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A construção de um espaço artístico extracurricular dentro da escola pública

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Academic year: 2021

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A construção de um espaço artístico extracurricular dentro da

escola pública

Uma proposta pedagógica de ensino de artes visuais no PIBID

Naila Pommé Ferreira da Silva1

Resumo

Este artigo tem como finalidade registrar a experiência em sala de aula, ministrando Oficinas Extracurriculares de Artes Visuais, para jovens de 11 a 16 anos, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Celso Leite Ribeiro Filho, localizada na região central de São Paulo, em 2014. Por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência e como resultado de pesquisa, propôs-se a criação de Espaços Artísticos Extracurriculares, dentro das escolas públicas, a fim de gerar espaço de aplicação das teorias estudadas e beneficiar, simultaneamente, as escolas públicas do país e a formação dos novos professores.

Palavras-chave

Currículo Escolar. Escolas Públicas. Ensino de Artes. Oficinas Extracurriculares. PIBID.

Introdução

O projeto de Oficinas Extracurriculares de Artes Visuais na Escola Pública é fruto do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) que, por meio de parceria entre instituições de ensino superior e escolas de educação básica da rede pública, proporciona a inserção de estudantes de cursos de licenciatura na realidade da escola pública, sob a orientação de um professor da escola onde estagia e um docente da instituição onde estuda.

A Faculdade Paulista de Artes, situada no bairro da Bela Vista, região central da cidade de São Paulo, associou-se ao programa em 2014 e disponibilizou vagas para dez bolsistas. Os alunos selecionados

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desenvolveram projetos ministrados na Escola Municipal de Ensino Fundamental Celso Leite Ribeiro Filho, localizada na mesma região.

O resultado dessa iniciativa foram Oficinas Extracurriculares, nas áreas de artes visuais, música, teatro e dança. As atividades foram divulgadas em sala de aula, e os alunos inscreveram-se de acordo com seus interesses.

A construção de um espaço dentro da escola

As aulas ocorreram em um espaço conhecido como a antiga moradia do caseiro da escola, que consiste em duas pequenas salas, separadas por um banheiro. O local era utilizado como depósito, até o início do projeto. No começo estava muito sujo e completamente ocupado por mantimentos da escola. Com o tempo pudemos limpar e organizar melhor.

Atualmente temos quatro mesas, com seis cadeiras cada, uma mesa de materiais, uma mesa destinada ao professor e um mural de referências e exposição. Ainda restam algumas caixas de uniformes e material escolar ocupando a segunda sala e planejamos adquirir uma lousa escolar para o espaço.

Há a intenção de ocupar essa segunda sala, assim que possível, expandindo o espaço, para que seja possível desenvolver mais atividades no futuro.

A escola mostrou-se receptiva ao disponibilizar o local para as oficinas, entretanto demonstra pouco interesse em saber o que tem sido trabalhado em sala. Se por um lado esse é um ponto negativo, por outro gera também ambiente de intensa autonomia para o bolsista, como professor, facilitando a aplicação de teorias e o desenvolvimento de diversas atividades. Desse modo, o projeto desenvolve-se em campo fértil para pesquisa em educação.

O professor que acompanha e auxilia o projeto na escola leciona as aulas de artes e informática. É um funcionário extremamente presente na escola e mantém postura muito aberta e produtiva diante da parceria. Sua participação dessa forma é fundamental, pois proporciona o bom vínculo entre os bolsistas e a instituição e traz mais possibilidades de atuação e criação, dentro da proposta.

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Planejamento

As Oficinas de Artes Visuais, para o primeiro ano de parceria, foram planejadas para estudar dois assuntos: Gravura e Máscara.

Para o primeiro semestre foram planejadas oficinas de gravura. O curso pretendia proporcionar aos alunos, por meio da gravura e da pesquisa da arte popular brasileira, a experimentação de materiais e técnicas diversas, a construção de texturas, a exploração de novas formas de representação e com isso o desenvolvimento da identidade artística criadora de cada um. Ao final do processo, como resultado, cada aluno produziu um livro de gravuras, no qual ilustraram uma música de sua escolha, por meio de imagens e texturas construídas.

No segundo semestre, o planejamento para as oficinas de máscaras deu continuidade a esse processo de desenvolvimento artístico individual, por meio de estudo e construção de máscaras, além de explorar a reutilização de materiais e promover discussões sobre sustentabilidade.

O projeto escrito serviu como base, mas somente em sala de aula foi possível verificar a aplicabilidade das propostas e a partir dessa experiência, fazer mudanças e adaptações. Ao longo do ano foram feitas diversas reuniões, com o intuito de adequar as propostas à realidade dos alunos e espaço em questão.

A demora na liberação da verba para aquisição de materiais, dificultou o andamento das aulas, porém a forma como se solucionou esse problema foi muito interessante, pois a falta de materiais resultou na busca por soluções alternativas, como materiais reutilizados, improvisos e a participação da escola, com algum material eventualmente.

Relação professor/aluno

O curso, por ser extracurricular, com inscrições voluntárias, mantém relação muito positiva com os alunos. Há muito interesse por parte desses jovens em estar ali. Eles estão curiosos, têm expectativas e anseiam por algo novo. É o primeiro ano de parceria entre a faculdade e a escola, por meio do PIBID e esse fato aumenta de forma significativa o interesse.

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Os alunos chegam ansiosos e esperam por algo diferente do que estão acostumados a receber diariamente. De alguma forma encontram-se abertos a novas propostas e diferentes tipos de aula. O espaço novo, dentro da escola, também é bastante atrativo.

A procura pelo curso Oficina Extracurricular de Gravura, no início, do ano foi significativa, porém apenas um pequeno número de alunos, que variava entre quatro e oito, frequentou as aulas até o final do semestre.

No segundo semestre, o curso Oficinas Extracurriculares de Máscaras, que ocorrerá até o final do segundo semestre de 2014, conta com um grande número de inscritos, obteve uma pequena baixa, e permanece com uma turma regular de cerca de vinte alunos.

Os inscritos chegam bastante abertos e interessados, postura que declina conforme a aula aparentemente se torna repetitiva, enquanto suas expectativas por novidades permanecem iguais.

Um fator que também se mostrou limitante para o bom desenvolvimento do projeto foi a postura já naturalizada do aluno, diante da aula de artes (do currículo escolar), presente em muitos momentos nas Oficinas. O aluno não se compromete com a proposta, sente-se à vontade para fazer qualquer outra atividade com tema, material e linguagem livres. Essa foi uma das situações mais complexas com a qual deparamos: a dificuldade de vencer uma postura fortemente estabelecida e reforçada de tantas maneiras no espaço escolar.

Outro grande desafio em sala foi lidar com a postura insegura dos alunos. São constantes os comentários sobre a incapacidade de executar as

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propostas, o sentimento de inferioridade e a constante comparação entre os próprios trabalhos e os dos demais alunos. Em vários momentos um ou outro aluno trava diante da proposta e denomina-se incapaz de executá-la. Nesse sentido foram feitos vários tipos de abordagem, mas nenhuma com sucesso efetivo.

O elogio ao trabalho desenvolvido por um aluno, como forma de reforço da autoestima, gerou a mesma insegurança, nos demais. A fala firme, acompanhada do questionamento sobre o motivo de tal sentimento, culminou, em muitos casos, na desistência ou queda da frequência do aluno. Uma atenção mais intensa com mais participação no processo criativo do aluno em questão, causou o acomodamento.

Apesar da postura pouco confiante dos alunos, o resultado dos dois cursos foi surpreendente. Tanto os livros de gravuras, quanto a exposição de máscaras são expressões genuínas do que querem dizer cada um daqueles indivíduos em formação. Todos eles, sem exceção, vivenciaram processo único de criação e obtiveram aprendizados significativos.

Considerações finais

A forma como se desenvolveu o projeto de Oficinas Extracurriculares de Artes Visuais, na escola municipal em questão, mostrou grande potencial para o desenvolvimento tanto de mudanças na relação com as artes, dentro do ambiente escolar, quanto no enriquecimento da formação de novos professores para o país, inseridos na realidade da escola pública, desde o início de sua formação, como propõe o PIBID.

O espaço cedido proporcionou vivência distinta, por não ser uma sala de aula convencional, por ser inexistente. A construção foi parte do processo, feito de maneira a atender às novas formas de pensar a arte e a educação, presentes no licenciando, ainda em formação.

Dessa maneira, o PIBID pode se tornar ferramenta primordial para reconstrução da educação artística nas escolas do país.

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Referências Bibliográficas

BARBOSA, A. M. Arte-Educação no Brasil: Realidade hoje e expectativas futuras. Estudos Avançados. V. 3 N. 7. São Paulo: USP, 1989.

OSTROWER, F. Criatividade e Processos de Criação. Petrópolis: Vozes, 2013.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática

Referências

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