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Exmo. Senhor Ministro das Relações Exteriores,

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Brasília (DF), 15 de janeiro de 2020.

Ao

Ministro de Estado das Relações Exteriores Ernesto Araújo

Brasília (DF).

Exmo. Senhor Ministro das Relações Exteriores,

PAULO ROBERTO SEVERO PIMENTA, brasileiro, casado, jornalista, portador da cédula de identidade nº 2024323822 – SSP/RS e CPF nº 428449240-34, atualmente no exercício do mandato de Deputado Federal pelo PT/RS e, ainda, Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal, com endereço na Praça dos Três Poderes – Câmara dos Deputados, gabinete 552, anexo IV, e endereço eletrônico

dep.paulopimenta@camara.leg.br, vem perante Vossa Excelência, na condição de cidadão e Parlamentar, apresentar, nos termos do art. 5º, XXXIII e XXXIV, “a” da Constituição Federal e ainda com base na Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso a Informações Públicas - LAI), PEDIDO DE INFORMAÇÕES COM URGÊNCIA, por meio do qual requer informações acerca da “lista de convidados do coquetel de posse do Presidente da República, ocorrido em 1º de janeiro de 2019”.

Requer, especialmente, respostas para as seguintes indagações:

1 – Quantos e quais foram os/as convidados/as que participaram do “Coquetel de Posse do atual Presidente da República”, ocorrido em 01 de janeiro de 2019, no Palácio do Itamaraty?

2 – Quais valores foram gastos no referido evento (notas fiscais, documentos etc)?

3 – Se for o caso (em função de eventual negativa de atendimento da primeira indagação), qual a fundamentação, a partir das disposições da Lei de Acesso à Informação e

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da Constituição Federal, para classificar como restrito o acesso à lista de convidados do referido evento?

Solicito, na oportunidade, que as informações ora requeridas, sejam enviadas diretamente a esse Parlamentar solicitante, por meio digital, no seguinte endereço eletrônico:

dep.paulopimenta@camara.leg.br, bem como no endereço sito na Câmara dos Deputados – Gabinete nº 552 – Anexo IV – Brasília – DF.

I – Fundamentação.

A Constituição Federal estabelece como direito de todos o acesso às informações de seu interesse particular, coletivo ou geral a serem prestadas por órgãos públicos. Na forma do inciso XXXIII, do art. 5º podem ser ressalvadas informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

Assim, a regra é a publicidade e a transparência dos atos e ações do Poder Público, sendo o sigilo a exceção, cuja ocorrência, no estado democrático de direito, somente deve existir quando em risco a segurança da sociedade e do Estado ou, eventualmente, das autoridades legalmente protegidas.

No entanto, no dia 14/01/2020 veio a público a informação de que um cidadão brasileiro solicitou, no mês de fevereiro de 2019, com base na Lei de Acesso à Informação, a disponibilização da “lista de convidados do coquetel de posse do Presidente Jair Bolsonaro,

ocorrido em 1º de janeiro de 2019. ”

Informações estas que estão disponibilizadas nas publicações (

https://www.gazetadopovo.com.br/republica/breves/itamaraty-sigilo-sobre-lista-de-convidados-posse-de-bolsonaro/, https://www.conversaafiada.com.br/brasil/itamaraty-resolve-decretar-sigilo-sobre-lista-de-convidados-da-posse-de-bolsonaro), onde o Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores), responsável pela realização do evento comemorativo (Coquetel), não apenas deixou de atender ao pedido formulado pelo cidadão em fevereiro de 2019 (acerca de uma informação que deve ser pública), como também, no mês seguinte (março de 2019), classificou como sigilosa a informação, determinando que o sigilo terá vigência até o final do mandato presidencial, considerando, inclusive, eventual reeleição.

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Porém, uma breve leitura da legislação que regulamenta a imposição de eventual restrição de informações aos cidadãos é suficiente para afirmar que uma “mera” lista de convidados para o coquetel de posse do Presidente da República não impõe riscos à segurança e soberania do Estado ou à própria segurança do mandatário da Nação e seus familiares, o que demonstra, cabalmente, a ilegalidade da imposição, pelo Itamaraty, de qualquer ressalva (sigilo ou reserva) à informação buscada e negada.

A decisão do Itamaraty, que não se compatibiliza com as hipóteses taxativas presentes na Lei, significa um retrocesso inadmissível na quadra democrática vigente, colocando em risco a necessária fiscalização que a sociedade e suas instituições e também os demais poderes da República podem exercer sobre os atos governamentais e seus agentes.

A classificação desarrazoada e injustificável de sigilosa a uma lista de convidados de um evento público, tem o condão de aumentar, quiçá sem critérios democráticos, a quantidade de informações que serão restringidas ao acesso público e à fiscalização da sociedade, invertendo a regra democrática em prejuízo da sociedade e da cidadania.

Ora, de acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil, constitui corolário de um Estado Democrático de Direito a obediência da Administração Pública, em qualquer uma de suas esferas, aos princípios inseridos no seu artigo 37, 'caput', valendo destacar a transparência do Poder Público, que constitui pilar do princípio da publicidade, que deve ser a regra e o sigilo, a exceção.

O ato administrativo adotado pelo Ministério das Relações Exteriores, tem a potencialidade lesiva, não só de restringir a publicidade e o acesso às informações do poder público e do atuar de seus agentes, como permite, de forma desproporcional, sem amparo na legislação vigente, que atos e ações rotineiras dos agentes políticos do País, possam tornar-se sigilosos (ultrastornar-secretos, tornar-secretos ou retornar-servados), em prejuízo dos direitos e garantias fundamentais inerentes ao Estado Democrático de Direito.

Estando o Poder Público sujeito a diversos princípios, mas vinculado de forma irremediável ao princípio da publicidade, já que um dos objetivos da Administração é o de tutelar interesses públicos, não se justifica o sigilo de seus atos, ressalvadas as hipóteses legais, que devem ser fixadas de maneira ponderada e razoável, o que não ocorre, na presente

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realidade, com a restrição imposta à “lista de convidados do coquetel de posse de Jair Bolsonaro”.

Nos termos do disposto no artigo 5º, incisos XXXIII e XXXIV, da Constituição da República, constitui garantia fundamental de todo cidadão o direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, bem como de obter certidões em repartições públicas para esclarecimento de situações de interesse pessoal ou, ainda, para o exercício do direito de defesa contra ilegalidade ou abuso de poder.

A ampliação, sem amparo legal, das possibilidades de restrição ao acesso de informações relativas ao poder público e seus agentes, é medida que frustra todos os avanços alcançados em direção à transparência, nas ações e decisões governamentais.

Desta feita, o acesso à informação tem como finalidade implementar o princípio constitucional da publicidade, sem o qual não seria possível - ou ao menos restaria profundamente dificultado- ao administrado controlar a legitimidade de condutas praticadas por agentes públicos e políticos. Neste esteio, tal direito não pode ser injustificadamente negado, devendo sempre ser observado o princípio constitucional da publicidade do ato administrativo, bem como, os princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e eficiência, insculpidos no artigo 37, da Constituição Federal. É o que se espera nesta iniciativa. II – Do direito.

Com efeito, no desempenho de suas missões constitucionais, especialmente no exercício da função fiscalizatória, o Parlamentar Requerente goza de ampla liberdade de ação, o que lhe permite formular as diligências que entender necessárias à defesa da sociedade e do interesse público junto à Administração Pública em geral, de quaisquer poderes ou instituições (v.g. - pedido de informações) através dos órgãos coletivos da Câmara dos Deputados (Comissões), quando for o caso, ou, pessoalmente, como qualquer outro cidadão (Art. 5º, XXXIII, XXXIV e LXXIII da Constituição Federal, Lei de Acesso à Informação e

Lei de Ação Popular), sem que se possa, num caso ou noutro, impor-se quaisquer restrições,

salvo as legalmente existentes.

Nessa quadra, a solicitação ora formulada, está substanciada na Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527, de 2011), que tem sede constitucional (art. 5º, inciso XXXIIIi; art.

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37, §3ª, inciso IIii e art. 216, §2ºiii), de modo que não se vislumbra, a priori, quaisquer restrições à disponibilização das informações solicitadas.

Ademais, somente poderá haver restrições de acessos às informações de interesse público nas hipóteses taxativamente afirmadas na lei de regência, o que não é o caso, à toda evidência, dos dados solicitados pelo cidadão e Parlamentar Requerente.

No caso específico, a Constituição Federal não faz restrição ao tipo de interesse que justifique a obtenção das informações e documentos solicitados, verificando-se que a atuação do Requerente está longe de poder ser qualificada como especulativa.

Não há, portanto, qualquer ressalva legal para o efetivo e célere atendimento das informações ora solicitadas pelo Requerente.

III – Do pedido.

Face ao exposto, requer o subscritor do presente, o atendimento das informações ao norte solicitadas.

As informações e eventuais documentos deverão ser entregues, dentro das balizas de tempo fixadas na lei, em cópia em papel, digitalizadas ou em meio magnético, enviadas para os endereços do parlamentar, ou disponibilizadas nesse órgão.

Temos em que Pedem deferimento. Brasília (DF), 15 de janeiro de 2020. Paulo Pimenta Deputado Federal – PT/RS Ao Senhor Ernesto Araújo

Ministro de Relações Exteriores

Palácio do Itamaraty

Esplanada dos Ministério – Bloco H Brasília – DF.

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i Art. 5º (...). Inciso XXXIII. Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse

particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

ii Art. 37 (...). §3º... Inciso II. O acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de

governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII.

iii Art. 216 (...). §2º. Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental

e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

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