• Nenhum resultado encontrado

Malformações em pequenos ruminantes.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Malformações em pequenos ruminantes."

Copied!
56
0
0

Texto

(1)

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CAMPUS DE PATOS – PB

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

JOSÉ RÔMULO SOARES DOS SANTOS

MALFORMAÇÕES EM PEQUENOS RUMINANTES

PATOS-PB 2012

(2)

JOSÉ RÔMULO SOARES DOS SANTOS

MALFORMAÇÕES EM PEQUENOS RUMINANTES

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Campina Grande como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Medicina Veterinária.

Orientador: Prof. Dr. Franklin Riet-Correa

PATOS-PB 2012

(3)

FICHA CATALOGADA NA BIBLIOTECA SETORIAL DO CSTR / UFCG - CAMPUS DE PATOS – PB de acordo com a AACR2

S237c Santos, José Rômulo Soares dos 2012

Malformações em pequenos ruminantes /José Rômulo Soares dos Santos – Patos - PB: CSTR, UPGMV, 2012.

54f.

Inclui bibliografia

Orientador: Franklin Riet-Correa

Tese (Doutorado em Medicina Veterinária – Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Universidade Federal de Campina Grande).

1 – Malformações. 2 – Mutação genética. 3 - Plantas tóxicas. 4 – Pequenos ruminantes. I - Título

CDU: 615.9:619

(4)

JOSÉ RÔMULO SOARES DOS SANTOS

MALFORMAÇÕES EM PEQUENOS RUMINANTES

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Campina Grande como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Medicina Veterinária.

Aprovada em 20/12/2012

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Franklin Riet-Correa - Orientador

Universidade Federal de Campina Grande – Campus de Patos-PB Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária

Prof. Dr. Suedney de Lima Silva

Universidade Federal da Paraíba – Faculdade de Veterinária – Areia-PB

Prof. Dr. Fabio de Souza Mendonça Universidade Federal Rural de Pernambuco Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal

Prof. Dr. Gildenor Xavier Medeiros

Universidade Federal de Campina Grande – Campus de Patos-PB Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária

Prof. Dr. Eldinê Gomes de Miranda Neto

Universidade Federal de Campina Grande – Campus de Patos-PB Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária

(5)

Dedico este trabalho ao professor Franklin Riet Correa Amaral por

semear no semiárido sertanejo paraibano a semente da busca pelo

conhecimento, e que ela brote e floresça entre as cactáceas para o bem maior

que é a saúde animal e a consolidação da Medicina Veterinária.”

(6)

AGRADECIMENTOS

Aos animais fonte de estudo e figuras que devem ser zeladas pelos seres humanos, principalmente pelos médicos veterinários.

A Lucas e Rafaela, anjos amados eternos na minha vida, o meu pedido de perdão por todos esses 8 anos em pós graduação e de tempo que deixei de me dedicar melhor a vocês.

A minha querida Ariana, um anjo que me fez enxergar coisas simples e importantes que poucos dão importância.

Minha eterna gratidão e desculpas pelos transtornos ao grande amigo Flávio, que foi essencial na execução deste trabalho.

Aos Guerreiros Flávio, Sara, Almir e Eldinê, por não medirem esforços na dedicação com o cotidiano do Hospital Veterinário. Gostaria que houvesse mais pessoas tão comprometidas quanto vocês. A Sara, especialmente, pela forma única e idônea de pensar na saúde dos Ruminantes.

Ao professor Gil, exemplo de educador, que me fez enxergar que a educação está além de transmitir conhecimento e elaborar e corrigir provas.

Ao professor Danilo, em nome do qual agradeço a UAMV e o Governo Federal, pela liberação e pelo estimulo na realização desse sonho.

Aos amigos inesquecíveis que fiz no doutorado Fabrício, Luciano, Diego, Allan, Glauco, Eduardo, Lisanka, Talita e Luiza, meu respeito e minha consideração.

A Nevinha e Dal, grandes amigos, em nome dos quais agradeço a todos os funcionários.

A Marta, Bela e Jade, graduandas da Medicina Veterinária, e grandes amigas. Enfim, a todos MUITO OBRIGADO!

(7)

RESUMO

Esta tese inclui uma revisão de literatura e dois artigos. O primeiro capítulo é uma revisão que abrange princípios gerais da teratologia, a epidemiologia, o diagnóstico, a clínica e a patologia das malformações em pequenos ruminantes. No artigo que corresponde ao segundo capítulo, foi estudado a teratogenicidade de Mimosa tenuiflora. Quinze ovelhas, distribuídas em dois grupos foram introduzidas em área invadida pela planta. O Grupo 1, com seis ovelhas prenhes, foi introduzido na área experimental 20 dias após o acasalamento. O Grupo 2, formado por nove ovelhas não prenhes e um carneiro, foi introduzido na área experimental no início do experimento. A cada 15 dias eram realizados exames ultrassonográficos para acompanhamento da gestação. No Grupo 1, três ovelhas abortaram, cada uma um feto sem malformações. Outra ovelha pariu dois cordeiros, um com hiperflexão na articulação inter-falangeana proximal no membro torácico direito e outro sem malformações. Outra ovelha pariu um cordeiro com hiperflexão dos dois membros pélvicos na região da articulação tarso-metatársica. No grupo 2, uma ovelha abortou um feto sem malformações e cinco pariram cordeiros normais. Três das ovelhas desse grupo não emprenharam durante todo o período experimental, mostrando retornos repetidos ao cio, sugerindo perda embrionária. Concluiu-se que M. tenuiflora, além de causar malformações causa, também, mortalidade embrionária e abortos em ovelhas. No terceiro capitulo, o artigo relata os achados clínicos e patológicos de um caprino com lisencefalia e hipoplasia cerebelar. No exame físico, esse caprino de 30 dias, apresentava incoordenação e incapacidade de ficar em pé, decúbito esternal permanente, ataxia, ausência do reflexo de ameaça, tremores de intenção e nistagmo. Após 11 dias de internamento o caprino foi eutanasiado e necropsiado. Na necropsia, o cérebro não apresentava giros e sulcos e o cerebelo estava reduzido de tamanho. Histologicamente, em todo o córtex cerebral, a substância cinzenta estava mais espessa e a substância branca mais fina que o normal. Os neurônios estavam distribuídos de forma aleatória na substância cinzenta. No cerebelo, as camadas estavam desorganizadas, com localização heterotópica das células. Os achados macroscópicos e histológicos são característicos de lisencefalia e hipoplasia cerebelar. Lisencefalia é uma doença rara na medicina veterinária e não tinha sido descrita em caprinos.

Palavras-chave: aborto, malformações congênitas, mortalidade embrionária, mutações gênicas, plantas tóxicas, teratógenos.

(8)

ABSTRACT

This thesis includes a review and two papers. The first chapter is a review about general principles of teratology and epidemiology, diagnosis, clinical signs and pathology of

malformations in small ruminants. The second chapter is a paper that studied the

teratogenicity of Mimosa tenuiflora. Fifteen sheep, divided into two groups, were introduced into an area invaded by the plant. Group 1 consisted of six pregnant ewes that were introduced into the experimental area 20 days after mating. Group 2 consisted of nine non pregnant sheep and a ram introduced into the area at the start of the experiment. Every 15 days each sheep was examined by ultrasound to control pregnancy. In Group 1, three sheep aborted single fetuses without malformations. One sheep delivered two lambs, one with hyperflexion of the proximal inter-phalangeal joint of the right forelimb and another without malformations. Another sheep delivered a lamb with a hyperflexion of both hindlimbs in the region of the tarsal-metatarsal joint. Only one sheep delivered a normal lamb. In Group 2, one sheep aborted a fetus without malformations and five delivered normal lambs. Three sheep of this group returned to estrus repeatedly and did not get pregnant during the mating period, suggesting embryonic loss. It is concluded that M. tenuiflora cause malformations, embryonic mortality and abortion in sheep. In the third chapter, the paper relates a case of lissencephaly

and cerebellar hypoplasia in a goat. The goat presented sternal recumbence, absent menace

response, intention tremors, ataxia, and nystagmus. It was euthanized and necropsied after been hospitalized during eleven days. At necropsy, the surface of the brain was smooth, cerebral sulci and gyri were absent, and the cerebellum was reduced in size. Histologically, in all cerebral cortex, the grey matter was thicker and the white matter was thinner than normal. The neurons were arranged randomly in the grey matter. In the cerebellum, the layers were disorganized and there was heterotopy of the cells. The histologic and gross lesions are characteristic of lissencephaly associated with cerebellar hypoplasia. Lissencephaly is a rare disease in veterinary medicine and had not been reported previously in goats.

Keywords: Abortions, congenital malformations, embryonic mortality, genic mutations, poisonous plants, teratogens.

(9)

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO II

Figura 1. Cordeiro mostrando hiperflexão na articulação inter-falangeana proximal no membro torácico direito, na intoxicação por Mimosa tenuiflora... 41

Figura 2. Cordeiro mostrando hiperflexão dos membros pélvicos na região da articulação tarso-metatársica, na intoxicação por Mimosa tenuiflora... 42

CAPÍTULO III

Figura 1. Caprino com lisencefalia e hipoplasia cerebelar. (A) Vista dorsal mostrando ausência de giros e sulcos na superfície telencefálica e hipoplasia cerebelar. (B) Corte transversal. A substância cinzenta está mais espessa que o normal (paquigiria) e a substância branca mais fina. A substância branca não se invagina na substância cinzenta. (C) Cerebelo mostrando disgênese cortical caracterizada por ninhos de neurônios granulares com raras células de Purkinje na periferia da substância branca (H-E, 10x). (D) Córtex frontal. Uma desorganização dos neurônios corticais é observada na substância cinzenta. Os neurônios estão distribuídos aleatoriamente da camada molecular superficial até a camada cortical mais profunda, sem padrão de organização laminar (H-E, 10x)... 50

(10)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 09

Referências... 10

CAPÍTULO I – Malformações em pequenos ruminantes – Revisão de Literatura 11 Abstract... 12

Resumo... 13

1.Introdução... 13

2.Princípios da teratogenicidade e patogênese geral... 14

3.Etiologia das malformações... 17

3.1 fatores intrínsecos... 17

3.2 fatores extrínsecos... 18

4.Epidemiologia... 25

5.Achados clínicos e patológicos ... 26

6.Diagnóstico... 27

7.Controle e profilaxia... 28

8.Considerações finais... 29

9.Referências... 29

CAPÍTULO II – Malformações, abortos e mortalidade embrionária em ovinos causada pela ingestão de Mimosa tenuiflora (Leguminosae)... 35

Abstract... 36 Resumo... 37 Introdução... 38 Material e Métodos... 38 Resultados... 40 Discussão... 41 Referências... 42

CAPÍTULO III – Lisencefalia e hipoplasia cerebelar em caprino... 45

Abstract... 46

Resumo... 46

Referências... 51

CONCLUSÕES... 54

(11)

INTRODUÇÃO

A exploração de caprinos e ovinos é a principal atividade pecuária no semiárido brasileiro e tem importância cultural e socioeconômica histórica no desenvolvimento da região Nordeste. Os rebanhos caprino e ovino na região nordeste são expressivos, constituindo uma população de 10.160.737 de caprinos e de 6.717.980 ovinos. Muitos entraves existem na pecuária Nordestina: o período de estiagem; a disponibilidade de alimentos e as doenças. Entre os problemas patológicos de pequenos ruminantes, as malformações representam 23% das causas de mortes neonatais em cordeiros (Nóbrega Junior et al. 2005), e 7,62% em cabritos (Medeiros et al. 2005). No Nordeste brasileiro estimam-se perdas anuais de 273.120 cabritos e 259.582 cordeiros por malformações. Esses dados foram estimados considerando 56% de fêmeas em idade de reprodução, uma taxa de natalidade de 1,6 para caprinos e 1,0 para ovinos e 30% de mortalidade perinatal (Riet-Correa et al. 2007). Além da mortalidade perinatal, as anomalias congênitas estão relacionadas à perdas embrionárias e abortos levando a dimuição da eficiência reprodutiva dos rebanhos caprino e ovino e causando perdas econômicas importantes (Dantas et al. 2012).

Individualmente, a maioria das malformações ocorre raramente. Quando aparecem repetidamente em um dado rebanho ou área geográfica tornam-se alvo de investigação. No entanto, boa parte dos defeitos não é relatada e poucos são os registros de sua ocorrência. O estudo das malformações não é simples, principalmente no que se refere ao estudo genético. A falta de informação adequada, a inadequada descrição anátomo-patológica das malformações, a inadequada análise genética e a falha na interpretação dos achados que contribuem para o entendimento e associação entre os processos embriológicos, patológicos e de natureza genética constituem deficiências com relação ao estudo dos defeitos congênitos nos animais domésticos (Leipold et al. 1983).

Devido a essa falta de informação há dificuldade no estudo das anomalias e determinação das possíveis causas, de forma que o diagnóstico é um desafio na prática veterinária. São poucos os dados sobre a ocorrência de defeitos congênitos em pequenos ruminantes no Brasil, a não ser por estudos com Mimosa tenuiflora (Pimentel et al. 2007, Dantas et al. 2012, Santos et al. 2012) e poucos relatos de casos individuais como perossomus elumbis em ovinos (Castro et al. 2008) e epidermólise bolhosa em caprinos (Medeiros 2012). Para diminuir as perdas reprodutivas dos rebanhos caprino e ovino é importante o estudo das malformações.

(12)

Esta tese inclui três capítulos: o primeiro é uma revisão de literatura sobre malformações em pequenos ruminantes; o segundo é um artigo, que se intitula “malformações, abortos e mortalidade embrionária em ovinos causada pela ingestão de Mimosa tenuiflora (Leguminosae)”; e o terceiro é um artigo intitulado “lisencefalia e hipoplasia cerebelar em caprino”.

REFERÊNCIAS

Castro M.B., Szabó M.P.J., Moscardini A.R.C. & Borges J.R.J. 2008. Perosomus elumbis em um cordeiro no Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, 38(1):262-265

Dantas A.F.M., Riet-Correa F., Medeiros R.M.T., Lopes J.R., Gardner D.R., Panter K. & Mota R.A. 2012. Embryonic death in goats caused by the ingestion of Mimosa tenuiflora. Toxicon 59 (5) 555-557.

Leipold, H.W.; Huston, K.; Dennis, S.M. Bovine congenital defects. Advances in Veterinary Science and Comparative Medicine, v. 27, p. 197-271, 1983.

Medeiros J.M., Tabosa I.M., Simões S.V.D., Nóbrega Júnior J.E., Vasconcelos J.S. & Riet-Correa F. 2005. Mortalidade perinatal em caprinos no semi-árido da Paraíba. Pesquisa Veterinária Brasileira. 25(4): 201-206.

Medeiros G.X. Riet-Correa F., Barros S.S., Soares M.P., Dantas A.F.M., Galiza G.J.N., Simões S.V.D., Borges A.S. 2012. Dystrophic epidermolysis bullosa in goats. Journal of Comparative Pathology, In Press, Corrected Proof, Available online 1 November 2012. http://dx.doi.org/10.1016/j.jcpa.2012.09.002.

Nóbrega Júnior J.E., Riet-Correa F., Nóbrega R.S., Medeiros J.M., Vasconcelos J.S., Simões S.V.D. & Tabosa I.M. 2005. Mortalidade perinatal de cordeiros no semi-árido da Paraíba. Pesq. Vet. Bras.. 25(3): 171-178.

Pimentel L.A., Riet Correa F., Gardner D., Panter K.E., Dantas A.F.M., Medeiros R.M.T., Mota R. A. & Araújo J.A.S. 2007. Mimosa tenuiflora as a cause of malformations in ruminants in the Northeastern Brazilian semiarid rangelands. Vet. Pathol. 44(6):928-931. Riet-Correa F., Medeiros R.M.T., Tokarnia C.H. & Döbereiner J. 2007. Toxic plants for

livestock in Brazil: economic impact, toxic species, control measures and public health implications, p.2-14. In: Panter K.E., Wierenga T.L. & Pfister J.A. (ed.). Poisonous plants: global research and solutions. CAB International, Cambridge. EUA.

Santos J.R., Dantas A.F.M. & Riet-Correa F. 2012. Malformações, abortos e mortalidade embrionária em ovinos causada pela ingestão de Mimosa tenuiflora (Leguminosae). Pesq. Vet. Bras. 32(11):1103-1106.

(13)

CAPÍTULO I

Malformações em pequenos ruminantes - Revisão de Literatura

O presente trabalho foi formatado, segundo as normas da revista Pesquisa Veterinária Brasileira (Anexo 2).

(14)

Malformações em pequenos ruminantes. Revisão de literatura1

José Rômulo Soares dos Santos2 e Franklin Riet-Correa2

ABSTRACT. Santos J.R.S., & Riet-Correa F. 2012. [Malformations in small ruminants. Review.] Malformações em pequenos ruminantes. Revisão de literatura. Pesquisa Veterinária Brasileira 00(0):00-00. Hospital Veterinário, CSTR, Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos, 58708-110 Patos, PB, Brazil. E-mail: franklin.riet@pq.cnpq.br

In this paper the general pathogenesis, etiology, epidemiology, clinical signs, pathology, diagnosis and control of malformations in sheep and goats are reviewed. Congenital malformations can be defined as any morphologic or functional defect of an organ or system at birth. These malformations can occur during the development of the embryo or the fetus. Their origin can be intrinsic (chromosomic or genic alterations) or extrinsic (infectious, physical or chemical agents). The frequency of congenital malformations in sheep and goats is variable depending on the causal agents involved (hereditary or environmental), breeds, geographical areas, and season of occurrence. When malformations occur as outbreaks, it is possible that the cause is non-hereditary and when it occurs sporadically, can be inherited. Besides the epidemiology, the clinical signs and the pathology aid in the diagnosis. All organs and systems are susceptible to malformations, but the musculoskeletal system, nervous system and urogenital system are more frequently involved. The lack of information is the main obstacle in diagnosis of the causes of congenital malformations, especially sporadic malformations, which in most cases are not reported. In Brazil, there are few data on the occurrence of congenital defects in small ruminants, especially goats, except for studies with Mimosa tenuiflora and few individual case reports as perossomus elumbis in sheep and epidermolysis bullosa in goats. To report the malformations associated with a detailed epidemiological investigation is important for the identification of the causes and to allow their control.

INDEX TERMS: Congenital malformations, genic mutation, poisoning plants, teratology.

      

1 Enviado para publicação em…..

Aceito em ...

2 Hospital Veterinário, Centro de Saúde e Tecnologia Rural (CSTR), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus de Patos, 58708-110 Patos, PB, Brasil. *Autor para correspondência: franklin.riet@pq.cnpq.br 

(15)

RESUMO. Neste trabalho é realizada uma revisão da etiologia, epidemiologia, patogenia, sinais clínicos, patologia, diagnóstico e controle das malformações em caprinos e ovinos. Malformações congênitas podem ser definidas como todo defeito morfológico ou funcional em um órgão ou sistema presente ao nascimento. Esses defeitos podem ocorrer nas fases de desenvolvimento embrionário ou fetal podendo ser de origem intrínseca (alterações cromossômicas ou genicas) ou extrínseca (agentes infecciosos, físicos e químicos). A frequência das malformações congênitas em caprinos e ovinos é variável, dependendo dos agentes causais envolvidos (hereditária ou ambiental), das raças, áreas geográficas e estação do ano. Quando malformações ocorrem em forma de surtos, suspeita-se que a origem é não-hereditária e quando ocorre de forma esporádica, pode ser de origem não-hereditária. Além da epidemiologia, os achados clínicos patológicos dão suporte para o diagnóstico. Qualquer sistema ou órgão é susceptível à ocorrência de malformações, mas os sistemas músculo-esquelético, sistema nervoso e o sistema urogenital são mais frequentemente envolvidos. A falta de informação é o principal entrave no rastreamento das possíveis causas das malformações congênitas, principalmente as malformações esporádicas, que na maioria das vezes não são relatadas. No Brasil, há poucos dados sobre a ocorrência de defeitos congênitos em pequenos ruminantes, principalmente caprinos, a não ser por estudos com Mimosa tenuiflora e poucos relatos de casos individuais como perossomus elumbis em ovinos e epidermólise bolhosa em caprinos. O relato do aparecimento de malformações associada a uma detalhada investigação epidemiológica é fundamental para a identificação das causas das malformações e permite a tomada de medidas eficientes para o seu controle.

TERMOS DE INDEXAÇÃO: Malformações congênitas, teratologia, mutação gênica, plantas tóxicas.

1. INTRODUÇÃO

Na antiguidade, acreditava-se que influências extrínsecas como “maus espíritos” ou dietas podiam influenciar sobre desenvolvimento embriológico dos seres humanos e animais. No século XIX, Etienne Geoffroy de Saint Hilaire estudou anomalias e criou o termo teratologia. Na Europa, entre os anos 1950 e 1960, a teratologia ganhou atenção da comunidade científica mundial devido aos efeitos deletérios da hipovitaminose A em embriões de ratos e porcos e aos efeitos da talidomida, um sedativo utilizado durante a gravidez em seres humanos, que resultou em malformações de membros em recém-nascidos. Até então, os defeitos congênitos eram, na sua grande maioria, atribuídos a herança genética e a partir daí, a teratologia se

(16)

estabeleceu como ciência ligada à embriologia (Leipold et al. 1983, Sinowartz 2010). Hoje, malformações congênitas são definidas como todo defeito morfológico estrutural ou funcional na constituição de algum órgão ou sistema presente ao nascimento. Esses defeitos podem ocorrer nas fases de desenvolvimento embrionário ou fetal e podem ser de origem intrinseca (alterações cromossômicas ou genéticas) ou extrínseca (agentes infecciosos, físicos e químicos) (Sinowarts 2010). Podem ser letais, semiletais ou compatíveis com a vida (Leipold et al. 1983).

2. PRINCÍPIOS DA TERATOGENICIDADE E PATOGÊNESE GERAL

A patogênese dos defeitos congênitos é pouco entendida, mas é evidente que cada doença ocasionada por um agente teratogênico específico ou gene tem sua própria patogênese. Seis princípios regem a teratologia:

2.1. O GENÓTIPO DETERMINA A SUSCEPTIBILIDADE

A herança genética não é responsável por induzir uma malformação causada por um teratógeno, mas existe uma considerável variação na suscetibilidade a teratógenos entre genótipos. Em animais domésticos, o tipo e a incidência das malformações variam entre espécies e entre raças. Por exemplo, ovelhas prenhes são mais resistentes aos efeitos teratogênicos da Conium maculatum do que vacas (Keeler 1984).

2.2. O TERATÓGENO DEVE CHEGAR AO CONCEPTO

Todos os produtos químicos livres no plasma materno tem acesso ao concepto através da placenta (Keeler 1984, McEvoy et al. 2001).

2.3. AS MALFORMAÇÕES INDUZIDAS PELOS TERATÓGENOS SÃO DOSE-DEPENDENTE

O efeito teratogênico é dose-dependente e a incidência, o tipo e a severidade da malformação dependem da composição do principio ativo, do estágio da gestação em que ocorre a ingestão e da quantidade do teratógeno ingerido (Panter et al. 1998, McEvoy et al. 2001, Welch et al. 2011). Fatores que determinam a dose de teratógenos que chegam ao concepto incluem: a quantidade do princípio ingerido; a quantidade resultante da degradação no rúmen e intestino; a quantidade absorvida na circulação materna; a quantidade resultante do metabolismo; a quantidade que passa a placenta e atinge a circulação do concepto; a quantidade que atinge o local do insulto; e o período gestacional.

(17)

2.4. UM TERATÓGENO PODE PRODUZIR MORTE AO INVÉS DE MALFORMAÇÕES

A alta incidência de abortos e reabsorção embrionária podem sinalizar problemas com princípios teratogênicos. Princípios ativos teratogênicos ingeridos em altas doses durante a gestação podem resultar em embrioletalidade ou mortalidade fetal (Keeler 1984, Panter et al. 1994, Bernardi 2002, Welch et al. 2011). Quando a embrioletalidade ocorre até a fase de implantação, em torno do 16º dia, é dita mortalidade embrionária precoce, aqui o ciclo estral não é afetado, podendo o animal ter cios repetidos e não emprenhar. Quando a embrioletalidade ocorre entre a fase de implantação e o 34º dia em ovinos e 35º dia em caprinos, período em que termina a organogênese, é dita mortalidade embrionária tardia e há alteração no ciclo estral. Quando há mortalidade fetal, segue-se o aborto. Algumas plantas como Astragallus spp. e Oxytropis spp., além de causar deformações podem causar, também, morte fetal e aborto em caprinos e ovinos (Panter et al. 1994).

2.5. O CONCEPTO DEVE SER EXPOSTO NO PERÍODO DE DESENVOLVIMENTO EM QUE É SUSCEPTÍVEL

O embrião em desenvolvimento consiste em grupos de células que estão em crescimento e se diferenciam em diferentes taxas ao longo de períodos de tempo diferentes, mas de uma forma estritamente controlada e sequencial. Portanto, um dos princípios mais importantes da teratologia é que a susceptibilidade a um teratógeno varia de acordo com o estágio de desenvolvimento do embrião ou feto, no momento da exposição (Keeler 1984, McEvoy et al. 2001). Para um teratógeno produzir uma malformação especifica, ele deve exercer sua influência em determinado momento da gestação. A susceptibilidade aos agentes ambientais ou genéticos diminui com o avanço da idade do feto (Sinowartz 2010). Nem todos os teratógenos atuam na mesma fase de desenvolvimento. Alguns são prejudiciais, apenas, em um estágio inicial de desenvolvimento. A Veratrum californicum é um exemplo bem conhecido; quando ingerida durante uma janela embriológica (no 14° dia de gestação) causa ciclopia em cordeiros (Welch et al. 2011). Outros teratógenos afetam estádios de desenvolvimento tardios como a tetraciclina, por exemplo, que causa manchas nos dentes e outras estruturas ósseas após esses tecidos rígidos terem se formado (Sinowartz 2010).

Nas primeiras semanas até a implantação do embrião, em torno do 16º dia de gestação, insultos normalmente não resultam em defeito no desenvolvimento. As malformações aqui são de origem intrínseca (mutação genica ou cromossômica) e vem desde a fase de zigoto.

(18)

Nesse período o embrião é mais resistente a agentes teratogênicos. Agentes que perturbam a fase de clivagem podem comprometer os estágios de mórula ou de blastocisto, ou interferirem com a aposição normal do concepto à mucosa uterina, afetando a implantação do embrião na mesma e podendo induzir embrioletalidade e perda embrionária precoce (Sinowatz 2010, McEvoy et al. 2001).

Em ovinos, o período de suscetibilidade máxima às malformações começa quando a organogênese é iniciada, entre o 16º e o 34° dias dia de gestação (Robinson 1951) e entre o 16º e 35º dia em caprinos, quando começa a fase fetal (Panter et al. 1990, Sinowatz 2010).

Os sistemas nervoso, esquelético e urogenital e os órgãos dos sentidos apresentam um período de susceptibilidade maior, estendendo-se da organogênese à fase fetal (Bernardi 2002, Schild 2007, Sinowarts 2010). Na fase fetal, algumas estruturas que sofreram diferenciação normal sofrem deformações (Bernardi 2002). A artrogripose e a fenda palatina são tipos de deformações que resultam da intoxicação por certos alcaloides, que produzem redução nos movimentos fetais. Normalmente, os movimentos fetais são de flexão e extensão da cabeça, do pescoço e dos membros. O movimento fetal restrito dos membros resulta na fixação artrogripótica e a pressão da língua no palato duro, quando o pescoço fica em uma posição constantemente fletida, inibe o fechamento do palato (Panter et al. 1987, Panter et al. 1990). Os primeiros movimentos fetais ocorrem normalmente a partir do 34º e 35º dia de gestação em ovinos e caprinos, respectivamente, o que coincide com o final do período embrionário e início do período fetal. Entre os 38 e 40 dias de gestação em caprinos deveria ocorrer a fusão do palato (Panter et al. 1990). Além do período de exposição, deve-se levar em consideração o grau de lesão produzido pelo agente teratogênico. Um determinado teratógeno pode levar a diferentes graus de anormalidades, dependendo do período de organogênese em que o animal for exposto e da lesão produzida (Panter et al. 1998, Welch et al. 2011).

2.6. TERATÓGENOS EXERCEM SEUS EFEITOS POR MECANISMOS ESPECÍFICOS

Teratógenos diferentes podem induzir o mesmo defeito metabólico provocando assim deformidades similares. Por exemplo, o alcalóide quinolizidínico anagirina, em Lupinus spp., e o alcalóide piperidínico coniina, em Conium maculatum, provocam malformações ósseas semelhantes, como artrogripose e fenda palatina, em fetos caprinos e ovinos (Keeler 1984).

(19)

3. ETIOLOGIA DAS MALFORMAÇÕES

As malformações congênitas ocorrem em consequência de fatores intrínsecos (genéticos) ou extrínsecos (infecciosos, tóxicos e mecânicos) ou pela interação de ambos, agindo em um ou mais estágios do desenvolvimento fetal. Além disso, muitas malformações ocorrem de forma esporádica sem causa conhecida (Radostitis et al. 2007, Schild 2007, Sinowartz 2010). Os agentes que conhecidamente causam defeitos congênitos são apresentadas a seguir:

3.1 FATORES INTRÍNSECOS

As malformações genéticas podem resultar em amplo espectro de distúrbios que pode variar de malformações graves até a presença de distúrbios metabólicos em animais que podem ter nascido aparentemente normais, mas que desenvolvem mais tarde o defeito, como doenças do armazenamento (Radostitis et al. 2007, Smith & Sherman 2009).

O desenvolvimento normal é controlado por uma interação entre o genoma de um embrião e seu ambiente. A susceptibilidade a um teratógeno depende do genótipo do embrião e do modo como interage com fatores ambientais adversos. Isso é melhor explicado pela diferença na susceptibilidade entre genótipos. Um exemplo, já mencionado, é a diferença na susceptibilidade a Conium maculatum entre ovinos e bovinos (Keeler 1984). Além disso, diferenças na susceptibilidade a teratógenos têm sido encontrados em diferentes linhagens de determinadas espécies (Sinowarts 2010).

Malformações de origem genética são decorrentes de mutações, ou seja, modificações do DNA. Modificações que alteram os cromossomos são denominadas mutações cromossômicas. Antes da fase de implantação, o embrião é resistente à agentes teratogênicos, mas susceptível a aberrações cromossômicas e mutações genicas. Se as modificações ocorrem num loco gênico específico, alterando uma ou mais bases do gene, elas são denominadas mutações gênicas. As mutações podem ocorrer em qualquer célula, tanto em células da linhagem germinativa como em células somáticas. No entanto, apenas as mutações nas células germinativas podem passar de uma geração à seguinte, sendo, portanto, as responsáveis pelas doenças hereditárias (Thompson et al. 1993, Thompson et al. 2008).

3.1.1. MUTAÇÕES CROMOSSÔMICAS

As mutações cromossômicas são geralmente associadas com malformações múltiplas. Alterações cromossômicas podem decorrer de mudanças quantitativas no número de cromossomos (poliploidia ou aneuploidia), decorrentes de falha durante a mitose e/ou meiose. Radiações e teratógenos químicos podem causar quebras e deleções na estrutura dos

(20)

cromossomos. A importância da anormalidade cromossômica nos defeitos congênitos em animais pecuários não tem sido estudada extensamente (Mine 2000, Otto 2006, Radostitis et al. 2007, Schild 2007).

3.1.2. MUTAÇÃO GÊNICA

A maioria dos defeitos congênitos hereditários conhecidos é transmitida por genes recessivos autossômicos, que resultam no nascimento de animais malformados, cujos progenitores são normais. Os genes recessivos são a mais importante forma de transmissão hereditária de enfermidades. Estes genes são transmitidos de geração em geração pelos indivíduos heterozigotos e, deste modo, perpetuam-se nas raças das diferentes espécies animais (Radostitis et al. 2007, Schild 2007).

Os genes dominantes manifestam-se na primeira geração, em cruzamentos de animais portadores heterozigotos com indivíduos homozigotos normais, sendo que as enfermidades transmitidas desta forma são mais facilmente controladas. Genes dominantes ou recessivos podem apresentar penetrância e/ou expressividade variável. No caso de penetrância incompleta o número de animais com a malformação é menor do que o número esperado de animais afetados, portanto, há animais que têm o gene dominante ou são homozigotos para genes recessivos e não evidenciam a malformação. Na expressividade variada o fenótipo dos indivíduos apresenta graus diferentes da malformação, podendo haver, inclusive, casos subclínicos. Outras formas de transmissão hereditária estão representadas pela sobredominância e pela herança poligênica. A herança por sobredominância resulta em: indivíduos normais, com malformação e portadores que não apresentam o defeito e têm fenótipo superior para características produtivas (neste caso há risco de que sejam utilizados como reprodutores). A herança poligênica caracteriza-se por defeitos transmitidos por vários pares de genes (Mine 2000, Otto 2006, Radostitis et al. 2007, Schild 2007, Banerjee 2010).

3.2 FATORES EXTRÍNSECOS

Dentre os fatores ambientais que podem causar defeitos congênitos destacam-se fatores físico-mecânicos, deficiência nutricional, infecções virais e intoxicações por fármacos e plantas. O feto é um indicador biológico sensível da presença de algumas influências nocivas no meio ambiente. Defeitos de origem genética ocorrem de forma esporádica e defeitos congênitos não hereditários que ocorrem como surtos, levam a suspeitar de uma possível origem infecciosa ou tóxica (Delatour 1983, Keeler 1984). Quando os defeitos ocorrem em forma de surtos, repetidamente, há um considerável interesse devido às perdas

(21)

econômicas que estão envolvidas com esse problema. A susceptibilidade a teratógenos é maior no período de organogênese e diminui com a idade fetal e o tipo de lesão vai depender da natureza e gravidade (tamanho da dose e duração da aplicação) do estímulo nocivo (Keeler 1984, Panter et al. 1990).

3.2.1. FATORES FÍSICO-MECÂNICOS

Anomalias comuns como luxações de quadril e deformações do crânio têm sido atribuídas a fatores mecânicos que impõem uma pressão intra-uterina anormal sobre o feto. Este fenômeno é muitas vezes relacionado à uma quantidade reduzida de fluido na cavidade amniótica ou à malformações uterinas na mãe (Radostitis et al. 2007).

A radiação ionizante é um potente teratógeno em todas as espécies. A resposta depende da dose e fase de desenvolvimento em que o embrião é exposto à radiação. Embora a dose de radiação ionizante, em um exame de raios-X de diagnóstico, seja mínima, deve-se evitar em fêmeas grávidas por causar quebras das cadeias de ADN e mutações. A radiação ionizante tem sido associada a uma variedade de defeitos congênitos, incluindo microcefalia, fenda palatina, malformações esqueléticas e anomalias do sistema nervoso (Sinowarts 2010).

A hipertermia também é capaz de induzir defeitos congênitos nas diversas espécies animais. A indução experimental de hipertermia em gestantes acarreta deformidades congênitas, o que não parece ter equivalente de ocorrência natural. As anormalidades mais graves ocorrem após a exposição no inicio da gestação (18-25 dias em ovelhas). As malformações vistas são artrogripose e atrofia dos membros de cordeiros. A hipertermia em ovelhas, entre o 30° e o 80° dia de gestação, causa retardo no crescimento fetal (Radostitis et al. 2007).

3.2.2. FATORES NUTRICIONAIS

Há muitos defeitos congênitos em animais que, reconhecidamente, são causados por deficiências de nutrientes específicos na alimentação da mãe. Na deficiência de iodo, o bócio e o aumento na mortalidade neonatal ocorrem em todas as espécies. A deficiência pode ser também devido à deficiência primária ou induzida por nitrato ou pela ingestão de Brassica spp. A ataxia enzoótica dos cordeiros ocorre tanto por uma deficiência primária de cobre quanto por uma deficiência secundária, em que a disponibilidade de cobre é comprometida por outros minerais como molibdênio, enxofre e ferro. Na hipovitaminose D, ocorre raquitismo neonatal (Radostitis et al. 2007).

(22)

A deficiência congênita de cobalto é referida como redutora do vigor em cordeiros ao nascimento e como causa de aumento da mortalidade perinatal devido a um defeito na função imunológica. A má nutrição materna pode resultar em aumento da mortalidade neonatal e deve ser suspeitada como gênese de deformidades (Radostitis et al. 2007).

3.2.3. AGENTES INFECCIOSOS

Vários vírus causam malformações em caprinos e ovinos. A teratogênese viral depende da penetração e replicação do vírus, da fase de gestação em que a infecção ocorre, da patogenicidade do vírus (por exemplo: cepas do vírus da diarreia viral bovina citopatogênicas versus não-citopatogênicas) e do estado imunológico do feto no momento da infecção. As infecções virais podem causar morte pré-natal, nascimento de neonatos inviáveis portadores de malformações ou nascimento de neonatos viáveis, mas com crescimento retardado ou função anormal (cegueira). A idade gestacional no momento da infecção é a principal influência. Durante o início de desenvolvimento, a zona pelúcida funciona como uma barreira contra infecções virais, mas quando ela se rompe no blastocisto, os embriões tornam-se vulneráveis à infecção viral. A barreira placentária previne infecções virais em algum grau, mas muitos vírus podem atravessá-la. Portanto, infecções virais maternas em estágios críticos do desenvolvimento podem ser uma causa grave de malformações (Sinowarts 2010).

O Virus Akabane ao infectar ovelhas e cabras prenhes pode causar malformações nos conceptos, podendo causar artrogripose, microencefalia e hidrocefalia. Em ovelhas, a susceptibilidade para os defeitos congênitos é maior entre 30 e 50 dias de gestação (Kurogi et al. 1977, Pugh 2002, Smith & Sherman 2009). O vírus do Vale Cachê é conhecido por causar malformações similares às provocadas pelo vírus Akabane em cordeiros. O período de susceptibilidade para os defeitos congênitos situa-se entre 36 e 45 dias de gestação (Radostitis et al. 2007). Infecções com o vírus Wesselsbron e o vírus da Febre do Vale Rift são relatadas como causadoras de anomalias do sistema nervoso central em ovinos (Pugh 2002, Radostitis et al. 2007, Smith & Sherman 2009).

Na infecção natural em ovelhas pelo vírus da língua azul (entre o 50° e o 80° dia de gestação) pode ocorrer morte e reabsorção fetais, ou nascimento de animais mortos ou enfraquecidos, e, ainda, hidrocefalia ou hidranencefalia, bem como, artrogripose. Vacinação em ovelhas com vírus atenuado entre o 35º e o 45º dia de gestação provoca elevada prevalência de porencefalia nos cordeiros. Defeitos similares podem ser produzidos pelo vírus Chuzan e Aino (Osburn 1972, Pugh 2002, Tsuda et al. 2004, Smith & Sherman 2009)

(23)

A infecção pelo vírus da enfermidade da fronteira entre o 16 e o 90º dia de gestação das ovelhas, pode resultar em morte embrionária precoce, aborto, natimortos e nascimento de cordeiros defeituosos ou pequenos e fracos, com crescimento retardado e nascimento de cordeiros persistentemente infectados ou cordeiros com hipomielinogênese, hidranencefalia e displasia cerebelar (Sawyer et al. 1991, Pugh 2002, Smith & Sherman 2009)

3.2.4. FATORES QUÍMICOS

Dentre os fatores ambientais que podem causar defeitos congênitos destacam-se as intoxicações por plantas e por fármacos (Delatour 1983). Qualquer substância química que tem o potencial de alterar a função celular, ou que é citotóxica tem potencial teratogênico. Os mecanismos que levam à teratogênese podem variar desde a inibição de sistemas de enzimas específicas (por exemplo anidrase carbônica) à interferência com o metabolismo do ADN (Sinowartz 2010). Por exemplo, os alcalóides esteroidais presentes na V. californicum (Keeler 1978, Panter et al. 1994) interferem no desenvolvimento do tubo neural, afetando as células do neuroepitélio embrionário que secretam catecolaminas. A inibição da liberação de catecolaminas interrompe a migração normal e o desenvolvimento das células embrionárias, causando ciclopia (Sim et al. 1985). Contudo o mecanismo de muitos teratógenos é desconhecido (Sinowartz 2010).

Várias drogas terapêuticas, em níveis de exposição definidas e em estágios críticos de desenvolvimento, podem também ser potencialmente teratogênicas. Alguns benzimidazóis (parabendazol, cambendazol, oxfendazol, netobimina) são teratogênicos importantes para ovinos, causando anormalidade esquelética, renal e vascular, quando administrados entre o 14° e o 24° dia de gestação (Pugh 2002, Radostitis et al. 2007). Outras drogas como cortisona, estradiol, bismuto, selênio e sulfonamidas podem, também, induzir o aparecimento de malformações congênitas (Delatour 1983).

A concentração de determinadas drogas e seu potencial teratogênico para determinadas espécies, ainda não está claro. Por exemplo, a talidomida é altamente teratogênica em humanos, coelhos, e primatas, mas não em roedores de laboratório. A utilização de alguns antibióticos durante a gravidez tem sido associada com defeitos congênitos, a estreptomicina em dose alta pode resultar em surdez do ouvido interno; a tetraciclina pode atravessar a barreira placentária e causar amarelamento dos dentes e, em doses elevadas, interferir com a formação de esmalte, quando administrada no final gestação (Sinowartz 2010).

(24)

Os defeitos congênitos podem ser causados, também, pela ingestão, durante a gestação, de plantas tóxicas como: Veratrum californicum, Lupinus spp., Conium maculatum, Nicotiana spp., Astragalus spp., Oxytropis spp., Trachymene spp., e Mimosa tenuiflora (Keeler 1984, Panter et al. 2000, 1994, Cheeke, 1998, Gardner et al. 1998, James et al. 2004, Pimentel et al. 2007). Algumas dessas plantas contêm como princípio tóxico alcalóides esteroidais, quinolizidínicos ou piperidínicos, que tem efeito teratógeno (Keeler 1984, Panter et al. 1994, Gardner et al. 1998).

A Veratrum californicum está relacionada ao aparecimento de ciclopia congênita e deformidade do crânio de cordeiros quando ingerida no 14º dia de gestação por ovelhas, com anormalidades de membros se ingerida entre o 27º e o 32° dia de gestação e com estenose traqueal se ingerida entre o 31° e o 33° dia de gestação (Panter et al. 1994). Também é descita como tóxica em caprinos, bovinos (Gardner et al. 1998), coelhos, hamsters, ratos e camundongos (Keeler 1984). Essa planta contém alcalóides esteroidais: ciclopamina, cicloposina e jervina. Desses três, ciclopamina é o que apresenta maior concentração na planta (Keeler 1978, Panter et al. 1994). Esses compostos além de serem responsáveis por malformações congênitas também causam perdas embrionárias em ovelhas. Quando V. californicum é ingerido por ovelhas prenhes entre 14º e 21º dias de gestação, poderá ocorrer alta incidência de morte embrionária e reabsorção (Panter et al. 1994, Gardner et al. 1998). Em ovelhas prenhes que se alimentam da planta entre 27 e 41 dias de gestação, a frequência de mortalidade embrionária diminui, mas pode ocorrer alta incidência de perdas neonatais, especificamente entre os dias 27 e 33 de prenhez (Keeler et al. 1985). Além de interferir nas células do neuroepitélio embrionário que secretam catecolaminas e inibir a migração normal e o desenvolvimento das células embrionárias, a jervina de V. californicum interfere no metabolismo das cartilagens, responsável pela estenose traqueal e encurtamento dos ossos metacarpo, metatarso e tíbia, comprometendo o desenvolvimento dos precursores condrogênicos no desenvolvimento dos condrócitos (Campbell et al. 1987).

No gênero Lupinus, alguns alcalóides como os quinolizidínicos (anagirina) e piperidínicos (amodendrina) são responsáveis pela ação teratogênica em bovinos (Keeler 1984). L. formosus contém alta concentração de amodendrina e é responsável por causar malformações esqueléticas acentuadas e fenda palatina em bovinos, caprinos e possivelmente em ovinos (Panter et al. 1990). Essa substância tem potencial teratogênico maior que a anagirina, que causa malformações ósseas (doença do bezerro torto) (Keeler 1976). Esses alcalóides produzem redução nos movimentos fetais, desencadeando malformações ósseas nos animais susceptíveis, como foi comprovado em cabras prenhes (Panter et al. 1990). Os

(25)

animais podem apresentar flexão ou hiperextensão dos membros e coluna vertebral e anormalidades secundárias das costelas. A intoxicação em ovelhas ou cabras quando ingerem Lupinus spp., entre 30 a 60 dias de gestação, pode resultar em múltiplas contraturas congênitas (artrogripose, escoliose, xifose, lordose e fenda palatina). O aparecimento de fenda palatina foi descrito em caprinos e ovinos que ingeriram Lupinus spp entre 35 e 41 dias de gestação (Panter & Keeler 1992).

A Conium maculatum contém alcaloides piperidínicos (Keeler 1984), dos quais, coniina, y-coniceína e n-metilconiína são conhecidos por serem teratogênicos para suínos, bovinos, ovinos e caprinos (Keeler et al. 1980, Panter et al. 1990). Ovelhas prenhes são mais resistentes aos efeitos teratogênicos da C. maculatum do que bovinos (Keeler 1984). A administração de C. maculatum fresco, contendo y-coniceína, para ovelhas ou cabras prenhes resulta em efeitos tóxicos e teratogênicos (Keeler et al. 1980). Quando ingerido por ovelhas no período de 30 a 60 dias de gestação causa artrogripose, escoliose, torcicolo e fenda palatina. A infusão dos alcaloides puros, y-coniceína e n-metilconiína, dentro da vesícula amniótica de cabras causa intoxicação e morte fetal em alguns casos. Quando a infusão ocorre entre 35 e 41 dias de gestação verificam-se severos defeitos esqueléticos e fenda palatina em caprinos. Os níveis tóxicos de y-coniceína e n-metilconiína aparentemente podem perdurar de forma crescente na circulação fetal até o 50º dia de gestação, cerca de 10 dias após o final da administração. Isso sugere que a ingestão de C. maculatum em um único dia ou por alguns dias pode expor o feto a dosagens suficientes para a intoxicação, mesmo que já tenha passado o período de maior susceptibilidade, desencadeando malformações (Panter & Keeler 1992).

A nicotina encontrada em Nicotiana spp. foi discutida como possível teratógeno, entretanto, Keeler et al. (1984) demonstraram que as malformações esqueléticas eram devidas ao alcalóide piperidínico, anabasina, extraído em concentrações elevadas de N. glauca e nos talos da N. tabacum. A ingestão de N. glauca por ovelhas e cabras prenhes causa fenda palatina e malformações esqueléticas. Quando é ingerida durante o período de 37 a 39 dias em ovelhas e 34 a 41 dias de gestação em cabras, pode resultar em morte e reabsorção embrionárias (Panter et al. 2000). A fenda palatina ocorre entre 35 e 41 dias de gestação em cabras prenhes e possivelmente as malformações esqueléticas ocorram entre os dias 40 e 60 de gestação (Panter e Keeler 1992).

Astragalus spp. e Oxytropis spp. (locoweeds) são plantas conhecidas por serem teratogênicas, mas seu principio tóxico ainda permanece desconhecido. O alcaloide indolizidínico swainsonina presente nesses gêneros é responsável por uma doença do armazenamento de oligossacarídeos conhecida por locoism em ovinos, bovinos e equinos,

(26)

mas não tem sido demonstrado que esse alcaloide apresenta efeitos teratogênicos, responsável pelo aborto e malformações (Panter et al. 1994, Gardner et al. 1998, Cook et al. 2009). As principais malformações observadas em ovinos que ingerem algumas espécies de Astragalus e Oxytropis são rotação lateral dos membros torácicos, contração de tendões, flexura e hipermobilidade de cartilagens e flexão do carpo. Muitos cordeiros recuperam-se dessas alterações parcialmente (James et al. 1967). Algumas espécies além de causar deformidades podem causar embrioletalidade e abortos (Keeler 1984, Panter et al. 1994).

Trachymene spp. causam uma condição em ovinos denominada de “cordeiros das pernas curvadas”. Trachymene cyanantha e Trachymene ochracea, nativas da Austrália, apresentam ação teratogênica para ovinos, causando um crescimento desigual das placas epifisárias durante a fase fetal. Mas pode ocorrer também intoxicação de neonatos que ingeriram leite de ovelhas. Quando ovelhas ingerem a planta após o 35º dia de gestação ocorre malformações dos membros dos cordeiros. Os animais apresentam principalmente malformações dos membros torácicos tais como desvio, deformações e desgaste irregular dos cascos dos membros afetados (Dowling & Mckenzie 1993). O princípio tóxico responsável pelas malformações é desconhecido (Keeler 1984).

No Nordeste brasileiro, a jurema preta (Mimosa tenuiflora) causa malformações em caprinos (Pimentel et al. 2007) e ovinos (Santos et al. 2012). Pimentel et al (2007) testaram os efeitos do consumo de M. tenuiflora durante todo o período gestacional em cabras e verificaram malformações em 75% das crias, encontrando queilosquise, opacidade de córnea, dermóide ocular, estenose segmentar do cólon e escoliose. Medeiros et al (2008) demonstraram o efeito teratogênico da M. tenuiflora ao reproduzir malformações em 84% dos filhotes de ratas que receberam ração contendo 10% de sementes, entre 6o e o 21o dia de gestação. Os autores encontraram defeitos como fenda palatina, escoliose, esterno bífido, aplasia de esternebras, hipoplasia do osso nasal, etc. Além de malformações, M. tenuiflora é descrita como causa de mortalidade embrionária em caprinos (Dantas et al. 2012) e ovinos (Santos et al. 2012). O princípio ativo de M. tenuiflora é, ainda, desconhecido, mas alcaloides derivados da triptamina foram isolados em folhas e sementes (Gardner et al. 2011). O período de gestação, no qual ocorre a ação da planta e as malformações não é conhecido, mas acredita-se que a época de maior susceptibilidade seja durante os primeiros 60 dias de gestação (Riet-Correa et al. 2009).

(27)

4. EPIDEMIOLOGIA

A frequência das malformações congênitas não tem uma proporção fixa uma vez que podem ser causadas por diferentes agentes (hereditários ou ambientais) e pode variar entre as raças, áreas geográficas e estações do ano. Malformações hereditárias ocorrem de forma esporádica (Dennis & Leipold 1972); enquanto que as malformações não hereditárias podem ocorrer como surtos, devendo ser levado em consideração uma possível origem infecciosa ou tóxica (Delatour 1983, Keeler 1984). Quando as malformações ocorrem em formas de surto, repetidamente, em um dado rebanho ou área geográfica, há um considerável interesse em se investigar a causa, devido às perdas econômicas que estão envolvidas. Pelo contrário, boa parte das malformações que ocorrem, individualmente, de forma esporádica, acabam não sendo estudadas (Radostitis et al. 2007, Schild 2007, Sinowartz 2010). Além disso, muitos defeitos são identificados apenas durante a necropsia, que nem sempre é realizada em animais a campo, tornando ainda mais complicado o estudo da frequência das malformações (Marcolongo-Pereira et al. 2010).

A falta de informações adequadas, a inadequada descrição anátomo-patológica, a inadequada análise genética e a falha na interpretação dos achados que contribuem para o entendimento e associação entre os processos embriológicos, patológicos e hereditários constituem deficiências com relação ao estudo dos defeitos congênitos nos animais domésticos (Leipold et al. 1983). Devido a essa falta de informação há dificuldade no estudo dessas anomalias e da determinação das possíveis causas, de forma que o diagnóstico é um desafio na prática veterinária. No Brasil, são poucos os dados sobre a ocorrência de defeitos congênitos em pequenos ruminantes, principalmente caprinos, a não ser por estudos com Mimosa tenuiflora (Pimentel et al. 2007, Dantas et al. 2012, Santos et al 2012) e poucos relatos de casos individuais, como perossomus elumbis em ovinos (Castro et al. 2008), ou coletivos, como epidermólise bolhosa em caprinos (Medeiros et al. 2012).

A frequência de malformações congênitas é estimada entre 0,2% e 2% dos ovinos nascidos (Schild 2007). Em levantamento realizado em ovinos nos Estados Unidos de um total de 21.031 cordeiros da raça Rambouillet nascidos, foram observados 26 animais defeituosos em um período de 15 anos. Neste trabalho os autores concluíram que a ocorrência de 4,2% de natimortos e 3% de aborto foram as causas de perdas econômicas mais importantes (Saperstein et al. 1975). Em outro estudo, de 4.408 nascimentos de cordeiros, 1,6% apresentavam defeitos congênitos graves (Hughes et al. 1972).

No Rio Grande do Sul é observada uma taxa de prevalência de 0,5% de malformações congênitas em ovinos, incluindo as malformações esporádicas, as enfermidades hereditárias e

(28)

os defeitos congênitos produzidos por causas ambientais (Schild 2007). Marcolongo–Pereira et al. (2010) encontraram uma frequência de 0,36% de malformações em ovinos na região sul do Rio Grande do Sul. No Laboratório Regional de Diagnóstico, em Pelotas, Rio Grande do Sul, de um total de 821 ovinos examinados entre 1978 e 2008, as malformações congênitas representaram 0,24% (Schild et al. 2009). No Rio Grande do Sul, as malformações representaram entre 0,5% e 0,8% das causas de mortalidade perinatal em cordeiros (Mendez et al. 1982, Oliveira e Barros 1982), o que representa entre 0,1% e 0,3% dos cordeiros nascidos. Na região nordeste, as malformações representam 23% das causas de mortes neonatais em cordeiros (Nóbrega Junior et al. 2005), e perfazem 7,62% em cabritos (Medeiros et al., 2005). Assis (2011) encontrou uma frequência de 4,99% caprinos e 1,87% ovinos com anomalias congênitas. Dantas et al (2010) estudando malformações em ruminantes no semiárido brasileiro, no período de 2000 a 2008, encontraram em 418 ovinos, 5,01% de malformações, sendo 4,3% associadas à intoxicação por M. tenuiflora e 0,71% malformações esporádicas. Em 495 caprinos a frequência de malformações foi de 2,41%, sendo 1,81% causadas por intoxicação por M. tenuiflora e 0,6% de malformações esporádicas.

Uma expressão da prevalência de defeitos congênitos é de pouquíssimo valor, a menos que esteja relacionada ao tamanho da população sob-risco, mas os registros não costumam incluir esses dados fundamentais. Além disso, a maioria dos registros disponíveis é retrospectiva e se baseia no número de casos encaminhados em um laboratório ou hospital.

5. ACHADOS CLÍNICOS E PATOLÓGICOS

A maioria das malformações congênitas é facilmente reconhecida ao nascimento. Em alguns casos os defeitos são reconhecidos somente após um cuidadoso exame clínico-patológico (Saperstein et al. 1975). As lesões podem ser identificadas macroscópica ou histologicamente ou por ambas as formas (Leipold et al. 1983). Qualquer sistema ou órgão é susceptível à defeitos congênitos, mas alguns são mais frequentemente afetados do que outros. O sistema músculo-esquelético, o sistema nervoso e o sistema urogenital são frequentemente envolvidos em malformações congênitas (Leipold et al. 1983), talvez devido ao seu prolongado período de desenvolvimento embrionário.

No Brasil, em caprinos e ovinos, diversas malformações esporádicas ou causadas por diversos agentes incluem acefalia, dicefalia, artrogripose, microftalmia, dermóide ocular, fenda palatina, atresia anal, hipomielinogênese devido à carência de cobre em ovinos, epidermolise bolhosa e condrodisplasia (Schmidt & Oliveira 2004, Medeiros et al. 2005,

(29)

Nóbrega Júnior et al. 2005, Dantas 2010). Anomalias da mandíbula (agnatia, braquignatia e prognatia) são descritos em caprinos e ovinos em municípios da Bahia (Magalhães et al. 2008). Algumas malformações em caprinos e ovinos aparecem combinadas, como o caso da fenda palatina e artrogripose em casos de intoxicação por M. tenuiflora. A artrogripose pode afetar somente os membros anteriores ou os membros posteriores (bimélica), como também pode afetar os quatro membros (tetramélica) (Medeiros et al. 2005, Nobrega Junior et al. 2005, Pimentel et al. 2007, Dantas et al. 2010). Os animais afetados, geralmente, nascem em partos distócicos, frequentemente mortos. Quando nascem vivos tem dificuldade de se manter em pé ou alimentar-se e podem morrer. Outras alterações esqueléticas são malformações de coluna vertebral como cifose, escoliose e torcicolo. Perosomus elumbis ou agenesia do segmento caudal da coluna vertebral associada à artrogripose e atrofia muscular dos membros pélvicos foi descrita em ovino neonato no estado de São Paulo (Castro et al. 2008).

6. DIAGNÓSTICO

O diagnóstico dos defeitos congênitos é complexo e o desafio depois de identificar a anormalidade é determinar sua causa. As considerações epidemiológicas oferecem melhores indícios na hora de se diagnosticar a causa, se a malformação é de origem hereditária ou ambiental. A frequência com que uma determinada malformação ocorre em um rebanho pode ser um indicativo importante para a determinação de sua origem. Quando malformações ocorrem em forma de surtos, de modo geral, existe um agente causal ambiental (vírus, plantas, medicamentos, agentes físicos, etc.). A epidemiologia dessas malformações, combinada com achados clínicos patológicos, bem como o histórico da existência e exposição aos teratógenos, dá suporte para o diagnóstico. Para o diagnóstico de defeitos congênitos que ocorrem em consequência de agentes ambientais é necessário conhecer-se o estado nutricional das fêmeas prenhes e a ocorrência de infecções virais no rebanho. O conhecimento do manejo utilizado no rebanho, da aplicação de medicamentos em determinados períodos da gestação e o reconhecimento das áreas onde os animais permanecem durante a gestação são dados fundamentais para a determinação da etiologia destas enfermidades (Marcolongo-Pereira et al. 2010).

Os defeitos congênitos que ocorrem esporadicamente em um único animal constituem o maior problema. Há, usualmente, pouca dificuldade em definir a condição clinicamente, mas pode ser impossível determinar a causa. Quando anormalidades individuais ocorrem espontaneamente, a determinação da sua causa é, muitas vezes, um desafio, mesmo quando se empregam todos os métodos de exame. Defeitos congênitos hereditários transmitidos por

(30)

genes recessivos apresentam-se em baixa frequência nos rebanhos e, geralmente, expressam-se em gerações alternadas. Nesexpressam-se caso, o conhecimento da genealogia do rebanho é de utilidade para a determinação da etiologia. Se houvesse registros adequados sobre a reprodução, seria razoavelmente fácil verificar a possível participação da hereditariedade. A determinação atualizada dos agentes reconhecidos como teratógenos surgiu principalmente de estudos epidemiológicos sequenciais, o mesmo acompanhamento deveria ser aplicado no aparecimento de casos individuais, que não são na maioria das vezes relatados. A introdução de um determinado reprodutor ou sêmen em um rebanho, anterior ao aparecimento da malformação, é um indicativo de transmissão hereditária, quando as demais causas podem ser descartadas, e pode permitir a identificação de animais descendentes portadores. Em geral é impossível determinar a etiologia de casos esporádicos de defeitos congênitos, porém, quando o número de animais acometidos aumenta, passa a ser indispensável uma tentativa de se estabelecer a causa. A não notificação desses casos esporádicos, aliada ao não estudo dessas malformações permite que esses portadores continuem transmitindo esses possíveis genes (Radostitis et al. 2007, Schild 2007, Marcolongo-Pereira et al. 2010) .

7. CONTROLE E PROFILAXIA

Uma das formas de se evitar malformações congênitas hereditárias transmitidas por genes recessivos é não fazer uso de consanguinidade nos rebanhos, entretanto, os genes indesejáveis permanecem nos animais portadores e perpetuam-se nas diferentes raças animais. Ao aparecer casos esporádicos de malformações, estes devem ser notificados para instituições de pesquisa e então tentar fazer o estudo genético (Schild 2007). Testes de progênie são indicados, como forma de controle, para reprodutores, fundamentalmente para aqueles utilizados em centrais de inseminação artificial, cujo sêmen é distribuído em larga escala. O cruzamento de um touro com 40 filhas permite a comprovação, com 99% de segurança, de que o mesmo não é portador de genes recessivos indesejáveis se todos os descendentes deste cruzamento forem normais (Radostitis et al. 2007).

Defeitos congênitos devidos à agentes teratogênicos podem ser controlados a partir do conhecimento dos fatores que levam a ocorrência desses defeitos, evitando uso de medicamentos durante a gestação, controlando infecções virais e mantendo um bom estado nutricional para os animais em gestação. Por exemplo, sugere-se como medidas de controle e prevenção evitar que cabras e ovelhas prenhes sejam colocadas para pastejar em áreas com M. tenuiflora na fase de organogênese ou de desenvolvimento embrionário, principalmente durante os primeiros 60 dias de gestação (Riet-Correa et al. 2009).

(31)

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No estudo das malformações o principal entrave é a falta de informação. O relato do aparecimento de malformações associada a uma detalhada investigação epidemiológica é fundamental para a identificação das causas das malformações e permite a tomada de medidas eficientes para o seu controle. Algumas informações são essenciais na investigação epidemiológica como: frequência com que os defeitos ocorrem; condição nutricional das mães e dos neonatos acometidos e alterações nas fontes comuns do alimento; histórico sobre enfermidades das mães dos neonatos acometidos; histórico do uso de fármacos nas fêmeas durante a gestação; área geográfica onde as fêmeas se encontram; presença de plantas tóxicas; estação do ano em que ocorreram as agressões; e se houve introdução de animais no rebanho. Essas informações podem auxiliar para determinar se a etiologia é hereditária ou não e direcionar a busca da origem do problema.

9. REFERÊNCIAS

Assis A.C.B.O. 2011. Enfermidades de ovinos e caprinos no semiárido paraibano e avaliação dos protocolos de controle de linfadenite caseosa. 54f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária), Escola de Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande, Patos-PB.

Banerjee S. 2010. A lethal genetic fator in garole lambs – a case study. World applied science journal. 10(4):397-401.

Bernardi M.M. 2002. Exposição aos medicamentos durante o período perinatal, p.692-699. In: Spinosa H.S., Gorniak S.L. & Bernardi M.M. (Edes), Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinaria. 3ª ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, RJ. 752p.

Campbell M., Horton W. & Keeler R. 1987. Comparative effects of retinoic acid and Jervine on chondrocyte differentiation. Teratology. 36: 235-243.

Castro M.B., Szabó M.P.J., Moscardini A.R.C. & Borges J.R.J. 2008. Perosomus elumbis em um cordeiro no Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, 38(1):262-265.

Cheeke P.R. 1998. Natural Toxicants in Feeds, Forages, and Poisonous Plants. 2nd Danville, Interstate Publishers. 479p. 691-699p.

Cook D., Ralphs M.H., Welch K.D. & Stegelmeir B.L. 2009. Locoweed poisoningin livestock. Rangelands. 31(1): 16-21.

Dantas A.F.M., Riet-Correa F., Medeiros R.M.T., Lopes J.R., Gardner D.R., Panter K. & Mota R.A. 2012. Embryonic death in goats caused by the ingestion of Mimosa tenuiflora. Toxicon 59 (5) 555-557.

(32)

Dantas A.F.M., Riet-Correa F., Medeiros R.M.T., Galiza G.J.N., Pimentel L.A., Anjos B.L. & Mota R.A. 2010. Malformações congênitas em ruminantes no semiárido do Nordeste Brasileiro. Pesq. Vet. Bras. 30(10):807-815

Delatour, P. 1983. Some aspects of the teratogenicity of veterinary drugs. Veterinary Research Communications. 7:125-131.

Dennis, S.M. & Leipold, H.W. 1972. Aprosopia (facelessness) in lambs. The Veterinary Record. 90:365-367.

Dowling R.M. & Mckenzie R.A. 1993. Poisonous Plants. A field guide. Department of Primary Industries, Queensland, Australia.164p.

Gardner D.R., Panter K.E., Stegelmeier B.L., James L.F., Ralphs M.H., Pfister J.A. & Schoch T.K. 1998. Livestock poisoning by teratogenic and hepatotoxic range plants, p.303-306. In: Garland T. & Barr A.C. (ed.). Toxic Plants and Other Natural Toxicants. CAB International, New York. EUA. 585p.

Gardner D.R., Riet-Correa F. & Panter K.E. 2011. Alkaloid profiles of Mimosa tenuiflora and associated methods of analysis. p.600-605. In:Poisoning by Plants, Mycotoxins and Related toxins Edited By Riet Correa F, Pfister J, Schild A. L. & Wierenga T. CAB International. 739p.

Hughes, K.L.; Haughey, K.G.; Hartley, W.J. 1972. Spontaneous congenital developmental abnormalities observed at necropsy in a large survey of newly born dead lambs. Teratology. 5 ( 1):5-10.

James L.F., Shupe J.L., Binns W. & Keeler R.F. 1967. Abortive and teratogenic affects of locoweed on sheep and cattle. American Journal Veterinary Research. 28 (126): 1379-1388.

James L.F., Panter K.E., Gaffield W. & Molyneux R.J. 2004. Reviews-Biomedical applications of poisonous plant research. J. Agric. Food Chem. 52:3211-3230.

Keeler R.F. 1976. Lupine alkaloids from teratogenic and nonteratogenic lupins. III. Identification of anagyrine as the probable teratogen by feeding trials. Journal of Toxicological and Environmental Health. 1:887-889.

Keeler R.F. 1978. Cyclopamine and related steroidal alkaloid teratogens: their occurrence, structural relationship and biological effects. Lipids. 13: 708-7-15.

Keeler R.F., Balls L.D., Shupe J.L. & Crowe M.W. 1980. Teratogenicity and toxicity of coniine in cows, ewes and mares. Cornell Veterinarian. 70: 19-26.

(33)

Keeler R.F., Young S. & Smart R. 1985. Congenital tracheal stenosis in lambs induced by maternal ingestion of Veratrum californicum. Teratology. 31: 83-88.

Kurogi H., Inaba Y., Takahashi E., Sato K., Satoda K., Goto Y., Omori T. & Matumoto M. 1977. Congenital abnormalities in newborn calves after inoculation of pregnant cows with Akabane vírus. Infection and Immunity. 17 (2):338-343.

Leipold H.W., Huston K. & Dennis, S.M. 1983.Bovine congenital defects. Advances in Veterinary Science and Comparative Medicine. 27:197-271.

Magalhães V.R., Santana A.F., Oliveira A.C., Wicke A.A. & Barone M.M. 2008. Levantamento da ocorrência de anomalias da mandíbula em caprinos e ovinos, encontrada em cinco municípios da microrregião de Irecê (BA). 9(2): 341-345.

Marcolongo-Pereira C. , Schild A.L., Soares M.P., Vargas Junior. S.F. & Riet-Correa, F. 2010. Defeitos congênitos diagnosticados na região sul do Rio Grande do Sul. Pesq. Vet. Bras. 30 (10): 816-826.

Mine O.M., Kedikilwe K., Naebele R.T. & Nsoso S.J. 2000. Sheep-goat hibrid born under natural conditions. Small Ruminant Research. 37:141-145.

McEvoy T.G., Robinson J.J., Ashworth C.J., Rooke J.A. & Sinclair K.D. 2001. Feed and forage toxicants affecting embryo survival and fetal development. Theriogenology. 55: 113-129.

Medeiros J.M., Tabosa I.M., Simões S.V.D., Nóbrega Júnior J.E., Vasconcelos J.S. & Riet-Correa F. 2005. Mortalidade perinatal em caprinos no semi-árido da Paraíba. Pesquisa Veterinária Brasileira. 25(4): 201-206.

Medeiros R.M.T., Figueiredo A.P.M., Benício T.M.A., Dantas F.P.M & Riet-Correa F. 2008. Teratogenicity of Mimosa tenuiflora seeds to pregnant rats. Toxicon. 51:316-319.

Méndez M.C. , Riet-Correa F. , Ribeiro J., Selaive A. & Schild, A.L. 1982. Mortalidade perinatal em ovinos nos municípios de Bagé, Pelotas e Santa Vitória do Palmar, Rio Grande do Sul. Pesq. Vet. Bras. 2 (2):69-76.

Medeiros G.X. Riet-Correa F., Barros S.S., Soares M.P., Dantas A.F.M., Galiza G.J.N., Simões S.V.D., Borges A.S. 2012. Dystrophic epidermolysis bullosa in goats. Journal of Comparative Pathology, In Press, Corrected Proof, Available online 1 November 2012. http://dx.doi.org/10.1016/j.jcpa.2012.09.002.

Nóbrega Júnior J.E., Riet-Correa F., Nóbrega R.S., Medeiros J.M., Vasconcelos J.S., Simões S.V.D. & Tabosa I.M. 2005. Mortalidade perinatal de cordeiros no semi-árido da Paraíba. Pesq. Vet. Bras.. 25(3): 171-178.

(34)

Oliveira A.C. & Barros S.S. 1982. Mortalidade perinatal em ovinos no município de Uruguaiana, Rio Grande do Sul. Pesq. Vet. Bras. 2(1):1-7.

Osburn B.I. 1972.Animal model for human disease. Hydranencephaly, porencephaly, cerebral cysts, retinal dysplasia, CNS malformations. Animal model: bluetongue-vaccine-virus infection in fetal lambs. The American Jounal of Pathology. 67 ( 1): 211-214.

Otto P.G. 2006. Genética básica para veterinária. Editora Roca ltda, São Paulo. 284p.

Panter K.E., Bunch T.D., James LF. & Sisson D.V. 1987. Ultrasonographic imaging to monitor fetal and placental developments in ewes fed locoweed (Astragalus lentiginosus). American Journal of Veterinary Research. 48: 686-690.

Panter K.E., Keeler R.F., Bunch T.D. & Calan R.J. 1990. Congenital skeletal malformations and cleft palate induced in goats by ingestion of Lupinus, Conium and Nicotiana species. Toxicon. 28: 1377-1385.

Panter K.E. & Keeler R.F. 1992. Induction of cleft palate in goats by Nicotiana glauca during a narrow gestational period and the relation to reduction in fetal movements. Journal of Natural Toxins. 1: 25-32.

Panter K.E., James L.F., Gardner D.R. & Molyneux R.J. 1994. The effects of poisonous plants on embryonic and fetal development in livestock, p.325-332. In: Colegate S.M. & Dorling P.R. (Eds), Plant Associated Toxins. CAB International, Wallingford, UK. 581p. Panter K.E., Gardner D.R., Shea R.E., Molyneux R.J. & James LF. 1998. Toxic and

teratogenic piperidine alkaloids from Lupinus, Conium and Nicotiana species, p.345–350. In: Garland T. & Barr A.C. (Eds), Toxic Plants and other Natural Toxicants. CAB International, Wallingford, UK. 585p.

Panter K.E., Weinzweig J., Gardner D.R., Stegelmeier B.L. & James L.F. 2000. Comparison of cleft palate induction by Nicotiana glauca in goats and sheep. Teratology 61:203-210. Pimentel L.A., Riet Correa F., Gardner D., Panter K.E., Dantas A.F.M., Medeiros R.M.T.,

Mota R. A. & Araújo J.A.S. 2007. Mimosa tenuiflora as a cause of malformations in ruminants in the Northeastern Brazilian semiarid rangelands. Vet. Pathol. 44(6):928-931. Pugh D.G. 2002. Sheep and goat medicine. 1ed. W.B. Saunders, Philadelphia. 513p.

Radostits O.M., Gay C.C., Hinchcliff K.W. & Constable P.D. 2007. Disease of the newborn, p.127-172. In: Radostits O.M., Gay C.C., Hinchcliff K.W. & Constable P.D. Veterinary Medicine - A textbook of the diseases of cattle, horses, sheep, pigs and goats. 10th ed. Saunders Elsevier, Philadelphia, 2162p.

Referências

Documentos relacionados

In the dry period, predation was probably the environmental factor that had the strongest effect on rotifer populations; in particular, the density of the cyclopoid

histolytica stool antigen detection kits and Reaction Chain Polimerase PCR of genomic DNA extracted from cultured trophozoite in all four nuclei amoeba positive samples from

(PASTORINO, Sabedoria do Evangelho, vol.. Vendo que isso agradava aos judeus, deci- diu prender também Pedro. […] De repen- te, apareceu o anjo do Senhor, e a cela ficou

Este texto traz narrativas produzidas a partir de entrevistas narrativas com um professor homossexual durante uma pesquisa de mestrado. A questão analisada na pesquisa parte

Diante também do fato de que, no Brasil, há escassez de trabalhos científicos voltados para a avaliação de IU em gestantes, o presente estudo teve como objetivo avaliar

A HYBRID TOOL FOR DETECTION OF INCIPIENT FAULTS IN TRANSFORMERS BASED ON THE DISSOLVED GAS ANALYSIS OF INSULATING OIL , IEEE T RANSACTIONS ON P OWER D ELIVERY ,

Figura 114: Similaridade do conjunto de documentos exigidos pelo estado do Pernambuco para registro inicial de estabelecimento de comércio de agrotóxicos,

Muitas delas passaram a ir para suas casas e passaram a poder fazer compras porque ela tinha o prazer de chegar em uma loja, (e a pessoa perguntava) Aonde é que você mora? Eu moro