1 RESOLUÇÃO CONEPE Nº 007/2012
Institui as Diretrizes de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS e providências pertinentes.
O CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela lei nº 11.646, de 10 de julho de 2001, e pelo Decreto Estadual nº 43.240, de 15 de julho de 2004, conforme aprovado na sua 9ª Sessão Ordinária, em 31 de agosto de 2012, Expediente Administrativo 1472-1950/12-4, institui as Diretrizes de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.
Considerando que as atividades de Pesquisa e Pós-graduação universitárias são:
I – PROGRAMA: Conjunto articulado de ações de Pesquisa e/ou Pós-graduação nas áreas do conhecimento (humanas, vida e meio ambiente, exatas e engenharias) que possibilitam a produção, o gerenciamento e a divulgação de ciência, tecnologia, inovação, cultura, artes e humanidades; a organização e participação em eventos científicos e a prestação de serviços. Preferencialmente, um programa integra as ações do ensino, pesquisa e extensão, tem caráter orgânico-institucional, clareza de diretrizes e orientação para um objetivo comum, sendo executado a médio e longo prazo.
II – PROJETO: Ação processual e contínua de caráter educativo, social, cultural, científico ou tecnológico, com objetivo específico e prazo determinado, vinculada as áreas do conhecimento (humanas, vida e meio ambiente, exatas e engenharias). Um projeto pode ser vinculado a um programa (forma preferencial), ou não-vinculado a um programa (projeto isolado).
III – EVENTO: Ação que implica na apresentação e/ou exibição pública, livre ou com público específico, do conhecimento ou produto cultural, artístico, esportivo, científico e tecnológico desenvolvido, conservado ou reconhecido pela Universidade. Eventos são atividades de curta duração como palestras, seminários, exposições, congressos, entre outras, que contribuem para a disseminação do conhecimento.
IV – PRESTAÇÃO DE SERVIÇO: Realização de trabalho oferecido pela Instituição de Educação Superior ou contratado por terceiros (comunidade, empresa pública ou privada,
2 órgão público, entre outros). A prestação de serviços se caracteriza por intangibilidade, inseparabilidade processo/produto e não resulta na posse de um bem.
RESOLVE: Capítulo I
Da Concepção e Objetivos
Art. 1º A Pesquisa e Pós-graduação universitária são processos educativos, culturais e científicos, que se articulam ao ensino e à extensão de forma indissociável, e que viabilizam a relação transformadora entre a Universidade e a sociedade.
Paragrafo único. Considera-se que a pesquisa constitui-se em uma atividade na fronteira do conhecimento visando sua transformação mediante a obtenção e a criação de conhecimento novo. Simultaneamente, a pesquisa é uma atividade-meio para a formação de profissionais capacitados a responder, antecipar e criar respostas às questões da sociedade.
Capítulo II
Das Ações de Pesquisa e Pós-graduação
Art. 2º As ações de Pesquisa e Pós-graduação implicam necessariamente a articulação permanente entre as Pró-Reitorias de Extensão, de Ensino e de Pós-graduação e Pesquisa e de seus respectivos programas.
Art. 3º As ações de Pesquisa e Pós-graduação serão consideradas como parte inerente ou etapa integrante dos processos de produção de conhecimento e não como algo à parte desses processos.
Art. 4º As ações de Pesquisa e Pós-graduação desenvolvidas sob a forma de programas, projetos, eventos, cursos de Pós-graduação lato sensu e stricto sensu e prestação de serviços, objetivam:
I – Integrar o ensino, a extensão e a pesquisa com as demandas da sociedade, buscando o comprometimento da comunidade universitária com interesses e necessidades da sociedade, em todos os níveis, contribuindo para o intercâmbio entre o saber acadêmico ao saber popular.
II – Democratizar o conhecimento acadêmico e a participação efetiva da sociedade na vida da Universidade.
3 III – Incentivar a prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social, ambiental e política, formando profissionais-cidadãos.
IV – Participar criticamente das propostas que objetivem o desenvolvimento regional, econômico, social, artístico e cultural.
V – Contribuir para reformulações de concepções e práticas curriculares da Universidade, bem como para a sistematização do conhecimento produzido.
VI – Desenvolver-se preferencialmente de forma multi e interdisciplinar e propiciar a participação da comunidade universitária.
VII – Privilegiar ações integradas com o planejamento da administração pública, em suas várias instâncias, e com as entidades da sociedade civil.
VIII – Atender, preferencialmente, às questões prioritárias para a melhoria da qualidade de vida da sociedade, promovendo o fortalecimento do princípio da cidadania e o desenvolvimento regional sustentável e ambientalmente responsável.
IX – Desenvolver o conhecimento científico-tecnológico, cultural e a inovação, articulado como outras instituições nacionais e estrangeiras.
X – Submeter-se à avaliação sistemática, conforme detalhado nos editais, chamadas públicas de fluxo contínuo e normas vigentes da Universidade.
Capítulo III
Da Competência e Desenvolvimento das Ações de Pesquisa e Pós-graduação Art. 5° A política de ações de Pesquisa e Pós-graduação será elaborada pela PROPPG, em conjunto com a Comissão Central de Pesquisa e Pós-graduação, sendo expressa através do Plano Anual de Pesquisa e Pós-graduação.
§ 1º Os proponentes deverão encaminhar à PROPPG as propostas de ações, conforme requesitos dos Editais e Calendários previamente divulgados.
§ 2º O Programa é uma ação de proposição restrita à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação.
4 I – no âmbito institucional, pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação e suas Coordenadorias, com a assessoria da Comissão Central de Pesquisa e Pós-graduação e a regulamentação dos Conselhos Superiores.
II – no âmbito das Unidades Universitárias, pela Comissão de Pesquisa e Pós-graduação Universitária, em harmonia com os Colegiados de Curso das Unidades, respeitando-se o Regimento Geral da Universidade e demais Resoluções dos Conselhos Superiores.
Art. 7° As propostas de ações de Pesquisa e Pós-graduação poderão originar-se nas Unidades Universitárias, nas Unidades Complementares ou em instituições conveniadas, devendo as mesmas ser formuladas através de projetos seguindo a regulamentação estabelecida pela PROPPG, de acordo com a especificidade de cada ação.
§ 1º A PROPPG divulgará os Programas vigentes anualmente, pelo menos, explicitando sua natureza, objetivos e ações pertinentes, mantendo acesso livre à seu conteúdo para a Comunidade Universitária.
§ 2º Para os proponentes acessarem os recursos financeiros disponíveis para as ações compatíveis ao escopo de cada Programa, a PROPPG publicará Editais com a regulamentação pertinente.
§ 3º Todas as ações deverão estar sob a coordenação de um servidor do quadro permanente da Uergs, com currículo comprovado na área respectiva de conhecimento, com no mínimo mestrado e em consonância com a legislação vigente.
Art. 8° Cada ação de Pesquisa e Pós-graduação deverá ter uma coordenação, à qual caberá:
I – propor ação de Pesquisa e Pós-graduação, de acordo com os programas da PROPPG, submetendo-a à Comissão de Pesquisa e/ou Pós-graduação, na unidade na qual o coordenador esteja lotado, para apreciação e posterior envio à PROPPG.
II – a interlocução e a responsabilidade frente à PROPPG e demais órgãos administrativos da universidade quanto à execução da ação.
III - supervisionar e avaliar as atividades de acadêmicos voluntários ou bolsistas na execução das ações de Pesquisa e Pós-graduação.
5 IV – apresentar relatórios e pareceres a respeito das ações de Pesquisa e Pós-graduação realizadas, de acordo com os Editais e normas vigentes.
V – buscar a articulação da ação de Pesquisa e Pós-graduação com outras atividades desenvolvidas na Universidade ou na sociedade;
VI - estabelecer contatos e parcerias com outros grupos de pesquisa ou projetos afins, e encaminhar a documentação necessária à execução da ação de Pesquisa e Pós-graduação respectiva na forma pertinente de parceria, termos de cooperação e/ou convênios.
VII – prestar contas dos recursos financeiros relativos à ação de Pesquisa e Pós-graduação, às instâncias competentes e dentro dos prazos previstos e das normas vigentes.
VIII – zelar pelos equipamentos e materiais colocados à disposição para a realização da ação;
Art. 9° A participação discente nas ações de Pesquisa e Pós-graduação deve ser estimulada e pode ocorrer como bolsista ou voluntário, desde que atenda aos requisitos dos editais. Esta participação será de responsabilidade da coordenação da ação e registrada nos relatórios a serem enviados à PROPPG.
Capítulo IV
Das Diretrizes dos Programas de Pesquisa e Pós-graduação:
Art. 10° Os Programas institucionalizados pela PROPPG seguem os preceitos do PPA (Plano Plurianual) do PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) e do PPPI (Plano Pedagógico Político Institucional), orientados às seguintes diretrizes:
I – Área das Humanas, foco em: Educação, Artes, Gestão e Políticas Públicas;
II – Área da Vida e Meio Ambiente, foco em: Alimentos, Agroindústria, Agricultura Familiar, Desenvolvimento Rural, Biologia Marinha e Costeira, Meio Ambiente, Sustentabilidade e Tecnologia Ambientais;
III – Área das Exatas e Engenharias, foco em: Energias Renováveis, Bioprocessos e Bioengenharia, Tecnologia da Informação, Micro- e Nano-eletrônica;
IV – Pós-Graduação lato sensu e stricto sensu, foco no fomento à especialização e formulação de programas, em parceria com outras instituições ou de forma independente,
6 nos temas em foco nas áreas do conhecimento (humanas, vida e meio ambiente, exatas e engenharias).
V – Gerenciamento e Divulgação de Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T & I).
Parágrafo único. A diretriz de Gerenciamento e Divulgação de C, T & I inclui as ações da PROPPG que visam a promoção e divulgação de resultados das pesquisas de todas as áreas do conhecimento, priorizando as áreas e subáreas acima descritas, como a organização de fóruns, seminários, eventos de apresentação de trabalhos de pesquisa, publicações de livros dos resultados de pesquisa, apoio financeiro a docentes e pesquisadores para participação em congressos científicos e o apoio financeiro a turmas de acadêmicos (com professor-coordenador responsável) para participação em congressos científicos.
Art. 11° Outros Programas poderão ser criados, a partir do diagnóstico e prognóstico da realidade regional e nacional, a partir de proposição da PROPPG, ouvida sua Comissão Central, ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.
Art. 12° As ações dos Programas de Pesquisa e Pós-graduação serão executadas através dos docentes e técnicos do quadro efetivo da Universidade, em conjunto com acadêmicos bolsistas de iniciação científica (IC) e/ou de iniciação tecnológica e inovação (ITI), e/ou acadêmicos voluntários, e pesquisadores colaboradores de outras Universidades e Instituições Públicas, Privadas e Organizações Sociais.
Parágrafo único. Para a participação de pesquisadores colaboradores de outras instituições é necessário o estabelecimento prévio de convênio pertinente da instituição de origem e a Uergs.
Capítulo V
Dos Recursos Financeiros
Art. 13° A Uergs buscará alocar, em seu orçamento anual, recursos para financiamento de ações de Pesquisa e Pós-graduação.
Parágrafo único. As ações de Pesquisa e Pós-graduação poderão utilizar recursos orçamentários e/ou extra-orçamentários, obtidos de convênios ou de repasses específicos de agências, instituições financiadoras públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, em conformidade à legislação vigente.
7 Art. 14° As ações de Pesquisa e Pós-graduação buscarão ser auto-financiáveis, podendo a Uergs, quando necessário, atuar de forma subsidiária ou complementar, dentro de suas disponibilidades orçamentárias.
Art. 15° Para efeito de considerações e possível apoio financeiro através dos editais e chamadas pública de fluxo contínuo, por parte da Uergs, a análise das propostas apresentadas levará em conta os seguintes aspectos:
I – adequação aos programas e às diretrizes da PROPPG;
II – participação efetiva de docentes, preferencialmente de mais de um docente, além da participação de acadêmicos bolsistas de IC e/ou de ITI, e/ou acadêmicos voluntários, e técnicos.
III – propostas apresentadas no âmbito de Grupos de Pesquisa, cadastradas no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, e que são atualizadas;
IV – propostas apresentadas no âmbito de Programas de Pós-graduação lato sensu (Cursos de Especialização) em andamento, ou aprovadas pelo CONEPE, priorizando propostas de trabalhos de conclusão;
V – propostas apresentadas no âmbito de Programas de Pós-graduação stricto sensu, (Mestrado profissional, Mestrado acadêmico, Doutorado), aprovadas pela CAPES ou na forma de propostas enviadas à CAPES;
VI – articulação efetiva com o ensino e com a extensão, possibilitando, em sua execução, retroalimentação ao respectivo curso ou área do conhecimento;
VII – articulação efetiva com a sociedade e seus segmentos significativos, inclusive órgãos públicos;
VIII – indicação de subsídios à transformação qualitativa da realidade social abordada; IX – participação financeira de fontes externas, tais como verbas obtidas de entidades de fomento à pesquisa, de caráter estadual, nacional ou estrangeiro;
X – quitação de relatórios anteriores.
Art. 16° O planejamento orçamentário das ações de Pesquisa e Pós-graduação deve ser elaborado de forma a compatibilizar receitas e despesas.
8 Parágrafo único. Dentre as despesas orçadas no plano de aplicação, somente aquelas assumidas pela PROPPG serão de sua responsabilidade.
Capítulo VI
Da Avaliação da Pesquisa e Pós-graduação
Art. 17° A avaliação da Pesquisa e Pós-graduação deve estar inserida na avaliação institucional da Universidade e integrada com as demais áreas do fazer acadêmico.
Art. 18° A avaliação das ações de Pesquisa e Pós-graduação deve ser contínua, qualitativa e quantitativa, de forma abrangente, garantindo a qualidade e a credibilidade do que é produzido durante as mesmas e ter seus resultados considerados no planejamento e na tomada de decisão da Universidade, nas áreas de ensino, pesquisa e extensão.
Art. 19° A avaliação das ações de Pesquisa e Pós-graduação deve abordar, pelo menos, os seguintes itens:
I – número de publicações científicas e tecnológicas, resultantes da ação de pesquisa e Pós-graduação;
II – número de livros e/ou capítulos de livros, resultantes de ações de pesquisa e Pós-graduação;
III – número de obras e/ou produtos artísticas e culturais, resultantes de ações de pesquisa e Pós-graduação;
IV – número de registros de pedido de patente e número de concessões de patentes por parte do INPI, ou demais instituições em nível internacional, resultantes da ação de pesquisa e Pós-graduação;
V – impacto social, resultante da ação de pesquisa e Pós-graduação, que são alvos ou parceiros dessas atividades;
VI – o compromisso institucional para a estruturação e efetivação das ações de Pesquisa e Pós-graduação;
9 Art. 20° Consideram-se indicadores do compromisso institucional das ações de Pesquisa e Pós-graduação:
I – o grau de formalização da Pesquisa e Pós-graduação na estrutura universitária; II – a co-relação efetiva com as políticas institucionais, suas metas e prioridades;
III – a inclusão das informações sobre as ações desenvolvidas no banco de institucional de informações da Uergs;
IV – o grau de participação da Pesquisa e Pós-graduação no orçamento da Universidade; V – a participação efetiva de docentes, preferencialmente de mais de um docente, além da participação de acadêmicos bolsistas de IC e/ou de ITI, e/ou acadêmicos voluntários, e técnicos.
VI – a interação efetiva das ações de Pesquisa e Pós-graduação com o ensino e a extensão;
Art. 21° Os impactos sociais das ações de Pesquisa e Pós-graduação apresentam, pelo menos, os seguintes indicadores:
I – relevância social, econômica, ambiental e política dos problemas abordados nas ações de Pesquisa e Pós-graduação;
II – número de segmentos sociais envolvidos;
III – interação efetiva com órgãos e organismos públicos e privados; IV – objetivos e resultados alcançados;
V – apropriação, utilização e reprodução do conhecimento envolvido na ação de Pesquisa e Pós-graduação pelos parceiros;
VI – efeito na interação resultante da ação da Pesquisa e Pós-graduação nas atividades acadêmicas.
Art. 22° Os métodos, processos e instrumentos de formalização das ações de Pesquisa e Pós-graduação são entendidos como aspectos específicos, que contribuem para verificar o grau de organização interna da Pesquisa e Pós-graduação.
10 Art. 23° São considerados como indicadores quantitativos: número de ações de Pesquisa e Pós-graduação desenvolvidas, número de docentes envolvidos, número de discentes envolvidos, número de técnicos envolvidos, quantificação do público beneficiário, produtos, processos e publicações científicas produzidos, patentes registrados e/ou concedidos pelo INPI e número de atestados e/ou certificados expedidos.
CAPÍTULO VII Das Disposições Finais
Art. 24° A PROPPG elaborará normas complementares à presente Resolução.
Art. 25° A PROPPG incluirá e atualizará o registro das ações de pesquisa e Pós-graduação executadas, certificados e relação nominal dos participantes, no banco de informações institucionais, mantendo cópia da principais informações das ações registradas.
Art. 26° Todas as ações de Pesquisa e Pós-graduação, mesmo as que não demandem apoio financeiro da Universidade ou de outras fontes de apoio, decorrentes de convênios e cooperação, devem ser registradas e avaliadas conforme normas da Universidade.
Art. 27° Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – CONEPE.
Art. 28° Esta Resolução produz efeitos a partir da data de sua publicação. Porto Alegre, 12 de Setembro de 2012.
Fernando Guaragna Martins Presidente do CONEPE