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ENSINO DA ARTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: FORMAÇÃO DE
CIDADÃOS VISANDO A SUSTENTABILIDADE
Elaine Barbosa da Silva Xavier Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco - Mestranda Neuma Kelly Vitorino da Silva Orientadora: Profª Dra. Niédja Maria Galvão Araújo e Oliveira Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco - Mestranda Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco- Professora Títular venezalegal@yahoo.com.br
Introdução
Na sociedade em que vivemos a educação ambiental apresenta-se como um meio de harmonização do homem com o meio ambiente. Desta forma, pode ser compartilhada com a idéia de alguns autores quando afirmam que a educação ambiental necessita do empenho dos educadores para a elaboração de metodologias próprias e sua efetiva aplicação nos ambientes educacionais.
As práticas pedagógicas necessitam ser reavaliadas e reinventadas, assim como as atitudes e valores em relação ao meio ambiente, tendo em vista toda a mudança e complexidade do mundo atual. Contudo, para que haja uma evolução na maneira de pensar e agir, são necessárias mudanças também na maneira de educar, levando-nos à defesa de uma educação que estimule a reflexão e o exercício da cidadania.
Para que essas mudanças ocorram, é importante que o educador assuma uma nova postura e compreenda que deve trabalhar com o educando materializando qualidades para pensar e, posteriormente pensar o individual e o coletivo no meio em que viva e assim, conscientes dos problemas, os membros da sociedade poderão repensar mudanças na tentativa de um compromisso com os maiores valores éticos.
O trabalho tem como objetivo: apresentar o ensino da Arte e da Educação Ambiental como caminho para formação de cidadãos críticos e comprometidos com um futuro sustentável.
2 A pesquisa tem como foco as relações existentes entre arte, educação ambiental, sustentabilidade e a importância da interdisciplinaridade nessa nova maneira de educar.
Tendo como norte a idéia de que a arte é um forte instrumento de conscientização, em vista a reflexão e a possibilidade de adoção de novos pensamentos e atitudes do educando em relação ao meio ambiente.
Através da arte as pessoas se tornam mais sensíveis, mais atentas às formas de vida. Além disso, a arte apresenta-se como um objeto de aprendizagem que proporciona a sensibilização através do estudo, da descoberta, da interpretação e da admiração de todas as formas de vida justificando também através de seu entorno. A proposta é que a arte funcione como uma ponte entre os diversos campos do saber e leve à prática da interdisciplinaridade, mitigando o ensino compartimentado.
A proposta do estudo da interdisciplinaridade vislumbrada, nesta pesquisa, proveniente da necessidade de se entender o todo para compreensão das partes, voltada de uma visão mais holística do mundo, sendo o meio ambiente um sistema cíclico e harmônico, em que o homem é mais uma peça desta grande engrenagem.
Necessário se faz que os educadores possam realizar princípios de coerência consistentes, além do poder de reflexão que o homem dispõe, preparando a sociedade através do uso sustentável dos recursos do planeta.
Referencial Teórico
“A educação não pode permanecer alheia às novas condições de seu entorno, que exigem dela respostas inovadoras e criativas que permitam formar efetivamente o cidadão crítico, reflexivo e participativo, apto para a tomada de decisões, que sejam condizentes com a consolidação de democracias verdadeiras e sem exclusão da maioria de seus membros.” (Medina & Santos, 1999:12)
Com a publicação do relatório “Nosso Futuro Comum”, produzido através da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987, trazendo à tona a necessidade de reflexão sobre o impacto crescente do homem sobre o planeta e a necessidade de garantir a sobrevivência da sociedade atual e futura. Com o referido relatório surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável.
Neste trabalho, dentre todos os problemas que dificultam a disseminação do conceito e da cultura da sustentabilidade, sob a ótica do Relatório de Brundtland, vamos dar ênfase aos
3 problemas ambientais vivenciados que exigem da sociedade a adoção de uma nova postura para a manutenção do planeta e de sua diversidade.
Precisa-se mudar a maneira da sociedade ler o planeta, justificado pelo educador ter a difícil missão de transformar o pensamento e fazer nascer no educando o compromisso com o meio ambiente através das mudanças de hábitos e da conscientização.
Considerando as idéias de Paulo Freire (1981), em sua afirmação que o homem é um ser inacabado, em constante busca e por isso tem necessidade de educação de “ser mais”, ele apresenta-se como o sujeito da educação e não objeto. Para o autor, a educação tem caráter permanente e daí a justificativa do homem encontra-se sempre num processo de educação e na constante da construção do saber.
Levando em consideração o caráter permanente da educação e a necessidade de ampliar as percepções humanas, pode-se defender as habilidades ser disseminadas na escola através do estudo da arte, pois através dela se constrói um “caminho de conhecimento, conscientização,
desenvolvimento das potencialidades do individuo e conseqüente humanização da vida”
(SPONTON, 2005). Tem-se o pleito na humanização do ser humano, e conseqüentemente o compromisso com as futuras gerações, por isso, mais uma vez ratificada com Sponton (2005) quando ela afirma que a “arte é um elo entre nossos antepassados”, sendo assim pode-se aprender com eles, e não repetir seus erros.
É urgente a necessidade da arte como disciplina, que atue em diferentes áreas da sociedade brasileira e que “leve os educandos a um processo de observação, compreensão, busca
e construção de novos saberes, articulando a expressão, imaginação, emoção, sensibilidade e reflexão” (SPONTON, 2005).
O que se deseja com o ensino da arte é a sensibilização e a conscientização da sociedade, para isso necessário se faz atribuições de “militantes” para divulgar a necessidade de proteção do planeta e de redução dos impactos ambientais negativos. É necessário que a sociedade perceba a urgência em buscar soluções que tornem possível harmonizar a natureza com o crescimento (econômico e populacional) do planeta. Reafirmando, Sponton (2005), é citado quando externa que “a arte representa um espaço aberto e significativo no exercício da cidadania, do respeito a
si e ao outro, da alteridade”.
Outro ponto relevante é a necessidade de mudar a maneira de educar, romper os paradigmas e trazer a tona uma nova “ordem mundial, menos fragmentária, menos hierárquica”
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(PERALTA, 2002), que respeite a individualidade, mas que apresente as diversas óticas. Não
podendo ser apenas especialistas, precisa-se ser generalistas, necessitando de um aprendizado “auto-construído em que não haja hierarquia entre sujeitos e objetos, entre observadores e
observados, entre seres humanos e natureza” (PERALTA 2002).
Necessário se faz a defesa da educação onde “os conhecimentos científicos, artísticos,
culturais, religiosos e ecológicos entrelacem-se, de acordo com a pertinência e o aprofundamento de cada temática” (PERALTA, 2002), cujo deverá ser o fim da educação conteudista, onde a única preocupação é a exposição do conteúdo. Mais uma vez pode-se afirmar
na coerência de uma educação interdisciplinar, onde os assuntos se complementem e levem o educando a uma melhor compreensão do mundo em que vive.
Metodologia
A metodologia utilizada foi à qualitativa de caráter bibliográfico acerca da arte-educação, da educação ambiental e da interdisciplinaridade através da análise de conteúdo.
Foi feito a análise do projeto “Resgatar o Rio Pajeú, dever de todos”, desenvolvido no município de Afogados da Ingazeira-PE com alunos de uma escola publica do município. Neste projeto foi aplicado a técnica da educação ambiental através da arte para sensibilização dos educando e da comunidade local.
A abordagem qualitativa e a análise de conteúdo foram escolhidas por estarem relacionadas à análise e descrição detalhada de situações, eventos, citações literais, trechos ou íntegras de documentos, correspondências, atas ou relatórios de casos.
Considerações Finais
Após a pesquisa e detalhamento descrito no decorrer do presente artigo, é possível afirmar que a Educação ambiental e a arte possuem pontos em comum, tendo em vista a importância dada ao desenvolvimento da criatividade e da sensibilidade humana, que resulta numa percepção mais aguçada do mundo.
5 A arte e a educação ambiental objetivam a sensibilização da sociedade para com os problemas que o planeta enfrenta na atualidade. Elas desejam formar cidadãos éticos e comprometidos com as próximas gerações.
Paulo Freire (1979:106) defende a idéia de que“toda compreensão de algo corresponde,
cedo ou tarde a uma ação” então se compreendemos que ação é reação, a educação pode gerar o
fruto da conscientização futuramente, pois “conhecer é interferir na realidade conhecida”. A necessidade do homem se enxergar como parte do meio e não como seu dono é premente, conforme citado por Paulo Freire (1981 ) “ não somente está no mundo, mas também
está com ele”. A pedagogia freireana com sua proposta inovadora de conscientização traz uma
importante contribuição para a prática da educação ambiental.
Pode-se, entretanto reafirmar a visão de uma educação construtivista, que integre as artes e a educação ambiental em todas as áreas do saber, seja possível fazer uma revolução na maneira de educar, transformando as pessoas, sensibilizando-as para os problemas globais e assim, como ressalta Peralta (2002), “resgatar o humano em cada sujeito”.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. 12º Edição. Disponivél no site: http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/principal.jsp. Acesso: 07/junho/2008
MEDINA, Naná Minini & SANTOS, Elizabeth da Conceição. Educação ambiental: uma
metodologia participativa de formação. Petropolis: RJ: Vozes, 1999
PERALTA, C. H. G. Experimentos educacionais: eventos heurísticos transdisciplinares em
educação ambiental. In: RUSCHEINSKY, A. (Org.). Educação ambiental: abordagens
múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
SPONTON, Maria helena da Cruz. Arte: Espaço de investigação, construção e humanização. In: PHILIPPI JR, Arlindo Pelicioni. Educação ambiental e sustentabilidade. Barueri, São Paulo: Editora Manole, 2005