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O pano de fundo por trás do. (#10yearchallenge) aplicativos e memes sociais: Privacidade e dados pessoais.

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O pano de fundo por trás do

“Desafio

dos

10

anos”

(#10yearchallenge) e dos

aplicativos e memes sociais:

Privacidade e dados pessoais.

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podem impactar em direitos e liberdades individuais

Cresce rapidamente nas rede sociais fotos no estilo “antes e depois” e milhares de timelines com a postagem no chamado “Desafio dos 10 anos” (#10yearsChallenge). A ideia simples seria uma comparação entre a pessoa hoje e há dez anos atrás. Porém outros dados podem ser considerados desta dinâmica e algumas reflexões, por mais hollywoodianas que possam parecer, precisam ser tratadas.

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O f o r n e c i m e n t o d e s t a s i n f o r m a ç õ e s p o d e a u x i l i a r o desenvolvimento de um cenário de reconhecimento facial (cujos controladores não sabemos quem serão) e as pessoas precisam tomar certos cuidados em relação a isso, sobretudo diante de um panorama incerto sobre a transferência de dados pessoais. Embora tenhamos leis em vigor no Brasil, nunca sabermos o que acontece “intramuros” e não há garantias que as Leis serão suficientes para alcançar este ponto.

Pode-se até dizer que estes dados (fotos de antes e depois) já estavam disponíveis no Facebook, mas é possível ter certeza que ao participar da dinâmica estamos submetendo novos dados, organizando os mesmos (no design da aplicação de tratamento) e inclusive realizando e auxiliando para que o algoritmo de reconhecimento facial seja treinado e aperfeiçoado, até mesmo em progressão de 10 anos, como no desafio.

Mas e daí, não é mesmo?

Embora qualquer um pudesse varrer o Facebook buscando estas fotos (de hoje e de dez anos atrás) é fato que não estariam em ordem cronológica, e quando fazemos o “jogo do aplicativo”, estamos organizando a informação, fornecendo inclusive novos EXIFS (metadados das imagens) que poderão revelar novos dados

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subjacentes ou informações que não seriam expostas, não fossem tratadas. Um exemplo seria sua foto de perfil que fora devidamente scaneada, ela provavelmente terá exifs diferentes (inúteis) diante de uma foto de dez anos atrás e de uma atual, tirada do seu iphone ou no seu então Nokia E71 com Symbiam, por exemplo.

Ou seja, você não está só revelando como você era hoje e há dez anos atrás, mas, principalmente, onde estava e como as fotos foram feitas, além de fornecer chaves para comparação com outros dados que as redes sociais já armazenam e com isso, mais dados pessoais são revelados e novas inferências podem ser realizadas, com classificações corretas ou não.

Em síntese, existe um vasto volume de dados envolvendo fotos de pessoas há dez anos atrás e agora. Aplicações podem até usar as hashtags para coletar estes dados para “N” formas de tratamento, inimagináveis, nos mais variados negócios. Nos últimos anos estamos vivenciando uma série de games e memes sociais para extrair dados. E porque eles dão tão certo? Primeiro porque distraem os titulares dos dados, e segundo que, apesar de leis rígidas a respeito, como a própria GDPR (Regulamento da União Européia), conseguem o consentimento dos usuários, que não lêem as finalidades e o que será feito com seus dados após a frenesi ou febre do meme passar.

Seria criminoso então que alguém possa usar suas fotos do Facebook para treinar o reconhecimento facial? De forma alguma, pode até ser benéfico, no entanto, precisamos ficar atentos às intenções e o que realmente fornecemos e para quais finalidades. Tudo precisa ser claro, pois transparência é a tônica dos regulamentos atuais e que dizem proteger os titulares de dados pessoais.

O reconhecimento facial pode ter utilidades humanísticas, por outro lado, pode (e irá) servir para publicidade direcionada, com anúncios que incorporem sensores de acordo com suas características. A exemplo, “eu sou calvo”, então, receberei

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propaganda de Minoxidyl e Finasterida com mais frequência. E se eu usar um óculos de grau? E se tiver manchas na pele? E se eu estiver bebendo? E se… E se…

Em um novo contexto que será cada vez mais comum, as propagandas poderão se orientar à metadados de imagens para serem ofertadas. A progressão da idade por exemplo, pode ser usada em questões envolvendo seguros, envelhecimento precoce, ou até mesmo classificar você erroneamente como um alguém que “não leva uma vida muito equilibrada ou sensata”. Se você está envelhecendo rápido, talvez não seja um segurado viável, ou um bom empregado. Talvez uma aplicação consiga predizer uma doença que sequer conhece… Talvez, não tenhamos mais interesse em lhe oferecer um plano de saúde.

É sabido que a Amazon introduziu serviços de reconhecimento facial em 2016 e transacionou com departamentos de polícia dos Estados Unidos, tecnologia que levanta preocupações pois, mais uma vez não é de hoje relatos de autoridades que abusam dos dados que possuem em razão do cargo. O reconhecimento pode ser útil para reconhecer suspeitos de crimes, claro, mas pode também reconhecer aquele cidadão cuja autoridade “não foi com a cara”, ou mesmo manifestantes legítimos, por exemplo, a partir dos seus perfis em redes sociais. Lá fora, isso já gerou inclusive manifestações da American Civil Liberties Union.

O que faremos aqui, quando o poder dos dados que nós mesmos fornecermos forem usados por mãos erradas, seja uma empresa, seja uma autoridade que deveria dar o exemplo mas é totalmente imatura? Como descobriremos isso?

Resta claro que ainda não temos dimensão de como a tecnologia pode impactar em termos de privacidade a humanidade e aos direitos individuais. É ruim participar do meme dos Desafio dos anos? Não necessariamente! Divirta-se! Essa não será a última aplicação ou meme social. A reflexão que viso provocar é que é sempre bom avaliar, pelo principio da finalidade, qual

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a intenção do Facebook ou qualquer aplicativo em um meme como esse. Não é demais destacar que no Brasil em vigor está a Lei de Proteção de Dados, 13.709/2018.

Ela exige consentimento explicito para tratamento de dados sensíveis, podendo o titular dos dados requerer informações sobre quais tratamentos são feitos e até mesmo revogar o consentimento. Ou seja, participou do meme ou do aplicativo, pode requerer a exclusão dos dados, que só será recusada se houver justa causa. Já experimentou usar seus direitos e requerer o apagamento dos seus dados?

De nada adianta legislação sem a consciência com a privacidade, de que somos a maior fonte de dados para o mundo e alimentamos sistemas e negócios que podem ser muito válidos, mas que também podem nos prejudicar em nossa honra, dignidade e direitos fundamentais. Uma “bobaginha” dessas pode impactar no seu futuro? Hoje eu não ousaria dizer que não.

José Antonio Milagre (@josemilagreoficial) é Perito especializado em tecnologia da informação e advogado, palestrante em inovação, segurança digital e reputação online, Mestre e Doutorando em Ciência da Informação pela UNESP, pesquisador do Núcleo de Estudos em Web Semântica e dados Abertos da (NEWSDA-BR) da Universidade de São Paulo, Presidente do IDCI – Instituto de defesa do Cidadão na Internet – www.josemilagre.com.br

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A d q u i r a j á e s t e E - b o o k ! A c e s s e : https://pages.hotmart.com/m11147874u/livro-lei-brasileira-de-p rotecao-de-dados-pessoais-o-que-governos-prefeituras-e-orgaos-publicos-precisam-saber-sobre-a-norma/

Projeto cria a Lei de

Proteção de Dados Pessoais do

Estado de São Paulo (LPDP –

SP)

O Estado é o primeiro do Brasil a buscar regulamentar a proteção de dados pessoais, após aprovação da Lei Nacional de Proteção de Dados

O Deputado Estadual Rogério Nogueira propôs no ultimo dia 06 de setembro de 2018 o Projeto de Lei 598 de 2018, que vem sendo denominado de LPDP SP (Lei de Proteção de Dados Pessoais do Estado de São Paulo)

O presente Projeto de lei visa à suplementação da Lei Federal número 13.709, de 15 de agosto de 2018, no Estado de São Paulo, e tem por objetivo dar ordenamento jurídico e institucional ao tratamento de dados pessoais, bem como a proteção dos direitos individuais das pessoas, de acordo com o Ordenamento Jurídico Nacional.

Segundo a justificativa do projeto “O tratamento de dados é hoje uma realidade cada vez mais presente em nosso cotidiano, especialmente quando experimentamos o avanço da tecnologia da informação, em especial a internet e suas aplicações nas mais diversas áreas de nossa vida em sociedade.

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Até pouco tempo era inimaginável pensar nas aplicações e a interação que a internet teria em nosso dia-a-dia, ao mesmo tempo em que podemos imaginar que isso continuará em ritmo acelerado e de incremento, tendo em vista a velocidade em que novas tecnologias são desenvolvidas para a comunicação com as pessoas.

Dentro dessa realidade se faz necessário estabelecer normas legais para disciplinar tais relações, especialmente para dar proteção à individualidade e a privacidade das pessoas, sem impedir a livre iniciativa comercial e de comunicação”.

O projeto surge após oitiva de várias entidades, como o Instituto de Defesa do Cidadão e Consumidor na Internet (IDCI), que hoje atua em frentes de proteção do cidadão em face da devassa dos dados pessoais e “classificações” com base em dados que deveriam ser esquecidos.

Dentre os profissionais consultados, está o perito especialista em direito digital e privacidade José Antonio Milagre, representando a Câmara Internacional de Arbitragem em Tecnologia da Informação, E-commerce e Comunicação, que vê com bons olhos a medida. “A Lei Nacional pode e deve ser integrada, para que se torne mais efetiva na proteção às vitimas de violações de dados. A idéia é que após proposta, seja amplamente discutida de forma que remanesça apenas a função integradora, regulamentadora e complementar da norma, em apoio o sistema nacional”. Segundo o Deputado, sensibilizado pela realização do V Congresso Brasileiro da Indústria da Comunicação, evento promovido pela ABAP – Associação Brasileira das Agências de Publicidade e pelo FORCOM – Fórum Permanente de Comunicação, foi decidido um projeto de Lei.

Nogueira salienta que a proposta da Lei é motivada pelo recente início de vigência do General Data Protection Regulation (GDPR), norma Européia em vigor desde 25 de maio e que impõe importantes regras no tratamento de dados pessoais,

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e que também influenciou a Lei Nacional, entendendo não haver conflito, mas uma proposta para discutir o aprimoramento, no escopo principal que é dar ao cidadão meios para controlar efetivamente o uso dos seus dados.

“A proposta da Lei Estadual é regulamentar e complementar a Lei Nacional, impondo importantes regras ao tratamento de dados pessoais feitos por empresas que no Estado se estabelecem ou que aqui oferecem serviços, incluindo inúmeras filiais e escritórios regionais de grandes empresas de Internet. Vamos iniciar o debate no Estado, para uma lei pontual e precisa, sobre como São Paulo pode apoiar o Brasil e também proteger os dados de seus cidadãos. Convidamos a todos para contribuírem com o projeto”, esclarece o Deputado.

Segundo a assessoria de Rogério Nogueira outro projeto pretende ser proposto e que autorizará a criação da Autoridade de Proteção de Dados Pessoais do Estado de São Paulo – APDESP, com a função de fiscalizar, orientar, estabelecer políticas públicas, atuando junto e contribuindo com a futura Autoridade Nacional, em processos que envolvam violações de dados no Estado.

Definitivo:

Usando

Certificado A3 (Leitora ou

Token) no MAC OS para PJ-e

2018

Neste vídeo o Professor José Milagre explica como colocar seu Macbook para trabalhar para seu escritório de Advocacia, configurando sua leitora para funcionar tanto em sistemas

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MacOS HighSierra, a partir de 10.12 e até 10.9. Confira – Atualizado! Se inscreva no canal!

Os direitos de quem perde

Bitcoins em corretoras e

intermediadores

José Antonio Milagre

Não incomum no mundo todo problemas envolvendo segurança digital de corretoras, onde bitcoins são perdidos ou até mesmo “furtados”. Recentemente, a maior corretora de Bitcoins do Brasil, a FOX BIT, ficou fora do ar e perdeu R$ 1 milhão em saques duplicados.

Ao que parece, existiram 130 saques em duplicidade, algo em torno de 30 bitcoins perdidos. Alguns investidores já haviam demonstrado dispostos a devolver o dinheiro e a empresa já teria informado que teria caixa proprietário para cobrir as despesas. Não há duvidas que este é um processo demorado e complexo.

Logicamente que diante da falha, o sistema saiu do ar para manutenção. Embora não tenha sido um “ataque” hacker, questão que paira é sobre os direitos daqueles que são lesados em c a s o s a n á l o g o s o u s i m i l a r e s . O s d a n o s s ã o d e s d e a indisponibilidade do serviço e transações até mesmo àqueles que tiveram suas contas afetadas. Em que pese Exchange não sejam carteiras, a simples afirmação não pode afastar responsabilidade de quem lida, custodia, armazena, ainda que

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temporariamente, bitcoins de terceiros.

Não bastasse, o volume do Bitcoin no Brasil caiu 50% após a corretora ficar off-line. Assim, não importa se fora invasão ou falha de qualquer natureza. A resposta, satisfação aos investidores e garantias para cobertura dos fundos deve ser imediata, não podendo o consumidor responder por ações que não deu causa, em que pese armazenar ainda que transitoriamente bitcoins em Exchange, não seguindo recomendações de segurança. No caso em específico, a corretora está agindo corretamente, prestando informação clara, posicionando-se e detalhando cada passo realizado para retorno das atividades.

No geral, alguns casos no mundo envolvendo Direito Digital já e s t ã o l i g a d o s a r e s p o n s a b i l i z a ç ã o d e s e r v i ç o s d e intermediários. Deve-se deixar claro que há evidente prestação de serviços realizada pelas corretoras. O usuário, em um ambiente descentralizado, podendo optar pelo risco de transacionar por conta e ponto a ponto, escolhe aquela empresa que lhe oferece maior segurança, agilidade, informações claras e logicamente, tem o direito de recuperar moedas roubadas em casos de incidentes ou ser ressarcido à altura do dano.

Havendo falha na prestação dos serviços, existe o direito à reparação, considerando igualmente que o serviço é prestado mediante comissionamento. Ainda que os termos de serviço da plataforma estabeleçam em sentido contrário, é importante mensurar, só vale o que está de acordo e não fere o Código de Defesa do Consumidor.

NOTAS:

1 N e s t e a r t i g o d o C O N J U R https://www.conjur.com.br/2018-jan-02/jose-milagre-direito-cli ente-corretora-bitcoin-quebre eu aprofundo a discussão sobre alguns direitos dos investidores em criptomoedas.

2 Recomendo igualmente a leitura deste trabalho “Bitcoin: Questions, Answers, and Analysis of Legal Issues” do

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C o n g r e s s i o n a l R e s e a r c h S e r v i c e https://fas.org/sgp/crs/misc/R43339.pdf

3 Já existem decisões judiciais no mundo, como a que d e t e r m i n o u a p e r d a d e B i t c o i n s R o u b a d a s https://www.coindesk.com/judge-orders-dea-stolen-bitcoin/

4 É p o s s í v e l r e c u p e r a r o s b i t c o i n s ? https://bravenewcoin.com/news/csi-crypto-can-victims-recover-s tolen-coin/

E quando seu clone assumir o

comando? Reflexões jurídicas

sobre o app Replika

Um amigo que morre e a vontade de dialogar com mesmo, criando sua versão “simulada”, motiva o desenvolvimento de um robô que após interagir com você em certa intensidade se torna uma cópia das suas características. O Aplicativo Replika, disponível para IOS e Android, utiliza inteligência artificial na criação de uma espécie de “clone virtual”.

Eugenia Kuyda, que perdeu o melhor amigo em 2015 em um atropelamento, reuniu todas as mensagens pessoais e comentários do rapaz em redes sociais (Twitter e Facebook) e criou um chatbot que teria a personalidade do amigo. Algo parecido com o Episódio Be Right Back de Black Mirror, ou com o filme de ficção científica Chappie? No filme, ao ser reprogramado, um Android se torna Chappie, o primeiro robô com capacidade de pensar e sentir por si mesmo, mas que imita pessoas com quem convive.

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O Acesso ao App Replika se dá por convite ou por meio de um link, reservando-se um nome de usuário. Acessando o aplicativo, o mesmo permite a conversa com o bot, que interagindo contigo, chega ao ponto em que “é você”. No AppAnnie, que monitora os aplicativos populares, o aplicativo foi um dos mais baixados no Brasil. Em meio aos humorísticos “usos” como por exemplo, colocar o bot para discutir a relação com a namorada, alguns pontos merecem uma reflexão. Se coletando dados manualmente, foi possível traçar a personalidade do amigo e desenvolver um aplicativo que com alguns chats faz a leitura da personalidade, o que podemos imaginar seria possível com terabytes de dados que lançamos diariamente em redes sociais, comentários, impressões, criticas, ofensas, elogios, curtidas, tweets. Agora imagine um clone que sabe mais de nós do que nós mesmos?

Alguns estudos indicam que em 20 (vinte) likes, isso mesmo, likes, já é possível traçar a personalidade de alguém, que sequer precisa “abrir a boca”, se assim podemos dizer. A própria Universidade de Cambridge tem o projeto Apply Magic Sauce, onde é capaz realizar inúmeras predições de personalidade, apenas analisando likes em redes sociais.

O segundo ponto a se tratar também está relacionado à privacidade. O que é possível fazer com estes dados se estiverem em mãos erradas? A cada réplica é criado no sistema um perfil com uma URL e usuários que não se atentarem às configurações podem exibir conversas e até dados privados. Pessoas podem querer interagir com seu clone antes de conversar com você por inúmeros motivos, desde conquistá-lo a comprar ou fazer algo, já conhecendo seu perfil e possíveis objeções, o que seria um marketing mais questionável, a até mesmo obter informações privilegiadas ou privadas (como indícios de uma senha, estratégias ou códigos de acesso) para inimagináveis ações, positivas ou extremamente negativas.

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alguém de confiança, valendo-se da forma com que fala e de sua personalidade? Teríamos novas modalidades de ciberataques focados na clonagem da personalidade?

Mas como no filme Lucy, estes aplicativos teriam aplicações úteis como melhorar “nossa capacidade”, ou nos oferecer uma extensão de nós mesmos, onde poderíamos dizer como no referido filme “estamos em toda parte”? Poderíamos nos relacionar, trabalhar ou fechar contratos inteligentes aplicando nossos clones? E se algo der errado, qual o direito digital aplicável? O Replika permite, por exemplo, que pessoas conversem com seu clone. Inquietações registradas, por hora, o Replika é apenas um aplicativo que aprende com você, utilizando duas tecnologias em absoluta emergência, a inteligência artificial e os chatbots.

Mas e quanto ao amigo da programadora Eugenia Kuyda? Ele autorizaria que sua personalidade fosse clonada e eternizada em códigos? Mas, qual direito temos sobre a clonagem de personalidade? Será que teremos que dispor sobre nossa herança virtual (dados), evitando que sejam tratadas e gerem clones ou usos indevidos? Já existem projetos de lei no Congresso Nacional a respeito. E quando a tecnologia por trás do Replika estiver em todos os locais virtuais que passemos, e por onde interagirmos, lá poderá estar um o novo “eu” em formação, sem que eu saiba? O que estamos criando e quais suas formas de uso? Seria muito bom que soubéssemos.

José Antonio Milagre, palestrante tecnólogo, advogado especializado em Direito Digital, Mestre e Doutorando pela UNESP. facebook.com/josemilagreoficial

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O sistema proporcional nas

eleições de 2016 e a votação

nominal mínima

Como é sabido, o cálculo do quociente eleitoral é utilizado para distribuição de cadeiras pelo sistema de representação proporcional (para preencher cadeiras legislativas com exceção do Senado) e consiste em algumas operações simples. Primeiramente se determina o número de votos válidos, excluídos os votos nulos e brancos. Após, divide-se os votos válidos pelas cadeiras a preencher, nos termos do art. 106 do Código Eleitoral. Nesta cálculo despreza-se as frações iguais ou inferiores a meio ou arredonda-se para um caso sejam superiores.

Após as operações acima, calcula-se o quociente partidário. Dividindo-se a votação de cada partido ou coligação, incluindo nominal e legenda, pelo quociente eleitoral obtido na fórmula acima citada, desprezando-se a fração, qualquer que seja. Neste momento já sabemos as cadeiras que cada partido terá. Alguns partidos irão zerar o quociente partidário, e nos termos do art. 109, parágrafo segundo do Código Eleitoral não terão direito a distribuição de lugares. Da distribuição é comum que ocorram sobras, ou seja, de lugares não preenchidos pelo cálculo do quociente partidário. Assim, para calcular as sobras dividia-se o número de votação de cada partido pelo número de lugares por ele obtido (produto do quociente partidário) somando-se mais 1(um). Ao partido que alcançasse a maior média atribuia-se a primeira sobra. A operação se repete com todas as sobras, atualizando-se o número de “lugares obtidos pelo partido” em cada operação, até acabar com as sobras.

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alterar o quociente eleitoral. Em tese, estariam eleitos tantos candidatos registrados por um partido ou coligação quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem de votação nominal que cada um tenha recebido. Dentro do número de vagas apuradas pelo quociente partidário, entrariam candidatos com maior votação nominal. A regra mudou.

Agora, estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido ou coligação que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido. Não basta estar na ordem da votação nominal, é preciso ter pelo menos 10% (dez) por cento do quociente eleitoral (e não partidário). Tenta-se com isso minimizar o impacto de candidatos sem expressão que tinham menor votação que outro de outra legenda, mas que era puxado pelo bom quociente partidário de sua legenda. Isso continuará a ocorrer, mas agora espera-se que minimamente este “puxado” atinja pelo menos 10% (dez por cento) do quociente eleitoral, o que segundo o legislador significaria alguma “representatividade”.

Outra alteração se dá nas sobras ou no preenchimento das cadeiras remanescentes. De acordo com a nova legislação, elas continuam sendo preenchidas e distribuídas entre os partidos e coligações com a maior média, como explicado acima, desde que, agora, tenham candidatos que obtenham a votação nominal mínima, ou seja, pelo menos 10% (dez) por cento do quociente eleitoral. A regra beneficia claramente partidos com maior densidade eleitoral, reunindo candidatos com maiores votações individuais. Resta claro que candidatos não eleitos diretamente pelo quociente eleitoral e partidário poderão se eleger pelo critério da média na sobras, o que de certo modo distorce o sistema proporcional, que surgiu para privilegia o voto nas “ideias” e não em pessoas.

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também muda nos termos do art. 109 do Código Eleitoral. Antes da reforma, como verificamos no início, era calculado da divisão do número de votos válidos do partido pelo número de cadeiras. Agora, a divisão se dá pelo número de lugares definidos para o candidato no cálculo do quociente partidário, mais um. Parece ser a mesma coisa, pois o resultado do cálculo do quociente partidário é o número de cadeiras. Ocorre que pela interpretação, ao se tomar o resultado do quociente partidário mais um, tem-se um divisor fixo, logo, diversamente do número de cadeiras, que poderia ser incrementado em cada operação envolvendo cada uma das sobras. Assim, com a nova regra, em tese, o partido que tiver a maior média leva todas as vagas que sobraram, pois não haveria sentido em operações posteriores para cada uma das sobras.

Tal questão foi objeto de ADI 5.420/DF da Procuradoria Geral da República e em 3 de dezembro o STF concedeu medida para suspender o referido critério da maior média (art. 109 do Código Eleitoral), mantendo a forma existente antes da Lei 13.165/2015. Já a votação mínima permanece válida (Art. 108), sendo que no mesmo despacho o Relator Dias Toffoli entendeu que não desnatura o sistema proporcional, mas vem em verdade para trazer mero equilíbrio ao sistema. Válidas para as eleições de 2016, veremos como as regras impactarão na certeza de que ainda teremos outros questionamentos judiciais.

As duas faces do direito ao

esquecimento na Internet

Recentemente, o Tribunal de Justiça da União Européia deu causa a um advogado Espanhol e determinou que o mesmo teria direito de ter seu nome removido do resultados do Google.

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A decisão favorável na justiça Européia ascendeu uma discussão que põe em confronto privacidade e honra com liberdade de expressão e comunicação. O Tribunal determinou que o site retirasse dos resultados das buscas uma página de um jornal, onde havia um anúncio relativo a uma suposta dívida do Advogado. A vice-presidente da Comissão Europeia, Viviane Reding, comentou a decisão como “uma vitória clara para a proteção de dados pessoais dos europeus”. No entanto, nada é pacífico. Duas correntes advogam em sentido contrário nesta temática.

A primeira corrente, defendida pelo Google e parte dos ativistas entende que tal medida é inconstitucional à medida em que viola a liberdade de expressão, imprensa e comunicação, estabelecendo-se a censura.

Para a primeira corrente “não se pode apagar a história” e se uma pessoa fez algo na vida que hoje a envergonha, tais resultados seriam mera conseqüência de seus atos, vida desregrada, dentre outras. O Google, em seus processos, ainda, alega que o buscador apenas “indexa” conteúdo relevante, sendo que notícias mais populares ou linkadas por grandes sites tendem a aparecer no topo dos resultados. Alega, por fim, que não pode ser responsabilizado ou condenado a remover resultados do buscador.

O provedor indica em suas defesas que o ofendido procure se entender diretamente com o site que publica a ofensa, pois removendo-se a ofensa, automaticamente a busca será alterada com o tempo.

Outra corrente, em sentido contrário, defendida também por ativistas do direito a privacidade, entende que não se trata de “apagar a história”, mas do direito ao esquecimento ou do direito de ser deixado em paz. Pessoas que foram condenadas pelo Judiciário e já pagaram sua pena, ou que deviam e pagaram as dividas, não poderiam, segundo esta corrente, serem “eternos” condenados ou “eternos” devedores no mundo virtual.

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Para tal corrente, a liberdade de expressão não pode violar direitos de personalidade, a privacidade ou colocar em risco a integridade física e psíquica de pessoas.

Agora vamos ao caso concreto. Uma advogado, responsabilizado por um dívida que nunca contratou e que é publicada na Internet em um site de informativo. Não bastasse, o Google pega a informação e a coloca em topo no ranking quando se pesquisa pelo nome da pessoa, claramente sendo o “controlador da informação”.

Até que ponto uma informação inverídica, associada aos dados pessoais de alguém, pode permanecer na rede, no maior buscador do mundo? Perceba. Não se trata de “apagar a história” ou “censura”, mas de correção de um equívoco, abuso ou injustiça. Trata-se da remoção de uma informação falsa. Repise-se, o advogado nunca foi devedor.

Outros casos que merecem reflexão, por exemplo, relacionados a blogs com difamação e injuria criados para ofender alguém utilizando como palavras chaves o nome do ofendido. Em muitos casos, blogs insignificantes, sem relevância, que poucas pessoas acessariam diretamente, não fosse o Google, que pega o blog e o coloca em posição de destaque, quando se pesquisa pelo nome do ofendido.

Tomemos o exemplo de alguém que é processado e ao final absolvido, mas as notícias do processo permanecem nos primeiros resultados do buscador. A pessoa deveria conviver com isso para o resto de sua vida? Imaginemos agora que o Blog é anônimo, publicado em qualquer localidade do globo terrestre, sem que os serviços estejam sujeitos às ordens judiciais brasileiras. O que é mais fácil à vítima? Remover a postagem ofensiva no blog, mediante ordem judicial, ou remover a referência ao Google, que vem dando publicidade ao mesmo quando o nome da vítima é digitado? Se a notícia é da imprensa, veiculada por órgão jornalístico, não podendo ser removida na fonte, tal impossibilidade de remoção se

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estenderia ao buscador que insiste em classificar a notícia antiga em primeiro lugar quando se busca o nome de uma pessoa? Não existe ponto pacífico. Cada caso é um caso e é preciso discernimento e proporcionalidade. Embora o caso espanhol tenha recebido destaque, temos casos mau digeridos no Brasil, como o de uma atriz, onde “do nada” e após pressão midiática, misteriosamente o “ranking” com o links para as fotos da atriz foram alterados, foram limpos da Internet, especificamente, dos resultados de um buscador.

Outros casos podem ser citados, como por exemplo, o caso de uma mulher que, após ter feito fotos sensuais para uma revista, foi associada ao termo “acompanhante” pelo “pesquisas relacionadas” e “sugestões de busca” do buscador. Como? Não se sabe. O que se sabe é que a caixa preta dos algoritmos do buscador em algum momento, avaliando as informações sobre a mulher, a classificou de forma mais que errônea à condição de prostituta.

É utópico imaginar que buscadores só indexam conteúdo, mas na verdade, hoje, classificam ou rotulam pessoas. Em outro caso ainda, uma família cujo filho morreu de forma trágica, em um acidente que foi fotografado pelo titular de uma página sensacionalista anônima: Quando se busca pelo nome da família ou do filho falecido, o primeiro resultado é o site com fotos do jovem morto, ensangüentado. A família tem que aceitar e conviver com isso para sempre? Liberdade de expressão? Qual o interesse público nesta divulgação?

Explanadas as duas correntes, nossa opinião é pela flexibilizarão entre as duas óticas, pela proporcionalidade e pela análise de cada caso, com muita cautela. Dois direitos constitucionais estão em conflito. Não se pode admitir que um pedófilo condenado queira limpar notícias referentes aos crimes que praticou. Não se pode admitir que um político corrupto queira “ficar bem na foto” do ambiente de um buscador. Por outro lado, não nos parece aceitável que pessoas

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tenham que conviver com informações comprovadamente falsas a seu respeito amplamente rankeadas pelo buscador e associadas a seus dados pessoais, como nome, cpf, dentre outros dados, como nos exemplos acima citados.

Longe de ser a palavra final sobre o tema, o presente artigo tem o papel de fomentar a discussão sobre o assunto, considerando que como explanado, nem tudo é “apagar o passado”, censura ou violação à liberdade de expressão, mas grave violação a direitos de personalidade, honra, imagem e privacidade de pessoas, direitos estes, tal como a liberdade de expressão, também previstos na Constituição Federal. A discussão é necessária, pois o “direito ao esquecimento” pode ser erroneamente interpretado e ser encarado, sempre, como ato de censura, ou mesmo usado maliciosamente para apagar conteúdos legítimos da Internet. É preciso pensar fora dos condicionamentos de quem não analisa a questão em sua dupla face. Apresentadas as correntes divergentes, cabe ao cidadão avaliar e formar seu entendimento.

D e c i s ã o d o T J d a U n i ã o E u r o p é i a : http://s.conjur.com.br/dl/tj-ue-google-direito-esquecimento.pd f

Referências

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