Uso da ciclovia da Avenida Brigadeiro Faria Lima Resultados

Resultados

Instituto de F´ısica, Universidade de S˜ao Paulo (Data: 12 de dezembro de 2015)

Prof. Zwinglio Guimar˜aes-Filho

I. INTRODUC¸ ˜AO

O trabalho tem como objetivo principal a an´alise do uso da ciclovia da Avenida Brigadeiro Faria Lima, na altura do Shopping Iguatemi. A cˆamera fica no alto do pr´edio da PRODAM (Empresa de Tecnologia da Informa¸c˜ao e Comunica¸c˜ao do Munic´ıpio de S˜ao Paulo), no n´umero 2152, e detecta ciclistas passando por um trecho da ciclovia (pedestres, em geral, n˜ao s˜ao contabilizados). Abaixo h´a um exemplo da imagem da cˆamera, no momento em que um ciclista ´e detectado.

Figura 1. Exemplo de imagem da cˆamera que detecta os ciclistas.

A cˆamera fica ligada 24 horas por dia, 7 dias por semana e registra a passagem de ciclistas em dois sentidos:

Esquerda: sentido Metrˆo Faria Lima/Av. Pedroso de Morais, onde h´a tamb´em um biciclet´ario municipal;

Direita: sentido Vila Ol´ımpia/Av. Presidente Juscelino Kubitschek, onde h´a o Parque do Povo e o acesso `a ciclovia do Rio Pinheiros.

II. M ´ETODOS

Os dados dispon´ıveis foram capturados por uma cˆamera e um software que detecta a presen¸ca de ciclistas atra-vessando uma parte da imagem, em qualquer sentido. Dentre as informa¸c˜oes disponibilizadas, as que s˜ao confi´aveis e foram utilizadas nessa an´alise s˜ao o sentido de locomo¸c˜ao de cada ciclista (esquerda ou direita) e o momento da detec¸c˜ao (com precis˜ao de 1 segundo).

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III. RESULTADOS

A. Uso di´ario da ciclovia

Abaixo temos um histograma do uso di´ario da ciclovia no per´ıodo analisado. Em geral, h´a mais ciclistas nos fins de semana, por´em o uso em dias de semana ainda ´e substancial, indicando que ela deve ser usada tanto para atividades de lazer como tamb´em para fins profissionais e deslocamentos para o local de trabalho. Podemos perceber alguns dias onde o uso foi muito abaixo do normal, e, at´e onde pude observar, a maioria coincide com dias que tiveram chuvas. Alguns dias com chuva, entretanto, tiveram quantidade de ciclistas normal, possivelmente por ter chovido somente durante a madrugada. Houveram tamb´em quatro dias em que n˜ao houve coleta de dados, por motivos desconhecidos.

Figura 2. Total de ciclistas em cada dia dos cinco meses analisados.

B. Frequˆencia de uso da ciclovia

1. Uso aos dias de semana

Nos dois histogramas a seguir, podemos ver a soma de ciclistas em dias de semana em rela¸c˜ao aos hor´arios do dia (para a esquerda em vermelho, e para a direita em azul). Podemos notar dois ou trˆes picos: O primeiro ´e por volta das 09:00, pr´oximo do in´ıcio da jornada de trabalho/estudo de grande parte da popula¸c˜ao. O segundo ´e em torno das 12:00-12:30, hor´ario de almo¸co. O terceiro ´e entre as 18:00 e as 19:00, quando h´a o fim da jornada de trabalho.

Podemos ainda observar que h´a uma quantidade maior de ciclistas indo para a direita no per´ıodo da manh˜a e para a esquerda no fim da tarde, indicando possivelmente uma oferta maior de trabalho na regi˜ao `a direita (arredores da Vila Ol´ımpia, que tˆem muitos empreendimentos comerciais, ao contr´ario da regi˜ao `a esquerda, que al´em da Av. Brig. Faria Lima ´e mais residencial). Os dois gr´aficos parecem refletidos um em rela¸c˜ao ao outro, o que ´e mais um ind´ıcio do uso da bicicleta para deslocamentos ao trabalho.

Figura 3. Total de ciclistas detectados em cada sentido, somados ao longo dos dias de semana.

2. Uso aos s´abados

Aos s´abados, o perfil de uso ´e notoriamente diferente do uso aos fins de semana. Ainda vemos dois picos principais, por´em mais concentrados no meio do dia. ´E poss´ıvel dizer que h´a uma dire¸c˜ao privilegiada, mas essa caracter´ıstica n˜ao ´e t˜ao clara como no caso acima.

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3. Uso aos domingos

Aos domingos, finalmente, vemos que os histogramas s˜ao bem diferentes dos fins de semana e at´e mesmo do s´abado. H´a um pico maior por volta do meio-dia e outro menor no fim da tarde. Claramente n˜ao h´a dire¸c˜oes preferenciais, indicando que ´e um uso mais para fim de lazer/esporte. Outro fato a se levar em considera¸c˜ao ´e a abertura das ciclofaixas de lazer, que aumenta consideravelmente a malha ciclovi´aria da cidade e pode influenciar no perfil de uso da ciclovia aos domingos (uma pessoa pode ter mais op¸c˜oes de percursos no domingo, n˜ao precisando voltar pela mesma via, por exemplo).

Figura 5. Total de ciclistas detectados em cada sentido, somados ao longo dos domingos.

C. Intervalo de tempo entre ciclistas consecutivos

Finalmente, foram analisados os tempos entre dois ciclistas consecutivos considerando-se ou n˜ao o sentido, os quais est˜ao presentes nos gr´aficos abaixo.

1. Dias de semana

Figura 6. Histograma do intervalo de tempo entre dois ciclistas consecutivos indo para a esquerda, em dias de semana.

Figura 7. Histograma do intervalo de tempo entre dois ciclistas consecutivos indo para a direita, em dias de semana.

Nas duas figuras anteriores, podemos ver um pico principal e outros picos secund´arios, estes mais aparentes no histograma dos ciclistas indo para a esquerda, que al´em disso tamb´em tem uma contagem de ciclistas cerca de 50% maior para tempos pr´oximos de 0 segundos. Esse fato pode ser explicado pela presen¸ca de um farol de trˆansito `a

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direita da imagem da cˆamera, que aglutina ciclistas antes de serem detectados. Essa influˆencia do farol ´e menor, por´em ainda percept´ıvel, para ciclistas indo para a direita.

Abaixo temos o histograma desconsiderando-se o sentido dos ciclistas consecutivos e, como podemos observar, os picos adicionais somem.

Figura 8. Histograma do intervalo de tempo entre dois ciclistas consecutivos, independente de sentido, em dias de semana.

Colocando o eixo vertical do gr´afico acima em escala logar´ıtmica, obtemos o gr´afico abaixo, onde ´e poss´ıvel ver que a contagem de ciclistas se assemelha bastante a uma reta, indicando que ela obedece uma distribui¸c˜ao de Poisson. Para tempos pr´oximos de zero, entretanto, isso deixa de ser verdade. Uma prov´avel explica¸c˜ao para isso ´e a discretiza¸c˜ao dos valores de tempo: nos dados fornecidos pelo software, a precis˜ao de tempo ´e de segundos. Portanto, tempos de 0 a 0, 5 segundos s˜ao arredondados para 0 (levando a uma contagem relativamente menor para esse caso), tempos entre 0, 5 e 1, 5 segundos s˜ao arredondados para 1, e assim sucessivamente.

Figura 9. Intervalo de tempo entre dois ciclistas consecutivos, independente de sentido, em dias de semana.

2. Domingos

O mesmo foi feito no caso dos domingos (o histograma de intervalos de tempo aos s´abados ´e bastante parecido, mas com total de ciclistas menor). Abaixo est˜ao os gr´aficos referentes a ciclistas consecutivos em qualquer dire¸c˜ao, em escala normal e em escala logar´ıtmica.

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Figura 11. Intervalo de tempo entre dois ciclistas consecutivos, independente de sentido, em domingos.

Podemos enxergar uma reta para tempos entre 10 e 120 segundos, aproximadamente. Para tempos menores que 10 segundos, a explica¸c˜ao ´e a mesma que no caso dos fins de semana, e para tempos maiores que 120 segundos, h´a um problema de baixa contagem.

IV. CONCLUS ˜OES

Da an´alise anterior, podemos concluir que o perfil de uso da ciclovia ´e claramente diferente em dias de semana e em fins de semana: em dias de semana h´a dois picos de deslocamento mais acentuados, no per´ıodo da manh˜a e no fim da tarde, e dire¸c˜oes preferenciais; em fins de semana esses picos s˜ao bem menos aparentes e h´a uma dilui¸c˜ao maior de ciclistas ao longo do dia. Aos s´abados, as dire¸c˜oes preferenciais s˜ao bem menos aparentes e no domingo certamente n˜ao h´a dire¸c˜oes preferenciais.

Ainda, pudemos ver que os intervalos entre ciclistas consecutivos obedecem a distribui¸c˜oes de Poisson e que a assimetria entre os dois sentidos podem ser explicados pela presen¸ca de um farol de trˆansito. Ao desconsiderarmos o sentido dos ciclistas, os picos adicionais somem e a distribui¸c˜ao se torna monomodal.

V. AGRADECIMENTOS

LabProdam, por disponibilizar os dados do projeto livremente; INMET, pelos dados de chuva acumulada;