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Jardim Botânico de Florianópolis

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ARQUITETURA E URBANISMO – TCC1

MEGARON MOLOSSI

HORTO BOTÂNICO DE FLORIANÓPOLIS:

UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO...3

2. ÁREA DE ESTUDO...4

3.HISTÓRICO URBANO DA BACIA...5

3.1 - HISTÓRICO URBANO...5

3.2 - HISTÓRICO POR FOTOS...7

4.CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA 4.1 – DIMENSÃO AMBIENTAL...12

4.1.1 - O MANGUE DO ITACORUBI...12

4.1.2 - O ANTIGO LIXÃO DO ITACORUBI...14

4.1.3 - OUTROS PROBLEMAS AMBIENTAIS...14

4.1.4 – O PARQUE MANGUEZAL DO ITACORUBI...15

4.1.4.1– CARACTERIZAÇÃO POLÍTICA E HISTÓRICA ...15

4.1.4.2 – O LIMITE LEGAL DO PARQUE...16

4.2 – DIMENSÃO ECONÔMICA ...17

4.3 – DIMENSÃO CULTURAL...18

4.3.1 - O CENTRO INTEGRADO DE CULTURA (CIC)...18

4.3.2 – EQUIPAMENTOS PÚBLICOS DESPORTIVOS E DE LAZER...18

4.4 – DIMENSÃO POLÍTICA...19

4.4.1 – O PLANO DIRETOR...20

4.4.2 – PROPOSTAS DOS CONSELHOS COMUNITÁRIOS...21

4.4.3 – O JARDIM BOTÂNICO DE FLORIANÓPOLIS...22

5. HIPÓTESES PRELIMINARES DE TRABALHO...24

5.1 – DIMENSÃO AMBIENTAL...24 5.2 – DIMENSÃO ECONÔMICA...24 5.3 – DIMENSÃO CULTURAL...25 5.4 – DIMENSÃO POLÍTICA...25 6. REFERENCIAL TEÓRICO...26 6.1 – SUSTENTABILIDADE URBANA...26 6.2 – ARQUITETURA SUSTENTÁVEL...27 6.3 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL ...28 7. REFERENCIAL ARQUITETÔNICO...30 7.1 - CASA EFICIENTE...30

7.2 - UNIDADE DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL, FOZ DO IGUAÇU, PR...30

7.3 – UNIVERSIDADE DO MEIO AMBIENTE, NAZARÉ PAULISTA, SP ...31

7.4 - UNILIVRE - UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIO AMBIENTE...32

8. CONCLUSÃO...33

8.1 – JARDIM BOTÂNICO DE FLORIANÓPOLIS – UM PROGRAMA DISSOCIADO DE UMA POLÍTICA PUBLICA DE MEIO AMBIENTE?...33

9. DIRETRIZES E IDÉIAS INICIAIS DE PROJETO...35

9.1 – DIRETRIZES URBANAS...35

9.2 – DIRETRIZES DO EMPREENDIMENTO...35

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10. PROPOSTA DE UMA POLÍTICA DE GESTÃO AMBIENTAL PARA O PARQUE

DO MANGUEZAL DO ITACORUBI...36

10.1- MAPEAMENTO AMBIENTAL DO MANGUE...37

10.2 - ZONA DE AMORTECIMENTO...40

10.3 - INCLUSÃO DA ÁREA DE PROJETO NA ÁREA DO PARQUE DO MANGUEZAL DO ITACORUBI...42

10.4 - UMA PROPOSTA FUTURA DE ZONEAMENTO AMBIENTAL...45

10.5- CONSTRUÇÃO DA SEDE ADMINISTRATIVA DO PARQUE...47

10.5.1 - O PROGRAMA DE NECESSIDADES DA SEDE...47

11.2- INCENTIVAR O USO DA BICICLETA COMO MEIO DE TRANSPORTE...48

11.2.1- CICLOVIAS NO CENTRO DA BACIA...48

12. CARACTERIZAÇÃO DE JARDINS BOTÂNICOS...50

12.1 - OS JARDINS BOTÂNICOS NA HISTORIA...50

12.2 – OS JARDINS BOTÂNICOS HOJE...51

12.3 – OS JARDINS BOTÂNICOS HOJE NO BRASIL...53

13. O PROGRAMA DE NECESSIDADES DO HORTO BOTÂNICO...54

13.1 – ESTRUTURA BOTÂNICA CIENTIFICA...54

13.1.2 – COLEÇÕES DE PLANTAS VIVAS...54

13.1.2 – OUTRAS ESTRUTURAS...55

13.2 – ESTRUTURA ECOTURÍSTICA...56

13.3 – ESTRUTURA EDUCATIVA AMBIENTAL...56

13.4 – ESTRUTURA CULTURAL...56

13.4 – ESTRUTURAS ADMINISTRATIVAS E DE APOIO...57

14. BIBLIOGRAFIA ...57

15. ANEXOS...59

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1.INTRODUÇÃO

O estudo proposto neste trabalho de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina têm como temática principal a educação ambiental. Este tema em sido tratado muito frequentemente na ultima década, entretanto temos ainda uma idéia um pouco remota e não muito pratica do que realmente seria uma educação ambiental de modo integral.

O que sabemos é que se as atuais tendências de crescimento da população mundial, industrialização, poluição, produção de alimentos e diminuição de recursos naturais continuarem imutáveis, os limites de crescimento neste planeta se esgotarão em poucas décadas. Nesse sentido, é preciso que se criem políticas e um modelo de desenvolvimento que seja menos predatório e politicamente mais justo, evitando o uso abusivo e indiscriminado dos recursos naturais.

De fato, quase a totalidade de nossas grandes cidades tem desconsiderado o meio ambiente. A ocupação urbana em vigência desrespeita os limites da sustentabilidade do meio físico causando assim muitos problemas ambientais, que alem de causarem desequilibro ecológico, acabam por afetar a qualidade de vida da própria população que reside em seu entorno. Em Florianópolis, a situação é ainda mais delicada pois o ambiente natural, que alem de rico e exuberante tem uma importância ecológica imensa para a qualidade de vida local, esta sendo confinado em pequenas áreas, insuficiente muitas vezes para manter o equilibro ecológico.

Atualmente o crescimento urbano desenfreado da capital vem ocorrendo inclusive

nas áreas já cadastradas como áreas de preservação.

Assim, é essencial e urgente que paralelamente ao crescente processo de expansão das áreas urbanas sobre as áreas naturais remanescentes da ilha, se promovam programas de educação ambiental e conscientização da população, alem de equipamentos urbanos que colaborem para a resolução da problemática. E tudo isso deve ser percebida pelas comunidades nas quais se processa, numa perspectiva da ética ambientalista, para que possas participar conscientemente das instancias decisórias que digam respeito à qualidade de vida de suas populações

A ecologia não é um luxo dos ricos nem uma preocupação apenas dos grupos ambientalistas ou dos Verdes com seus respectivos partidos. A questão ecológica remete a um novo nível da consciência mundial: a importância da Terra como um todo, o bem comum como bem das pessoas, das sociedades e do conjunto dos seres da natureza, o risco apocalíptico que pesa sobre todo o criado. O ser humano pode ser anjo da guarda bem como satã da Terra. A terra sangra, especialmente em seu ser mais singular, o oprimido, o marginalizado e o excluído, pois todos esses compõem as grandes maiorias do planeta. BOFF, Leonardo.Ecologia, Mundialização, Epiriualidade a emergência de um novo paradigma. São Paulo: Àtica S.A., 1993. 180p.

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2- A ÁREA DE ESTUDO

A área escolhida para o desenvolvimento do trabalho localiza-se no Bairro Itacorubi, na cidade de Florianópolis, Estado de Santa Catarina. O Bairro do Itacorubi esta inserido na Bacia Hidrográfica do Itacorubi.

Uma bacia hidrográfica é formada após grandes períodos de transformações geológicas, em que a interação de vários fatores ao longo de milênios resulta numa conformação física de equilíbrio. Nesse ambiente, a água das chuvas ao escoar e infiltrar-se pelos terrenos, interagiu com solos e rochas, modificando-os e tendo seu percurso definido pelas formas que o terreno assumiu.

A bacia do Itacorubi está localizada na região centro-oeste da ilha de Santa Catarina e possui área aproximada de 23km2. Abrange hoje, os bairros Jardim Santa Mônica, Córrego Grande, Parque São Jorge, Itacorubi e Trindade. Sua malha viária e ocupação urbana são bem definidas porem estão ainda em processo de expansão. Esta localizada em um ponto muito estratégico do ponto de vista urbano, próximo ao núcleo central da cidade de Florianópolis, fazendo a ligação deste com outras áreas da ilha. Se apresenta assim com grande importância na dinâmica de transporte da cidade, já que é passagem preferencial, senão obrigatória, para a maioria dos automóveis e coletivos nos percursos entre o Norte, o oeste e o centro da ilha. Nela, também estão localizados ainda alguns órgãos da administração federal (ELETROSUL , EPAGRI), assim como empresas do setor terciário. A Bacia do Itacorubi reúne também centros comerciais e de serviços e nesta bacia localiza-se o Campus Universitário da UFSC. Tendo como divisores-de-águas o Maciço Central a oeste e as cadeias do Morro da Lagoa, Morro do Quilombo, Morro do Pantanal e Córrego Grande a leste. Tem como principal riqueza natural o mangue do Itacorubi.

De fato, a Bacia do Itacorubi esta num contexto ambiental urbano muito interessante. Pode ser considerada de certa maneira uma “reprodução” em menor escala de todo um universo de elementos que caracterizam a Ilha de Santa Catarina, onde está inserida. Também apresenta um mostra pratica do que tende a se tornar toda a nossa cidade ao longo dos anos vindouros. Se apresentando como uma grande reserva ambiental, circundada por urbanização, apresentando este grande crescimento sem o devido conhecimento de suas repercussões ambientais e infra-estruturais.

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3.HISTORICO URBANO BACIA DO ITACORUBI 3.1 - HISTORICO URBANO

Os vestígios mais remotos da presença humana na ilha de Santa Catarina datam, segundo a maioria dos historiadores datam de 4.800 a.C, e estão relacionados às comunidades dos sambaquis, que tinham como atividades básicas de subsistência a coleta de moluscos, a caça e a pesca. Os itararés foram o segundo grupo humano a migrar para a ilha, onde sinais de sua presença datam do século X. Tinham hábitos diferentes dos povos dos sambaquis, existência de objetos de cerâmica e uma suposta prática da agricultura (CECCA, 1997).

Quando os europeus chegaram, já no século XVI, os índios tupis-guaranis eram os habitantes da ilha, onde praticavam atividade de subsistência como a caça e a pesca, assim como também a agricultura. Eram também ceramistas habilidosos, e após o contato com os estrangeiros, teriam supostamente fugido para o interior, para não serem escravizados.

É somente com a chegada do bandeirante Francisco Dias Velho que ocorreu a fundação efetiva do povoamento conhecido como de Nossa Senhora do Desterro, em 1662. Em 1726, tornou-se independente de Laguna, passando à condição de vila. No início do século XVIII, Desterro vivia da pesca e da pequena lavoura, em regime de isolamento quase completo, mantendo-se como porto de aguada, fornecedor de lenha, de diversos víveres e de madeira para navios danificados.

Já no século XIX, Desterro foi elevada à categoria de cidade; tornou-se Capital da Província de Santa Catarina em 1823 e inaugurou um período de prosperidade, com o investimento de recursos federais. Projetou-se a melhoria do porto e a construção de edifícios públicos, entre outras obras urbanas. Foi neste século que ocorreu a migração de alemães para as cidades vizinhas à Florianópolis. Foi também neste período que os lugarejos e as freguesias se desenvolveram de forma mais intensa. Havia numerosos engenhos de farinha de mandioca e moendas de cana, onde fabricavam o açúcar, o melado e a cachaça, que somados à criação de gado, abasteciam o centro da cidade.

No início do século XX, aconteceram em Florianópolis grandes transformações. Foi nessa época que ocorreu a implantação das redes básicas de energia elétrica e do sistema de fornecimento de água e captação do esgoto. A construção da ponte Governador Hercílio Luz, ligando o bairro Estreito, no continente, ao bairro do Centro na Ilha de Santa Catarina, também foi um grande acontecimento para o início do desenvolvimento urbano da cidade. A construção da ponte, em 1926, fez com que a relação da ilha com a parte continental e com as cidades do interior se estreitasse. Diversas modificações tiveram de ser feitas na malha viária para adaptá-la a nova ponte. (TEIXEIRA, 1998)

Mas apesar dessas grandes transformações urbanas ocorridas no século XX, a cidade ainda se estruturava basicamente a partir do seu núcleo central. Florianópolis, na verdade, se estruturou a partir da praça XV de Novembro, onde foram construídos a Igreja Matriz e os órgãos do governo municipal e estadual.

Nessa época, a Bacia do Itacorubi, apesar de sua localização privilegiada, bem provida de comunicações (rios, mar e estrada), era uma localidade rural. Era habitada por poucos moradores que se dedicavam à agricultura, em especial ao cultivo da mandioca, cana, café e milho. Também se dedicavam à criação de gado leiteiro e produção de carvão, que abasteciam o centro da cidade. Segundo o historiador Virgílio Várzea as povoações do Pantanal, Córrego Grande, Itacorubi e a Freguesia de Trás do Morro (atual Trindade) foram assim descritas:

“A freguesia de Trás do Morro, já nossa conhecida pela celebre romaria da Trindade, em sua maior parte, é cultivada de cereais, cafeeiros, cana pastagens e vinhas (...). O solo da freguesia ocupa vasta área, toda plana e cortada de culturas, que se irradiam em torno da

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praça onde se acha a igrejinha, cercada de interessantes habitações, dentre as quais se destacam algumas chácaras com jardins. Em Trás do Morro abundam as hortaliças e as pastagens criadoras, estas cobertas de nédias vacas crioulas. E seus habitantes fornecem de legumes e leite a capital”.

Na região da Trindade o Estado e a Igreja Católica possuíam grandes extensões de terras, sobressaindo-se aos proprietários fundiários locais. As terras pertencentes ao governo do Estado, eram fruto de apropriações ocorridas por volta de 1940, das terras comunais cultivadas por pequenos produtores. O uso das terras comunais foi uma pratica açoriana muito comum na Ilha de Santa Catarina até a década de 1940, quando começou a sofrer, de forma cada vez mais acelerada, o processo de apropriação pelas camadas sociais mais influentes e pelo Estado.

O real interesse pela Bacia do Itacorubi, porem, começa na década de 60, período em que ocorre um crescimento populacional expressivo, na ordem de 4,57% em Florianópolis. Foi neste período que ocorreu a construção da Avenida Rubens da Arruda Ramos, conhecida como Beira-mar Norte, considerada a obra de maior importância para o urbano de Florianópolis nos anos de 1960. Assim, inicia-se uma nova fase de ocupação da Bacia do Itacorubi, com um intenso processo de expansão e estruturação urbana, decorrente principalmente da implantação do Campus da UFSC, da sede da ELETROSUL e de órgãos como TELESC, UDESC, CELESC e EPAGRI.

De fato é interessante destacar que essa expansão da cidade, foi de confronto direto ao que pretendia o plano diretor, idealizado por um grupo de arquitetos no ano de 1954, onde havia sido previsto a cidade crescendo para a direção sul. Inclusive esse mesmo plano desaconselhava a implantação do novo Campus da UFSC nas terras da Trindade por achar o terreno inadequado e por estar situado no sentido contrário ao crescimento da cidade, que se daria na direção do continente, com a construção do Porto.

Mas de fato os bairros localizados a leste o Morro da Cruz foram os mais procurados para a instalação dos órgãos estatais a partir da década de 1960. O deslocamento da malha urbana no sentido Centro/Trindade, promoveu o adensamento urbano, a valorização fundiária, a ascensão do setor imobiliário, o crescimento do comercio e a indústria da construção civil, exigindo maiores investimentos públicos em infra-estrutura e sistema viário. A oferta de emprego proporcionada por estes órgãos estatais atraiu uma gama de profissionais das camadas medias. Este fluxo migratório, intensificado também com a vinda de estudantes da UFSC, contribuiu para o adensamento local e o surgimento de novas demandas publicas urbanas. Os desmatamentos eram expressivos na Bacia entre as décadas de 1960 e 1970. Foram desmembrados grandes lotes em lotes menores, destinados à habitação unifamiliar. Os investimentos públicos em infra-estrutura viária foram fatores que também intensificaram o processo de ocupação.

A progressiva implantação do aparelho estatal, a melhoria na infra-estrutura técnica e social e a presença de classes sociais privilegiadas, incrementaram o setor imobiliário, que pos sua vez, procurou atender a crescente demanda da comunidade universitária e dos funcionários das estatais, o que refletiu consideravelmente no alto custo das terras. (Santos 2003)

A década de 80 foi uma consolidação das duas décadas anteriores. O aumento populacional foi considerável, dando lugar a novos loteamentos, destinados à habitação das classes medias e medias altas. Também foi nessa época que se acelerou o processo de ocupação dos morros pelas classes menos favorecidas, que migravam à região em busca de melhores oportunidades de emprego.

Na década de 1990, a Bacia do itacorubi continuou atuando com pólo de atração urbana, não somente para aqueles ligados diretamente às atividades da UFSC e dos demais órgãos públicos, mas também para pessoas que escolheram morar e investir nesses bairros. Para se ter uma idéia aproximada, no período compreendido

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entre 1990 a 2002 registrou-se um acumulo de mais de 70 hectares (700.000 m²) de área de Habite-se nos bairros da Bacia do Itacorubi. ( fonte Sinduscon ,2002).

Nos últimos anos houve um acréscimo na densidade demográfica da região, com o aumento do numero de residências multifamiliares, como indicam as construções de diversas torres de condomínios residenciais ao longo da Av. Amaro Antônio Vieira e Pastor Willian Richard Schisler Filho. Em virtude de todo esse adensamento urbano, surgiram iniciativas de adequação do sistema viário, como a duplicação da SC-401 e a construção do Elevado do CIC, concluído em 2000, na tentativa de reduzir os constantes congestionamentos para quem se deslocava do centro ao Campus da UFSC, e também ao norte da Ilha e à Lagoa da Conceição. Em 2003 foi executada uma obra de alargamento da SC 404 próximo ao acesso de entrada para a Avenida Madre Benvenuta, No Itacorubi.

Mesmo assim, os congestionamentos são cada vez mais freqüentes e ocorrem em diversos pontos, especialmente nas entradas e saídas dos Bairros. A Avenida Madre Benvenuta que possui uma parte no bairro Itacorubi e outra parte no bairro Santa Mônica, possui tráfego intenso, e tem se tornado uma agitada Avenida Comercial e de Serviços. A Inauguração do Shopping Iguatemi oficializou a tendência de toda a região em se tornar um bairro de serviços e lojas comerciais.

3.2 – HISTORICO POR FOTOS

Farei aqui uma analise básica do desenvolvimento urbano da Bacia do Itacorubi através do estudo comparativo entre fotografias aéreas.

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Nessa foto feita em 1938, que por curiosidade é um dos levantamentos fotogramétrico mais antigos do mundo, a área que envolve o manguezal do Itacorubi tinha características essencialmente rurais. O manguezal já estava sendo ‘invadido’ para o estabelecimento de pastagens a áreas de plantio. As estradas principais da região já estavam definidas como a atual Avenida da Saudade e a Lauro Linhares, com exceção da estrada interna que liga a Trindade ao Itacorubi, a atual Avenida Madre Benvenuta, que nessa época não é mais que um caminho carroçável em quase toda sua extensão.

É possível identificar a partir das fotos, a existência de escassas edificações ao longo do caminho que leva à Trindade e algumas,mais raras ainda, ao longo da antiga estrada geral do Itacorubi. Ë possível notar também a existência do cemitério de São Francisco e a Penitenciária Estadual que foram transferidos do centro após a construção da ponte Hercílio Luz, na década de 20.

Foto de 1957

Nesse segundo levantamento podemos perceber que já existe uma densidade populacional bem maior do que aquela percebida na primeira foto. Apesar disso, a região ainda pode ser considerada como rural e de baixa densidade. O bairro do Itacorubi, antes deserto já apresentava nítida demarcação de propriedades. Já a Avenida Madre Benvenuta foi alargada no seu terço inicial, a contar da Trindade.

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Na porção mais próxima à cidade, contornando o Morro da Cruz, no que atualmente corresponderia ao Bairro da Agronômica, já são observáveis ruas

transversais que se estendem até a borda do manguezal.

Na foto aérea de 1969 é possível notar que no bairro da Trindade começam a aparecer ruas transversais longas e bastante povoadas. Isso é o reflexo do adensamento populacional ocasionado pelo maior interesse na área e pela fundação da UFSC na área. O Itacorubi também teve um aumento notável de ares edificadas. A área do atual bairro Santa Mônica, na borda inferior da foto,entretanto, era ainda um campo desabitado.

Foto de 1969

Já no levantamento realizado em 1978 vemos uma transformação quase radical em relação a imagem de 69. Ë preciso lembrar que foi na década de 1970, que seinstalaram nessa região da Ilha, em torno do Itacorubi, de Santa Mônica e da Trindade, inúmeras empresas estatais, estimulando a conseqüente transferência de seu pessoal técnico para seu entorno.

O grande número de pessoas que, num curto espaço de tempo, chegaram para residir nos bairros vizinhos, e seu alto poder aquisitivo, mudou a estrutura urbana desses bairros. O bairro da Trindade já esta bem adensado e já possui uma vida própria. No Itacorubi podemos perceber um acréscimo edificavel ao longo da sua estrada geral,na sua porção. Mas a grande diferença em relação à imagem anterior é

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o aparecimento da grande avenida que ‘corta’ o mangue e liga o centro à UFSC. Também podemos notar o aparecimento do Jardim Santa Mônica. Neste a Avenida Madre Benvenuta já se transformava num elo de ligação entre a Trindade e o Itacorubi. Percebemos que o mangue, nesta época, já estava sendo ‘estrangulado’ pelo adensamento urbano.

Foto de 1978

Na imagem realizada no vôo 1998, já podemos observar claramente a região densamente povoada e com continuidade física com o centro da cidade.O manguezal, descontando algumas retificações da Avenida Beira Mar Norte, feitas mais tarde, ainda na década de 1990, já aparece cercado a leste, oeste e sul pela malha urbana. Houve um crescimento do Bairro Santa Mônica e o adensamento do Bairro Parque São orge, em busca de novos lotes habitacionais. Também é possível notar o adensamento urbano nas partes mais altas das encostas. Mais interessante ainda é notar é que houve uma alteração no curso do Rio Itacorubi e um assoreamento do Rio do Sertão.

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4.CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

4.1 – DIMENSÃO AMBIENTAL

Com paisagem bastante diversificada, a bacia apresenta encostas de grandes declividades, áreas quase planas e extensões contíguas de manguezais. A altitude varia de zero, nas regiões de mangue, ate cerca de 380, nos limites superiores das encostas. No tocante à geomorfologia, a bacia esta situada na unidade morfológica Serras do Leste Catarinense, caracterizada por formas de relevos elevados e dissecados, onde os processos erosivos são mais ativos, transportando materiais constituintes para as áreas mais baixas.

Segundo o Atlas de Santa Catarina, a área possui características climáticas bem acentuadas dentro do clima úmido, com precipitações medias elevadas. De maneira geral, a temperatura está na dependência da maritimidade, desempenhando um papel regulador ao contraste térmico. A média anual da temperatura varia em torno de 20°C, sendo que possui verão e inverno bem definidos, enquanto que outono e primavera apresentam características similares.

Florianópolis possui uma rica rede hidrográfica, formada por rios, córregos, lagoas, alem de muitos depósitos subterrâneos de água conhecidos como Aqüíferos. Na Bacia do Itacorubi verificamos a existência dos rios do Sertão, Córrego Grande, Itacorubi e seus afluentes, alem de alguns canais de drenagem menores. Os rios deságuam na Baia Norte, através do mangue do Itacorubi. Segundo os geógrafos, esta bacia possui declividades acentuadas nas cabeceiras e baixas declividades a jusante.

Quanto à vegetação, a região objeto de estudo, era originalmente composta por dois tipos de vegetação, Vegetação Litorânea nas partes mais baixas e Mata Atlântica nas cotas mais elevadas. A exemplo de outros lugares da ilha, a Bacia do Itacorubi apresenta hoje, poucos remanescentes de Mata Atlântica e é formada predominantemente por vegetação secundaria. A Mata Atlântica cobria todas as encostas dos morros no inicio da ocupação da Ilha, e correspondia a 74% dos 90% de área coberta por vegetação. A exploração indiscriminada desta floresta, assim como dos demais ecossistemas da Ilha, intensificou-se com a chegada dos imigrantes açorianos, que iniciaram um processo contínuo de desmatamento destinado a abrir caminho para a agricultura e pecuária. (CECCA,1997).

4.1.1 - O MANGUE DO ITACORUBI

Não podemos jamais falar da Bacia do Itacorubi na dimensão ambiental sem expormos um tópico para falar do mangue do Itacorubi. Sem sombra de duvida, a riqueza ambiental maior da bacia é o mangue, que alem da vegetação e fauna exuberante, tem de fato suma importância para o equilíbrio ecológico da região.

Segundo classificação técnica manguezal é um ecossistema costeiro de transição entre o ambiente terrestre e marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais sujeito ao regime de marés. Ocorrem em regiões costeiras abrigadas e apresentam condições propícias para alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies animais, sendo considerado importante transformador de nutrientes em matérias orgânicas e gerador de bens e serviços.

A flora de manguezal possui pequena diversidade, mas o número de indivíduos por espécie é muito grande. As espécies mais comuns são: Rhizophora mangle, Avicennia schaueriana e lacuncularia racemosa, além de espécies de transição como Acrostichum aureum, Hibiscus pernambucensis e Spartina alterniflora. A fauna pode ser dividida em dois grupos. O primeiro é constituído por animais estuários que vivem toda sua fase adulta nos mangues. São principalmente ostras, moluscos e crustáceos, principalmente os caranguejos. Ao segundo grupo pertencem os animais que se

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utilizam do mangue apenas durante a fase jovem, como várias espécies de peixes e frutos do mar. Além destes, diversas espécies de aves marinhas e terrestres encontram nos mangues refúgio e alimentação, entre eles a Garça e o Guará.

Entretanto , o manguezal do Itacorubi foi o mais atingido pelo processo de ocupação e o que mais sofreu e vem sofrendo reduções, de todos os manguezais da Ilha de Santa Catarina. Seu processo de degradação ambiental começou com a utilização do mesmo para criação de pastos para gado leiteiro, já nas primeiras décadas do século XX. Na década de 50, uma área do mangue foi escolhida para se estabelecer o primeiro lixão da cidade. Nas décadas seguintes vários aterros foram implantados sobre áreas de mangue tendo diversos fins: construção de sistema viário, loteamentos residenciais e instalação de empresas. Sofreu sucessivas reduções para dar lugar à Via de Contorno Norte e ao loteamento Santa Mônica.

Ao mesmo tempo, de acordo com o CECCA, o mangue recebe efluentes de esgoto não tratado de toda a bacia, que drena os bairros Trindade, Pantanal, Córrego Grande, Santa Mônica e Itacorubi . O mesmo órgão, calculou que já no inicio da década de 90 a sua área corresponderia a aproximadamente 150ha, menos de 60% da área original. Estudos realizados por especialistas comprovaram que esse ‘estrangulamento’ do mangue tem como resultado a defoliação e more progressiva da vegetação natural do ecossistema, ocorrendo a substituição da flora típica por espécies de transição.

Num estudo realizado por Sálvio Jose Vieira, uma foto-interpretação foi realizada comparando as fotografias aéreas de 1938 e 1978, com digitalização dos polígonos da área de manguezal, comparados com o polígono gerado pelo levantamento de campo em 2003, todos representados sob a ortofoto de 2001(IPUF/2001). Observa-se que houve a supressão da vegetação pela ocupação urbana e por obras de infra-estrutura, bem como expansão da vegetação de mangue ao longo da foz do Rio Itacorubi.

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[...] o manguezal do Itacorubi apresenta modificações da qualidade da água para desenvolvimento da biota, ocorrência e acúmulo de poluentes químicos na água, substrato e componentes da biota, decréscimo progressivo na biomassa e biodiversidade e redução no espaço do próprio manguezal, alteração das fontes de energia(entrada das águas das marés e do rio) provocando não somente a diminuição da biomassa como também alterações na estrutura do ecossistema.” (Masutti,1999,p. 63-64)

4.1.2 - O ANTIGO LIXÃO DO ITACORUBI

Florianópolis sempre teve problemas com a destinação do lixo, desde o tempo da fundação da cidade. De fato o problema tem também um parênteses histórico, já que segundo historiadores, a própria cultura trazida pelos açorianos era a de jogar lixo que não fosse mais de serventia em qualquer lugar. No inicio do século passado o lixo produzido na capital era jogado diretamente no mar ou em terrenos baldios.

Com o crescimento da cidade e da produção de lixo, o poder municipal construiu um grande forno para queima-lo, próximo à Ponte Hercílio Luz. Porem, com o desenvolvimento do centro da cidade. Porem, em 1958, com o desenvolvimento do centro da cidade, foi criado um lixão em um área do mangue do Itacorubi. A área foi escolhida pois se encontrava em região pouco valorizada, onde já havia um presido e um cemitério. Esse lixão do Itacorubi, localizado na borda norte do mangue, recebeu praticamente todo o lixo da ara central da cidade ate 1989. A partir daí começou a receber somente lixo inerte e de grande volume ate o ano de 1997, onde foi desativado completamente. Hoje essa área é utilizada pela COMCAP como unidade de recebimento de lixo para futura destinação.

Entretanto, apesar de desativado, o lixão ainda esta e continuara contaminando o mangue por muitos anos, através da liberação de chorume. Não há isolamento entre o lixo e o mangue e quando a maré sobre, encharca o terreno e leva consigo os poluentes, num processo continuo.

4.1.3 –OUTROS PROBLEMAS AMBIENTAIS

Alem da degradação do mangue e da vegetação original, de maneira geral, a Bacia do Itacorubi apresenta, assim como no restante da Ilha de Santa Catarina, problemas relacionados ao uso e ocupação do solo. O morros que rodeiam a região possuem moradias acima da cota 100, independente da classe social. Estas moradias, em grande parte, incidem em áreas de preservação permanente, em áreas com declividade proibida para habitação e nas margens dos cursos dàgua, cujas ocupações estão sujeitas ao risco de desmoronamento.

Por se tratar de uma bacia hidrográfica, um grande problema é a alteração na permeabilidade do solo e nos percursos naturais das águas. Ao longo do desenvolvimento urbano vários pequenos riachos e valas naturais da bacia, antes aparentes, vão sendo escondidos e invadidos pelos aterros, assoreamentos e construções. Esse modificação pode trazer sérios problemas para a bacia como enchentes. Sem falar da poluição da rede hidrográfica da bacia como um todo. As residências tem lançado, muitas vezes seus esgotos domésticos diretamente na rede pluvial e fluvial, ou em córregos a céu aberto, que posteriormente se dirigem ao mangue.

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Foto mostrando que o Bairro Santa Mônica ainda esta sujeito a alagamentos. (foto de janeiro de 2008) Foto Wagner Figueiredo . http://www.inema.com.br

4.1.4 – O PARQUE MANGUEZAL DO ITACORUBI 4.1.4.1 – CARACTERIZAÇÃO POLITICA E HISTORICA

O Manguezal do Itacorubi esta situado em parte, nos terrenos pertencentes à Marinha, onde deveria ser gerenciado e fiscalizado por órgão Federal, a Secretaria do Patrimônio da União. Esse órgão é responsável pela administração de toda a orla marítima do país dando concessões de uso referentes aos 33 metros a partir da Linha da Preamar Media (linha media da maré).

Entretanto, já no ano de 1969 através do Decreto Federal n° 64.340, foi dado à Universidade Federal de Santa Catarina, sob forma de utilização gratuita a responsabilidade de gerenciar e fiscalizar o Manguezal do Itacorubi. Porem a Universidade não efetuou, nos anos que se passaram após a concessão, nenhuma política ambiental para a área, apesar de que tenha utilizado algumas áreas do mangue como área de campo para as pesquisas científicas ligadas a este ecossistema. Um exemplo da utilização desta área pela UFSC pode ser constatada em uma área de aproximadamente um hectare onde foram construídos tanques para experimento de carcinicultura (técnica de criação de camarões em viveiros), pelos pesquisadores do Centro de Ciências Agrárias da Universidade. Experimento esse que resultou inclusive na supressão total da vegetação do mangue dentro da área do experimento.

No ano de 1999 foi assinado, em esfera federal, um termo de cooperação entre a UFSC e o Município de Florianópolis, tendo como objetivo regular a implantação e a gestão de uma Parque, na área do manguezal. Desta forma, a área passou a ter uma Gestão Compartilhada entre a FLORAM (Órgão Ambiental Municipal criado em 1992) e a Coordenadoria de Gestão Ambiental (CGA) da Ufsc, ligada ao Gabinete do Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina. Entretanto, este decreto, não menciona

No ano de 2002, através do Decreto Municipal n° 1529, o Parque do Manguezal do Itacorubi foi implementado na esfera jurídica oficialmente. Curiosamente, entretanto, esse decreto municipal não menciona a gestão compartilhada do Parque entre a Universidade Federal de Santa Catarina e o Município de Florianópolis, apenas cita a FLORAM como órgão gestor.

Após a implantação oficia do Parque, foi elaborado um plano de manejo, referente à infra-estrutura. Algumas trilhas ecológicas foram executadas, sustentadas por andaimes de madeira, possibilitando a observação da fauna e flora. Não se tem registro da intervenção da UFSC, nesses projetos inicias implantados pelo poder publico municipal. No site da FLORAM, inclusive não há divulgação de informações

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quanto à política ambiental para o Parque Municipal do Manguezal do Itacorubí. O mesmo não está relacionado no rol dos parques do município, consta apenas do rol das áreas de

preservação permanente. Inclusive, a comunidade que habita a área conturbada no perímetro do parque, tem ate hoje na sua maioria, uma percepção distorcida da existência do manguezal, considerando este como um vilão pelos prejuízos constantes causados pelas enxurradas, cujas águas ficam represadas, pela subida das marés. 4.1.4.2 – O LIMITE LEGAL DO PARQUE

Segundo (Vieira 2007), O Parque Municipal do Manguezal do Itacorubi não tem seus limites bem definidos, tanto no aspecto da descrição legal, quanto na própria representação cartográfica. Existem alguns problemas de conflitos de uso do solo entre a área do Parque e todas as parcelas imobiliárias que fazem limite com o ecossistema de manguezal.

Devido a este problema, o Departamento de Engenharia Civil da UFSC executou no período de 2003 a 2004, um projeto de pesquisa, denominado “Metodologia de identificação de limites das unidades de conservação ambiental da Ilha de Santa Catarina – uma contribuição à gestão ambienta”. Assim, através do levantamento topográfico, utilizando a tecnologia GPS, foi executada neste projeto uma generalização da área legal do parque. Percebe-se que a área do parque é na pratica a área de manguezal que restou, sendo inteiramente APP (Área de Preservação Permanente).

Resultado final da etapa de generalização cartográfica. Fonte: Dados da Pesquisa / GrupoGE (2004) / IPUF (2001).

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4.2 - DIMENSÃO ECONOMICA

Como visto no histórico da Bacia do Itacorubi apresentado no inicio do trabalho, toda esta região era ate a metade do século passado uma região basicamente rural. Produtos como a cana, milho e leite era produzidos nesta região, com a finalidade de abastecer o centro da cidade.

Com o adensamento populacional iniciado mais fortemente na década de 60, esta região foi perdendo suas características rurais rapidamente. Primeiramente foi cedendo seu território para transferência de equipamentos estatais. Posteriormente grande parte de sua área foi loteada para estabelecimentos de residências unifamiliares. De fato, hoje, a economia dos bairros ascendeu a um grau bem elevado, podendo-se afirmar que possui uma vida própria.

O caso mais interessante é o da Avenida Madre Benvenuta. Inicialmente era apenas ma caminho que fazia a ligação entre a Trindade e o Itacorubi. Na década de 70, com a construção do bairro habitacional Jardim Santa Mônica, esta Avenida começou a ganhar um interesse maior. Hoje, pode ser considerada um pólo de comércio de alto padrão na Ilha de Santa Catarina.

Nela podemos encontrar uma gama muito variada de lojas comerciais e de serviços. Abriga grandes concessionárias de automóveis de quase todas as montadoras, alem de importadoras de veículos, alem de um grande supermercado. Possui clinicas de estética e dentárias, lojas de decoração e ultimamente tem ganhado também restaurantes e casas noturnas, a exemplo da Avenida Lauro Linhares. Quase não há mais casas residenciais, e as que ainda existem estão à venda por preços supervalorizados. Toda esta ‘vocação comercial’ culminou também com a construção do shopping Iguatemi, que esta aumentando ainda mais o fluxo de consumidores ao bairro.

Outro grande interesse econômico na área tem as empresas construtoras de edifícios multifamiliares. De fato, com todo esse desenvolvimento da região, que também tem um fator positivo que é a localização próxima ao centro da cidade, faz com que toda ela seja um nicho grande de mercado para as construtoras. Condomínios multifamiliares não param de ser construídos, principalmente em torno da Lauro Linhares e na Admar Gonzaga. De fato, esta é a tendência econômica mais fortemente encontrada em toda a região da Bacia do Itacorubi. Ë interessante notar que tanto o Santa Mônica com a Madre Benvenuta, a Trindade com a Lauro Linhares, o Itacorubi, com a Rod. Admar Gonzaga, o Pantanal com a Dep. Antonio Edu Vieira e o Córrego Grande com a rua João Pio Duarte Silva seguem a mesma tendência. De se tornarem ruas de lojas comerciais e de serviços mescladas com grandes edifícios multifamiliares.

Foto do Shopping Iguatemi, exemplo maximo da tendência da região em se tornar um pólo de comercio e serviços.Fonte - www.asramos.com.br

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4.3 - DIMENSÃO CULTURAL

4.3.1 - O Centro Integrado de Cultura (CIC)

A maior referencia, senão a única, de um centro de artes integrada na região é o Centro Integrado de Cultura Henrique da Silva Fontes, CIC, como é conhecido. Foi inaugurado em 1982, pelo Governo do Estado de Santa Catarina e tem o nome oficial em homenagem ao Professor Henrique da Silva Fontes (1885-1966) que era ligado à fundação da UFSC, pesquisador da historia catarinense e membro da Academia Catarinense de Letras.

Localizado na Avenida Irineu Bornhausen e próximo à Avenida Beira Mar, uma das áreas mais movimentadas da cidade, o Centro Cultural foi construído com o intuito de abrigar as diversas formas de manifestações artísticas e produção cultural da região. Sua configuração arquitetônica é composta por uma área total construída de aproximadamente 10 mil metros quadrados, dispostos em uma edificação térrea, com amplos espaços abertos. Seus volumes são interrompidos por diversos jardins internos, sendo alguns deles abertos para os usuários.

O edifício apresenta em seu espaço físico a seguinte estrutura:

- Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), com quase 2000m² de área, que possui espaços com exposições permanentes de pintura e esculturas.

- Um cinema com aproximadamente 187 lugares.

- Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina (MISSC) - Ateliê de Conservação e Restauração de Bens Móveis – Atecor

- Um grande Teatro, chamado oficialmente de Ademir Rosa, com 955 lugares.

- Oficinas de Artes que oferecendo atelies de pintura, escultura, musica, fotografia, dança, etc. - Café Matisse

4.3.2 – EQUIPAMENTOS PUBLICOS DESPORTIVOS E DE LAZER

Tentou-se levantar os espaços desportivos públicos na região da Bacia do Itacorubi. No Bairro do Itacorubi o único espaço publico é uma pequena praça no final da Rod. Admar Gonzaga. É composta por uma quadra poliesportiva, um campo de futebol de areia e um espaço livre arborizado. Nota-se claramente, pelo formato da praça, que ela foi implantada em um espaço ‘residual’ urbano, no final do encontro de duas movimentadas vias. Apesar de estar num localização privilegiada, ela não parece se integrar à malha urbana do bairro de forma positiva.

No bairro Santa Mônica existe na sua parte central, um espaço publico que corta a Avenida Madre Benvenuta e se estende longitudinalmente a partir desta para ambos os lados. Possui duas quadras poliesportivas, um grande campo de futebol de areia e uma área livre com um parque infantil. O grande problema deste espaço é que ele simplesmente é cortado em duas partes pela avenida principal do Bairro sendo que não existe nenhuma ligação temática entre eles. Este espaço não parece ser muito aproveitado e utilizado pelos moradores, talvez pela falta de manutenção dada ao espaço ou pela falta de estruturas de apoio.

Recentemente foi efetuado a execução de um espaço desportivo na Avenida Prof. Henrique da Silva Fontes, do outro lado do Shopping Iguatemi. Nesta área encontramos uma quadra poliesportiva, um espaço dedicado aos skaitistas com estrutura para a pratica deste esporte, um grande campo de futebol (gramado), alem de uma estrutura de apoio com banheiros. Por se encontrar em boa localização (ponto de encontro entre os bairros da Trindade e Santa Mônica, alem de estar perto de um no viário), estar bem conservado (sendo novo) e ser bem iluminado de noite, este

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espaço parece ter sido prontamente usado pela comunidade, principalmente por jovens skaitistas.

O Bairro da Trindade, em semelhança ao do Itacorubi, carece muito de espaços públicos qualificados de esporte e lazer. A praça Santos Dumont, encontrada ao final do bairro, na divisa com o Campus da Ufsc é muito pouco usada pelos moradores ate porque não apresenta nenhum equipamento atrativo. Com exceção de um bar, localizado no centro da praça, esta é usada mais como local de passagem.

No Bairro do Córrego Grande destacamos a presença do Parque Ecológico do Córrego Grande. A grande atração do lugar são as trilhas interpretativas. Ladeadas por mata nativa, contam com placas de sinalização e de identificação de cerca de 100 espécies de árvores. O parque também contem uma quadra poliesportiva e uma ótima estrutura de apoio com banheiros e quiosques onde são oferecidas aulas de Yoga e Tai Chi Chuan, abertas a toda comunidade. A Fundação Municipal do Meio Ambiente, Floram, mantém também um viveiro e uma estufa para pesquisa e cultura de mudas nativas que podem ser levadas pelos visitantes. O Parque Ecológico do Córrego Grande é usado de forma constante pela população da redondeza, principalmente para a realização de caminhadas na trilha, ao final do parque.

4.4 – DIMENSÃO POLITICA

Do ponto de vista do estado, este tem como representante mais direto o IPUF, que é o órgão responsável pela execução das obras de interesse público na capital, bem como na regulação e gestão do espaço urbano. No Bairro do Itacorubi, o poder publico municipal, representado pelo IPUF tem tratado a área como trata praticamente toda a cidade. Em linhas gerais, o que propõe no meio político, é fazer da capital uma cidade turística. Ë interessante que esse interesse vem de muito tempo atrás, e apesar de ter mudado o governo municipal, o plano de marketing para a cidade continua o mesmo. A Ilha da Magia, ou capital Turística do Mercosul são exemplos claros da proposta que deseja a esfera publica.

Entretanto essa proposta de uma cidade turística, pregada pelo poder publico não tem levado em conta os limites de sustentabilidade do município. Assim como não tem considerado as implicações sociais e a qualidade de vida dos moradores. Na pratica o que se tem notado é que o poder municipal tem aberto as portas de modo indiscriminado a qualquer tipo de investimento de ordem privada. Na caso da bacia do Itacorubi podemos perceber isso claramente nos diversos exemplos que tëm sido expostos. O caso mais gritante e atual é a permissão da construção do Shopping Iguatemi, em área que foi considerada de transbordo do mangue. A permissão de verticalização do bairro Itacorubi e Parque São Jorge para a construção de condomínios residenciais, também demonstra o interesse publico em promover o crescimento da cidade de forma livre e sem critérios urbanos.

Outra política estatal que permeia toda a cidade é o incentivo ao uso do automóvel particular. As construções de vias de transito rápido aparecem como única alternativa viável para o bem estar de Florianópolis, favorecido pelo Marketing de uma cidade moderna. Se analisarmos o Bairro do Itacorubi, veremos que por ele atravessa o principal elo de ligação entre centro e a Lagoa da Conceição. A Rodoviovia Admar Gonzaga, que inclusive já fica praticamente intransitável durante o verão, nos períodos de grande movimento, ou nos dias de chuva onde os veranistas se deslocam para os shoppings. É claro que a problemática dos transportes na Bacia do Itacorubi está relacionada, antes do ponto de vista político, ao seu desenvolvimento histórico, visto que a malha viária atual é resultado do processo de desmembramentos dos grandes lotes fundiários do período colonial. Com o processo de desmembramentos desses lotes, através da divisão, venda e permuta de terras hereditárias, começa-se o surgimento de servidões que não se interligam entre si, tendo-se nas estradas gerais,

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atualmente conhecidas como vias principais, o único elo de ligação entre as diversas áreas da cidade.

Entretanto o poder publico, ao invés de combater a problemática física desincentivando o uso do automóvel, no ano passado retrasado a obra de um elevado no nó viário do Bairro, próximo ao cemitério, usando como justificativa o desafogamento do transito. Ou seja, de acordo com a política adotada pela Prefeitura Municipal, a tendência é que cada vez mais transcorram carros nos bairros da Bacia do Itacorubi, tanto pela Av. Admar Gonzaga, quanto pela Madre Benvenuta.

Do ponto de vista dos agentes privados, a especulação imobiliária tem um grande interesse na área. De fato, apesar de o Norte e o Sul da Ilha terem se desenvolvido de uma forma abrangente e diversificada, o distrito central da Capital ainda concentra muitos serviços e grande parte dos empregos. Assim, o bairro do itacorubi e seus adjacentes (Santa Mônica, Trindade), são localidades próximas e são desejo de moradia de grande parte das pessoas que chegam à capital.

Com a permissão do poder publico, nos últimos anos tem-se construído muitos prédios de condomínios residenciais o que tem valorizado ainda mais a área. Essa mesma valorização, promove a especulação imobiliária que incentiva a construção de novos condomínios residências, formando um ciclo vicioso. Ou seja, a especulação imobiliária vê na Bacia do itacorubi, um grande nicho de mercado, já bastante saturado na área central. Exemplos disto são os grandes condomínios construídos no Parque São Jorge e na Av. Amaro Antônio Vieira nos últimos anos.

Outro nicho forte para a Especulação Imobiliária è a Avenida Madre Benvenutra. Ele se tornou outro eixo importante de ligação entre a Lagoa e o Centro. De fato as mudanças físicas no borda da Avenida foram realmente marcantes nos últimos anos. Praticamente todas as residências unifamiliares hoje são lojas comercias. Toda esta transformação veio a culminar com a construção do Shopping. Agora as áreas ao redor deste também são alvo dos agentes especuladores.

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O Plano diretor do Distrito Sede de 1998, legislado e aprovado por órgãos competentes, previa claramente a criação de um sistema de vias, rótulas e elevados na região da Bacia do itacorubi, com o objetivo de desafogamento do trânsito. Este plano já esta em parte executado, com a construção do elevado do CIC em 1999 e a construção do elevado em frente ao cemitério no ano de 2007.

Nesse mapa pode-se perceber que o mangue do Itacorubi, protegido pela legislação como Área de Preservação Permanente, tem sido vítima de uma série de aterros que objetivam a implantação de grandes eixos viários, uma das prioridades da atual administração, desrespeitando as próprias leis do município. Outra obra prevista no Plano é a implantação de um grande via de transito, popularmente chamada de ‘transmangue’. Ela começaria na Avenida da Saudade, cortaria o terreno do ‘lixão’ do Itacorubi em dois e passaria por detrás da Epagri, fazendo limite com o próprio mangue em si. Posteriormente se integraria com a Rod Admar Gonzaga no nó viário que esta faz com a Av Madre Benvenuta.

Outra intenção do plano é a abertura de uma via que cortaria o Parque Ecológico do Córrego Grande, partindo do bairro córrego grande ate se encontrar com um nó viário na Avenida Prof. Henrique da Silva fontes, na altura do Campus Universitário.

4.4.2 - PROPOSTAS DOS CONSELHOS COMUNITARIOS

Do ponto de visa da comunidade, temos que destacar a atuação dos conselhos comunitários que se uniram de modo bem organizado a partir do ano de 2006, com o objetivo de criar diretrizes para a elaboração do Plano Diretor Participativo. A comunidade foi representa pelo conjunto de moradores presentes nas assembléias e membros dos conselhos comunitários dos loteamentos Jardim Anchieta e Flor da Ilha (CONFIA), Jardim Germânia (AMOGER), Parque São Jorge (CONJORGE), do bairro Santa Mônica (ACOJAR), bem como da União dos Conselhos Comunitários da Bacia do Rio Itacorubi (UNICOBI). Segundo informações, este grande conselho comunitário, organiza algumas reuniões publicas com os moradores dos bairros da bacia, para realizar os principais problemas de cada parte da bacia.

A partir da coleta de dados, este conselho começou a lançar propostas para a melhoria urbana da região e para a melhor qualidade de vida da população ali residente. Este trabalho teve como fruto vários estudos e diretrizes que a comunidade luta para serem aprovadas no Plano Diretor Participativo. No site criado pela organização, pode-se ter acesso a todos esses dados e propostas.

No que diz respeito à ocupação e uso do solo, a comunidade tem como principais diretrizes:

- Restringir o zoneamento atual: de uma maneira geral, manter áreas residenciais e diminuir áreas mistas centrais, ou mudar a classificação para mais restritiva, como de AMC-3 para AMC-2, de AMC-2 para ARP-4, etc.

-Impor limites mais severos ao gabarito das futuras construções em todos os bairros, máximo de 4 pavimentos (ARP-5 ou AMC-3); em hipótese alguma mais de 6 pavimentos.

- Coibir empreendimentos comerciais e multi-familiares nas ARE (como bares, escolas, academias, kitinetes para estudantes etc); e comerciais de grande porte em área residencial predominante (ARP); ARP é adequada apenas para comércio e serviços vicinais de até 150 m2.

No que diz respeito à meio ambiente e saneamento as propostas principais são

-Construir pequenas estações locais de tratamento de esgoto na Bacia do Itacorubi; priorizar e obrigar a ligação de todas as construções com a rede operante.

-Elaborar e executar um amplo projeto de macro-drenagem para a Bacia do Itacorubi, visando a prevenção de enchentes e a limpeza dos rios e do manguezal.

-Usar de maior rigor na concessão de licenças ambientais, condicionando-as à adoção de sistemas de gestão ambiental.

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-Instituir políticas públicas para a construção de estações de tratamento próprias e reuso da água em grandes empreendimentos como shoppings, escolas, supermercados, hospitais e conjuntos residenciais.

No tocante à mobilidade e transporte urbano, a comunidade realizou uma serie de estudos e lançou muitas propostas. De maneira geral, a comunidade se contrapôs à proposta do poder municipal de alargar e duplicar ruas, incentivando ainda mais o automóvel. Entre as principais propostas:

-Cancelar a execução das vias já projetadas pelo Plano Diretor de 1997.A via que corta o mangue no Bairro do Itacorubi e a que corta o Parque do Córrego Grande.

-Favorecer os transportes coletivos e os transportes individuais não motorizados. Incentivar o uso da bicicleta construindo uma rede de ciclovias interligando toda a bacia. Executar a construção de bicicletarios. (ver anexo 1)

-Mais e melhores passarelas pensando no pedestre

Alem destas propostas gerais, a comunidade lançou propostas específicas para cada bairro da região. Na Trindade pro exemplo, alem de colocar ciclovias em toda a Lauro Linhares, lançou-se a hipótese de fazer com que essa rua tenha sentido único e tenha uma calçadão (passagem somente de pedestres) ao final, quando ela se junta ao campus universitário. Outra proposta que chamou a atenção é a idéia de fazer um túnel que sairia do final do Itacorubi em direção à Lagoa da Conceição, cortando todo o morro, destinado à passagem de ônibus de transporte coletivo e ciclistas. Fonte (http://www.arq.ufsc.br/baciadoitacorubi)

4.4.3 – O JARDIM BOTÂNICO DE FLORIANÓPOLIS

Nos últimos tempos tem-se falado bastante do projeto do Jardim Botânico a ser implementado em Florianópolis. Este projeto começou com uma iniciativa da Epagri, já no ano de 1997, onde se tinha a intenção de transformar a área do Cetre – Centro de Treinamento, no Itacorubi, em uma unidade ambiental ou um Parque Municipal.

A proposta foi então, inicialmente, apresentada ao presidente da EPAGRI, que recomendou consultar primeiro a situação de um outro projeto para a área, que propunha a instalação do Portal da Agricultura Familiar na área do Cetre e que já havia sido encaminhado ao MDA.

Em 2006, a Fapesc procurou a Epagri para também discutir a criação de um JB na região da Grande Florianópolis, em parceria com a ACIF. Ainda em 2006, foi criado um grupo informal de trabalho, com a participação da Floram, Cepa e Ciram da Epagri, que passou a discutir as possibilidades e decidiu-se pela continuidade da proposta na área do Itacorubi. A proposta do projeto teve aprovação da diretoria da Epagri, com a incorporação do projeto do Portal da Agricultura Familiar no projeto maior do Jardim Botânico.

Em 2007, com a iniciativa do vereador João Batista Nunes foi realizada em 29 de junho uma Audiência Pública, nas dependências da câmara municipal de Florianópolis, para conhecimento e detalhes do Jardim Botânico. Na oportunidade foi aprovado pelos vereadores presentes a criação do Jardim Botânico de Florianópolis. Hoje, o projeto conta com a participação e apoio do Governo do Estado de Santa Catarina, Prefeitura de Florianópolis, UFSC, FAPESC - Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina, Floram, Comcap, Sapiens Parque e é claro da Epagri.

A área a ser implantada o empreendimento compreendia inicialmente duas áreas. Uma pertence ao Governo do Estado, através da Epagri, com uma superfície total de 23,64 hectares, situada a pouca distância do centro de Florianópolis. Com condições ideais para abrigar uma biodiversidade muito rica, espécies nativas localizados às

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margens de um amplo manguezal de proteção permanente, esta área constitui-se num dos preciosos recantos verdes da capital.

A outra área pertence à Prefeitura Municipal de Florianópolis. Uma área de, aproximadamente 10 ha, que atualmente serve de área de transferência de resíduos. Para essa área, o projeto prevê a construção de um centro de educação ambiental, trilhas ecológicas e unidades didáticas de recuperação ambiental. A FLORAM, órgão responsável pelos parques e do meio ambiente do município de Florianópolis, estava buscando alternativas para o uso dessa área, bem como, de outros aspectos da gestão do manguezal do Itacorubi

As ultimas informações publicas sobre a implantação do Jardim Botânico é que a Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc), lançou um edital, sob o numero 0007/2009, para selecionar uma empresa ou entidade que ficará responsável por desenvolver um projeto básico e o plano estratégico de ação para a implantação do Jardim Botânico de Florianópolis. Quem for escolhido pelo edital, que se encerra no mês de novembro de 2009, terá 15 dias, após a data de assinatura do contrato, para apresentar um plano de trabalho e outro de Comunicação. O último é essencial para garantir a articulação de esforços das entidades representadas no Conselho Gestor do JBF (Epagri, UFSC, Floram, Sapiens Parque e Fapesc) e a participação do público nas atividades a serem desenvolvidas.

O projeto básico deve ser apresentado até 150 dias após a data de assinatura do contrato e será submetido aos peritos do Conselho Gestor. Este documento deverá conter uma estratégia de ação que defina o modelo jurídico e de gestão do JBF, bem como o plano para sua ocupação. Entretanto, o Jardim Botânico não só ocupará as duas áreas anteriormente reservadas no Itacorubi, mas terá uma extensão(a ser definida pelo projeto do plano de ocupação), para outras duas áreas na Ilha. Uma será no bairro Saco Grande, em uma área do Ministério da Agricultura em comodato para a Epagri, conhecida como Cidade das Abelhas, que tem em seu entorno a Unidade de Conservação Ambiental Desterro. A outra área que poderá ser utilizada é a do Sapiens Park em Canasvieiras.

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5. HIPOTESES PRELIMINARES DE TRABALHO

5.1 – DIMENSÃO AMBIENTAL

Sendo que a bacia do itacorubi apresenta sérios problemas ambientais, em função da ausências de políticas publicas para o setor, então o projeto de um Jardim Botânico poderá contribuir para a superação do processo de degradação do meio ambiente da bacia.

Sendo que o mangue do Itacorubi foi e ainda esta sofrendo reduções de sua área devido ao avanço da urbanização, inclusive com construções ilegais em suas áreas de preservação permanente, a criação de um Parque Ecológico na sua borda vai contribui para gerenciar e impedir que novas invasões aconteçam.

Sendo que o Bairro do Itacorubi possui transito agitado, ocasionando poluição sonora e visual, principalmente na sua avenida principal, a criação de um Parque em uma área densamente habitada, ira contribui para amenizar o problema, através de espaços públicos tranqüilos e arborizados.

5.2 – DIMENSÃO ECONOMICA

Sendo que praticamente toda a economia da Bacia do Itacorubi tem como atividade econômica prioritária a de comercio e serviços exclusivamente, a implementação de um equipamento deste porte poderá trazer resultados positivos na medida em que se tornar um equipamento turístico, incrementando a economia local.

Se a unidade espacial onde o projeto do Jardim Botânico irá ser implementado, convive com a atuação do interesse econômico imobiliário que pressiona a área e determina intensa urbanização, então é possível afirmar que o projeto do Jardim deve considerar mecanismos de uso e ocupação do solo destinados à orientar e minimizar os impactos do ambiente construído no entorno.

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5.3 – DIMENSÃO CULTURAL

Sendo que a área em estudo, assim como praticamente toda a cidade, carece de espaços públicos para o convívio, incentivando um estilo de vida privado em detrimento do publico, a construção de um Parque Ecológico fará com que a região tenha um espaço de convívio e de lazer para seus moradores.

Sendo que a maioria das pessoas das grandes cidades desconhece o próprio ambiente natural que nos cerca, devido ao modo estritamente urbano de nossas grandes cidades, a construção de um Horto Botânico, ira contribuir de maneira efetiva para promover a volta do convívio do homem com a natureza resgatando parte de sua identidade perdida.

5.4 – DIMENSÃO POLITICA

Sendo que o Parque do Manguezal do Itacorubi, apesar de existir judicialmente, carece de uma sede e de uma estrutura física de apoio, com a execução de um Horto Botânico e provavelmente um futura integração deste com a área do Parque, o Parque Municipal vai ter mais força de atuação.

Sendo que o Horto Botânico tem a finalidade de atuar como um instrumento de sustentabilidade urbana, social e ambiental, este vai de acordo com os interesses dos Conselhos Comunitários da Bacia do Itacorubi e poderá servir como instrumento político favorável à implantação dos interesses destes, em contrapartida muitas vezes, aos interesses do Poder Publico Municipal.

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Qualquer proposta de intervenção feita na área em estudo deve levar primeiramente em conta, o Parque do Manguezal do Itacorubi. Não teria nenhum sentido, nem seria coerente, propor qualquer tipo de equipamento ou desenho urbano, sem antes estruturar ao menos previamente, um plano para o parque.

Assim sendo, baseado nos problemas que o parque apresenta foi elaborado um plano básico de manejo da área. A primeira atitude do plano seria o de agregar uma nova área a área do parque, pois o mesmo está totalmente pressionado pela ocupação urbana em todos seus limites. Outro problema do parque é a falta de um espaço para a construção de uma sede administrativa.

Assim, considerou-se interessante, conceder a área do antigo Lixão da COMCAP ao parque. Alem de aumentar a sua área, que já esta bem limitada, o parque poderia contribuir de maneira primorosa para a recuperação deste espaço, que contem grande quantidade de aterro sanitário, que continua poluindo o mangue

O PLANO DE MANEJO.

Considerando que à área do parque, seria agregada a área do antigo lixão, foi elaborado um esboço do plano de manejo, essencial para dirigir qualquer intervenção urbana na área.

Essa nova área concedida ao parque apresentaria 2 zoneamentos. Grande parte da área foi imaginada sob Zona de Recuperação. Ou seja, nesse espaço seriam feitos esforços, por parte da jurisdição do parque, para que a área fosse recuperada, dentro dos aspectos de sua flora e fauna original. Outra parte da área seria catalogada como Zona de Uso Especial, que é será destinada á construção da sede do parque, assim como outras estruturas necessárias, de acordo com o interesse da administração do parque.

Em relação ao Plano de Manejo, dentro da área que hoje é realmente o parque, traçou-se uma área definida como área de recuperação, pois considerou-se, baseado em levantamentos técnicos (ver OLIVEIRA), que praticamente toda a borda do parque esta de certa forma degradada.

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Fora da área do parque estipulou-se outra zona, conhecida como Zona de Amortecimento. Esta Zona começaria desde toda a borda do parque ate aproximadamente 200 metros alem das avenidas que circundam a área do parque. Madre Benvenuta, Admar Gonzaga, Beira Mar. Em termos práticos essa zona de amortecimento, poderia limitar os gabaritos das edificações, travar a implantação de equipamentos que sejam considerados agressivos ao parque, evitar a ampliação do sistema viário, entre outras.

Com esta atitude, espera-se ajudar a resolver parte dos problemas do parque, assim como valoriza-lo.

Paralelo à construção do plano geral de implantação do Jardim Botânico, foram escolhidos 4 objetos arquitetônicos, visando a elaboração de um estudo arquitetônico mais detalhado. Assim sendo, foram realizados estudos do Edifício Central, do Planetário, do Centro de Visitação do Parque e dos Módulos de Informação dos Biomas.

As diretrizes que orientaram a elaboração desses estudos prezaram por um desenho de um Jardim Botânico contemporâneo. Os 2 primeiros equipamentos, que possuem maior porte, prezaram por um arquitetura mais ‘limpa’ e menos rebuscada, que não tenta competir com o meio natural do Jardim.

A relação entre o ambiente natural e a massa edificada foi trabalhada de forma a tentar alcançar uma integração harmoniosa. A massa vegetal foi levada a entrar nos edifícios, assim como este ‘avança’ por dentro do ambiente natural do Jardim Botânico. Os equipamentos foram desenhados para serem acessados facilmente pelos visitantes, convidando-os a percorrê-los. O uso abusivo dos terraços jardins, alem de convidarem a natureza para adentrar, faz com que os visitantes tenham diferentes pontos de vistas do Jardim Botânico.

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Houve também, uma atenção para que os equipamentos tivessem uma real preocupação com a sustentabilidade. Tecnologias como captação de água da chuva e captação de energia solar foram pensados. Inclusive, esses elementos foram incorporados no conceito estético e formal do edifício e não apenas como um elemento secundário, presentes apenas nos desenhos de detalhamentos. O objetivo disso, dentro do projeto, seria o de popularizar essas tecnologias, já sendo também um elemento de educação ambiental. A eficiência energética no quesito circulação de ar e iluminação natural também foi uma preocupação e esta presente nos estudos.

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O Jardim Botânico de Florianopolis.

O Jardim Botânico proposto neste trabalho tem como objetivo, o de ser um equipamento urbano que aborde e apresente uma gama de diversas de uso, a exemplo dos Jardins Botânicos que estão sendo implantados em outros lugares do mundo.

Alem de apresentar coleções de plantas vivas, que é por excelência a função primordial de um jardim botânico, pretende-se que este equipamento aborde temas culturais, pesquisa cientifica e seja como um todo, um elemento forte de educação ambiental.

No quesito cultural optou-se por trabalhar com o tema de um Planetário. Este tema foi considerado adequado, por abordar um via de educação ambiental muito interessante. Alem disso, na cidade de Florianópolis, existe a necessidade de um planetário de maior porte e mais equipado do que o Planetário da UFSC, e ele não estaria melhor localizado do que dentro do Jardim Botânico de Florianópolis, já que este, se construído, seria com certeza o maior parque da cidade.

Outro equipamento proposto neste trabalho é o Centro de Oficinas. Ele vem cumprir uma função muito importante do equipamento que é promover programas de educação ambiental e oficinas para a comunidade. Espera-se com este equipamento também, que o Jardim Botânico não seja somente um equipamento turístico ou de lazer, mas que tenha atividades regulares que aprofundem o seu uso e sua função como “Parque Urbano”.

Outra questão abordada dentro do programa é a Epagri. Em realidade, todo este terreno no qual esta sendo proposto o Jardim Botânico, é de jurisdição da Epagri atualmente. Eles teriam concedido este terreno, aparentemente num acordo de ‘boa vontade’ com o governo municipal e estadual. Entretanto, este acordo parece não ter agradado todos dentro da Epagri, e alguns estão revendo a hipótese de conceder toda esta área.

Minha atitude ante a este fato foi o de reservar uma área, dentro do plano geral de implantação, para que a Epagri mantenha, pelo menos em parte, suas atividades neste local. Atividades, estas, há muito tempo consolidadas. Ate porque, dentro do programa do Jardim Botânico, está presente a temática de pesquisa cientifica. Assim sendo, a Epagri, de forma alguma, seria um corpo estranho dentro do Jardim, pelo contrario, estaria dentro do programa de necessidades deste.

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Por ultimo, temos um equipamento chamado de Portal da Agricultura Familiar. Em realidade esse tema foi uma recomendação da própria Epagri. Teria como objetivo o de promover a agricultura familiar no estado de Santa Catarina. Este tema foi também acatado pelo meu programa, por considerá-lo estar de acordo com o interesse deste, já que o incentivo da agricultura familiar tem uma relação próxima com sustentabilidade ambiental no campo. Este equipamento teria salas de exposições, espaço para venda de produtos orgânicos, assim como em parceria com o centro de oficinas, poderia oferecer cursos relacionados a programas de agricultura familiar.

Referências

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