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Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo

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Acórdãos STA Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo Processo: 01257/17

Data do Acordão: 31-01-2018

Tribunal: 2 SECÇÃO

Relator: ISABEL MARQUES DA SILVA

Descritores: EXECUÇÃO FISCAL RECLAMAÇÃO

INDEFERIMENTO DO PEDIDO APENSAÇÃO

Sumário: I - Assiste o direito ao requerente da apensação de várias

execuções, de impugnar por via de Reclamação o despacho do órgão de execução fiscal que recair sobre tal pedido;

II - Essa Reclamação deve subir de imediato sob pena de perder o seu efeito útil;

III - Ao órgão de execução fiscal não assiste liberdade de

escolha, não lhe é permitida discricionariedade na sua actuação e, nessa medida, não está legalmente autorizado a “optar” por proceder ou não proceder à apensação das execuções.

IV - A mesma deve ocorrer, é obrigatória, sempre que da

mesma resultem ganhos de eficiência formais e substanciais e não deve ocorrer quando da mesma resulte prejuízo para o cumprimento de formalidades especiais ou, por qualquer outro motivo, possa comprometer a eficácia da execução.

Nº Convencional: JSTA000P22864

Nº do Documento: SA22018013101257

Data de Entrada: 10-11-2017

Recorrente: FAZENDA PÚBLICA

Recorrido 1: A...

Votação: UNANIMIDADE

Aditamento:

Texto Integral

Texto Integral: Acordam na Secção de Contencioso Tributário do Supremo

Tribunal Administrativo:

Relatório

-1 – A Fazenda Pública recorre para este Supremo Tribunal da sentença do Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada, de 26 de Setembro de 2017, que julgou procedente a reclamação judicial deduzida por A…………., com os sinais dos autos,

contra o despacho do Chefe do Serviço de Finanças de Almada 2 que lhe indeferiu o pedido de apensação de nove execuções fiscais contra si revertidas, anulando o acto reclamado, para o que apresentou as seguintes conclusões:

A) O ora Reclamante, deduziu Reclamação, nos termos dos artigos 276.º e 277.º, ex vi 257.º n.º 7, todos do Código de Procedimento e de Processo Tributário (CPPT), do despacho, proferido em 24-01-2017, da Ex.ma Chefe do Serviço de Finanças (SF) de Almada 2, que indeferiu o pedido de apensação dos processos n.ºs 3212201201065890;

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3212201301079999; 3212201301085557; 3212201301083554; 3212201301083333; 3212201301095790: 3212201301084666; 3212201301074369 e 3212201301085115.

B) Alegando, em resumo útil, que:

1. Em 22/12/2014, apresentou petição na qual, para além de requerer a nulidade das citações, também requereu, nos termos do artigo 179.º do Código de Procedimento e Processo

Tributário (CPPT), a apensação daquelas execuções; 2. Através do ofício n.º 714, de 23-02-2015, do Serviço de Finanças de Almada 2, lhe foi comunicado que, de acordo com o n.º 3, do artigo 179.º do CPPT, a apensação não terá lugar sempre que possa prejudicar a eficácia das execuções; 3. Por discordar de tal posição, o ora reclamante deduziu a presente reclamação;

4. Foi proferida sentença, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada – Processo n.º 1514/15.3BEALM, que julgou a

reclamação procedente;

5. Por não se conformar com a decisão proferida no TAF de Almada, o Representante da Fazenda Pública apresentou Recurso Jurisdicional;

6. Os juízes da Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo (STA) negaram provimento ao recurso; 7. No estrito cumprimento do acórdão do STA, de 6-04-2016, processo n.º 302/16-30. Foi em 24-01-2017, proferido

despacho, pela Chefe do Serviço de Finanças de Almada 2, no qual se retira que se trata de processos de execução fiscal distintos, com actos coercivos distintos, que originaram reversões distintas e ainda que a apensação dos processos supra colocaria em causa as próprias reversões já efectuadas, prejudicando o cumprimento de formalidades essenciais e a eficácia das execuções, conforme dispõe o n.º 3 do artigo 179.º, do CPPT;

8. Na informação que deu suporte ao despacho proferido em 24-01-2017, se pode, ainda, ler que nos processos acima identificados correm procedimentos de reversão autónomos, nos quais, além da responsabilidade subsidiária atribuída a A………….., “e também revertido B………… que não

contestou o despacho também de 10-02-2015, do Chefe Serviço de Finanças dado, sobre o requerido, em

23-12-2014, e que as reversões são as seguintes:

Processo execução fiscal

Reversão Data despacho

3212201301085115 3212.2014.744 2014-11-13 3212201301074369 3212.2014.739 2014-11-13 321201301084666 3212.2014.743 2014-11-13 3212201301095790 3212.2014.746 2014-11-13

(3)

3212201301083333 3212.2014.741 2014-11-13 3212201301083554 3212.2014.742 2014-11-13 3212201301085557 3212.2014.745 2014-11-13 3212201301079999 3212.2014.740 2014-11-13 3212201201065890 Aps 3212.2014.665 2014-10-09 E ainda que:

. foram solicitados planos de pagamento em prestações em

nome do devedor originário, entretanto interrompidos, autonomamente nos processos de execução fiscal acima identificados;

. Foram também efectuadas penhoras autónomas em cada um

dos processos já referidos;

. O artigo 179.º, do CPPT, impõe obrigatoriamente a apensação

dos processos sempre que contra o mesmo executado corram processos que se encontrem na mesma fase, mas que esta norma está associada à economia processual, resultando daqui interesses coincidentes quer para o executado quer para o exequente;

. No entanto o seu número 3 permite a não apensação sempre

que a mesma possa prejudicar o cumprimento de formalidades especiais ou comprometer a eficácia das execuções;

C) Requerendo, a final, a procedência da presente reclamação e, em consequência, a revogação da decisão que indefere a apensação das execuções, baixando os autos ao órgão de execução para que profira nova decisão, dando cumprimento satisfatório ao preconizado no artigo 179.º, do CPPT.

D) Na douta sentença, ora recorrida, o Tribunal “a quo” julgou a Reclamação procedente, por entender que na fundamentação constante da informação que deu suporte ao despacho

proferido pela Ex.ma Chefe do serviço de Finanças (SF) de Almada 2, em 24-01-2017, “…não estão verificados os

pressupostos de que depende o indeferimento da

pretensão do ora Reclamante (…). Destacado e sublinhado,

nossos.

E) Pressupostos que a douta Sentença, contudo, não enumera, apenas se limitando a concluir “… que a decisão de

indeferimento ora sindicada se encontra ferida de vício de violação de lei, por erro nos pressupostos de direito,

consagrados no artigo 179.º, n.º 3 do CPPT, devendo, por isso, o acto reclamado ser anulado.

Razão pela qual deverá a presente reclamação ser julgada

totalmente procedente. O que se decide.”

F) Decisão com a qual, e salvo o devido respeito, que é muito, a Fazenda Pública não se pode conformar, pelos fundamentos

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que se passam a expor.

G) Com o devido respeito, que é muito, mas o despacho proferido pela Ex.ma Chefe do serviço de Finanças (SF) de Almada 2, em 24-01-2017, não merece censura.

H) Podendo-se, ler, na Informação que o sustenta,

designadamente que nos processos em questão correm procedimentos de reversão autónomos, dos quais, além da responsabilidade subsidiária atribuída a A…………, é também revertido B………….. que não contestou o despacho também de 2015-02-10, do Chefe Serviço de finanças dado sobre o requerido em 2014-12-23.

I) E que foram solicitados planos de pagamento em prestações do devedor originário, entretanto interrompidos,

autonomamente nos processos de execução fiscal acima identificados.

J) E ainda que também foram efectuadas penhoras autónomas em cada um dos referidos processos.

K) Assim, como referido no aludido despacho, a apensação dos processos de execução fiscal colocaria em causa as próprias reversões já efectuadas, prejudicando o cumprimento das formalidades especiais e eficácia das execuções, conforme dispõe o n.º 3 do artigo 179.º do Código de Procedimento e Processo Tributário.

L) Acresce que, como bem salientado no mesmo despacho, das anotações do Juiz Conselheiro Jorge Lopes de Sousa, 3.ª Edição, 2002, Código de Procedimento e Processo Tributário Vislis Editores, Pág. 907, sobre o citado artigo 179.º, refere-se no n.º 6, da mesma anotação que «A decisão do órgão de execução fiscal que determine ou recurse a apensação ou a desapensação, parece não poder ser impugnada pelos

interessados, através da reclamação prevista nos arts. 276.º a 278.º deste Código. Por um lado, não se trata de um ato que, por si mesmo, afecte a esfera jurídica dos interessados. Por outro lado, a admitir-se a reclamação, ela teria de subir imediatamente, pois a subida diferida retirar-lhe-ia qualquer efeito útil. Ora, esta subida imediata apenas está prevista para os casos dos actos que possam provocar prejuízo irreparável, as decisões de apensação estarão fora da previsão esta norma».

M) Na verdade, esta subida imediata apenas está prevista para os casos dos actos que possam provocar prejuízo irreparável, logo as decisões de apensação estarão fora da previsão esta norma.

N) Posição que o Ilustre Juiz Conselheiro (Jubilado) tem vindo a manter, como se constata designadamente no seu Código de Procedimento e Processo Tributário, anotado e comentado, da Áreas Editora – 6.ª edição 2011 – III Volume (Artigos 148.º a 238.º) pág. 317 (sobre o citado artigo 179.º - n.º 6, da mesma

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anotação), “É duvidoso, em face do teor literal dos arts. 276.º e 278.º do CPPT, se a decisão do órgão de execução fiscal que determine ou recuse a apensação ou desapensação pode ser impugnada pelos interessados, através da reclamação aí prevista.

Por um lado, o art. 276.º prevê a possibilidade de reclamação de decisões que afectem os direitos e interesses legítimos do executado e a apensação, apesar de poder ser requerida pelo executado, não parece ser qualificável como acto susceptível de afectar a sua esfera jurídica, pois os direitos processuais de que o executado dispõem não aumentam nem diminuem com a apensação ou não. São apenas razões de ordem prática, de comodidade e economia processual e não atinentes aos

direitos substantivos e faculdades processuais do exequente e do executado que justificam a apensação e a desapensação e é duvidoso, pelo menos, que possíveis inconveniências para os particulares que possam resultar de actos processuais deste tipo possam ser consideradas, sem excessivas preocupações pseudo-garantísticas, como actos lesivos de direitos ou

interesses legalmente protegidos para efeitos do direito de impugnação contenciosa previsto no artigo 268.º, n.º 4, da CRP, ou que tenham sido ponderadas no art. 103.º n.º 2, da LGT ao referir «o direito de reclamação para o juiz da execução

fiscal dos actos materialmente administrativos praticados por órgãos da administração tributária», ou no art. 276.º do

CPPT ao admitir a reclamação de decisões «que afectem os

direitos e interesses legítimos do executado ou de terceiro».”

O) Conclui-se assim não assistir razão ao ora reclamante, pelo que se propõe a manutenção dos actos ora impugnados.

P) Acrescendo, a tudo isto, o facto de a competência, para apensação de processos de execução fiscal, ser da

responsabilidade do Órgão de execução Fiscal – OEF.

Q) Na verdade, no actual ordenamento processual tributário, o órgão competente para promover a execução fiscal é, nos termos do artigo 149.º, do CPPT, o Serviço Periférico Local da Administração Tributária onde deva legalmente correr a

execução.

R) E como decorre do douto Acórdão do STA, de 14-09-2011, P. 0242/11, consultável em www.dgsi.pt, apesar de ser legalmente permitida a apensação de processos de execução, nos termos do art. 179.º do CPPT, essa decisão, de apensação, inscreve-se na competência do OEF, não obstante a natureza judicial do processo de execução fiscal (n.º 1 do art. 103.º da LGT) e ainda que a dedução de uma única oposição a diversas execuções fiscais que não estão apensadas constitui excepção dilatória inominada que obsta ao conhecimento do mérito daquela – artigo 579.º do CPC.

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S) E. ainda, o douto Acórdão do TCA-Sul, de 17-09-2013, P. 06772/13, onde se pode ler que, correndo duas ou mais execuções contra o mesmo executado, mas não tiver sido

efectuada a apensação (esta não é forçosa, como se conclui do preceituado no art. 179.º, n.º 3, do CPPT) não poderá ser

apresentada uma única oposição, na sequência das respectivas citações, mesmo que estas tenham sido efectuadas

concomitantemente e a contestação relativa a todas as execuções assente nos mesmos fundamentos de facto e de direito, pois os processos de execução fiscal têm tramitação separada.

Assim, se, na sequência de várias citações respeitantes a diferentes execuções pendentes contra o mesmo executado, este apresentar uma única oposição em relação a mais que uma delas, estar-se-á perante uma situação de cumulação ilegal de oposições, excepção dilatória inominada a determinar o indeferimento liminar da petição inicial ou a absolvição da instância, consoante seja verificada em fase liminar ou na sentença, cfr. Artigos 234.º-A, n.º 1, 288.º, n.º 1, alínea e), 493.º, n.ºs 1 e 2, 495.º e 660.º, n.º 1, todos do CP Civil. T) E, como se pode ler na douta Sentença, se não sofre dúvidas que a decisão de apensação inscreve-se na competência do órgão de execução fiscal, também a

Administração Fiscal logrou provar que a presente decisão, da Ex.ma Chefe de Finanças, não se funda num mero exercício de livre arbítrio.

U) Com o devido respeito, que é muito, alusões genéricas ao livre arbítrio ou ainda que o exercício da apensação possa significar “…uma faculdade cujo exercício esteja sujeito ao livre arbítrio de cada Chefe de Finanças (…)”, carecerão

naturalmente de comprovação, pois não cremos que, com tais alusões, se pretenda dissimular a ordenação da apensação dos processos.

V) Tudo, naturalmente, à luz do princípio da boa-fé e da confiança, tal como se pode ler no douto Acórdão, de

26/05/2004, do tribunal da Relação de Guimarães, processo 257/2002, do 3.º Juízo Cível: - Para efeitos do disposto no art. 334.º C. Civ., o conceito de boa-fé coincide com o princípio da confiança.

X) Ora como provado, e face a tal factualidade, dúvidas não

nos restam que a douta Sentença ao decidir como decidiu, pela anulação do acto reclamado, violou o artigo 179.º n.º 3 do CPPT, na medida em que, como provado, a apensação não se fará quando possa prejudicar o cumprimento de formalidades especiais ou, por qualquer motivo, possa comprometer a eficácia da execução, bem como o artigo 276.º, do mesmo código, dado que no caso ora posto em crise, também não se está perante uma decisão que afecte

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os direitos e interesses legítimos do executado ou de terceiro.

Z) Como bem refere o Ilustre Juiz Conselheiro, Jubilado, sobre o citado artigo 179.º - In Código de Procedimento e Processo Tributário, anotado e comentado, da Áreas Editora, 6.ª edição 2011, III Volume (Artigos 148.º a 238.º) pág. 907 -, em face do teor literal dos arts. 276.º e 278.º do CPPT, é duvidoso se a decisão do órgão da execução fiscal que determine ou recuse a apensação ou desapensação, pode ser impugnada pelos

interessados, através da reclamação aí prevista.

Nestes termos e nos mais de Direito aplicável, requer-se a Vossas Excelências, se dignem julgar procedente o presente recurso, por totalmente provado e, em consequência, ser a douta sentença ora recorrida, revogada e substituída por douto Acórdão que julgue a reclamação improcedente, tudo com as devidas e legais consequências.

2 – Não foram apresentadas contra-alegações.

3 - O Excelentíssimo Procurador-Geral Adjunto junto deste Tribunal emitiu o douto parecer de fls. 122/123 dos autos, concluindo no sentido de que deve negar-se provimento ao recurso e manter-se a sentença recorrida na ordem jurídica, pois que no caso em análise não há qualquer dúvida de que os processos de execução fiscal se encontram todos na mesma fase, sendo certo que o OEF não alega qualquer concreta factualidade ou circunstância das quais se possa inferir que a requerida apensação prejudica o cumprimento de formalismos processuais, quais e em que medida, ou que possa

comprometer a eficácia da execução (No sentido da posição, ora sustentada, vai a mas recente jurisprudência do STA, consubstanciada nos acórdãos de 30/11/2016 – recurso n.º 01233/16 e de 10/01/2017 – recurso n.º 01374/16, disponíveis no sítio da internet www.dgsi.pt)

Com dispensa dos vistos legais, dada a natureza urgente do processo, vêm os autos à conferência.

Fundamentação -4 – Questão a decidir

É a de saber se a sentença recorrida incorreu em erro de julgamento - por violação do disposto no artigo 179.º n.º 3 do CPPT, do artigo 276.º do mesmo Código e ainda porque a decisão de apensação é da competência própria do órgão de execução fiscal – ao anular o despacho de indeferimento da Chefe do Serviço de Finanças que recusou o pedido de

apensação de nove processos de execução fiscal que haviam revertido contra o reclamante.

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5 – Matéria de facto

Dá-se por reproduzido, para todos os efeitos legais, o

probatório fixado na sentença recorrida – fls. 80, verso, a 84, verso, dos autos.

6 – Apreciando.

6.1 Do alegado erro de julgamento da sentença recorrida.

A sentença recorrida, a fls. 79 a 89 dos autos, julgou totalmente procedente a reclamação deduzida pelo ora recorrido contra o despacho da Chefe do Serviço de Finanças de Almada 2 que lhe indeferiu pedido de apensação de nove execuções fiscais contra ele revertidas, anulando o acto reclamado, no

entendimento de que o motivo elencado pela Autoridade Tributária para indeferir a apensação de processos,

desacompanhado de qualquer realidade fáctica que demonstre e determine, in casu, o comprometimento de formalidades essenciais ou a eficácia da execução não constitui razão válida para sustentar o indeferimento da requerida apensação das execuções fiscais (cfr. sentença recorrida, a fls. 88, verso, dos autos).

Para assim julgar, entendeu a sentença recorrida que «(…) fundamentando-se a decisão de indeferimento no artigo 179.º n.º 3 do CPPT, deveria a Administração Tributária ter alegado e demonstrado de que forma é que, mesmo estando todos os processos na mesma fase (neste caso, na fase de reversão, como se extrai da alínea C) do probatório), a apensação de processos, em virtude de já ter ocorrido a reversão, seria prejudicial para o cumprimento de formalidades especiais ou poderia comprometer, por qualquer motivo, a eficácia das execuções, elencando tais razões, com base em factos

concretizadores atinentes às respectivas execuções fiscais. //O que a Autoridade Tributária em momento nenhum fez,

limitando-se a fazer menção a diligências anteriormente feitas, como pedido de pagamento em prestações pela devedora originária e à realização de penhoras, a referir que se trata de processos de execução fiscal distintos, com actos distintos, que originaram nove reversões, para depois, através de um juízo conclusivo – que pouco mais é do que os dizeres da lei – afirmar que a apensação colocaria em causa as próprias reversões já efectuadas. //O que se nos afigura inócuo, por si só, sem a invocação da necessária factualidade, para provar que a apensação poderia prejudicar o cumprimento das formalidades especiais e a eficácia das execuções.» – cfr. sentença recorrida, a fls. 88 dos autos.

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incorreu em erro de julgamento ao anular o despacho

sindicado, que não merece censura, pois que na Informação que o sustenta se pode ler que nos processos em questão correm procedimentos de reversão autónomos, dos quais, além da responsabilidade subsidiária atribuída a A…………, é

também revertido B………….. que não contestou o despacho também de 2015-02-10, do Chefe Serviço de Finanças dado sobre o requerido em 2014-12-23 (…) e que foram solicitados planos de pagamento em prestações do devedor originário, entretanto interrompidos, autonomamente nos processos de execução fiscal acima identificados e ainda que também foram efectuadas penhoras autónomas em cada um dos referidos processos, razões pelas quais entende que a apensação dos processos de execução fiscal colocaria em causa as próprias reversões já efectuadas, prejudicando o cumprimento das formalidades especiais e eficácia das execuções, conforme dispõe o n.º 3 do artigo 179.º do Código de Procedimento e Processo Tributário. Mais alega, invocando JORGE LOPES DE SOUSA, não ser o acto que indefere o pedido de apensação das execuções fiscais sindicável por via de reclamação do artigo 276.º do CPPT e bem assim que tal acto se inscreve na competência própria do órgão de execução fiscal.

Vejamos.

Que a competência para a apensação ou desapensação das execuções fiscais constitui em primeira linha uma competência própria do órgão de execução fiscal, a quem cabe, nos termos da lei, promover a execução (artigo 152.º n.º 1 do CPPT) é questão pacífica na jurisprudência, como pacífico é hoje na jurisprudência – não obstante a posição discordante de JORGE LOPES de SOUSA citada pela recorrente -, de que assiste o direito ao requerente da apensação de várias execuções, de impugnar por via de Reclamação o despacho do órgão de execução fiscal que recair sobre tal pedido e que essa

Reclamação deve subir de imediato sob pena de perder o seu efeito útil – cfr., entre outros, os Acórdãos deste STA de 18 de Janeiro de 2017, rec. n.º 01374/16, de 22 de Março de 2017, rec. n.º 0985/16, de 3 de Maio de 2017, rec. n.º 1489/15, de 10 de Maio de 2017, rec. n.º 020/17, de 13 de Setembro de 2017, rec. n.º 0584/17, de 4 de Outubro de 2017, rec n.º 0373/17 e de 8 de Novembro de 2017, rec. n.º 0363/17.

Não procede, pois, o argumento da insindicabilidade do acto por via de reclamação judical, pois que esta é, precisamente, a via processual adequada para o interessado requerer ao

Tribunal a sindicância dos motivos da recusa da apensação de execuções que requeira e lhe seja negada.

É que, como vem dizendo este STA, sendo a competência para a apensação os processos executivos, em primeira linha, do órgão de execução fiscal, ao órgão de execução fiscal não

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assiste liberdade de escolha, não lhe é permitida

discricionariedade na sua actuação e, nessa medida, não está legalmente autorizado a “optar” por proceder ou não proceder à apensação das execuções, sendo a mesma obrigatória quando dela resultem ganhos de eficiência formais e substanciais e não deve ocorrer quando da mesma resulte prejuízo para o

cumprimento de formalidades especiais ou, por qualquer outro motivo, possa comprometer a eficácia da execução.

No caso dos autos, como bem decidido, não resulta evidenciado se, e em que medida, a apensação poderia prejudicar o cumprimento das formalidades especiais e a eficácia das execuções, pois que a AT se demitiu de o

demonstrar, como igualmente não resulta evidente que o facto ora alegado de que nos processos em questão correm

procedimentos de reversão autónomos, dos quais, além da responsabilidade subsidiária atribuída a A…………, é também revertido B………… que não contestou o despacho também de 2015-02-10, do Chefe Serviço de Finanças dado sobre o

requerido em 2014-12-23 seja motivo legal para o indeferimento da requerida apensação.

Como bem diz o Excelentíssimo Procurador-Geral Adjunto no seu parecer junto aos autos, no caso em análise não há qualquer dúvida de que os processos de execução fiscal se encontram todos na mesma fase, sendo certo que o OEF não alega qualquer concreta factualidade ou circunstância das quais se possa inferir que a requerida apensação prejudica o

cumprimento de formalismos processuais, quais e em que medida, ou que possa comprometer a eficácia da execução. Nenhuma censura merece, pois, o decidido, estando o recurso votado ao insucesso.

Decisão

-7 - Termos em que, face ao exposto, acordam os juízes da Secção de Contencioso Tributário do Supremo Tribunal Administrativo em negar provimento ao recurso.

Custas pela recorrente.

Lisboa, 31 de Janeiro de 2018 – Isabel Marques da Silva (relatora) – Ana Paula Lobo – Dulce Neto.

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