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Procedimentos pedagógicos para abordar a variação linguística a partir de programa assistido por alunos do ensino fundamental

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO. PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS PARA ABORDAR A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA A PARTIR DE PROGRAMA ASSISTIDO POR ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Marta Maria Minervino dos Santos. Maceió 2010.

(2) 1 [. Marta Maria Minervino dos Santos. PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS PARA ABORDAR A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA A PARTIR DE PROGRAMA ASSISTIDO POR ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Educação Brasileira da Universidade Federal de Alagoas como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação. Linha de Pesquisa: Educação e Linguagem. Orientadora: Profª Drª Maria Auxiliadora da Silva Cavalcante.. Maceió – AL 2010.

(3) 2 [.

(4) 3 [.

(5) 4 [. AGRADECIMENTOS. A Deus, mestre por excelência, fonte única de inspiração e vida, onde procurei e encontrei forças para conclusão do trabalho; Aos meus pais: Maria José e Bertulino Minervino, pela torcida e incondicional amor e dedicação. Aos meus irmãos Marcos e Marcelo. Ao grupo de estudo: EDUCAÇÃO, LINGUAGENS E TRABALHO DOCENTE. A Profª Orientadora Maria Auxiliadora Cavalcante pela credibilidade. Aos membros da banca examinadora Profª Drª Edna Prado e Profº Drº Jair Farias, pelas contribuições de grande importância para a dissertação; Ao professor Ciro Bezerra pelo apoio, pelos esclarecimentos, empréstimos de livros; Aos amigos: Eudes Silva, Renata Maynart, Cyntya Assis, Quitéria Pereira, Izabella Rosália; que mesmo indiretamente colaboraram para a realização deste trabalho; Às amigas Naila Lins Glaucia Marinho pelos momentos de estudo, amizade e paciência, apoio e por estarem sempre por perto. Enfim, pela cumplicidade e afeto compartilhados nesses anos de estudo e dedicação. À professora e aos alunos observados pela contribuição e aceitação de uma estranha em sua sala; A FAPEAL, Fundação de Amaparo a Pesquisa do Estado de Alagoas, pelo financiamento..

(6) 5 [. LISTA DE FIGURAS. Figura 1 – O contínuo de urbanização..................................................................... 37. Figura 2 – O contínuo oralidade-letramento............................................................. 38. Figura 3 – O contínuo de monitoração estilística..................................................... 38. Figura 4 – História de Chico Bento.......................................................................... 75.

(7) 6 [. Se não morre aquele que planta uma árvore e nem morre aquele que escreve um livro, com mais razões não deve morrer o educador. Pois ele semeia nas almas e escreve nos espíritos. Bertold Brecht.

(8) 7 [. RESUMO. A presente dissertação se propôs a investigar os procedimentos pedagógicos utilizados por uma professora que atuava nas séries iniciais do ensino fundamental. O objetivo central desta pesquisa foi analisar os conhecimentos básicos adquiridos durante a sua formação no curso de Mídias em Educação, e os procedimentos por ela utilizados no que se refere à linguagem verbal veiculada pela mídia televisiva nos programas assistidos por alunos do ensino fundamental para trabalhar questões de linguagem, sobretudo da variação linguística em sala de aula. Para tanto, utilizamos a metodologia do tipo qualitativa e como abordagem metodológica o estudo de caso, que nos possibilitou uma relação metodológica com as orientações e métodos de coleta de dados para a pesquisa em sociolinguística. Os instrumentos utilizados durante a pesquisa foram: a entrevista semi-estruturada, aplicação de questionários, observação participante e o diário de bordo. Na fundamentação teórica, tomamos por base estudos desenvolvidos por Cavalcante (2003,2006); Bortoni-Ricardo (2001, 2004); Labov (2008); Tarallo (2004), entre outros; em interface com os estudos que destacam a educação midiática como, por exemplo, os desenvolvidos por Belloni (2001); Leite (2000) e Napolitano (2007). Os resultados da pesquisa demonstram que a formação no curso de Mídias em Educação pode ter ajudado em alguns aspectos, como em termos de conhecimentos adquiridos durante a formação, mas em sua prática ela abordou sobre a linguagem de uma programação da mídia televisiva de forma superficial substituindo essa atividade por outra rapidamente. Em geral, o trabalho com variação linguística em sala de aula seguiu as formas comparativas entre a linguagem urbana e rural, sem a discussão dos aspectos culturais, sócio-históricos e comunicativos que estão presente na língua em seus usos social. Por fim, o trabalho apresenta que a formação inicial em pedagogia, como também a formação continuada, nesse caso o curso de Mídias em Educação, foi pouco suficiente para desenvolvimento de uma prática sistemática em relação aos estudos de linguagem com auxílio de um programa televisivo.. Palavras-Chave: Ensino da língua; Variação linguística; Mídia televisiva..

(9) 8 [. ABSTRACT. This work aimed to investigate the pedagogical practices used by a teacher who worked in the early grades of elementary school. The objective of this research was to analyze the basic knowledge acquired during her coursework Media in Education, and procedures used by it in relation to verbal language conveyed through the television programs and watched by elementary school students to work issues language, especially the linguistic variation in classroom. We used a qualitative methodology and methodological approach as a case study, which has enabled us a relationship with the methodological guidelines and methods of data collection for research in sociolinguistics. The instruments used during the research were: a semistructured interviews, questionnaires, participant observation and logbook. In the theory, we developed based on studies by Cavalcante (2003, 2006); Bortoni-Ricardo (2001, 2004), Labov (2008); Tarallo (2004), among others; interface with the studies that highlight media education, for example, those developed by Belloni (2001), Leite (2000) and Napolitano (2007). The results of the research show that the coursework Media in Education may have helped in some respects, and in terms of knowledge acquired during training, but in practice it touched on the language of one of television programming on a superficial way replacing this activity by another quickly. In general, working with linguistic variation in classroom followed the ways comparative language urban and rural areas, without discussing the cultural, historical and socio-communicative that are present in the language in its social uses. Finally, the study shows that initial training in pedagogy, as well as continuing education, in which case the course in Media Education, was little enough to develop a systematic practice in relation to language studies with the aid of a television program.. Keywords: Language Education, Linguistic Variation; Media Television..

(10) 9 [. SUMÁRIO. INTRODUÇÃO...........................................................................................................11 1 A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E MÍDIA TELEVISIVA COMO RECURSOS EDUCACIONAIS.................................................................................................16 1.1 Sociolinguística e Ensino de Língua Portuguesa...........................................17 1.2 Contribuições da sociolinguística para alfabetização....................................27 1.2.1 Português do Brasil........................................................................................34 1.3 A TV como Recurso Educacional.....................................................................41 1.4 Considerações acerca da linguagem da Mídia Televisiva..............................49. 2 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA...............................................54 2.1 Objetivos..............................................................................................................54 2.2 Procedimentos metodológicos.........................................................................56 2.3 Instrumentos de pesquisa................................................................................58 2.4 Caracterização da Instituição Campo de Pesquisa........................................60 2.5 Caracterização dos sujeitos envolvidos.........................................................62 2.5.1 Caracterização da professora..........................................................................62 2.5.2 Formação da professora no curso de Formação Mídias em Educação..........63 2.5.3 Caracterização dos alunos...............................................................................66 3 PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS ACERCA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E DA MÍDIA TELEVISIVA.............................................................................................68 3.1 Análise do Questionário aplicado com a Professora.....................................81 3.1.2 TV: o que a professora diz sobre a mídia televisiva.........................................93 3.2 Análise da Entrevista com os Alunos............................................................100 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................108.

(11) 10 [. REFERÊNCIAS........................................................................................................112 APÊNDICES.............................................................................................................117.

(12) 11 [. INTRODUÇÃO. O presente trabalho pretendeu discutir os conhecimentos de uma professora do ensino fundamental que teve formação no curso de Mídias em Educação possuía sobre a linguagem veiculada pela mídia televisiva. Diante desse conhecimento, procuramos investigar se nesse contexto de sala de aula são trabalhadas as questões de variação linguística. O cenário que permitiu o desenvolvimento do estudo foi uma sala de aula 2º ano do ensino fundamental de escola pública Estadual da cidade de Maceió. Esse objeto de pesquisa surgiu a partir de algumas observações que foram realizadas em sala do 5º ano do ensino fundamental de escola da rede Municipal de Maceió, as observações ocorreram em aulas de língua portuguesa durante o desenvolvimento do projeto “Saberes e Práticas da Variação Linguística em Sala de Aula1”. No início das aulas percebemos que na maioria das vezes a professora observada, iniciava através de conversas informais, e um dos assuntos que chamou atenção se referia a algo relacionado à mídia televisiva, como: filmes, comerciais e alguns programas etc., mas, ela sempre tratou do que continha nesses meios de entretenimentos, como, por exemplo, as histórias que abordavam, constamos que a professora gostava de tratar sobre as tecnologias contidas nos filmes de ação, mas durante essas conversas percebemos que a linguagem veiculada por essa forma de entretenimento passou-se despercebida nas aulas. Pedagoga formada pela UFAL, foi a partir da graduação que o complexo funcionamento escolar começou a fazer parte da nossa vida. No início da graduação conhecemos algumas das correntes teóricas que eram desenvolvidas em algumas das pesquisas em Educação, mas somente no início do terceiro ano de graduação é que esse contato ocorreu, a princípio, ao participar do Programa de Iniciação Científica – PIBIC, por dois anos. Durante esse tempo, foi possível compreender a importância da sociolinguística para desenvolvimento da aprendizagem. Como também conhecemos outros estudos desenvolvidos no Centro de Educação - CEDU. 1. Projeto desenvolvido durante a graduação em participação no PIBIC (2007), financiado pela FAPEAL e coordenado pela Profª Drª Maria Auxiliadora da Silva Cavalcante..

(13) 12 [. Depois de termos esse contato foi que surgiu o Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, que buscou investigar a influência da oralidade em textos escritos por alunos do 4º ano do ensino fundamental, nesse trabalho concluímos que as marcas da oralidade se refletem em certos aspectos na escrita dos alunos, pois em parte das escritas foram encontradas algumas palavras escritas como se fala, o que compreendemos é que a modalidade escrita não acompanha a rapidez da língua falada e os alunos sem refletirem sobre a escrita acabavam deixando essas marcas expressas sem uma percepção. Também, foi levado em consideração nesse trabalho a concepção de que há uma dicotomia entre a fala e a escrita, estudos como os de Marcuschi (2002), vem alertando que a oralidade e a escrita se dão num continuum tipológico, ou seja, embora cada uma tenha suas especificidades, não existem diferenças essenciais entre elas, nem, muito menos, grandes oposições. Pensar que existe uma superioridade de alguma das duas modalidades é uma visão equivocada, embora exista a ideia de que a escrita é mais prestigiosa que a fala; isso ocorre devido a uma postura ideológica. Ambas se destinam à interação verbal, em diferentes gêneros textuais, na diversidade dialetal e de registro. O que muito professores precisam compreender é que em suas formações deve ser enfatizada as considerações sobre essas duas modalidades língua falada e escrita, pois as duas modalidades pertencentes ao mesmo sistema linguístico: o sistema da Língua Portuguesa. Existem entre elas diferenças estruturais, porque diferem nos seus modos de aquisição, nas suas condições de produção, transmissão, recepção e uso, e nos meios pelos quais os elementos de estrutura são organizados. Ainda no último ano da graduação em pedagogia surgiu oportunidade de tentar a seleção de mestrado, com a aprovação para cursar na turma referente ao ano de 2008 também pela Universidade Federal de Alagoas, seguimos com as orientações teóricas adquiridas durante a graduação, por considerarmos que esse período foi de grande importância para o acesso na pesquisa científica. O trabalho de pesquisa do mestrado se desenvolveu com base nas orientações teóricas da sociolinguística variacionista, que nos permitiu conhecer o.

(14) 13 [. processo de desenvolvimento da língua em sociedade que vem sendo abordado, tanto qualitativamente quanto quantitativamente, privilegiando vários aspectos da língua em funcionamento na sociedade. Para este trabalho, foi relevante conhecermos algumas pesquisas para aprofundar nossos conhecimentos, portanto, nos filiamos às abordagens metodológicas da sociolinguística variacionista desenvolvida por Willian Labov (20082), por considerar que a teoria fornece suporte para combater as construções ideológicas que se apoiam nas diferenças linguísticas como pretexto para política discriminatória e de exclusão social. Essa abordagem nos propiciou compreender que os estudos da fala podem ser utilizados como partida para aprendizagem dos alunos, a partir desses conhecimentos os alunos poderão compreender que existem maneiras de falar algumas palavras com o mesmo valor de verdade. Além de fornecer também metodologia específica e suporte para trabalhar com dados linguísticos coletados em contexto real e natural. Os estudos nessa área da linguagem são tratados pela sociolinguística variacionista e permiti-nos entender a diversidade existente na linguagem, além de nos propiciar conhecer a sociolinguística educacional que contribuiu em aspectos mais específicos para entender, por exemplo, o trabalho em sala de aula com língua portuguesa, e os tipos de intervenções realizadas pelo professor ao perceber o uso da variedade popular por parte de algum aluno. Dessa forma, assumir essa diversidade não implica negar ao aluno o acesso à norma padrão, tampouco deixar de proporcionar-lhe a inclusão social por meio de conhecimento linguístico. Foi a partir da verificação, que os casos de variação linguística são fenômenos natural de qualquer língua, que se buscou investigar a linguagem existente em alguns programas mais assistidos por alunos do 2º ano do ensino fundamental, para assim, a partir desse levantamento desenvolver nosso objetivo geral especificado no início dessa introdução. Dessa forma, esse estudo pretendeu responder a seguinte questão: como a professora do 2º ano do ensino fundamental que tem a formação continuada no. 2. Obra utilizada para esse estudo..

(15) 14 [. curso de Midas na Educação aborda a linguagem verbal veiculada pela mídia televisiva nos programas mais assistidos por seus alunos? Para. desenvolvimento. da. pesquisa,. fez-se. necessário. que. nessa. investigação primeiramente se buscasse um diagnóstico sobre o tipo de linguagem dos programas mais assistidos pelos alunos. Foi a partir desse diagnóstico, levantado através de entrevistas com. os alunos,. que. partimos para. o. desenvolvimento do objetivo principal da pesquisa, ou seja, conhecer a prática da professora a partir desses conteúdos. Para ter conhecimento a respeito da difusão da mídia televisiva nos lares brasileiros, recorremos aos dados do IBGE3 (2007), referentes ao Censo de (2002), que identificou que mais de 90% dos lares brasileiros possuem pelo menos um ou mais aparelho de televisão. Diante dessa estatística, comprou-se que por um lado existe uma inclusão da mídia televisiva, por outro, há uma preocupação entre a maioria dos pais, responsáveis e professores com a exposição de crianças da faixa etária entre três e os doze anos que ficam grande parte do dia e da noite em frente à televisão. A partir dos dados estatísticos do IBGE, verificamos alguns estudos que tratam sobre os avanços da tecnologia da informação e comunicação. Esses estudos podem e devem ser visto como uma nova área de aprendizagem, por fazer parte o cotidiano de crianças, jovens e adultos em todo o mundo. Diante desses avanços a escola disputa espaço com os modernos meios de comunicação de massa, sobretudo a televisão. Para desenvolvimento teórico da dissertação nos ancoramos nos estudos da sociolinguística variacionista e educacional, ao mesmo tempo trouxemos para a educação alguns estudos que tratam sobre linguagem da mídia televisiva, porque esse trabalho faz uma interface entre educação/mídia/linguagem. Deste modo, tomamos por base estudos fundamentados na sociolinguística: Cavalcante (2000, 2003, 2006); Bortoni-Ricardo (2001, 2004); Labov (1974, 2008); Moura (2000), Antunes (2007), entre outros, bem como os estudos que abordam educação. 3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística..

(16) 15 [. midiática: Bellini (2005); Leite (2000); Marcondes Filho (1988); Napolitano (2007), Orofino (2005) e Carlsson, Ulla e Feilitzen (2002). Para desenvolvimento desta pesquisa e alcance dos objetivos propostos, optamos por uma pesquisa do tipo qualitativa cuja abordagem metodológica caracteriza-se por estudo de caso, na qual buscamos algumas orientações oriundas da sociolinguística variacionista. Este trabalho está estruturado em três capítulos de forma que possibilitam conhecimentos necessários para alcance dos objetivos, tanto geral como específicos, assim, dividimos da seguinte forma: Para o primeiro capítulo,. trouxemos. algumas. contribuições. de. autores. que. abordam. a. sociolinguística, para compreendermos as especificidades dos fenômenos da variação linguística, ao mesmo tempo, evidenciamos o ensino e as práticas dos professores guiados pela sociolinguística educacional e, como consequência, dessa formação suas contribuições ao ensino e aprendizagem dos alunos. Continuamos nesse capítulo algumas discussões teóricas sobre mídia televisiva como recurso utilizado na aprendizagem dos alunos. No capítulo seguinte, reunimos as descrições do referencial teórico e metodológico, para tanto trouxemos as contribuições da sociolinguística para análises e coletas dos dados, assim tratamos sobre objetivos da investigação, hipóteses, problemática, questionamentos, os sujeitos envolvidos, bem como o local da pesquisa, os instrumentos e os procedimentos utilizados. E finalmente, no terceiro capítulo, foi analisada a realidade em sala de aula em relação aos estudos tanto da linguagem - variação linguística, como da linguagem da mídia televisiva. Complementado o capítulo trouxe as entrevistas onde identificamos os conhecimentos tanto da professora quanto dos alunos em relação a heterogeneidade da língua..

(17) 16 [. 1. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E MÍDIA TELEVISIVA COMO RECURSOS EDUCACIONAIS. Neste capítulo, procuramos apresentar um panorama característico do referencial teórico a partir dos estudos da variação linguística4, mais especificamente a pesquisa. desenvolvida. por William Labov5,. denominado sociolinguística. variacionista, enfatizando, além disso, que essa vertente serviu de suporte para o entendimento dos dados coletados em uma sala de aula do 2º ano do ensino fundamental. Os fenômenos da variação linguística têm sido um campo fecundo de descrições e análises por linguistas. Desde William Labov (1972), precursor da sociolinguística variacionista, que muitos pesquisadores vêm desenvolvendo investigações científicas sobre a ocorrência dos fenômenos variáveis da língua. Como consequências dessas investigações já desenvolvidas, muitas outras surgiram em áreas diferentes, como no caso da educação, que recebeu contribuições a partir, entre outras pesquisas6, dos resultados das investigações desenvolvidas por Bortoni-Ricardo (2004). Estes resultados contribuíram para o fortalecimento de uma corrente que responderia aos vários questionamentos existentes entre os educadores acerca do ensino e aprendizagem de alunos, além de evidenciar uma formação teórica para os professores em relação à sociolinguística. A partir desses estudos,7 tornou-se possível identificar a ocorrência de diferentes fenômenos da variação linguística, bem como, a frequência desses nas diversas regiões brasileiras, e com isso conhecer a diversidade linguística existente, traçando um perfil geolinguístico brasileiro. Tais estudos demonstram que a Língua. 4. Os estudos da abordados no decorrer da dissertação são os desenvolvidos por: BORTONIRICARDO (2004, 2008) etc., ANTUNES (2003); CAVALCANTE, M. A. da S; SANTOS, M.M.M. (20052006). 5 A edição utilizada para essa referencia foi Labov 2008. 6 Muitas pesquisas em sociolinguística foram desenvolvidas e muitas têm relação com o ensino, podemos citar: Moura (2004); Bortoni-Ricardo (2004, 2005), Cavalcante & Santos (2005, 2006) entre outras. 7 Labov e Bortoni- Ricardo (2008 e 2004 respectivamente)..

(18) 17 [. Portuguesa usada no Brasil não é uniforme, como as pesquisas em variação linguística vem mostrando, mas constituída de muitas variedades que apresentam marcas tanto do meio rural como do meio urbano.. 1.1.. Sociolinguística e o Ensino de Língua Portuguesa. O fenômeno da variação linguística é um dos temas de grande importância para o processo de ensino e aprendizagem, sobretudo no início da escolarização, quando muitas crianças são formalmente inseridas somente no ensino fundamental ao ensino da linguagem escrita. Nesse início da escolarização as crianças passam por uma transição: saem de um meio com predominância do oral e são inseridas numa comunidade que tem a língua escrita em maior evidência. Na sala de aula onde observamos aulas de língua portuguesa, como verificado nas observações nos deparamos com alunos ainda com muita dificuldade no processo de alfabetização, além de todos os problemas existentes acerca dessa problemática, na perspectiva da sociolinguística, as crianças são competentes no uso da língua, isso porque os alunos dominam bem sua língua materna, para tanto, essa teoria pode dar suporte para os professores começarem a entender parte desse complexo momento de leitura e escrita. Em aulas as práticas de interação geralmente são guiadas por uma linguagem oral, o aluno nessa fase de aprendizagem desenvolve naturalmente acarreta dificuldades nesse momento de apropriação do escrito, por isso defendemos uma inter-relação entre a teoria da variação e a educação, a fim de possibilitar aos professores uma interação mais favorável no processo de ensino e aprendizagem. Por essas constatações, é que no contexto educacional brasileiro, principalmente nas séries iniciais, o trabalho com o ensino de língua necessita que os professores tenham conhecimento sobre a sociolinguística. Assim, a prática do professor deve visar à competência comunicativa do aluno para criar vínculos com.

(19) 18 [. as práticas sociais. O termo competência é utilizado por Chomsky8, porém adotamos o termo proposto por Hymes - competência comunicativa. O ensino e a aprendizagem a partir da língua materna direcionam o professor. a. refletir. sobre. várias. questões,. principalmente. aquelas. sobre. “preconceito”, que pode ser linguístico e/ou social. Para tanto, o “papel da escola é fundamental no seu desempenho de ensinar o português padrão, mas além de ensiná-lo deverá saber quais as condições para que seja aprendido” (BAGNO, 2004 p.23). Além disso, a língua portuguesa vem recebendo grande destaque entre os pesquisadores, principalmente em relação às questões de variação linguística, demonstrando assim, através de estudos, que a língua portuguesa utilizada no Brasil não é homogênea. Como resultado, percebemos que não existe uma unidade linguística, pois a língua varia de acordo com a referência do falante, se é alfabetizado ou não, assim, como também varia quando é falada por um homem ou por mulher, por criança ou por um adulto, por pessoas de diferentes classes sociais, por um morador da cidade ou por um morador do campo, também a língua varia quando é falada por pessoas de diferentes regiões. A área que trabalha com esse tipo de conhecimento é a sociolinguística, que aborda especificamente as diversidades existentes na língua de uma comunidade de fala, essa área vem segundo Bright (1974, p. 18):. Diferenciando muito da abordagem da linguística estrutural, onde os sociolingüísta rompem incisivamente uma tendência da linguística: de tratar as línguas como sendo completamente uniformes homogêneas ou monolíticas em sua estrutura. Considerando esse posicionamento dos sociolinguistas compreendemos que são através dos usos da língua em sociedade que esses estudiosos examinam seu funcionamento nas mais diversas situações.. 8. Conhecida como gramática gerativa, para essa teoria, competência consiste no conhecimento que o falante tem de um conjunto de regras que lhe permite produzir e compreender um número infinito de sentenças, reconhecendo aquelas que são bem formadas, de acordo com as regras da língua (apud BORTONI-RICARDO 2004, p. 71)..

(20) 19 [. Tendo como “tarefa, portanto, a de demonstrar a covariação sistemática mesmo das variações linguística e social, e talvez, até mesmo demonstrar uma relação casual em outra direção” (op. cit. p. 19). Labov (2008) afirma que essa é uma área de pesquisa que tem sido melhor rotulada de “sociologia da linguagem” que trabalha com fatores sociais de ampla escala e sua interação mútua com línguas e dialetos. Para tanto, vem considerando em seus estudos que a língua é usada por seres humanos num contexto social, comunicando suas necessidades, ideias e emoções uns aos outros. Nos estudos da sociolinguística pode-se encontrar na comunidade de fala a variação em níveis de estrutura linguística: fonológica, gramatical e lexical. A primeira diz respeito à pronúncia e ao sistema sonoro da língua. Enquanto a estrutura gramatical diz respeito às regras de uso da língua, e a estrutura lexical relativa aos vocábulos existentes na língua. Algumas dessas variações estão correlacionadas também a fatores extralinguísticos: localização geográfica, a identidade do falante, existindo diferenças entre suas falas como, por exemplo, na fala dos homens e das mulheres (sexo), idade (jovens e adultos), status socioeconômicos, o grau de escolarização, mercado de trabalho, e as redes sociais. Os fatores extralinguísticos fornecem-nos, ao mesmo tempo, uma conclusão de que a variação linguística estar correlacionada estritamente aos status do falante e sua posição na sociedade. Além dos fatos extralinguísticos, a variação linguística também pode ocorrer em dois eixos: diatópico e diastrático. No primeiro, as “alternâncias se expressam regionalmente, considerando-se os limites físico-geográficos; no eixo diastrático se manifesta de acordo com os diferentes estratos sociais, levando-se em conta as fronteiras sociais” (MOLLICA, 2004 p. 12). A variação diatópica são as diferenças existentes nas regiões, ou seja, no espaço geográfico, podem ser exemplificadas a partir do léxico, como: aipim = mandioca = macaxeira; abóbora = jerimum, são palavras usadas em regiões distintas, e com o mesmo significado. Já as diferenças entre os distintos estratos socioculturais de uma mesma comunidade idiomática, ou diferenças diastráticas podem ser encontradas nos.

(21) 20 [. seguintes exemplos: fazer a corte, namorar, paquerar, ficar, etc. além do fator geográfico, o fator social também influencia o preconceito. Conforme Ilari, (2006, p.163): Nem sempre é fácil separar o que é diatópico do que é diastrático (diferentes camadas sociais). O que queremos dizer com isso é que, como regra geral, os traços tipicamente regionais aparecem com mais nitidez nas falas mais informais, as mesmas que permitem o uso de variedades não-padrão (ILARI, 2006, p.163).. A variação linguística como vimos expressas nas palavras do autor é correlacionada pelos fatores extralinguísticos. Portanto, para situarmos melhor tais fatores onde podemos identificar os fenômenos da variação linguística, definimos, segundo Bortoni-Ricardo (2004), alguns que foram levados em evidência no desenvolvimento da pesquisa: Fatores geográficos: explicam as formas que a língua assume nas diferentes regiões e também são responsáveis pelo regionalismo procedente do dialeto; sexo: masculino e feminino. As mulheres monitoram mais suas falas e usam muitos marcadores conversacionais, os homens marcam suas falas por palavrões e gírias; idade: as diferentes faixas etárias também refletem diferenças na fala; status socioeconômicos: representam desigualdade na distribuição de bens materiais e de bens culturais; grau de escolarização: os anos de escolarização de um indivíduo e a qualidade das escolas que frequentou também têm influência em seu repertório sociolinguístico; mercado de trabalho: as atividades profissionais que o indivíduo desempenha são um fator condicionante de seu repertório sociolinguístico; redes sociais: cada um de nós adota comportamentos muito semelhantes aos das pessoas com quem convivemos em nossa rede social. É importante que professores de qualquer nível ou modalidade de ensino conheçam as ocorrências desses fatores na fala dos alunos. Moura (2004, p. 124), quando discorre sobre a importância da teoria da variação linguística para o ensino de língua portuguesa, afirma que os fenômenos variáveis não ocorrem somente na língua falada, mas também na língua escrita:.

(22) 21 [ Destacamos que a variação é uma realidade tanto na língua falada como na língua escrita, pois dependendo do tipo de texto escrito, podemos facilmente perceber que não escrevemos da mesma forma um bilhete para um amigo, uma carta para um parente amigo, uma carta para alguém que não conhecemos [...] o estilo mais ou menos coloquial, mais ou menos formal, fornece evidências de que nós temos na escrita diferentes usos da língua (MOURA, 2004, p. 124).. É através de fatores linguísticos e extralinguísticos da língua, que ocorrem os chamados fenômenos da variação. Em comunidade de fala, segundo Cavalcante (2001), os fenômenos variáveis aparecem no fato de que existem formas alternativas, semanticamente equivalentes, de se dizer a mesma coisa. Porém, essa variação não é aleatória (pelo simples fato de não apresentar uma estabilidade), mas governada por restrições linguísticas, apresentando tendências regulares que são possíveis de serem descritas e explicadas. Assim para Labov:. A existência de variação e de estrutura heterogênea nas comunidades de fala investigadas está certamente bem fundamentada nos fatos [...] nos últimos anos fomos obrigados a reconhecer que essa é que é a situação normal, a heterogeneidade não é apenas comum, ela é resultado natural de fatores linguísticos fundamentais [...] ausência de alternância no estilo e de sistema comunicativos multiestratificados é que seria disfuncional (LABOV, 2008, p. 238).. No entanto, compete à escola possuir a consciência de que não existe unidade linguística no português brasileiro. A crença nessa unidade é um dos mitos existentes que é prejudicial à educação. Mas, não podemos desconsiderar que a língua é viva, e quem faz uso dela são os sujeitos em constante processo de transformação, segundo Bagno (2006, p. 15). Ao não reconhecer a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, a escola tenta impor sua norma linguística como se ela fosse de fato, a língua comum a todos os cidadãos brasileiros, independentemente de sua idade, origem geográfica, situação econômica e o grau de escolaridade, entre outros fatores..

(23) 22 [. O que deve ser entendido é que embora todos os brasileiros falem uma única língua, o “português”, essa mesma língua apresenta uma alta diversidade e variedade. Conforme Bagno (2006, p.16), ao relacionar as diferenças linguísticas e a diferenças de status sociais, afirma que existe uma distância linguística entre os falantes da variedade não padrão do português brasileiro em relação aos falantes da variedade padrão. Devemos considerar essa distância em relação principalmente ao acesso a escolaridade. Por isso, no trabalho com linguagem, as duas modalidades (fala e escrita) devem ser privilegiadas. Elas não estão necessariamente ligadas ao estilo formal e informal, respectivamente, as duas se relacionam, mesmo tendo peculiaridades de cada modalidade. (na. língua. falada,. podemos. exemplificá-la. como. tendo. características sonoras, espontâneas e a expressividade permite prescindir de certas regras). Enquanto a língua escrita possui elementos gráficos. Para tanto, no desenvolvimento desse trabalho os professores precisam ter clareza quanto à importância deste tipo de trabalho. Marcushi (2002) defende que:. A língua falada possui um papel muito importante na sociedade, ela contribui para formação cultural, e se bem utilizada serve como um mecanismo de controle social e reprodução de esquemas de dominação e poder implícito em usos linguísticos na vida diária, tendo em vista suas íntimas, complexas e comprovadas relações sociais (MARCUSHI 2002, p. 25).. Qualquer língua (falada ou escrita) expressa à cultura em uma comunidade de fala, porque é ela quem fornece ferramentas para organizar e entender o mundo. Seguindo essa ideia, a linguagem é o nosso veículo de comunicação mais importante. Através dela é que todos os indivíduos se relacionam socialmente, e é por meio dela que existe a comunicação, acesso a informações e produção de conhecimento. Por esse motivo é que a escola deve oferecer um bom exercício da língua escrita e da norma-padrão, para que todos tenham condições iguais de compreender o mundo que nos cerca, para que ninguém se sinta incapaz de entender o que é dito ou escrito nas mais variadas situações do dia-a-dia, assim, as diferenças dialetais não servirão como meio de exclusão social..

(24) 23 [. Todavia, é na e pelas instituições de ensino que os educandos devem perceber como fazer uso da competência comunicativa de sua própria língua. Para acompanhar os alunos, os professores precisam primeiramente possuir estar inseridos num contexto de formação continuada levando em consideração nessas formações as bases teóricas da língua, para que dessa forma compreendam melhor esse processo de aprendizagem e aceitem que os casos de variedade linguística dos alunos. Em relação aos fenômenos da variação linguística, Bortoni-Ricardo (2004, p. 38) afirma:. A postura que alguns professores assumem em sala de aula diante da variação linguística pode causar constrangimento ao aluno, pois ao perceber que ele usou um tipo de variação o professor deve intervir de forma cuidadosa para não humilhá-lo. Ao contrário, uma pedagogia é culturalmente sensível ao saberes do educando quando está atenta às diferenças entre a cultura que os alunos representam e a da escola, e mostra ao professor como encontrar formas efetivas de conscientizar os alunos educandos sobre as diferenças (BORTONI-RICARDO 2004, p. 38).. Acreditamos que esse tipo de intervenção não sistemática ocorre porque ainda encontramos várias pessoas, inclusive professores das séries iniciais, que acreditam em uma língua uniforme, sem variação, sem adequação às mais variadas situações e, consequentemente, na crença que a “norma culta” é melhor que as outras. “Essa crença desconhece que a ciência linguística defende que o bom uso da língua é aquele que é adequado às condições de uso” (ANTUNES, 2007 p. 104). Dentro da natureza dos estudos da linguagem incluímos o conceito de cultura, por considerar que a língua e cultura estão relacionadas pela transmissão de conteúdos, valores, artes, história, música etc. Diante desse relacionamento é importante fazermos essa pergunta: afinal, o que é cultura? Refletindo sobre a questão é fácil perceber essa relação, pelo simples fato de que os bens culturais são transmitidos através do conhecimento, assim como na educação se concretiza com atividade e desenvolvimento intelectuais de um indivíduo com objetivo de instrução. Cultura em sociedade também possui esse significado de erudição, instrução que compreende muitos conhecimentos, principalmente os adquiridos por meio de.

(25) 24 [. formação, os estudos, significa cada costume, material, ideia ou crença. A língua e cultura são dois instrumentos inseparáveis. A língua é um instrumento vivo e em constante desenvolvimento. Diariamente, ela sofre influência da cultura, seja na escrita ou na fala, dificilmente língua e cultura podem ser separadas, por esse motivo é que discutimos o conceito de cultura e sua relação com a língua e sociedade. Nesse sentido, relacionando cultura com língua portuguesa, Tavares (2006) afirma que “é por intermédio da cultura que podemos nos conhecer, conhecer o Outro e interpretar o mundo no qual vivemos”. A cultura esta presente nas manifestações humanas. Ainda segunda a autora, a cultura se reflete na linguagem, nos símbolos, no pensamento das pessoas, regionalizando-as, marcando suas identidades e, como todos os processos interativos, alterando essas marcas. Da perspectiva de uma pedagogia culturalmente sensível aos saberes do educando, podemos afirmar que, diante da realização de uma regra não – padrão pelo aluno, a estratégia do professor deve incluir dois componentes:. A identificação da diferença e a conscientização da diferença. A identificação fica prejudicada pela falta de atenção ou pelo desconhecimento que alguns professores tenham a respeito daquela regra. A conscientização suscita mais dificuldades. É preciso conscientizar o aluno quanto às diferenças para que ele possa começar a monitorar seu estilo, mas esta conscientização tem de dar-se sem prejuízo no processo de ensino e aprendizagem, isto é, sem causar interrupções inoportunas. Às vezes é preferível adiar a intervenção para que uma ideia não se fragmente, ou o raciocínio não se interrompa (BORTONI – RICARDO, 2004, p. 42).. Devemos considerar que na escola, em seu ambiente interno, o padrão e o não-padrão cruzam-se constantemente, num sistema bilateral, porque os alunos que possuem características dos falares rurais ao mesmo tempo entram em contato com a linguagem padrão. Eles, ao se conscientizarem das diversidades da língua, irão utilizar-se da monitoração estilística que pode acontecer desde interações totalmente espontâneas até as que exigem mais atenção do falante, as interações planejadas. As espontâneas são chamadas de interação menos monitorada. Segundo Bortoni-.

(26) 25 [. Ricardo (2004) existem três fatores que levam à monitorar o estilo, são: o ambiente, o interlocutor e o tópico da conversa. Ao tratar desses fatores (o ambiente, o interlocutor e o tópico da conversa) concordamos com Labov (2008), quando os considera como sendo parte da estrutura sociolinguística, que pode ser correlacionada com alguma variável nãolinguística do contexto social. Alguns traços linguísticos (indicadores) mostram uma distribuição. regular. pelos. grupos. socioeconômicos,. ou. seja,. há. traços. característicos, mesmo se tratando de variação, que definem/caracterizam os grupos sociais. E para os contextos sociais serem ordenados em algum tipo de hierarquia (econômicos ou etários), esses indicadores são estratificados. As variáveis sociolinguísticas mais altamente desenvolvidas (marcadores) não somente exibem distribuição social, mas também diferenciam estilística. O contexto estilístico pode ser ordenado ao longo de uma única dimensão segundo o grau de atenção prestado à fala, de modo que temos estratificação tanto estilística quanto social. Indicadores são traços de linguagem que distinguem um grupo de outro – digamos uma “região de outra, mas não distinguem um subgrupo de outro na mesma região” (POSSENTI, 2002, p. 321). Os indicadores não dividem os falantes pelo nível socioeconômico e costumam não ser afetados pelo grau de formalidade da situação. Se reservarmos o termo "dialeto" para designar variedades linguísticas ligadas a regiões, podemos dizer que indicadores são traços dialetais. O autor explica que marcadores são traços de linguagem que distinguem subgrupos, classes sociais diversas dentro de uma mesma região e indicam maior ou menor formalidade. Esses marcadores dividem os falantes pelo nível socioeconômico e costumam ser afetados pelo grau de monitoramento da situação. No campo da sociolinguística, marcadores são próprios de "variações diastráticas ou socioletos". Diante do monitoramento da fala, Labov (2008) afirma que os estilos estão organizados ao longo de uma única dimensão seguindo o grau de atenção prestada à fala, pode-se observar que a maioria dos falantes segue um padrão de alternância na mesma direção. Nessa perspectiva, são os elementos da linguagem que o professor deve também desenvolver em sua prática, sabendo que a língua portuguesa passou e.

(27) 26 [. continua passando por várias mudanças, isto é, o que existe é uma língua heterogênea, principalmente na falada das mais diversas pessoas das distintas regiões. Cavalcante (2003) vem justamente discorrendo sobre algumas mudanças no português brasileiro quando afirma que:. A Língua Portuguesa usada no Brasil vem passando por vários processos de mudanças que afetam diversos níveis de estrutura linguística. Dentre estes, há um que afeta vários níveis e estruturas linguística. Constata-se por um lado, uma maior preferência pelas realizações plenas dos sujeitos nulos, ou seja, observa-se uma menor frequência dos chamados sujeitos ocultos, e, por outro, uma grande utilização dos pronomes “você(s)”, e “a gente”, em substituição aos pronomes “tu/vós e nós”, porém sempre nas formas plenas (p.138).. Assim, entender a língua em sua estrutura heterogênea, é entender que ela se relaciona à concepção de homem enquanto ser social, que se articula em uma estrutura igualmente complexa e heterogênea de sociedade. Por essa razão, a língua transcende sua finalidade de instrumento de comunicação, associando-se a fatores ideológicos, políticos, econômicos e culturais. A partir dessa compreensão o ensino de língua deve ser revisto na prática do professor, essa perspectiva (de ver a língua em uma estrutura heterogênea) deve possibilitar aos alunos o uso da língua em seus vários contextos ou situações de interação, para tanto, o professor deve assumir uma postura que não veja as diferenças das duas variedades (a de prestígio ou a estigmatizada) como “erro”, ou considerando o aluno deficiente linguisticamente. Muitos consideram os “erros” de linguagem, tudo o que está à margem da gramática normativa. Na perspectiva da sociolinguística, esses “erros” são explicados cientificamente como diferenças existentes na língua, levando em conta o contexto social de produção, os “erros” não estão relacionados à capacidade dos indivíduos de aprenderem. Até porque, como afirma Bortoni-Ricardo (2004, p.8): A noção de “erro” nada tem de linguística – é um (pseudo) conceito estritamente sociocultural, decorrente de critérios de avaliação (isto é, dos preconceitos) que os.

(28) 27 [. cidadãos pertencentes à minoria privilegiada lançam sobre todas as outras classes sociais.. 1.2.. Contribuições da Sociolinguística para Alfabetização. O trabalho docente perpassa por teoria e ações práticas, os quais produzem resultados sobre o humano, pois requer reflexão teórica e prática, permanente aprofundamento e formação continuada. Diante dessa configuração do trabalho docente defendemos que as abordagens sociolinguísticas reúnem importantes conhecimentos que são indispensáveis ao trabalho em sala de aula. Principalmente nessa etapa de desenvolvimento da aprendizagem de leitura e escrita na alfabetização. Nas contribuições que a sociolinguística trouxe à pedagogia do ensino da leitura e da escrita, enfatiza-se muito que os professores têm que aprender a fazer distinção, na leitura das crianças, entre problemas de decodificação, em geral, e a transferência para a leitura de regras fonológicas próprias do vernáculo da criança (BORTONI-RICARDO, 1997). A autora (op. cit. 2006) enfatiza que o reconhecimento das palavras desempenha um papel central no desenvolvimento da habilidade de leitura. Aprender a reconhecer palavras é a principal tarefa do leitor principiante, e esse reconhecimento é melhor enfatizado pela fonologia. Por meio da decodificação fonológica, o aprendiz traduz o som em letras, quando lê, e faz o inverso quando escreve. Tanto o processo de leitura quanto o processo de escrita envolvem muito mais que compreensão do princípio alfabético, que estabelece a correspondência entre grafema e fonema. Para essas contribuições serem bastante representativas na prática docente é necessário que os professores tenham a percepção da natureza fonológica da ortografia portuguesa. As representações gráficas para os alunos no início da escolarização podem dificultar a aprendizagem, organizando de maneira sistemática.

(29) 28 [. o estudo de algumas regras ortográficas, tais estudos, permitem aos professores alfabetizadores a compreensão diante das dificuldades existentes no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Então, se pudermos optar por desenvolver uma alfabetização de bases consistentes (levando os alunos a desenvolverem a leitura e escrita, além de compreender as informações no momento de leitura), que considere a realidade do aluno, que respeite o modo natural de como os alunos já fala. Por que não iniciar em consonâncias com esses estudos um trabalho embasado nessas contribuições? Para tanto, elegemos a escola como uma instituição que introduz os grupos de não-letrados nas práticas de letramento de prestígio; de tal modo que ela precisa criar condições para que os alunos tomem conhecimento desse tipo de linguagem a de prestígio, mas levando em consideração e respeitando às práticas trazidas pelos alunos do seu contexto de vida e pronunciadas em sala de aula. Desse modo, a partir de um conhecimento mais específico adquirido através da sociolinguística, os professores podem utilizar-se dos fatores internos da língua - fonologia, morfologia, sintaxe e semântica; além dos fatores externos - sexo, idade, origem geográfica, etnia, situação econômica, escolaridade. Hoje, tão importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita é poder se engajar em práticas sociais letradas, respondendo aos inevitáveis apelos de uma cultura grafocêntrica. Assim, enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de uma sociedade (TFOUNI, 1995, p. 20). Devemos pensar um ensino de língua atrelado às práticas de letramento, fazendo com que os alunos se engajem suas práticas, e os professores, por sua vez, entendam que o ensino da língua deve ser pautado no seu uso em sociedade, o que caracteriza o letramento. Essa prioridade no ensino se justifica pelo simples fato de fazermos parte de uma sociedade que é regida pela cultura grafocêntrica, dessa forma, pode-se justificar essa cultura de acordo com Claude Lévi-Strauss (1950 apud CUCHE 2002, p. 94) quando afirma que:.

(30) 29 [ Toda cultura pode ser considerada como um conjunto de sistemas simbólicos (escrita). No primeiro plano coloca-se a linguagem, as regras matrimoniais, as relações econômicas, a arte, a ciência, a religião. Todos estes sistemas buscam exprimir certos aspectos da realidade física e da realidade social, e mais ainda, as relações que estes dois tipos de realidade estabelecem entre si e que os propósitos sistemas simbólicos estabelecerem uns com os outros (CLAUDE LÉVI-STRAUSS 1950 apud CUCHE 2002, p. 94).. Várias investigações a respeito do fenômeno da variação linguística vêm contribuindo para desmistificar a crença da “deficiência linguística” dos alunos provenientes das classes desfavorecidas socioeconomicamente. Desse modo, não poderíamos deixar de tratar de suas consequências no ensino. Nessa perspectiva, os fenômenos da variação linguística refletidos na alfabetização afirmam que:. Todos que estão familiarizados com a realidade escolar brasileira sabem que a alfabetização de crianças de classe baixa apresenta rendimento alarmantemente pequeno. Entre as diversas causas destes fenômenos, destaca-se certamente o fato de que essas crianças se defrontam na escola com uma norma desconhecida (BORTONI-RICARDO, 2005, P. 37). Para tratar essa situação em sala de aula, os professores precisam conhecer as características linguísticas de seus alunos. “As variedades populares que eles trazem tem que ser encaradas como subsistema bem estruturado que se distingue da língua-padrão de forma definida e consistente” (BORTONI-RICARDO, op.cit.). Os professores precisam aceitar e trabalhar com essas variedades trazidas por seus alunos, levando-os a se conscientizarem que suas produções orais devem ser estudas na escola em consonância com os estudos da língua padrão, ensino que predomina na escola. Elegemos esse tópico como importante, ao constatarmos que os índices estatísticos de analfabetismo no Brasil ainda são muito altos, comprovamos que esses índices, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e estatística)9, no ano de 2008, são em geral de 160.561 pessoas não alfabetizadas, segundo o instituto, esses dados foram coletados entre homens e mulheres de faixa 9. A tabela com os dados da pesquisa encontram-se na íntegra nos apêndices deste trabalho..

(31) 30 [. etária a partir dos 10 anos de idade. Dessa grande quantidade, somente no nordeste os índices apontam que 44.124 pessoas não estão alfabetizadas. Esses índices revelam um grande problema social no país, principalmente em relação à educação que não é distribuída uniformemente. Diante desses índices estáticos, percebemos que a educação tem um sério problema a resolver, dessa forma, as leis que a rege, como a Lei de Diretrizes e Bases Nacionais (LDB Lei 9.394/1996), vêm como um suporte para solucionar o problema do analfabetismo. A LDB estabelece em seu artigo 32, que o ensino fundamental tenha duração mínima de oito anos10, durante esse período de aprendizado dos alunos deve ser desenvolvida a capacidade de aprender, tendo como meio básico o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo. Amparados pela Lei, temos convicção de que se pode desenvolver nos educandos a possibilidade de não fazerem parte desses índices, levando para a educação das crianças um contexto mais amplo de alfabetização, evidenciando as práticas sociais, sendo ainda restrito a apenas uma pequena parcela da sociedade. O domínio da leitura e da escrita se reflete no letramento, esse é um processo de aprendizagem social e histórica de leitura e escrita em contextos informais e para uso utilitários, por isso, envolve as mais diversas práticas de escrita (nas suas variadas formas) na sociedade, e pode ir desde uma apropriação mínima da escrita, tal indivíduo que é analfabeto, mas letrado na medida em que identifica o valor do dinheiro, identifica o ônibus que deve tomar, consegue fazer cálculos complexos, sabe distinguir as mercadorias pelas marcas etc., mas não escreve cartas nem lê jornal regularmente. Dessa forma, letrado é o indivíduo que participa de forma significativa de eventos de letramento e não apenas aquele que faz um uso formal da escrita (MARCUSCHI, 2004). É importante salientarmos que para os alunos entrarem no mundo do letramento encontram várias dificuldades do ponto de vista linguístico e cognitivo. Essas dificuldades estão na distância existente entre o sistema fonológico utilizado. 10. O artigo 32 da Lei de Diretrizes e Bases foi reformulado pela LEI Nº 11.274, de 06 de fevereiro de 2006, institui que: O ensino fundamental obrigatório, com duração de 09 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade..

(32) 31 [. por alunos falantes da variante não-padrão e o sistema ortográfico. Segundo Barrera e Maluf (2004, p. 03):. Para se alfabetizar, a criança inicialmente necessita construir a hipótese de uma correspondência biunívoca entre letras e sons. É somente no decorrer do processo de alfabetização que essa hipótese inicial deverá ser reformulada, no sentido de englobar as irregularidades na correspondência entre letras e sons derivados do contexto ortográfico, da estrutura morfológica das palavras e também da distância entre a fala do aluno e a língua padrão na qual a escrita se baseia. (BARRERA e MALUF 2004, p. 03):. Nesse sentido, Bortoni-Ricardo (2006, p. 204), afirma que é. Por meio da decodificação fonológica que o aprendiz traduz sons e letras, quando lê, e faz o inverso, quando escreve [...], entretanto, tanto o processo de leitura como o da escrita envolvem muito mais que a compreensão do princípio alfabético, que estabelece a correspondência entre grafema e fonema.. Existem. várias. dificuldades. para. se. trabalhar. com. linguagem. na. alfabetização de alunos de qualquer procedência social (formação de professor, pois muitos não obtiveram em sua formação inicial as contribuições da sociolinguística; outro fator condicionante são as condições de trabalho etc.) e para superá-las é preciso primeiramente que o professor tenha conhecimento de como o processo de alfabetização acorre e tente ensinar os alunos sem muitas dificuldades. Para tanto, nesse trabalho deve-se entender que existem dificuldades já postas na língua, dessa forma o educando nessa fase ainda não sabe discernir. Diante disso, a seguir, exibiremos algumas dessas dificuldades existentes no início dessa fase para o educando, essencialmente vamos tratar das vogais que ao contrário do que estudamos na infância não são graficamente representadas por cinco letras A – E – I – O – U, mas sim sete vogais, incluindo as orais e nasais existentes na língua portuguesa. Baseado na estrutura desenvolvida por Câmara Jr..

(33) 32 [. (1970) que afirma: “é a partir da posição tônica que classificamos os fonemas vocálicos, pois daí deduz-se as vogais distintivas”, conforme o seguinte esquema:. Esquema I – As Vogais para os Estudos Fonológicos. Altas. /u/. médias. /i/ /ô/. Médias. /ê/ /ò/. Baixas. /è/. (2º grau) (1ª grau). /a/ Posteriores. Central. Anteriores. (CÂMARA JR., 1994, p. 41). No entanto, Bortoni-Ricardo (2004) salienta que é importante observarmos as vogais médias /e/ e /o/, que são geralmente pronunciadas /i/ e /u/ em sílabas átonas. Nas sílabas pretônicas, sua realização constitui uma regra variável, e postônicas; sua elevação é praticamente categórica no português. Para Naro apud Bortoni-Ricardo, (2006, p. 209),. A elevação das vogais médias finais no português tem uma teologia acústico-articulatória que [...] trata-se de um fenômeno característico da posição pré-pausa, isto é, do decréscimo típico conteúdo de energia das ondas acústicas que constituem o fluxo da fala, [...] com as vogais mais altas são em geral, mais fracas que as médias, a elevação nesse contexto é uma consequência natural da perda de energia [...] entendemos que os alfabetizando tendem a grafar os fonemas /e/ e /o/ de valor acentual 1 e 0 com as letras i e u respectivamente (BORTONI-RICARDO, 2006, p. 209).. Há processos que afetam a estrutura da sílaba na língua oral. Segundo Bortoni-Ricardo (2004), a sílaba é a unidade ou grupo de fonemas emitidos em um.

(34) 33 [. só impulso de voz. A vogal funciona como núcleo da sílaba e esse núcleo pode ser precedido ou seguido de consoante. As sílabas em português podem ser apresentadas com a seguinte estrutura: V (só uma vogal) como em: á-gua; CV (uma consoante e uma vogal) como em: pote; CVC (uma consoante, uma vogal e outra consoante) como em: mar-ca; CCV (duas consoantes seguidas de vogal) como em: pra-to; CCVC (duas consoantes seguidas de vogal e outra consoante) como em: pres-tí-gio; CCVCC (duas consoantes seguidas de vogal, seguidas de mais duas consoantes) como em: transfor-ma-ção (na palavra “trans-for-ma-ção”, temos uma sílaba com a estrutura CCVCC porque estamos considerando o segmento consonântico /n/, que funciona para marcar a nasalidade da vogal. Outra possibilidade de análise é não considerarmos o /n/ como uma consoante. Assim, consideramos somente a consoantes /t/, /r/,a vogal nasal /ã/ e a consoante /s/); CVCC (consoante, vogal, seguida de duas consoantes) como em: pers-cru-tar. No trabalho com língua portuguesa, defendemos que é preciso que muitos professores entendam as várias concepções de linguagem e de ensino de língua existentes. As concepções de linguagem e de ensino do professor são fundamentais para a configuração do processo ensino-aprendizagem, pois definem não só a prática pedagógica, bem como as metodologias adotadas. De acordo com Geraldi (2002, p. 45), uma diferente concepção de linguagem constrói não só uma nova metodologia, mas principalmente um novo conteúdo de ensino. É importante que o professor deva assumir uma postura que capacite seu aluno ao entendimento do processo de leitura e escrita. Desse modo, defendemos que qualquer profissional da educação deva ter uma concepção de linguagem que subsidie sua prática. A partir das orientações desse autor exibiremos logo abaixo as diferentes concepções de linguagem:. Linguagem como expressão do pensamento: essa concepção ilumina basicamente, os estudos tradicionais. Se concebermos a linguagem como tal, somos levados a afirmação – corrente – de que pessoas que não conseguem se expressar não pensam [...]. No caso da linguagem como instrumento de comunicação: essa concepção está ligada à teoria da comunicação e vê a língua como código.

(35) 34 [ (conjunto de signos que se combinam segundo regras) capaz de transmitir ao receptor certa mensagem. Enquanto a linguagem como forma de interação: mais do que possibilitar uma transmissão de informação de um emissor para um receptor, a linguagem é vista como ações que não conseguiria ao seu uso, a não ser falando, com ela o falante age sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vínculos que não preexistiam à fala (GERALDI, 2002, p. 41).. A alfabetização a partir das contribuições da ciência linguística requer dos profissionais que atuam na educação básica uma formação específica para assumir um trabalho de ação amplificada, fundamentado e principalmente planejado para chegar a esse fim – a alfabetização, mas, infelizmente muitos ainda desconhecem essas contribuições, que servem para esclarecer muitas dificuldades dos alunos nessa etapa da aprendizagem. Defendemos que os professores tenham em sua formação subsídios da sociolinguística, para que assim obtenham uma maior desenvoltura em sala de aula diante dos fenômenos da variação linguística. Mesmo defendendo esse tipo de formação, Antunes (2003) comprovou que, ainda existem vários desinteresses por parte dos professores em relação a essa teoria. Para a autora, esse desinteresse pode significar também uma incompreensão do que seja “teoria” e “prática” de como uma e outra se interdependem ou se alimentam mutuamente. Para a referida autora, se nossa prática se afasta do ideal é porque nos falta, entre outras condições, um aprofundamento teórico acerca de como funciona o fenômeno da linguagem humana. O conhecimento teórico disponível a muitos professores, em geral, se limita a noção de regras gramaticais apenas, como se tudo o que é uma língua em funcionamento coubesse dentro de uma gramática, ou manual. 1.2.1. O Português do Brasil11. Para compreendermos algumas das dificuldades tratadas no tópico anterior que ocorrem tanto na prática docente como na aprendizagem dos alunos, devemos. 11. Para essa exposição não irá ser levado em consideração todo processo histórico de formação do português do Brasil, apenas alguns entendimentos a partir da sociolinguística..

(36) 35 [. compreender que a diversidade linguística no português do Brasil não é fato de descobertas recentes. Oliveira (2008) afirma que a língua portuguesa falada no Brasil, cujo trajeto histórico nos mostra a fotografia dos dialetos, falares, sotaques, espécies de linguagem, empréstimos, influências indígenas e negras, e, ainda, da identidade das classes sociais e atividades profissionais, realçando as relações interpessoais por meio da língua geral, dos crioulos, tudo com reflexo nas diferentes manifestações linguísticas utilizadas atualmente. Percebe-e que a constituição do português brasileiro é diversificada pelo seu contexto de formação histórica. Notamos nas considerações da autora citada em relação à formação do português que por esses vários motivos apresentados é que hoje desenvolvemos estudos em relação à língua falada em nosso país. Para essa exposição nos baseamos nos estudos desenvolvidos principalmente por BortoniRicardo (2004, 2005), Mollica (2004) e Leite e Callou (2002) entre outros. Por muito tempo, o ensino de Língua Portuguesa assumiu que a língua portuguesa deve ser trabalhada somente através da gramática normativa, contribuindo para a afirmação do tipo: “a língua portuguesa é muito difícil”, tal afirmação é pautada pelas dificuldades encontradas em trabalhar ou estudar com conceitos e normas. Não almejamos contribuir com o senso comum quando afirma que essa disciplina é pesada (por ter vários conteúdos a serem levados em consideração) e/ou difícil de ministrar e para muito aprender, pelo contrário, com essa exposição queremos afirmar que o trabalho com essa disciplina vem recebendo várias contribuições dos resultados12 encontrados em pesquisas que podem esclarecer as diversas dificuldades que não foram tratadas durante a formação inicial ou continuada dos professores. É uma constante a preocupação com o ensino e aprendizagem por parte da sociolinguística, seja na educação básica, ensino médio e formação de professores. É a partir deste contato, linguística e ensino, que a educação amplia o seu olhar sobre os fenômenos da linguagem, bem como, sobre a forma como abordar estes 12. Entre os autores podemos citar Bortoni-Ricardo (2004, 2005); Mollica (2003) etc. Através das investigações os professores de educação básica poderão conhecer que o português do Brasil possui um pluralismo constituído através de varias contribuições de línguas, também permitem que esses profissionais saibam lidar, em sala de aula, com as regras características das variedades linguísticas estigmatizadas..

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