• Nenhum resultado encontrado

O Pacto Fonte Nova como programa de desenvolvimento local e estratégia competitiva de pequenos empreendimentos agroindustriais: a lógica da cooperação e do associativismo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O Pacto Fonte Nova como programa de desenvolvimento local e estratégia competitiva de pequenos empreendimentos agroindustriais: a lógica da cooperação e do associativismo"

Copied!
157
0
0

Texto

(1)

O PACTO FONTE NOVA COMO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL E ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE PEQUENOS EMPREENDIMENTOS AGROINDUSTRIAIS – A LÓGICA DA COOPERAÇÃO E DO ASSOCIATIVISMO

Ijuí (RS) 2010

(2)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUÍ

MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO

Ivete Aparecida Patias

O PACTO FONTE NOVA COMO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL E ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE PEQUENOS EMPREENDIMENTOS

AGROINDUSTRIAIS – A LÓGICA DA COOPERAÇÃO E DO ASSOCIATIVISMO

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Desenvolvimento, como requisito parcial para obtenção do título de mestre na área de concentração Gestão de Organizações para o Desenvolvimento, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí.

Professor Orientador: Doutor Jorge Oneide Sausen

Ijuí/RS

(3)

P298p Patias, Ivete Aparecida.

O Pacto Fonte Nova como programa de desenvolvimento local e estratégia competitiva de pequenos empreendimentos agroindustriais : a lógica da cooperação e do associativismo / Ivete Aparecida Patias. – Ijuí, 2010. –

157 f. : il. ; 29 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento.

“Orientação: Jorge Oneide Sausen”.

1. Desenvolvimento local. 2. Desenvolvimento endógeno. 3. Estratégia competitiva. 4. Cooperação. 5. Agroindústrias. I. Sausen, Jorge Oneide. II.

Título. III. Título: A lógica da cooperação e do associativismo.

CDU: 332:631.15 338.436

Catalogação na Publicação

Márcia Della Flora Cortes CRB10 / 1877

(4)

UNIJUÍ — Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

“O PACTO FONTE NOVA COMO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL E ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE PEQUENOS EMPREENDIMENTOS AGROINDUSTRIAIS – A LÓGICA DA COOPERAÇÃO E DO ASSOCIATIVISMO”

elaborada por

IVETE APARECIDA PATIAS

como requisito parcial para a obtenção do grau de mestre em Desenvolvimento

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Jorge Oneide Sausen (UNIJUÍ): _________________________________________

Prof. Dr. Vilmar Antonio Boff (URI): ____________________________________________

Profª. Drª. Lurdes Marlene Seide Froemming (UNIJUÍ): _____________________________

(5)

Dedico este trabalho em especial a meu esposo Tarcisio e a meu filho Tarcisio Filho, pela compreensão, tolerância e apoio dispensado em todos os momentos em que estive envolvida com o curso de Mestrado.

(6)

Agradecimentos: Agradecimentos especiais ao professor e orientador, doutor Jorge Oneide Sausen,

estimado pela sua competência, presteza e colaboração. Aos professores do Mestrado em Desenvolvimento, Gestão e Cidadania da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) por suas contribuições. Aos agroindustriários, aos responsáveis pelas entidades, enfim todos os envolvidos no

Programa Pacto Fonte Nova, pela colaboração nas entrevistas e no fornecimento dos dados necessários para a realização desta dissertação.

À professora Maria Margarete B. Brizolla (Unijuí) e ao professor Danilo Polacinski (Fema), pela confiança e oportunidade de estágio. Aos meus queridos colegas do Mestrado em Desenvolvimento, Gestão e Cidadania da

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) por suas contribuições, pelo companheirismo e amizade, em especial à Juliana Porciuncula.

(7)

“Os filósofos apenas interpretaram o mundo. A questão, entretanto, é como mudá-lo”. (Karl Marx)

(8)

RESUMO

Este estudo foi elaborado com a intenção de compreender como foram definidas as estratégias competitivas do programa de desenvolvimento Pacto Fonte Nova e como ocorre o desenvolvimento local a partir da percepção dos participantes deste programa. O objetivo central buscou analisar e compreender o processo de criação e desenvolvimento do Pacto Fonte Nova e as relações deste empreendimento com o desenvolvimento local e regional. Para dar suporte a este objetivo se propôs: (1) descrever o processo de criação e evolução do empreendimento Pacto Fonte Nova a partir da sua estruturação e posicionamento no mercado, enquanto um modo de produção associativo; (2) analisar e compreender a dinâmica utilizada pelo empreendimento, seus processos de concepção e implementação das estratégias organizacionais que definiram a forma de competição e o posicionamento no mercado mais amplo; (3) avaliar a efetiva contribuição do empreendimento Pacto Fonte Nova no processo de desenvolvimento local da sua região de inserção, a partir do impacto socioeconômico proporcionado, com base nas percepções dos agentes envolvidos. A pesquisa se caracteriza como aplicada, e quanto aos objetivos e fins como descritiva e exploratória. A abordagem qualitativa norteia a investigação na medida em que a história do programa é constituída a partir da linguagem de seus atores. Com relação aos procedimentos técnicos, é uma pesquisa de campo e estudo de caso singular. A investigação ocorreu nas entidades envolvidas com o Pacto Fonte Nova e nas agroindústrias integrantes deste programa de desenvolvimento local no município de Crissiumal, Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas com lideranças políticas, empresários, produtores, gestores das agroindústrias e da cooperativa Cooper Fonte Nova. Da compreensão e análise do processo de criação e desenvolvimento do Pacto Fonte Nova, da relação com o desenvolvimento local e da base teórica utilizada no estudo, conclui-se que este programa de desenvolvimento partiu de vários segmentos da sociedade local: as entidades, de forma coletiva e cooperada; que estas entidades buscaram alternativas para uma faixa da população que estava marginalizada; proporcionou o desenvolvimento endógeno, com a criação de agroindústrias, gerando benefícios a toda a população, pois houve melhoria em vários setores do município, dentre elas a da qualidade de vida, manutenção das pessoas no campo, aumento do trabalho e renda das famílias, diversificação da produção e crescimento socioeconômico. Estratégias empregadas de forma coletiva por comunidades, utilizando a vocação local, podem proporcionar bons resultados, como aconteceu no Programa Pacto Fonte Nova.

Palavras-chave: Estratégia competitiva. Desenvolvimento endógeno. Cooperação. Agroindústrias.

(9)

ABSTRACT

This study was designed with the intent to understand how the competitive strategies of the development program New Source Pact were defined and how the local development occurs starting from the perception of the participants of this program. . The main objective sought to analyze and understand the process of creating and developing the New Source Pact of this enterprise and the relationships with local and regional development. To support this goal are proposed: (1) describe the process of creation and evolution of the venture New Source Pact starting from the structuring and placement on the market as a mode of production associations; (2) analyze and understand the dynamics used by the enterprise, its processes of conception and implementation of organizational strategies that defined the form of competition and positioning in the broader market;(3) evaluate the effective contribution of the enterprise New Source Pact in the process of local development in their region of insertion, from the socioeconomic impact proportionate, based on the perceptions of those involved. The research is characterized as applied, and about goals and purposes as descriptive and exploratory. The qualitative approach guides the research according as the history of the program is formed from the language of its performers. Regarding technical procedures, it is a field research and unique case study. The investigation occurred in the entities involved with the New Source Pact agribusiness members of the local development program located in the municipality of Crissiumal, Northwest Region of Rio Grande do Sul, Brazil. To collect the data interviews were carried out with political leaders, entrepreneurs, producers, managers of agribusinesses and the cooperative Cooper New Source. Understanding and analyzing the process of creating and developing the New Source Pact, from the relationship to local development and the theoretical basis used in the study, concludes that this development program came from various segments of local society: the entities, so collective and cooperative, that these entities have sought alternatives to a range of people who were marginalized, provided the endogenous development with the creation of agro-industries, generating benefits to the entire population, since there was improvement in several areas of the city, among them the quality of life, keeping people in the field of labor and increase family income, diversification of production and socioeconomic growth. Strategies used collectively by communities, using local calling, can provide good results, as happened in the Program New Source Pact.

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras Páginas

1 — As Correntes Explicativas da Vantagem Competitiva ... 32

2 — Três Estratégias Genéricas ... 36

3 — A Rede de Valores ... 43

4 — A Dinâmica dos Modelos Produtivos Locais ... 51

5 — Modelo de Pesquisa ... 67

6 — Fases da Pesquisa ... 70

7 — Localização Geográfica de Crissiumal – RS ... 72

8 — Selo de Qualidade do Pacto Fonte Nova ... 75

9 — Entidades Envolvidas no Pacto Fonte Nova ... 77

10 — Prédio da Cooper Fonte Nova ... 114

Quadros Páginas 1 — Descrição do perfil e sigla atribuída aos entrevistados das organizações pesquisadas ... 64

2 — Relação de eixos, instituições responsáveis e atividades/produtos relacionados 87 3 — Conjunto das agroindústrias integrantes do Pacto Fonte Nova e associadas à Cooper Fonte Nova ... 88

4 — Demonstrativo da produção de soja e leite, apurada com base nos relatórios anuais da Secretaria da Fazenda – DTIF – RS ... 101

5 — Evolução do emprego formal no município de Crissiumal – RS ... 110

6 — PIB per capita (R$) a preços correntes – período de 1997 a 2006 ... 111

7 —Valor Adicionado Bruto (VAB) a preços correntes (R$ mil) da agropecuária - período 1997 a 2006 ... 111

8 — Valor Adicionado Bruto (VAB) a preços correntes (R$ mil) da indústria - período 1997 a 2006 ... 111

9 — Valor Adicionado Bruto (VAB) a preços correntes (R$ mil) dos serviços - período 1997 a 2006 ... 111

10 — Valor Adicionado Bruto (VAB) total a preços correntes (R$ mil) - período 1997 a 2006 ... 112

11 — Síntese do processo de estruturação do Programa de Desenvolvimento Local: Pacto Fonte Nova ... 117

(11)

LISTA DE ABREVIATURAS

AAO — Associação de Agricultura Orgânica

Abemec — Associação do Bem Estar do Menor de Crissiumal ACI — Associação Comercial e Industrial de Crissiumal

Adesco — Associação de Desenvolvimento Comunitário de Crissiumal Agel — Associação Gaúcha de Empreendimentos Lácteos

Apae — Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais Ascar — Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural Atac — Associação dos Técnicos Agrícolas

Cispoa — Coordenadoria de Inspeção Sanitária de Produtos de Origem Animal Citresu — Consórcio Intermunicipal de Tratamentos e Resíduos Sólidos Urbanos Conab — Companhia Nacional de Abastecimento

Cooper Fonte Nova — Cooperativa das Atividades Agroindustriais e Artesanais do Pacto Fonte Nova

Coopercris — Cooperativa Agropecuária Crissiumalense Ltda Corede — Conselho Regional de Desenvolvimento

Cotricampo — Cooperativa Mista Tritícola de Campo Novo Ltda Cotrimaio — Cooperativa Tritícola Mista Alto Uruguai Ltda Ecrisa — Empreendimentos Crissiumal S/A

Emater — Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural Embrapa — Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Expocris — Exposição de Crissiumal

Expointer — Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários

Expomauá — Exposição Agropecuária, Comercial e Industrial de Porto Mauá

Feaper — Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais

Fenasoja — Feira Nacional da Soja

(12)

FPM — Fundo de Participação dos Municípios

Fundac — Fundo Municipal de Desenvolvimento Agropecuário de Crissiumal IBD — Instituto de Biodinâmica

IBGE — Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Idese — Índice de Desenvolvimento Socioeconômico para o Rio Grande do Sul INSS — Instituto Nacional do Seguro Social

IPI — Imposto sobre Produtos Industrializados

IPTU — Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana ISSQN — Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza

ITBI — Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis Proder — Programa de Desenvolvimento Rural

Proger — Programa de Geração de Emprego e Renda

Pronaf — Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Sebrae — Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Senai — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Senar — Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

Sicredi — Cooperativa de Crédito de Livre Admissão de Associados SIF — Serviço de Inspeção Federal

SIM — Serviço de Inspeção Municipal

Sindaf — Sindicato dos Auditores de Finanças Públicas do Rio Grande do Sul

SMAMA - Secretaria Municipal da Agricultura e Meio Ambiente

STR — Sindicato de Trabalhadores Rurais do Município de Crissiumal

Unijuí — Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

Unitec — Cooperativa de Técnicos da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Ltda VAB — Valor Adicionado Bruto

(13)

SUMÁRIO INTRODUÇÃO ... 14 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO... 16 1.1 Tema ... 16 1.2 Delimitação do Tema ... 16 1.3 Problema ... 16 1.4 Objetivos ... 17 1.5 Justificativa ... 17 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 21

2.1 Estratégias: Conceitos e Processos de Formação ... 21

2.2 Modelos de Estratégias Competitivas ... 28

2.3 Competitividade no Agronegócio ... 44

2.4 Desenvolvimento Local e Regional ... 47

2.5 Estratégias para Empreendimentos Rurais de Pequeno Porte no Contexto do Desenvolvimento Local e Regional ... 53

3 METODOLOGIA ... 58

3.1 Classificação da Pesquisa ... 58

3.1.1 Quanto à natureza ... 58

3.1.2 Quanto à forma de abordagem ... 59

3.1.3 Quanto aos objetivos da pesquisa ... 60

3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos ... 62

3.2 Universo da Amostra e Sujeito da Pesquisa ... 63

3.3 Método de Coleta e Análise de Dados ... 65

3.4 Design da Pesquisa ... 69

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ... 71

4.1 Caracterização da Organização Pacto Fonte Nova ... 71

4.2 Articulação Política do Pacto Fonte Nova ... 83

4.2.1 A estrutura do Pacto Fonte Nova ... 84

4.2.2 Funcionamento e articulação política ... 91

4.2.3 Problemas/entraves na estruturação do Pacto Fonte Nova ... 93

4.2.4 Contribuição no processo de desenvolvimento local/regional ... 99

4.2.5 Uma sistematização do processo de articulação e organização do programa de desenvolvimento rural: Pacto Fonte Nova ... 116

4.3 Estratégias Competitivas ... 118

4.3.1 A organização cooperativa e a importância na cooperação ... 118

4.3.2 Vantagens da cooperação ... 119

4.3.3 Estratégias de agregação de valor/expansão de negócios/sobrevivência ... 122

(14)

4.4.1 O desenvolvimento local concebido a partir de um processo endógeno –

o Pacto Fonte Nova como fator de desenvolvimento local ... 127 4.4.2 A lógica da cooperação e associativismo como estratégia competitiva sustentável .... 135

CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 141 REFERÊNCIAS ... 146 ANEXOS ... 153

(15)

15

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas as políticas agrícolas passaram a ser definidas pelo governo federal, incentivando a monocultura da soja. Milhares de pessoas, então, abandonaram o interior, resultando no êxodo rural, esse devido também às frustrações de safra, do fim dos subsídios agrícolas e preços não compensatórios aos custos de produção. Nesse ciclo ficou evidente, ainda, a destruição do meio ambiente, o aumento da utilização de defensivos químicos e o uso do solo até a exaustão.

É nesse contexto que o emprego de estratégias competitivas sob a forma de cooperação e associativismo adquire destaque.

Sob este enfoque, o desenvolvimento local, idealizado a partir de um processo endógeno, é defendido por estudiosos, pois não há a necessidade de se ter grandes indústrias ou estar em grandes cidades para que o desenvolvimento ocorra.

Nesse sentido, o presente trabalho busca apresentar como o desenvolvimento local a partir de um processo endógeno ocorreu em um programa de desenvolvimento, bem como apresentar a percepção de seus idealizadores e participantes, além de evidenciar estratégias competitivas sob a ótica da cooperação e associativismo.

Este estudo está estruturado em cinco partes distintas, mas ao mesmo tempo complementares. A primeira configura-se na contextualização do estudo, com a apresentação do tema e sua respectiva delimitação, seguida da problematização da pesquisa. Em seguida são apresentados o objetivo geral e os respectivos objetivos específicos que deram direcionamento à realização desta investigação. Encerrando a primeira parte, é apresentada a justificativa da pesquisa.

A segunda parte diz respeito à fundamentação teórica da pesquisa, na qual são abordados os aspectos conceituais de acordo com a percepção de diversos autores, relativos à conceituação e processos de formação de estratégias, os modelos de estratégias competitivas,

(16)

a competitividade no agronegócio e o desenvolvimento local e regional. Ainda dentro da segunda parte são apresentadas estratégias para empreendimentos rurais de pequeno porte.

Na terceira parte são explicados os aspectos metodológicos da pesquisa, os quais foram escolhidos para a fundamentação do estudo e que norteiam toda a elaboração deste.

Na quarta parte é exibido um estudo de caso realizado no empreendimento Pacto Fonte Nova, a partir de entrevistas com os integrantes do empreendimento, compreendendo os representantes das entidades e os agroindustriários. Nela é caracterizada a organização do presente estudo, bem como é demonstrada a articulação política do Pacto Fonte Nova e as estratégias competitivas adotadas a partir da percepção que a autora teve dos dados coletados. A seguir é exposta a interpretação teórica, em que são retomadas algumas fundamentações apresentadas na segunda parte deste estudo e que dão suporte a sua interpretação sob o enfoque do desenvolvimento local a partir de um processo endógeno e sob a lógica da cooperação e associativismo como uma estratégia competitiva sustentável.

Por fim, são tecidas as conclusões e considerações finais.

(17)

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

A contextualização do estudo compreende a apresentação do tema, sua delimitação e problematização e o propósito que pretende atender por meio da definição dos seus objetivos (geral e específico). É exposta também a justificativa da relevância da pesquisa.

1.1Tema

O Pacto Fonte Nova como programa de desenvolvimento local e estratégia competitiva de pequenos empreendimentos agroindustriais - a lógica da cooperação e do associativismo.

1.2 Delimitação do Tema

O estudo abrange a análise da criação e desenvolvimento de um empreendimento cooperativo de produção agroindustrial, situado na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, denominado Pacto Fonte Nova, constituído principalmente de pequenas organizações, em Crissiumal-RS, ligadas ao setor do agronegócio. Pretendeu-se estudar as estratégias que configuram a sua criação e desenvolvimento desde 1998 até o presente momento, bem como a sua importância no desenvolvimento da comunidade local.

1.3 Problema

Empreendimentos cooperativos em regiões de pequenos agricultores podem desenvolver-se e assumir estratégias competitivas que impactem no processo de desenvolvimento local e da região. Sendo assim:

Como o empreendimento PACTO FONTE NOVA foi concebido e desenvolvido? Quais as mudanças e estratégias competitivas adotadas e como ele impactou no processo de desenvolvimento local-regional?

(18)

1.4 Objetivos

Objetivo Geral

Analisar e compreender o processo de criação e desenvolvimento do Pacto Fonte Nova e as relações deste empreendimento com o desenvolvimento local e regional.

Objetivos Específicos

Descrever o processo de criação e evolução do empreendimento Pacto Fonte Nova a partir da sua estruturação e posicionamento no mercado, enquanto um modo de produção associativo.

Analisar e compreender a dinâmica utilizada pelo empreendimento, seus processos de concepção e implementação das estratégias organizacionais que definiram a forma de competição e o posicionamento no mercado mais amplo.

Avaliar a efetiva contribuição do empreendimento Pacto Fonte Nova no processo de desenvolvimento local da sua região de inserção, a partir do impacto socioeconômico proporcionado, com base nas percepções dos agentes envolvidos.

1.5 Justificativa

A gestão das mudanças organizacionais, seja ela ligada aos aspectos do reposicionamento estratégico no ambiente competitivo e/ou relacionada à adaptação ao ambiente, envolve a coesão de esforços dos diversos fatores de produção e instrumentos de gestão na busca de melhores níveis de performance organizacional. Nesta linha de investigação, o professor doutor Jorge O. Sausen coordena um grupo ligado à linha de pesquisa Gestão de Organizações para o Desenvolvimento, do Programa de Mestrado em Desenvolvimento, que vem estudando, há mais tempo, o modo como as organizações da

(19)

região processam as suas mudanças e como desenvolvem as suas estratégias competitivas para enfrentar os desafios que o mercado impõe, tendo como foco de análise um conjunto de organizações de pequeno, médio e grande porte da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, que tem influência na dinâmica do desenvolvimento da região.

Estas pesquisas enfocam especialmente a influência do contexto externo nas ações de reposicionamento estratégico e o papel e a influência destas ações no processo de desenvolvimento da região, e suas contribuições podem ser visualizadas sob duas perspectivas. Primeiro, as investigações se justificam pela possibilidade de desenvolvimento de análises teóricas sobre a realidade das organizações da região que contribuem com o avanço da análise de teorias que possam explicar a complexa relação dos processos de mudança e adaptação estratégica das organizações e da construção dos seus sistemas de alinhamento estratégico na consecução dos objetivos destas. Uma segunda perspectiva de contribuição dos estudos envolve a análise do modo como as organizações pesquisadas contribuem para o desenvolvimento da região a que pertencem.

Estas duas perspectivas de contribuição estão inseridas no contexto da ideia da superação de uma concepção de gestão que tem dado ênfase somente à busca da eficiência e da eficácia organizacionais. Basear-se somente nesses conceitos torna-se restritivo para a consecução de objetivos para o desenvolvimento num sentido mais amplo.

Agrega-se, nesta análise, o conceito de efetividade, que, segundo Motta (1985), significa o alcance de objetivos do desenvolvimento econômico-social – deve ser enfatizado e instituído como conceito da gestão para o desenvolvimento. A efetividade da gestão vai além do conceito de eficácia, que se restringe a objetivos organizacionais, que são essenciais para o sucesso dos empreendimentos, mas não suficientes por si só. Efetividade se refere a objetivos mais amplos de comprometimento com o desenvolvimento econômico-social.

Almejar apenas os resultados em termos de eficiência e eficácia nas organizações (racionalidade administrativa) significa, geralmente, criar grupos fortes e estáveis, mas que não promovem, com maior ênfase, os objetivos do desenvolvimento econômico-social (MOTTA, 1985).

A gestão das organizações, nesta perspectiva, passa a ser vista sob o enfoque de diferentes racionalidades: econômica, substantiva, comunicativa, dialógica (GUERREIRO RAMOS, 1981; HABERMAS, 1989; TENÓRIO, 2004). Estabelece-se aqui uma relação de complementaridade entre estas racionalidades e não uma contradição.

Trata-se da defesa de uma concepção de gestão que, ao mesmo tempo em que necessita responder aos imperativos de uma boa performance organizacional, em termos de

(20)

resultados econômicos que viabilizem o sucesso dos empreendimentos e os tornem mais competitivos no mercado, também precisa estar comprometida com os objetivos do desenvolvimento das comunidades em que estas organizações se inserem.

Mister se faz também considerar uma visão ampla e sistêmica de desenvolvimento. É necessário entendê-lo como um processo que contempla uma abordagem a partir de uma perspectiva histórica e multidimensional, envolvendo aspectos de ordem econômica, social, organizacional, ambiental, cultural, tecnológica, humana, política e ética.

Nesta linha de entendimento, Tenório (2007, p. 17) tem afirmado que:

Pensar o desenvolvimento local requer o envolvimento de diversas dimensões: econômica, social, cultural, ambiental e físico-cultural, político-institucional e científico-tecnológica. Implica considerar os diferentes aspectos de inter-relacionamento ativo dos diversos atores da sociedade. Nesse sentido importa, necessariamente, uma profunda transformação das relações sociais – não apenas dos processos gerenciais e técnicos de produção —,incluindo também a preservação ambiental, posto que a incorporação dessa dimensão às estratégias, programas e projetos de desenvolvimento tem como objetivo assegurar melhores condições materiais e a sustentabilidade do território, segundo as suas condições e vocações.

Esta dissertação se insere na discussão dessa linha de pesquisa coordenada pelo professor doutor Jorge O. Sausen, cujos trabalhos procuram compreender como as organizações da região se inserem no processo de desenvolvimento regional, a partir do entendimento das relações que se estabelecem entre os diversos agentes econômicos, das influências destes na dinâmica produtiva regional e das estratégias e modelos de gestão estabelecidos no âmbito destas organizações.

Neste caso, a pesquisa envolve o estudo do empreendimento Pacto Fonte Nova, que é uma organização associativa, de iniciativa local para o desenvolvimento regional, instituída a partir de um trabalho de cooperação entre o poder público local e as forças produtivas daquela localidade (Crissiumal-RS).

Alguns estudos sobre esse empreendimento já foram realizados, destaque especial para três deles:

a) Agroindustrialização de Pequeno Porte e Desenvolvimento Local: um estudo exploratório no município de Crissiumal no Rio Grande do Sul. Monografia do curso de Agronomia de autoria do graduado Fábio Evandro Grub Hauschild, que aborda a competitividade e a contribuição das agroindústrias de pequeno porte, realizado na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) em 2004.

(21)

b) Programa de Desenvolvimento Agroindustrial Pacto Fonte Nova: contribuição para segurança alimentar e qualidade de vida. Dissertação de Mestrado de autoria da professora Vanderlea Michael Schimanoski, que analisa a experiência de um programa de desenvolvimento local sob a ótica dos diversos segmentos sociais, enfocando seu papel no fortalecimento do produtor rural que objetiva a produção mais intensiva de produtos alimentares destinados ao comércio formal, concluído na Unijuí em 2007.

c) Políticas públicas e agroindústria de pequeno porte da agricultura familiar – considerações de experiências do Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado de autoria do mestre André Kuhn Raupp, que analisa a orientação das políticas públicas de apoio às agroindústrias da agricultura familiar, realizado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro em 2005.

Pretende-se com este novo estudo, enfocar os aspectos ligados ao modo como esse empreendimento processou as suas estratégias de mudança, a forma competitiva que adotou e a efetiva contribuição no desenvolvimento da região de sua inserção.

(22)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Esta tópico do trabalho constitui-se em base principal desta análise, enfocando as principais teorias, abordagens e conceitos utilizados nas pesquisas sobre estratégica organizacional e modelos de estratégias competitivas, e que vem sendo referência nos estudos a respeito desta temática na linha de pesquisa coordenada pelo professor doutor Jorge O. Sausen; a competitividade no agronegócio; o enfoque sobre desenvolvimento local e regional; e as estratégias para os empreendimentos rurais de pequeno porte no contexto do desenvolvimento local e regional.

2.1 Estratégias: Conceitos e Processos de Formação

A literatura vem demonstrando que o conceito de estratégia é utilizado sob diferentes enfoques e abordagens. Chandler (1962, p. 13) define estratégia como “a determinação das metas e objetivos básicos e de longo prazo de uma empresa; e a adoção de ações e alocação de recursos necessários para atingir esses objetivos”. Machado da Silva, Fonseca e Fernandes (1998) compreendem a estratégia a partir de duas linhas de abordagem: uma de natureza econômica e outra de natureza organizacional. A abordagem econômica expressa o uso da estratégia como instrumento de eficiência organizacional perante o ambiente competitivo. Desde os estudos e abordagens dos economistas clássicos liberais, a explicação dos fenômenos organizacionais vem sendo precedida pela utilização de uma lógica que aborda a ideia da ação racional como implicação fundamental de avaliação. O desenvolvimento da teoria neoclássica da firma é baseado sob esse enfoque, cujos fundamentos estimularam, por volta da década de 50, a investigação das possibilidades de escolha estratégica e, mais tarde, o estabelecimento das modernas teorias da ação, de custo de transações, dos jogos e da teoria evolucionária da firma (CARROL, 1987; RUMELT; SCHENDEL; TEECE, 1994).

A abordagem organizacional, para Machado da Silva, Fonseca e Fernandes (1998), centraliza-se na busca da relação entre estratégia e as demais dimensões da organização como estrutura e tecnologia. O autor afirma que o emprego do conceito de estratégia, neste aspecto, define a delimitação da administração estratégica como um campo de estudo, principalmente a partir da publicação dos trabalhos pioneiros de Chandler (1962) e de Ansoff (1965).

(23)

A estratégia, na percepção de Mintzberg e Quinn (2001), é um conceito que as pessoas definem de uma forma e, normalmente, acabam usando de outra, sem perceber a diferença. A estratégia pode ser abordada como plano, manobra, padrão, posição e perspectiva.

A estratégia como plano compreende deliberação ou seleção intencional de cursos gerais de ação para trabalhar com uma situação em andamento, tendo como foco o papel dos líderes como responsáveis pelo estabelecimento de uma direção para a organização. Sob esse enfoque, estratégia tem duas características essenciais: ela é realizada antes da ação na qual será aplicada, e é desenvolvida deliberada e propositadamente.

Estratégia como manobra específica propõe neutralizar ou superar a vantagem de um oponente ou competidor. Nesta definição, as estratégias podem ser entendidas como artifícios que conduzem as ações para dentro do domínio da competição direta, fazendo com que as ameaças e simulações e várias outras manobras sejam empregadas para se obter vantagem. Isto faz com que o processo de formação de estratégia situe-se em um cenário mais dinâmico, com mudanças, estimulando contramudanças e assim sucessivamente.

O conceito de estratégia como padrão direciona o interesse para a etapa de implementação. Ao adotar determinada estratégia se faz necessário o atendimento a um padrão de comportamento atendido pela organização durante a sua existência. Estratégia vem a ser um padrão em um fluxo de ações. A partir desta definição, o comportamento resultante é incluído, ou seja, a estratégia está integrada ao comportamento, seja intencional ou não.

A definição de estratégia como posição trata da relação direta entre a organização e as condições do ambiente, atrelada ao conceito de competição. Visa a observar as organizações em seu contexto, principalmente em seus ambientes competitivos, e verificar de que forma elas descobrem suas posições e protegem-nas para encontrar competitividade, de modo a evitá-la ou subvertê-la. Essa definição proporciona pensar em organizações em termos ecológicos, como organismos em nichos, que lutam para sobreviver em um mundo hostil e incerto, mesmo como simbioses.

Estratégia como perspectiva envolve a noção de uma perspectiva dividida pelos membros de uma organização, por meio de suas intenções e ações, que refletem a mente coletiva do grupo. A partir disso, surgem questões sobre intenções e comportamento dentro de um contexto coletivo. Do momento em que se entende organização como ação coletiva perseguindo uma missão comum, a estratégia como perspectiva vem enfocar a atenção nos reflexos e ações da coletividade. Essa noção de estratégia é formada não somente numa posição escolhida pela empresa, mas de uma maneira particular de perceber e entender o mundo. Então, estratégia é, para a organização, o que a personalidade é para o indivíduo.

(24)

Os conceitos de estratégia também são tratados por Whittington (2002), que analisa estratégia sobre quatro abordagens genéricas, em que fazem parte a Abordagem Clássica, Evolucionária, Processual e Sistêmica.

Essas quatro abordagens propostas por Whittington (2002) se diferenciam a partir de duas dimensões que são os resultados da estratégia e os processos que ela utiliza. Quanto aos resultados, a estratégia pode focar a maximização dos lucros ou obter outros resultados (plural). Quanto aos processos, a estratégia será medida a partir de cálculos deliberados ou emergentes, por acidente, confusão ou inércia. Essas duas dimensões abrangem as questões de serventia da estratégia e como ela é desenvolvida. As abordagens clássica e evolucionária almejam a maximização do lucro. As abordagens sistêmica e processual objetivam outros resultados além do lucro, sendo mais pluralistas.

A abordagem clássica se apoia em métodos de planejamento racional, sendo o meio para obter a lucratividade. Esta abordagem acredita na capacidade dos gerentes em estabelecer estratégias com a finalidade de maximizar os lucros a partir de um planejamento a longo prazo. Para que isso aconteça se faz necessária a coleta de informações sobre a organização e o ambiente externo, que se une a uma análise racional dos planos elaborados. No que tange à estratégia dos negócios, a abordagem clássica ainda é uma novidade, pois essa disciplina surgiu nos anos 60 do século 20. A abordagem clássica é representada pelos estudiosos Michael Porter, Alfred Chandler, Igor Ansoff e Alfred Sloan (apud WHITTINGTON, 2002). Os mercados estáveis e parcialmente previsíveis são ambientes dessa abordagem, que aposta nos gerentes, quanto a sua prontidão e capacidade em optar por estratégias de maximização de lucro, seguindo um planejamento racional a longo prazo.

A segunda abordagem proposta por Whittington (2002), conta com a visão dos evolucionistas Hannan & Freeman e Willianson (apud WHITTINGTON, 2002), que rejeitam o planejamento racional e acreditam que os mercados proporcionem a maximização dos lucros a partir de processos competitivos de seleção natural. Os estudiosos enfatizam que a adaptação ao ambiente é que faz com que os melhores sobrevivam e os mais fracos fiquem fora do nicho ecológico.

Nesta perspectiva, as estratégias que se sobressaem em um ambiente são definidas pelos mercados e não pelos gerentes. Para que as empresas sobrevivam são necessárias estratégias de diferenciação. Os teóricos evolucionistas acreditam que o sucesso das empresas é obtido se estiverem no lugar certo e na hora certa, pois elas têm dificuldades em prever e reagir perante as alterações do ambiente.

(25)

Whittington (2002) aborda que a inovação e a concorrência são elevadas, portanto essa abordagem se adapta em mercados imprevisíveis.

Os estudiosos dessa abordagem defendem que as estratégias são muito caras e que os mercados são muito competitivos e imprevisíveis para nelas investir, portanto os gerentes devem focar nos custos de transação, de coordenação e de organização. O diferencial são as iniciativas inovadoras, que, diante do ambiente, irão selecionar as melhores.

Os processualistas não concordam com a supremacia das forças do mercado, apesar de convirem que a racionalidade do planejamento é imperfeita, assim como os evolucionistas. Estão entre os estudiosos os processualistas Cyert & March, Mintzberg e Pettigrew (apud WHITTINGTON, 2002). Eles levam em consideração que as organizações e os mercados são um fenômeno desordenado, portanto aceitam e trabalham com o mundo da forma como ele se apresenta.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) propõem a estratégia de forma artesanal, quando ela ao mesmo tempo em que é formada, também é implementada, o que chamam de estratégia emergente, ao contrário de enxergar somente o longo prazo.

Whittington (2002) aborda dois princípios processualistas fundamentais: os limites cognitivos da ação humana e a micropolítica das organizações. O primeiro se refere à racionalidade limitada das pessoas, o que impede que uma série de fatos seja analisada de uma só vez, tornando a interpretação do ambiente incompleta. O segundo princípio se reporta à visão micropolítica das organizações, em que o autor entende que as empresas são coalizões de indivíduos com objetivos pessoais que barganham entre si, buscando soluções aceitáveis a todos.

Perante as imperfeições do mundo real, os processualistas podem obter níveis de desempenho menor que ótimo, pois, ao pesquisar mercados imperfeitos para criar competências, acreditam que alcançarão o desempenho máximo. Para os processualistas, a estratégia tem outros objetivos além da maximização dos lucros.

A abordagem sistêmica, a última abordagem estudada por Whittington (2002), tem como autores-chave Whitley, Granovetter e Whittington. Eles veem a estratégia dentro de um contexto sociológico. As empresas se diferenciam conforme o sistema econômico e social em que estão inseridas. Mesmo as grandes empresas permanecem com estilos e imagens locais. A complexidade da sociedade é que traz uma variedade de recursos e normas de conduta em que acontecem comportamentos de negócios diferentes. O processo é racional, mas as pessoas estão envolvidas com os sistemas sociais, buscando não somente o lucro, mas objetivos pluralísticos.

(26)

Esta abordagem tem como desafio transportar filosofias e técnicas estratégicas de um determinado tempo e lugar para outro. Nesta perspectiva, não existe uma receita universal para alcançar a estratégia ótima.

Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) fazem uma análise a partir da classificação das escolas de pensamento na formação de estratégias. Estes autores definem dez escolas de pensamento no âmbito da administração estratégica.

Três escolas, de natureza prescritiva, têm tratado estratégias como tentativas conscientemente deliberadas de alinhar a organização ao seu ambiente e veem a formulação de estratégia como um processo que envolve o desenho informal (escola do design), planejamento formal separado e sistemático (escola do planejamento) e a seleção de posições estratégicas de mercado (escola do posicionamento).

Seis escolas são classificadas como descritivas: a escola empreendedora, que trata a formação de estratégia como um processo visionário; a escola cognitiva, que apresenta estratégia como um processo mental; a escola de aprendizagem, que considera a estratégia como resultado de um processo emergente; a escola do poder, que enxerga a estratégia surgindo de um processo de conflito e disputa de poder; a escola cultural, que vê a estratégia como um processo ideológico; e a escola ambiental, que trata a formação de estratégia como um processo passivo. Por fim, a escola de configuração, que procura delinear os estágios e sequências do processo de formação de estratégia como um todo integrado.

A escola do design sugere um modelo de formulação de estratégia que busca atingir uma adequação entre as capacidades internas (avaliando forças e fraquezas da organização) e as possibilidades externas (avaliando ameaças e oportunidades no ambiente). A formação de estratégia é entendida como um processo de concepção. Deriva de um processo deliberado de pensamento consciente, no qual a ação deve fluir da razão. A responsabilidade pelo controle e percepção fica a cargo do executivo principal. Esse modelo deve ser simples e informal. De acordo com as noções clássicas de racionalidade, haverá o diagnóstico seguido por prescrição e depois a ação.

A escola do planejamento propõe a formação de estratégia como um processo formal, quando um quadro de planejadores altamente educados guia a estratégia e possui livre-acesso ao executivo principal. Esta escola é responsável pelo surgimento da administração estratégica como campo oficial. A princípio, a responsabilidade por todo o processo é do executivo principal, mas, na prática, a responsabilidade é dos planejadores. As estratégias se originam prontas desse processo, devendo, portanto, ser detalhadas em planos operacionais e programas para que possam ser implementadas.

(27)

A escola do posicionamento concebe a formação de estratégia como um processo analítico. Estratégia competitiva, obra de Michael Porter (1986), que propunha uma técnica para fazer análise competitiva, estimulou acadêmicos e consultores, o que fez com que surgisse esta escola. As estratégias são posições genéricas, especialmente comuns e identificáveis no mercado, que se apresenta competitivo e econômico, e a sua formação acontecerá pela seleção dessas posições genéricas, baseadas em cálculos analíticos. Nesse contexto, a estrutura do mercado administra as estratégias posicionais deliberadas, enquanto estas administram a estrutura organizacional.

As demais seis escolas classificadas como descritivas por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) são representadas a seguir.

A escola empreendedora trabalha a formação de estratégia como um processo visionário, na qual o líder tem em mente a estratégia como perspectiva; uma visão de futuro da organização. Este processo está enraizado na experiência e na intuição do líder, sendo este encarregado de promover a visão de estratégia, manter o seu controle e reformulá-la caso necessário. Para os empreendedores a estratégia é deliberada e emergente – deliberada na visão do todo e emergente nos detalhes da visão, podendo ser adaptados. A organização torna-se maleável às diretivas do líder.

Na escola cognitiva a formação de estratégia é um processo cognitivo localizado na mente do estrategista. As estratégias surgem como perspectivas a partir de conceitos, mapas, esquemas e molduras, dando forma à maneira como as pessoas lidam com as informações advindas do ambiente. Para os cognitivistas, portanto, o mundo pode ser modelado, emoldurado e construído.

As próximas quatro escolas, de acordo com Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), procuram formular o processo de estratégia, além do indivíduo, para outras forças e agentes.

Na escola da aprendizagem a formação de estratégia compreende um processo de aprendizado ao longo do tempo, e a formulação e implementação tornam-se indistinguíveis. Mesmo entendendo que o líder deva aprender, normalmente o sistema coletivo é que aprende, pois existem muitos estrategistas nas organizações. A liderança irá gerenciar o processo de aprendizado, no qual novas estratégias podem surgir. As estratégias, portanto, manifestam-se primeiramente como padrões do passado, depois como planos para o futuro, para, então, se tornarem perspectivas para guiar o comportamento geral.

A escola do poder também possui natureza emergente, mas com um ponto de vista diferente. Esta escola trata a formulação de estratégia como um processo de negociação; é moldada pelo poder e pela política, decorrentes tanto de um processo interno quanto externo à

(28)

organização. O poder micro percebe a formação de estratégia como a interação, na forma de jogos políticos, entre interesses e coalizões, em que nenhum permanece por muito tempo. O poder macro percebe a organização como gerando seu próprio bem-estar por intermédio de controle ou cooperação com outras organizações, utilizando manobras estratégicas e estratégias coletivas em redes e alianças.

Na escola cultural a formação de estratégia é um processo de interação cultural a partir de crenças dos membros da organização, que, por sua vez, têm origem nos processos de aculturação ou socialização em que estão envolvidos. A estratégia tem a forma de uma perspectiva baseada em intenções coletivas, nem sempre explicadas, que reflete os padrões em que os recursos da organização são protegidos e empregados como vantagem competitiva. Os autores da escola ambiental compreendem que o ambiente, sendo um conjunto de forças gerais, é o agente central no processo de geração de estratégia, quando a organização deve responder a essas forças ou será eliminada. A liderança, portanto, torna-se um elemento passivo para fazer a leitura do ambiente e assegurar uma adaptação adequada pela organização.

O grupo final, de apenas uma escola — a de configuração — procura integrar os vários elementos do processo de formulação de estratégia, o conteúdo, estruturas organizacionais e seus contextos, originando um determinado conjunto de estratégias. Esta escola propõe o processo como sendo de transformação, denominado saltos quânticos, incorporando a maior parte da literatura e da prática prescritiva sobre mudança estratégica.

Ocorre que muito do que se tem divulgado e escrito sobre estratégia leva a conceituá-la como um conjunto de diretrizes conscientemente deliberadas que orientam as decisões das organizações. Mintzberg (1978) define-a como estratégia deliberada, na qual fazem parte as escolas descritivas de pensamento estratégico. Para a escola do planejamento, portanto, a estratégia é concebida como um processo controlado, consciente e formal de interação entre a empresa e o seu ambiente.

Os seguidores das escolas descritivas — a empreendedora, a cognitiva, de aprendizagem e cultural — defendem que toda a organização atue estrategicamente, apesar de não possuírem evidências de procedimentos intencionais.

(29)

2.2 Modelos de Estratégias Competitivas

Competitividade é compreendida como uma busca contínua por oportunidades de crescimento, juntamente com um esforço em aumentar a efetividade no uso e na alocação dos recursos da organização. Sendo assim, o conceito de competitividade está atrelado à estratégia empresarial.

Com isso, é importante entender que para a organização atingir a competitividade é necessário que esta transforme suas aspirações em ação, a visão em realidade e orçamentos em resultados. A competitividade irá ocorrer se a estratégia estimular a organização a agir.

Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1996) descrevem os termos competitividade e estratégia como a capacidade de a empresa formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhes permitam ampliar ou conservar uma posição sustentável no mercado. Os autores defendem que o posicionamento estratégico está intimamente ligado à sobrevivência da organização.

Verifica-se, na abordagem desses autores, que competências e estratégia estão interligadas. As competências possibilitam a adoção da estratégia, e esta, por sua vez, leva ao desenvolvimento das competências. Existe uma relação harmoniosa entre as competências e a estratégia que possibilita um círculo virtuoso no ambiente organizacional ocasionando acúmulos de competências para o futuro da organização.

Do ponto de vista desses autores, as análises competitivas devem ter como foco central os processos internos à empresa, ao mercado e às variáveis econômicas gerais. Acentua-se, por certo, que para o alcance de uma abordagem do desempenho competitivo da empresa se faz necessário identificar os fatores relevantes para o sucesso competitivo de cada setor empresarial, conforme os padrões de concorrência atuantes em cada mercado.

Coutinho e Ferraz (1994), ao estudar a competitividade da indústria brasileira, percebem que o conceito de competitividade toma uma outra dimensão. De acordo com os autores, as mudanças econômicas nos últimos anos ampliaram a noção de competitividade das nações em todos os fóruns especializados. Para os autores, a competitividade de uma nação é o grau que ela pode, sob condições livres e justas de mercado, produzir bens e serviços que atendam satisfatoriamente aos mercados internacionais, e ao mesmo tempo, mantenha e amplie a renda real dos cidadãos.

Estes autores retratam que essa abordagem reconhece que a competitividade internacional de economias nacionais é construída a partir da competitividade das empresas que operam dentro e exportam a partir das suas fronteiras. Do mesmo modo, identifica a

(30)

competitividade das economias nacionais como sendo algo mais do que a simples agregação do desempenho de suas empresas.

O conceito de competitividade sistêmica destes autores ressalta que a competitividade depende e ao mesmo tempo é também resultado de fatores situados fora do ambiente das empresas e da estrutura industrial da qual fazem parte, como as infraestruturas, a ordenação macroeconômica, as características socioeconômicas dos mercados nacionais e o sistema político-institucional.

Estes autores salientam que a competitividade está fundada em condições sistêmicas de natureza social dentre as seguintes dimensões: reconhecimento e legitimação política e social dos objetivos da competitividade; qualidade dos recursos humanos envolvidos nos processos produtivos e na gestão empresarial; maturidade, respeito e reconhecimento mútuo entre o trabalho e o capital em relação a negociações trabalhistas; envolvimento amplo e consciente dos consumidores em relação às exigências de qualidade de produtos.

O conceito de competitividade, de acordo com estes autores, está diretamente ligado à opção teórica de quem examina o assunto, porém boa parte dos especialistas veem esse tema como resultado de um fenômeno que está relacionado às características de algumas empresas ou produtos. “Estas características relacionam-se ao desempenho ou à eficiência técnica dos processos produtivos adotados pela firma...” (COUTINHO; FERRAZ, 1994, p. 17).

Especialistas visualizam a competitividade diretamente ligada às características apresentadas por um produto ou uma firma. Estas características referem-se ao desempenho no mercado ou à eficiência técnica dos processos produtivos que a firma adota.

Para os estudiosos que privilegiam o desempenho, a competitividade é demonstrada na participação no mercado (market share), obtida por uma empresa ou um conjunto de empresas, especialmente o montante de suas exportações no total do comércio internacional da mercadoria em questão. Para os estudiosos que associam a competitividade com a eficiência, os seus indicadores devem buscar em coeficientes técnicos ou na produtividade dos fatores, para comparar às melhores práticas verificadas na indústria.

No caso de essas variáveis serem analisadas sob os enfoques citados, a visão sobre o tema fica muito restrita, pois ele é abordado de uma forma estática, permitindo a análise de como os indicadores agem em um dado momento, longe de representar a realidade dinâmica do ambiente. De acordo com Coutinho e Ferraz (1994), se as variáveis de desempenho de

(31)

resultado de capacitações acumuladas e estratégias competitivas adotadas pelas empresas, em função de suas percepções quanto ao processo concorrencial e ao meio ambiente econômico em que estão inseridas. Nessa visão dinâmica, a competitividade deve ser entendida como a capacidade da empresa de formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado (p. 18).

Sob esse enfoque, o sucesso competitivo, que é resultado das ações estratégicas das empresas, passa a depender da criação e da renovação das vantagens competitivas por parte destas que ficam subordinadas à capacidade das empresas em se diferenciar das demais, agregando valor aos seus produtos e serviços, diferindo-se das outras pelo custo e/ou preço mais baixo, melhor qualidade, menor lead-time, maior habilidade de servir à clientela, de acordo com os autores.

As vantagens competitivas demandam tempo para serem alcançadas. Em se tratando de vantagens associadas à inovação, a análise da competitividade deve considerar a cumulatividade das vantagens competitivas adquiridas pelas empresas. Coutinho e Ferraz (1994) afirmam que a empresa deve possuir capacidade para implementar a estratégia, sendo esta fundada na capacitação técnica e no desempenho da firma no passado, demonstrando-se capacidade financeira, relações com fornecedores e usuários, diferenciação de seus produtos, imagem conquistada e grau de concentração do mercado.

O entendimento desses autores é de que as empresas foram criadas no passado e permanecem no presente com a intenção de sobreviverem no futuro. Para que isso aconteça, é necessário um conjunto de fatores, subdivididos em:

Fatores internos à empresa – são fatores que estão envolvidos no ambiente interno da

organização, sobretudo relacionados aos níveis de competência e que sofrem influência direta do processo decisório, podendo ser controlados ou modificados por meio dessas ações. As áreas contempladas nesta perspectiva são: gestão, tecnologia, produção, qualidade, finanças e pessoas.

Fatores estruturais – são aqueles ligados ao ambiente externo da organização,

notadamente as variáveis de mercado (demanda e oferta). Nesses fatores, a influência da empresa é, de certo modo, limitada por questões da concorrência, características dos mercados consumidores e configuração da própria indústria em que a organização atua, tais como grau de concentração, escalas de operação e potencialidade de alianças com fornecedores.

Fatores sistêmicos – dizem respeito aos aspectos macroeconômicos,

(32)

internacional. Estes fatores afetam as características do ambiente competitivo e podem ser importantes nas vantagens competitivas das firmas no mercado internacional.

A vantagem competitiva, segundo Vasconcelos e Cyrino (2000), é relativamente recente; advém dos anos 70. Mesmo correntes contemporâneas como a economia neoclássica e as abordagens contratuais da firma, não colocam a questão de estratégias empresariais como preocupações principais.

Em se tratando de vantagem competitiva, para esses autores as teorias de estratégia empresarial são divididas em dois eixos. No primeiro é estudada a concepção da origem da vantagem competitiva. São divididos em dois casos: teorias que acreditam na vantagem competitiva como um atributo que depende de fatores externos, a partir da estrutura da indústria, da dinâmica da concorrência e do mercado; e as teorias que levam em consideração a performance superior em decorrência de características internas da organização, a teoria dos recursos e das capacidades dinâmicas.

O segundo eixo descreve as abordagens a partir de suas premissas sobre a concorrência. Existem pesquisadores com uma visão estrutural da concorrência a partir da noção de equilíbrio econômico, e pesquisadores que defendem os aspectos dinâmicos e mutáveis da concorrência, quando fenômenos como inovação, descontinuidade e desequilíbrio são ressaltados.

Vasconcelos e Cyrino (2000) identificam quatro correntes teóricas principais que tratam da vantagem competitiva, que abordam um nível de performance econômica acima da média de mercado em função das estratégias adotadas: 1) Análise estrutural da indústria: esta corrente analisa a vantagem competitiva mediante fatores externos. A sua orientação ocorre em direção à adaptação externa. 2) Recursos e competências: esta corrente sugere que a fonte da vantagem competitiva se encontra principalmente nos recursos e nas competências desenvolvidas e controladas pelas empresas e em um segundo plano na estrutura das indústrias nas quais elas se posicionam. 3) Processos de mercado: esta corrente concentra-se na dinâmica da empresa, dos mercados e da concorrência, enfatizando mais os processos de mudança e inovação do que as estruturas das indústrias. 4) Capacidades dinâmicas: esta corrente analisa as empresas como um conjunto de recursos, enfocando as relações entre os processos de decisão, as ações empreendidas e as suas consequências gerenciais em termos de formação, conservação e destruição de recursos. A Figura 1 mostra o quadro destas quatro correntes teóricas.

(33)

Depende de fatores externos como mercados e estrutura da indústria Depende de fatores internos (específicos)

Estrutura da indústria Processos de mercado (market process) Estática: equilíbrio Dinâmica: mudança e incerteza

Figura 1: As Correntes Explicativas da Vantagem Competitiva Fonte: Vasconcelos; Cyrino, 2000.

O tema estratégia vem sendo discutido ao longo dos anos, e nesse período sobressaem-se duas linhas principais de pensamento estratégico no campo acadêmico e empresarial: a economia da organização industrial, trabalhada por Porter e a visão baseada em recursos, representada por estudiosos como Wernerfelt, Dierickx e Cool, Prahalad e Hamel, Grant, Barney e Peteraf (apud VASCONCELOS; CYRINO, 2000). Essas abordagens possuem uma vasta publicação e têm como objetivo elaborar e constituir as vantagens competitivas e as estratégias nas organizações, considerando que cada uma tem uma maneira própria de alcançar essa elaboração.

Houve uma evolução quanto à definição de fatores que determinam a competitividade das empresas. A abordagem clássica, representada pelo estudioso Michael Porter, trata da análise da indústria como um todo, ou posicionamento estratégico, e da transformação desta em uma estratégia competitiva. Uma outra perspectiva de análise sobre competitividade é a visão da empresa baseada em recursos (Resource-Based View of the Firm). Esta considera as empresas como conjuntos de recursos, competências e capacidades, e Vasconcelos e Cyrino (2000) explicam que os recursos, além de físicos e financeiros, também são intangíveis ou invisíveis.

A recomendação de mudança de abordagem da análise da indústria para a Visão Baseada em Recursos é adotada por Teece, Pisano e Shuen (1997), que classificam a análise da indústria extremamente baseada na experiência militar e, portanto, inviável para ambientes complexos e sujeitos a mudanças bruscas. Ao adotar a Visão Baseada em Recursos, os autores acreditam que haverá uma melhor combinação entre eficiência e complexidade e mudanças.

1 – Análise Estrutural da Indústria Organização Industrial: Modelo SCP Análise de Posicionamento (Porter)

2 – Recursos e Competências Teoria dos Recursos (RBV) (Rumelt; Barney)

3 – Processos de Mercado Escola Austríaca (Hayek; Schumpeter)

4 – Capacidades Dinâmicas Teoria das Capacidades Dinâmicas (Teece; Prahalad e Hamel)

(34)

Dosi e Coriat (2002) concordam com o exposto anteriormente, ao afirmar que o foco da análise do posicionamento competitivo foi retirado e recolocado nas estratégias de aprimoramento das competências. Porter (1996) se defende dessa nova abordagem, alegando que pode ser enganoso identificar o sucesso em empresas competitivas a partir de pontos fortes, competências essenciais ou recursos críticos. O próprio autor se contradiz ao criticar a busca desenfreada por crescimento e pedir serenidade nas decisões. Porter (1996) sugere que se busquem extensões da estratégia que promovam o sistema de atividades existentes, de tal forma que surjam serviços que os rivais não consigam combater individualmente, conselho que parece derivar da Visão Baseada em Recursos.

Collins e Montgomery (1995) elaboraram uma síntese da abordagem RBV

(Resource-Based-View), na qual reúnem diferentes conceitos referentes à teoria que ainda não haviam

sido definidos. Ao mostrarem a importância da influência do ambiente competitivo para o sucesso da empresa, os autores apresentam a RBV com uma nova visão desta abordagem, anteriormente direcionada apenas para os recursos da empresa. Os autores esclarecem que a RBV é uma combinação da análise interna dos fenômenos que acontecem na empresa com a análise externa da indústria e do ambiente competitivo, e o valor dos recursos é determinado em função das forças de mercado.

Além dos quatro modelos citados, surge um quinto, no qual as firmas tentam manter uma posição duradoura e sustentável no mercado, competindo e cooperando concomitantemente. Este modelo trata das alianças e parcerias que as empresas fazem procurando melhorar seus resultados. São as estratégias coletivas nas relações interorganizacionais.

Inúmeras empresas têm aumentado sua competitividade formando redes, alianças e parcerias, destacam Balestrin e Veschoore (2008). Os autores recomendam reavaliar as teorias clássicas de estratégia. Na contramão ao paradigma da competição, que é o jogo de soma zero, o paradigma da cooperação, que significa o jogo de soma positiva, tem como finalidade adotar estratégias coletivas, formadas por um conjunto de atores, entre eles fornecedores, concorrentes, clientes, entre outros. Estas estratégias levam à obtenção de objetivos comuns, tornando aptas as empresas a competirem em instâncias mais elevadas, por meio da cooperação e de formas associativas de ações empresariais.

O entendimento sobre a competitividade nas organizações é de suma importância como referencial teórico para a presente dissertação. Serão descritas a seguir, portanto, as abordagens de forma mais aprofundada, utilizando-se da sistematização feita por Vasconcelos e Cyrino (2000), que enquadram os quatro modelos de vantagens competitivas sob a ótica dos

(35)

dois eixos comentados anteriormente. Agregou-se a esta classificação, também, o enfoque da abordagem das estratégias coletivas como um quinto modelo, uma vez que boa parte da explicação do caso Pacto Fonte Nova encontra justificativa nesse modelo – a lógica da cooperação e do associativismo para competir.

Modelo 1 — Análise estrutural da indústria

De acordo com Vasconcelos e Cyrino (2000), este modelo é muito utilizado, tendo como estudiosos Edward Mason e Joe Bain, que trabalham com a análise SCP

(Structure-Conduct-Performance). O modelo SCP propõe que a performance econômica das firmas é

resultante do comportamento concorrencial a partir da fixação de preços e custos, em que a estrutura da indústria depende desse comportamento, e da sua inserção no mercado.

Segundo Vasconcelos e Cyrino (2000), Porter destaca-se com trabalhos neoestruturalistas, empregando o modelo de Mason e Bain para gerar um novo conceito de formulação de estratégia, posto que o poder dos monopólios favorece a empresa. A indústria é a unidade de análise, e não a firma individual. Porter defende que o sucesso ou fracasso da firma, no cenário competitivo, irá depender de seu posicionamento dentro da estrutura industrial. A estratégia tem como objetivo posicionar a empresa dentro do seu ambiente e da sua indústria, e, ao mesmo tempo, proteger a firma das forças competitivas. Os monopólios e os oligopólios, portanto, são o que os pesquisadores da economia industrial consideram mais importantes.

O modelo de racionalidade das teorias da economia industrial é semelhante ao da economia neoclássica, considerando que:

Os dirigentes são capazes de analisar completa e objetivamente todos os aspectos relevantes da indústria e formular estratégias otimizadas para eles. A estratégia é, nessa perspectiva, uma escolha de otimização entre tipos gerais de combinações entre produtos e mercados (liderança de custos, diferenciação e focalização) (VASCONCELOS; CYRINO, 2000, p. 25).

Porter (1986) acredita que a intensidade da concorrência em uma indústria se origina em sua estrutura econômica básica, indo além do comportamento dos concorrentes. O autor afirma que o grau de concorrência em uma indústria depende de cinco forças competitivas básicas que são: ameaça de entrada; intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes; pressão dos produtos substitutos; poder de negociação dos compradores; e poder

Referências

Documentos relacionados