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APELAÇÃO CRIMINAL PB ( ). RELATÓRIO

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APELAÇÃO CRIMINAL 13515-PB (2004.82.00.001516-0).

APTE : SEVERINO JOSÉ DE LIMA.

REPTE : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO.

APDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.

ORIGEM : JUíZO DA 16ª VARA FEDERAL DA PARAíBA (JOãO PESSOA).

RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT.

RELATÓRIO

1. Cuidam os autos de Apelação Criminal interposta por SEVERINO JOSÉ DE LIMA, através da Defensoria Pública da União, em face de sentença prolatada no Juízo da 16ª Vara Federal da SJ/PB (fls. 176/196), que julgou procedente, em parte, a denúncia do Parquet Federal, e condenou o acusado à pena privativa de liberdade de 3 anos e 6 meses de reclusão, mais 31 dias-multa, ao valor unitário de R$ 48,00, pela prática do delito capitulado no art. 289, § 1º, dO CPB (moeda falsa).

2. O magistrado a quo absolveu o denunciado da prática do delito previsto no art. 244-B do ECA (corrupção de menores), por não existir prova suficiente para a condenação, nos termos do art. 386, VII do CPP.

3. A acusação foi de que em janeiro de 2004, na comemoração da festa de São Sebastião, padroeiro da cidade de Dona Inês/PB, o denunciado, com a ajuda de um menor, portador de deficiência física, colocou em circulação cédulas falsas, no valor de R$ 20,00, sendo apreendido, ainda, na casa da genitora do acusado, uma sacola contendo mais 106 notas inautênticas, também no valor de R$ 20,00 cada uma, totalizando um valor de R$ 2.120,00, sendo a falsidade comprovada no Laudo Perical de número 022/04-SR/PB (fls. 53/55).

4. A Defensoria Pública da União, apresentou recurso de apelação contra a decisão condenatória, argumentando ausência de dolo na conduta do agente. Requer, assim, sua absolvição.

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Subsidiariamente, requer a redução da pena-base, alegando que a culpabilidade deve ser valorada positivamente (fls. 233/238).

5. O membro do Parquet em atuação na Primeira Instância apresentou contrarrazões à apelação, defendendo a manutenção do decreto condenatório, haja vista estar devidamente provada a materialidade e autoria delitiva (fls. 239/244).

6. No Parecer 2265/2016 (fls. 250/252), a PRR5 se manifesta pelo não provimento do recurso de apelação, mantendo-se a sentença integralmente.

7. Eis o relatório.

8. Remetam-se os autos ao Revisor, por se tratar de apelação criminal interposta de sentença em processo por crime a que a lei comina pena de reclusão (art. 29, inciso IV, do Regimento Interno desta Corte Regional).

Recife, 28 de março de 2016.

Manoel de Oliveira Erhardt

RELATOR

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APELAÇÃO CRIMINAL 13515-PB (2004.82.00.001516-0).

APTE : SEVERINO JOSÉ DE LIMA.

REPTE : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO.

APDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.

ORIGEM : JUíZO DA 16ª VARA FEDERAL DA PARAíBA (JOãO PESSOA).

RELATOR : DES.FEDERAL CONVOCADO ROGÉRIO ROBERTO GONÇALVES

ABREU. .

VOTO

1. O Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra o apelante, SEVERINO JOSÉ DE LIMA, pela prática do crime tipificado no art. 289, º§ 1º do CPB (circulação de moeda falsa).

2. Após o processamento da ação penal, o réu foi condenado a uma pena de 3 anos e 6 meses de reclusão, substituída por 2 penas restritivas de direitos, bem como à pena de multa de 31 dias-multa, ao valor unitário de R$ 48,00.

3. Através do presente recurso, requer a DPU, a absolvição do réu, argumentando inexistir dolo em sua conduta. Subsidiariamente, requer a fixação da pena no mínimo legal, ao fundamento de que a circunstância judicial culpabilidade, prevista no art. 59 do CP, deve ser valorada positivamente.

4. Em relação à materialidade do crime, que tem por objeto jurídico a fé-pública, o que se observa é que restou devidamente provada. Veja-se que o Laudo Pericial 022/04-SR/PB, acostado às fls. 53/55, do Inquérito Policial, concluiu pela falsidade das cédulas apreendidas, classificando-as como não grosseiras e capazes de ludibriar terceiros de boa-fé. O laudo registra que: Todas as cento e dez

(110) cédulas examinadas são falsas (...). os Peritos classificaram a falsificação como de boa qualidade. Apesar das divergências encontradas, as cédulas em questão podem iludir pessoas comuns pouco

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observadoras e/ou desconhecedoras das características de segurança do papel-moeda verdadeiro.

5. Também a autoria do delito está comprovada pelos elementos de convicção produzidos nos autos, em especial pelos depoimentos da testemunhas e do próprio acusado que afirmou perante a autoridade policial saber serem as cédulas apreendidas em seu poder falsas, apesar de negar que as tivesse colocado em circulação:

(...); Que acredita que todas as cédulas foram apreendidas

na residência de sua mãe; Que, quando da apreensão das cédulas, o declarante não estava no local, razão pela qual, ao retornar, foi informado pela sua mãe da apreensão das cédula falsas; Que, no mesmo dia, retornou à cidade de Osasco/SP; Que vendeu uma moto na feira do rolo localizada na cidade de Carapicuíba/SP, pelo valor de R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais); QUE, após, viajou para a cidade de Dona Inês com o numerário obtido com a venda da moto; QUE no mesmo dia em que ia retornar para Osasco/SP, policiais encontraram o dinheiro e o apreenderam alegando a falsidade das notas; QUE apenas verificou a falsidade das cédulas na cidade de Dona Inês, já que comparou-as com outras cédulas; QUE ao constatar a falsidade das notas, guardou-as, já que, posteriormente, iria jogá-las fora; QUE não se recorda do nome do sujeito que comprou a moto e supostamente a pagou com cédulas falsas; [...]; QUE não repassou cédulas falsa na Paraíba; [...] QUE alega não ter sido o responsável pelo derramamento de notas falsas; QUE não sabe informar a razão pela qual foram apreendidas mais notas falsas do que as que foram utilizadas para o pagamento da motocicleta que vendeu na 'feira do rolo'; a origem de todas as notas apreendidas; (...) (fls. 201/203 do IPL em anexo). (...); o dinheiro encontrado na casa de sua mãe foi oriundo

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do rolo); que tratava-se de uma moto 125 de 1987, mas desconhece o nome do comprador; não tem documentos alusivos a essa transação; não havia notado que o dinheiro era falso e não é verdade que tenha se utilizado de doente mental para colocar a cédula em circulação; 'não conhece essa gente'; antes dessa oportunidade havia apenas duas ou três vezes realizado vendas do gênero; é encanador; nunca foi preso ou processado e nada tem contra as testemunhas (fls. 139 dos autos).

ANTÔNIO BENTO DA SILVA: (...); que é verdade que o

acusado estava com as notas falsas, informa que eram mais de 100 notas de R$ 20,00 falsas; diz a testemunha que a polícia apreendeu todas essas notas; que ele depoente recebeu três notas falsas dadas pelo indiciado; que foi o próprio indiciado que comprou em sua barraca com as notas falsas; diz o depoente que somente na manhã do dia seguinte ao da festa foi que o depoente tomou ciência de que as notas em que ia comprar pão, eram falsas; diz o depoente que aquelas notas foram passadas pelo indiciado em pagamento; que logo que tomou conhecimento da irregularidade do dinheiro prestou queixa e as apresentou a autoridade policial; que o depoente acompanhou os policiais a casa dos genitores do indiciado e assistiu a apreendeu de uma sacola com 106 notas falsas de R$ 20,00 (fls. 93).

6. Por outro lado, no contexto da análise do dolo na conduta do acusado, as circunstâncias em que ocorreram os fatos aponta que o réu tinha plena noção da inautenticidade das notas apreendidas.

7. Como bem salientou o douto MPF no parecer, reforça-se a convicção da presença do elemento subjetivo do tipo, em

razão da guarda de expressiva quantidade de notas falsificadas de

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mesmo valor R$ 20,00 (vinte reais), num total de R$ 2.120,00 (dois mil, cento e vinte reais)

8. Destarte, não subsiste a tese ausência de dolo. Das declarações do acusado prestadas em sede policial e em juízo, afirmando que sabia da inautenticidade das cédulas, mas que não teria posto as mesmas em circulação, associadas, aos depoimentos das testemunhas, que afirmaram, de forma uníssona, ter sido o próprio denunciado que fez compras com notas falsas, é de concluir-se que o réu, mesmo sabendo da inautenticidade das cédulas colocou-as em circulação. Eis o dolo, em sua mais direta acepção.

9. Por todos os elementos de prova produzidos, no decorrer do inquérito e da instrução criminal, resta confirmada a prática do delito por parte de SEVERINO JOSÉ DE LIMA, que introduziu moeda falsa em circulação, preenchendo todos os elementos concernentes ao art. 289, § 1º do CPB (moeda falsa). Também o dolo restou devidamente configurado, tendo em vista a plena consciência do réu acerca da falsidade das cédulas apreendidas.

10. Como pedido alternativo pugna para que a pena-base seja aplicada do mínimo legal.

11. Segundo prevê o art. 289 do CP, a pena cominada para o delito em comento é de 3 a 12 anos de reclusão e multa. O Magistrado sentenciante considerando desfavorável a circunstância judicial trazida no art. 59 do CP, culpabilidade, aumentou a pena-base em 6 meses, restando a pena-base fixada em 3 anos e 6 meses de reclusão, e, ante a ausência de circunstâncias atenuantes ou majorantes, bem como causas de aumento ou diminuição tornou a pena definitiva e concretamente fixada (3 anos e 6 meses).

12. Ora, entendo que correta foi a análise feita pelo magistrado quanto à culpabilidade eis que, de fato, a reprovabilidade da

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células inautênticas em poder do acusado, pois, como ressaltou o

Parquet, quanto maior a quantidade de células contrafeitas, maior o

potencial lesivo e o perigo à fé pública. Dessa forma, justifica-se uma maior censurabilidade da conduta, com a consequente majoração da pena-base.

13. Dosimetria da pena privativa de liberdade realizada pelo juízo de origem sem evidência de ilegalidade e na conformidade dos motivos narrados, estando devida e adequadamente motivada o aumento da reprimenda aplicada pelo Juiz Singular em 6 meses de reclusão, restando definitivamente fixada em 3 anos e 6 meses de reclusão, a ser cumprida em regime aberto.

14. Diante do exposto, e em consonância com o parecer ministerial, nego provimento à apelação da defesa, mantendo a sentença de origem pelos seus próprios fundamentos.

15. É como voto.

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APELAÇÃO CRIMINAL 13515-PB (2004.82.00.001516-0).

APTE : SEVERINO JOSÉ DE LIMA.

REPTE : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO.

APDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.

ORIGEM : JUíZO DA 16ª VARA FEDERAL DA PARAíBA (JOãO PESSOA).

RELATOR : DES. FEDERAL CONVOCADO ROGéRIO GONçALVES ABREU.

ACÓRDÃO

PENAL. PROCESSUAL PENAL. MOEDA FALSA. ART. 278, § 1º DO CÓDIGO PENAL. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPAROVADAS. DOLO EVIDENCIADO. DOSIMETRIA. DEVIDA E ADEQUADAMENTE MOTIVADO O AUMENTO DA REPRIMENDA. APELAÇÃO DA DEFESA NÃO PROVIDA.

1. Apelação Criminal interposta pela Defensoria Pública da União, em face de sentença prolatada no Juízo da 16ª Vara Federal da SJ/PB (fls. 176/196), que julgou procedente, em parte, a denúncia do Parquet Federal, e condenou o acusado à pena privativa de liberdade de 3 anos e 6 meses de reclusão, mais 31 dias-multa, ao valor unitário de R$ 48,00, pela prática do delito capitulado no art. 289, § 1º, dO CPB (moeda falsa).

2. Por todos os elementos de prova produzidos, no decorrer do inquérito e da instrução criminal, resta confirmada a prática do delito por parte do ora apelante, que introduziu moeda falsa em circulação, preenchendo todos os elementos concernentes ao art. 289, § 1º do CPB (moeda falsa). Também o dolo restou devidamente configurado, tendo em vista a plena consciência do réu acerca da falsidade das cédulas apreendidas.

3. O Magistrado sentenciante considerando desfavorável a circunstância judicial do art. 59 do CP, culpabilidade, aumentou a pena-base em 6 meses, restando a pena-base fixada em 3 anos e 6 meses de reclusão, e, ante a ausência de circunstâncias

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diminuição tornou a pena definitiva e concretamente fixada (3 anos e 6 meses).

4. Correta a análise feita pelo magistrado quanto à culpabilidade eis que, de fato, a reprovabilidade da conduta é de grau médio, pelo fato de ser grande a quantidade de células inautênticas em poder do acusado, pois, quanto maior a quantidade de células contrafeitas, maior o potencial lesivo e o perigo à fé pública. Dessa forma, justifica-se uma maior censurabilidade da conduta, com a consequente majoração da pena-base.

5. Dosimetria da pena privativa de liberdade realizada sem evidência de ilegalidade e na conformidade dos motivos narrados, estando devida e adequadamente motivada o aumento da reprimenda aplicada pelo Juiz a quo em 6 meses de reclusão, restando definitivamente fixada em 3 anos e 6 meses de reclusão, a ser cumprida em regime aberto.

6. Manutenção da substituição da pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de direitos.

7. Apelação da defesa não provida, em consonância com o parecer ministerial.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de ACR 13515-PB, em que são partes as acima mencionadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da Primeira Turma do TRF da 5a. Região, por unanimidade, em negar provimento à apelação da defesa, nos termos do relatório, voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente julgado.

Recife, 28 de abril de 2016.

Rogério Roberto Gonçalves de Abreu

RELATOR CONVOCADO

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