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PLANMOB SALVADOR: UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA DE PLANEJAMENTO DA MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL.

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FRANCISCO ULISSES SANTOS ROCHA

SECRETARIA MUNICIPAL DE MOBILIDADE - SEMOB chicoulisses@gmail.com

PLANMOB SALVADOR: UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA DE PLANEJAMENTO

DA MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL.

EDUARDO PARANHOS SARMENTO LEITE SECRETARIA MUNICIPAL DE MOBILIDADE - SEMOB eduardopsleite@gmail.com 1047

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CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO URBANO,

REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2018)

Cidades e Territórios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios

Coimbra – Portugal, 24, 25 e 26 de outubro de 2018

PLANMOB SALVADOR: UMA EXPERIÊNCIA INOVADORA DE PLANEJAMENTO DA MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL.

F. U. S. Rocha, E. P. S. Leite

RESUMO

Salvador, capital do Estado da Bahia, é a quarta cidade do Brasil em população, com cerca de 3 milhões de habitantes, e que apresenta uma das situações mais críticas e desafiadoras de mobilidade urbana do país. Essa condição, aliada a exigência da Lei de Mobilidade Urbana para que os municípios acima de 20.000 habitantes elaborem seu Plano de Mobilidade, determinaram a realização do PlanMob Salvador. O objetivo desse trabalho é apresentar o PlanMob Salvador - Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Salvador, onde se destacam como inovações, além do seu conteúdo e processo metodológico, a ampla participação social na sua elaboração. Pretende-se que as estratégias, diretrizes e propostas nele contidas contribuam para alterar, significativamente, a desigualdade socioespacial existente na cidade, dentro de um cenário otimista de desenvolvimento urbano, ambiental e social, a médio e longo prazos.

1 INTRODUÇÃO

A elaboração do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Salvador – PlanMob Salvador tornou-se necessária, primeiramente, do ponto de vista legal, para atender as determinações da Lei Federal nº 12.587/12, Lei da Mobilidade Urbana, que trata da Política Nacional de Mobilidade Urbana - PNMU. Em segundo lugar, do ponto de vista das necessidades e desafios da mobilidade na capital baiana. A cidade de Salvador, além de apresentar uma das situações mais desafiantes da mobilidade no país, e com tendência de agravamento, vem passando por grandes transformações na área, decorrentes de mudanças estruturais, que estão em curso ou planejadas, destacando-se, dentre outras, a Concorrência para a Concessão do Sistema de Transporte Coletivo por Ônibus – STCO e a Reestruturação das Linhas de Ônibus visando a integração com o Sistema Metroviário recém-implantado, além da realização do Projeto do BRT Lapa-Iguatemi, em fase inicial de implantação das obras de infraestrutura.

O PlanMob Salvador, buscou responder a esses desafios, na medida em que desenvolveu propostas de políticas e ações para os sistemas viário e de transporte de Salvador em suas diversas modalidades, especialmente, aquelas relacionadas aos pedestres e ciclistas, colocando cada modo na função mais adequada às suas características e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do município.

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O PlanMob Salvador foi desenvolvido a partir de uma abordagem focada nas pessoas e na melhoria da qualidade ambiental urbana, embasado numa política para a mobilidade sustentável e contou com uma ampla participação social através de espaços de diálogo e de compromisso recíproco, que abrangeram 27 (vinte e sete) escutas setoriais, 01 (uma) Reunião do Conselho Municipal de Transporte, 02 (dois) Workshops de Especialistas, 10 (dez) Oficinas Participativas com as Comunidades nas sedes das Prefeituras-Bairro da cidade, 06 (seis) debates com instituições acadêmicas e 03 (três) Audiências Públicas para consolidação do Diagnóstico, Diretrizes e Propostas do Plano.

Além da ampla participação social na construção do Plano, podem ser destacadas como contribuições relevantes do PlanMob Salvador: a atualização da base dados da mobilidade de Salvador, através de pesquisas complementares, que atualizaram a matriz de viagens da Pesquisa OD/2012 para o ano de 2017; a consolidação do acervo de planos, estudos e projetos existentes de 1975 a 2017, na área de transportes de Salvador e Região; a proposta de rede única multimodal e integrada de transporte para Salvador, através da integração dos diversos modais rodoviários, ferroviários, hidroviários, não-motorizados e verticais da cidade.

2 ARCABOUÇO LEGAL

O PlanMob Salvador foi elaborado à luz dos princípios, diretrizes e objetivos que orientaram a Lei Federal nº 12.587/12, Lei da Mobilidade Urbana (2012), que instituiu a Política Nacional de Mobilidade Urbana – PNMU, destacando-se a integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do Município. Considerou, além dos requisitos da PNMU, as leis municipais n° 9069/2016 que trata do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador - PDDU (2016); a Lei n° 9.148 /2016 de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo - LOUOS (2016) que dispõe sobre o ordenamento urbano do Município de Salvador e, finalmente, a Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, denominada Estatuto da Cidade (2004). O PlanMob Salvador foi conduzido a partir das seguintes estratégias básicas:

• Usar como referência para o planejamento da mobilidade, todo o arcabouço municipal vigente de planejamento do desenvolvimento urbano, de uso e ocupação do território e de visão do futuro da cidade de Salvador.

• Estabelecer como princípio metodológico em seu detalhamento, a participação da sociedade na definição das principais diretrizes de desenvolvimento da mobilidade urbana.

• Organizar e atualizar a ampla base de dados e de informações sobre mobilidade existente, decorrente dos processos históricos de planejamento da mobilidade em Salvador, a partir de 1975.

• Utilizar instrumentos de apoio ao planejamento que configurassem as melhores práticas.

3. FASEAMENTO

O Plano foi elaborado adotando a metodologia clássica do planejamento que contempla as fases de coleta e organização de bases de informação, o diagnóstico da situação atual, o prognóstico do setor de mobilidade, a proposição e avaliação de alternativas de intervenções, seleção das propostas a serem adotadas e explicitação do plano de

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intervenções. O PlanMob Salvador foi estruturado de acordo com as seguintes fases de desenvolvimento:

Fase 1 - Mobilização e Plano de Comunicação Social

A fase incorpora atividades associadas ao planejamento da comunicação social.Teve por objetivo proporcionar a oportunidade de um planejamento executivo das atividades a partir do plano de trabalho e o estabelecimento dos aspectos referenciais que marcariam a execução de várias atividades ao longo dos estudos, como é o caso das questões afetas ao relacionamento com especialistas e com a Sociedade.

Fase 2 - Pré-diagnóstico

Fase dedicada à realização da identificação e avaliação prévia dos problemas de mobilidade e dos sistemas de transporte e de circulação na cidade a partir da visão dos profissionais das administrações pública e privada relacionados com o planejamento urbano e transportes, bem como de agentes da Sociedade Civil organizada. O objetivo foi compor uma “leitura” dos problemas antes de uma abordagem técnica a ser empreendida no curso das fases subsequentes.

Fase 3 - Base de Dados

Fase dedicada à obtenção de informações sobre aspectos de demanda, infraestrutura e oferta de serviços, bem como, de dados urbanos, institucionais e de legislação; o seu tratamento e interpretação; a realização de levantamento de dados primários; e a discussão com profissionais, especialistas nas áreas de mobilidade e urbanismo.

Fase 4 - Instrumentalização da Modelagem do Planejamento de Transporte

Realização das atividades de natureza quantitativa (matemática, em grande parte) com a finalidade de desenvolver um modelo de análise da mobilidade da população e do uso das infraestruturas e serviços, e sua aplicação na avaliação do futuro da cidade à luz de cenários evolutivos urbanos, que refletisse em novos padrões de viagens no território. As etapas nessa Fase foram: tratamento das bases georreferenciadas e do modelo de simulação de rede; preparação do modelo de transporte; análise de indicadores da situação atual; desenvolvimento dos cenários urbanos; desenvolvimento das análises de prognóstico. Fase 5 – Diagnóstico

Nessa Fase foram consolidadas as análises de várias atividades anteriores, compondo uma leitura global a título de diagnóstico, dos problemas de mobilidade de Salvador, isto é, reunindo as informações do Pré-diagnóstico, dos dados secundários levantados, do workshop com especialistas e das análises matemáticas do modelo de simulação. Incluiu, ainda, a realização de uma audiência pública onde foram apresentadas as conclusões desta avaliação para a discussão com a Sociedade. Além dessas atividades, foram realizadas 10 Oficinas Participativas nas sedes das Prefeituras-Bairro, visando ampliar a participação do cidadão no processo de elaboração do Plano. Estas oficinas objetivaram colher a opinião de moradores e lideranças comunitárias, sobre problemas e possíveis soluções no intuito de traçar um panorama, por região da cidade, considerando as peculiaridades locais para a elaboração do PlanMob.

Fase 6 - Definição das Diretrizes

Fase dedicada à discussão das diretrizes para a condução da política urbana de mobilidade em Salvador, baseada nas análises realizadas nas leituras anteriores, consolidadas no diagnóstico. A partir dos elementos obtidos foram concebidas diretrizes nos vários

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domínios da questão da mobilidade e das políticas urbanas que se refletem na geração e distribuição de viagens no território. Estabeleceu-se um alinhamento de diretrizes com base nas discussões com especialistas locais e gestores públicos, a partir da análise do quadro atual e de quadros de referência de outras localidades.

Fase 7 - Desenvolvimento de Propostas

Fase dedicada à elaboração efetiva das propostas que compoem o PlanMob Salvador, expressa nas propostas de ordem geral, conforme relacionado no Termo de Referência, e as específicas nos campos da circulação de pedestres, circulação de bicicletas, circulação veicular, serviço de transporte coletivo, circulação de veículos de carga e operações logísticas, segurança viária, entre outros temas. Nesta fase foram realizadas, também, simulações dos reflexos de algumas propostas de maior porte, no campo da infraestrutura e da rede estrutural de transporte coletivo no horizonte do estudo, como ainda simulações dos reflexos na divisão modal de variáveis que compõem o custo generalizado. Ao final, realizou-se a discussão pública destas propostas, com a coleta de impressões e observações que deverão integrar a versão final do plano, objeto da fase subsequente.

Fase 8 - Finalização do PlanMob Salvador

Fase organizada em quatro etapas que contemplou a conclusão dos trabalhos. Nela, foram realizados ajustes nas propostas formuladas a partir das observações da audiência pública; promovido um orçamento básico das intervenções e realizado uma seleção de propostas com base no modelo de avaliação desenvolvido. Findo o desenvolvimento do conteúdo do Plano, foi realizada uma audiência pública para a exposição da forma final do Plano de Mobilidade.

4. PARTICIPAÇÃO SOCIAL NA ELABORAÇÃO DO PLANMOB SALVADOR 4.1 Plano de Comunicação e Participação Social

O PlanMob Salvador foi elaborado tendo como princípio básico a efetiva participação da sociedade que foi determinante para a definição das diretrizes de planejamento da mobilidade de Salvador. O processo de participação de segmentos da sociedade com seus diversos graus de organização e mobilização tornou-se um elemento fundamental na busca da construção de um acordo entre todos os agentes sociais, econômicos e políticos da cidade. Dessa forma, cada setor teve possibilidade de mostrar e defender seus interesses específicos, mas também de contribuir na formulação de propostas e acatar as decisões orientadas pelo interesse público mais abrangente. O Plano de Comunicação e Participação Social elaborado para o PlanMob Salvador estabeleceu uma metodologia de interação entre especialistas e segmentos da sociedade com o objetivo de definir as diretrizes e a programação para a condução dos processos de divulgação e discussão pública do Plano de Mobilidade. Tais atividades visaram coletar e sistematizar as avaliações e sugestões da população e de segmentos organizados sobre questões da mobilidade no município.

O Plano de Comunicação e Participação Social incluiu a realização de Reuniões de Escutas Setoriais, Reunião com o Conselho Municipal de Transporte, Workshops com Especialistas, Audiências Públicas, Oficinas de Trabalho nas Prefeituras-Bairro, Debates em Universidades, além da construção de um site interativo que serviu de base para a condução do processo de comunicação com a sociedade em geral, na elaboração do PlanMob Salvador. O site interativo www.planmob.salvador.ba.gov.br permitiu disponibilizar toda a documentação técnica produzida ao longo do processo, além de

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fornecer informações sobre o desenvolvimento do PlanMob Salvador. O Plano de Comunicação e Participação Social do PlanMob Salvador foi orientado pelos seguintes objetivos:

• Apresentar orientações para as ações de divulgação dos trabalhos de desenvolvimento do Plano de Mobilidade de Salvador e dos eventos de discussão social.

• Definir uma linha de discurso sobre o tema da mobilidade em Salvador para garantir uma postura coerente nos eventos para todos os interlocutores que falassem em nome da Coordenação do PlanMob.

• Indicar ferramentas e metodologias de condução dos eventos, de forma que eles possam ser contributivos.

• Nortear a distribuição prévia de informações via portal da internet e mídias interessadas, com diretrizes para a geração de conteúdo, concepção gráfica e materiais de apoio.

• Traçar diretrizes para a abertura dos canais participativos de coleta de demandas e de contribuições para a elaboração do Plano de Mobilidade.

• Traçar diretrizes para a sistematização das informações coletadas e para sua contribuição para a construção de conteúdo do Plano de Mobilidade.

• Planejar a difusão das informações sobre o Plano de Mobilidade de modo abrangente e com transparência, clareza e objetividade.

4.2 Eventos de participação social

Reuniões de escutas setoriais

Ao todo foram realizadas 27 reuniões de “escutas setoriais”, com mais de 50 entidades representativas da sociedade soteropolitana engajadas na temática da mobilidade para tratar da questão da mobilidade urbana em Salvador. Este processo teve o objetivo de compor uma “leitura” das manifestações de partes interessadas (sindicatos, órgãos de classe, entidades ligadas à mobilidade, meio ambiente, desenvolvimento sustentável e da sociedade civil, universidades, técnicos etc.) sobre problemas, propostas de soluções e diretrizes associadas ao setor de mobilidade urbana de Salvador, antes de promover uma abordagem técnica que foi empreendida nas fases subsequentes do PlanMob Salvador. Foi elaborado um roteiro de discussão e preparado o material base para a abertura e motivação das escutas. As reuniões de escutas, em princípio, não foram direcionadas para um tema específico, tal como segurança, tarifas, ou mesmo para um modal específico de maneira a ampliar a coleta de insumos para um diagnóstico preliminar da mobilidade. Os componentes da Coordenação do Plano não emitiram opiniões sobre os assuntos levantados, limitando-se a ouvir e registrar os comentários feitos pelos convidados. Naturalmente os grupos temáticos concentraram suas participações nos assuntos aos quais estão mais fortemente associados. Utilizou-se uma maquete do relevo da cidade de Salvador nas reuniões das escutas, para auxiliar na discussão.

Primeiro Workshop: Consolidação do Pré Diagnóstico

Em 08/06/2017 foi realizado o primeiro Workshop de Consolidação do Pré Diagnóstico da Mobilidade de Salvador para o qual foram convidados todos os participantes das escutas setoriais realizadas, além de técnicos municipais. O objetivo foi consolidar as informações e avaliações colhidas nas reuniões de escutas, assim como identificar diretrizes e recomendações para o desenvolvimento do PlanMob Salvador, a partir da sinergia decorrente da reunião de todos os participantes.

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Primeira Audiência Pública do PlanMob Salvador

Em 16/08/2017 foi realizada a primeira Audiência Pública do PlanMob Salvador na sede do Ministério Público do Estado da Bahia, para apresentação, discussão e análise do diagnóstico da mobilidade urbana de Salvador.

Segundo Workshop: Diretrizes para a Política de Mobilidade

Em 14/09/2017 realizou-se o segundo Workshop sobre as Diretrizes para a Política de Mobilidade, onde foram convidados todos os participantes das “escutas setoriais” e do 1º Workshop, entre outros. O objetivo desse workshop foi consolidar as diretrizes para a política de mobilidade de Salvador, fruto da leitura das etapas anteriores do PlanMob Salvador (Escutas Setoriais, Workshop, Diagnóstico e Prognóstico) e da legislação urbanística vigente na cidade.

Oficinas Participativas com a Comunidade

No período de 21 a 23 de setembro de 2017, foram realizadas 10 Oficinas Participativas nas sedes das Prefeituras-Bairro, visando ampliar a participação do cidadão no processo de elaboração do Plano. Estas oficinas objetivaram colher a opinião de moradores e lideranças comunitárias, sobre problemas e possíveis soluções no intuito de traçar um panorama, por região da cidade, considerando as peculiaridades locais para a elaboração do PlanMob, utilizando como ferramenta a votação de prioridades.

Segunda Audiência Pública do PlanMob Salvador

Em 14/11/2017 foi realizada a segunda Audiência Pública do PlanMob Salvador, com a presença de representantes de secretarias municipais, representantes de associações, entidades ligadas à mobilidade, meio ambiente, desenvolvimento sustentável e da sociedade civil, entre outros. Foram apresentadas as propostas para a mobilidade urbana de Salvador embasadas no diagnóstico já discutido e consolidado na primeira audiência pública.

Terceira Audiência Pública do PlanMob Salvador

Em 18/12/2017 foi realizada a terceira Audiência Pública do PlanMob Salvador, na sede do Ministério Público do Estado da Bahia, na qual foram apresentadas as propostas de programas de ação referentes aos componentes do PlanMob Salvador (transporte ativo, transporte coletivo e transporte individual), com os respectivos conteúdos, propostas de ação, orçamentos preliminares, faseamentos indicativos e resultados da avaliação socioeconômica.

Palestras e Debates

Além das atividades acima detalhadas, no segundo semestre de 2017, foram realizadas 06 palestras, seguida de debates, em diversas instituições acadêmicas locais, abordando o tema do Plano de Mobilidade de Salvador.

5. ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS 5.1 Diretrizes do Planejamento da Mobilidade

Como resultado do processo participativo foram definidas as principais diretrizes do PlanMob Salvador compatibilizadas com as diretrizes da PNMU. O PlanMob Salvador apresentou aspectos de diagnóstico, prognóstico, simulação de alternativas e proposição de programas de ações e de investimentos segundo os seguintes componentes de mobilidade urbana:

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(i) transporte ativo composto pelos deslocamentos a pé, pelo transporte cicloviário e pelo transporte vertical;

(ii) transporte público coletivo urbano contemplando todos os modos previstos e

consolidados de Salvador: redes de ônibus urbana e metropolitana, sistemas BRT e BRS, metrô, trem suburbano e o veículo leve sobre trilhos (VLT);

(iii) transporte individual contemplando a infraestrutura do sistema viário e o

trânsito veicular.

Quanto ao transporte individual foram estabelecidas diretrizes associadas à melhoria da conectividade da rede, segurança viária, acessibilidade, fluidez, sinalização e fiscalização do trânsito.

5.2 Organização e Atualização da Base de Dados

O desenvolvimento do PlanMob Salvador contou com um processo inicial de coleta e organização de uma base de dados, composta por dados de fontes primárias e de fontes secundárias. As bases de informações de fontes primárias foram aquelas resultantes da coleta de dados sobre a mobilidade urbana de Salvador, com a realização de pesquisas de campo: pesquisas de opinião sobre o transporte coletivo (2015 a 2017); pesquisa domiciliar de origem e destino (2012); pesquisa de preferência declarada; pesquisa de oferta e custo de estacionamento; pesquisa de fluxos de tráfego e de ocupação dos ônibus; pesquisa de qualificação de calçadas, estas últimas especificamente feitas no decorrer do PlanMob Salvador.

As informações de fontes secundárias foram selecionadas, catalogadas e organizadas segundo sete Grupos Temáticos de Análise: transporte coletivo; sistema viário e trânsito; outras modalidades de transporte; regulamentação dos serviços de transporte; urbanismo; planos e projetos de infraestrutura de transportes e outros estudos correlatos.

As matrizes de viagens derivadas da Pesquisa OD de 2012 foram atualizadas para o ano atual 2017, com base nos levantamentos de campo realizados (pesquisas de fluxos de tráfego e pesquisas de frequência e de ocupação visual dos ônibus). Os valores de monetarização dos tempos de viagem, parâmetros de calibração do processo de divisão modal, foram atualizados a partir da pesquisa de preferência declarada.

5.3 Práticas de Planejamento

O PlanMob Salvador foi desenvolvido contemplando projeções de condicionantes socioeconômicos e de transportes para o ano horizonte de 2049 (ano do 500º aniversário de fundação da cidade de Salvador) tendo como horizontes intermediários os anos de 2025 (prazo de revisão do PDDU) e 2032 (período de maior ocupação urbana de Salvador). Os cenários de oferta de transportes foram analisados com apoio do instrumento de modelagem de transportes em rede - o software EMME 4 - que permitiu análises de carregamentos de tráfego ao longo do sistema viário ofertado e dos sistemas multimodais de transporte coletivo, segundo diferentes cenários de ocupação do território e de oferta de transportes.

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Fig. 1 Modelos de Simulação e Resultados

As formulações dos cenários de ocupação e uso do solo consideraram as premissas estabelecidas no PDDU 2016, na LOUOS 2016 e no Plano Salvador 500 (2015). O modelo de transportes foi calibrado de maneira a representar o padrão de mobilidade da população, de acordo com as informações das matrizes de origem e destino de viagens, atualizada para o ano base do PlanMob Salvador (maio/2017). A análise do sistema viário contemplou uma avaliação dos índices de conectividade dos componentes da rede viária a partir da sintaxe espacial que procurou medir a eficiência dos espaços públicos a partir da forma urbana, avaliando o quanto um setor urbano (uma rua, por exemplo) está relacionada com a cidade como um todo. As medidas resultantes da análise quantificaram o potencial de acessibilidade espacial da capital ou de determinada região do município.

6. DIAGNÓSTICO E PROPOSTAS

O diagnóstico do PlanMob Salvador contemplou o setor de mobilidade urbana e o desenvolvimento urbano de Salvador, com análises sobre a dinâmica urbana; análise da Pesquisa Domiciliar de Origem e Destino (Pesquisa OD/2012), de suas associações com a mobilidade urbana e com os aspectos socioeconômicos (renda familiar, faixa etária e escolaridade).

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Para cada um dos setores de intervenção considerados no PlanMob Salvador (transporte ativo, transporte coletivo e transporte individual) foram formuladas as Diretrizes Consolidadas que geraram as Propostas do PlanMob Salvador.

6.1 Transporte Ativo

O componente Transporte Ativo foi objeto de destaque no processo participativo realizado no âmbito do PlanMob Salvador. Um aspecto relevante identificado no diagnóstico da mobilidade de Salvador se refere à topografia do território da cidade, onde predominam cumeadas e altas declividades no sistema viário. Em torno de 63% da rede viária da cidade têm declividade acima de 8,33%, valor de referência estabelecido pela Norma NBR 9050/2015 para a adequada caminhabilidade de pedestres (PLANMOB SALVADOR, 2017). Ressalte-se que a topografia acidentada ocorre com maior relevância nas regiões onde se concentram os estratos sociais de menor renda.

Para o modo a pé, com aproximadamente 1,8 milhões de viagens diárias em Salvador, é proposto um programa para requalificação de calçadas em corredores com altas frequências de atendimento dos sistemas de transportes coletivos, assim como a implantação de dispositivos de transporte vertical (escadarias, escadas rolantes, planos inclinados e elevadores) para reduzir dificuldades da microacessibilidade vertical, nesse caso também com ênfase à acessibilidade ao sistema de transporte coletivo. Complementarmente são propostos sistemas teleféricos para melhorar a acessibilidade entre cumeadas e contribuir para a melhoria da microacessibilidade vertical (cumeada – vale). A política de mobilidade ativa para pedestres dá prioridade à oferta de microacessibilidade para conexão com o transporte coletivo. Não estão excluídas dessa política, as ações voltadas à melhoria da infraestrutura para a acessibilidade universal e à segurança do pedestre.

Para o transporte cicloviário foram definidas diretrizes de melhoria e expansão da rede cicloviária existente, com inserção de componentes de mobiliário urbano, integração com os sistemas de transporte coletivo e de transporte vertical, além de diretrizes associadas à segurança e marketing do transporte cotidiano por bicicletas.

6.2 Transporte Coletivo

As intervenções propostas para o componente de Transporte Coletivo estabelecem a configuração de uma rede estrutural com eixos longitudinais/radiais, e eixos transversais formando uma grade estrutural composta por sistemas modais integrados (VLT, metrô, ônibus BRT, ônibus BRS, e a rede básica de alimentação) além de equipamentos de transferências e integrações inter e intramodais (terminais e estações), conforme Figura 3. A partir dessa base conceitual/estrutural, foi estabelecida uma Rede Viária de Transportes, multimodal e Integrada, estruturada por sistemas de alto desempenho e capacidade (Metrô, VLT, BRT e BRS). As linhas de Metrô (Linhas 1 e 2) e a linha de VLT utilizam eixos estruturantes radiais/longitudinais (Norte-Sul), enquanto que os sistemas BRT e BRS complementam a rede integrada, na direção transversal (Leste-Oeste). Propõe- implantar na operação do tráfego um nível de segregação adequado ao fluxo transportado de pessoas (faixas exclusivas, corredores, BRS, BRT) no espaço viário, de forma a priorizar a circulação dos veículos vinculados ao transporte público coletivo e proporcionar maiores velocidades, regularidade no cumprimento das viagens e economia do tempo de viagem.

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Além dessas, foram definidas diretrizes para melhoria da acessibilidade a essa Rede de Transporte Coletivo.

Fig. 3 Concepção Estrutural da Rede de Transporte Coletivo 6.3 Transporte individual e sistema viário

A estrutura viária de Salvador, por ser oriunda de diversas implementações feitas em épocas distintas e com enfoques urbanísticos dissociados, condicionou às suas principais vias uma grande dificuldade para se articularem entre si e, com isso, permitir uma conveniente troca e/ou apoio entre as mesmas, no atendimento dos principais fluxos de tráfego.

O sistema viário de Salvador está fortemente estruturado em quatro vias: duas com um trânsito expresso (BR-324 e Av. Luís Viana); e em duas outras vias, arteriais e lindeiras a suas orlas marítimas (a Av. Afrânio Peixoto/ Suburbana na Orla da Baía de Todos-os-Santos; e a Av. Octávio Mangabeira, na Orla Atlântica). Estas, articulam-se com um conjuntos de vias da região da Área Urbana Consolidada de Salvador: Av. Bonocô, Av. Centenário, Av. ACM, Av. Vasco da Gama, Av. Calmon Viana, Av. Juracy Magalhães Júnior, Av. Anita Garibaldi – e também às Av. Dois Leões, Av. Heitor Dias e Av. Barros Reis.

A essas avenidas se complementam as chamadas “estradas de penetração”, em geral posicionadas nas cumeadas dos morros e interligando o centro antigo de Salvador com as localidades mais periféricas da cidade – Cabula, Pau da Lima, Cajuzeiros, S. Caetano, S. Cristóvão, Itapuã, Boca do Rio, Paripe, etc. Quanto às soluções propostas para o sistema viário, enfatizam-se intervenções pontuais na AUC e lineares no restante da cidade, contendo várias tipologias de tratamento viário, muitas com grandes extensões de requalificação de vias já existentes - impossibilitadas de outras soluções pelos impactos que proporcionariam com desapropriações de imóveis já edificados e a realocação de atividades decorrente (ver Figura 4).

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Fig. 4 Conceituação das intervenções viárias

Considerou-se a necessária articulação entre os inúmeros vales da cidade e a conectividade entre eles, que foi uma preocupação constante deste PlanMob Salvador, impondo soluções com túneis para vencer os altos desníveis e garantir suas conexões recíprocas.

6.4 Investimentos

O PlanMob Salavador apresentou um investimento financeiro na ordem de grandeza de aproximadamente R$ 18,2 bilhões ao longo dos 32 anos (2018 - 2049), no entanto, cerca de 50% não seriam de responsabilidade municipal, como os investimentos nos sistemas sobre trilhos e nos materiais rodantes junto às rodovias estaduais e federais (concessionadas). Assim, considerando apenas os custos internos ao Município de Salvador, os investimentos municipais são reduzidos para aproximadamente R$ 8,8 bilhões, distribuidos ao longo dos próximos 32 anos.

7. COMENTÁRIOS

A Lei nº 12.587/12 da Mobilidade Urbana representou um avanço na consolidação da prioridade dos transportes ativo e coletivo sobre o individual, ao estabelecer um novo paradigma no planejamento e financiamento da mobilidade urbana. Nesse contexto, a elaboração dos Planos de Mobilidade Urbana exigidos pela Lei, passaram a se constituir em um importante instrumento de efetivação de uma política de mobilidade urbana sustentável. Em contrapartida, trouxe também o desafio para os municípios brasileiros com mais de 20 mil habitantes, 1650 municípios em 2010, segundo o IPEA (2015), de elaborarem o seu Plano de Mobilidade. Por outro lado, a Emenda Constitucional nº 90, de

15 de setembro de 2015 garantiu o transporte como um dos direitos sociais, juntamente

com a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados. Desde então, no Brasil, o transporte tornou-se um dos direitos sociais garantidos pela Constituição Federal.

Esses dois instrumentos normativos, possibilitaram estabelecer a construção de uma outra perspectiva para o atual quadro urbano caótico, marcado pela prioridade ao transporte

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individual, e as consequentes externalidades negativas: extensos congestionamentos, poluição, alto índice de acidentalidade. Embora sejam reconhecidos esses avanços, constata-se uma certa fragilidade, tanto do Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257, de 10/07/2001) quanto da Lei da Mobilidade Urbana na definição de como institucionalizar os planos municipais de mobilidade (IPEA, 2015).

7. CONCLUSÕES

A realização do PlanMob Salvador constituiu-se num marco fundamental para a cidade de Salvador, pois significou criar as condições para o desenvolvimento socioeconômico articulado com o planejamento urbano, do transporte e da circulação de pessoas e bens. Desse modo, fica definido um caminho para a eficiência e homogeneidade da mobilidade, em consonância com a descentralização dos empregos e com a implantação de um sistema de transporte capaz de conformar uma rede única de conectividade, aliada à restruturação do sistema viário e integrado aos pedestres e ciclistas. O que se pretende é que as estratégias, diretrizes e propostas do PlanMob Salvador contribuam, significativamente, para alterar a estrutura socioespacial existente, marcada pela desigualdade, dentro de um cenário de desenvolvimento otimista a médio e longo prazos.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Estatuto da Cidade (2004). Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Disponível em:

www.plamob.salvador.ba.gov.br . Acesso em: 15 abril 2018.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2015). TD 2115 - Planos de Mobilidade Urbana: instrumento efetivo da política pública de mobilidade? Disponível em

http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=26015. Acesso em 27 abril 2018.

Lei da Mobilidade Urbana (2012). Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012. Disponível em:

www.planmob.salvador.ba.gov.br . Acesso em: 15 abril 2018.

Lei de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo - LOUOS (2016). Disponível em:

www.planmob.salvador.ba.gov.br . Acesso em: 15 abril 2018.

Pesquisa de Origem e Destino da Região Metropolitana de Salvador – Pesquisa OD (2012).

Disponível em: www.planmob.salvador.ba.gov.br . Acesso em: 15 abril 2018.

Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Salvador – PLANMOB SALVADOR (2017).

Relatório Técnico RT14 - Tomos I e II. Disponível em: www.planmob.salvador.ba.gov.br .

Acesso em: 15 abril 2018.

Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador – PDDU (2016). Disponível em:

www.planmob.salvador.ba.gov.br . Acesso em: 15 abril 2018.

Plano Salvador 500 (2015). Salvador Hoje e suas Tendências. Disponível em:

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