COORDENADORIA DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA E SEGURANÇA DA POSSE RUA MÉXICO, Nº 111, 2º ANDAR, SALA 205 – CENTRO –RIO DE JANEIRO – RJ
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VIII CONGRESSO NACIONAL DE DEFENSORES PÚBLICOS
“DEFENSORIA PÚBLICA: NECESSÁRIA AO ESTADO DEMOCRÁTICO, IMPRESCINDÍVEL AO CIDADÃO”
CONCURSO DE PRÁTICAS EXITOSAS
REGISTRO DE DECLARAÇÃO DE POSSE
PROPONENTES:
Adriana Britto, Alexandre Fabiano Mendes, Maria Lucia de Pontes e Roberta Fraenkel
(Defensores Públicos do Núcleo de Terras e Habitação)
Rio de Janeiro Agosto de 2010
I) DESCRIÇÃO OBJETIVA:
O Núcleo de Terras e Habitação é vinculado à Coordenadoria de Regularização Fundiária e Segurança da Posse, cujo objetivo principal é permitir a ampliação, a especialização e o aprimoramento da atuação da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro no atendimento jurídico, amplo e gratuito, aos assentamentos precários, incluindo as habitações subnormais, e loteamentos irregulares ou clandestinos, com ênfase na busca pelo cumprimento das diretrizes nacionais e internacionais relativas à segurança da posse e ao direito à moradia adequada.
Dentro de tal contexto, o Núcleo de Terras e Habitação promove a defesa jurídica da posse e do direito à moradia de seus assistidos, em casos de despejos coletivos, reintegração ou qualquer outro tipo de conflito que envolva a posse e a moradia de pessoas abrangidas por seu âmbito de atuação, buscando sempre a prevenção e mediação dos conflitos, evitando a judicialização e promovendo a pacificação social.
O Projeto Registro de Declaração de posse é realizado pelo Núcleo de Terras e Habitação da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro em parceria com o 6º Ofício de Registro de Títulos e Documentos, tendo como objetivo difundir o direito à moradia, que está vinculado a outros direitos humanos. Sem um lugar adequado para se viver, é difícil manter a educação e o emprego, a saúde fica precária e a participação social fica impedida.
Todas as pessoas têm o direito humano a uma moradia adequada e segura, localizada em um ambiente saudável que promova a qualidade de vida dos moradores e da comunidade, o que se aplica também às pessoas que moram nas favelas. É esse o conceito que se busca reafirmar para as famílias envolvidas no Projeto, permitindo que possam exercer sua cidadania de forma mais ampla e efetiva.
A participação dos parceiros é imprescindível para a realização do Projeto: os defensores e estagiários do Núcleo de Terras e Habitação da
Defensoria Pública orientam juridicamente os moradores participantes do
projeto, no tocante aos problemas relativos à sua moradia, garantindo também a assistência jurídica gratuita para emissão dos títulos, baseada na Constituição Federal, na Lei Complementar 132 de 2009 e na Lei Federal nº 1.060 de 1950.
Os Ofícios de Registro de Títulos e Documentos do Rio de
Janeiro, a saber: 1º RTD, 2º RTD, 3º RTD, 4º RTD, 5º RTD e 6º RTD, que
têm como atribuição a realização do registro da declaração de posse, baseados na Lei Federal nº 6.015 de 1973; e o Instituto Novo Brasil pelo Carimbo Solidário, instituição sem fins lucrativos, que congrega voluntários para fazer parte dos mutirões, de acordo com seu compromisso com a Responsabilidade Social.
A união desse grupo efetiva uma maior segurança da posse exercida pelas famílias nas comunidades de baixa renda, com o registro gratuito da declaração de posse.
A comunidade do Cantagalo foi escolhida para a implantação do projeto piloto. Após sua estréia, o projeto já foi aplicado na comunidade do Pavão-Pavãozinho, em algumas comunidades do Alto da Boa Vista (Açude, Fazenda, Biquinha e Furnas), na Vila Turismo (Complexo de Manguinhos) e no Complexo do Alemão. Atualmente, prioriza as comunidades da Ladeira dos Tabajaras (Botafogo) e do Canal do Anil (Jacarepaguá), ambas situadas no Rio de Janeiro.
A prática se desenvolve diretamente nas comunidades em regime de atendimento em mutirão, permanecendo os defensores públicos e parceiros no local, recolhendo a documentação em atendimento coletivo onde um representante de cada família é entrevistado e orientado.
Para o projeto ser iniciado é exigida a criação de um grupo de trabalho composto por moradores que conheçam a área para que auxiliem as famílias na preparação da documentação e medição das moradias que serão registradas.
A comissão de trabalho possui as seguintes funções: a) Servir de elo entre os parceiros e a comunidade; b) Informar os documentos necessários para efetuar o registro da Declaração de Posse; c) Organizar uma listagem dos moradores interessados em efetivar o registro da Declaração de Posse, preferencialmente, por rua; d) Coordenar ou elaborar as plantas das casas, de forma que elas sejam um retrato fiel dos imóveis, principalmente, quanto às medidas; e) Eleger um espaço físico com mesas e cadeiras suficientes para acomodar os voluntários e os moradores que farão o registro da Declaração de Posse.
Cada morador (representante da família) deve seguir os seguintes passos:
a) Providenciar toda a documentação exigida de acordo com seu estado civil (casado, solteiro, viúvo, separado ou divorciado), além dos documentos relativos à benfeitoria e à planta da casa;
b) Agendar com a comissão de trabalho a sua participação no mutirão para a entrega dos documentos;
c) Comparecer ao primeiro mutirão, assistir a palestra sobre o Projeto “Registro de Documentos” e fornecer seus dados pessoais; d) Informar o número de seu telefone para contato e entregar toda a documentação. Fotografias poderão ser anexadas e qualquer documento que comprove a construção da benfeitoria;
e) Depois de assinada, a Declaração de Posse será encaminhada à Central de Registro de Documentos (CERD), para que seja distribuída para um dos seis ofícios da Cidade do Rio de Janeiro;
f) Comparecer ao mutirão seguinte para a retirada da sua Declaração de Posse devidamente registrada.
II) DESCRIÇÃO DO NÚMERO DE PESSOAS BENEFICIADAS;
Desde 2006, quando foi iniciado o Projeto, até agora, foram beneficiadas 4.367 famílias, das seguintes comunidades: Cantagalo, Pavão-pavãozinho, Alto da Boa Vista, Complexo de Manguinhos, Complexo do Alemão e Canal do Anil.
Ano Quantidade de registros
2006 1441 2007 926 2008 1206 2009 647 2010 147 Total 4367
III - DIFICULDADES ENCONTRADAS E A FORMA DE SUPERAÇÃO; A principal dificuldade encontrada diz respeito à falta de organização das comunidades, pois mesmo aquelas que possuem Associação de Moradores, muitas vezes inexiste cadastro de toda a comunidade, sendo necessário a formação de comissão dos moradores que possam atuar na comunidade para implementação do projeto.
Outra dificuldade por vezes enfrentada é encontrar um local de fácil acesso na comunidade para a realização de mutirões, o que vem sendo
resolvido pela busca e envolvimento da comunidade; assim, todas as dificuldades até hoje encontradas foram superadas.
IV) RECURSOS ENVOLVIDOS
1) RECURSOS HUMANOS
o Defensores Públicos e estagiários do Núcleo de Terras e
Habitação, que possui atualmente 5 defensores públicos e 25 estagiários.
o Voluntários do Instituto Novo Brasil pelo Carimbo Solidário, instituição sem fins lucrativos, que tem como um de seus objetivos congregar voluntários para participarem dos mutirões, visando o desenvolvimento social da comunidade;
2) RECURSOS FÍSICOS
o Funcionamento de equipamentos: Utilização de copiadora, computador, impressora e material de escritório em geral, fornecidos pelo 6o. Ofício de Registro de Títulos e Documentos (possui certificação da norma ISO 9001:2008 e da Norma SA 8000, esta que regula a responsabilidade social no mundo, bem como é signatário do Pacto Global da ONU)
o Infra-estrutura e instalações da prática: Local indicado pela comissão de moradores (ex: associação de moradores, clubes, salão de festas de igreja, etc.), sendo que a refeição para a equipe é fornecida pelos moradores ou custeada pelo 6º. Ofício de Registro de Títulos e Documentos.
V) BENEFÍCIOS INSTITUCIONAIS ALCANÇADOS
o presença de defensores públicos em regime de mutirão aos sábados na comunidade, entrevistando um representante de cada família, o que implica em prestação de orientação jurídica de todos os níveis, com especial atenção para os conflitos envolvendo a moradia da família, direito de vizinhança e regularização fundiária, sendo comum a orientação para as ações judiciais necessárias para dirimir os conflitos encontrados, regularizar a moradia (usucapião) bem como praticar a mediação de conflitos no mutirão, desafogando o Judiciário e promovendo a pacificação social
o promoção da segurança jurídica da posse, com o registro de documentos antigos dos moradores que comprovam o exercício da posse da moradia em assentamentos precários e irregulares (favelas, loteamentos irregulares, clandestinos, etc), na forma de DECLARAÇÃO DE REGISTRO DE POSSE, fazendo com que os moradores não dependam exclusivamente dos registros da associação de moradores.
o a criação de um cadastro prévio para os programas de regularização fundiária que facilitam a quantificação do número de famílias do local, bem como o orçamento necessário para sua implementação;
VI- DOCUMENTOS ANEXADOS:
1. Folhetos explicativos do Projeto
2. Exemplo de declaração de posse registrada 3. Lista dos documentos necessários