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2009 BIAC Business Roundtable. Responding to the global economic crisis OECD s role in promoting open markets and job creation. 21 de Maio de 2009

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MINISTÉRIO DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

GABINETE DO MINISTRO DE ESTADO E DAS FINANÇAS

2009 BIAC Business Roundtable

Responding to the global economic crisis – OECD’s role in promoting open markets and job

creation   – 21 de Maio de 2009 – Intervenção do Ministro de Estado e das Finanças  Fernando Teixeira dos Santos    Exmo Senhor Secretário‐Geral da Organização para a      Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE),  Exmo Senhor Presidente da Associação Industrial Portuguesa       ‐ Confederação Empresarial,  Senhor Embaixador junto da OCDE,  Exmo Senhor Presidente do Business and Industry Advisory      Committee,  Exmos Convidados,  Minhas Senhoras e meus Senhores,   

Permitam‐me,  antes  de  mais,  que  agradeça  o  convite  para  participar nesta mesa redonda e a oportunidade para debater 

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o importante papel da OCDE em temas tão relevantes como a  criação de emprego e promoção de mercados concorrenciais.    

A  actual  situação  de  crise  económica  e  financeira  vivida  à  escala global, e em particular nos países mais desenvolvidos,  envolve  sem  dúvida,  enormes  desafios  para  o  crescimento  potencial  de  longo  prazo  e  a  própria  sustentabilidade  das  finanças públicas. 

 

Neste  contexto,  várias  organizações  internacionais  de  referência  têm  apontado  um  conjunto  de  recomendações  de  política  económica  no  sentido  de  dinamizar  a  actividade  económica  no  curto  prazo  e,  ao  mesmo  tempo,  promover  o  crescimento económico potencial. 

 

Com  estes  mesmos  objectivos,  a  OCDE,  na  sua  publicação  Going  for  Growth  deste  ano,  identifica  um  conjunto  de  medidas  de  natureza  orçamental  e  um  conjunto  de  reformas  estruturais,  que  têm  em  conta  não  só  a  consistência  das  políticas de curto prazo com os objectivos de crescimento de 

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longo  prazo,  como  também  a  própria  sustentabilidade  das  finanças públicas. 

 

Destas medidas, destaco:   

1.  O  investimento  em  infra‐estruturas  que  possa  ser 

rapidamente  iniciado  ou  que  permita  melhorar  a  qualidade  das  infra‐estruturas  já  existentes  ‐  designadamente,  ao  nível  das  escolas,  das  redes  de  transportes  e  das  tecnologias  de  informação e comunicação. 

 

2.  As  políticas  activas  no  mercado  de  trabalho,  incluindo 

programas de educação e formação profissional que facilitem  quer  a  integração  dos  jovens  quer  o  aumento  da  mobilidade  neste mercado. 

 

3.  A  reforma  da  regulação  nos  mercados  de  bens  e  serviços, 

reduzindo  as  barreiras  à  entrada  em  novos  mercados  e  dinamizando a procura. 

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4.  A  introdução  de  medidas  fiscais  que  permitam, 

simultaneamente,  aumentar  o  rendimento  disponível  das  famílias e incentivar a permanência no mercado de trabalho.   

Adicionalmente,  a  OCDE  aponta  um  conjunto  de  outras  medidas  em  áreas  consideradas  críticas,  tais  como,  (i)  o  investimento  em  inovação  ‐  tipicamente  pró‐cíclico,  mas  potenciador  de  crescimento  a  longo  prazo  ‐;  (ii)  o  investimento ecologicamente sustentável; e (iii) o fomento de  um  ambiente  de  negócios  mais  amigável  para  as  PME  ‐  promovendo  o  empreendedorismo  e  facilitando  o  acesso  ao  financiamento. 

 

A estratégia a seguir na prossecução destes objectivos deverá  assentar nos seguintes princípios: 

 

•  O  princípio  dos  três  T  –  Timely,  Targeted  and  Temporary (ou em português – tradução livre ‐ a Tempo  certo,  Tiro  certeiro  e  Temporário),  recusando  a  adopção  de  medidas  susceptíveis  de  induzir  efeitos  permanentes 

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sobre  as  finanças  públicas  ‐  já  basta  o  efeito  duradouro  sobre a dívida pública; 

 

•  O  princípio  da  transparência  –  com  o  necessário  acompanhamento e controlo das medidas; 

 

•  A  coordenação  a  nível  internacional  das  medidas  de  estímulo,  de  forma  a  promover  os  efeitos  de  spillover  numa economia globalizada; e, 

 

•  A  gestão  das  expectativas,  minimizando  os  possíveis  efeitos  de  crowding  out  induzidos  pelo  ajustamento  do  comportamento  dos  agentes  económicos  às  medidas  tomadas pelo Governo. 

 

Tudo indica que o plano português estará em linha com estes  princípios.  Com  efeito,  a  apreciação  feita  pela  Comissão  Europeia  ao  nosso  programa  anticrise  ‐  a  Iniciativa  para  o  Investimento  e  o  Emprego  ‐  considera‐o  uma  resposta  oportuna e apropriada, quer no que se refere às áreas sobre as 

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quais  incide,  quer  no  que  respeita  à  dimensão  do  esforço  orçamental envolvido. 

  

Os  mercados  financeiros  parecem  subscrever  esta  apreciação  pois  verificamos  que  os spreads praticados  para Portugal  nos  mercados  de  dívida  são  agora  mais  baixos  do  que  os  de  outros  países  com  melhor  rating  (p.  ex.,  Itália,  Irlanda,  Áustria, Espanha e Reino Unido). 

 

Mais  concretamente,  e  face  às  recomendações  estabelecidas  pela OCDE: 

 

1.  O  Governo  português  optou  por  apostar  no  investimento 

público  em  infra‐estruturas,  melhorando  o  Parque  Escolar  e  promovendo  uma  maior  autonomia  e  eficiência  energética  dos edifícios públicos.  

 

Optou,  também,  por  incentivar  o  investimento  privado  em  melhores  tecnologias  de  informação  e  comunicação  e  em 

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redes  inteligentes  de  energia  e  por  reforçar  a  capacidade  de  financiamento das empresas, em particular das PME. 

 

2. Relativamente às políticas activas do mercado de trabalho, 

o Governo procurou  

(a)  apoiar  a  manutenção  do  emprego  através  da  redução  da  taxa  social  única  (TSU)  a  cargo  do  empregador  em  micro  e  pequenas  empresas  e  de  programas  de  qualificação  de  activos  em  empresas  com  redução  acentuada da actividade;  

(b)  apoiar  os  jovens  no  acesso  ao  emprego,  promovendo  estágios profissionais, apoios directos à contratação; 

(c)  apoiar  o  regresso  ao  emprego  de  desempregados  de  longa  duração,  integrando‐os  em  instituições  que 

desenvolvam  actividades  socialmente  úteis  e 

promovendo directamente a sua contratação.    

3.  Cientes  da  importância  de  evitar  medidas  proteccionistas, 

que se vieram a revelar totalmente contraproducentes na crise  dos  anos  30,  também  aqui  temos  vindo  a  seguir  as 

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recomendações  da  OCDE,  incentivando  a  promoção  externa  do País, desenvolvendo iniciativas que permitam às empresas  ter acesso a mercados emergentes [e apoiando os mecanismos  de  seguro  de  crédito  à  exportação].  De  salientar  que,  de  acordo com o índice de competitividade ontem divulgado no  World  Competitiveness  Yearbook  de  2009,  da  responsabilidade  do  Institute  for  Mangement  Development,  Portugal  subiu  três  lugares no ranking que mede a competitividade dos países a  nível mundial. O nosso país ocupa este ano o 34.º lugar numa  lista  de  57  países  e  o  16º  entre  os  24  países  da  UE  considerados no ranking. 

 

4. No âmbito das medidas de natureza fiscal, o Governo tem 

procurado  reforçar  a  liquidez  das  empresas,  acelerando  os  reembolsos,  através  da  maior  eficiência  da  máquina  fiscal,  e  reduzindo o pagamento especial por conta. 

 

Porém, dado o impacto das medidas de estímulo à economia  no  saldo  orçamental,  não  se  considera  adequada  a  redução  generalizada  de  impostos,  optando  antes  por  transferências 

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direccionadas  para  as  famílias  mais  carenciadas  e  afectadas  pela  crise,  reforçando  o  seu  rendimento  disponível.  O  processo  de  consolidação  orçamental  deverá  ser  retomado  logo  que  possível  e,  é  mais  fácil,  amanhã,  terminar  despesas 

transitórias  do  que  aumentar  impostos  entretanto 

diminuídos.  Ninguém  acreditaria  hoje  na  sustentabilidade  dessas  reduções  de  impostos,  pelo  que  os  seus  efeitos  estariam à partida comprometidos. 

 

Até porque a política orçamental, quando efectuada pelo lado  da  despesa,  tende  a  ser  mais  eficaz  no  combate  à  crise,  mais  rápida  na  produção  dos  seus  efeitos,  do  que  quando  efectuada pelo lado da receita. O estudo da OECD, “Strategic  response  to  the  financial  and  economic  crisis”,  evidencia  isso  mesmo,  ao  demonstrar  que  os  multiplicadores  do  lado  da  despesa tendem a ser superiores. De facto, no actual contexto  de  incerteza,  é  de  esperar  que  a  redução  dos  impostos  directos  tenda  a  aumentar  a  poupança  e  não  a  procura,  reduzindo o valor do multiplicador.  

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Minhas Senhoras e Meus Senhores,   

As  medidas  a  tomar  devem  não  só  recair  sobre  a  economia  real,  mas  também  sobre  o  próprio  sistema  financeiro,  permitindo, por um lado, restabelecer a confiança e o normal  funcionamento  do  sistema  de  crédito  e,  por  outro  lado,  corrigir as falhas que estiveram na base da actual crise. 

 

Uma  vez  mais,  as  recomendações  da  OCDE  são  claras,  incidindo  não  apenas  na  necessidade  de  aumentar  a  transparência do sector financeiro, melhorar a gestão do risco,  aperfeiçoar  as  estruturas  de  incentivos  e  assegurar  a  recapitalização  do  sistema  bancário,  mas  também  na  promoção  da  concorrência  e  na  definição  de  estratégias  de  saída. 

 

Devemos,  de  facto,  ter  presente  que  esta  crise  económica  e  financeira,  para  além  de  problemas  de  curto  prazo,  cria  desafios  adicionais  para  a  sustentabilidade  financeira  de  longo  prazo.  Este  é  precisamente  um  dos  domínios  onde 

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devemos  desenvolver  respostas  claras  no  contexto  de  uma  estratégia  de  saída  da  crise,  não  só  por  parte  do  sector  público,  mas  também  por  parte  das  empresas  nacionais.  Também  estas  devem  procurar  regressar  a  uma  situação  financeiramente  sustentável,  afastando  a  dependência  das  ajudas do Estado e do endividamento excessivo.  

 

Da parte do Estado exige‐se a diminuição a prazo do peso da  dívida  pública  no  PIB,  acima  de  tudo  através  da  redução  do  défice  orçamental  para  um  nível  próximo  do  equilíbrio,  mas  também  através  da  aposta  no  reforço  da  qualidade  das  finanças  públicas,  redireccionando  a  despesa  pública  para  áreas  e  projectos  susceptíveis  de  maximizar  o  crescimento  potencial  da  nossa  economia.  Para  a  correcção  do  défice,  contaremos  com  certeza  com  os  impactos  positivos  que  as  reformas  estruturais  na  Segurança  Social,  na  Administração  Pública, na Saúde e Educação, terão na contenção da despesa.   

Ainda no que diz respeito à saída da crise, não nos podemos  esquecer  a  forma  como  nela  entrámos  e  as  consequências 

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graves  que  daí  decorreram.  Em  particular,  há  que  ter  em  conta as falhas de regulação e supervisão financeiras, a nível  global,  que  terão  estado  na  base  do  surgimento  da  actual  crise. 

 

Num  contexto  de  elevada  integração  dos  mercados  financeiros  ‐  que  as  medidas  de  resposta  à  crise  não  devem  pôr  em  causa  ‐  importa  agora  garantir  reformas  decisivas  neste  domínio  que  nos  permitam  sair  da  crise  com  um  sistema  financeiro  mais  robusto,  melhor  regulado  e  melhor  supervisionado. 

 

O  sentido  de  urgência  que  os  desafios  do  curto  prazo  implicam  e  a  possibilidade  de  estarmos  eventualmente  a  atingir  um  ponto  de  viragem  na  conjuntura  económica,  não  podem  pôr  em  causa,  pelo  contrário,  devem  encorajar‐nos  a  reforçar  o  nosso  enfoque  no  objectivo  último  de  crescimento  económico sustentável e nas reformas que tal implica.  

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Será  exactamente  sobre  este  tema  que  esta  mesa  redonda  irá  reflectir  e  desejo,  por  isso,  a  todos  os  participantes  uma  discussão  frutífera  e  que  se  venha  a  traduzir  em  resultados  concretos. 

 

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