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A avaliação dos processos educativos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

CAMILA DANIELA ERTHAL

A AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS EDUCATIVOS

Santa Rosa 2015

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CAMILA DANIELA ERTHAL

A AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS EDUCATIVOS

Monografia apresentada para obtenção de graduação em Pedagogia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ.

Orientadora: Drª Hedi Maria Luft

Santa Rosa 2015

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CAMILA DANIELA ERTHAL

A AVALIAÇÃO DOS PROCESSOS EDUCATIVOS

Monografia apresentada para obtenção de graduação em Pedagogia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ

Banca Examinadora:

... Profª Drª. Hedi Maria Luft - UNIJUÍ

... Profª Ms. Claudia Seger – UNIJUÍ

Nota: ...

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Dedico este trabalho a todos que contribuíram para minha formação acadêmica.

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Agradeço primeiramente а Deus, o grande responsável por permitir qυе esta caminhada acontecesse.

À minha família e ao meu namorado, pelo incentivo e apoio que me proporcionaram para chegar até aqui.

Aos professores da UNIJUÍ – em especial à minha orientadora – por compartilharem seus conhecimentos com ousadia e paixão.

Às colegas, pela união e sabedoria com que souberam trabalhar em grupo.

A todos que fizeram parte da minha formação, muito obrigada!

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“Pois ser mestre é isso: ensinar a felicidade”.

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RESUMO

Um dos instrumentos indispensáveis que acompanha e orienta o processo de aprendizagem nas escolas é a avaliação. Este estudo tem por objetivo refletir sobre as contribuições que ela pode legar à qualificação do ensino, dada sua importância e pelas divergências com que é tratada. O termo “avaliação” é amplo e merece ser considerado, estudado e analisado tanto por leigos quanto por especialistas. Em vista disso, foram coletados dados que dizem respeito da concepção de avaliação. Os sujeitos escolhidos são os pais de alunos do terceiro ano do ensino fundamental de uma escola púbica estadual. Pode-se perceber que a concepção de avaliação classificatória ainda perpassa de modo acentuado. Mediante leituras feitas de teorias que abordam a avaliação escolar, é possível vislumbrar a necessidade de ultrapassar as barreiras entre a avaliação tradicional, conhecida por todos, e a avaliação emancipatória, com finalidade de promover a autonomia do sujeito. Para tanto, é necessário a construção de uma proposta de avaliação que tenha um caráter dialógico e que possibilite a mediação do conhecimento dos alunos com os conhecimentos do profissional da educação. Neste sentido, avaliar é mais do que classificar. É assumir um compromisso com a construção da aprendizagem.

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ABSTRACT

One of the essential tools that accompany and guide the learning process in schools is the evaluation. This study aims to reflect on the contributions that she can bequeath to education qualification, given its importance and the differences with which it is treated. The term "evaluation" is broad and deserves to be considered, studied and analyzed both by laymen as by experts. As a result, they collected data concerning the concept of evaluation. The chosen subjects are the parents of third graders of elementary education at a state school pubic. One can see that the conception of classificatory evaluation also expressed markedly. By readings of theories that address the school evaluation, you can glimpse the need to overcome the barriers between traditional assessment, known by all, and the emancipatory evaluation, with the purpose of promoting the autonomy of the subject. Therefore, the construction of a proposed assessment that has a dialogical character and which enables the mediation of knowledge of students with professional knowledge of education is needed. In this sense, evaluating is more than rank. It is a commitment to the construction of learning.

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SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO...09

1 POR QUE ESTUDAR AVALIAÇÃO ESCOLAR?...11

1.1 PARA QUE AVALIAR?...12

1.2 O QUE AVALIAR?...14

1.3 QUANDO AVALIAR?...17

1.4 COMO AVALIAR?...19

2 CONCEITUANDO A AVALIAÇÃO...21

2.1 A AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA...22

2.2 MEDIAÇÃO COMO PRÁTICA AVALIATIVA...25

2.3 A AVALIAÇÃO LIBERTADORA...29

3 A CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO NA PERSPECTIVA DOS PAIS...32

3.1 A FAMÍLIA NA ESCOLA...33

3.2 OS PAIS COMO PARTICIPANTES DO PROCESSO EDUCACIONAL...35

4 OS ALUNOS E AS PRÁTICAS AVALIATIVAS...36

4.1 O ALUNO E A AVALIAÇÃO...36

4.2 ALUNOS COMO SUJEITOS AVALIADOS: ...37

5 PROFESSOR E O PROCESSO AVALIATIVO...40

5.1 O PROFESSOR E A AVALIAÇÃO...41 5.2 PRÁTICAS AVALIATIVAS...42 5.3 AUTOAVALIAÇÃO...44 CONCLUSÃO...47 REFERÊNCIAS...49 OBRAS CONSULTADAS...50 ANEXO...51

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INTRODUÇÃO

A avaliação é um assunto delicado que nos permite conhecer de modo mais aprofundado a prática presente no cotidiano das escolas. Muitas vezes contribuindo para as melhorias no processo de ensino, a avaliação passa a ser um tema desafiador, à medida que, se apontam as divergências e as concepções equivocadas sob as quais é concebida.

Entendida de diferentes modos por profissionais da educação, a avaliação é um tema bastante discutido e oferece vasto acervo bibliográfico. Porém, isso não garante uma clareza maior quanto a sua função, dada a diversidade das tendências que circundam sobre a mesma.

Este trabalho contextualiza diferentes concepções sobre avaliação, em especial aquelas apresentadas pelos pais de alunos da turma do 3º ano do ensino fundamental de uma escola púbica estadual, na qual atuo como professora. Para tomar conhecimento sobre o que pensam a respeito do processo de ensino-aprendizagem de seus filhos. Foi entregue um questionário aos pais dos alunos e destes, foram escolhidas cinco famílias em que foi realizada uma entrevista e conversa referente à avaliação.

Além disso, consta uma breve análise de teorias de especialistas no assunto, bem aceitas no ambiente acadêmico, mas que são contraditórias com a prática educativa presente no ambiente escolar.

Estudar sobre o processo avaliativo nas escolas é uma das inquietações que venho apresentando desde o início da jornada acadêmica. Acredito que há mais profissionais que tenham interesse por este assunto, devido às enormes dificuldades encontradas para realizar atividades avaliativas nas escolas. Digo isto com base no crescente número de artigos científicos, livros e escritos publicados sobre a avaliação da aprendizagem escolar.

Sou marcada desde a infância por avaliações em que me sujeitava a decorar o conteúdo que o professor exigia para ser questionado na prova, para receber uma nota que me classificasse como apta ou não a passar de uma série a outra. Além de ser muito angustiante, a avaliação era, de certa forma, uma cobrança temida, obrigando a chegar a um determinado nível de resultado, fazendo reescrever o conteúdo que o professor ensinou, às vezes até com as mesmas palavras, para alcançar uma boa nota, ou a nota da média que classificasse para a série seguinte.

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Para evitar que seja dado a meus próprios alunos o legado pessimista em relação às avaliações escolares, venho realizando um estudo mais aprofundado sobre as tendências dos processos avaliativos. Este trabalho pretende apresentar provisoriamente o resultado de minha pesquisa, a saber, da minha própria prática docente.

O presente trabalho menciona a importância de avaliar, dispondo de um embasamento teórico sobre avaliação, de acordo alguns estudiosos renomados, como: Jussara Hoffmann, Cipriano Luckesi e Celso Vasconcellos. Em seguida, apresento os apontamentos sobre a concepção que alguns dos pais de alunos têm sobre o tema. Por fim, apresento uma relação entre alunos como sujeitos avaliados e o professor frente ao processo educativo.

A avaliação é um instrumento que os profissionais em educação utilizam para garantir o progresso da formação de quem aprende, e poder-se-ia dizer que é um compromisso tanto para o ensino na atualidade, como para os alunos e suas famílias. Por isso, estendo o convite para que você realize a leitura deste trabalho a fim de que reflita sobre as concepções de avaliação e analise a importância de realizar avaliações no âmbito educacional, e quem sabe também trocar algumas ideias sobre as práticas avaliativas nas escolas.

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1 POR QUE ESTUDAR AVALIAÇÃO ESCOLAR?

“Ensinar inexiste sem aprender” (Paulo Freire)

As aprendizagens dos alunos são construídas num processo contínuo de ensino e aprendizagem, é a troca de saberes que faz com que aprendam o desconhecido e esta permite a socialização de saberes sobre diversas coisas, seja no cotidiano escolar, social e/ou familiar. Entre suas palavras, Paulo Freire (1996, p. 23) dizia que os homens se educam entre si e que estamos sempre aprendendo juntos. Com essa visão é que o trabalho escolar pode ser visto como um processo de ensino-aprendizagem e a avaliação, uma forma de verificar o que acontece entre o aprender e o ensinar. “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1996, p. 23).

O ensino e a aprendizagem acontecem no processo educativo quando há a finalidade de ensinar, em comunhão com alguém ou um grupo de pessoas. Na busca por garantir que estes indivíduos aprendam, o professor utiliza algumas metodologias para observar o que de fato está acontecendo na sua prática educativa. Na maioria dos casos, é utilizada a avaliação ou a sistematização dos conhecimentos como formas de obter determinados resultados. São esses instrumentos que proporcionam ao professor uma visão geral sobre o aprendizado de um grupo ou, especificamente, de um aluno.

Além de dinamizar a observação a respeito de como e o que estão conseguindo aprender, a avaliação possibilita que os profissionais se questionem sobre o seu próprio processo educativo frente ao resultado daquilo que foi avaliado.

Na maioria das escolas, depara-se com a mesma forma de avaliação: cumulativa (que é somativa, visa medir as aprendizagens e dar os resultados finais no processo de ensino), classificatória (que classifica, ou não, o aluno a passar de ano) e sistematizada (que visa medir o que o aluno aprendeu no processo). Isso se deve ao fato, talvez, de ser a avaliação escrita a forma mais conveniente de obter resultados imediatos quanto à prática do aluno e não, do professor.

Destarte, a finalidade da avaliação tradicional fica somente vinculada à preocupação com o desempenho do aluno e o que resulta dela se restringe ao sucesso ou fracasso discente. Parece ser mais simples para os profissionais pensarem que sua prática continua sendo a mais adequada mesmo que as

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avaliações mostrem o contrário, como se os alunos fossem os únicos protagonistas do processo de ensino-aprendizagem.

Percebe-se que em alguns professores é latente o desejo de mudar sua prática educativa. Para que isso ocorra, muitos aspectos precisam de mudança, começando por uma reforma do currículo escolar, com uma cuidadosa seleção dos conteúdos, tornando-os apropriados à faixa etária dos alunos. É preciso atentar para a curiosidade deles em aprender sobre um determinado tema do qual já apresentam algumas noções – é o chamado currículo oculto, que talvez esteja realmente sendo ocultado pela escola!

Mesmo que haja uma mudança no currículo, nos conteúdos e nas metodologias de ensino, é a avaliação que deve receber uma atenção especial, pois é ela que visa servir como propulsora das aprendizagens dos alunos e impulsionar para as mudanças que precisam acontecer no âmbito escolar.

Da mesma forma que é importante avaliar a instituição de ensino, a fim de que a escola saiba como precisa proceder para melhorar o seu desempenho, é preciso pensar qual a finalidade da avaliação destinada aos alunos. Além do embasamento legal que permeia sobre os critérios avaliativos, é necessário aos professores uma concepção de avaliação com o intuito de proporcionar um ambiente de aprendizagem aos alunos.

1.1 PARA QUE AVALIAR?

A avaliação é um procedimento utilizado para observar e definir os critérios frente à aprendizagem. O ato de avaliar consiste em coletar informações, analisar e interpretar os dados que condizem com o conhecimento dos alunos. Para tanto, esses resultados são coletados mediante as avaliações realizadas e permitem ao professor acompanhar e observar quais os entendimentos que seus alunos têm ou passaram a ter. Além do mais, uma boa avaliação possibilita a compreensão do que se deixa de aprender, para que sejam repensadas as práticas de ensino a fim de que aconteçam novas aprendizagens.

Diante das avaliações que o professor faz, ele observa se os alunos estão aprendendo, como aprendem e se possuem alguma dificuldade. Também faz com que se consiga perceber como a metodologia de ensino está possibilitando a aprendizagem dos alunos e, em outra estância, a do próprio professor. Avaliar é

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também propor uma reflexão sobre as práticas no ambiente escolar, na busca por mais qualidade no ensino.

Durante os estágios realizados no decorrer do curso de Pedagogia, pode-se perceber que a avaliação escolar é tida em alguns casos como classificatória, na qual o aluno adquire uma “nota” para provar se está acima ou abaixo do padrão estipulado. Sendo interpretada equivocadamente, a avaliação é criada para classificar os alunos como aprovados ou reprovados, bons ou ruins, fortes ou fracos. Uma das críticas mais comumente encontradas nesta ocasião é de que a nota gerada se baseia isoladamente, associada à prova final do período, ou seja, desvinculada do cotidiano escolar, quando acontece o processo de ensino-aprendizagem. Estas provas, testes ou exames são considerados por muitos profissionais a base para que os alunos alcancem a nota mínima e sejam aprovados, mas pode-se perceber que esse entendimento é errôneo. “Se o professor não toma a totalidade, certamente isenta-se da avaliação, isto é, não se questiona se ele de fato ensinou, mas apenas se o aluno “aprendeu”” (LIMA, 2004, p. 41).

Com as avaliações finais, dessa forma, não há possibilidade de retomada para se pensar uma nova metodologia e rever o que precisa melhorar no processo educativo. Neste caso, foi utilizada apenas uma fração da avaliação, que se resume em coletar os dados referentes à aprendizagem – ou ausência dela. Assim, não foi levada em consideração a parte que poderia ser considerada a mais importante: a análise dos dados, oferecendo a oportunidade de pensar em uma nova ação para melhorar o ensino.

Na forma de avaliação classificatória, o aluno torna-se um mero receptor e reprodutor de informações, pois nesse sistema avaliativo valoriza-se somente o que ele lembra que foi transmitido, muitas vezes sendo solicitado com as mesmas palavras que o professor utilizou, sem se preocupar sobre quais foram os conhecimentos mais significativos. A forma de avaliação esperada “teria uma função de ‘qualificação do educando e não a de classificação’, sendo esta última um instrumento contra a democratização do ensino” (LIMA, 2004, p. 74).

A avaliação é – ou deveria ser – um instrumento que auxiliasse o processo de ensino-aprendizagem, possibilitando observar o nível de construção dos alunos, na busca por aprimorar a educação como um todo. É fundamental que se tenha a avaliação como uma forma de reconhecer as dificuldades que os alunos apresentam

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e de incentivar os interesses dos sujeitos, além de possibilitar que o ato educativo e as trocas de saberes possam produzir mais conhecimento.

No decorrer dos estágios em escolas, observou-se que, a partir da coleta de dados proporcionada pela avaliação (provas, trabalhos, cumprimento de tarefas, participação etc.), é possível tomar as decisões necessárias para ajudar os alunos e a escola a melhorarem o processo de ensino-aprendizagem.

A avaliação possibilita informar e orientar o professor sobre o que está acontecendo na prática pedagógica. Seja no sentido de diagnosticar se os alunos estão conseguindo co-aprender com o professor, se a linguagem empregada por ele é adequada, seja como forma de verificar se todos estão estudando ou há falta de interesse, a avaliação é um instrumento que norteia o fazer pedagógico e as práticas da sala de aula.

O professor é o mediador do processo de ensino-aprendizagem, é ele quem acompanha os alunos diariamente e faz as coletas de dados para observar se estão aprendendo, buscando uma melhoria do processo educativo.

A finalidade da avaliação não é apenas observar e identificar quais os erros, mas observar quais as dificuldades e os acertos dos alunos, analisando e compreendendo este processo, para que o profissional em educação possa tomar decisões. Isso viabiliza a superação de algumas dificuldades e a retomada do processo de ensino-aprendizagem, possibilitando estratégias diferenciadas de trabalho para que a construção de saberes aconteça de maneira mais eficaz.

1.2 O QUE AVALIAR?

Quando se fala em avaliação é preciso ter definido que o cerne do assunto é o processo de ensino-aprendizagem. Como cada pessoa tem suas particularidades imbricadas no contexto em que vive, cada indivíduo tem um sistema diferenciado para aprender, pois somos biologicamente diferentes. Cada um com suas significações, de acordo com seu entendimento da realidade, vai elaborando a construção de saberes de forma autônoma e particular.

Dessa forma, o professor seria uma espécie de diretor do espetáculo que é aprender ensinando e ensinar aprendendo e não, um juiz de valores ou o jurado destinado a dar nota pela apresentação.

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Cabe ao professor saber qual a importância em ver o aluno adquirir determinados saberes, e para isso é fundamental pensar no objetivo da avaliação escolar e quais as suas funções. Todo professor tem um objetivo ao realizar a avaliação para observar se o aluno está envolvido com o conteúdo desenvolvido em aula, bem como, se questionar quanto a importância daquilo que está trabalhando. Quais objetivos tem a escola? Ela pretende formar pessoas dinâmicas, capazes de construir soluções diferentes? A escola provoca os alunos a pensarem a realidade, as atitudes, as formas de se expressarem, as formas nas quais aprendem? Para responder a estas questões é fundamental que o professor tenha consciência do que realmente precisa levar em conta no momento de avaliar, pensar o aluno como um todo, observando aquilo que foi construído gradativamente, de acordo com seu rendimento, saber entendê-lo a partir do grupo no qual está inserido, considerando suas potencialidades.

“A avaliação só será eficiente e eficaz se ocorrer de forma interativa entre professor e aluno, ambos caminhando na mesma direção, em busca dos mesmos objetivos” (SANT’ANNA, 1995, p. 27). É no momento da avaliação que se percebe quais são os objetivos dos professores, considerando o que ele acredita ser fundamental para o aprendizado dos alunos e que foi destacado significativamente no processo educativo. Assim, pode-se perceber quais foram os conteúdos e aprendizagens que os alunos perceberam como mais importantes.

Nos estágios realizados no decorrer da graduação em Pedagogia, foi possível observar que a avaliação, em algumas escolas, ainda está centrada na preocupação em saber o que o aluno sabe, quais os conhecimentos que “domina” e aquilo que o aluno não sabe. Esta forma de avaliação pode causar o fracasso escolar, a evasão e a repetência, produzindo uma rotulação dos alunos, acabando por excluí-lo no momento em que não atingiu o resultado esperado pelo professor.

Avaliar não se restringe somente à classificação. A prática de avaliar é um processo dialógico que precisa acontecer no cotidiano da escola. Este diálogo condiz com a troca de saberes e as observações do professor, que irá dar um olhar especial, questionar e analisar o que o aluno está compreendendo e construindo quanto ao que lhe foi proporcionado.

Essa relação de troca de saberes também acontece em contato com os outros colegas, a partir de uma linguagem mais coloquial, própria da oralidade. Transcrever essa comunicação correlacionada ao conhecimento, dando ênfase ao

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aprendizado comum, é fundamental para que se estabeleçam melhores construções de entendimento dos assuntos/conteúdos. É este que deve entender o que os alunos querem dizer a respeito daquilo que deveria ser aprendido ou sistematizado.

Cabe à escola e ao profissional em educação permitir que os alunos colaborem na retomada de conteúdos que estão no currículo, definindo critérios e instrumentos de avaliação e adaptando-os às reais necessidades dos alunos. Estes, por sua vez, devem participar ativamente das aulas, propondo atividades, sugerindo técnicas de avaliação, enfim, diminuindo o distanciamento entre professor e aluno. Essa postura possibilita aos alunos um crescimento do interesse em estudar, a motivação em participar da aula, e assim, melhorar os resultados do processo de ensino-aprendizagem. Para tanto, de nada adianta mudar o currículo escolar se as práticas avaliativas continuam sendo as mesmas.

O professor deveria avaliar os alunos para perceber se eles relacionam os conhecimentos adquiridos com os conteúdos novos, se eles sabem realçar as ideias principais, se justificam as suas escolhas e argumentam suas ideias, se sabem interpretar e responder perguntas acerca de um tema, se sabem defender uma ideia e se reconhecem erros, além de realizar uma autoavaliação para saber o que precisam melhorar.

Se forem realizadas avaliações para perceber se os alunos são capazes de entender os conteúdos que sabem das diversas áreas de forma relacionada, para que consigam compreender e analisar as informações que lhes são oferecidas.

No momento em que o professor planeja o que trabalhar com os alunos, ele já estabelece previamente um conteúdo mínimo que será efetivamente necessário. Portanto, a avaliação permite observar se as práticas correntes estão atendendo a um objetivo comum: o de fazer com que o aluno aprenda e adquira conhecimentos.

É imprescindível que se estabeleça um mínimo de aprendizagens que precisam ser efetivadas pelos alunos, para que se permita indispensavelmente realizar o entendimento de informações, além de fazer o aluno pensar, refletir e organizar as informações e os saberes.

Aavaliação na atualidade é considerada como um elemento de integração do ensino e da aprendizagem, que ocorre em todo o processo e que não é somente responsabilidade do professor, cabendo também aos pais, alunos e toda a comunidade escolar participarem desta ação.

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1.3 QUANDO AVALIAR?

No processo de ensino-aprendizagem, o professor planeja o que, como e quando vai ensinar, tendo necessariamente os objetivos e conteúdos especificados, pensando na metodologia para as atividades de ensino e aprendizagem, e então definir: o que, como e quando irá avaliar.

Avaliar os seus alunos todo o tempo exige muito trabalho e dedicação. Não há como o professor avaliar todos os alunos no mesmo instante, bem como não há como avaliar todo o tempo. Não é possível fazer isso todo o tempo e muito menos com todos os alunos de forma eficiente e justa.

No questionário respondido pelos pais dos alunos, João (40 anos)1, afirmou que acredita que seu filho deveria ser avaliado durante todo o período que estiver na escola. Porém, pode-se dizer que é inviável avaliar os alunos todo o tempo que estão na escola, até mesmo porque existem momentos que não são propícios para procedimentos avaliativos, nos quais os objetivos se concentram em outras práticas, como pesquisas, passeios, brincadeiras, introdução de novos assuntos etc.

Em geral, as escolas se deparam com muitos alunos, e cada um com sua individualidade e características particulares. Todos são diferentes um do outro, aprendem de maneiras diferentes e reagem frente às atividades de forma diferenciada. Em vista disso, o que se pode fazer é escolher alguma atividade ou momento da aula em que seja feita a avaliação. É possível também ao professor selecionar quais os alunos que pretende avaliar, já que não se avalia a todos no mesmo tempo.

Como sujeitos sociais que aprendem com a interação com o outro, podemos considerar que as aprendizagens que construímos se fazem através da escuta, da fala, dos questionamentos, das respostas, das argumentações, enfim, é neste momento de interação entre os indivíduos que cabe ao professor entrar como mediador e avaliador do processo educativo. Dada a dinamicidade desse processo, não se deve avaliar com um único tipo de atividade ou instrumento, nem do mesmo jeito.

O professor define alguns critérios quando realiza as avaliações e para isso é fundamental planejar a avaliação. Quando são planejadas as atividades, e também a

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avaliação, já pode ser definido quem será avaliado, de que forma e qual o momento em que isso irá ocorrer.

É claro que a avaliação não é um episódio ou um fato isolado, mas um processo; não é um fim em si mesmo, mas um meio que tem como referências a missão, os fins, os objetivos e as metas de uma instituição empresarial ou educacional e se constitui em uma excelente ferramenta para o planejamento, o replanejamento e a gestão, pois reforça o paradigma qualitativo e atende à legislação em vigor (SANTOS, 2005, p. 22).

É preciso evitar a forma mecânica e sistematizada da avaliação que nos é exigida há muito tempo, em que se precisa transferir o conhecimento para o papel, lembrando o que foi dito, e reescrevendo como se isso fosse uma forma de perceber se o aluno aprendeu ou não a matéria, ou nas mesmas palavras que o professor ensinou. O que acontece desse modo é a memorização, a transferência de escritas de um papel para outro, e não o aprendizado, que é o objetivo principal ao se realizar a avaliação.

A avaliação pode basear-se além da nota, da pontuação, do exame, das provas. É fundamental que ela aconteça de diferentes formas, pois cada aluno é um ser único, possuidor de determinadas particularidades. Pode-se avaliar os alunos considerando aspectos diferentes.

Assim como as aprendizagens dos alunos, a avaliação também é dinâmica, pois todos podem se destacar em diferentes aspectos, como: a fala, a argumentação, a escrita, a leitura, os trabalhos em grupo ou individuais. Isso significa que não se pode sempre avaliar os alunos por respostas escritas, pois alguns conseguem se expressar melhor na questão da fala, argumentando melhor do que na escrita de uma prova, por exemplo.

Entre os processos avaliativos mais adequados, destacam-se: leitura, a escrita, argumentação de ideias, desenhos, relações com os colegas e professores, cumprimento do dever de casa, realização de atividades práticas ou teóricas, trabalhos individuais e em grupo, provas, entrevistas, questionários, enfim, em várias atividades que são desenvolvidas e de várias formas.

Segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998), é preciso considerar, nas práticas avaliativas, que os alunos aprendem de acordo com diferentes dimensões: biológicas, cognitivas, afetivas e sociais, e que estas precisam estar em equilíbrio, pois somos seres naturais, de conhecimento, que reagimos

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frente às emoções e também seres sociais, pois dependemos do outro para nos constituirmos. Assim sendo, pode-se dizer que se alguma dessas dimensões não está atendida no processo de ensino-aprendizagem, terá influências no aprendizado dos alunos.

1.4 COMO AVALIAR?

No âmbito escolar, pode-se dizer que a avaliação busca a melhoria da qualidade do ensino. Avaliar envolve observar as ações realizadas, analisar, registrar, perceber como pode ser diferente, refletir e buscar novas ações frente às aprendizagens dos alunos, das práticas e dos contextos trabalhados pelos professores.

No ato de avaliar é imprescindível rever, revisar, reformular e retomar o que o aluno aprendeu, é uma tomada de consciência sobre o crescimento com as aprendizagens. Essa avaliação acontece num processo e este precisa ser contínuo, levando em consideração a construção da individualidade dos alunos, partindo da subjetividade, dos princípios e valores, bem como o que interessa aprender.

Considera-se que a avaliação é um processo constituído de fases que servem para coletar informações, analisá-las e tomar decisões frente às necessidades da turma ou do aluno.

Algumas questões podem vir à tona para observar o processo avaliativo nas escolas: O aluno conseguiu aprender? O quê? Por que não conseguiu aprender? Como posso agir para realizar encaminhamentos possibilitando a aprendizagem para este aluno? Estas perguntas norteiam o trabalho do professor e fazem com que ele repense sua prática em sala de aula, possibilitando alguns ajustes sempre que necessários.

Não se consegue imaginar a escola sem avaliação. Claro que pode-se avaliar de outra forma que não seja a convencional, atribuindo nota sem uma prova, ou se pode avaliar sem precisar usar notas. Porém, muitas vezes a mais utilizada ainda é a avaliação mediante a nota, que condiz direta ou indiretamente com a prova.

Mediante as várias práticas avaliativas realizadas pelos professores, os alunos irão perceber que a avaliação vai se transformar em nota por motivos concretos, e que para isso, não basta ter bons resultados na prova e não cumprir as tarefas que são propostas no dia a dia. Não é só a prova que gera a nota do aluno,

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são todas as questões das regras da escola, além de critérios éticos e morais do convívio na sala de aula as quais serão colocadas à tona no momento da avaliação.

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2 CONCEITUANDO A AVALIAÇÃO

Pode-se perceber que há várias conceituações sobre a avaliação no campo educacional. Desse modo, o entendimento contemporâneo da avaliação é de que visa ser emancipatória e libertadora, possibilitando que o professor seja o mediador dos conhecimentos dos alunos, e que a avaliação é um instrumento que possibilita o acompanhamento contínuo destes alunos no processo educacional, para que se tornem mais autônomos, críticos e responsáveis. Também a avaliação permite que se percebam quais as aprendizagens que foram construídas pelos alunos no decorrer de um período ou ano letivo.

De acordo com o dicionário Aurélio, avaliação é um “ato ou efeito de avaliar”, um valor “determinado pelos avaliadores”, trazendo o conceito de avaliar como: “Determinar a valia, ou o valor de calcular” (FERREIRA, 2010, p.82). Dessa forma, pode-se perceber que é através da avaliação que o professor consegue diagnosticar as facilidades e/ou dificuldades que seus alunos e ter noção das necessidades de mudar as estratégias de ensino.

Assim, podem ocorrer mudanças nas metodologias que usa, criando formas de acompanhar o desempenho dos alunos, entre outras questões fundamentais que visam melhorar a forma de adquirir conhecimentos no ambiente escolar.

A avaliação é um instrumento de comunicação e interação social, que facilita a construção dos conhecimentos na sala de aula, mediante a troca de aprendizados de professor- aluno e aluno-aluno.

No processo avaliativo – assim como em ensino-aprendizagem – o professor tem como principal função a de mediar os conhecimentos dos alunos, e é perante a avaliação que consegue fazer essa tarefa. Por isso, pode-se dizer que avaliar é um processo que deve ser permanente, orientando o ensino e a aprendizagem dos alunos.

Ao serem questionados, Francisco (37 anos) e sua esposa Jaqueline (36 anos)2, disseram que a avaliação é “o ato de verificar e quantificar algo ou alguém, de diversas formas e aspectos”, considerando que a avaliação tem aspectos qualitativos e quantitativos, em que se classifica alguém como apto ou não a passar

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Francisco e Jaqueline (nomes fictícios utilizados para preservar as identidades dos entrevistados – pai e mãe de aluna do 3º ano).

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de série, mas observando sua totalidade, ou seja, o desenvolvimento dos alunos em todos os seus aspectos.

Valdemar (40 anos) e Margarida (34 anos)3, pensam que avaliar é “a maneira de analisar como está se saindo uma pessoa mediante um aprendizado ao qual ela se submeteu”. Nesse sentido, a avaliação teria um aspecto de coleta de dados, para que se obtenham resultados, estes que irão revelar como o sujeito avaliado está respondendo ao processo de ensino-aprendizagem em um determinado período. Assim, haveria a intenção de coletar informações para constatar sobre o que o aluno conseguiu aprender.

A avaliação, para tanto, não se baseia somente na coleta de informações, ela é um diálogo que precisa acontecer entre os sujeitos (professor-aluno e aluno-aluno); é o encontro dos conhecimentos já adquiridos com outros novos; é indagação, pois exige uma dúvida que precisa ser sanada; é uma confirmação de uma hipótese; é a busca permanente de aprender, ou seja, é uma atividade extremamente complexa.

Sant’Anna define o conceito de avaliação da seguinte forma:

[...] Avaliação é um processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico (mental) ou prático (1995, p. 31-32).

A coleta de dados, nesta perspectiva, é uma das primeiras fases do processo avaliativo, pois a partir dos resultados é que o professor vai perceber o que precisa mudar em sua prática, ou que ferramentas pode utilizar para uma melhor metodologia de trabalho que garanta o ensino e a aprendizagem para seus alunos.

2.1 A AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

A definição do conceito de avaliação ou de avaliar é descrita por vários teóricos bem como por leigos no assunto, de diferentes formas e concepções, pois depende da interpretação que cada sujeito faz sobre a prática avaliativa. Porém o

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Valdemar e Margarida (nomes fictícios utilizados para preservar as identidades dos entrevistados – pai e mãe de aluno do 3º ano).

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termo avaliar tem sua origem no latim, “provindo da composição a-valere, que quer dizer dar valor a (...)” (LUCKESI, 1998, p. 92), nesse sentido, o conceito de avaliação se dá como uma forma de atribuir valor a alguma coisa, ter um posicionamento positivo ou negativo frente a um objeto, isso que implica na coleta, análise e síntese dos resultados coletados, o que conduz a uma nova decisão/ação.

A avaliação, de acordo com Luckesi (1998), deve servir para a melhoria da qualidade de ensino-aprendizagem dos alunos, ele considera as práticas avaliativas como um suporte, que auxilia para se alcançar os objetivos desejados, e procura servir como uma ferramenta que norteie o fazer pedagógico do professor, considerando que ela visa tomar decisões sobre os caminhos que o professor busca ao propiciar o ensino. Segundo ele:

[...] a avaliação da aprendizagem deveria servir de suporte para a qualificação daquilo que acontece com o educando, diante dos objetivos que se têm, de tal modo que se pudesse verificar como agir para ajudá-lo a alcançar o que procura (LUCKESI, 1998, p.58).

A avaliação tem como propósito ser um instrumento diagnóstico, em que se faz uma definição da situação dos alunos, e, mediante os resultados obtidos, visa adequar-se e fazer novos encaminhamentos a fim de possibilitar ao aluno estratégias para que construa suas aprendizagens.

A avaliação, para Luckesi (1998), “pode ser caracterizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, fator que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, para aceita-lo ou para transformá-lo”. Este estudioso defende uma avaliação com função diagnóstica, em que o ato de avaliar que é utilizado pelo professor não pode simplesmente ser uma pausa para se pensar a prática e em seguida retornar as atividades, mas com novos propósitos e conteúdos. A avaliação diagnóstica é aquela em que se pensa, se julga a prática realizada, retomando-a e modificando para que permita aos alunos avançarem e crescerem com seus conhecimentos.

Ela funciona com o principio de um método dialético, em que se construa um avanço no desenvolvimento das ações que já foram realizadas, com as que virão a serem trabalhadas, em busca do conhecimento que pode ser construído. “Esta forma de entender, propor e realizar a avaliação da aprendizagem exige que ela seja

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um instrumento auxiliar da aprendizagem4 e não um instrumento de aprovação ou reprovação dos alunos” (LUCKESI, 1998, p. 82).

Nessa perspectiva, a avaliação é considerada como um diagnóstico para o crescimento dos potenciais dos alunos, para aprimorar o seu desenvolvimento, seu entendimento e potencializando os conhecimentos que já tem. Ela precisa estar preocupada com o crescimento do aluno, e ser levada em consideração pelo seu significado construtivo.

Sabe-se, porém, que em muitas escolas, “[...] a prática pedagógica está polarizada pelas provas e exames” (LUCKESI, 1998, p. 18), em que muitas vezes a avaliação acontece mediante provas e exames, pela classificação, ao invés de ser uma forma de estabelecer relações de ensino e aprendizagem.

O profissional em educação que realiza avaliações, percebe quando e de que forma precisa modificar a sua ação pedagógica. É mediante as avaliações realizadas que ele percebe se sua pratica está possibilitando a aprendizagem dos alunos ou não, bem como se a metodologia está sendo adequada, se está conseguindo alcançar os objetivos. Dessa forma, ele reorganiza a prática educacional, possibilitando a melhoria da qualidade de ensino, e efetivas aprendizagens por parte dos alunos.

“Para não ser autoritária e conservadora, a avaliação terá de ser diagnóstica, ou seja, deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento da identificação de novos rumos” (LUCKESI, 1998, p.43). Nesse sentido, a avaliação diagnóstica possibilita que o profissional em educação perceba quais os caminhos que foram percorridos e quais que serão construídos para que a aprendizagem seja possibilitada aos alunos na função de transformação social e, consequentemente, na melhoria da qualidade de ensino.

Vale salientar que há inúmeras situações que permitem (ou não) o processo de aprendizagem. É o que se percebe na afirmação: “Ensinar significa criar condições para que o educando efetivamente entenda aquilo que se está querendo que ele aprenda” (LUCKESI, 1998, p.133). Nesse sentido, a avaliação com função diagnóstica serve como um instrumento que o profissional em educação utiliza para auxiliar a cada aluno no seu processo de aprendizagem, na construção dos

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conhecimentos, fortalecendo a autonomia e o fazendo “caminhar com suas próprias pernas”5

.

Em suma, a visão de avaliação que Luckesi nos coloca é de que “ela terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor da competência de todos para a participação democrática da vida social” (1998, p. 46). Portanto, a avaliação é tida como uma possibilidade de avanço, para se compreender os objetivos pedagógicos, os processos educativos, a auto-compreensão tanto do aluno quanto do professor, do sistema educativo, enfim, possibilitando a eficiência e a qualidade de ensino.

Os resultados de uma avaliação deveriam ser utilizados para diagnosticar a situação de cada aluno, observando o processo de ensino-aprendizagem, as dificuldades/facilidades, acertos/erros, pensamentos, argumentações, conhecimentos, significações, realidades, comportamentos, enfim, proporcionar ao profissional de educação um estado de aprendizagem sobre a sua prática educativa e sobre seus educandos.

Segundo a conceituação de avaliação por Luckesi, a avaliação “(...) é uma ferramenta da qual o ser humano não se livra. Ela faz parte de seu modo de agir e, por isso, é necessário que seja usada da melhor forma possível” (1998, p. 119). Dessa forma, podemos perceber que a avaliação é uma prática contínua, que acontece não só nas instituições de ensino, mas em todo e qualquer lugar.

A avaliação educativa é uma atitude ética dos profissionais de educação para com os seus alunos, e que esta, quando for utilizada com seu devido fim, possibilita a concretização de um ensino de qualidade, e isso implica na humanização de uma sociedade civilizada.

2.2 MEDIAÇÃO COMO PRÁTICA AVALIATIVA

Ao refletir sobre avaliação, Hoffmann afirma: “Avaliar é acompanhar o processo de construção de conhecimento” (2008, p.152). Avaliar é prever a ação, esta que acontece na sala de aula, pensar na ação que é tomada no dia a dia, no cotidiano e no contexto educacional. Referindo-se também a um processo, como algo que não tem fim, pois está sempre acontecendo e precisa ser acompanhado. E

5

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o processo de construção de conhecimento quer dizer que será pelo progresso que estes alunos têm ao aprender.

Há que se dizer então que, ao avaliar, o professor interpreta os alunos e os dados desse acompanhamento, e tira conclusões de acordo com a sua postura e concepção das coisas. Por isso que o olhar do professor deve ser comprometido para com a aprendizagem dos seus alunos.

É o professor que constrói o contexto de avaliação da sala de aula, é ele quem dá um conceito sobre o que o aluno aprende, por isso o professor é o responsável pelo que o aluno aprende. Hoffmann nos diz que: [...] “avaliar é ler o aluno em seu texto e contexto, é interpretar este “texto”, buscando nas entrelinhas o sentido para a ação educativa” [...] (2008, p. 129).

Com esta tarefa, cabe ao professor respeitar as diferenças entre os alunos, considerando que cada aluno é um ser único, tem suas particularidades e o seu entendimento de mundo acerca das coisas. O conhecimento dos alunos é construído aos poucos, lentamente, por isso a avaliação tem caráter de ser um processo, uma caminhada.

Avaliar em educação significa acompanhar estas surpreendentes mudanças, “admirando” aluno por aluno em seus jeitos especiais de viver, de aprender a ler e a escrever, em suas formas de conviver com os outros para ajudá-los a prosseguir em suas descobertas, a superar seus anseios, dúvidas e obstáculos naturais ao desenvolvimento. Ninguém aprende sozinho. E os alunos não aprendem sem bons professores. Para favorecer, de fato, o melhor desenvolvimento possível, é necessário conhece-los muito bem, conversar com eles, estar junto deles (HOFFMANN, 2008, p. 59).

A avaliação é uma construção de um olhar reflexivo, que seja consciente e sensível do educador para com o aluno, para que o professor possa agir em benefício do educando, para a melhoria da qualidade educacional. A finalidade da avaliação passa a ser a de desafiar o aluno a refletir sobre as noções estudadas e situações vividas, a formular e reformular seus próprios conceitos. (HOFFMANN, 1998, p. 59).

O processo avaliativo que valoriza e investiga as diferentes formas de ser e de pensar, passa a gerar a interdisciplinaridade na construção de conhecimento, além de possibilitar aos alunos a sua interpretação e argumentação, instigando-os respeitar as ideias diversas.

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O professor é o mediador desses conhecimentos dos alunos, dando-lhes oportunidade de expor suas ideias e entendimentos, dar oportunidade para discutir a partir da realidade dos alunos, realizar tarefas individuais para que o professor consiga entender quais as razões de os alunos responderem ou entenderem daquela forma, do mesmo modo como oportunizar e observar o trabalho em grupo, para perceber qual a concepção que os alunos elaboraram em conjunto. Tudo isso envolve, além de um professor mediador, também uma avaliação mediadora, no sentido que

A mediação é espaço de encontro, espaço a ser ocupado pelo diálogo, pela reciprocidade do pensamento e sentimentos entre educador e educando, entre educadores, entre educandos, pessoas em processo de humanização – um espaço a ser construído (HOFFMANN, 1998, p. 9).

A mediação aproxima professor-aluno e aluno-aluno, e faz com que os sujeitos interajam entre si, trocando ideias, experiências, vivências, saberes, e esse encontro e/ou socialização faz com que os sujeitos construam novos conhecimentos mediante ao que se está dialogando. Por isso, pode-se dizer que a mediação e o diálogo são relações estabelecidas pelo professor e o aluno, diante do conhecimento como uma troca de saberes e construção de novos conhecimentos.

Mediação, segundo Jussara Hoffmann, “é interpretação, diálogo, interlocução” (2008, p. 102), e a avaliação mediadora leva o professor a desenvolver o papel de interpretação frente à manifestação dos alunos (suas leituras, escritas, relações, argumentações), enfim, dá oportunidade aos alunos de se expressarem, refletirem, articular ideias bem como desafios e construir suas próprias compreensões do contexto em que vivem.

“A ação avaliativa torna-se mediadora na medida em que é possível realizar uma análise global do desenvolvimento de toda a trajetória do aluno (HOFFMANN, 1998, p. 31)”. A aprendizagem dos alunos é concebida como um avanço no espaço de tempo em que foi iniciado o ensino e na sua finalização. Precisam-se valorizar as experiências que os alunos trazem, os valores, os limites, e sua vida fora da escola.

Nesse sentido, a avaliação mediadora acontece quando professor oportuniza vivenciar situações diferentes, realiza novas leituras, discussões e debates acerca de um assunto, fazendo o aluno pensar mediante as respostas e argumentações, além de desafiar o aluno a observar novas vivências e opiniões sobre a realidade.

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A tarefa do educador numa avaliação mediadora é propiciar momentos de troca de ideias e discussão, realizar provocações no sentido de questionar as respostas, observar qual a mentalidade e o posicionamento dos alunos frente às aprendizagens. Por isso, a avaliação visa ser um trabalho qualitativo, em que

[...] QUALIDADE6, numa perspectiva mediadora da avaliação, significa desenvolvimento máximo possível, um permanente “vir a ser”, sem limites pré-estabelecidos, embora com objetivos claramente delineados, desencadeadores da ação educativa (HOFFMANN, 1999, p.33).

As aprendizagens dos alunos são significativas para ele, por isso ele precisa saber colocar-se como sujeito de aprendizagem, àquele que reformula ideias, que relaciona o que aprendeu com o que já sabia, como aquele que dialoga, que defende concepções, que argumenta ideias, enfim, um sujeito interativo.

Por isso, é fundamental que se conheça bem os alunos, prestando atenção neles, conversando com eles, buscando entender o modo de pensar, de agir, de interpretar e argumentar as ideias, ouvir as perguntas, propiciar momentos em que desenvolva sua autonomia e emancipação.

O professor, em sua tarefa avaliativa, busca também a investigação sobre a não-aprendizagem dos alunos, suas dificuldades, seus desentendimentos. No momento que avalia, o professor coloca sua subjetividade à tona e considera as respostas dos alunos a partir de seus próprios entendimentos. O professor, utiliza as anotações ou os registros que faz sobre seus alunos para usá-las como base para o acompanhamento e orientação das aprendizagens de cada um em seu processo de aprendizagem.

A avaliação na escola tem um caráter de problematização, de diálogo, com troca de ideias, buscando a construção dos conhecimentos a partir de diversas interpretações e entendimentos. Diferente das provas de vestibulares e concursos que tem um caráter de eliminação de candidatos.

[...] a avaliação resgata o seu papel verdadeiramente educativo, concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação. Passa-se a entender, então, a avaliação, não como certificativa, mas como impulsionadora de aprendizagem, enquanto reflexão sobre a mesma (HOFFMANN, 1998, p. 109).

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Não basta o professor considerar o certo e o errado, e sim, auxiliar o aluno a encontrar suas dificuldades, a perceber quais as melhores soluções para as barreiras, propiciando o progresso do aluno. Com isso,

A finalidade da avaliação não é a de descrever, justificar, explicar o que o aluno “alcançou” em termos de aprendizagem, mas a de desafiá-los todo tempo a ir adiante, a avançar, confiando em suas possibilidades e oferecendo-lhes, sobretudo, o apoio pedagógico adequado a cada um (HOFFMANN, 2008, p. 103).

A avaliação nos permite tomar previdências sobre as respostas dos alunos, deixando de lado as constatações que normalmente são feitas a seu respeito. Cada professor descobre e faz a sua própria maneira de avaliar, mas é fundamental que se utilize as ferramentas avaliativas condizentes com a melhoria do processo educativo dos alunos, em benefício deles.

2.3 A AVALIAÇÃO LIBERTADORA

Em muitos casos, a avaliação é tida como “estudar para passar”. Quanto a isso, muitas mudanças precisam acontecer para que se tenha a consciência de qual o verdadeiro sentido da avaliação escolar. De acordo com Vasconcellos, a avaliação, “[...] deveria ser um acompanhamento do processo educacional” (2000, p. 26), porém nem sempre a realidade no ambiente escolar é essa.

Para Vasconcellos (2000), a avaliação, na perspectiva dialético-libertadora compreende alguns estágios nos quais a metodologia avaliativa precisa partir da prática (como um desafio para transformar). A partir disso, é possível refletir sobre ela (no sentido de pensar sobre a ação, para buscar o sentido da transformação), e realizar a transformação da prática (que possibilite organizar a prática e atuar na direção desejada).

Avaliação é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos (VASCONCELLOS, 2000, p. 44).

Os professores precisam olhar para a sua prática e observar como ela está sendo, e então pensar em como gostaria que elas fossem. Para concretizar as

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mudanças necessárias, pode-se pensar o que podemos fazer a fim de que as melhorias aconteçam.

Quanto à finalidade da avaliação, Vasconcellos coloca que, [...] entendemos que a principal finalidade da avaliação no processo escolar é ajudar a garantir a formação integral do sujeito pela mediação da efetiva construção do conhecimento, a aprendizagem7 por parte dos alunos (2000, p. 47). Sabemos que o sentido maior da avaliação é fazer com que os alunos aprendam mais e melhor sempre, e isso só se torna possível quando a avaliação classificatória e excludente é deixada de lado.

Como a avaliação é um processo, é preciso ter em mente que a prática não pode permanecer estática, ela precisa de mudanças e de melhorias, pois os sujeitos de aprendizagens nunca são os mesmos.

Numa perspectiva de avaliação dialética libertadora, o sujeito é um agente interativo, um sujeito reflexivo, que argumenta suas ideias, que questiona, contribui, enfim, um sujeito que interage com a dinâmica de ensino-aprendizagem em sala de aula, pois todos são capazes de aprender.

O aluno que está aprendendo pode também participar das aulas para poder realizar a construção dos conhecimentos e seus entendimentos. Ele precisa ser motivado a realizar problematizações, debates, argumentações, pesquisa, interpretações, trabalhos, desenhos, dramatizações, apresentações de trabalhos, rodas de conversa, enfim, precisa ser um sujeito ativo em sala de aula. “A participação do aluno não é mais do que uma contingência, para que tenha melhores condições de aprender efetivamente” (VASCONCELLOS, 2000, p. 72).

É preciso que se façam mudanças em todas as esferas envolvidas no sistema educacional, como a escola, o projeto político-pedagógico, o currículo, as metodologias de trabalho e a concepção de avaliação por parte do professor.

Percebemos que o problema da Avaliação é muito sério e tem raízes profundas: não é problema de uma matéria, série, curso ou escola, é de todo um sistema educacional, inserido num sistema social determinado, que impõe certos valores desumanos como o utilitarismo, a competição, o individualismo, o consumismo, a alienação, a marginalização, valores estes que estão sendo incorporados em práticas sociais, cujos resultados colhemos em sala de aula, uma vez que funcionam como “filtros” de interpretação de sentido da educação e da avaliação (VASCONCELLOS, 2000, p. 14).

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A avaliação visa ser um meio de acompanhamento do processo educativo, precisa ajudar o professor quanto à organização da recuperação paralela, organizar de forma diferente o trabalho da sala de aula, mudar de metodologias de ensino, retomar os assuntos que não foram bem compreendidos pelos alunos.

Oportunizando uma melhor relação entre os indivíduos, a avaliação ajuda o aluno também a se dedicar mais, a orientar os seus estudos, rever a matéria, prestar mais atenção e participar de forma ativa nas atividades desenvolvidas. Numa perspectiva de melhoria do espaço de estudo, possibilita também a revisão do currículo, da postura dos profissionais em educação e das ferramentas de ensino utilizadas.

Para finalizar, a conceituação de Vasconcellos sobre avaliação, é válido destacar a seguinte afirmação:

O que se espera de uma avaliação numa perspectiva transformadora é que os seus resultados constituam parte de um diagnóstico e que, a partir dessa análise da realidade, sejam tomadas decisões sobre o que fazer para superar os problemas constatados: perceber a necessidade do aluno intervir na realidade para ajudar a superá-la (2000, p. 74).

A escola é um lugar de constante transformação da prática pedagógica, em que é necessário avaliar para mudar o que precisa, em favor da qualidade de ensino e garantindo uma melhor aprendizagem para os alunos.

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3 A CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO NA PERSPECTIVA DOS PAIS

Para tomar conhecimento sobre o que pensam a respeito do processo de ensino-aprendizagem de seus filhos, foi entregue um questionário aos pais dos alunos do 3º ano, a fim de que respondessem perguntas referentes à concepção de avaliação. Para a elaboração deste questionário (cfe. anexo A), foram escolhidas cinco famílias de acordo com os seguintes critérios: ser residente na zona urbana, ter faixa etária entre 34 a 42 anos e filhos com oito anos de idade. Sendo que com estes pais foi realizada uma entrevista e conversa referente à avaliação.

Quanto mais próximo o contexto da educação atual está da realidade da família e da sociedade, mais facilmente as instituições escolares conseguem se envolver com sua clientela para discutir questões sobre a melhoria da qualidade da educação.

Para isso é fundamental que a escola convide os pais para participarem das reuniões que decidem questões escolares, não somente chamando os pais quando há algum problema com seu filho, mas também para lhe comunicar como seu filho está progredindo na escola, quais as conquistas que já conseguiu e o que já avançou.

Os pais geralmente acompanham seus filhos a partir das atividades que desenvolvem no caderno de aula, no auxilio e acompanhamento do tema de casa, bem como com as provas que são realizadas. Os pais percebem a avaliação dos filhos pelos trabalhos que trazem para casa, pelas avaliações e trabalhos que faz, bem como através das questões corrigidas nos cadernos e o acompanhamento do professor.

A mãe Samanta (40 anos)8, diz que percebe sua filha sendo avaliada somente por provas e trabalhos. A avaliação envolve muito mais que isso, mas a forma que a família percebe esta avaliação é em relação ao que condiz com a nota que o aluno mostra em casa, que recebeu de trabalhos ou provas que foram realizadas.

Pode-se perceber que o acompanhamento das aprendizagens dos alunos em casa, é mediante os erros e acertos que são corrigidos nas provas e trabalhos, mas é preciso considerar que muitas vezes o erro do aluno não condiz com não

8 Samanta (nome fictício utilizado para preservar a identidade da entrevistada – mãe de aluna do 3º

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aprendizagem, ele pode ser interpretado também como um engano, ou o uso de uma estratégia inadequada de ensino, enfim, as barreiras que fazem os pais resistirem de uma relação mais próxima da escola também precisa ser interpretado de diferentes formas.

Quando a mãe Samanta (40 anos)9 é questionada sobre como ela acredita que sua filha deveria ser avaliada, sua reposta é a seguinte: “Penso que minha filha deveria ser avaliada além de provas e trabalhos, mediante a realização das tarefas que faz em casa, também sobre as atividades que faz na sala de aula, a questão do comportamento e quanto a dedicação em que participa da aula”.

Sabe-se que a avaliação não se baseia somente em fatores comportamentais, ou a partir de provas e trabalhos finais. A avaliação dos alunos é realizada mediante vários aspectos, quanto a sua participação e envolvimento, assiduidade, capacidade de trabalhar individualmente e em grupo, pelas atividades que realiza em sala de aula, trabalhos, pelas respostas nas suas argumentações, quando solicitada a falar o que prendeu e a interpretar as informações.

São vários os momentos e em atividades diversificadas que acontece a avaliação dos alunos, para que se perceba em diferentes aspectos se o aluno está de fato conseguindo aprender o que o professor está propondo.

É preciso mobilizar a família para que esteja atenta à qualidade de educação que lhes é oferecida, pois sabe-se que, quanto mais os pais se envolvem na vida educacional de seus filhos, as tendências são de que a qualidade de ensino melhore e avance muito mais.

3.1 A FAMÍLIA NA ESCOLA

A família, de modo geral, muitas vezes contesta os procedimentos dos professores e transfere a cada dia mais a responsabilidade da educação dos filhos para estes profissionais. Para que essa situação não se agrave, precisamos aproximar a família da escola e estabelecer relações de diálogos frente ao que são deveres da família e quais as funções da escola.

9 Samanta (nome fictício utilizado para preservar a identidade da entrevistada – mãe de aluna do 3º

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A partir da conversa com os pais é possível fazer com que eles se aproximem do trabalho que é proporcionado nas escolas aos seus filhos. Família e escola precisam andar juntas, rumo a um mesmo objetivo: a escolarização e educação das crianças. Uma instituição complementa a ação da outra.

Quando Valdemar (40 anos) e Margarida (34 anos)10, são questionados referente a avaliação do seu filho, levam em consideração que a avaliação está sendo bem realizada, e que seu filho está conseguindo aprender bem, pois os aprendizados de seu filho são observados “mediante as notas corrigidas nas provas que ele apresenta em casa, e de acordo com as questões que são corrigidas no caderno”. E consideram que a nota que ele tira nas provas e trabalhos condiz com o seu aprendizado, mas que sempre estão exigindo um melhor rendimento dele, para que ele busque sempre mais.

Os pais das crianças e dos jovens, em geral estão na expectativa das notas de seus filhos. Para eles, importante é que tenham notas para serem aprovados. (LUCKESI, 1998, p. 19). Muitas vezes um caráter superficialmente comercial domina o conceito de avaliação dos pais. Muitos deles julgam seus filhos pela nota que tiram, como se a nota representasse conhecimento. Ou seja, pouco se questiona se o aluno de fato aprendeu o que lhe foi ensinado, mas é considerado através da nota que seu filho lhe mostra se aprendeu ou não.

Não são poucos os casos em que os pais oferecem prêmios aos seus filhos quando lhes apresentam boas notas, caso contrário, se as notas de seus filhos forem baixas, ele sofre punições. Nesse caso, é descentralizado o sentido do processo ensino-aprendizagem e a construção de conhecimentos, pode-se dizer isto porque os filhos começam de estudar para que se saiam bem nas provas, ao invés de estudarem para aprender.

Dessa forma, para sair-se bem nas provas utilizam o método de cópia dos conceitos e conteúdos do professor para que sua resposta seja considerada certa, sem se questionar sobre o que estão respondendo ou o que aprenderam sobre aquele estudo. Isso se chama memorização da matéria: responder de forma mecânica e não de forma racional.

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Valdemar e Margarida (nomes fictícios utilizados para preservar as identidades dos entrevistados – pai e mão de aluno do 3º ano).

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3.2 OS PAIS COMO PARTICIPANTES DO PROCESSO EDUCACIONAL

A família é a primeira instituição social de convívio da criança, logo ao nascer. Ela é a responsável por dar educação para seus filhos, orientando e ensinando o princípio das questões morais e éticas, favorecendo um ambiente que auxilie no desenvolvimento e crescimento saudável da criança.

As crianças em suas atitudes revelam como é seu ambiente familiar, como são as relações de convivência com a família, qual seu papel e função como parte integrante de uma família.

A relação entre os pais e a escola, em suma, ocasiona em delegar quais as funções da família e quais as funções da escola, para então lutar por uma educação de qualidade para os alunos.

É de extrema importância que os pais leiam com seus filhos, auxiliando-os e acompanhando suas leituras, é fundamental que deem o exemplo ao invés de darem continuidade ao grande ditado “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”11

. É imprescindível que questione seu filho sobre o que ela está lendo, se está gostando do que lê e consequentemente está procurando determinado assunto é uma forma de aproximar os pais das leituras dos filhos!

Para a família, as práticas avaliativas tem sentido de alertar os pais quanto à realidade de seus filhos, se eles estão se saindo bem ou mal, pois não se avalia ao acaso, mas sim para fundamentar uma decisão. São as práticas avaliativas que regem o êxito ou o fracasso escolar. Neste sentido, a avaliação não pode ser tomada como um fim, mas serve para controlar o trabalho dos alunos, seus rendimentos, além de fazer o professor repensar suas práticas e modificá-las, se for o caso.

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4 OS ALUNOS E AS PRÁTICAS AVALIATIVAS

Uma boa avaliação ajuda os alunos a aprenderem melhor e também auxilia os professores a ensinarem melhor, pois ela é aprendizagem. Ela ajuda quem aprende a fazer entender os conhecimentos de forma mais consistente, pois busca falar da linguagem do aluno, e isso faz com que ele entenda e dê significado para o que está aprendendo. Isso garante a qualidade de ensino, pois é mediante a avaliação que são criadas estratégias que mobilizam os alunos a aprenderem melhor e de forma prazerosa.

Segundo Jaqueline (36 anos)12, quando questionada sobre a avaliação de sua filha, ela responde: “Não só nossa filha, mas todas as crianças têm suas particularidades, seja pelas questões familiares ou por influencias do local onde vivem, por isso, é tão complexo que se entenda e ensine cada um. Mas penso que o conhecimento das crianças precisa ser avaliado por um padrão mínimo e que precisa ser considerado e levado em conta, além dos demais aspectos de âmbito geral que devem ser analisados no momento de avaliar”.

É fundamental que o professor conheça e saiba quem são seus alunos, em que realidade vivem, quais as concepções de mundo que os cercam, além de conhecer um pouco sobre a individualidade de cada um e sua subjetividade quanto a facilidades e/ou dificuldades nas aprendizagens. Sabe-se que cada aluno é um ser único, com especificidades, e, por conseguinte, imprescindível que o professor planeje as atividades levando todos estes fatores em consideração.

Ao planejar as práticas educativas, ou no momento de propiciar atividades de ensino-aprendizagem, o professor pode partir dos conhecimentos que os alunos já tem, a dizer da mãe Jaqueline quanto ao “conhecimento prévio, ou padrão mínimo”, de conhecimento que os alunos já possuem, para que depois se possa aprofundar e introduzir outros conhecimentos nos processos educativos da sala de aula.

4.1 O ALUNO E A AVALIAÇÃO

Para que os alunos aprendam, é fundamental que saibamo que vão aprender

12 Jaqueline (nome fictício utilizado para preservar a identidade da entrevistada – mão de aluna do 3º

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e por que (para qual finalidade). Para isso, cabe ao professor colocar qual a finalidade que tem ao ensinar determinado conteúdo e de que maneira pensa em realizá-lo. Para isso, são propostas atividades diversificadas, que tem como objetivo facilitar o entendimento e respectivamente a aprendizagem.

Os alunos podem realizar avaliações frente às suas próprias construções de conhecimentos, seja por uma autoavaliação (avaliação dos estudantes da sua própria produção), a avaliação mútua (avaliação de um grupo de alunos frente a produção do outro grupo) e a co-avaliação (em que o aluno mesmo avalia a sua produção, ou realizada pelo professor).

Se o aluno aprende com os erros, as possibilidades de aprenderem mais e melhor é com os acertos. Estes podem ser destacados sempre que o aluno conseguir realizar alguma atividade ou tarefa, com isso os alunos adquirem mais confiança, aumentam a autoestima, e também faz com que os aspectos positivos se sobressaiam, facilitando o desenvolvimento educacional dos alunos.

Também é fundamental que os alunos expressem uma opinião sobre a postura do professor, sobre como acontece a explicação dos conteúdos, dialogando referente às dificuldades encontradas, o que pensa ser relevante mudar nas práticas pedagógicas do professor.

Na escola, é natural que encontremos alunos que se destacam no desenho, outros na escrita, outros na fala, outros na leitura, outros nos jogos, outros na declamação de poesias, porém é desumanizador a escola fazer o julgamento das habilidades e capacidades dos alunos de forma padronizada.

É preciso ter cautela e saber auxiliar os alunos em suas dificuldades. Por exemplo, se há alguém com dificuldades de escrita, é preciso criar formas que possibilitem melhorar a escrita. Ao invés de menosprezar por ter uma grafia ou textos não tão bonitos, é fundamental que o professor oportunize os alunos a avançarem nas áreas nas quais precisam melhorar.

4.2 ALUNOS COMO SUJEITOS AVALIADOS

A psicologia sócio-histórica trouxe à luz a concepção do sujeito como um ser social, em pleno desenvolvimento, suscetível a todas as formas de estímulo do meio em que está inserido. Mediante isso, a educação sofreu uma reforma necessária, tirando o foco de atenção em cima do objeto de estudo, preocupando-se mais com o

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