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Teste de caminhada de seis minutos: uma análise situacional de sua prática clínica

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Revista Ciência

&

Saberes

Test of six-minute walk: a situational analy’sis of your

practice

Teste de caminhada de seis minutos: uma análise situacional de sua prática clínica Prueba de caminhada de seis minutos: un análisis de situacional de su práctica clínica

ABSTRACT

Objective: To analyze the understanding of physical therapists working in public and private hospital in Teresina - Pi, the applicability of the methodology of the walk test of six minutes as a prognostic indicator and its contribution to clinical practice. Methodology: This is a cross-sectional, quantitative and qualitative study with a questionnaire own sampling unit consists of 34 physical therapists working in public hospitals and / or private Teresina - PI. Results: 76.5% of respondents do not use the six-minute walk test in the practice of physical therapy, only 23.5% (8) use it. 62.5% use in exercise prescription and 87.5% before and after pulmonary rehabilitation intervention. The main variables are evaluated heart rate, respiratory rate, Borg, SpO2 and distance run. Conclusion: the six-minute walk test is still little used in clinical practice and the methodology which is developed depends paths adaptations.

RESUMO

Objetivo: analisar o entendimento dos fisioterapeutas que trabalham em hospital público e privado da cidade de Teresina – Pi, a metodologia de aplicabilidade do Teste de caminhada de seis minutos como indicador prognóstico e sua contribuição na prática clínica diária. Metodologia: trata-se de um estudo transversal, quantitativo e qualitativo com aplicação de questionário próprio e unidade amostral composta por 34 fisioterapeutas que trabalham em hospitais públicos e/ou privados de Teresina – PI. Resultados: 76,5% dos participantes da pesquisa não utilizam o Teste de caminhada de seis minutos na prática da fisioterapia, apenas 23,5% (8) o utilizam. 62,5% utilizam na prescrição de exercícios e 87,5% antes e após intervenção de reabilitação pulmonar. As principais variáveis avaliadas são Frequência Cardíaca, Frequência Respiratória, Borg, SpO2 e Distância Percorrida. Conclusão: o teste de caminhada

de seis minutos ainda é pouco utilizado na prática clínica e a metodologia a qual é desenvolvido depende de adaptações de percursos.

RESUMÉN

Objetivo: Analizar la comprensión de los fisioterapeutas que trabajan en hospitales públicos y privados en Teresina - Pi, la aplicabilidad de la metodología de la prueba de caminata de seis minutos, como un indicador pronóstico y su contribución a la práctica clínica. Métodos: Se trata de un estudio transversal, cuantitativo y cualitativo con una propia unidad de muestreo cuestionario consta de 34 fisioterapeutas que trabajan en hospitales públicos y / o privados Teresina - PI. Resultados: 76,5% de los encuestados no utilizan la prueba de caminata de seis minutos en la práctica de la terapia física, sólo el 23,5% (8) lo utilizan. 62,5% uso en la prescripción del ejercicio y el 87,5% antes y después de la intervención de rehabilitación pulmonar. Las principales variables se evalúan la frecuencia cardíaca, la frecuencia respiratoria, Borg, SpO2 y distancia recorrida. Conclusión: la prueba de caminata de seis minutos es aún poco utilizado en la práctica clínica y la metodología que se desarrolla depende sendas adaptaciones.

ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE / ORIGINALE

Descriptors Six Minutes Walk Test; Stress test;

Submaximal exercise. Descritores Teste de Caminhada de Seis Minutos; Teste de Esforço; Exercício Submáximo. Descriptores Prueba de caminhada de seis minutos; Prueba de estrés; Ejercicio submáximo.

Sources of funding: No Conflict of interest: No

Date of first submission: 2015-005-07 Accepted: 2015-05-23

Publishing: 2015-08-30

Corresponding Address Maria Amelia da Mata Almeida Núcleo de Apoio a Saúde da Família – NASF, Dom Inocêncio.

Endereço: Rua Mucunã s/nº, Centro, Dom Inocêncio – PI. CEP 64790-000 Telefone: + 55 (86) 98124-1552 E-mail:

almeida_amelia@hotmail.com

Maria Amelia da Mata Almeida 1 Ricardo João Soares Barros Filho 2

Ana Maria da Mata Almeida3 Ivo da Mata Almeida4

1Fisioterapeuta. Núcleo de Apoio a Saúde da Família, Dom Inocêncio – PI. Especialização em Fisioterapia Cardiorrespiratória pelo

Centro de Ensino Unificado de Teresina – CEUT. Teresina – PI, Brasil.

2 Fisioterapeuta. Coordenador do Serviço de Fisioterapia do Hospital de Urgência de Teresina Dr Zenon Rocha, Teresina – PI.

Especialização em Fisioterapia Intensiva pela Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva - SOBRATI, Brasil. E-mail:

ricardo.fisio@yahoo.com.br

3 Doutoranda em História, Universidade Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, São Leopoldo, RS, Brasil. Mestre do Programa de Pós

Graduação em Teologia/Educação Comunitária com Infância e Juventude, pela EST/RS, São Leopoldo – Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: anamariadalmeida@hotmail.com

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ReOnFacema. 2015 Ago-Out; 1(1):39-46.

INTRODUÇÃO

Testes de caminhada são comumente utilizados na prática clínica desde a década de 60. Inicialmente, o principal teste descrito na literatura foi o Teste de Caminhada de 12 minutos, realizado com o objetivo de predizer consumo máximo de oxigênio atingido durante avaliação de pessoas saudáveis (1). Dentro desse contexto o

Teste da caminhada de seis minutos (TC6) tem sido preconizado e utilizado na avaliação de resultados de programa de reabilitação. É um teste simples e facilmente realizado. Todavia, são ainda escassos os relatos e discussões quanto à padronização da técnica e fatores que interferem na sua efetividade (2).

Ainda que o TC6 não possa ser caracterizado como um teste para a avaliação ―apenas‖ da disfunção respiratória — já que qualquer atividade física envolve o funcionamento integrado de múltiplos sistemas orgânicos — o procedimento indubitavelmente passou pelo ―teste do tempo‖ e, como bem revisto pelos autores, há claras evidências de sua utilidade em diferentes populações (3).

Apesar de ser seguro e um bom teste para avaliação da capacidade funcional e cardiovascular, ainda é subutilizado como método de avaliação. Desta forma este estudo teve o objetivo de analisar o entendimento dos fisioterapeutas que trabalham em hospitais públicos e privados no que diz respeito a metodologia de aplicabilidade do Teste de caminhada de seis minutos e sua contribuição na prática clínica diária, permeado pelos pressupostos teóricos práticos, situações clínicas e metodologia empregada.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo do tipo transversal, quantitativo e qualitativo com aplicação de questionário construído especificamente para verificar o entendimento dos fisioterapeutas quanto a utilização do Teste de Caminhada de Seis minutos como indicador prognóstico e sua contribuição na prática clínica diária.

A amostra foi composta por 34 fisioterapeutas, de uma população de sessenta e nove. Todos os participantes do estudo trabalham em instituições públicas e privadas de Teresina-PI. Os mesmos foram informados do objetivo do estudo e assinaram um termo de consentimento livre e

esclarecido. Os participantes responderam o instrumento de coleta através do contato direto com os pesquisadores. A entrevista (aplicação do questionário) foi realizada no ambiente de trabalho. Ressaltamos que a concordância ou não em participar da pesquisa em nada alterou a condição profissional do fisioterapeuta na Unidade de Saúde na qual trabalha. O estudo foi desenvolvido após aprovação pela CONEP com CAAE nº 0480.0.043.000-11.

Os dados foram analisados através da estatística descritiva com o software Statistical Package for the

Social Sciences - SPSS® versão 17.0, fornecendo os

resultados em tabelas e gráficos.

RESULTADOS

O grupo de fisioterapeutas participantes do estudo possuem faixa etária de 23 (vinte e três) a 33 (trinta e três) anos sendo a menor idade 23 anos e a maior 53 (cinquenta e três) anos. Houve predominância do sexo masculino, 58,8% e 41,2% constituem o sexo feminino. Observou-se que 76,5%, ou seja, 26 (vinte e seis) participantes, não utilizam o Teste de caminhada de seis minutos, apenas 23,5% (8) o utiliza, como mostra a tabela 1.

Tabela 1 - Caracterização da amostra segundo a utilização do Teste de Caminhada de Seis Minutos. Teresina-PI, 2012.

Utiliza o Teste de Caminhada de 6 Minutos N %

Sim 8 23,5

Não 26 76,5

Total 34 100,0

Fonte: Pesquisa direta.

Quando questionados sobre a utilização do TC6 como parte da avaliação para prescrição de exercícios, 62,5% dizem utilizar o teste, como mostra a tabela 2.

Tabela 2 - Teste de Caminhada de Seis Minutos é empregado na prescrição de exercício (N=8). Teresina-PI, 2012.

Utiliza na Prescrição de Exercício N %

Sim 5 62,5

Não 3 37,5

Total 8 100,0

Fonte: Pesquisa direta.

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Portuguese

A unidade amostral foi questionado sobre as situações em que costumam empregar o teste de caminhada de seis minutos, como mostra a tabela 3.

Quanto ao percurso utilizado apenas um (01) dos participantes utilizam o corredor de 30 metros, como mostra a tabela 4.

Tabela 3 - Situações em que o Teste de Caminhada de Seis Minutos é empregado (N=8). Teresina-PI, 2012.

Comparação antes e após intervenções* N %

Reabilitação pulmonar 7 87,5

Insuficiência cardíaca 6 75,0

Hipertensão pulmonar 2 25,0

Cirurgia redutora do volume pulmonar 1 12,5

Mensuração da capacidade funcional*

DPOC 7 87,5

Insuficiência cardíaca 5 62,5

Hipertensão pulmonar 2 25,0

Em indivíduos idosos 5 62,5

Doença intersticial pulmonar 1 12,5

Fibrose cística 1 12,5

Presença de dessaturação de oxiemoglobina induzida pelo exercício

DPOC 2

Total 8 100,0

Legenda: Modificado de: Neder, 2007. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. *O mesmo fisioterapeuta utiliza em uma ou mais situações.

Fonte: Pesquisa direta.

Tabela 4 - Percurso utilizado no Teste de Caminhada de Seis Minutos (N=8). Teresina-PI, 2012.

Tipo de Percurso N %

Corredor plano com marcação a cada 5 metros totalizando 30 m 1 12,5

Linear, 20-30m 1 12,5

Qualquer superfície plana que se possa mensurar (círculo, quadrado com

pelo menos 10 m) 1 12,5

Percurso em média com 20 m 1 12,5

Corredor longo, ideal é 30 m, com superfície lisa, marcação a cada 3 m 1 12,5

Corredor de 30 metros 1 12,5

Corredor de 10 metros 1 12,5

Sem resposta 1 12,5

Total 8 100,0

Fonte: Pesquisa direta.

Tabela 5 - Principais variáveis mensuradas e tempo de coleta no Teste de Caminhada de Seis Minutos. (N=8). Teresina-PI, 2012. Variáveis Mensuradas* N % Frequência Cardíaca 5 62,5 Frequência Respiratória 3 37,5 Pressão arterial 1 12,5 SpO2 6 75,0 Distância percorrida 1 12,5 Velocidade média 1 12,5 Índice de BORG 2 25,0 Manovacuometria 1 12,5 EVA 1 12,5 Desconforto respiratório 1 12,5 Equilíbrio 1 12,5 Sem resposta 2 25,0

Tempo De Coleta Das Variáveis

A Cada 5 minutos 1 12,5

De 2 em 2 minutos 1 12,5

De 1 em 1 minuto 1 12,5

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A cada minuto, no final do teste e 10 minutos depois 1 12,5

Uma vez por mês 1 12,5

Sem resposta 1 12,5

Total 8 100,0

Legenda: *O mesmo fisioterapeuta respondeu uma ou mais de uma variável. Fonte: Pesquisa direta. Teresina-PI, 2012.

DISCUSSÃO

Os fisioterapeutas participantes do estudo são adultos/jovens, onde 73,5% possuem faixa etária de 23 (vinte e três) a 33 (trinta e três) anos. Grande parte, 64,7% trabalha em mais de uma área da profissão, e outra parcela significativa, 32,4% atuam somente em Unidades de Terapia Intensiva e 2,9% em neuro-funcional. Outro dado que merece destaque é que 70,5% trabalham somente em nível hospitalar, 2,9% em ambulatório e 23,5% em ambos. Já 64,7% atuam no segmento de assistencialismo e os outros 35,3% atuam não só neste, mas também no segmento pedagógico.

Na atualidade, o principal teste de caminhada utilizado na prática clínica é o de Caminhada de Seis Minutos, que constitui um instrumento seguro, válido, confiável e requer um mínimo de equipamentos para sua realização, ou seja, é pouco oneroso e de fácil aplicação (1). Mesmo assim o

teste ainda é subutilizado, é o que fica evidente no nosso estudo, já que 76,5%, ou seja, 26 (vinte e seis) participantes, não costumam utilizar o Teste de caminhada de seis minutos na atividade prática da fisioterapia, apenas 23,5% o utiliza como mostra a tabela 1.

Poderíamos justificar esses dados pelo fato de 32,4% da unidade amostral trabalhar unicamente na unidade de terapia intensiva. Entretanto percebe-se que a maior parte dos fisioterapeutas trabalha em mais de uma área da profissão, e que apesar de muito útil como método de avaliação, de certa forma a capacidade e utilidade do Teste de caminhada de seis minutos (TC6) não é explorada. Vale lembrar que o TC6 é um teste de esforço submáximo, onde o paciente é que dita o seu próprio ritmo, além do mais é o que mais se aproxima das atividades da vida diária. Dessa forma, o teste diminui o risco de superestimar a capacidade ao exercício e não cansa o paciente em demasia(4). Ressalta-se ainda que é

conveniente utilizar testes de exercício físico como método de estudo e avaliação dos mecanismos sistêmicos

de tolerância ao esforço, buscando respostas objetivas para a recuperação funcional de pacientes com disfunções cardiorrespiratórias crônicas(5).

Quando questionados sobre a utilização do TC6 como parte da avaliação para prescrição de exercícios, 37,5% dizem não utilizar o teste, como mostra a tabela 2. Alguns autores(6) chamam a atenção para a prescrição das

atividades de forma a embasá-la cientificamente e não apenas sugerida de forma aleatória, já que é consenso na comunidade científica sobre o fato de a prática regular de atividade física proporcionar benefícios nas esferas física e mental contribuindo para a melhora de qualidade de vida do ser humano(6).

Similarmente, os exercícios físicos melhoram a função cardiovascular, a resistência, a força muscular e a capacidade respiratória dos pacientes. Além disso, melhora a capacidade em tolerar as atividades diárias, diminui o medo para realizar exercícios, melhora a eficiência no andar (postura, deambulação e menor número de movimentos da musculatura acessória), melhora o sono e o apetite, diminui a ansiedade e promove aumento de hemácias sanguíneas (4).

Os testes funcionais de caminhada são testes de exercícios submáximos que medem a capacidade ou status funcional, principalmente a habilidade de se submeter fisicamente as atividades da vida diária (7-9). Assim a

prescrição de exercícios baseada de forma cientifica, nesse caso utilizando o Teste de caminhada de seis minutos, também serve como incentivo ao esforço do paciente em buscar resultados satisfatórios durante o trabalho de reabilitação. Cabe lembrar que a escolha do teste deve ser baseada na população (atletas, pacientes pneumopatas, crianças) no objetivo (estimativa da função cardiorrespiratória, mensuração do consumo de oxigênio, diagnostico de doenças coronarianas) e no custo (equipamento pessoal)(10).

As principais situações clínicas as quais o teste já se mostrou útil(3). Baseado nisso, a unidade amostral foi

questionado sobre as situações em que costumam

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empregar o teste de caminhada de seis minutos, como mostra a tabela 3. Em nossos resultados, 87,5% dos fisioterapeutas utilizam o teste antes e após intervenção de Reabilitação pulmonar, 75% na insuficiência cardíaca, 25% em Hipertensão pulmonar e 12,5% nas cirurgias redutoras de volume pulmonar, corroborando com o que é proposto, na normatização brasileira do Teste de caminhada de seis minutos(1,5).

O autor supracitado(5) propôs uma normatização e

padronização do Teste de caminhada de seis minutos, sugerindo entre as indicações do teste: avaliação da resposta a intervenções; prognóstico de morbidade e mortalidade; detecção de dessaturação ao exercício e titulação de oxigenoterapia. Em contrapartida, nesse último caso estudos (15) apresentam como um dos aspectos

controversos e interpretativos do teste, afirmando que há significativa correlação entre a presença e intensidade da dessaturação da oxiemoglobina no TC6 e diversos marcadores de deterioração clínica na DPOC e em várias doenças intersticiais pulmonares (11,12).

Caso o paciente utilize O

2 suplementar, este deve ser

utilizado na dosagem habitual durante o teste. O TC6 poderia, ao menos teoricamente, ser utilizado para a titulação da dosagem necessária para evitar queda significativa da SpO

2(abaixo de 90%) (11,12).

Outra situação a qual também discutida como aspectos controversos e interpretativos, é a interpretação das variações pós-intervenções(14). Nesse caso a diferença

mínima clinicamente importante após intervenções para o TC6 foi estimada entre 54 e 80 metros(15). Para um

determinado indivíduo ser considerado como realmente respondedor à uma determinada intervenção, o TC6 deveria variar pelo menos 86 metros para estarmos estatisticamente confiantes de que houve uma melhora real(14).

Acrescenta ainda que, deve-se considerar que tais valores foram derivados de poucos estudos que avaliaram pacientes moderadamente incapacitados. Portanto, para um indivíduo pouco limitado na avaliação basal, 86 metros pode ser um valor inalcançável, já que a distância percorrida é finita (não é permitido correr durante o teste). Por outro lado, aumentos menores também poderiam ser representativos nos pacientes mais limitados,

por exemplo, aqueles capazes de percorrer inicialmente menos de 100-150 m.

Quanto ao tipo de percurso, a ATS(14,17) propõe a

realização do teste em corredor com comprimento mínimo de 30 metros e que seja livre de circulação de pessoas. Outros autores(5) reafirmam isso e acrescentam que os

corredores não devem ser menores que 25 metros, pois distâncias menores que essas imprimem maior número de voltas com consequente redução da distância percorrida. Em nosso estudo o que chama atenção é que apenas um fisioterapeuta descreveu o percurso como sugerido na literatura, como mostra a Tabela 4.

Outro estudo realizou a caminhada em um corredor plano com 34 m de extensão, em condições de temperatura ambiente e com o mínimo trânsito, no entanto utilizou-se do recurso da familiarização e reconhecimento do circuito, antes do teste(15). No entanto,

tal recurso precisa ser mais amplamente discutido, já que existe a possibilidade do que chamamos de efeito aprendizado, que interfere de forma direta na distância percorrida.

No estudo realizado com idosos, foi utilizado um percurso de 60m, delimitados no chão por meio de uma faixa metricamente demarcada, sobre a qual o voluntário fazia o percurso de ida e volta(16). Entretanto há a

necessidade de se buscar adaptações destes métodos para as diferentes populações a serem estudadas, adequando-se aos objetivos propostos(17).

De certo que o Teste de caminhada de seis minutos pode ser adaptado ao local onde será realizado, entretanto deve-se ter em mente que determinadas modificações poderá implicar no resultado final do teste, além do mais tem que se levar em conta o paciente e suas limitações bem como o objetivo da realização do teste.

A necessidade de realização do TC6 em um corredor de aproximadamente 30 metros de extensão, plano e livre de tráfego de pessoas, acaba por limitar seu uso rotineiro em vários serviços e que o uso de distâncias menores diminui a reprodutibilidade do teste(18,19).

Outro aspecto importante referente ao percurso é a marcação deste, devendo ser marcado a cada 3 metros e o início e o final do trajeto devem ser delimitados com uma cadeira ou um cone de sinalização(20). Uma cadeira deve

estar disponível para que o paciente apoie-se na mesma caso interrompa a marcha antes dos seis minutos. Deve-se

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evitar, especificamente, a utilização de circuitos ovais ou esteira ergométrica, os quais tendem a aumentar ou diminuir a distância caminhada, respectivamente(14,20).

Porem sugere – se que o TC6 deve ser realizado em um corredor contínuo oval ou retangular, em um ambiente fechado, porém, em condições de bom tempo e temperatura agradável poderá ser realizado ao ar livre(5).

Tal sugestão parece plausível, já que com o uso do percurso oval a velocidade do paciente se manteria numa constante, não sendo limitada no momento de contornar os cones, resultando na diminuição da distância percorrida.

Quais as variáveis mensuradas durante o Teste? Na literatura encontra-se amplamente descrito as seguintes variáveis : DP, FC, FR, sensação subjetiva de dispnéia – Escala de Borg modificada. Essas colhidas antes, durante e após o teste (5, 6, 14, 21).

Quando questionados sobre tais variáveis, 75% dos fisioterapeutas responderam SpO2, 72,5% disseram FC e

37% FR, como mostra a tabela 5. A frequência cardíaca, a saturação de pulso de oxigênio, a escala de percepção de esforço para dispneia, a escala de percepção de esforço para fadiga de membros inferiores e qualquer sintoma que se apresente deverá ser registradas a cada minuto durante o teste e quando finalizado os seis minutos, o paciente deverá sentar-se em uma cadeira no corredor e o terapeuta continuará registrando a cada minuto, por mais três a quatro minutos(5).

No que tange a percepção da intensidade de esforço físico, a escala de Borg permite uma correlação entre a intensidade dos sintomas classificados em categorias e uma graduação numérica(22). Entretanto, o grau de distinção

entre as categorias é um tanto confuso, o que leva a uma difícil compreensão por boa parte dos pacientes.

Alguns dados merecem ser destacados, já que 12,5% dos fisioterapeutas, a utilização da EVA – Escala Visual Analógica. Não encontramos descrito na literatura quanto ao seu uso no Teste de caminhada de seis minutos, entretanto, sabe-se que essa escala apresenta-se de forma mais didática, mesmo assim não se pode afirmar que seu uso possa facilitar a compreensão do paciente em relação aos sintomas.

No que diz respeito a realização da monitorização contínua da SpO2, e os registros dos valores de FC e sensação subjetiva de dispneia no 2°, 4° e 6° minutos.

Após o término do teste, com o paciente sentado, foram registradas as mesmas variáveis no 1°, 3° e 6° minutos de repouso(6).

Outros 25% não responderam e 12,5% também utilizam a DP – distância percorrida. A padronização sugerida(5,17)

enfatiza que essa variável constitui uma importante variável no desfecho para predizer a morbidade e mortalidade durante o seguimento de diferentes condições clínicas. Isso confirma o que diz a ATS(14), quando afirma

que o teste de caminhada pode ser realizado de forma comparativa como, por exemplo, avaliando intervenções, quando realizado antes e depois da conduta empregada. A ATS recomenda que seja utilizado como parâmetro de melhora, nesses casos, o limite mínimo de 50 metros.

Ainda que o TC6 não possa ser caracterizado como um teste para a avaliação ―apenas‖ da disfunção respiratória — já que qualquer atividade física envolve o funcionamento integrado de múltiplos sistemas orgânicos — o procedimento indubitavelmente passou pelo ―teste do tempo‖ e, como bem revisto pelos autores, há claras evidências de sua utilidade em diferentes populações(3).

Isso fica evidente no estudo que objetivou avaliar a eficácia de intervenção fisioterapêutica por meio de um programa de exercício aeróbico voltado para o condicionamento cardiovascular, e assim facilitar a reabilitação da marcha de indivíduos hemiparéticos crônicos por sequelas de Acidente Vascular Cerebral - AVC(23).

No que diz respeito a manovacuometria, com objetivo de caracterizar a força dos músculos respiratórios (PImax e PEmax) e de membros inferiores (MMII), bem como as possíveis correlações existentes com a capacidade funcional dos idosos, cuja amostra (n=65) foi constituída exclusivamente por idosos(10). Nele todas as correlações se

mostraram significativas, mesmo a capacidade funcional tendo sido avaliada por meio do TC6(10).

Alguns dados merecem ser destacados, já que 12,5% dos fisioterapeutas o utilizam, respectivamente. São eles: equilíbrio, desconforto respiratório e velocidade média. O equilíbrio é fator de limitação no processo de deambulação, isso porque a falta de equilíbrio gera medo, e consequentemente interfere no processo. O equilíbrio é a capacidade de manter a posição do corpo sobre sua base de apoio, seja ela estacionária ou móvel. Denomina-se equilíbrio estático o controle da oscilação postural na

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posição imóvel(24) e equilíbrio dinâmico o movimento do

corpo de uma maneira controlada(25). A alteração do

equilíbrio favorece as quedas, sendo assim, essa alteração é considerada um dos principais fatores que limitam(27) as

atividades da vida diária. Quanto ao desconforto respiratório, a atividade deambulatória, pode causar exacerbação dos sintomas.

Já quando questionados sobre as principais limitações do teste de caminhada de seis minutos, 21% apontaram limitação funcional, 37% limitação motora, 37% dessaturação ou instabilidade hemodinâmica, 12,5% deterioração do quadro respiratório e angina. Contudo, esses dados só reforçam a necessidade de repensar a prática fisioterapêutica, cabe ressaltar que apesar do teste de caminhada ser amplamente utilizado na fisioterapia cardiorrespiratória ele também pode ser útil em outras áreas de atuação, bastando ter objetivos terapêuticos consistentes.

Os resultados obtidos quanto a limitação do teste, divergem do que é exposto na literatura, onde estes são colocados como contra indicações. Absolutas: IAM e angina instável no mês anterior ao teste, frequência cardíaca de repouso superior a 120 batimentos por minuto, pressão arterial de repouso superior a 180 mmHg (sistólica) e/ou 100 mmHg (diastólica), arritmia cardíaca não controlada, saturação de oxigênio basal menor que 90%; falta de colaboração, e relativas: dificuldade de compreensão do teste, desordens musculoesqueléticas, dificuldade na execução do teste (26,14).

Outro autordiscorre como limitação do teste casos de indivíduos com ótima capacidade funcional, que executam excelente performance no TC6 basal, ganhos após intervenções podem não ser identificados por este teste(5).

E cita como exemplo, um indivíduo que caminha num TC6 cerca de 600 metros (esta distância corresponde a uma velocidade máxima de caminhada no tempo permitido de seis minutos), após alguma intervenção, este indivíduo deveria correr ou trotar para poder mostrar melhora no teste, porém isto não é permitido durante o TC6. Em outras palavras, o indivíduo já atingiu o limite máximo da velocidade da marcha no TC6 basal, o mesmo se repetirá numa reavaliação após intervenção, sem possibilidade de detecção de ganho e melhora no teste.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos sugerem que apesar de sua aplicabilidade relativamente fácil, o teste de caminhada de seis minutos ainda é pouco utilizado na prática clínica e a metodologia a qual é desenvolvido é variável e depende de adaptações de percursos. Entretanto é importante a realização de novos trabalhos em outras realidades para que se confirme essa hipótese quanto ao emprego desta importante ferramenta de avaliação funcional.

Os resultados obtidos sugerem que apesar de sua aplicabilidade relativamente fácil, o teste de caminhada de seis minutos ainda é pouco utilizado na prática clínica e a metodologia a qual é desenvolvido é variável e depende de adaptações de percursos. Entretanto é importante a realização de novos trabalhos em outras realidades para que se confirme essa hipótese quanto ao emprego desta importante ferramenta de avaliação funcional.

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Referências

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