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EDUCAÇÃO PARA AS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS EDUCACIONAIS

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EDUCAÇÃO PARA AS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS EDUCACIONAIS

Margarete Terezinha de Andrade COSTA, Mestre, UNINTER1 Renata Iurk de SOUZA, Acadêmica de Pedagogia, UNINTER2 Lilian Kely RODRIGUES, Pedagogia, UNINTER3 Ângela Maria dos SANTOS, Acadêmica de Pedagogia, UNINTER4 André Luis Ribas dos SANTOS, Especialista, SEEDPR5

1 INTRODUÇÃO

Conhecer a área de Altas Habilidades/Superdotação é fundamental frente às indagações e desconhecimentos que acabrunham a comunidade educativa – professores, pais, alunos, pedagogos, gestores, entre outros – principalmente em relação ao o que fazer com estes alunos. Tais angústias percorrem o reconhecimento, atendimento, encaminhamento e resultados de uma prática educativa voltada à potencialização e valorização das capacidades demonstradas por esta categoria de alunos. Daí a necessidade de conhecer a realidade das escolas e analisando o que já é feito buscar melhorias neste atendimento tando no ensino fundamental quanto no nível superior.

O atendimento aos alunos que apresentam Altas Habilidades/Superdotação é de responsabilidade da Educação Especial (BRASIL, 2008). Tal entidade delibera as práticas educativas inclusivas dos que apresentam habilidade acima da média, grande nível de criatividade e envolvimento com a tarefa. Porém, deve-se, como educador, ir além do homologado em lei, há necessidade de adotar medidas educativas e encaminhamentos adequadas que contemplem o aluno com maior abrangência, para tal, é preciso conhecer as diferenças e carências e oferecer condições educacionais a altura de tais necessidades sem marginaliza-los.

Com esta perspectiva, organizou-se um Grupo de Pesquisa no Centro Universitário Internacional UNINTER6 para o aprofundamento desta área da Educação Especial para estudo, discussão, disseminação e proposição de alternativas de práticas educacionais destinadas aos alunos com Altas Habilidades/Superdotação que frequentam os serviços especializados na rede pública de ensino.

1

Mestre em Educação/UFPR. Professora Orientadora. Rua Bruno Lobo, 358, Curitiba,PR. margarete.a.meg@bol.com.br

2

Acadêmica de Pedagogia. Rua do Rosário, 147, Curitiba, PR. rehiurk@gmail.com

3

Pedagogia. Rua do Rosário, 147, Curitiba, PR. kelylil@hotmail.com

4

Acadêmica de Pedagogia. Rua do Rosário, 147, Curitiba, PR. angela1807@gmail.com

5

Especialista. Rua do Rosário, 147, Curitiba, PR. andreribas36@gmail.com

6 Membros do Grupo de Pesquisa, Uninter : Prof.Me.Paula Mitsuyo Yamasaki Sakaguti, Prof. Me. Margarete

Terezinha de Andrade Costa; Aline Cruz de Souza, André Luis Ribas dos Santos, Angela Maria dos Santos, Daniella de Melo Evangelista, Janaina da Silva de Castro, Karina Inês Paludo, Lilian Kely Rodrigues, Renata Iurk de Souza.

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2 MÉTODO

A pesquisa é de cunho qualitativo. De acordo com Sampieri et. al.(2006), o método qualitativo é individual, os fenômenos não são medidos numericamente e nem tem como finalidade a generalização dos resultados da pesquisa; não faz estatística e seu método de análise é interpretativo, contextual e etnográfico. Desta forma, interessa-se por captar experiências na linguagem dos participantes da pesquisa e investiga ambientes naturais.

2.1 Coleta de dados

A coleta de dados realizou-se com a aplicação de entrevista, o Plano de Recrutamento versou no contato com as Secretarias de Educação (Estadual e Municipal) e Direção das escolas estaduais solicitando efetuação da pesquisa junto aos professores responsáveis pela área de Altas Habilidades/Superdotação e, por meio de contato telefônico ou por email, foi realizado o agendamento com os participantes. Na sequência foi apresentado o projeto de pesquisa e concordância voluntária dos participantes, assim como a leitura e explicação sobre o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Foi utilizada a aplicação de entrevista semiestruturada (TRIVIÑOS, 1987), fazendo uso de um roteiro previamente elaborado, com perguntas abertas e dando liberdade de resposta por parte dos entrevistados. As entrevistas aconteceram em datas previamente agendadas pelos participantes, em espaço privativo e reservado das respectativas Sala de Recursos. As entrevistas foram aplicadas individualmente com duração média de 20 minutos e gravada com o prévio consentimento dos participantes.

Os dados coletados foram perpassados em sua íntegra. Após esta fase de coleta de dados, foi realizada a análise dos mesmo por meio da Análise de Conteúdo e teve como principal referencial teórico o estudo de Bardin (1979).

2.2 Participantes

Os participantes são professores que atuam no Atendimento Educacional Especializado, área de Altas Habilidades/Superdotação, nas redes estadual e municipal de ensino, no município de Curitiba, Paraná; nove professores atuam diretamente nas salas de recursos e dois professores responsáveis pela coordenação da área no município e no estado.

Realizou-se a caracterização do perfil dos professores entrevistados quanto à idade, sexo, formação acadêmica e tempo de atuação no magistério.

A fim de se manter a identidades dos participantes, optou-se para cada entrevistado uma letra que o identifica na presente pesquisa, a saber: A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, L.

Caracterização dos Participantes

DENOMINAÇÃO IDADE SEXO FORMAÇÃO ATUAÇÃO

TEMPO DE ATUAÇÃO NO

MAGISTÉRIO A 45 Masc. Especialista em Educação

Especial Sala de recursos 21 anos. B 59 Fem. Pós-Graduação em Educação/Educação Especial. Sala de recursos 17 anos. C 40 Fem. Pós-Graduação em Sala de 20 anos.

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Educação Especial. recursos D 28 Fem. Pedagogia e Filosofia. Sala de

recursos 13 anos.

E 47 Fem. Pedagogia Sala de

recursos 16 anos. F 52 Fem. Mestre em Educação Sala de

recursos - G 55 Fem. Especialização em Educação Especial, Psicopedagogia e Altas Habilidades. Sala de recursos 27 anos.

H - Fem. Psicopedagogia Sala de

recursos 19 anos.

I 40 Fem. Pedagogia Sala de

recursos 19 anos. J 45 Fem. Doutoranda Coordenação 25 anos. L 47 Fem. Pós-Gradução em

Educação Especial. Coordenação 28 anos.

Os dados revelaram que a faixa etária dos onze participantes varia entre 28 e 59 anos, sendo apenas um do sexo masculino. Quanto à formação, oito participantes cursaram a pós-graduação: A, B, C e L são especialistas em Educação Especial; G é especialista em Educação Especial e Psicopedagogia; H é especialista em Psicopedagogia; F é Mestre em Educação e J é Doutoranda. Três participantes concluíram o Ensino Superior: E e I fizeram Pedagogia; D fez Pedagogia.

Observou-se elevado grau de formação acadêmica dos participantes, o que permite ampla atuação com alunos da Educação Especial.

Quanto ao tempo de atuação no magistério, há uma variação entre 13 e 28 anos.

2.3 Aspectos éticos da pesquisa

A presente pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Internacional UNINTER e obteve parecer favorável à sua realização.

Explicitados os procedimentos metodológicos, passa-se agora à apresentação, discussão dos dados coletados.

3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com o intuito de investigar as práticas educacionais destinadas aos alunos que frequentam atendimento educacional especializado em Salas de Recursos para Altas Habilidades/Superdotação no município de Curitiba, foram estabelecidas 4 categorias a saber:

CATEGORIAS PARA ANÁLISE

Procedimentos de identificação dos alunos

Atendimento Educacional Especializado nas Salas de Recursos Contribuições das Instituições de Ensino Superior

Sentimentos em relação à docência

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Ao serem interrogados sobre como é realizada a identificação dos alunos para o ingresso na Sala de Recursos para as Altas Habilidade/Superdotação, considerando-se somente as respostas dos entrevistados que atendem na sala de recursos: Dos nove professores entrevistados, os nove disseram que o professor identifica em sala de aula; cinco relataram que os alunos vêm avaliados de órgãos especializados; dois relatam que há indicação de famílias e um de colegas de sala. Ressalta-se aqui a importância do papel do professor de sala de aula na identificação do aluno com Altas Habilidade/Superdotação.

Os órgãos públicos de atendimentos citados foram: CMAEs – (Centros Municipais de Atendimento Especializados), CMAE-ADP (Avaliação Diagnóstica Psicoeducacional), CEAOP (Centro de Avaliação e Orientação Pedagógica) e o NRE (Núcleo Regional de Educação de Curitiba ). Tais órgãos fazem o atendimento, acompanhamento e consequente indicação às salas de recursos das escolas. Entre as instituições privadas, incluem-se o INODAP e PUC.

Virgolim (2013) coloca que a questão da identificação e seleção de alunos para ingresso nos serviços especializados para Altas Habilidades/Superdotação é um dos pontos mais desafiadores, apresentando questões cruciais em relação ao como identificar, para quê se está identificando, para quais tipos de programas se está indicando, com este procedimento de identificação quem entra e quem fica fora do atendimento.

Nas enumerações dos entrevistados, foram mencionados os seguintes motivos ou queixas de encaminhamento dos alunos à avaliação: considerando-se as respostas de todos os onze entrevistados: três descrevem a não realização de atividades propostas e habilidades diferenciadas na leitura, escrita, análise síntese; dois relatam problemas de indisciplina e respeito com normas e regras; havendo também indicações únicas para problemas de aprendizagem; causa estranheza ao professor regente; demonstrou habilidade em arte; demonstrou habilidade na informática; raciocínio lógico; criatividade; memorização; nível de coeficiente intelectual. Conforme representação no gráfico que segue:

Motivos e quiexas dos encaminhamentos

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

problemas de indisciplina respeito com normas e regras

problemas de aprendizagem não realiza atividades que são propostas

causa estranheza ao professor regente

demonstrou habilidade em arte demonstrou habilidade na informática

habilidade na leitura, escrita, análise síntese

raciocínio lógico criatividade memorização

nível de coeficiente intelectual

Quanto aos prodediemntos adotados, tem-se entre os onze entrevistado seis indicações de acompanhamento da pedagoga, e duas avaliação do contexto escolar por meio de preenchimento de questionários.

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Em relação aos instrumentos considerados importantes, a relação das respostas agrupadas em metodologias empiristas tais como “olhar diferenciado”, “comparação com os demais colegas” ou “alunos que acham tudo muito chato, muito monótono” e metodologias científicas como análise no contexto escolar por meio de fichas de avaliação “Os boletins também são analisados, mas, somente para a composição do aluno, não como algo decisório”, entrevistas com as famílias, testes psicológicos e de coeficiente de inteligência (QI) com algumas ressaltas “instrumentos formais que levantam o QI, que há um questionamento há uma corrente contra e outra a favor”. Para o entrevistado I, “todas as informações que puderem ser colocadas nesse processo de identificação melhor, materiais produzidos pelo estudante, as suas habilidades fora do contexto escolar, e as avaliações que já são pertinentes a essa identificação. testes psicológicos”.

Foram indicados alguns procedimentos como “Os da Susana [Pérez], adaptados de Renzulli,” portanto como “Considero o WISC importante apenas para reconhecimento social, em virtude da cultura O WISC bem aplicado pode ser benéfico, se levar em conta os processos mentais” O participante J afirma que faz a “análise do material de produção do aluno dentro e fora da escola: desenhos, desempenho nos esportes (futebol) e artes, caderno de casa. Alguns alunos assustam os professores, estão com as atividades, caderno de sala, em branco, já no caderninho de casa, encontram produções maravilhosas de poesia, desenho, etc.”.

Virgolim (2013) discute os propósitos da identificação, dente os quais destacam-se: localização de potenciais que não estão sendo desenvolvidos satisfatoriamente no ensino regular, se estes estudantes não são identificados, provavelmente não desenvolverão seus interesses e habilidades. Outro aspecto a ser considerado é a concepção de superdotação que está atrelado aos indicadores e instrumentos utilizados, os tipos de habilidades a serem identificados, e os conteúdos e objetivos propostos pela sala de recursos. Importante também considerar a supervisão de especialistas no processo de identificação e a avaliação periódica dos estudantes no processo de aprendizagem.

3.2 Atendimento educacional especializado nas salas de recursos

O panorama dos serviços realizados pelas Salas de Recursos para alunos com Altas Habilidades/Superdotação (SRAH/SD) na cidade de Curitiba apresentam características distintas em sua natureza e área de atuação dos poderes públicos constituídos.

Número de alunos atendidos nas salas de recursos

0 5 10 15 20 25 30 35 40 a b c d e f g h i

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Número de alunos atendidos pelos órgãos de educação 0 100 200 300 400 500 600 700 j l

Como resultado do processo de municipalização iniciado pela promulgação da LDB 9394/96, determinou que alunos das séries iniciais fossem atendidos pelo poder público municipal, é desta forma que foi interpretada o número de alunos (102) apresentados por L (responsável pela coordenação da área no município de Curitiba). Enquanto que, no relato de J, responsável pela coordenação da área junto a SEED-PR, o número de alunos atendidos pelas SRAH/SD estaduais esta próximo aos 594 de alunos. A partir dos dados coletados até aqui, pode-se tecer alguns comentários pertinentes a este tipo de atendimento realizado na capital paranaense. Aquilo que a princípio pode servir como um alento, uma vez que o total de alunos chega aos 700 (escolas estaduais e municipais - a pesquisa não tem informação de escolas privadas que ofereçam este tipo de serviço educacional especializado) indivíduos atendidos, demonstra o quanto ainda é necessário trabalhar, para chegar perto do total estimado de 39 mil, com algum potencial acima da média apenas no estado do Paraná.

Um fator que se destaca na análise é a disparidade entre o número de meninas e meninos que frequentam os serviços educacionais. Enquanto há 46 meninas, os meninos chegam a 173. Pode-se atribuir a diferença entre o número de alunos e alunas atendidos as questões culturais, que colocam a mulher em posição desfavorável em todos os indicativos quando comparada aos homens.

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0 20 40 60 80 100 120 1 2 3 4 5 Masc. Fem. SEXO DOS ALUNOS ATENDIDOS

Desta forma, ao transpor esta afirmação para as análises dos índices de alunos das Salas de Recursos pode-se notar que a regra também pode ser observada com o percentual feminino não chegando a 40% dos atendimentos. Sakaguti (2010, p.53) indica que a predominânica do gênero masculino é também encontrado “nos resultados dos estudos de Maia-Pinto (2002), Maia-Pinto e Fleith (2004), Aspesi (2003), Chagas (2003), Chagas e Fleith (2009), Costa (2000)”.

Ao serem indagados se há critérios para a permanência de um aluno na Sala de Recursos, de acordo com os participantes, há basicamente quatro critérios: ter altas habilidades, estar matriculado em instituição de ensino, apresentar interesse e disposição da família. O critério ter altas habilidades/superdotação (40%) pode ser exemplificado por L relata que “[...] o estudante precisa ter a indicação no relatório da avaliação psicoeducacional (...)” e B: “[...] primeiro ele precisa ter a alta habilidade (...)”.

Em relação ao estar matriculado em instituição de ensino (municipal ou estadual) os participantes (100%) relatam que os alunos da rede municipal de ensino, devem estar matriculado na própria rede e igualmente com alunos da rede pública estadual. Os interesse foi relatado pelos participantes (50%) assim como a disposição da família (20%): “e que tenha comprometimento com a família de muitas vezes trazer e de buscar” relatado por C.

Quanto indagados sobre como realizam o atendimento aos alunos superdotados na Sala de

Recursos, a maioria (80%), relatou que realiza o enriquecimento curricular proposto por

Renzulli (2004), sendo também citados o interesse do aluno (10%) e cronograma de atendimento (20%). Os cinco participantes que atuam na Rede Municipal de Ensino relataram uma orientação no atendimento aos alunos; para exemplificar, a resposta dada por

L:

“Indicamos, o acolhimento, a oferta de atividades exploratórias oportunizando a descoberta da área de interesse, o trabalho por projetos, partindo sempre de uma problematização, a pesquisa, a construção do portfólio e a apresentação do trabalho de pesquisa realizado durante o ano” (L).

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O participante B relatou que realiza o enriquecimento curricular do Tipo I por meio de é realizado por meio de jogos, visitas a museus, parque de ciências, espaços da universidade. Enfatiza-se a importância destas atividades de enriquecimento curricular proposto por Renzulli (2004) concentrando “mais esforços na formulação de programas específicos para atender as necessidades dos jovens com maior potencial entre os diferentes extratos socioeconômicos e culturais, o que se coaduna com a perspectiva inclusiva” (VIRGOLIM, 2012, p. 103).

Já, dois participantes relataram que o atendimento dos alunos é realizado uma ou duas vezes por semana, “reunindo os alunos nos momentos em que percebo a necessidade e nas atividades extra-classe” (D) e com “um cronograma de atendimento específico para cada realidade ou necessidade. São duas horas em dois encontros. Trabalho com jogos, textos, diferentes gêneros textuais, poemas, tiras e itens que são complicadas para eles [alunos] em sala de aula” (E).

Diante da pergunta sobre a teoria que embasa o atendimento realizado na sala de recursos, para a grande maioria dos participantes a Teoria de Renzulli é a mais utilizada, para exemplificar, o relato de H: “Sim, Joseph Renzulli através do enriquecimento curricular tipo I, II e III”. Foram também citadas outras teorias, tais como: Gagné, Fernando Hérnandez, Gardner e Sternberg, Paulo Freire, Vygotsky, Wallon, Celso Antunes, Piaget, Freud e Dabrowski Apenas um participante não soube responder a esta pergunta: “Eu estou sempre pesquisando, sempre estudando, porque a minha formação de pós não me deu subsídios para trabalhar aqui. E eu trabalho dez anos no estado, nove anos com sala de recursos com alunos com dificuldade e esse ano que eu peguei alunos de Altas . Pra mim está sendo um desafio, [...] estou entrando em contato com os professores da rede municipal ou aqui do estado que já trabalham, pra eles me orientarem. Autores? Agora não me lembro nenhum assim que eu possa citar”(C).

Em relação à indagação “você realiza algum tipo de parceria com instituição de ensino

superior para o atendimento dos alunos da sala de recursos”, dois participantes não

realizam, no momento, nenhum tipo de parceria ou eventuais assessorias com Instituições de Ensino Superior: “Não, com tristeza”(E). Foi possível verificar que seis salas de recursos fazem parcerias ou buscam assessorias com a UTFPR e/ou UFPR. Dentre outras instituições citadas destacam-se: TUIUTI, IFPR, UNINTER, FACEL, BAGOZZI, PUC. O contato com as Universidades foi para assessorias eventuais, busca de profissionais que auxiliem no projeto de estudos dos alunos, palestras e oficinas. Os dados revelam que há uma preocupação dos participantes em estabelecer laços com as Instituições de Ensino Superior, visando ainda mais o enriquecimento curricular do aluno.

3.3 Contribuições das instituições de ensino superior

Nesta categoria buscou-se identificar, de que forma a Instituição de Ensino Superior

poderia contribuir para melhor atender as necessidades dos alunos. Foram relatados por

sete dos participantes: contato com o ambiente de pesquisa, laboratórios e espaços da universidade, como ilustram C e D:

“Trazendo estagiários pra que ajudem na prática, ajudem na prática deles [alunos da Sala de Recursos] ou levando eles até os laboratórios dessas faculdades pra que eles possam explorar mais porque aqui fica um pouco limitado, abrir um pouco mais” (C).

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“Abrindo espaço para inserir nossos alunos e oportunizar a experimentação de outras realidades de acordo com a inclinação do potencial de cada um”(D).

Dentre outras contribuições destacam-se: capacitação de alunos do curso de Pedagogia para trabalhar com oficinas de jogos (E); inclusão de discussões ou disciplinas que abordem o tema da superdotação, projetos e propostas de atendimento a estes estudantes (L). Um dos participantes acredita que as IES possam abrir as portas para estudantes com Altas Habilidades/Superdotação, investir na formação do acadêmicos sobre a temática e elaboração de projetos para atender as demandas deste alunado:

“Creio que a abertura ao receber esses estudantes para que possam compartilhar os interesses e mostrar que esse conteúdo pode fazer toda a diferença na vida desses pequenos já é um grande passo. Outra questão seria desmistificar o assunto e dar maiores informações aos acadêmicos das áreas que de alguma forma se envolvam com a educação. E por fim que as instituições de ensino superiores possam elaborar projetos que oportunizem o acesso desses estudantes e coloquem as cadeiras da Universidade dentro das instituições educacionais para que a teoria seja unida a prática” (I).

Desta forma, concorda-se com Sakaguti e Bolsanello (2013), ao sugerirem a necessidade de mobilização da Universidade para que esta participe ativamente da melhoria da Educação Especial e em particular da área de Altas Habilidades/Superdotação, por meio de atividades de ensino, pesquisa e extensão, as quais são representadas, dentre outros, por Cursos de Formação Continuada e/ou Cursos de Especialização nesta área.

3.4 Sentimentos em relação à docência

A cada participante foi perguntado como se sente sendo professor (a) de um aluno

superdotado (a). Nesta questão, os professores relataram paixão, desafio, realização,

gratificação, feliz, prazer, fascinação. Como exemplo, os relatos de G, H e B: “Desafio diário constante, eu tenho verdadeira paixão” (G).

“Trabalhar com estudantes de altas habilidades/superdotação é um presente, no qual não se sabe o que será revelado, no entanto te surpreenderá” (H).

“Eu fico fascinada, encantada, porque eu sou evolucionista” (B).

Observou-se nas falas dos participantes que a dedicação e o compromisso se fazem presentes, o dia a dia com o aluno superdotado é um desafio a ser vencido. E que a realização pessoal e profissional também é composta de prazer e muita gratificação.

3.5 Comentários finais

Ao final da entrevista, quando perguntado se gostaria de fazer comentários ou complementar algo sobre o tema desta pesquisa, a maioria dos participantes deixou sua contribuição.

“Espero que este nosso breve contato possa despertar em você as mesmas dúvidas que me levaram a aceitar o desafio do trabalho com as Atlas Habilidades/Superdotação” (A).

“Fico contente [...] vocês da Uninter, já estão fazendo grupo de trabalho” (B).

“É um tema novo, ainda precisa muito tempo de pesquisa [...] pra ajudar a nós que trabalhamos nessa área. Porque está sendo complicado. Alunos que tem dificuldades,

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você consegue ter informação, tem cursos, tem muita gente trabalhando na área. Agora, na área de Altas Habilidades, é muito pouco, são poucas escolas que ofertam, poucos profissionais que trabalham. Todo mundo que você conversa ainda está muito novo, estão na tentativa”(C).

“Continuidade, conseguir parceria, capacitação continuada com professores” (E). “Esta área instiga muito estudo e aprofundamento, pois tenho visto muitos mitos pelas escolas. Este aluno ainda não é totalmente visualizado por alguns professores. [...] São professores que exigem capacitação, formação, assessoramento, estudos profundos por parte dos núcleos, tanto do Estado quanto da Prefeitura. [...] As políticas públicas tem que estar voltadas à capacitação desse professor para atender bem esses alunos” (G). “Trabalhar com estudantes de Altas Habilidades/Superdotação é um presente no qual não se sabe o que será revelado. No entanto, te surpreenderá” (H).

“Acho de extrema importância que os olhos acadêmicos estejam se voltando para esse público que em muitos casos são deixados de lado pelo enorme equívoco de pensar que eles podem seguir sozinhos. E quando conseguimos trabalhar juntos, podemos ver o quanto juntos somos bem melhor” (I).

“Toda pesquisa na área, que seja realizada para ampliar as possibilidades de atendimento, ou seja, que venha a contribuir é muito bem vinda [...] desde que, realizada com seriedade. Esta, eu sei que está em boas mãos” (J).

“Sim, gostaria de registrar o crescente número de crianças identificadas nas instituições municipais. Essa demanda é resultado de um trabalho que se constrói dia a dia, num movimento de ação, reflexão, ação. Portanto, um trabalho de qualidade. Tudo o que fazemos, surge de uma necessidade apontada nessa avaliação. Sabendo a necessidade, propomos alternativas de intervenção e melhoria” (L).

Os participantes apresentam a importância de estudos nesta área e a necessidade de capacitação aos professores, parcerias, assessoramento, estudos aprofundados para melhor atender os alunos com Altas Habilidades/Superdotação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho permitiu que se conhecesse os distintos contextos escolares na investigação de composições para o atendimento das necessidades de aprendizagem dos alunos com Altas Habilidades/Superdotação. Ficou compreensível que o processo de identificação das Altas Habilidades/Superdotação e seus desenvolvimentos ao atendimento educacional deste alunado da Educação Básica é tarefa complexa contudo não impossível. O grupo de pesquisa concebe a necessidade de propor estratégias, isto é, a inópia de implantação de um exemplo de acolhimento que respalde as demandas dos estudantes superdotados que frequentam as salas de recursos da educação básica na rede pública de ensino. Desta forma, o grupo de pesquisa tende a dar continuidade aos seus estudos.

A aproximação do pesquisador com a comunidade de interesse já foi iniciada e a seleção dos problemas mais citados na coleta de dados incitados. A partir daí iniciar-se-á a elaboração de proposta de atendimento aos alunos com Altas Habilidade/Superdotação a ser viabilizada no Centro Universitário Internacional Uninter.

(11)

Os dados obtidos apontam que todos os atendimentos especializados ocorrem excepcionalmente em escolas da rede pública estadual e municipal, não havendo até o presente momento de sala de recursos para altas habilidades/superdotaçao ligadas à iniciativa privada. Sugere-se, assim, o atendimento educacional especializados na rede privada de ensino, potencializando-se os recursos tecnológicos, humanos e materiais disponíveis na própria instituição de ensino.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de

Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.

Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf Acesso em: 30/09/09.

RENZULLI, J. S. O que é esta coisa chamada superdotação, e como a desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Trad. Susana Graciela Pérez Barrera Pérez. Revista Educação, Porto Alegre-RS, n. 1 (52), p.76-131, jan./abr., ano XXVII, 2004.

SAKAGUTI, P. M. Y. Concepções de pais sobre as altas habilidades/superdotação dos

filhos inseridos em atendimento educacional especializado. 2010. Dissertação (Mestrado

em Educação). Setor de Educação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba.

SAKAGUTI, P. M. Y.; BOLSANELLO, M. A. Filhos com Altas Habilidades/Superdotação: sentimentos, dificuldades e expectativas dos pais. Revista Brasileira de Altas Habilidades/Superdotação, 1 (1), Jan./Jun. 2013, p. 78-86, no prelo.

SAMPIERI, R. H. et al. Metodologia de pesquisa. 3. ed. São Paulo: McGraw- Hill, 2006. TRIVIÑOS, A. N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

VIRGOLIM, A. M. R. A identificação de alunos para programas especializados na área das altas habilidades/superdotação: problemas e desafios. Revista Brasileira de Altas

Habilidades/Superdotação, 1 (1), Jan./Jun. 2013, p. 50-60, no prelo.

______. A educação de alunos com altas habilidades/superdotação em uma perspectiva inclusiva. In: MOREIRA, L. C.; STOLTZ, T. (Coords.). Altas habilidades/superdotação,

Referências

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