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Ilma. Superintendente de Educação, Sra. Indira dos Reis Silva

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Praça Robert Simões n º 92, Centro, Mangaratiba - RJ - CEP: 23.860-000 Tel.: (21) 3789-3037 / (21) 3789-3167 / (21) 3789-3028 / (21) 3789-3081

1 Processo Administrativo n° 07204/2010

Interessado: Secretaria Municipal de Educação

Assunto: Exibição de Material Audiovisual e Textual na Rede Escolar

Propriedade Intelectual. Direito Autoral. Lei nº. 9.610/98. Exibição de Material Audiovisual e Textual na Rede Municipal de Ensino. Conteúdo Caracterizado como Palestras e Fóruns de Debates Realizados Durante a Semana de Valorização do Profissional de Educação. Ausência de Autorização Expressa de Palestrantes. Possibilidade de Exibição com Restrições.

Ilma. Superintendente de Educação, Sra. Indira dos Reis Silva

Trata-se de consulta formulada por essa Secretaria indagando sobre a possibilidade de exibição de material audiovisual e textual na rede municipal de educação sem a autorização de alguns participantes do evento denominado Semana de Valorização do Profissional de Educação.

O enriquecimento do cotidiano escolar e a melhoria da prática diária em sala de aula justificariam a exibição do material nos encontros pedagógicos realizados nas unidades de ensino do Município de Mangaratiba.

Relatado o necessário. Passo a opinar.

A questão submetida à análise nos parece inédita na urbe, merecendo aplausos a iniciativa da Ilma. Superintendente de Educação.

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2 O ponto nodal reside na averiguação da necessidade de autorização de palestrante participante da “Semana de Valorização do Profissional de Educação” ocorrida na municipalidade para a exibição, nas unidades escolares de Mangaratiba, das imagens e textos produzidos durante referido evento.

O direito de autor, espécie de direito da propriedade intelectual, goza, desde 1709 – ano de promulgação da primeira lei inglesa que dispunha sobre o

copyright

ou “direito de cópia” de livros – de proteção legal. Tal proteção se alargou com a eclosão da Revolução Francesa e a realização da Primeira Convenção Internacional sobre a matéria, realizada na cidade de Berna no ano de 1886.

No Brasil, antes do advento da Constituição de 1824, diversos alvarás já previam a concessão de um direito de exclusiva aos titulares de inventos, destacando-se o Alvará de 28 de abril de 1809.

À época, deixou consignado o Príncipe Regente D. João VI:

“(..) VI. Sendo muito conveniente que os inventores e introdutores

de alguma nova máquina e invenção nas artes gozem do privilégio exclusivo, além do direito que possam ter ao favor pecuniário, que sou

servido estabelecer em benefício da indústria e das artes, ordeno que todas as pessoas que estiverem neste caso apresentem o plano de seu novo invento à Real Junta do Comércio; e que esta, reconhecendo-lhe a verdade e fundamento dele, lhes conceda o privilégio exclusivo por quatorze anos, ficando obrigadas a fabricá-lo depois, para que, no fim desse prazo, toda a Nação goze do fruto dessa invenção. Ordeno, outrossim, que se faça uma exata revisão dos que se acham atualmente concedidos, fazendo-se público na forma acima determinada e revogando-se todas as que por falsa alegação ou sem bem fundadas razões obtiveram semelhantes concessões.”

Em que pese o sistema imperial apresentar uma maior aproximação com o modelo de proteção dos inventos industriais, tais como as patentes e os modelos de utilidade (tutela da propriedade industrial), o objetivo é o mesmo, qual seja, conceder ao autor a absoluta e exclusiva titularidade sobre a obra intelectual que produzir. 1

A partir da Carta de 1824, como já dito alhures, a proteção aos direitos de autor ganhou status constitucional.

1 No mesmo sentido são nos ensinamentos de José Carlos Costa Netto in Direito Autoral no Brasil, 2ª edição revista, atualizada e ampliada, editora FTD, São Paulo, 2008.

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3 O sistema constitucional vigente, sem quebrar a tradição, prevê, em seu artigo 5º, incisos XXVII e XXIX, o comentado privilégio:

Art. 5º (...)

XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII – (...)

XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para a sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país.

Com a finalidade de conferir efetividade aos dispositivos constitucionais foram editadas as Leis nº. 9.279/96 e 9.610/98.

A primeira, denominada de Lei da Propriedade Industrial – ou Código de Propriedade Industrial, como prefere o Professor Denis Borges Barbosa – regulamenta as questões atinentes aos inventos industriais como as patentes, os modelos de utilidade e os desenhos industriais.

A segunda dispõe sobre os temas relativos aos direitos autorais, como a proteção e o registro das obras intelectuais, a duração e a transferência dos direitos de autor e as medidas protetivas.

Interessa para o correto exame do caso em apreço apenas a Lei nº. 9.610/98.

Assim, o artigo 7º da Lei traz o rol das obras intelectuais protegidas. No que tange à consulta destacam-se os incisos I, II e VI, razão pela qual passamos a transcrevê-los:

Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como:

I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;

II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; (...)

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4 Constata-se a partir da leitura dos enunciados normativos que o material a ser exibido é objeto da proteção legal.

As conseqüências de tal afirmação são facilmente identificadas no texto trazido à baila. Assim:

a) Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou (artigo 22);

b) O autor tem o direito moral de: i) reivindicar a autoria da obra;

ii) ter seu nome indicado ou anunciado na utilização de sua obra; iii) conservar a obra inédita;

iv) assegurar a integridade da obra;

v) modificar a obra antes ou depois de utilizada;

vi) retirar de circulação a obra ou suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação implicar afronta à sua reputação e imagem;

vii) ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado. (artigo 24);

c) Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária,

artística ou científica (artigo 28);

d) Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por

quaisquer modalidades, tais como:

i) a reprodução parcial ou integral; ii) a edição;

iii) a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; iv) a tradução para qualquer idioma;

V) a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;

vi) a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para uso ou exploração da obra;

vii) a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou

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5 produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário;

viii) a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante: a) representação, recitação ou declamação;

b) execução musical;

c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos; d) radiodifusão sonora ou televisiva;

e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de freqüência coletiva; f) sonorização ambiental;

g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado; h) emprego de satélites artificiais;

i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios de comunicação similares que venham a ser adotados;

j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas;

ix) a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas de arquivamento do gênero;

x) quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser inventadas (artigo 29).

Diante do exposto e realizando a subsunção dos fatos trazidos à apreciação dessa Procuradoria com o texto legal, resta patente a impossibilidade de se disponibilizar para as unidades escolares da rede municipal, sem a autorização dos palestrantes, o material produzido, conforme o disposto, aliás, no já citado artigo 29, I e V da Lei nº. 9.610/98.

Busca-se, assim, evitar a reprodução indevida de cópias do material, o que poderia ensejar medidas judiciais gravosas em face do Município, além da responsabilização criminal do servidor ou daquele que realizar a contrafação.

Some-se a isso a não incidência,

in casu

, do artigo 46 da Lei Autoral, que trata das hipóteses de limitação aos direitos de autor.

Contudo, mostra-se razoável a exibição do material, desde que: a) não se reproduzam cópias do material já existente;

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6 b) a exibição se dê em ambiente fechado;

c) seja sempre identificado o servidor municipal que retirar o material para a referida exibição.

As restrições ora apontadas não eximem o dever de se perseguir as autorizações faltantes.

É o parecer, s.m.j.

Mangaratiba, 13 de maio de 2010.

Antonio Carlos Rodrigues da Silva Procurador-Geral Adjunto

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