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ATROPELAMENTOS DE VERTEBRADOS EM UMA ÁREA DE MATA ATLÂNTICA NA RODOVIA MG-260 EM CLÁUDIO, MINAS GERAIS, BRASIL

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 1 ATROPELAMENTOS DE VERTEBRADOS EM UMA ÁREA DE MATA

ATLÂNTICA NA RODOVIA MG-260 EM CLÁUDIO, MINAS GERAIS, BRASIL

RUN OVER OF VERTEBRATES IN AN AREA OF ATLANTIC FOREST ON HIGHWAY MG-260 IN CLÁUDIO, MINAS GERAIS, BRAZIL

Rejane Elizabeth Esteves de CASTRO1, Tamires Oliveira DOS SANTOS2, Gabriela dos Santos Oliveira GOMES3, Ricardo Oliveira LATINI4

Resumo

A construção de rodovias é um meio necessário para a sobrevivência humana, pois gera empregos, facilita o deslocamento, melhora a qualidade de vida das pessoas como um todo, mas que também tem impacto direto na vida de animais silvestres. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento de vertebrados atropelados na rodovia MG-260, localizada no município de Cláudio - MG, identificando as classes de animais mais frequentemente acometidas, os trechos da estrada que oferecem maiores riscos de atropelamentos e propor estratégias que possam minimizar a frequência de atropelamentos nesta região. Foi percorrido mensalmente (cinco campanhas de campo), no período de janeiro de 2019 a maio de 2019, um trecho de 7 km da rodovia, totalizando um esforço amostral de 35 km de caminhada. O presente trabalho registrou 230 animais vítimas de atropelamento, destes 124 (53,91%) eram anfíbios, 43 (18,69%) répteis, 23 (10%) aves, 15 (6,52%) mamíferos, 6 (2,60%) animais domésticos e 19 (8,26%) indivíduos não puderam ser identificados. Os trechos com maior frequência de atropelamentos foram aqueles correspondentes aos Km 15 (76 atropelamentos) e Km 16 (47 atropelamentos). O período com maior número de atropelamentos ocorreu no primeiro trimestre do ano. Foi observado e discutido a ausência de medidas mitigadoras e preventivas para a redução dos índices de atropelamentos, além de fatores que possam estar diretamente relacionados a alta taxa de atropelamento de anfíbios.

Palavras–chave: Animais silvestres, ecologia de estradas, estradas brasileiras, fauna silvestre, medidas mitigadoras.

1 Bióloga. Graduada pela Faculdade Una de Betim. 2 Bióloga. Graduada pela Faculdade Una de Betim. 3 Bióloga. Graduada pela Faculdade Una de Betim.

4Zootecnista. Mestre em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix e Faculdade Una de Betim.

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 2 Abstract

The road construction is necessary to human survival because creates jobs, facilitate the displacement, improves people’s quality of life as a whole, but it also directly impacts the lives of wild animals. The purpose of this work was carry out a survey of run over vertebrates at highway MG-260, located in the municipality of Cláudio, identifying the class of animals most often hit by, the sections of the road that offer the greatest risk of being run over and suggest strategies that minimize the frequency of being run over in this region. It was traveled monthly (five field campaigns), from January 2019 to May 2019, a stretch of 7 kilometers of the highway, totaling a sample effort of 35 km of walking. This work registered 230 animals’ victims of being run over, of these 124 (53,91%) was amphibians, 43 (18,69%) reptiles, 23 (10%) birds, 15 (6,52%) mammals, 6 (2,60%) domestic animals and 19 (8,26%) unidentified animals. The stretches with the most frequency of being run over were those the km 15 (76 run over) and Km 16 (47 run over). The period with the highest number of run over occurred in the first quarter of the year. It was observed and discussed the absence of mitigating and preventive measures

to reduce the run over rates, in addition to factors that may be directly related the high amphibian trampling rate.

Keywords: wild animals, highway ecology, Brazilian roads, wildlife, mitigation measures.

INTRODUÇÃO

A construção de rodovias é um meio necessário para a sobrevivência humana, pois gera empregos, facilita o deslocamento, melhora a qualidade de vida das pessoas como um todo. Entretanto seus efeitos podem prejudicar as populações de várias espécies, causando alterações nos ecossistemas, fragmentando hábitats, ocasionando efeitos de borda, além dos atropelamentos frequentes da fauna silvestre (TURCI e BERNARDE, 2009; SANTOS et al., 2012).

Embora a maioria dos atropelamentos seja acidental, muitos são propositais, devido a uma questão cultural de não gostar do animal ou de captura para alimentação, como nos casos de tatus atropelados (TURCI e BERNARDE, 2009). A frequência dos atropelamentos em alguns grupos pode estar relacionada com a sazonalidade climática, pois répteis se deslocam mais em estações quentes, período em que se encontram em maior atividade (SANTOS et al., 2012) e anfíbios são mais frequentemente atropelados em períodos chuvosos, devido à facilidade maior de encontrar alimentos e à necessidade de locomoção para a reprodução e dispersão de juvenis (GUMIER-COSTA e SPERBER, 2009; SANTOS et al., 2012).

Alguns pesquisadores relatam uma relação direta da diminuição da abundância da fauna da região com a construção de estradas. Silva et al. (2011) registraram 135 animais atropelados de 35 espécies distintas em Uberaba-MG nos anos de 2007 e 2008. Segundo estes autores, esses atropelamentos se devem, principalmente, à procura dos animais por recursos alimentares e habitats adequados. Carvalho et al. (2015), registraram um alto

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 3 número de atropelamentos na BR-050, rodovia que se localiza em Uberlândia e Uberaba. No período de abril de 2012 a março de 2013 foram registrados 683 vertebrados atropelados, destes 482 eram mamíferos, o alto número de incidentes com esta classe, segundo os autores, se dá devido à presença abundante da vegetação de mata atlântica e cerrado.

Muitos atropelamentos podem ser evitados quando algumas estratégias simples são adotadas, como a sinalização de rodovias, a implantação de redutores de velocidade e a execução de campanhas educativas, que, geralmente, possuem grande impacto perante a população (GUMIER-COSTA e SPERBER, 2009). Porém, o sucesso dessas estratégias depende de estudos avaliativos de cada local, pois variáveis, como as diferenças existentes entre as paisagens; a frequência de utilização das estradas pela fauna; tipo de medida mitigadora mais adequada para as espécies mais atropeladas; dentre outros fatores, são determinantes no momento da implantação (PRADA, 2004; BAGATINI, 2006).

Os diagnósticos de atropelamentos são considerados imprescindíveis para aumentar a efetividade das ações voltadas para a minimização de impactos negativos a diversidade faunística (SILVA et al., 2011; SANTOS et al., 2012; PINHEIRO e TURCI, 2013; VALADÃO et al., 2018). A execução de estudos voltados para o mapeamento de trechos de estradas com maiores registros de atropelamento e o levantamento de informações dos grupos faunísticos mais frequentemente atropelados tornaram-se, portanto, de grande importância.

Observações casuais indicam que seja grande o número e atropelamentos na rodovia MG-260, que conecta o município de Cláudio a Itapecerica, em Minas Gerais. Isto pode estar relacionada às pressões provenientes das ações antrópicas (SILVA et al., 2011), como a fragmentação e a degradação de habitat, que forçam os deslocamentos de animais em busca de alimentação e água (PRADO et al., 2006). Embora os atropelamentos de fauna sejam frequentes nessa estrada, nenhum estudo específico identificando os grupos faunísticos mais atropelados e os trechos dessa estrada que oferecem maiores riscos de atropelamento foram realizados até o momento.

Diante disso, o objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento de vertebrados atropelados na rodovia MG-260 num trecho de 7km de extensão, identificando as classes de animais mais frequentemente acometidas, os trechos da estrada que oferecem maiores riscos de atropelamentos e propor estratégias que possam minimizar a frequência de atropelamentos nesta região.

MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo

O estudo foi realizado em um trecho entre o Km 10 (20°24’16”S, 44°37’43”O) e o Km 17 (20°22’20”S, 44°40’48”O) da rodovia MG-260, que interliga os municípios de Cláudio e Itapecerica (Figura 1), ambas localizadas na região oeste de Minas Gerais (IBGE, 2017). O clima regional predominante é o mesotérmico (Cwb na classificação Köppen), com verões chuvosos e invernos secos, precipitação média anual de 1601 mm

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 4 e temperatura média variando entre 15,9 e 21,8 °C (ALVARES et al. 2013; município de referência: Cláudio).

Figura 1: Munícipio de Cláudio-MG e rodovia MG-260, alvo do estudo.

A vegetação em Cláudio em sua maior parte é constituída por cerrado e trechos de mata atlântica, predominando a Mata Atlântica na área estudada (IBGE, 2017). O local possui paisagem em mosaico, variando entre áreas antropizadas, com terrenos de monocultura e pecuária, e trechos de mata preservada (Figura 2).

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 5 Figura 2: Trecho estudado, de 7km de extensão e entornos, da rodovia MG-260 em

Cláudio-MG.

Fonte: Google Earth, 2019

Coleta e análise dos dados

O método utilizado foi baseado nos estudos de Silva Neto et al. (2015), Steil et al. (2016) e Valadão et al. (2018). Foi percorrido mensalmente (cinco campanhas de campo), no período de janeiro de 2019 a maio de 2019, um trecho de 7 km da rodovia por duas observadoras (uma à esquerda da via e outra à direita), alternando os horários entre manhã e tarde, totalizando um esforço amostral de 35 km de caminhada.

Durante o percurso foram registradas as imagens dos vertebrados atropelados com melhor estado de preservação, as coordenadas geográficas dos locais dos atropelamentos foram marcadas com o auxílio de um GPS (modelo Garmin, Map 60) e as datas dos atropelamentos foram anotadas. Também foi realizada a identificação das classes dos animais, em anfíbios, répteis, aves, mamíferos e também as categorias animais domésticos e não identificados (para carcaças cujo estado de decomposição impossibilitou a classificação). Para identificar os trechos da estrada com maiores índices de atropelamentos foi utilizado o mapa de densidade de Kernel do programa Q-Gis versão 3.4.5, a partir das coordenadas geográficas de cada atropelamento.

RESULTADOS

O presente estudo registrou 230 animais vítimas de atropelamento (alguns destes representados na Figura 3) no trecho estudado da rodovia MG-260, perfazendo uma frequência de 6,57 indivíduos atropelados por quilômetro. Destes, 124 (53,91%) eram anfíbios, 43 (18,69%) répteis, 23 (10%) aves, 15 (6,52%) mamíferos, 6 (2,60%) animais

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 6 domésticos e 19 (8,26%) indivíduos não puderam ser identificados (Figura 4), devido ao estado em que se encontravam.

Figura 3: A = Amazilia lactea (beija-flor-de-peito-azul); B = Oxyrhopus sp. (coral-falsa); C = Leptodactylus sp.; D = Coragyps atratus (urubu-de-cabeça-preta); E =

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 7 Figura 4: Quantidade de indivíduos registrados por grupos de animais atropelados na rodovia MG-260, em Cláudio-MG, num trecho de 7km de extensão, no período de janeiro de 2019 a maio de 2019.

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 8 Os trechos com maior frequência de atropelamentos foram aqueles correspondentes aos Km 15 com 76 atropelamentos e Km 16 com 47 atropelamentos (Figura 5), ambos com alto número de anfíbios vitimados (52 e 31 indivíduos, respectivamente) e o trecho com menor, foi o Km 17, com apenas cinco atropelamentos no total (Tabela 1).

Figura 5: Mapa de densidade de Kernel do trecho estudado da rodovia MG-260 em Cláudio-MG. O trecho da estrada com coloração vermelha (Km 15 e Km 16) apresentaram maior frequência de atropelamentos. Foram marcados os fragmentos de mata preservada com conexão com a estrada. Fonte: Google Earth.

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 9 Tabela 1. Número de atropelamentos registrados por Km da rodovia MG-260, em Cláudio-MG, no período de janeiro de 2019 a maio de 2019. ANF: anfíbios; REP: répteis; AVE: ave; MAM: mamíferos; DOM: animais domésticos; NI: não identificado.

KM N° Atropelamentos

ANF REP AVE MAM DOM NI TOTAL

10 9 11 3 4 0 3 30 11 3 4 6 1 1 1 16 12 3 8 0 0 1 3 15 13 3 3 1 2 1 0 10 14 19 4 3 1 3 1 31 15 52 10 3 5 0 6 76 16 31 3 7 2 0 4 47 17 4 0 0 0 0 1 5

Os atropelamentos no trecho estudado se concentraram próximos a áreas com vegetação preservada, uma com 168 ha e a outra com 119 ha aproximadamente. Além de estarem próximos a uma curva sinuosa e uma reta extensa da rodovia (Figura 5).

O mês com maior índice de atropelamento foi fevereiro com 68 vertebrados registrados, sendo que 51 (75%) deles eram anfíbios, mas este número decaiu bruscamente nos dois meses subsequentes. Embora os répteis tenham se mantido estáveis durante quase todo o período, o cenário mudou em maio, sendo registrado o maior número de indivíduos (35% do total no mês) no decorrer do estudo (Figura 6).

Figura 6: Flutuação do número de indivíduos atropelados ao decorrer do estudo, na rodovia MG-260 em Cláudio-MG, num trecho de 7km de extensão, no período de janeiro de 2019 a maio de 2019. ANF: anfíbios; REP: répteis; AVE: ave; MAM: mamíferos; DOM: animais domésticos.

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 10 DISCUSSÃO

Neste estudo foi encontrado uma média de 6,57 indivíduos atropelados por quilômetro percorrido, valor superior à outros registrados em alguns estudos, como: 0,078 ind/km registrados em Pantano Grande – BR-290 – RS (STEIL et al., 2016) e o mesmo valor na Rodovia RO-383 – RO (TURCI e BERNARDE, 2009), 0,138 ind/km na Estrada de Variante - BR-307 – AC (PINHEIRO e TURCI, 2013), 0,048 no Nordeste do estado de SP (PRADA, 2004) e em Chapadão do Céu – GO foram registrados 0,058 ind/km (SILVA NETO, et al., 2015). Este fato pode estar associado ao tempo e método de amostragem (STEIL et al., 2016), que foi diferente dos outros estudos, em que todos coletaram seus dados a uma velocidade muito superior (40km/h a 60km/h) e com veículos automotores, o que diminui as chances de encontrar animais menores ou que estejam sob a vegetação rasteira as margens da rodovia.

A maioria dos estudos encontrados relatam uma maior quantidade de aves e mamíferos atropelados, exceto pelo estudo de Turci e Bernarde (2009) que assim como este, relataram a classe anfíbia como a mais afetada pelos acidentes automotores. Este fato também pode estar relacionado ao método de amostragem utilizado, que diferente dos demais trabalhos aqui citados, foi realizado a pé e, portanto, com menor velocidade, tornando-se mais fácil a localização de animais menores (TURCI e BERNARDE, 2009; TEIXEIRA, 2010). Além disso, o ambiente mais úmido da região deve estar influenciando a alta taxa de atropelamento de anfíbios.

O alto número de atropelamentos registrados neste estudo também pode ser justificado pela situação no entorno das rodovias. A degradação e a fragmentação de habitats causadas pelas atividades agropecuárias obrigam os espécimes a se deslocarem com maior frequência pela estrada a procura de alimento, água, abrigo e locais adequados para a reprodução. Se o ambiente no entorno da estrada oferecesse condições favoráveis para os animais, eles não necessitariam transpô-la e deste modo a frequência de atropelamentos seria bem menor (PRADO et al., 2006; SILVA NETO et al., 2015).

Outro fator que eleva os números de atropelamentos são as características da via. O trecho com maior número de registros de animais vitimados, não coincidentemente, se encontra em um trecho de curva sinuosa seguido por uma reta extensa (Figura 5). Estas condições incentivam os motoristas a elevar a velocidade, dificultando ações preventivas que podem evitar os acidentes com os animais (PRADO et al., 2006; SILVA NETO et al., 2015). Além disso, o trecho da estrada onde foram registrados maiores números de atropelamento está próximo aos maiores fragmentos de vegetação nativa da área de estudos, o que favorece o fluxo constante dos animais (SILVA et al., 2011).

A grande pluviosidade do trimestre de janeiro, fevereiro e março/2019 e a temperatura favorável, podem ser a razão da maior quantidade de anfíbios atropelados nestes três meses, principalmente em fevereiro, já que sabemos que estes animais têm suas atividades diretamente influenciadas pelos fatores de temperatura, pluviosidade e umidade do ar (SANTANA, 2010; LEITE, 2014; WACHLEVSKI et al., 2014). Santana (2010) afirma que não é necessário um período muito longo de chuvas para que se registre uma maior incidência de anfíbios nas estradas, bastam alguns dias com precipitações elevadas para que se note uma frequência maior destes animais. Porém é aconselhável que um estudo mais extenso seja realizado, para que os índices pluviométricos de todo o ano sejam avaliados e associados aos atropelamentos de anfíbios.

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 11 Apesar dos números demonstrarem uma alta taxa de atropelamentos no trecho avaliado da rodovia MG-260, há indicação de que estes dados estejam subestimados, já que vários animais ao serem atingidos pelos veículos podem ser lançados para fora da pista, e por consequência não foram amostrados. Também aqueles animais que sofreram injúria podem sair do local e acabar morrendo longe da estrada. Ainda há aqueles indivíduos de pequeno porte que podem ter sido carregados por outros animais carnívoros (carniceiros), não sendo contabilizados na amostragem (TURCI e BERNARDE, 2009; PINHEIRO e TURCI, 2013).

É aconselhável que medidas efetivas que possam reduzir os atropelamentos de vertebrados nesta região sejam implantadas, como trabalhos de conscientização dos usuários da rodovia, instalação de redutores de velocidade e placas educativas nos trechos com maior incidência de atropelamento (PRADA, 2004; BAGATINI, 2006; HENGEMÜHLE e CADEMARTORI, 2008; LAUXEN, 2012), visto que o número de animais silvestres atropelados é muito elevado. Além da implementação de tais medidas é necessário a fiscalização dos órgãos competentes e aplicação de multas quando necessário (BAGATINI, 2006).

Outra medida que seria eficaz no local do estudo são passagens subterrâneas, entretanto tal medida necessita de mais estudos no local, já que se for mal implantada pode trazer efeitos negativos a fauna, monitoramentos pós-implantação também é aconselhável, para garantir que tal medida esteja adequada e se adaptações precisam ser feitas (HENGEMÜHLE e CADEMARTORI, 2008; LAUXEN, 2012).

CONCLUSÃO

No trecho estudado, os anfíbios apresentaram a maior frequência de indivíduos vítimas de atropelamento na rodovia MG-260. A maior densidade de animais atropelados ocorreu nos km 15 e km 16 da rodovia, sendo um trecho importante devido às características da via e à presença de vegetação preservada ao entorno.

A partir desse fato, notou-se que as prevalências dos altos índices de atropelamentos de anfíbios foram registradas no mês de fevereiro podendo ser resultado da maior pluviosidade no local no primeiro trimestre do ano. Porém é necessário a expansão da coleta de dados dentro de um espaço maior de tempo, incluindo os índices pluviométricos durante todo o ano na região.

Quanto à presença de soluções para prevenção desses atropelamentos ou possíveis acidentes, notou-se que os 7 km da rodovia referentes à área de estudo não apresentavam quaisquer medidas efetivas para a redução dos atropelamentos, como sinalizadores e redutores de velocidade, sendo um ponto importante a ser considerado juntamente com os órgãos responsáveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Revista NBC - Belo Horizonte – vol. 10, nº 19, julho de 2020. 12 BAGATINI, T. Evolução dos índices de atropelamento de vertebrados silvestres nas rodovias do entorno da Estação Ecológica Águas Emendadas, DF, Brasil, e eficácia de medidas mitigadoras. Dissertação de Mestrado. Brasília, Universidade de Brasília. 2006.

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