes ou Escarificantes

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Tabela 01 - Quantidade de RSU Coletado por Regiões e Brasil Tabela 02 - Gerenciamento dos Resíduos Biológicos e Comuns

Tabela 03 - Tipos de Resíduos Químicos Produzidos no Estabelecimento

Tabela 04 - Gerenciamento dos Resíduos Químicos (Glutaraldeído e Formaldeído) Tabela 05 - Gerenciamento dos Resíduos Químicos (Resíduos de Amálgama) Tabela 06 - Gerenciamento dos Resíduos Químicos (Reveladores e Fixadores) Tabela 07 - Gerenciamento dos Materiais Perfurocortantes e Escarificantes

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ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária ASB – Auxiliar de Saúde Bucal

CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente CRO – Conselho Regional de Odontologia

EPI – Equipamento de Proteção Individual

GRSS - Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística NBR - Norma Brasileira Registrada

PGRSS - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólido

RDC - Resolução da Diretoria Colegiada RSS - Resíduos de Serviços de Saúde RSU – Resíduo Sólido Urbano

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1 INTRODUÇÃO ... 13 1.1 OBJETIVOS ... ... 16 1.1.1 Geral ... ... 16 1.1.2 Específicos ... 16 1.2 QUESTÕES DA PESQUISA ... 16 1.3 RELEVÂNCIA DA PESQUISA ... 17 1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ... 17 1.5 ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA ... 18 2 REVISÃO DA LITERATURA ... 19

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS DE SAÚDE ... 21

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ... 22

2.2.1 Classificação dos Resíduos de Serviço de Saúde na Prática Odontológica ... 24

2.3 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE ... 25

2.3.1 Etapas do Manejo ... ... 27

2.4 O MODELO DA PESQUISA REALIZADA EM SALVADOR- BAHIA ... 33

3 METODOLOGIA ... 35

3.1 TIPO DA PESQUISA ... 35

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA ... 36

4 APLICAÇÃO DO ESTUDO ... 39

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE OBJETO DO ESTUDO ... 39

4.1.1 Resultados Obtidos do Levantamento do Consultório do Rio de Janeiro ... 39

4.1.2 Resultados Obtidos do Modelo Comparado dos Consultórios da Bahia ... 42

4.2 ANÁLISE CRÍTICA DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE ... 47

5 CONCLUSÃO ... 51

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 51

5.2 RESPOSTAS À QUESTÃO DA PESQUISA ... 51

5.3 SUGESTÃO DE DESDOBRAMENTO DA PESQUISA ... 52

BIBLIOGRAFIA ... 53

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1 - INTRODUÇÃO

A história da Odontologia não pode ser delineada individualmente, trata-se de uma ciência ligada à área de saúde, que, na sua evolução, iniciou com o empirismo na Idade Antiga até o surgimento de escolas especializadas, alcançando a fase científica nos dias de hoje e interligando-se ao desenvolvimento das ciências médicas (ANVISA, 2006).

Na Odontologia, por suas particularidades, intensificou-se a busca do entendimento dos grandes desafios, assim como toda a sociedade moderna, a complexidade dos problemas ambientais. Com o avanço constante de novas tecnologias e com novos padrões de consumo, há um aumento relevante da geração de Resíduos Sólidos, assim como suas peculiaridades, dificultando o seu gerenciamento e gestão (ANVISA, 2006).

A qualidade ambiental está ocupando lugar de destaque nas preocupações ambientalistas, entidades federais, estaduais, municipais e organizações não governamentais em geral (NETO, 1990).

As políticas públicas de gestão ambiental são deficitárias, um exemplo disso é a política do gerenciamento de resíduos sólidos nos municípios brasileiros. A geração de resíduos, constante e crescente, não conta com locais de disposição final adequados. Estes, quando existem, estão reduzidos à situação de simples lixões a céu aberto ou, quando muito, de aterros parcialmente controlados (NETO, 1990).

A preocupação com as questões ambientais impõe ao gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos um processo de extrema importância na preservação da qualidade da saúde pública e do meio ambiente, onde se deve sempre priorizar a não geração, a minimização e o reaproveitamento dos resíduos, a fim de evitar ou pelo menos minimizar os impactos e efeitos negativos sobre o meio ambiente (FERREIRA, 2014).

A legislação tem como objetivo proteger a saúde e o meio ambiente dos riscos gerados pelo resíduo de serviços de saúde e auxiliar os profissionais a aperfeiçoarem os procedimentos do licenciamento ambiental e aperfeiçoar os recursos (BRASIL, 1999).

Segundo a ANVISA (2006), dentre os inúmeros tipos de resíduos gerados pelas sociedades contemporâneas, os Resíduos de Serviços de Saúde - RSS constituem um desafio, pois, além das questões ambientais inerentes a qualquer tipo de resíduo, incorporam uma preocupação mais relevante que abrange o controle de infecções nos locais onde são gerados, visando à saúde individual e pública. Os Resíduos de Serviços de Saúde ocupam um lugar de destaque, pois merecem atenção especial em todas as fases de manejo em decorrência dos

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imediatos e graves riscos que podem oferecer por apresentarem componentes de natureza química ou biológica ou radioativa.

Os RSS, no entendimento de uma parte dos estudiosos, têm alta nocividade à sociedade e ao meio ambiente. Trata-se, pois, de considerável quantidade de resíduos com latente efeito tóxico e nefasto.

Consequentemente, compreende-se que a boa, segura e consciente condução de tais RSS no meio ambiente revela-se questão de alta magnitude nos dias atuais. Os RSS, nesse sentido, detêm a característica de acometer deletéria ameaça à saúde pública e ao meio ambiente.

No atual contexto social, percebe-se uma crescente preocupação por parte da população quanto à gravidade da crise ambiental que se estabelece no país. Cada vez mais os cidadãos demonstram interesse pelos processos de gestão ambiental realizados pelas empresas inseridas em seu território e cobram idoneidade em suas atividades que impactam no meio ambiente. Neste cenário, também se encontram as instituições de assistência à saúde.

A gestão dos resíduos dos serviços de saúde é uma atividade diária obrigatória a ser seguida por todos os estabelecimentos de serviço de saúde, sendo de fundamental importância para evitar os riscos de acidentes e impactos ambientais. Faz-se necessário implementar estratégias cuidadosamente planejadas, o que é conseguido por meio de um programa sério de gerenciamento de resíduos sólidos de saúde (FORMAGGIA, 1998).

Portanto, o gerenciamento desses resíduos requer organização e sistematização dessas fontes geradoras, mas fundamentalmente o despertar de uma consciência humana e de uma atuação coletiva quanto à vida e ao meio ambiente. Requer um conhecimento dos profissionais que atuam no gerenciamento dos resíduos, que superem o limite da individualidade e que passem a desenvolver um significado coletivo no trabalho (CORRÊA, 2005).

O modelo de gestão de resíduos sólidos pode ser entendido como um conjunto de ações resultantes de referências político-estratégicas, institucionais, legais, financeiras, sociais e ambientais, capazes de nortear a organização do setor (MESQUITA JÚNIOR, 2007). Conforme Lima (2001), os elementos indispensáveis para um modelo de gestão passam pelo reconhecimento dos diversos agentes sociais envolvidos; pela integração dos aspectos técnicos, ambientais, sociais, institucionais e políticos, garantindo a sustentabilidade; pela consolidação e implantação da base legal, por meio de ações que promovam sua viabilização; pelos mecanismos de financiamento das estruturas de gestão e gerenciamento; pelo controle

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social; e pela implementação das políticas públicas para o setor, a partir do sistema de planejamento integrado.

A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), constitui o marco regulatório na gestão dos resíduos sólidos no Brasil. Dispõe sobre os princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal (isoladamente ou em regime de cooperação com os Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares), relativos à gestão e gerenciamento integrados dos resíduos sólidos. Também atribui as responsabilidades aos geradores - tanto do setor privado quanto da sociedade civil - e ao poder público, estimulando o uso de instrumentos econômicos aplicáveis, a implantação dos planos para os resíduos a nível nacional, estadual e municipal, além das proibições e soluções integradas para coleta seletiva, recuperação e reciclagem, tratamento e destinação final.

Fica estabelecida a ordem de prioridade para o gerenciamento dos resíduos sólidos - não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos - além de fomentar a adoção de tecnologias para a recuperação energética dos RSU. Diante desse cenário, aborda temas de crescente interesse socioambiental, tais como a logística reversa e a inserção dos catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis dentro deste sistema (BRASIL, 2010).

Também é instituído um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS, em que todos os gestores de instituições de saúde, como hospitais, clínicas e consultórios médicos e odontológicos, passam a ter a obrigação de elaboração e gerenciamento.

O Plano é obrigatório segundo as normativas RDC 306/2004 da ANVISA, Resolução CONAMA nº 358/2005, para que o consultório ou clínicas possam obter documentos necessários para funcionamento do local, como alvará sanitário e licença ambiental.

De acordo com a RDC ANVISA nº 306/2004 e a Resolução CONAMA nº 358/2005, são definidos como geradores de Resíduos de Serviços de Saúde todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde e centro de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores produtores de materiais

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e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros similares.

Devido aos problemas envolvendo os riscos dos Resíduos de Serviços de Saúde é de grande importância para a saúde pública e para o meio ambiente que todos os estabelecimentos classificados como geradores de RSS estabeleçam e desenvolvam o PGRSS com finalidade de gerenciar de forma correta seus resíduos

Portanto, é inquestionável que, nos centros urbanos, os problemas relacionados à geração dos resíduos sólidos deverão ser considerados um dos maiores desafios das administrações públicas. Assim, para a gestão e o gerenciamento desses resíduos, em especial os resíduos dos serviços de saúde (RSS), deverá ser considerada de fundamental importância a implementação de políticas de gerenciamento nos mais diversos serviços ou estabelecimentos (ANVISA, 2006).

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Apresentar uma análise crítica de um plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde em consultório odontológico.

1.1.2 Específicos

 Levantamento das principais normas e resoluções federais, estaduais e municipais que abordam o gerenciamento dos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS).

 Adequação do manejo e respectivo plano de disposição final dos resíduos gerados. 1.2 QUESTÕES DA PESQUISA

De forma a nortear o atendimento aos objetivos da pesquisa, foram propostas duas questões orientadoras, quais sejam:

 Como é tratado o PGRSS em consultório odontológico?  Por que é realizado o PGRSS nos consultórios odontológicos?

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1.3 RELEVÂNCIA DA PESQUISA

Os estabelecimentos de serviços de saúde são os responsáveis pelo correto gerenciamento de todos os RSS por eles gerados, cabendo aos órgãos públicos, dentro de suas competências, a gestão, regulamentação e fiscalização. Embora a responsabilidade direta pelos RSS seja dos estabelecimentos de serviços de saúde, por serem os geradores, pelo princípio da responsabilidade compartilhada, ela se estende a outros atores: ao poder público e às empresas de coleta, tratamento e disposição final. A Constituição Federal, em seu artigo 30, estabelece como competência dos municípios "organizar e prestar, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo que tem caráter essencial". No que concerne aos aspectos de biossegurança e prevenção de acidentes - preservando a saúde e o meio ambiente -, compete à ANVISA, ao Ministério do Meio Ambiente, ao SISNAMA, com apoio das Vigilâncias Sanitárias dos estados, dos municípios e do Distrito Federal, bem como aos órgãos de meio ambiente regionais, de limpeza urbana e da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN regulamentar o correto gerenciamento dos RSS, orientar e fiscalizar o cumprimento desta regulamentação.

Assim, este trabalho, ao buscar identificar os pontos críticos que dificultam a implementação de um plano de gerenciamento de resíduos em consultórios odontológicos, torna-se uma ferramenta relevante para profissionais e gestores de serviços de saúde, fornecendo informações e soluções para o exercício da responsabilidade no gerenciamento de resíduos e atendimento à legislação vigente.

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Este estudo apresenta um perfil básico de levantamento de dados quanto à geração de resíduos, em consultórios odontológicos.

O recorte do levantamento prevê a análise dos principais processos do manejo de diferentes tipos de resíduos inerentes à rotina de um consultório odontológico típico, com foco nos diferentes materiais e procedimentos utilizados ao longo do desenvolvimento dos processos de tratamentos, de forma a buscar retratar o comportamento de profissionais quanto ao conhecimento, planejamento e aplicação de um PGRSS.

O escopo da pesquisa não pretende abordar o aspecto da disposição final dos resíduos levantados no planejamento do PGRSS.

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1.5 ORGANIZAÇÃO DA PESQUISA

Está estruturada em cinco capítulos.

O primeiro capítulo trata da contextualização do tema, descreve o problema, os objetivos, tanto o geral quanto os específicos, as questões da pesquisa, a justificativa, a relevância e a delimitação da pesquisa.

O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica de toda a pesquisa.

O terceiro capítulo descreve a metodologia de avaliação empregada na pesquisa para alcançar seus objetivos, as fontes de informação e os procedimentos de coleta e as suas etapas.

O quarto capítulo apresenta um Estudo de Caso.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

A pesquisa foi fundamentada em revisão da literatura e análise documental sobre o tema do trabalho.

Inicialmente o presente capítulo faz uma revisão bibliográfica baseada em pesquisa realizada na base de dados do Portal de Periódicos da CAPES. A revisão literária se ateve em livros, trabalhos de mestrados, artigos e revistas científicas, sites oficiais, leis, decretos e normas sobre o assunto do tema.

Atualmente, um dos grandes desafios ao desenvolvimento sustentável urbano é o gerenciamento dos RSS. À medida que o tempo passa, a quantidade de resíduos que termina nas unidades de destinação é cada vez maior e, muitas vezes, chegam de forma inadequada (ABRELPE, 21013).

No Brasil, em 2015, a geração de RSU foi de um total de 79,9 milhões de toneladas, índice inferior aos anos anteriores (ABRELPE, 2015). Segundo a ABRELPE/2015, se tomarmos a quantidade de RSU que foi gerada e o que foi coletado em 2015, teremos 72,5 milhões de toneladas, obteremos um índice de cobertura de coleta de 90,8% para o país, e cerca de 7,3 milhões de toneladas de resíduos que não foram coletados no país tiveram destino impróprio.

A população brasileira apresentou um crescimento de 0,8% entre 2014 e 2015, e a geração per capita de RSU cresceu no mesmo ritmo. A geração total, por sua vez, atingiu o equivalente a 218.874 t/dia de RSU gerado no país, um crescimento de 1,7% em relação ao ano anterior, conforme a figura a seguir.

Figura 01- Geração de RSU no Brasil

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A quantidade de RSU coletada em 2015 cresceu em todas as regiões, em comparação ao ano anterior; a região Sudeste continua respondendo por quase 53% do total e apresenta o maior percentual de cobertura dos serviços de coleta do país.

Figura 02 – Coleta de RSU no Brasil

Fonte: ABRELPE e IBGE (2015)

Em 2015, o índice de disposição adequada foi de 58,7% ou 42,6 milhões de toneladas de RSS coletados, que tiveram seu destino a aterros sanitários. 30 milhões de toneladas de resíduos tiveram a sua destinação inadequada: lixões e aterros controlados, que não possuem o conjunto de sistemas e medidas necessários para proteção do meio ambiente. (ABRELPE, 2015)

No Brasil, a disposição final inadequada de RSU ainda existe em todas as regiões e estados brasileiros, e 3.326 municípios ainda fazem uso desses locais impróprios. (ABRELPE, 2015)

Tabela 01- Quantidade de RSU coletado por regiões e Brasil

Fonte: ABRELPE e IBGE (2015)

“É o governo federal assim como os governos estaduais que têm que oferecer uma política clara de incentivos e estímulos para os municípios, que por sua vez devem buscar soluções conjuntas e regionalizadas, através de consórcios públicos”. (Fonte: ABRELPE e IBGE – 2015)

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A apresentação desses dados transcreve a dificuldade que a maioria dos municípios brasileiros enfrenta: dificuldades para implantação e implementação do tratamento controlado desses resíduos (NAZAR, PORDEUS E WERNECK, 2005). Entretanto, se houver o conhecimento e conscientização - quanto à geração e ao descarte de resíduos - dos profissionais que compõem uma equipe em um consultório odontológico, haverá uma minimização dos efeitos adversos à saúde coletiva e ao meio ambiente (SOOD E SOOD, 2011).

Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) são parte integrante dos resíduos sólidos urbanos, com um grande potencial de risco à saúde coletiva e ao meio ambiente, quando são gerenciados inadequadamente. Devido à falta de adequação de políticas municipais e devido à falta de conhecimento dos estabelecimentos geradores, esse problema se torna grande preocupação para os órgãos ambientais, técnicos e de saúde, e também para pesquisadores da área, que, por meio da legislação, preconizam um melhor gerenciamento desses resíduos nas fontes geradoras (COELHO, 2000).

2.1 RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE.

No Brasil, órgãos como ANVISA e o CONAMA têm assumido o papel de orientar, definir regras e regular a conduta dos diferentes agentes, no que se refere à geração e ao manejo dos RSS. Com o objetivo de preservar e garantir a sustentabilidade da saúde e do meio ambiente, desde o início da década de 90, vêm sendo empregados esforços para a correta gestão e gerenciamento dos RSS, além da responsabilização do gerador (CAVALCANTE et al. 2012).

Com a Resolução nº. 358 do CONAMA, ficou estabelecido que os responsáveis pelos estabelecimentos geradores têm também a responsabilidade de gerenciar seus resíduos desde a geração até a disposição final. Há, ainda, a necessidade de execução em elaborar e implantar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (CONAMA, 2005).

Para confirmação dessa resolução, a ANVISA em 2006 apresenta um Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde para orientar e informar as equipes de saúde quanto à elaboração e implementação emergencial de um PGRSS.

De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 306 da ANVISA, é obrigatório que o responsável pelos estabelecimentos de saúde implemente o PGRSS (Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde), baseado nas particularidades dos resíduos gerados e na sua classificação, estabelecendo diretrizes de manejo dos RSS.

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Compete ainda à Vigilância Sanitária dos Municípios, Estados e do Distrito Federal, com o apoio dos órgãos de Meio Ambiente, de Limpeza Urbana e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), divulgar, orientar e fiscalizar o cumprimento dessa resolução (ANVISA, 2006).

Em 2010, pela lei nº 12.305, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que trata dos princípios, objetivos e instrumentos, assim como trata das diretrizes da gestão integrada e do gerenciamento de resíduos sólidos, das responsabilidades dos geradores e do poder público (CAVALCANTE et al. 2012).

Dos objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, destaca-se a proteção da saúde pública e do meio ambiente, pela não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento desses resíduos, bem como adequada disposição final dos rejeitos (CAVALCANTE et al. 2012).

Cabe ao Distrito Federal e aos municípios a gestão integrada dos resíduos sólidos. Aos estados, promover a integração da organização, do planejamento e da execução das funções públicas de interesse comum, além de controlar e fiscalizar as atividades dos geradores, pois são os responsáveis pela implementação e execução do PGRSS, assim como por qualquer dano ocasionado pelo gerenciamento inadequado desses resíduos (CAVALCANTE et al. 2012).

É instituída pela Lei a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos. Ainda há a responsabilidade de investir no desenvolvimento, na fabricação e na colocação dos produtos, habilitando ao uso, à reutilização, à reciclagem ou a outra forma de destinação adequada. Também se faz necessário divulgar informações quanto às formas de evitar, reciclar e eliminar os resíduos sólidos, e recolher os produtos e resíduos remanescentes após o uso, objetivando o sistema de logística reversa (BRASIL, 2010).

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE (RSS).

A partir das atividades citadas pela RDC ANVISA 306/04 e do CONAMA 358/05, todos os resíduos que são gerados em todas as instituições de saúde são considerados RSS e necessitam de manejo apropriado e destinação final adequada (CAVALCANTE et al. 2012).

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A partir das resoluções da ANVISA e do CONAMA, os Resíduos Sólidos, de acordo com a função de suas características e conseqüentes riscos que podem acarretar ao meio ambiente e à saúde, são classificados em cinco grupos: A, B, C, D e E, como descreve o quadro abaixo:

Quadro 01 – Classificação dos Resíduos de Serviço de Saúde.

Grupo A - engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue, dentre outros.

Grupo B - contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Ex: medicamentos apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre outros.

Grupo C - quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, como serviços de medicina nuclear e radioterapia etc.

Grupo D - não apresenta risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparado aos resíduos domiciliares. Ex.: sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas etc.

Grupo E - materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas e outros similares.

Fonte ANVISA/CONAMA

A NBR 10.004/2004, que trata de forma geral dos Resíduos Sólidos, classifica os resíduos segundo a periculosidade. Essa classificação se dá da seguinte forma:

1) Resíduos Classe I – Perigosos: são aqueles que apresentam inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, ou seja, são aqueles que apresentam risco à saúde pública e ao meio ambiente, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices ou riscos ao meio ambiente, quando gerenciados de forma inadequada.

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2) Resíduos Classe II – Não perigosos: esses resíduos subdividem-se em resíduos classe II A – Não inertes e resíduos classe II B – Inertes:

a) Resíduos Classe II A – Não inertes: são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I – Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Esses resíduos podem ter propriedades de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

b) Resíduos Classe II B – Inertes: São aqueles resíduos que quando submetidos a um contato dinâmico ou estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não têm nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor (FERREIRA, 2014).

Conforme a classificação da resolução CONAMA 358/2005, os resíduos gerados pelas práticas odontológicas se enquadram nos grupos A (infectantes ou biológicos), B (químicos), D (comuns) e E (infectante perfurocortante). Para o gerenciamento adequado dos resíduos, a ABNT NBR 10004 tem como objetivo classificar os resíduos sólidos quanto à sua periculosidade, considerando seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública. Por exemplo, o mercúrio metálico, um resíduo do grupo B (classe I), merece atenção devido aos critérios especiais de manuseio, acondicionamento e destinação final. A inalação de vapores tóxicos de mercúrio durante o aquecimento do amálgama traz riscos para a equipe odontológica e também para os pacientes (Couto, 1996).

2.2.1 Classificação dos Resíduos de Serviço de Saúde na Prática Odontológica.

Os resíduos de serviço odontológicos necessitam de estudos mais aprofundados, devido às controvérsias decorrentes das implicações no que se refere à saúde ambiental. Essas implicações contêm questões vinculadas tanto à saúde ocupacional e à dos usuários dos serviços odontológicos quanto ao saneamento ambiental.

O gerenciamento é tido como um processo capaz de minimizar ou até mesmo impedir os efeitos adversos causados pelos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), do ponto de vista sanitário, ambiental e ocupacional, sempre que realizado racional e adequadamente.

De acordo com o estabelecido na RDC/ ANVISA nº 306/2004, os responsáveis técnicos dos estabelecimentos de saúde devem formular um plano de gerenciamento, com o

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objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro e eficiente, levando-se em consideração os trabalhadores, a saúde pública, os recursos naturais e o meio ambiente. O gerenciamento dos RSS deve abranger todas as etapas de planejamento dos recursos físicos e materiais e também deve abranger a capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo dos RSS.

Os resíduos gerados nos serviços odontológicos podem ser classificados em biológicos, químicos, perfurocortantes ou escarificantes e comuns, a partir da classificação dos resíduos de serviço de saúde, que compreende os grupos A, B, D e E, conforme o quadro abaixo.

Quadro 02 – Classificação dos resíduos de serviços Odontológicos.

Biológicos Resíduos com presença de agentes biológicos, que podem apresentar risco de infecção, como aqueles contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre (luvas, óculos, máscaras, gaze) e peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação diagnóstica.

Químicos Resíduos que contêm substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, como anestésicos, líquidos reveladores e fixadores, resíduos de amálgama e radiografia odontológica.

Perfurocortantes ou escarificantes

São, principalmente, os materiais e instrumentais contendo bordas ou protuberâncias rígidas e agudas capazes de cortar ou perfurar, como lâminas de bisturi, agulhas, ampolas de anestésico de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas e outros.

Comuns São aqueles que não apresentam riscos à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser tratados juntamente com o lixo domiciliar. Fonte ABRELPE (2011)

2.3 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

O PGRSS é um documento que descreve ações referentes ao manejo dos resíduos sólidos. Baseia-se nos princípios da não geração e da minimização da geração de resíduos. Aponta e descreve as ações relativas à classificação e ao manejo, contemplando os aspectos referentes a: geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento e disposição final, bem como proteção, saúde pública e meio ambiente ( ANVISA, 2006).

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O Plano deve ser baseado nas características e no volume dos RSS gerados e deve ser compatível com as normas locais referente à coleta, ao transporte e à disposição final, correspondente aos órgãos responsáveis. Uma cópia do PGRSS deve estar disponível para consulta por meio de solicitação da autoridade sanitária ou ambiental competente, dos funcionários, dos pacientes e do público em geral ( BRASIL, 2010).

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2.3.1 Etapas do Manejo

O manejo é a forma de gerenciar esses resíduos, desde a sua geração até a disposição final.

Segundo a RDC ANVISA nº 306/04, o manejo de RSS deve observar suas características e riscos, no âmbito dos estabelecimentos, e contemplar os aspectos referentes a: geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente (Brasil, 2004).

As etapas são as seguintes:

a) Segregação: É a operação de identificação e separação, pela Resolução ANVISA nº 306/04, dos RSS no momento e local de sua geração em função de uma classificação previamente adotada para esses resíduos.

Esta etapa tem como objetivo reduzir na fonte o volume de resíduos com potencial de risco, o número de acidentes ocupacionais e a diminuição dos gastos - pois apenas uma pequena parte dos resíduos sólidos terá necessidade de tratamento especial - e tem também como objetivo permitir a redução, reutilização e reciclagem de alguns desses resíduos (Naime, 2005).

b) Acondicionamento: É o ato de embalar os RSS, logo após a sua geração e segregação, em recipientes adequados, obedecendo à Resolução ANVISA nº 306/04. De acordo com as características do resíduo, estes devem estar em sacos ou recipientes impermeáveis, resistentes à punctura, ruptura e vazamento. Assim, os resíduos resultantes do processo de assistência à saúde de indivíduos com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes com classificação de risco biológico 4 (microorganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação) ou os recipientes e os materiais contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre devem ser acondicionados em sacos vermelhos. Os recipientes e materiais que não contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre (luvas, óculos, máscaras, gaze e outros), peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos, de estudos anatomopatológicos ou ainda de confirmação diagnóstica, devem ser acondicionados em sacos brancos leitosos. Em ambos os

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casos, os sacos deverão ser substituídos quando atingirem 2/3 de sua capacidade ou pelo menos uma vez a cada 24 horas (ANVISA, 2004). Os processadores de imagem radiográfica (reveladores e fixadores), os anestésicos, as radiografias odontológicas e demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos), devem ser acondicionadas em recipientes individualizados, respeitando as exigências de compatibilidade química do resíduo com os materiais das embalagens. Estas medidas ajudam a evitar a reação química entre os componentes acondicionados e a embalagem, não a enfraquecendo, não a deteriorando nem mesmo permitindo que o material da embalagem se torne permeável aos componentes do resíduo gerado (ABNT, 2004). Os resíduos contendo mercúrio (Hg) devem ser acondicionados em recipientes sob selo d’água e encaminhados para recuperação (ANVISA,2006).

Todos os objetos e instrumentos contendo cantos, bordas, pontos ou protuberâncias rígidas e agudas capazes de cortar ou perfurar (bisturis, agulhas, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas) devem ser acondicionados em recipientes rígidos, com tampa vedante, estanques, resistentes à ruptura e à punctura (Brasil, 2006). Os demais resíduos gerados pelo serviço de saúde que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico ao indivíduo ou ao meio ambiente devem ser gerenciados de acordo com as orientações estabelecidas para resíduos domiciliares pelo órgão ambiental competente e pelo serviço de limpeza urbana (ANVISA,2006).

c) Identificação: A Resolução ANVISA n º 306/04 estabelece que a etapa de identificação faça parte do PGRSS e consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações para o correto manejo dos RSS (Brasil, 2004). Assim, a aposição da identificação contendo símbolos, cores e expressões padronizadas referentes a cada grupo de resíduos deve ser colocada em sacos, frascos, recipientes de coleta interna e externa, bem como nos locais de armazenamento, de forma fácil de visualizar, conforme apresentado na figura 3.

A identificação dos sacos de armazenamento e dos recipientes de transporte poderá ser feita por adesivos, desde que seja garantida a resistência desses aos processos normais de manuseio dos sacos e recipientes. O Grupo A é identificado pelo símbolo de substância infectante constante na NBR-7500 da ABNT, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos:

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Figura 03 - Identificação de resíduos do grupo A

O Grupo B é identificado através do símbolo de risco associado, de acordo com a NBR 7500 da ABNT e com discriminação de substância química e frases de risco.

Figura 04 - Identificação dos resíduos do grupo B

O Grupo C é representado pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante (trifólio de cor magenta) em rótulos de fundo amarelo e contornos pretos, acrescido da expressão “rejeito radioativo” (ANVISA, 2004).

Figura 05 - Identificação de resíduos do grupo C

Os resíduos do grupo D podem ser destinados à reciclagem ou reutilização. Quando a opção for a reciclagem, a identificação deve ser feita nos recipientes e nos abrigos de guarda de recipientes, usando código de cores e suas correspondentes nomeações, baseadas na resolução do CONAMA no. 275/01, e deve-se utilizar também símbolo tipo material

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reciclável. Para os demais resíduos do grupo D, deve ser utilizada a cor cinza ou preta nos recipientes. Caso não exista processo de segregação para reciclagem, não há exigência para a padronização de cor desses recipientes.

Figura 06 - Identificação dos resíduos do grupo D

O Grupo E é identificado pelo símbolo de substância infectante constante na NBR-7500 da ABNT, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de RESÍDUO PERFUROCORTANTE, indicando o risco que apresenta o resíduo.

Figura 07. Identificação dos resíduos do grupo E

Resíduo perfurocortante

d) Coleta e Transporte Interno: A coleta e o transporte interno dos RSS consistem no translado dos resíduos dos pontos de geração até local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo, com finalidade de disponibilização para coleta (Brasil, 2006b). A Resolução ANVISA n º 306/04 determina ainda que o transporte interno deve ser

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realizado diariamente, em intervalos regulares de forma a atender à demanda e evitar acúmulo de resíduos nos locais de produção, evitando os horários coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e medicamentos, bem como evitando o período de visitação.

e) Armazenamento Temporário: Esta etapa, de acordo com Resolução ANVISA n º 306/04, consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os resíduos já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa. Esta resolução não permite o armazenamento temporário com disposição direta dos sacos sobre o piso, sendo obrigatória a conservação desses sacos em recipientes de acondicionamento. O armazenamento temporário de unidade geradora de um serviço de saúde, com área superior a 80 m2, deve ainda seguir a determinação da NBR n º 12.809, a qual determina que deve haver uma sala de resíduo apropriada para o armazenamento interno dos recipientes. Esta área deve ter no mínimo 4 m2; pisos e paredes de material liso, resistente e lavável; ventilação adequada e telada, com no mínimo 1/20 da área do piso e não inferiores a 0,20 m2 do ponto de luz; ralo ligado ao sistema de esgoto; bem como o símbolo de identificação na porta da sala (ABNT, 1993). Porém, para os estabelecimentos de pequeno porte com unidade geradora de resíduos inferior a 80 m2 poderá ser utilizada a sala de utilidades (expurgo) de forma compartilhada, desde que possua uma área mínima de 8 m2 , pois 2 m2 são necessários para guardar dois recipientes coletores Além disso, dependendo da distância dessa unidade do abrigo externo de armazenamento, os resíduos gerados poderão ser encaminhados diretamente para a coleta externa (Brasil, 2006b).

f) Armazenamento Externo: A Resolução ANVISA nº 306/04 define o armazenamento externo como a etapa que consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a realização da etapa de coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os veículos coletores, não sendo permitida a manutenção dos sacos de resíduos fora dos recipientes ali estacionados (Brasil, 2004). O ambiente para o armazenamento externo é conhecido como abrigo de resíduos e deve ser construído em local afastado da edificação do estabelecimento (Coelho, 2000). O Padrão mínimo para a construção e funcionamento deste abrigo está descrito na NBR 12.809/93 (ABNT, 1993) e consiste em: 1) pisos e paredes revestidos com material liso, lavável e impermeável; 2) lavatório para higienização de mãos e torneira para lavagem de pisos e utensílios; 3) ventilação natural ou mecânica; 4) iluminação artificial; 5) abrigo construído em alvenaria, fechado, dotado apenas de aberturas teladas de modo a

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permitir a ventilação mínima; 6) localização em área permitida e fácil acesso e operação dos caminhões coletores; 7) previsão de área anexa para limpeza e higienização dos carrinhos de coleta e outros equipamentos; 8) capacidade para armazenar por até 3 dias de geração de resíduos.

g) Coleta e Transporte Externo: consiste na coleta e transporte realizados externamente ao estabelecimento até seu destino final, utilizando técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente. É de responsabilidade do próprio gerador de resíduos, que deve manter essa prática de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urbana e em conformidade com a Resolução ANVISA n º 306/04. A transferência dos resíduos após a coleta deve ser realizada por meio de veículo apropriado fechado, com caçamba estanque que não permita vazamento. A coleta e o transporte dos resíduos considerados especiais ou infectantes devem ter um rígido controle sanitário. A operacionalização da coleta externa dos RSS deve considerar os seguintes fatores: roteiro, frequência e horários; características dos meios de transporte; carga e descarga; manutenção e desinfecção de equipamentos e utensílios; medidas de segurança; capacitação do pessoal envolvido e exigências legais, tais como licenciamento de transporte, responsabilidade técnica e etc. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Para o transporte dos RSS podem ser utilizados veículos, de pequeno ou grande porte, dependendo das quantidades geradas. Portanto, os RSS não devem ser transportados por veículos que utilizam mecanismo compactador, uma vez que estes equipamentos permitem o vazamento de líquidos e de materiais sólidos, além de provocar o rompimento dos sacos plásticos e dispersar poeira e aerossóis na operação de carga. Ao final de cada turno de trabalho, o veículo coletor deve ser limpo e desinfetado, mediante o uso de jato de água, preferencialmente quente e sob pressão. É desaconselhável a lavagem dos veículos coletores em postos de abastecimento comuns. O método de desinfecção do veículo deve ser alvo de avaliação por parte do órgão que licencia o veículo coletor (BRASIL, 2006).

h) Tratamento: Consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou de danos ao meio ambiente. De acordo com a Resolução ANVISA n º 306/04, o tratamento pode ser aplicado no próprio estabelecimento gerador ou em outro estabelecimento, desde que observadas as condições de segurança para o transporte entre estabelecimento gerador e local de tratamento. Os sistemas para tratamento de

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resíduos de serviços de saúde devem ser objeto de licenciamento ambiental, de acordo com a Resolução CONAMA nº237/1997, e são passíveis de fiscalização e de controle pelos órgãos de vigilância sanitária e do meio ambiente (Brasil, 2005). O tratamento do RSS deve levar em conta sua natureza. Assim, os resíduos biológicos devem ser submetidos a tratamento utilizando-se processo físico ou outros processos que vierem a ser validados para a obtenção de redução ou eliminação da carga microbiana, em equipamento compatível com o Nível III de Inativação Microbiana (Assad, 2001). Já os resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente, quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento e disposição final específico (Brasil, 2006a). De acordo com Ten et al., (2001), o processo de minimização mais adequado para os resíduos de mercúrio e amálgama odontológicos é a reciclagem. Os reveladores utilizados em radiologia podem ser submetidos a processo de neutralização para alcançarem pH entre 7 e 9, sendo posteriormente lançados na rede coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam às diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes (Brasil, 2006a). Os fixadores usados em radiologia podem ser submetidos a processo de recuperação da prata ou então ao constante do item 11.16 da Resolução ANVISA n º 306/04. Os demais resíduos sólidos contendo metais pesados podem ser encaminhados a Aterro de Resíduos Perigosos (Classe I) ou serem submetidos a tratamento de acordo com as orientações do órgão local de meio ambiente, em instalações licenciadas para este fim. Os resíduos líquidos deste grupo devem seguir orientações específicas dos órgãos ambientais locais (Brasil, 2004).

i) Disposição Final: São procedimentos que visam ao lançamento de resíduos no solo, preparado em consonância com o CONAMA, para destinação final, nas formas de aterro sanitário, aterros de resíduos perigosos de classe I, aterros controlados, lixão ou vazadouros e valas (BRASIL, 2006).

2.4 MODELO DE PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇO DE SAÚDE PARA CONSULTÓRIO

A partir da Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), os consultórios e clínicas odontológicos passam a ter a obrigação de elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS.

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O Plano também é obrigatório segundo as normativas RDC 306/2004 da ANVISA, Resolução CONAMA nº 358/2005 e RESOLUÇÃO SEMAC n.008, de 31 de maio de 2011, para que o consultório ou clínicas possam obter documentos necessários para funcionamento do local, como alvará sanitário e licença ambiental.

A legislação tem como objetivo proteger a saúde e o meio ambiente dos riscos gerados pelo resíduo de serviços de saúde, considerando o que preconiza a Lei e auxiliando os profissionais a aperfeiçoarem os procedimentos do licenciamento ambiental e a otimizarem os recursos.

O modelo, conforme exemplificado no anexo, traz os itens necessários que a clínica/ consultório deve informar, como estrutura do local e os tipos de lixo infectante que são gerados no local. O PGRSSO ainda mostra como deve ser o gerenciamento do resíduo sólido no estabelecimento e a separação dele, conforme os grupos de classificação.

Para respeitar a legislação, a clínica/ consultório deve apresentar o modelo preenchido com uma cópia de contrato da empresa que fará a coleta e destinação final do lixo, que será incinerado. É importante verificar se a empresa que fará a destinação é autorizada pela Prefeitura.

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3 - METODOLOGIA

O estudo é o resultado de uma pesquisa aplicada, qualitativa com o objetivo bibliográfico, exploratório e documental. Foi realizada em um consultório dentário de um órgão público na cidade do Rio de Janeiro, onde foi feito o levantamento de dados através de coleta diária, para uma análise comparativa com uma pesquisa realizada na cidade de Salvador- Bahia, com a finalidade de obter informações sobre o tipo de resíduos produzido no consultório e o gerenciamento desses resíduos, aplicados ao PGRSS.

Segundo Gil (1999), para que um conhecimento possa ser científico, é necessário determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento. De acordo com o mesmo autor (1999, p.42), “pode-se definir pesquisa como o processo formal e sistemático de desenvolvimento de método cientifico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”.

3.1 - TIPO DA PESQUISA

Há várias classificações de tipos de pesquisa, conforme os critérios utilizados pelos autores. Segundo Jill (2005), as pesquisas podem ser classificadas de acordo com o resultado, o processo e o objetivo. Considerando a natureza do tema proposto, o problema e os objetivos desta pesquisa, a classificação dar-se-á conforme o Quadro 03:

Quadro 03: Classificação desta pesquisa

Base de Classificação Requisito

Requisito Segmento Resultado da pesquisa: Resultado da Pesquisa: Aplicada Processo da pesquisa: Processo da Pesquisa: Qualitativa Objetivo da pesquisa: Objetivo da Pesquisa:

Bibliográfica, Exploratória e Documental

De acordo com Marconi e Lakatos (2002), a pesquisa aplicada “caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorreram na realidade”.

De acordo com Jill (2005, p. 26), esta pesquisa pode ser classificada como qualitativa, uma vez que seu objetivo maior é a compreensão dos fatos e não a sua mensuração. Para o

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autor, “um método quantitativo envolve coletar e analisar dados numéricos e aplicar testes estatísticos”, o que não é o caso deste estudo.

De acordo com Vergara (2007), esta pesquisa caracteriza-se como bibliográfica. O referencial teórico levou em conta o conhecimento científico produzido acerca do tema desta dissertação, tendo sido citados 20 artigos científicos, 4 dissertações e 9 outras fontes, que incluem leis, normas, manuais, catálogos, revistas, dicionários, cadastros e anuários.

Segundo Gil (1999, p.43), “as pesquisas exploratórias e documentais são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato”.

De acordo com Vergara (2007), este tipo de pesquisa caracteriza-se por haver pouco conhecimento acumulado e por promover uma ampla pesquisa em conceitos existentes dentro das organizações.

A pesquisa exploratória deste trabalho foi realizada em três momentos:

1) Na etapa de levantamento de requisitos da legislação que regem os RSS.

2) Na etapa de levantamento dos resíduos que são gerados em um consultório de um órgão público no município do Rio de Janeiro.

3) Na etapa de levantamento de uma pesquisa comparada realizada em Salvador-Bahia.

Por fim, esta pesquisa também pode ser considerada como documental, pois foram consultadas informações contidas em sistemas, ferramentas, procedimentos, manuais, instruções de trabalho, que foram objeto deste estudo.

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O delineamento é a etapa da pesquisa na qual é feito o planejamento em sua dimensão mais ampla, envolvendo tanto a diagramação quanto a interpretação dos dados. Nesta etapa, busca-se fazer um contraste entre a teoria e a prática (GIL, 1999).

Segundo Jill (2005, p.28), “seja qual for o método adotado, há vários estágios fundamentais no processo de pesquisa que são comuns a todas as investigações com base científica”. Segue na Figura 8 abaixo uma visão estruturada do processo desta pesquisa:

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Figura 8 – Estrutura da Pesquisa Formulação do Problema Pesquisa Bibliográfica Capítulo 5 Caracterização do Consultório Capítulo 3 Capítulo 2 Limitações da Metodologia Capítulo 4 Definição da Metodologia

Definição das Questões Definição dos Objetivos

Delimitação da Pesquisa Estruturação da Dissertação Classificação da Pesquisa Conclusões O PGRSS Análise Crítica Sugestões de Desdobramentos da Pesquisa Capítulo 1

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A partir da figura, no primeiro momento, buscou-se um recorte da definição do problema da pesquisa, delimitando o seu contorno e estruturando seu arcabouço.

Num segundo momento, houve um aprofundamento por meio da pesquisa no Portal de Periódicos, da identificação de alguns artigos e papers correlatos com o interesse da pesquisa, foi possível fazer um aprofundamento do que se imaginava do capítulo 1, ainda mais abstrato. A partir da leitura e da estruturação inicial do capítulo 1, definiu-se um terceiro momento, que é a proposta da estrutura metodológica a seguir com limitação do tempo e da informação disponível e da precariedade de modelos disponíveis.

Num quarto momento, é apresentada a caracterização do consultório odontológico, em que será descrita a proposta de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos e a proposta de análise comparativa desse plano à luz do modelo identificado no referencial teórico, em consultórios odontológicos de Salvador. Neste quarto momento também será apresentada uma proposta de modelo para o gerenciamento de resíduos.

Num quinto momento, busca-se concluir e discutir as questões da pesquisa, sugerindo e apontando aquilo que não foi possível desenvolver na pesquisa, para um futuro aprofundamento.

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4. APLICAÇÃO DO ESTUDO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE SELECIONADO PARA ESTUDO

Consultório do Rio de Janeiro

O consultório analisado pertence a um órgão público no município do Rio de Janeiro. Montado há 33 anos, esse consultório tem em sua equipe um profissional com 36 anos de formado exercendo a odontologia clínica e do trabalho como especialidade e uma Auxiliar de Saúde Bucal (ASB) com experiência de 20 anos, inscrita no CRO-RJ.

Com o objetivo de prestar assistência odontológica aos seus servidores, o local oferece tratamentos preventivos e curativos que abrangem restaurações, tratamentos endodônticos, profilaxias orais, pequenas cirurgias e tratamento para possíveis doenças relacionadas à odontologia do trabalho.

A sala principal é composta por um único equipamento para exames e tratamentos, um aparelho de RX para complemento de diagnóstico, uma bancada com uma pia para armazenamento e estoque de material e uma mesa com computador. Há também um anexo com uma pia para expurgo e preparo para esterilização, um banheiro, uma recepção e sala de espera.

Com uma previsão de até 10 (dez) atendimentos diários, são gerados e manuseados todos os resíduos pertinentes ao funcionamento de um consultório odontológico: resíduos biológicos, químicos, perfurocortantes e comuns, como serão descritos a seguir.

Para melhor visualização do estudo foram considerados os mesmos quesitos atribuídos ao modelo comparado da Bahia, abordando a idade do responsável, tempo de formação, a especialidade, tipos de resíduos gerados e o manejo.

4.1.1 Resultados Obtidos do Levantamento do Consultório do Rio de Janeiro

SEGREGAÇÃO, ACONDICIONAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS.

Conforme a legislação, na geração dos resíduos é feita a segregação, que é a operação de identificação e separação no momento e local, em função de uma classificação previamente adotada para estes resíduos pela Resolução ANVISA nº 306/04, com a

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finalidade de redução do volume dos resíduos, garantindo a proteção da saúde e do meio ambiente (Naime, 2005).

O Quadro 04 mostra a conduta do profissional do consultório em relação aos resíduos biológicos contendo sangue na forma livre. Esses resíduos foram acondicionados em sacos plásticos brancos leitosos, identificados com o símbolo de lixo infectante. A ANVISA preconiza que os materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre, devem ser acondicionados em sacos vermelhos, identificados com símbolo de substância infectante.

Quanto aos resíduos biológicos sem presença de sangue, como luvas, máscaras e gorros, estes devem ser acondicionados em sacos brancos leitosos e identificados com símbolo de substância infectante (ANVISA, 2006), como foi embalado no consultório no momento analisado.

Em relação aos resíduos comuns gerados no consultório, estes foram acondicionados em sacos plásticos comuns, destinados ao lixo comum sem identificação. Contudo, o seu acondicionamento deve ser feito utilizando-se sacos impermeáveis, comuns, contidos em recipientes (ANVISA, 2004). Para aqueles destinados à reciclagem, a identificação deve ser feita nos recipientes, usando o código das cores, suas correspondentes nomeações e o símbolo de material reciclável (CONAMA, 2001).

Em relação à contenção dos sacos, o procedimento foi correto, isto é, utilizando material lavável com tampa e sem contato manual, substituído semanalmente devido ao volume de resíduos gerados.

Quadro 04 – Gerenciamento dos resíduos biológicos e comuns no consultório do Rio.

Categoria Pesquisada: Procedimentos

Resíduos Biológicos

 Acondicionamento de resíduos contendo sangue.

Saco plástico branco leitoso.  Identificação dos sacos contendo resíduos com

sangue.

Identificado.

 Tipo de identificação. Símbolo de Substância Infectante.  Acondicionamento de resíduos sem sangue. Saco plástico branco leitoso.  Identificação do saco de resíduos sem sangue. Identificado.

 Tipos de Identificação. Símbolo de Substância Infectante. Resíduos Comuns

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Quanto aos resíduos químicos (Grupo B) do consultório no Rio, conforme o Quadro 05, foram gerados resíduos de amálgama, reveladores e fixadores radiológicos, desinfetantes/esterilizantes do tipo formaldeídos. Todos foram despejados na rede de esgoto, sem nenhum tratamento prévio, contrariando as normas da ANVISA e a orientação do fabricante, o que representa um risco à saúde humana e ao meio ambiente devido à alta toxicidade.

Quadro 05 - Tipos de resíduos químicos produzidos no consultório do Rio

Resíduos Químicos Resíduos de Amálgama

Reveladores e Fixadores Radiológicos Desinfetantes/Esterilizantes

Quadro 06 - Gerenciamento dos resíduos químicos (glutaraldeído e formaldeído). Categoria Pesquisada

Produtos utilizados para Esterilização/Desinfecção

Formaldeídos.

Descarte de Resíduos de Formaldeídos Lançados diretamente no esgoto sem tratamento prévio

Quadro 07- Gerenciamento dos resíduos químicos (resíduos de amálgama). Categoria Pesquisada

Acondicionamento de Resíduos de Amalgama

Lançados diretamente no esgoto Identificação dos Resíduos de Amálgama Sem identificação

Quadro 08 - Gerenciamento dos resíduos químicos (reveladores e fixadores).

Categoria Pesquisada Procedimentos.

Descarte dos Resíduos de Reveladores Lançados diretamente no esgoto sem tratamento prévio.

Descarte dos Resíduos de Fixadores Lançados diretamente no esgoto sem tratamento prévio.

Quanto ao manejo dos resíduos perfurocortantes (Grupo E), como as agulhas, limas, brocas e tubetes para anestesia, todos foram embalados corretamente, em recipientes de paredes rígidas com tampa e identificação adequada, contendo indicações de material perfurocortante e contaminado, adquiridos por doação. Esse procedimento minimiza os elevados riscos de acidentes ocupacionais e provem de uma conscientização dos profissionais de odontologia em relação ao alto risco que esses resíduos promovem, como a contaminação com vírus da hepatite B e da AIDS (NAZAR, PORDEUS E WERNECK, 2005).

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Quadro 09 - Gerenciamento dos materiais perfurocortantes ou escarificantes.

Categoria Pesquisada Procedimentos

Acondicionamentos dos Resíduos Perfurocortantes

Recipientes de paredes rígidas com tampa e rótulo

Identificação do Recipiente Identificado

Tipo de Identificação Símbolo de Substância Infetante

TRANSPORTE INTERNO, ARMAZENAMENTO, COLETA E TRANSPORTE

EXTERNOS DOS RESÍDUOS.

O transporte interno do consultório do Rio consiste na retirada dos resíduos dos pontos de geração, que são transportados diretamente até o local destinado ao armazenamento externo, sem um armazenamento temporário por questões de arquitetura e logística, com a finalidade de apresentação para a coleta externa com os veículos coletores à destinação final, que está sob a responsabilidade de empresa, terceirizada pela prefeitura do município (BRASIL, 2004). Todo esse translado é realizado por profissionais terceirizados destinados à limpeza e remoção dos lixos gerados pelo órgão, sem nenhum treinamento específico quanto à importância do manejo desses resíduos. Além disso, todo o lixo é misturado sem nenhuma identificação.

A coleta e o transporte interno desses resíduos são realizados diariamente, após o término do expediente, supervisionados pela ASB, quando não existe a presença de usuários (Nazar et al, 2005).

4.1.2 Resultados Obtidos do Modelo Comparado dos Consultórios da Bahia.

Na amostra composta por 68 cirurgiões dentistas, 69,1% são do sexo feminino, com idades variando de 24 a 72 anos. Entre os profissionais que atuavam em diversas especialidades, a maioria (41,1%) é representada por clínicos gerais, e o ano de conclusão do curso de graduação variou de 1970 a 2010. Os tipos de resíduos gerados nos consultórios pertenciam aos grupos A, B, D e E, exibindo algumas diferenças entre estes, a depender da especialidade do profissional.

A Tabela 2 mostra os dados obtidos em relação à conduta dos entrevistados frente a este grupo de resíduos. Observou-se que 33,3% acondicionavam os resíduos biológicos

Referências

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