X ENAREL - ENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇÃO E LAZER
Luiz Wilson Pina 22
São Paulo - Brasil - SESC Vila Mariana, de 26 a 30 outubro de 1998 Tema: Lazer em uma sociedade globalizada – inclusão ou exclusão
Apresentação
O X ENAREL – Encontro Nacional de Lazer e Recreação – foi realizado no período de 26 a 30 de outubro, no Centro Cultural do SESC Vila Mariana, em São Paulo. Diferentemente de outras edições, o encontro foi integrado com o 5º Congresso Mundial do Lazer, o 2º Encontro
Latino-Americano de Lazer e Recreação, em evento único, na única ocasião em
que a grande reunião técnica da Associação Mundial de Lazer e Recreação (WLRA) foi sediada no Brasil.
Esse ENAREL foi resultado de um trabalho conjunto a médio prazo, entre o SESC (Serviço Social do Comércio, Departamento Regional no Estado de São Paulo), a WLRA (World Leisure and Recreation Association) e a ALATIR (Asociación Latino-Americana de Tiempo Libre y Recreación), para os dois eventos internacionais, e do SESC com a ACM (Associação Cristã de Moços), o SESI (Serviço Social da Indústria, Departamento Nacional e Departamento Regional no Estado de São Paulo), e a UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), para o evento nacional, que além disso participaram ativamente e colaboraram igualmente na realização dos dois congressos.
Ele teve o objetivo de analisar as mais recentes tendências que se podiam observar internacional e nacionalmente para o lazer e a recreação, tanto do ponto de vista da investigação como da ação cultural. E o tema escolhido foi Lazer em uma sociedade globalizada: inclusão ou exclusão. Esse tema foi idealizado para debater e ponderar, no final do século XX, as diferentes perspectivas a partir das quais cada coletividade interpreta, do ponto de vista do lazer e do tempo livre, as tendências de globalização da sociedade contemporânea.
22 Graduado em Ciências Econômicas, com Especialização e Mestrado em Lazer e Recreação pela UNICAMP. Assessor, Centro de Memória do SESC Rio.
Os eventos associados reuniram conferencistas e pesquisadores do Brasil e do exterior, incluindo acadêmicos, administradores, planejadores, consultores, profissionais e estudantes vinculados às áreas que mantêm relações diretas com o lazer, no total de 800 participantes inscritos. Para atingir esse público, foi confecciona uma mala direta com 50.000 endereços, no Brasil e no exterior.
Dos cerca de 500 trabalhos recebidos, foram selecionados 270 para serem apresentados: 240 nas comissões temáticas da WLRA e mais 30 de temas variados na comissão ad hoc de ação cultural. Além das conferências, painéis de debates e apresentação de trabalhos, na programação, foram incluídos também 12 cursos no modelo de oficinas, além de uma sessão de relatos de experiências institucionais.
O programa geral pode ser sintetizado como segue:
Conferência de abertura 26 de outubro, às 20h
Lazer numa sociedade globalizada: inclusão ou exclusão
A produção em escala mundial e as formas de consumo se globalizam; a informação se dissemina pelo planeta; as populações se misturam, seja pelo trabalho, seja pelo turismo; o próprio trabalho e o não-trabalho adquirem características mundiais. Entre os novos fenômenos, surge de forma explosiva a necessidade de ocupação do tempo livre. No mesmo momento em que a organização da produção, as novas formas de emprego e de pausas no trabalho se modificam, criam-se também novas condições e modalidades de utilização do tempo livre, que passam a constituir um fenômeno misto: a participação ao mesmo tempo como setor importante da economia e vigorosa manifestação da cultura, opondo e reunindo simultaneamente cultura de massa e cultura popular.
Conferencista
Milton Santos – Brasil
Doutor em Geografia pela Universidade de Estrasburgo, na França. Professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Professor visitante na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, entre 1997-1998. Prêmio Jabuti 1997 de melhor livro na categoria Ciências Humanas por A natureza do espaço. Técnica e tempo, razão e emoção. Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, em 1994. Professor em diversas universidades no Brasil e exterior. Assessor, consultor e pesquisador junto a inúmeros governos, instituições e projetos, dentre os quais estão o MIT, a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a
Organização dos Estados Americanos (OEA) e a UNESCO.
Conferências
27 de outubro, das 9h às 10h15
Agonia e êxtase do século do trabalho
O século XX foi pródigo em promessas e utopias sobre o bem-estar social e a felicidade do homem, conquistados pela superação das necessidades materiais e pelo crescimento gradativo do tempo livre, espaço de plena realização das potencialidades humanas. O fenômeno da globalização, entretanto, parece estar abortando prematuramente tais esperanças. O que parecia ser a antessala da felicidade pode transformar-se em espaço de angústias e incertezas, permeado pela crescente “ética da indiferença”, transformando a competitividade e a tecnologia, sob a ótica do tempo livre, no eufemismo perverso da falta de emprego e de trabalho.
Conferencista
Robert Kurz – Alemanha
Sociólogo e diretor da revista Krisis. Autor de O colapso da modernização e Os últimos combates.
28 de outubro, das 9h às 10h15
Relações sociais e vida cultural no tempo livre
O tempo livre, como tempo de festa e realização pessoal, parece cada vez mais colocado em xeque, tornando-se um tempo de consumo voltado ao mercado simbólico dos espetáculos e eventos, manifestações extremadas e fugazes de uma cultura fragmentária e descartável. As desigualdades sociais parecem também reproduzir-se com força no tempo livre, limitando ou excluindo grande número de pessoas do acesso ao seu desfrute. A globalização da economia, por seu turno, agrega a esse quadro aspectos dramáticos, como o surgimento do tempo livre do desemprego e de culturas globalizadas que rompem com as culturas locais, também movidas pelo consumo e pelo mercado, agora internacionalizado.
Conferencista
Mike Featherstone – Inglaterra
Professor da Nottinghan Trent University. Editor fundador da revista Theory, culture & society. Autor de Cultura de consumo e pós-modernismo e O desmanche da cultura – globalização, pós-pós-modernismo e identidade.
29 de outubro, das 9h às 10h15
A aventura urbana e o espaço da felicidade
O lazer firmou-se como uma das quatro funções básicas do urbanismo moderno, ao lado das funções de morar, circular e trabalhar. As iniciativas de planejamento urbano têm procurado suprir as necessidades de lazer pela criação de espaços e equipamentos apropriados ao desfrute do tempo livre de todas as pessoas, fazendo com que a cidade assuma, cada vez mais, uma inequívoca função cultural. Entretanto, o urbanismo contemporâneo tem respondido com eficácia ao desafio de construir os espaços de lazer e cultura das grandes metrópoles? Quais as implicações trazidas pela globalização, do ponto de vista dos modelos urbanos e da identidade cultural? Em que medida tais implicações concorrem para o aumento ou diminuição da exclusão social no tempo livre?
Conferencista
Saskia Sassen – Estados Unidos
Professora de Planejamento Urbano da Columbia University. Autora de As cidades na economia mundial e The global city: New York, London, Tokyo.
30 de outubro, das 9h às 10h15
O amanhecer do terceiro milênio: perspectivas para o trabalho e o tempo livre
As transformações científicas e tecnológicas em curso neste final de século fazem prever modificações cruciais no mundo do trabalho e na vida cotidiana, a par de consequências profundas de natureza econômica, social, política e cultural. A crença de que as inovações tecnológicas, por si mesmas, seriam suficientes para a melhoria das condições materiais de vida, já não subsiste. Do mesmo modo, não subsiste a ideia de que caminharíamos necessariamente rumo a uma sociedade afluente ou ao welfare state. Sendo assim, quais as perspectivas para a humanidade no início do próximo milênio? Quais as perspectivas do lazer com relação às práticas físicas, culturais e associativas sob o impacto da globalização e das transformações tecnológicas?
Conferencista
Domenico De Masi – Itália
Professor da Universidade de Roma La Sapienza. Diretor da revista Scienza duemila, membro do Conselho Diretor da revista Sociologia del lavoro e colaborador da revista Sociologia della comunicazione. Escreveu A emoção e a regra e Ozio creativo.
Painéis de debates
27 de outubro, das 10h30 às 12h30
Lazer, globalização e identidade cultural Teixeira Coelho – Brasil
Professor de ECA- Escola de Comunicações e Artes-USP e diretor do Museu de Arte Contemporânea. Autor de Dicionário crítico de política cultural e Cultura imaginário
Graziela Uribe Ortega – México
Professora da Universidade Nacional Autônoma do México. Autora de Geografía y sociedad - exploraciones en propuestas y compromisos actuales e O mundo do cidadão, um cidadão do mundo.
28 de outubro, das 10h30 às 12h30
Lazer e qualidade de vida urbana Raquel Rolnik – Brasil
Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas. Autora de A cidade e a lei: legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo.
Juan Carlos Mantero – Argentina
Diretor do Centro de Pesquisas Turísticas da Faculdade de Ciências Econômicas e Sociais da Universidade Nacional de Mar del Plata. Diretor da revista Tiempo libre: turismo y recreación.
29 de outubro, das 10h30 às 12h30
Trabalho, desemprego e tempo livre Emir Sader – Brasil
Professor da Universidade de São Paulo e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Políticas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Autor de A transição do Brasil. Da ditadura à democracia? e Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o estado democrático.
Jorge Werthein – Argentina
Representante da UNESCO no Brasil e coordenador do programa UNESCO/MERCOSUL
Apresentação de trabalhos
Os trabalhos inscritos até 1º de agosto foram analisados pelas comissões temáticas do evento. Os 240 selecionados para apresentação no congresso, de acordo com os critérios e temas dessas comissões, compuseram os seguintes temas:
Acessibilidade; administração do lazer; AIDS/SIDA; lazer e direito; lazer e educação; lazer e turismo social; lazer na terceira idade; mulher e gênero; pesquisa; voluntariado.
A comissão de ação cultural selecionou mais 30 trabalhos sobre outros temas.
Oficinas
27, 28 e 29 de outubro
• CriaSom – O diálogo entre a música e outras linguagens da arte
Enny Parejo – Especialista em Pedagogia Musical e docente na
Universidade Livre de Música.
Vivências interdisciplinares entre expressão musical e linguagens como a expressão corporal, as artes plásticas, a literatura e o teatro. Das 14h15 às 16h15, com 25 vagas.
• EmCanto – A voz como expressão da identidade
Gisele Cruz – Regente de corais e instrutora de música vocal do SESC - São Paulo.
A oficina propôs vivências individuais e coletivas – respiração, postura, classificação vocal, canto – respeitando a diversidade de vozes para o desenvolvimento do coral. Das 16h30 às 18h30, com 25 vagas.
• Planejamento e gestão de projetos de lazer – o questionamento e a renovação da prática cotidiana
Dante Silvestre Neto – Sociólogo e gerente de Estudos e
Desenvolvimento do SESC SP.
Mário Damineli – Sociólogo e administrador de Programas de
Lazer do SESC SP.
Exposição, debates e exercícios sobre um modelo de planejamento que articula informação, valores de ação e critérios de decisão. Das 14h15 às 16h15, com 25 vagas.
• Ler&Escrever – Uma fábrica de ideias e letras
Jorge Miguel Marinho – Professor de literatura, escritor, roteirista
e ator.
romper os bloqueios e estimular as habilidades básicas do ler e escrever. Das 16h30 às 18h30, com 25 vagas.
• ArtParticipação – O exercício coletivo da arte sem fronteiras
Siron Franco – Artista plástico, criador de instalações coletivas e
intervenções de arte pública.
Apresentação de um método que valoriza a subjetividade e diversidade no processo coletivo de criação da arte. Das 14h15 às 16h15, com 25 vagas.
• Corpo: o limite da expressão - A percepção do aparente e do sutil
Edson Claro - Professor do Departamento de Artes da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
Henrique Amoedo - Diretor do Grupo Roda Viva - Cia. de Dança e
professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Abordagem sobre as deficiências físicas e mentais como fatores de exclusão social, apresentando experiências de dança e expressão corporal inclusivas. Das 16h30 às 18h30, com 25 vagas.
• Jogos cooperativos – Cooperação e competição numa sociedade globalizada
Fábio Otuzi Brotto – Bacharel em Psicologia e mestrando em
Ciências do Esportes na Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Rodolpho Henrique Pereira Martins - Bacharel em Pedagogia.
Teoria e prática do jogo cooperativo como estímulo educacional aplicado em ambientes diversos: escola, trabalho, grupo social, cultural e familiar. Das 14h15 às 16h15, com 60 vagas.
• Futebol – Uma proposta para a educação de corpo inteiro
João Batista Freire - Doutor em Psicologia e professor da Faculdade
de Educação Física da UNICAMP.
A educação de corpo inteiro entende o futebol como jogo, técnica, desafio cognitivo e espetáculo, repertório transferível para outros esportes coletivos e para a cultura corporal cotidiana. Das 14h15 às 16h15, com 60 vagas.
• Ludicidade – O jogo como recurso multidisciplinar
Inés Moreno - Docente em Ciências da Educação na Universidade
em estudos do jogo e recreação.
O jogo não é somente uma atividade, mas também uma atitude que pode estar presente no desenvolvimento de outras expressões como a música, o teatro, as artes plásticas e a literatura. Das 16h30 às 18h30, com 60 vagas
• Água&Relaxamento – A prevenção ao stress do corpo tenso
João Douglas Gil - Fisioterapeuta e pós-graduado em Hidroterapia.
Exercícios individuais e em grupo utilizando técnicas de massagem e relaxamento na água, visando à prevenção do stress. Das 14h15 às 16h15, com 20 vagas.
• Nadar sem medo – Do medo à confiança na água
Luíz Augusto Feijó – Professor de Educação Física e técnico de
natação.
Marco Antonio Bortoletto – Bacharel em Psicologia e
psicodramatista.
Massagens, exercícios respiratórios, psicodramas, vivências na água para facilitar a inclusão das pessoas em práticas aquáticas de educação para saúde e lazer. Das 16h30 às 18h30, com 20 vagas.
• As artes do brincante – O diálogo das artes cênicas em busca da identidade cultural
Antonio Nóbrega – Músico, dançarino, compositor e pesquisador
das manifestações da cultura popular brasileira.
Rosane de Almeida - Atriz, dançarina e coordenadora do Teatro
Escola Brincante.
Eugênia Nóbrega - Bacharel em Música, instrumentista e educadora.
Diálogo entre música, dança e romances cantados, propondo um panorama das origens e diversidades da cultura popular brasileira. Vivências com música ao vivo e ritmos tradicionais: maracatu, frevo, caboclinho, ciranda e capoeira. Ao final, Nóbrega dirige uma aula-espetáculo envolvendo os participantes da oficina. Das 14h30 às 17h30, com 50 vagas.
Relatos de experiências institucionais 27 de outubro, das 14h30 às 17h30
Serviço Social da Indústria (SESI) – São Paulo EDISCA ¬– Fortaleza
Associação Cristã de Moços (ACM) – São Paulo Instituto Nacional de Turismo (INATEL) – Lisboa Instituto da Mulher Negra (GELEDES) – São Paulo
28 de outubro, das 14h30 às 17h30
Serviço Social do Comércio (SESC) – São Paulo Projeto AXÉ - Salvador
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Universidad de Deusto - Bilbao
Fundação da Reserva Ambiental Matutu TAFISA
29 de outubro, das 14h30 às 17h30
Projeto Nova Iguassu F.C.
Beach Park Hotéis e Turismo – Fortaleza
Associação dos Proprietários dos Parques de Diversão do Brasi (ADIBRA)
Projetos de Implantação de Parques Temáticos Estação Plaza Show de Curitiba
Instituto de Ecoturismo do Brasil
Atividades complementares 27, 28 e 29 de outubro
Inscrições prévias até o dia 10 de setembro para a seguinte atividade: • Pôsteres com exposições de fotos, textos, gráficos e ilustrações, além de exibição de vídeos.
Também foram oferecidas inscrições para as atividades abaixo: • Visitas monitoradas ao Núcleo de informática e ao Complexo de música do SESC Vila Mariana.
• Workshop de business games com casos de Administração do lazer.