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O Petróleo e a sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde

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Academic year: 2021

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(1)Instituto Superior da Educação Departamento de Geociências Curso de Licenciatura em Geologia. O Petróleo e a Sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Autora: Paulina Sanches Gomes Cardoso. Orientador: Dr. José Manuel Pereira. Praia, Julho de 2006.

(2) Instituto Superior de Educação Departamento de Geociências Curso de Licenciatura em Geologia. Trabalho Científico Apresentado ao ISE para obtenção do Grau de Licenciatura em Geologia. O Petróleo e a Sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Autora: Paulina Sanches Gomes Cardoso. Orientador: Dr. José Manuel Pereira. Praia, Julho de 2006.

(3) DEDICATÓRIA. Dedico este trabalho à minha família em especial ao meu filho Joel Sanches Cardoso, por ter nascido nos primeiros tempos desse Curso.. Praia, Julho de 2006.

(4) AGRADECIMENTOS. O presente trabalho é fruto de um esforço enorme na procura de conhecimentos novos e enriquecimento profissional, resultado do relacionamento com colegas, professores e amigos que de uma forma ou de outra, quer directa ou indirectamente conduziram à realização deste evento. Por esse motivo, é me impossível agradecer individualmente a todos quantos deram os seus contributos para que este trabalho se efectivasse. Contudo, não posso deixar de fazer referência àqueles que de perto me auxiliaram nas discussões de conceitos, revisões bibliográficas e estruturação do trabalho, sem os quais seria praticamente impossível apresentar este documento. Assim, não podia deixar de mencionar particularmente ao orientador deste trabalho, Dr. José Manuel Pereira pela sua estratégia Científico - Pedagógica e colaborativa que me permitiu total a vontade na feitura do trabalho. Ao chefe do Departamento de Geociências, Dr. Alberto da Mota Gomes e à Dra. Sónia Silva Vitória, a minha profunda gratidão não só por terem coordenado este curso, mas sobretudo pela documentação e pontual colaboração que me têm prestado em diversas ocasiões ao longo deste tempo. Ao meu sobrinho Paulino Cardoso, à minha vizinha Norberta, e às minhas colegas Felisberta e Maria Teresa, aos alunos de informática Celestino e Diamantino e ao meu colega Manuel António, não só pela solidariedade que demonstraram em dividir comigo humildemente os seus equipamentos informáticos, como também na formatação do trabalho. À minha vizinha Maria Celina Ferreira por me ter apoiado nas discussões e organização de ideias. À minha colega Ermelinda Tavares por me ter ajudado na tradução dos documentos. Apraz-me estender o meu apreço e agradecimento ao meu marido João Gomes Cardoso e ao meu filho a quem roubei tempo e convívio familiar a fim de enriquecer os meus conhecimentos científico - pedagógicos..

(5) INSTITUTO SUPERIOR DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS Curso de Licenciatura em Geologia. TEMA. “O PETRÓLEO E A SUA EVENTUAL OCORRÊNCIA EM CABO VERDE”. Elaborado por Paulina Sanches Gomes Cardoso, Aprovado pelos membros do Júri, foi homologado pelo conselho Científico – Pedagógico, como requisito parcial à obtenção de Licenciatura em Geologia.. O Júri ____________________________ ____________________________ ____________________________. Praia, ___ de Julho de 2006.

(6) ÍNDICE GERAL. PÁGINAS. Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------------10 I. O petróleo ---------------------------------------------------------------------------------------------11 1.1. Composição -----------------------------------------------------------------------------------------11 1.2. Modo de Jazida -------------------------------------------------------------------------------------11 1.3. Origem e formação do petróleo -----------------------------------------------------------------12 1.4. Ambiente de deposição ----------------------------------------------------------------------------14 II. Estruturas associadas à ocorrência do petróleo ----------------------------------------------15 2.1. Os armazéns do petróleo na natureza ------------------------------------------------------------15 2.2. Prospecção e extracção do petróleo --------------------------------------------------------------18 2.2.1. Prospecção geológica ----------------------------------------------------------------------------19 2.2.2. Prospecção geofísica ----------------------------------------------------------------------------19 2.3. Processos de refinação do petróleo bruto -------------------------------------------------------20 2.4. Importância do petróleo ---------------------------------------------------------------------------23 2.5. Impactes ambientais associadas ao transporte do petróleo -----------------------------------24 2.5.1. O petróleo e a agressão ao meio ambiente ---------------------------------------------------25 2.5. As crises do petróleo ------------------------------------------------------------------------------28 2.5.3. A crise petrolífera e a subida dos preços -----------------------------------------------------30 2.5.4. As reservas do petróleo no mundo ------------------------------------------------------------32 III. Distribuição geográfica do petróleo -----------------------------------------------------------33 3.1. Áreas de maior e de menor distribuição concentração de petróleo -------------------------33 3.2. Fluxos mundiais de petróleo ----------------------------------------------------------------------35 IV. Enquadramento geológico de Cabo Verde ---------------------------------------------------36 4.1. Origem e localização geográfica de Cabo Verde ----------------------------------------------36 4.2. Geomorfologia --------------------------------------------------------------------------------------40 4.3. Principais formações geológicas e sua estratigrafia -------------------------------------------40 4.4. Origem e evolução tectónica de Cabo Verde --------------------------------------------------42 4.5. Descrição das ilhas Orientais----------------------------------------------------------------------44 4.6. Alguns problemas levantados pela geologia destas ilhas--------------------------------------45.

(7) 4.6.1. Enquadramento geotectónico da ilha do Sal--------------------------------------------------46 4.6.1.1. Principais formações geológicas da ilha do Sal e sua estratigrafia----------------------48 4.6.2. Enquadramento geotectónico da ilha do Maio -----------------------------------------------49 4.6.2.1. Principais formações geológicas da ilha do Maio e sua estratigrafia--------------------52 4.6.3. Enquadramento da ilha de Boa Vista----------------------------------------------------------53 4.6.3.1. Principais formações geológicas da ilha de Boa Vista e sua estratigrafia--------------54. V. Eventualidades da ocorrência do petróleo em Cabo Verde--------------------------------55. VI. Opiniões sobre a possibilidade da ocorrência do petróleo em Cabo Verde------------57. VII. Gás natural nos mares de Cabo Verde-------------------------------------------------------61. VIII. Análise dos questionários----------------------------------------------------------------------62. IX. Conclusões e recomendações--------------------------------------------------------------------6 Bibliografias Anexos. LISTAS DAS FIGURAS. PÁGINAS. Figura 1. que ilustra a formação dos hidrocarbonetos---------------------------------------------13 Figura 2.1.1. Armadilha estrutural--------------------------------------------------------------------16 Figura 2.1.2. Corte esquemático mostrando uma outra armadilha estrutural--------------------17 Figura 2.1.3. Domo Salino, uma outra armadilha estrutural---------------------------------------17 Figura 2.1.4. Armadilha estratigráfica----------------------------------------------------------------18 Figura 2.2.2.1. Técnicas de prospecção geofísica---------------------------------------------------20 Figura 2.3.1. Processos de transformação de petróleo----------------------------------------------22 Figura 2.5.1. Oleoduto----------------------------------------------------------------------------------24 Figura 2.5.1.1. Incêndio num poço de petróleo-----------------------------------------------------25 Figura 2.5.1.2. Acidente com um petroleiro---------------------------------------------------------26 Figura 3.1.1. Principais países produtores mundiais de petróleo---------------------------------33.

(8) Figura 4.1. Grupo das ilhas que compõem o arquipélago de Cabo Verde-----------------------36 Figura 4.6.1. Mapa geográfico da ilha do Sal-------------------------------------------------------47 Figura 4.6.2. Mapa geográfico da ilha do Maio-----------------------------------------------------51 Figura 4.6.3.1. Mapa geográfico da ilha de Boa Vista---------------------------------------------53. LISTA DOS GRÁFICOS. PÀGINAS. Gráfico 2.5.3.1. Evolução do preço de petróleo desde 1988 (médias mensais) e ao longo de 2005--------------------------------------------------------------------------------------------------------30 Gráfico 2.5.3.2. Referente ao preço de petróleo e os eventos políticos--------------------------31 Gráfico 2.5.4.1. Distribuição das reservas do petróleo no Mendo--------------------------------32. LISTA DAS TABELAS. PÀGINAS. Tabela 4.1. Agrupamento das ilhas e ilhéus que compõem o arquipélago de Cabo Verde---37 Tabela 4.2. Sinopse relativa à topologia das ilhas de Cabo Verde--------------------------------37.

(9) LISTA DOS ANEXOS. Anexo I. Tabela dos principais derivados do petróleo e as suas aplicações Anexo II. Tabela que mostra alguns acidentes petrolíferos, envolvendo navios tanques Anexo III. Tabela referente a cronologia mundial do petróleo. Anexo IV Tabela nº 1. Principais fluxos comerciais do petróleo entre regiões e países em 2005, milhares de barris/dia; Tabela nº2. Maiores importadores do petróleo, em 2005, milhões de barris/dia; Tabela nº 3. Maiores exportadores de petróleo em 2005, milhões de barris/dia Anexo V. Distribuição das ilhas de Cabo Verde em três pedestais Anexo VI. Tabela 4.3. Quadro estratigráfico de Cabo Verde Tabela 4.6.1.1. As principais formações geológicas da ilha do Sal Tabela 4.6.2.1. Quadro estratigráfico provisório da ilha do Maio Tabela 4.6.3.1. As principais formações geológicas da ilha de Boa Vista Anexo VIII. Questionários aos Geólogos.

(10) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Introdução O nível de desenvolvimento de um pais é geralmente avaliado pela sua capacidade de gerar riqueza, o que por sua vez esta intrinsecamente ligado à disponibilidade de recursos dos quais se destacam os recursos energéticos.. O impacte do factor energético sobre o desenvolvimento ganhou relevo com a revolução industrial nos finais do séc. XIX na Europa e no mundo. Contudo, o atraso verificado entre a demanda energética e o surgimento de tecnologias que permitissem a exploração de fontes diversificadas de energia levou a que os combustíveis fósseis, nomeadamente o petróleo, constituísse a principal fonte de energia. Por esta razão, o petróleo ganhou um estatuto especial entre todos os recursos da natureza, estando por isso na base de vários conflitos internacionais alguns dos quais perduram até hoje. Por outro lado a sua exploração intensiva e sem as devidas precauções está na base de muitos catástrofes associados aos acidentes nas unidades de extracção, de transformação, de transporte e/ou armazenamento, bem como dos problemas ambientais derivados da poluição atmosférica pelos gazes resultantes da combustão. Tendo em conta a importância do petróleo enquanto fonte de energia e o estado actual de desenvolvimento de Cabo Verde a requerer cada vez mais recursos energéticos, julgamos ser pertinente elaborar um trabalho de estudo sobre o petróleo. O interesse em desenvolvermos este trabalho “O Petróleo e a Sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde” é reforçado pela probabilidade da ocorrência desse combustível fóssil no nosso subsolo, o que contribuiria para que Cabo Verde reduzisse a sua dependência externa de outros países. Sendo assim, pretendemos fundamentalmente analisar as possibilidades da ocorrência deste recurso em Cabo Verde. Para além disso, serão abordadas questões relacionadas com a sua génese, exploração, transporte e técnicas de prospecção.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 10.

(11) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. I. O Petróleo. 1.1. Composição O petróleo corresponde a misturas de compostos orgânicos, cujos principais constituintes são os hidrocarbonetos líquidos diversos: umas forménicos (CnH2n+2), outros nafténicos (CnH2n), e outros aromáticos (Cn H2n6). Fazem ainda parte dos seus constituintes outros compostos orgânicos que contém elementos químicos como nitrogénio, enxofre, oxigénio (chamados genericamente de compostos NSO e metais, principalmente níquel, vanádio e várias outras impurezas várias, como por exemplo, colesterol (C27H46O). O petróleo bruto é uma substância oleosa, inflamável, geralmente menos densa que a água, com cheiro característico e coloração que pode variar desde o incolor ou castanho claro até o preto, passando por esverdeado e com um grau de viscosidade muito variável. Da sua destilação resultam variadíssimos produtos com larga aplicação em diversas indústrias. (Guimarães, 1962) e http://pt.wikipedia.org/wiki/Petr. 1.2. Modo de Jazida O petróleo encontra-se em rochas porosas (areias e grés) preenchendo completamente todos os seus interstícios. Podem também encontrar-se em fendas e cavidades de rochas não porosas (por exemplo, calcários). Geralmente encontra-se sobre água salgada e é coberto por hidrocarbonetos gasosos. Se os terrenos onde se encontra são enrugados, o que é frequente, este dispõe-se nos anticlinais, ou seja, na parte convexa dessas rugas. Na maioria dos casos, o petróleo não se forma nos lugares onde se veio concentrar, mas sim a uma distância maior ou menor, em rochas mães. Em seguida, através das rochas permeáveis, o petróleo emigra destas até as rochas armazéns, por isso, as rochas mães raramente são petrolíferas.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 11.

(12) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Os petróleos são facilmente oxidáveis, transformando-se em asfalto, substância muito viscosa. Para que o petróleo possa concentrar-se em jazigo, as propriedades originais são indispensáveis pois, é necessário que as rochas armazéns estejam cobertas por terrenos impermeáveis (rochas coberturas), que impedem o petróleo de viajar até a superfície.. 1.3. Origem e Formação do petróleo Os petróleos foram de início considerados, como produtos de origem mineral, resultantes de reacções químicas realizadas no seio da litosfera. Actualmente, pensa-se porém que eles resultaram da decomposição, ao abrigo do ar e sob acção de microorganismos anaeróbicos, dos constituintes gordos do sapropel, vasa acumulada no fundo de certos ambientes (lagos, lagunas, mares, etc.) A esta decomposição dá-se o nome de betuminização, pois dela resultam não só os petróleos, mas também todas as outras rochas hidrocarbonatadas. A origem orgânica dos petróleos justifica-se, entre outros, pelos seguintes factos: -. O colesterol que se encontra frequentemente nos petróleos é uma substância orgânica. (um álcool), componente de certas gorduras. Além deste, os petróleos contêm ainda, outras substâncias orgânicas. -. Nos jazigos de petróleos, este encontra-se quase sempre a sobrenadar água, rica em. cloro, iodo, e bromo, substâncias que são normalmente absorvidas e concentradas pelos seres vivos marinhos; -. O petróleo contém bactérias vivas;. -. Pode obter-se o petróleo destilando, a elevada temperatura e pressão, diferentes óleos. de peixe.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 12.

(13) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. A formação do petróleo necessita da conjugação de alguns factores, que por enquanto, ainda só são possíveis na natureza. O primeiro destes factores é a preservação da matéria orgânica (zooplâncton, fitoplancton, etc.), que se depositam no fundo de um determinado ambiente sedimentar (lagos, mares, etc.) Esta preservação que poderá ser feita se sobre esta matéria orgânica se depositar rapidamente uma camada fina de sedimentos que isole estes restos orgânicos dos contactos com as bactérias. Em ambientes anaeróbicos, isto é, mal oxigenados os detritos orgânicos podem também ser preservados evoluindo conjuntamente com os restantes sedimentos. Estes sedimentos, que formam sucessivas camadas em matérias orgânicas, umas mais ricas em matéria orgânica, outras em matéria mineral, à medida que vão ser sujeitos à compactação e afundamentos, vão alterando as propriedades químicas e físicas. A pressão e a temperatura vão aumentando e as camadas mais ricas em matéria orgânica, que apresentam uma cor negra, vão respondendo essas modificações. Se as camadas mais ricas em matéria orgânica forem aquecidas a uma temperatura aproximadamente de 120ºc, durante dezenas ou centenas de milhares de anos, toda a matéria orgânica se transforma num líquido espesso a que chamamos de petróleo (no sentido restrito) ou crude Fig1.. Figura 1 que ilustra a formação dos hidrocarbonetos Fonte: Dias, A. et al (2004). Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 13.

(14) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Para que o petróleo acabado de se formar, no fim deste longo processo, possa ser aproveitado em condições economicamente rentável, é necessário que o local onde se formou possuam características de permeabilidade e de porosidade adequadas, nas quais permitem a sua migração para outras rochas (rochas armazéns), onde ele se possa acumular, para que no futuro venha a ser extraído.. 1.4. Ambientes de deposição Já se tinha referido que a formação do petróleo depende de vários factores. O primeiro deles é a produção biológica ou orgânica que um determinado meio ou ambiente sedimentar apresenta. Esta produtividade é uma função directamente dependente da qualidade de seres vivos existentes num meio sedimentar (que por sua vez depende também de alguns factores como a quantidade de nutrientes, temperatura, oxigenação, etc.) por isso, em função do tipo de matéria orgânica, são divididos os ambientes que apresentam boas características para originarem o petróleo em dois tipos: - Os ambientes húmicos ou ligníticos são caracterizados por possuírem uma alta taxa de sedimentação à qual corresponde uma rápida subsidência (ambientes correspondentes a margens continentais, a plataformas e taludes, a lagunas, aos lagos e mares interiores). Nestes meios aquosos, com tendência para apresentarem águas salobras, é particularmente abundante a matéria orgânica do tipo húmico ou lignítico. - Os ambientes planctónicos ou sapropélicos, que se caracterizam pela intensa produtividade biológica que existe à superfície (principalmente em ambientes marinhos de pequenas dimensões ou lacustres) que exerce um papel importante, fazendo com que o teor de oxigénio diminua substancialmente em profundidade, contribuindo assim, para que haja condições de anaerobiose nas camadas inferiores da água. Apesar da taxa de sedimentação ser moderada, a ausência de microorganismos decompositores, por falta de oxigénio no fundo destes mares, permite que a matéria orgânica fique preservada, no meio dos restantes sedimentos, quando ali se acumula (Gouveia & Dias, 1995).. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 14.

(15) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. II. Estruturas associadas à ocorrência do petróleo A ocorrência do petróleo encontra-se relacionada a estruturas geológicas profundas na terra, principalmente sobre limites crustais de placas tectónicas (convergentes como subducção ou colisão continental e limites divergentes). Também pode ocorrer sobre áreas onde houve impacto de meteorito, desde que as falhas produzidas pelo impacto atinjam o manto da terra. Quando se observa a distribuição dos campos de óleo e gás ao longo dos arcos insulares como na Indonésia, Golfo Pérsico, nos Apeninos, Alaska, Arco de Barbados em continuidade a Trinidad & Tobago e Venezuela; na evolução do grande rifte do Atlântico Sul e. outras. bacias. riftogénicas,. isto. pode. ser. claramente. constatado. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Petr).. 2.1. Os armazéns do petróleo na Natureza Quando o petróleo sai da rocha que o originou, poderá alcançar a superfície terrestre ou a superfície das águas dependendo da localização da bacia sedimentar (no continente ou no oceano respectivamente) se não encontrar pelo caminho, nenhum obstáculo que o obriga a parar. Se o petróleo viajar livremente, sem barreiras à sua passagem, o mais provável é que venha a perder-se sem poder ser aproveitado. Mas quando este encontra barreiras, tende a armazenar-se nesses locais e a originar um reservatório com importantes características, que permite a sua exploração de forma rentável. A primeira barreira que o petróleo encontra durante a sua migração é a existência de rochas de muito baixa permeabilidade como por exemplo as rochas argilosas, rochas margosas e as rochas salinas. Estas rochas por impedirem a continuação da migração do petróleo, são designadas de rochas de coberturas.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 15.

(16) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Estas rochas embora, sejam um obstáculo à migração deste produto, não o conseguem acumular. As que conseguem acumular o petróleo tem que ser porosas, ou seja que possuem espaços vazios capazes de receber o petróleo proveniente da rocha mãe e, além de porosas, tem que ser permeáveis, para que permitam, também a sua extracção. São exemplos de rochas com estas características, os arenitos mais ou menos grosseiros, os calcários depositados em ambientes de elevada energia e os calcários de origem biogénicos mais especificamente recifais. As rochas com certas características são rochas reservatórios ou armazéns. A existência de rochas reservatórios e de rochas cobertores, não são suficiente para se formar uma acumulação de petróleo considerável, mas sim, é necessário a existência de certas estruturas geológicas, favoráveis a essa acumulação. Tais estruturas chamadas armadilhas. Consideram-se dois tipos de armadilhas: - Armadilhas estruturais que resultam de movimentos tectónicos, os quais por sua vez, produzem dois tipos de estruturas - as dobras e as falhas. Relativamente às Dobras, sempre que existe uma sequência de camadas, da qual fazem parte, entre outras uma rocha mãe e uma rocha impermeável localizada acima da anterior, esta sequência ao ser dobrada, originará uma série de estruturas anticlinais (sinformes e antiformes). O petróleo migrará da rocha mãe em direcção à superfície e, ao chegar à rocha impermeável, acumular-se-á nestas estruturas. Este tipo de armadilha é chamado de retenção anticlinal (fig. 2.1.1).. Figura 2.1.1. - Armadilha estrutural Fonte: E: \Actualmente.htm. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 16.

(17) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Quanto às falhas e os planos de falhas, estes quando preenchidos por materiais impermeáveis e suficientemente espesso, podem originar reservatórios de petróleo, desde que coloquem frente a frente rochas com porosidades e permeabilidades distintas. (fig.2.1.2.).. Figura 2.1.2 - Corte geológico esquemático mostrando um outro tipo de armadilha estrutural. Fonte: E:\Actualmente.htm. Além dos movimentos tectónicos já referidos, a formação de domos salinos pode originar uma estrutura anticlinal. Sendo assim a instalação de um domo salino provoca o dobramento de camadas que lhe estão suprajacentes criando uma armadilha de tipo dobra e porque o sal comporta-se como uma substância impermeável, estes dois factores podem conduzir a acumulação do petróleo. Fig.2.1.3.. Figura 2.1.3. domo salino, uma outra armadilha Fonte: Dias A. at al, (2004). Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 17.

(18) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. - Armadilhas estratigráficas que podem também originar bons reservatórios de petróleo. Uma dessas armadilhas é muito frequente e resulta de variações litológicas existentes num determinado local (ex. quando temos corpos arenosos, de forma lenticular, tipo lacólitos e facólitos, cobertos por camadas argilosas, poder-se-á acumular petróleo nos corpos arenosos. Nas regiões recifais ocorre ainda em um outro tipo de armadilha estratigráfica, na medida em que a estrutura geométrica destes recifes lhes confere uma forma volumosa, como se de uma pequena montanha submersa se tratasse. Se esta estrutura ficar que, caso fique coberta com sedimentos finos, permitira acumulação do petróleo na sua parte superior (fig.2.1.4).. Figura 2.1.4. Armadilha estratigráfica Fonte: E:\Actualmente.htm. 2.2. Prospecção e extracção do petróleo Como é sabido, o petróleo não se encontra igualmente distribuído por toda a crusta terrestre. Deste modo, antes de ser extraído, é necessário encontrá-lo. Designa-se por prospecção, o conjunto de diferentes fases que são necessárias à pesquisa de um jazigo de petróleo.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 18.

(19) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Como referimos anteriormente, é necessário um conjunto de factores para que haja uma acumulação rentável do petróleo. De entre eles podemos citar a existência de rochas mães que tenham produzido e acumulado o petróleo, a existência de rochas reservatórios e de rochas coberturas, a existência de armadilhas capazes de deter o petróleo na sua migração e condições que permitam a sua migração desde a rocha mãe até a rocha reservatório. Segundo (Gouveia & Dias, 1995), a prospecção faz-se em três fases distintas:. 2.2.1. Prospecção geológica Esta primeira fase faz-se com base nas técnicas seguintes: - Geologia de campo com o objectivo de localizar a possível presença de rocha mãe e/ou rocha reservatório em afloramento; - Fotogeologia que permite identificar e definir os limites das bacias sedimentares, localizar falhas e outros alinhamentos que poderão ser importantes para as etapas que se seguem. È de salientar que ambas as técnicas pretendam reconhecer e identificar os factores anteriormente referidos numa determinada bacia sedimentar.. 2.2.2. Prospecção geofísica Neste segunda fase várias técnicas podem ser utilizadas, como a reflexão sísmica, a refracção sísmica, a gravimetria, a magnetometria, mais na prospecção do petróleo, a mais utilizada é sem dúvida a de reflexão sísmica, técnica esta que consiste na produção de um abalo sísmico à superfície (utilizando uma carga explosiva, uma pancada com um martelo pneumático ou, mais recentemente usado, um camião vibrador), no sentido de verificar o comportamento em profundidade (Gouveia & Dias, 1995). Depois destas técnicas sofisticadas de tratamento de dados provenientes das ondas sísmicas, é possível definir em condições ideais, a forma e características das camadas estratigráficas, qual a espessura do solo em que se encontra por cima do substrato rochoso e verificar através da velocidade da propagação das ondas sísmicas a bem como qual o tipo de rocha é que se encontra em profundidade. Portanto no final destas duas etapas deve ser definidos os melhores locais para se efectuarem os furos de pesquisas, iniciando-se então a terceira etapa. Enquanto as duas primeiras fases permitem Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 19.

(20) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. definir e identificar as possíveis armadilhas que contenha o petróleo, os furos de pesquisas é que permitem afirmar com exactidão se existe ou não um jazigo do petróleo. Por isso, esta fase é muito mais dispendiosa e pode ser ou não bem sucedida. Eis a razão para a necessidade dos procedimentos de estudo geológicos e geofísicos bem aprofundados para que só depois se decida quais os melhores locais onde se devem realizar os primeiros furos de pesquisa. Encontrada uma acumulação deste produto, é necessário efectuar vários ensaios de produção em cada um dos furos de pesquisa, no sentido testar a quantidade do petróleo existente neste reservatório à extracção. Estes ensaios consistem em colocar o reservatório a produzir petróleo, durante um determinado intervalo de tempo.. Figura 2.2.2.1. Técnicas de prospecção geofísica Fonte: E:\Actualmente.htm. 2.3. Processos de refinação do petróleo bruto O petróleo bruto tem que passar por uma refinação antes de ser consumido. A refinação consiste numa série de tratamentos físicos e químicos que visam a separação do petróleo bruto em numerosos componentes, os chamados derivados. De acordo com as características do petróleo bruto, escolhe-se um entre os vários processos de refinação. Contudo há passos obrigatórios seguidos por qualquer processo.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 20.

(21) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. O petróleo bruto é inicialmente submetido à destilação fraccionada. Esta técnica, de forma sumária, consiste em aquecer o petróleo bruto e conduzi-lo à parte inferior de uma torre, denominada torre de fraccionamento ou coluna de destilação. No seu interior, a torre dispõe de uma série de pratos ou vasos colocados a diferentes alturas. Quando o petróleo é aquecido até à sua temperatura de ebulição liberta vapores que sobem pela coluna através de tubos soldados aos pratos e cobertos por campânulas, de maneira que os vapores são forçados a borbulhar através do líquido que há nos pratos. O nível de líquido de cada prato é determinado pela altura de um tubo de retorno que conduz o excesso de líquido ao prato imediatamente inferior. Os componentes mais voláteis (substâncias mais leves) de baixo ponto de ebulição, ascendem continuamente pela coluna de fraccionamento em direcção ao topo da coluna, que é a parte mais fria, até condensarem. Os componentes de elevado ponto de ebulição condensam-se em diferentes alturas da coluna e refluem para baixo. Desta maneira consegue-se que, a uma determinada altura da coluna, a temperatura seja sempre a mesma, e que o líquido condensado em cada prato tenha sempre a mesma composição química. Esses produtos de composição química definida chamam-se fracções e são formadas, principalmente, por gás metano, gasolina, petróleo e gasóleo. Na base da coluna de fraccionamento, onde a temperatura é mais elevada, fica um resíduo que ainda contém fracções voláteis. Se, estes resíduos forem aquecidos a temperaturas, ainda, mais elevadas, decompõem-se. Por isso, para que a destilação prossiga, o resíduo é transladado por meio de bombas para outra coluna, onde, sob uma pressão reduzida próxima do vácuo (diminuindo a pressão, diminui a temperatura de ebulição), continua em ebulição a uma temperatura mais baixa, não destrutiva, e as fracções vaporizam-se. Esta destilação adicional decompõe o resíduo em óleo diesel ("fuel-oil"), óleo lubrificante, asfalto e cera parafínica (figura 2.3.1).. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 21.

(22) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Figura 2.3.1. Processos de transformações do petróleo Fonte: E: \Actualmente.htm. A destilação constitui uma separação, puramente física das diferentes substâncias misturadas no petróleo bruto. Deste modo, a destilação não altera a estrutura das moléculas e, assim sendo, as substâncias conservam a sua identidade química. Para a obtenção de maior número e variedade de produtos, as fracções mais pesadas são partidas em fracções leves pelo processo de Cracking. Este processo consiste, essencialmente, em decompor pelo calor e/ou por catálise as moléculas grandes das substâncias pesadas, cujo ponto de ebulição é elevado, para obter substâncias constituídas por moléculas de tamanho menor e que correspondem a substâncias mais voláteis, logo com ponto de ebulição mais baixo. Deste modo, por exemplo, o. “fuel-oil”. (óleo. combustível. pesado). pode. ser. convertido. em. gasolina.. O processo oposto ao cracking chama-se polimerização e consiste, essencialmente, em combinar moléculas pequenas de derivados do petróleo para formar outras maiores e mais pesadas,. por. exemplo. os. "plásticos".. Os processos de destilação do petróleo variam conforme a procura de mercado dos diferentes produtos. As fracções obtidas podem ser, posteriormente, misturadas umas às outras para a obtenção de produtos com as propriedades desejadas (anexo I).. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 22.

(23) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. 2.4. Importância do petróleo Os hidrocarbonetos são, sem dúvida, os produtos comerciais de maior consumo no planeta Terra. Nos finais da década de 1960-1970 o consumo mundial era de 2,5 biliões de toneladas por ano e nos últimos 20 anos houve um aumento anual de 10 %. Actualmente, os derivados do petróleo, correspondem a cerca de 50 % do global dos produtos do mercado mundial. As gasolinas, o gasóleo, o petróleo de iluminação (querosene) e o “fuel-oil” equivalem a 80 % da energia consumida nas actividades industriais, de transportes,. de. lazer. e. de. conforto. do. Homem.. Como exemplo prático, vejamos o que acontece com os chamados plásticos, os quais abrangem uma extensa gama de materiais fabricados pelo homem a partir de dois elementos, o carbono e o hidrogénio, provenientes do petróleo bruto. O etano (C2H6) é um gás que pode ser convertido no etileno (C2H4), que depois de polimerizado origina o polietileno (CH2-CH2) n.. De forma semelhante, o gás propano transforma-se em polipropileno (C3H6). Estes dois. plásticos, o polietileno e o polipropileno, são usados para fabricar uma grande diversidade de artigos; pois, se retirássemos das nossas casas tudo aquilo que contém plástico, pouco restaria. Adicionando - se - lhes outros elementos ou produtos químicos, os plásticos adquirem propriedades especiais, como maior rigidez, resistência ao calor, poder deslizante e flexibilidade. O comércio do petróleo e derivados é controlado por um pequeno número de gigantescas empresas que dirigem toda a cadeia de produção, de tratamento e de transporte, desde o poço até ao consumidor. Mas nem tudo são rosas. O petróleo faz parte dos recursos naturais extraídos da Terra, para benefício do Homem. À escala temporal do Homem (cerca de 1 milhão de anos) o petróleo terá que ser considerado um recurso natural não renovável, na medida em que os processos geológicos envolvidos na sua formação levam, pelo menos, 10 milhões de anos. Contudo, a maioria dos cálculos efectuados demonstram que petróleo é bastante mais antigo (de 60 a até 150 milhões de anos).. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 23.

(24) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. A partir do actual conhecimento, podemos elaborar estimativas sobre as reservas petrolíferas totais disponíveis em todo o planeta. As reservas petrolíferas são as quantidades de petróleo que podem ser extraídas dentro das coordenadas económicas e dos conhecimentos tecnológicos que caracterizam a comunidade, num certo período. Os diversos níveis de confiança que caracterizam as reservas dependem do maior grau de avanço do estudo geológico. De acordo com o actual ritmo de exploração petrolífera estima-se que as reservas existentes serão esgotadas nos próximos 45 anos, isto é, até ao ano 2048. Assim sendo, há que estudar intensamente, o que tem vindo a ser feito, as fontes de energia alternativa (vento, sol, correntes marinhas de ondulação e de marés, fissão nuclear, geotermia), bem como as tecnologias economicamente capazes de as utilizar. (E:\Actualmente.htm). 2.5. Impactes ambientais associados ao transporte do petróleo Pelo facto dos campos petrolíferos não serem localizados necessariamente, próximos dos terminais refinarias de óleo e gás, é necessário o transporte da produção através de embarcações camiões, vagões, ou tubulações. A circulação destes produtos faz-se frequentemente quando se trata de pequenos percursos em veículos especiais que oferecem condições de seguranças para esse transporte. Porém no transporte a grande distância e quando é importante manter um fluxo contínuo utilizam-se grandes condutas, os oleodutos que levam aqueles combustíveis desde os lugares de produção até os locais de consumo ou de transformação Fig. 2.5.1. Figura 2.5.1. Oleoduto Fonte: Carvalho I. et al. (2004). Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 24.

(25) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. A construção de redes oleodutos representa grandes investimentos porque se trata de operações, por vezes difíceis e muito caras. Estas redes existem em todas as áreas petrolíferas: Médio Oriente, Estados Unidos, Canadá, Venezuela, Mar do Norte etc. O transporte de combustíveis líquidos através de oleodutos resulta bastante económico apesar de elevados custo de sua instalação. Por outro lado, não contamina o ambiente e não está sujeito às contingências atmosféricas (Sousa M. et al, 1994). Hoje quase a totalidade de do petróleo, é transportado por via marítima, em barcos – tanques de capacidade até 500 mil toneladas e por via terrestre através de oleodutos de mais de um metro de diâmetro e centenas de quilómetros de comprimento.. 2.5.1. O petróleo e a agressão ao meio ambiente Actualmente com o crescente consumo energético, sobretudo do petróleo e dos seus derivados e o seu transporte pela via marítima, por vezes em embarcações que não obedecem as ordens de segurança tem crescido a poluição dos mares, oceanos e dos litorais, através de acidentes com petroleiros, marés negras limpezas de tanques, operações de desembarque e portuário de combustíveis (Figura 2.5. 1.1.).. Figura 2.5. 1.1 - Incêndio num poço de petróleo Fonte: Carvalho I., a t al (2004). Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 25.

(26) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. O petróleo traz grandes riscos para o meio ambiente desde o processo de extracção, transporte, refino, até ao consumo, com a produção de gases que poluem a atmosfera, sendo os principais poluentes de acordo com a sua perigosidade e quantidades emitidas, são os óxidos de enxofre (SOx), os óxidos do azoto (NOx), monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), amoníaco (NH3) etc. estes poluentes são responsáveis não só pelos efeitos nocivos para saúde humana, para vegetação, para os edifícios, mais também para a degradação da camada do ozono. Alem do mais a queima de combustíveis fósseis provoca o famoso mais não menos preocupante efeito de estufa que é responsável pelas alterações climáticas. Os piores danos acontecem durante o transporte de combustível, com vazamentos em grande escala de oleodutos e navios petroleiros (Figura 2.5.1.2) e (anexo II).. Figura 2.5.1.2 Acidente com um petroleiro Fonte: Carvalho I., a t al (2004). O mais recente vazamento de petróleo com graves consequências ambientais aconteceu em 19 de Novembro de 2002 com o afundamento do navio Prestigie, a 250 quilómetros da região da Galiza na costa da Espanha que transportava 77 mil toneladas de óleo combustível. O acidente constituiu uma das maiores catástrofes ambientais da história causadas por vazamento de óleo atingindo tanto as praias e as encostas Espanholas como as francesas.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 26.

(27) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Segundo as organizações ambientais, foram afectados entre 10 a 15 mil pássaros (http://dossiers.publico.pt/shownews.asp) Em 1989, ocorrera também uma grande catástrofe ambiental, em consequência de um dos maiores acidentes da história dos petroleiros. Aconteceu com o petroleiro Exxon - Valdez quando o vazamento destruiu parte da fauna da costa do Alasca. (Rogers G., 1995). Em 1967 o petroleiro Torrey Canyon, que transportava 119 mil toneladas de petróleo bruto acabou por encalhar a nordeste das ilhas de scilly, na Grã – Bretanha. O impacto da perda desse navio, foi provavelmente maior que o do Titanic, pois, para além de provocar uma vítima mortal, a destruição total do navio, a poluição petrolífera foi massiva, a pior de sempre, atingindo as costas da França e da Grã-Bretanha; (Rogers G., 1995). O maior derramamento ocorreu em 1979 quando o Atlantic Empress colidiu com o Aegean Captain no Caribe, resultando o vazamento de 287.000 toneladas de óleo. Alguns dos maiores acidentes causados pela explosão de poços de petróleos: •. Explosão do poço exploratório “stock” em 1979, no golfo do México (500.milhões de litros). •. Explosão de uma plataforma num poço no golfo pérsico em 1973 (300 milhões de litros). •. Vazão proposital em 1991, no golfo pérsico (900.milhões de litros).. O uso de combustíveis fósseis não renováveis oferecerá riscos para a natureza, como afirma John Butcher, da Campanha de Substâncias tóxicas do Greenpeace. “O problema é muito maior, a questão para evitar acidentes não se resume a manutenção e fiscalização. Sempre haverá um risco contínuo com esses tanques enormes. O problema é a matriz energética e o Greenpeace defende a substituição e a eliminação gradual dos combustíveis por fontes renováveis alternativas como a energia eólica, solar e a energia das marés”.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 27.

(28) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Para minimizar os efeitos dos acidentes e vazamento, existem várias iniciativas cujo objectivo é contribuir com avanços tecnológicos para auxiliar nos impactes ambientais causados pela actividade da indústria petrolífera. No ano de 2000 por exemplo, no Brasil, ocorreram dois graves acidentes em oleodutos de Petrobras e causaram grandes vazamentos na baía da Guanabara e no Paraná. Nesse mesmo ano, a Petrobras criou o Programa de excelência em Gestão Ambiental e Segurança Ocupacional (Pégaso). O programa é formado por dez grupos de gerência, 80 especialistas de todos os escalões da empresa.. 2.5.2. As Crises do Petróleo O petróleo, foi o verdadeiro motor das expansões marítimas e das actividades económicas desde 1859. No início extraía - se apenas o querosene para a iluminação, mas com advento da indústria automobilística (Ford fabrica o primeiro modelo em 1896) e do avião (os irmãos Wright voam em 1903), somado à sua utilização nas guerras, tornou-se o principal produto estratégico do mundo, tendo por base dois factores: 1) Em 1896 Henry Ford começou a produzir o primeiro veículo automotor em série, inaugurando a era da moderna indústria veículos de transporte. O aumento do consumo de gasolina e óleo daí decorrente impulsionou a prospecção e a busca de mais poços de petróleo, tanto nos Estados Unidos como no exterior.. 2) O outro factor que levou o petróleo a tornar-se o negócio do século, de importância estratégica fundamental, foi a decisão tomada por Winston Churchill, entre 1911-14, quando Ministro da Marinha Inglesa - a maior do mundo -, decidiu substituir o carvão pelo óleo como energia para os navios da Royal Navy.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 28.

(29) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. De. acordo. com. os. dados. obtidos. a. partir. do. site. da. internet,. http://www.gaspet.com.br/textos.asp, as principais crises do petróleo, todas elas depois da 2ª Guerra Mundial, que abalaram, de alguma forma, a economia mundial por terem interrompido o fluxo do seu fornecimento, mostraram um cruzamento de conflitos, que podem ser agrupados em duas categorias: 1) A primeira delas aconteceu entre os Estados – Nacionais, em formação, no mundo árabe e as grandes empresas multinacionais euro – americanas, visando directamente o controle do processo produtivo e distributivo. 2) As crises de segundo tipo deram-se numa etapa posterior, envolvendo os países produtores e os países consumidores. Porém as crises do petróleo mostram um cruzamento de conflitos, em que a primeira categoria deles se processa entre os estados nacionais e as grandes empresas multinacionais visando o controle do processo produtivo e distributivo tratando -se de uma luta em torno do dinheiro e do poder. O segundo tipo de conflito, numa etapa posterior, ocorre substitui o carvão pelo óleo como energia para seus navios entre os países produtores e os países consumidores. A segunda crise do petróleo ocorreu em 1956 quando Gamal A. Nasser nacionalizou o Canal de Suez. Contra a intervenção militar de tropas inglesas e francesas ocorreu um boicote do mundo árabe que foi contornado pela exigência dos Estados Unidos e da URSS. A terceira crise ocorreu durante a Guerra dos Seis Dias, quando Israel travou uma guerra fulminante com seus vizinhos. Mas a mais grave, a quarta, ocorreu durante a Guerra do YomKippur, 1973 (anexo III), quando os árabes organizados no cartel da OPEP (fundada em Bagdá, em 1960), decidiram aumentar o preço do barril de petróleo (de U$ 2,9 para U$ 11,65), um aumento de 301%. Já não se tratava mais de um conflito entre estados nacionais e multinacionais, mas sim entre produtores e consumidores. A quinta crise aconteceu como resultado da deposição do Xá Reza Pahlevi, em 1979, seguida pela Revolução Xiita que desorganizou todo o sector produtivo do Irão. A crise estendeu-se até 1981, quando o preço do barril saltou de U$ 13 para U$ 34. Ou seja 1072% em relação ao preço de 1973 - a chamada crise do Golfo. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 29.

(30) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. A sexta crise do petróleo teve o início, quando o ditador iraquiano Saddam Hussein resolveu atacar, em 1990, o emirado do Kuwait e o transformou na 19ª província da República Iraquiana. Os Estados Unidos conseguiram que a ONU autorizasse uma operação militar visando a desocupação do Kuwait. Em 1991, liderando uma força multinacional os Estados Unidos reconquistaram o emirado e expulsaram as tropas iraquianas. Ao bater em retirada os iraquianos incendiaram todos os poços provocando uma das maiores catástrofes ecológicas do mundo, fazendo com que grande parte da vida animal do Golfo Pérsico fosse destruída. 2.5.3. A crise petrolífera e a subida dos preços Ao analisar a evolução dos preços de petróleo nos últimos anos (Faustino A. & Alexandre A., 2005) vê-se que desde a crise asiática de 1998/1999 até então, os preços aumentaram 5,5 vezes em seis anos. Se compararmos as médias de preços em 2003 com as de 2004, o crescimento é de mais de 80%. Esta tendência surgiu quando a OPEP decidiu cortar a sua produção em Março de 2004, tendo em conta que com o final do Inverno no hemisfério Norte, há sempre um efeito sazonal de queda da procura. Mas tal declineo não se verificou naquele ano, devido à uma mudança radical no padrão de procura, com a emergência da China e da Índia. Porém, um outro factor tem contribuído, nessa mesma altura, para o aumento do preço de petróleo como por exemplo quando o porto exportador de petróleo Saudita de Yanbu, no mar vermelho foi atacado pelos terroristas. Com este incidente, o mercado pôde perceber que o maior produtor mundial, também pode ser vulnerável, percepção essa, que fez surgir um factor de medo que por sua vez contribuiu, de alguma forma, para o aumento dos preços em cerca de 10 a 15 dólares por barril. Gráfico nº 2.5.3.1. Evolução do preço de petróleo desde 1988 (médias mensais) e ao longo de 2005. Fonte: Faustino A. & Alexandre A., 2005. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 30.

(31) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Por conseguinte, a crise que se vive actualmente foi desencadeada por uma mudança rápida do padrão de procura em conjunto com o factor geológico, político que nada tem a ver com as vividas anteriormente.. O gráfico 2.5.3.2, mostra a evolução do preço do crude dependente imensamente dos factores geopolíticos, na medida em que se encontra no centro de sistema energético internacional de modo que a luta pelo seu controle e acesso foi, é, e será sempre um problema político de primeira ordem. É de notificar que a situação actual do preço alto se deve a alguns factores já referidos como a emergência de um novo modelo de procura, bem como a diminuição da capacidade excedentária da OPEP. A diminuição da capacidade de refinação, a vulnerabilidade de alguns dos principais países produtores, a falta de investimentos recentes na área de exploração e desenvolvimento na sequência da crise asiática de 1998 e outros também têm contribuído para a crise actual. Gráfico nº 2.5.3.2 referente ao preço do petróleo e os eventos políticos. Fonte: Faustino & Alexandre, 2005. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 31.

(32) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. 2.5.4. As reservas do petróleo no mundo As reservas provadas de petróleo existente no mundo (gráfico nº 2.5.4.1.) são cerca de 1147 biliões de barris. A sua produção total até hoje conhecida no mundo foi cerca de 950 biliões de barris, sendo 98% extraído do chamado óleo convencional. Porém 75% da produção tem tido origem nos campos que já produzem há mais de 25 anos, em que o factor de recuperação média é de cerca de 30 a 35 %, o que significa que é possível aumentar os factores de recuperação existentes com a utilização de métodos mais avançados. O problema das reservas de petróleo é que estão concentradas num pequeno número de países. Por exemplo só as reservas de seis países do Médio Oriente (Arábia Saudita, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Irão e Qatar), oscilam 674 biliões de barris, ou seja, 64% das reservas mundiais, por isso, a estabilidade da Península Arábica é muito importante par evitar um colapso do sistema energético internacional. (Faustino A. & Alexandre A., 2005). Gráfico 2.5.4.1. Distribuição das reservas do petróleo no mundo. Fonte: Faustino A. & Alexandre A., 2005. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 32.

(33) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. III. Distribuição Geográfica do petróleo 3.1. Áreas de maior e de menor concentração do petróleo O petróleo é o produto mais comercializado no mundo. Em cada ano, mais de 40% da produção mundial entra nos fluxos do comércio internacional. Deste modo, o petróleo representa mais de metade das mercadorias trocados no mundo e mais de 20% do valor do comércio internacional. Analisando o mapa da figura 3.1.1, pode-se verificar que a produção de petróleo está geograficamente muito concentrada, havendo um enorme desequilíbrio ao nível da produção e do consumo: de um lado estão os grandes produtores que salvo algumas excepções, não são grandes consumidores, do outro lado, os grandes consumidores, que não o produzindo ou produzindo-o em quantidades insuficientes têm de recorrer aos primeiros para suprir as suas necessidades. (Antunes J., 1997). Figura 3.1.1. Principais países produtores mundiais do petróleo Fonte: Antunes J., (1997).. É deste desequilíbrio que têm resultado graves conflitos nalgumas áreas de grande produção como é o caso do Médio Oriente.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 33.

(34) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Ao Médio Oriente, Estados Unidos e Rússia pertenceu no conjunto, mais de metade (53,3%) da produção mundial que rondou em 1995, as 3009 milhões de toneladas. O Médio Oriente é desde há muito, o maior produtor do mundo (30,8%), destacando-se a Arábia Saudita (primeiro produtor mundial), o Irão, foi também um grande produtor, mais por ter provocado a guerra do golfo, ao tentar apoderar-se do Kuwait, o mais forte dos países do mundo proibiram a importação do petróleo deste país. No resto da Ásia, a destaque vai para a China seguido Indonésia. A América do norte é a segunda região do mundo maior produtora (13,9% do total), com destaque para EUA. Na América Latina, que detém 12,7% da produção do globo, o destaque vai para a Venezuela e México, dois grandes produtores mundiais. Na África, a produção concentra-se da seguinte forma: - África do norte (Líbia, Argélia e Egipto) é a África Ocidental, onde se destacam a Nigéria (primeiro produtor africano), Angola e Gabão. Na Europa, a produção é relativamente modesta, não indo além de 9,2% do total do mundo. O Reino Unido e a Noruega são os países que mais produzem e que no conjunto, detêm quase 90% da produção europeia (excluída a Rússia) Perante essa situação os governos dos países industrializados, como forma de dar resposta à situação criada, procurando reduzir a sua dependência energética criaram um conjunto de estratégias que visam: • Desenvolver as fontes de energias locais • Procurar energias alternativas • Melhorar as técnicas de produção • Fomentar a economia de consumo • Impor restrições ao consumo.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 34.

(35) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. 3.2. Fluxos mundiais de petróleo O petróleo ganhou ao longo do século XX, preponderância no âmbito da economia mundial, proporcionando assim a emergência de uma indústria gigantesca de complexo funcionamento e que anualmente movimenta fluxos de capitais elevadíssimos. O desfasamento geográfico entre as regiões de maior produção e os principais centros consumidores colocou-a numa posição proeminente. A nível das importações destacam-se os EUA, que compram por dia nos mercados internacionais perto de 12 milhões de barris, e o Japão, que importou diariamente em 2004 mais de 5 milhões de barris (Tabela nº 1- anexo IV). As importações de petróleo dos EUA, da Europa e do Japão em 2004, constituíram cerca de 64% do total mundial e a China foi responsável por cerca de 6% ao longo desse mesmo ano. Entretanto pode-se verificar que as importações americanas em 2004, tiveram origens bastante diversificadas, importando os EUA quantidades significativas de diversas regiões e países do mundo: Canada, México, América Central e Sul, etc (Tabela nº 2- anexo IV). Neste contexto a Europa e o Japão não estão também numa posição favorável, uma vez que os países Europeus dependem e muito dos recursos provenientes do Médio Oriente e dos países pertencentes à antiga URSS e o Japão se encontra numa situação ainda pior, já que mais de 80% das suas importações de petróleo provieram também do Médio Oriente, em 2004. Em relação à exportação existe uma supremacia muito evidente da região do Médio Oriente, que representa mais de 41% do total. Os países pertencentes ao antigo espaço Soviético foram responsáveis por 13% das exportações mundiais, o continente Africano por 8% e a América do Central e do Sul por 7%, em 2004 (Tabela nº 3- anexo IV). Porém o Departamento de Energia dos EUA, estima-se que em 2025, os países do Golfo Pérsico que integram a OPEP, serão responsáveis por mais de 60% das exportações mundiais de petróleo. Essa evolução tornará os principais centros consumidores cada vez mais dependentes desta região.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 35.

(36) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. 4. Enquadramento Geológico de Cabo Verde. 4.1. Origem e localização geográfica O Arquipélago de Cabo Verde fica Situado na margem Oriental do Atlântico Norte, a 455 quilómetros da costa ocidental da África, entre os paralelos 17º 13´ (Ponta Cais dos Fortes - Ilha de Santo Antão) e 14º 48´ (Ponta de Nho Martinho - Ilha Brava) de latitude Norte e entre os meridianos 22º 41´ (Ilhéu Baluarte -Ilha da Boavista) e 25º 25´ (Ponta Chã de Mangrado Ilha de Santo Antão) de longitude Oeste de Greenwich (Bebiano, 1932). As ilhas e os ilhéus que compõem o Arquipélago de Cabo Verde são divididos nos grupos do barlavento e do sotavento (figura 4.1 e tabela 4.1).. Figura 4.1 – Grupos de Ilhas que compõem o Arquipélago de Cabo Verde. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 36.

(37) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. Tabela 4.1 - Agrupamento das ilhas e ilhéus que compõem o Arquipélago de Cabo Verde. Barlavento. Sotavento. Ilhas. Ilhéus. Ilhas. Ilhéus. Santo Antão. Boi. Maio. Grande. S. Vicente. Pássaros. Santiago. Santa Maria. Santa Luzia. Branco. Fogo. De cima. S. Nicolau. Raso. Brava. Luís Carneiro. Sal. Rabo de junco. Boa Vista. Curral do dado Fragata Chano Baluarte. O arquipélago é composto por 10 ilhas (tabela 4.2) e vários Ilhéus que se elevam de um soco submarino, em forma de ferradura, situado a uma profundidade da ordem de 3.000 metros (Bebiano, 1932). Deste soco emergem três pedestais bem distintos (figura 4.2, anexoV):. Tabela 4.2 – Sinopse relativa à topologia das ilhas de Cabo Verde (Adaptado de Bebiano, 1932).. Ilhas. Comprime. Largura. Superfície. Altitude. nto máximo. máxima. (km2). máxima. (m). (m). Santo Antão. 42.750. 23.970. 779. 1.979. Habitada. São Vicente. 24.250. 16.250. 227. 744. Habitada. Santa Luzia. 12.370. 5.320. 35. 395. Não Habitada. São Nicolau. 44.500. 22.000. 343. 1.304. Habitada. Sal. 29.700. 11.800. 216. 406. Habitada. Boa Vista. 28.900. 30.800. 620. 390. Habitada. Maio. 24.100. 16.300. 269. 436. Habitada. Santiago. 54.900. 28.800. 991. 1.392. Habitada. Fogo. 26.300. 23.900. 476. 2.829. Habitada. Brava. 10.500. 9.310. 64. 976. Habitada. Observações. (m). Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 37.

(38) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. - O pedestal Norte, inclui as ilhas de Santo Antão, São Vicente, Santa Luzia e São Nicolau e os ilhéus Boi, Pássaros, Branco e Raso; - O pedestal Leste - Sul, incluindo as ilhas de Sal, Boa Vista, Maio e Santiago e os Ilhéus Rabo de Junco, Curral de Dadó, Fragata, Chano, Baluarte e de Santa Maria; - O pedestal Oeste compreende as ilhas do Fogo e da Brava e os ilhéus Grande, Luís Carneiro, e de Cima. De acordo com Bebiano (1932), a orientação e forma de algumas ilhas situadas a Oeste da ilha do Sal, apontam para uma distribuição das mesmas, de forma alinhada, obedecendo a direcção E-W. Esta posição é corroborada pela orientação dos inúmeros diques e filões existentes na ilha de Santo Antão. O relevo submarino das ilhas do grupo de Sotavento aponta também para uma orientação semelhante. Tais observações permitem concluir que os fenómenos vulcânicos responsáveis pela formação das ilhas, desencadearam-se ao longo de uma fenda vulcânica ou fractura, orientada na direcção E-W. Ainda de acordo com o mesmo autor, do ponto de vista genético e geotectónico, as ilhas teriam sido formadas na sequência de várias erupções vulcânicas submarinas sendo a primeira do tipo central, mais tarde complementada por uma rede fissural. Em alguns casos, os produtos vulcânicos arrastaram até a superfície fragmentos da litosfera mais profunda, pelo que é possível observar nestas ilhas alguns encraves de rochas que fizeram parte do fundo oceânico.. A maior parte das ilhas é dominada por emissões de escoadas lávicas e materiais piroclásticos subaéreos (escórias, lapilli e cinzas), predominantemente de natureza basáltica. Os parágrafos seguintes foram elaborados, essencialmente, a partir de Serralheiro (1976).. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 38.

(39) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. O arquipélago fica situado a cerca de 2000 km a Leste do “rift” da Crista Média Atlântica, entre as isócronas dos 120 e 140 Ma, de acordo com Vacquier, 1972, citado em Serralheiro, 1976. Investigações levadas a cabo por outros autores Stiilman et.al., (1982) citados em Mota Gomes (1999), apontam para a localização do arquipélago numa região elevada do actual fundo oceânico, fazendo parte da “Crista de Cabo Verde” (“Cape Verde Rise”). Esta elevação do fundo oceânico corresponde a um domo com cerca de 400 km de largura (Lancelot et.al., 1977 citado em Mota Gomes, 1999). Segundo Stiilman et.al. (1982) citado em Mota Gomes (1999), um domo desta dimensão encontra-se possivelmente relacionado com a descompressão e fusão parcial fornecedoras dos magmas que estariam na origem das ilhas. Outros autores (Burke, K. & Wilson, J.T. 1972, citados em Serralheiro, 1976) consideram ainda que a génese das ilhas está associado a um mecanismo do tipo “hot-spot”. Investigações recentes conduzidas por um grupo de geólogos portugueses e caboverdianos, sobre as formações geológicas cabo - verdianas, evidenciam dois tipos de magmatismo (Mota Gomes 1999): - Um magmatismo “toleítico”, evidenciado na ilha do Maio pela presença de lavas em almofada, sobre as quais assentam os calcários jurássicos e cretácicos, que representam um segmento levantado da crosta oceânica (De Paepe et. al., 1974; Klerkx et De Paepe, 1976 citados em Serralheiro, 1976) - E um outro magmatismo do tipo “alcalino”subsaturado que originou os edifícios vulcânicos constituintes das ilhas. As principais sequências vulcano - estratigráficas estão representadas nas diversas ilhas e incluem essencialmente formações do tipo nefelinito, basanito e basalto olivínico, sendo as rochas. fonolíticas. e. afins. os. membros. mais. diferenciados.. Estas. rochas. são. predominantemente de idade Cenozóica. As manifestações vulcânicas mais recentes correspondem às ocorridas na Ilha do Fogo em 1951 (Ribeiro, 1954; Assunção, 1954, Mota Gomes, 1999; Torres et.al., 1995; Gaspar et.al., 1995) - citados em Mota Gomes, 1999.. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 39.

(40) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. 4.2. Geomorfologia A maioria das ilhas apresenta uma orografia cujas características dominantes correspondem à existência de cadeias montanhosas, notáveis aparelhos vulcânicos bem conservados, numerosos e extensos vales muito encaixados e profundos; são as chamadas ilhas montanhosas. As ilhas do Maio, Sal, Boa Vista e Santa Luzia, com grandes zonas aplanadas, são conhecidas por ilhas rasas. Algumas ilhas do arquipélago apresentam altitudes assinaláveis. Na ilha do Fogo, a que apresenta a maior altitude do país, o Pico do Vulcão atinge os 2829 metros. Na ilha de Santo Antão, o Topo da Coroa possui 1979 metros, na ilha de Santiago, o Pico da Antónia atinge os 1392 metros e na ilha de São Nicolau, o Monte Gordo alcança os 1304 metros. Contrastando com estas ilhas, as ilhas orientais ou rasas (Sal, Boa Vista e Maio) e a ilha de Santa Luzia, apresentam um relevo suave, com extensas áreas aplanadas como são os casos da Terra Boa na ilha do Sal, a Vila de Sal Rei na Boa Vista e as Terras Salgadas, na ilha do Maio. Na ilha do Maio, por exemplo, o ponto mais elevado é o Monte Penoso com a altitude de 436 metros. No Sal e na Boa Vista são o Monte Grande e o Monte Estância com 406 e 387 metros, respectivamente e, em Santa Luzia a altitude máxima é de 395 metros.. 4.3. Principais formações geológicas e sua estratigrafia Como já foi referido anteriormente, as ilhas do arquipélago de Cabo Verde situam-se na crista média do Atlântico. Diversas tentativas de paleo - reconstituição da Pangea foram feitas, utilizando quer técnicas de alinhamento dos arcos caledónico e hercínicono quer métodos realizados por computadores, segundo o teorema de Euler, partindo dos contornos dos taludes continentais nas isóbatas dos 1000 e dos 2000m (Hurley, 1968; Bullard et al., 1965; Rona, 1970… citados em Serralheiro, 1976).. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 40.

(41) O Petróleo e sua Eventual Ocorrência em Cabo Verde. A aproximação dos continentes de modo a que as isócranas 140 Ma coincidam com a crista média permite obter um oceano reconstruído que terá uma abertura de aproximadamente 1900 km. Nesta altura, ainda não existiam as ilhas do arquipélago, uma vez que a zona onde se situam não se formara. É a partir desta altura que começaram a depositar-se sedimentos, onde, mais tarde, se edificaram as ilhas de Cabo Verde. São estes depósitos que constituem o suporte do arquipélago e, provavelmente deverão encontrar-se em toda a plataforma de Cabo Verde. Estudos geológicos prolongados efectuados entre 1976 e 1997, permitiram estabelecer as principais unidades estratigráficas de Cabo Verde (da mais antiga para a mais recente) conforme consta na tabela 4.3. (anexo VI). •. Sedimento antigo de fácies marinha que assentam sobre o fundo oceânico. constituindo a plataforma que suporta o arquipélago. Estes sedimentos integram argilas margas do Terciário; margas e argila, calcários compactos com leitos de silexito do Jurássico Superior e do Cretácico inferior; •. Complexo Eruptivo Interno Antigo (CA) apenas de fácies terrestre de idade. Anti - Miocénica e constituído por: complexo filoniano de natureza basáltica, rochas granulares, brechas profundas, carbonatitos, fonólitos e traquitos e uma fase lávica basáltica. •. Formação Marinha Antiga com mantos lávicos, brechas e piroclastos basálticos. de idade Anti-Miocénica; •. Conglomerado -brechóide com a fácies terrestre constituída por depósitos de. enxurrada do tipo lahar e a fácies marinha constituída por conglomerados, calcários e calcarenitos fossilíferos;. Licenciatura em Geologia 2002 - 2006. 41.

Referências

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